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SOCIEDADE DE ENSINO SUPERIOR DE SERRA TALHADA

FACULDADE DE INTEGRAÇÃO DO SERTÃO


BACHARELADO EM FARMÁCIA

PEDRO DANTAS DE OLIVEIRA NETO

AVALIAÇÃO DO TEOR DE CLORO RESIDUAL, TURBIDEZ E ANÁLISE E


IDENTIFICAÇÃO DE COLIFORMES TOTAIS E ESCHERICHIA COLI DAS ÁGUAS
PARA CONSUMO HUMANO EM MUNICÍPIOS DA XI GERÊNCIA REGIONAL DE
SAÚDE, PERNAMBUCO, BRASIL

SERRA TALHADA-PE
2019
PEDRO DANTAS DE OLIVEIRA NETO

AVALIAÇÃO DO TEOR DE CLORO RESIDUAL, TURBIDEZ E ANÁLISE E


IDENTIFICAÇÃO DE COLIFORMES TOTAIS E ESCHERICHIA COLI DAS ÁGUAS
PARA CONSUMO HUMANO EM MUNICÍPIOS DA XI GERÊNCIA REGIONAL DE
SAÚDE, PERNAMBUCO, BRASIL

Artigo apresentado ao curso de Bacharelado


em Farmácia da Faculdade de Integração do
Sertão, como requisito para obtenção do grau
de Bacharel em Farmácia.

Orientador: Msc. Paulo Sérgio Reginaldo


Aires
Co-orientadora: Esp. Maria do Socorro de O.
Clementino

SERRA TALHADA-PE
2019
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Biblioteca Carmélia Ignácio de Mello
Faculdade de Integração do Sertão – FIS

O482a Oliveira Neto, Pedro Dantas de.


Avaliação do teor de cloro residual, turbidez e análise e
identificação de coliformes totais e Escherichia coli das águas para
consumo humano em municípios da xi gerência regional de saúde,
Pernambuco, Brasil / Pedro Dantas de Oliveira Neto. Orientador:
Prof. Msc. Paulo Sérgio Reginaldo Aires. – Serra Talhada, 2019.

21 f.: il.; tab. –

Monografia (Graduação em Farmácia) - Faculdade


de Integração do Sertão, Serra Talhada, 2019.

1. Água potável. 2. Cloro livre. 3. Turbidez da água. I. Oliveira


Neto, Pedro Dantas de. II. Aires, Paulo Sérgio Reginaldo. (orient).
III. Título.

615 CDU (1997)


Adely Edite - CRB-4/1845
AVALIAÇÃO DO TEOR DE CLORO RESIDUAL, TURBIDEZ E ANÁLISE E
IDENTIFICAÇÃO DE COLIFORMES TOTAIS E ESCHERICHIA COLI DAS ÁGUAS
PARA CONSUMO HUMANO EM MUNICÍPIOS DA XI GERÊNCIA REGIONAL DE
SAÚDE, PERNAMBUCO, BRASIL

EVALUATION OF RESIDUAL CHLORINE CONTENT, TURBIDITY AND


ANALYSIS AND IDENTIFICATION OF TOTAL COLIFORMS AND ESCHERICHIA
COLI OF WATER FOR HUMAN CONSUMPTION IN MUNICIPALITIES OF THE
XI REGIONAL HEALTH MANAGEMENT, PERNAMBUCO, BRAZIL

Pedro Dantas de Oliveira Neto1, Maria do Socorro de Oliveira Clementino 1,2 , Paulo Sérgio Reginaldo Aires1
1
Faculdade de Integração do Sertão-FIS, Serra Talhada-PE, Brasil
2
XI Gerência Regional de Saúde, Serra Talhada-PE, Brasil

RESUMO

Introdução: A água é um recurso natural indispensável, sendo fundamental para a sobrevivência da maioria dos
seres vivos, inclusive o homem. Objetivos: Realizar um levantamento dos parâmetros básicos de Vigilância da
Água para Consumo Humano, através do Sistema de Informação de Vigilância da Água – SISAGUA, nos
municípios da XI Gerência Regional Saúde de Pernambuco (XI GERES), referente ao Sistema de Abastecimento
de Água (SAA), do ano de 2018. Metodologia: Configurou-se de natureza descritiva, qualitativa, quantitativa,
transversal e retrospectiva, estudando as suas particularidades e experiências. Resultados: Identificou-se um
quantitativo de 1.603 amostras de água analisadas, com variações de 4,3 a 32,8% fora dos padrões para cloro
residual livre com menor percentual para Betânia e maior para Serra Talhada. No que se refere a turbidez apenas
Betânia apresentou três (2,6%) amostras insatisfatórias com valor superior a 5,0 uT. Nos indicadores
microbiológicos São José do Belmonte apresentou 75 (40,1%) das 187 amostras com presença de coliformes
totais e nenhuma para Escherichia coli e Itacuruba com sete (9,5%) e Betânia nove (7,8%) para E. coli.
Avaliando a qualidade da água no geral para o padrão microbiológico, constatou-se que 10,6% das amostras
confirmaram presença de coliformes totais e 2,0% para presença de E. coli. Conclusão: Os resultados
demonstram falhas mediante as análises expostas, evidenciando a necessidade de fortalecer as ações de
monitoramento da vigilância da água dentro do território. Alertando, a vulnerabilidade da população para
doenças de veiculação hídrica.

Palavras-chave: Água potável. Cloro livre. Turbidez da água. Escherichia coli.

ABSTRACT

Introduction: Water is an indispensable natural resource and is fundamental to the survival of most living
things, including man. Objectives: Conduct a survey of the basic parameters of Water Surveillance for Human
Consumption, through the Sistema de Informação de Vigilância - SISAGUA, in the municipalities of XI
Gerência Regional Saúde de Pernambuco (XI GERES), referring to the Sistema de Abastecimento de Água
(SAA), from the year 2018. Methodology: It was configured in a descriptive, qualitative, quantitative,
transversal and retrospective nature, studying its particularities and experiences. Results: We identified 1.603
water samples analyzed, ranging from 4.3 to 32.8% out of standard for free residual chlorine with lower
percentage for Betânia and higher for Serra Talhada. Concerning turbidity, only Betânia presented three (2.6%)
unsatisfactory samples with a value above 5.0 uT. In microbiological indicators São José do Belmonte presented
75 (40.1%) of 187 samples with total coliforms and none for Escherichia coli and Itacuruba with seven (9.5%)
and Betânia nine (7.8%) for E. coli. Evaluating the overall water quality for the microbiological standard, it was
found that 10.6% of the samples confirmed the presence of total coliforms and 2.0% for the presence of E. coli.
Conclusion: The results show flaws through the exposed analyzes, highlighting the need to strengthen water
surveillance monitoring actions within the territory. Warning, the population's vulnerability to waterborne
diseases.

Key words: Agua potable. Free available chlorine. Water turbidity. Escherichia coli.
INTRODUÇÃO

A água é um recurso natural indispensável, sendo fundamental para a sobrevivência da


maioria dos seres vivos, inclusive o homem. Manter sua qualidade é uma preocupação
existente a milhares de anos e caracteriza uma necessidade universal, que exige das
autoridades sanitárias e dos consumidores em geral um cuidado constante, principalmente no
que se refere à água destinada ao consumo humano, meio potencialmente capaz de transmitir
uma série de agentes patogênicos e substâncias nocivas refletindo diretamente no bem-estar e
na saúde da população (MENDONÇA et al., 2017).
No Brasil, de acordo com Santana (2012), morrem 29 pessoas ao dia por doenças
causadas pela má qualidade da água e do não tratamento de esgotos e estima-se que
aproximadamente 70% das internações sejam por pessoas que contraíram doenças veiculadas
pela água. Ainda segundo o autor, dois milhões de pessoas morrem por ano em países em
situações de pobreza, atingindo em sua grande maioria a população infantil cujas causas são
gastrintestinais, propagadas pela falta de água tratada.
Dentre essas doenças, destaca-se a Doença Diarreica Aguda (DDA) que tem como
forma de transmissão a via oral, acesso de entrada para todos os agentes etiológicos capazes
de romper as barreiras de defesa do organismo, como bactérias, vírus e parasitas, e cuja
sintomatologia predominante é o aumento do número de evacuações, podendo durar até 14
dias acompanhada da alteração da consistência das fezes. Em consequência, esse quadro pode
evoluir para desidratação e desequilíbrio hidroeletrolítico nos indivíduos acometidos
(MEISEN et al., 2011).
Pode-se dizer, que a DDA faz parte dos indicadores epidemiológicos, deixando
estudiosos e autoridades sanitárias alertas em todo o mundo. Na região Nordeste do Brasil,
caracterizada por altas temperaturas em todo o ano e com chuvas irregulares, sérios problemas
são relatados sobre a qualidade e disponibilidade dos recursos hídricos. Um deles diretamente
relacionado aos reservatórios artificiais que amenizam a falta de água nos mais variados fins,
como abastecimento, agricultura entre outros. Esses reservatórios, raramente possuem uma
água de qualidade satisfatória, o que caracteriza um potencial veículo para várias doenças
(NASCIMENTO et al., 2013).
Para isso, faz-se necessário controlar a qualidade da água para consumo humano
procedendo sobre as diferentes formas de seu abastecimento, seja na administração pública ou
privada, na área urbana ou rural. É imprescindível reconhecer o monitoramento da sua
qualidade como ferramenta de verificação da sua potabilidade para consumo humano,
seguindo o estabelecido na Portaria de Potabilidade Nº 2.914 de 12 de dezembro de 2011 do
Ministério da Saúde (UNGARI; PUGA; PETRACCA, 2018). Essa Portaria “dispõe sobre os
procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu
padrão de potabilidade” onde no seu Art.2º especifica sua aplicação à água destinada ao
consumo humano proveniente de sistema e solução alternativa de abastecimento de água e,
traz como definição de água potável aquela “que atenda ao padrão e potabilidade estabelecido
nesta Portaria e que não ofereça riscos à saúde” (NÓBREGA et al., 2015).
Baseada nessa Portaria, foi que no Brasil no ano 2000, criou-se a primeira versão do
Sistema de Informação de Vigilância da Água (SISAGUA), cujo objetivo foi auxiliar no
gerenciamento de riscos à saúde relacionados ao abastecimento de água para consumo
humano. Atualmente, estão na quarta versão do SISAGUA atendendo a Portaria de
Consolidação Nº 5, Anexo XX de 28 de setembro de que incorporou a Portaria de
Potabilidade Nº 2.914 de 12 de dezembro de 2011 sem mudanças na norma (JÚNIOR et al.,
2019).
O SISAGUA, possui três módulos de entrada de dados: Cadastro, Controle e
Vigilância e cujas informações são alimentadas por município e forma de abastecimento.
Ressaltando os dados de Vigilância, estes são produzidos pelo setor saúde (Secretarias
Estaduais ou Municipais de Saúde) e ingressados no sistema em questão pelo próprio setor. O
seu plano de amostragem é básico e envolve os parâmetros de cloro residual livre, turbidez,
coliformes totais e Escherichia coli (JÚNIOR et al., 2019).
Pensando na necessidade de traçar um perfil que caracterize a real situação da regional
de saúde, com dados ainda deficientes na literatura e com o intuito principal de encontrar e
solucionar problemas para que as ações de vigilância sejam mais efetivas reduzindo a
disponibilidade de água imprópria para consumo humano. Esse trabalho teve como objetivo
fazer um levantamento do ano de 2018 sobre a Vigilância da Qualidade da Água para
Consumo Humano no sertão pernambucano, mais especificamente de municípios da XI
Gerência Regional de Saúde (XI GERES), através de dados obtidos pelo SISAGUA, no
módulo Vigilância, comparando se os resultados obtidos estão de acordo com a normativa de
potabilidade da água.
METODOLOGIA

Este estudo foi realizado na XI GERES representação administrativa da Secretaria


Estadual de Saúde de Pernambuco – SES/PE na Região de Saúde com sede na cidade de Serra
Talhada, a uma distância de 415 km do Recife. Local este que tem como papel fundamental
apoiar, monitorar e avaliar as ações e serviços de saúde englobando dez municípios do Sertão
do Pajeú: Betânia, Calumbi, Carnaubeira da Penha, Flores, Floresta, Itacuruba, Santa Cruz da
Baixa Verde, São José do Belmonte, Serra Talhada e Triunfo.
A metodologia dessa pesquisa se configura como sendo de natureza descritiva,
qualitativa, quantitativa, transversal e retrospectiva, método de investigação cientifica que
foca no caráter subjetivo do objeto analisado, estudando as suas particularidades e
experiências.
O universo foi composto por aproximadamente 1.846 amostras de água realizadas no
ano de 2018 e referentes ao: Sistema de Abastecimento de Água (SAA), Solução Alternativa
Coletiva (SAC) e Solução Alternativa Individual (SAI). E a amostra se constituiu de 100%
das análises referentes ao SAA em um total de 1.603 amostras alimentadas no SISAGUA.
Foram incluídas todas as análises referentes ao SAA do ano de 2018 através de
metodologias predeterminadas pela Portaria de Consolidação Nº 05 de 28 de setembro de
2017. Foram excluídas todas as análises referentes ao SAC e ao SAI do ano de 2018. Quanto
as variáveis utilizadas foram: município, forma de abastecimento, cloro residual livre,
turbidez, coliformes totais e E. coli.
Os dados referentes ao controle de qualidade físico-químico e microbiológico da água
permitiu monitorar, avaliar, identificar os problemas existentes na distribuição da água
destinada para consumo humano, contribuindo assim, para a identificação da realidade
sanitária de determinada área geográfica.
No momento inicial da pesquisa o projeto foi apresentado à gestora responsável pela
instituição, que forneceu a Carta de Anuência (ANEXO B) assinada, autorizando a realização
da mesma com o compromisso de divulgar a pesquisa finalizada para a Comissão de
Intergestores da Regional – CIR composta por todos os Secretários de Saúde dos municípios
que fazem parte da XI GERES.
Os dados obtidos foram processados estatisticamente em números relativos ou
absolutos de forma descritiva, expresso em percentuais e representado por meio de gráficos e
tabelas produzidas através do Microsoft Office Excel 2010 e confrontados com outros
estudos.
Por se tratar de uma pesquisa que não envolve informações de seres humanos, os
pesquisadores não precisaram seguir os parâmetros éticos definidos pelas Resoluções
466/2012 e 510/2016 do Conselho Nacional de Saúde.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

De acordo com a Diretriz Nacional do Plano de Amostragem da Vigilância da


Qualidade da Água para Consumo Humano, a rotina da vigilância, segue o plano de
amostragem básico já citado anteriormente, cujos parâmetros, número de amostras e
frequência de monitoramento são descritos conforme características locais. Sendo assim, é
definido em função das faixas populacionais o quantitativo mínimo mensal de análises,
distribuído igualmente para o monitoramento da qualidade da água referente às três formas de
abastecimento de água (SAA, SAC e SAI) (BRASIL, 2016).

Tabela 1: Quantitativo de amostras para cumprimento da Diretriz Nacional do Plano de Amostragem –


Parâmetros Básicos de 2018 da XI GERES.
Município População Quantitativo Quantitativo
(IBGE) mínimo de análises mínimo de análises
(Mensal) (Anual)
Betânia 12.637 10 120
Calumbi 5.736 9 108
Carnaubeira da Penha 12.805 10 120
Flores 22.567 11 132
Floresta 32.483 12 144
Itacuruba 4.858 6 72
Santa Cruz da Baixa Verde 12.501 10 120
São José do Belmonte 33.804 13 156
Serra Talhada 85.568 19 228
Triunfo 15.221 10 120
TOTAL 238.180 110 1.320
Fonte: SISAGUA (12/11/2019)

Diante do exposto, a Tabela 1 apresenta o porte populacional e o número de amostras


definidas para coleta no ano de 2018 para os 10 munícipios da XI GERES. Foi possível
observar que o município de Serra Talhada é o maior em população (85.568) e
consequentemente o que apresenta o maior quantitativo mínimo de análises anual (228),
seguido por São José do Belmonte (156) segundo maior em população e Floresta (144) maior
em área territorial e o terceiro em população. Vale ressaltar que, esse quantitativo anual é a
multiplicação do quantitativo mínimo mensal de cada município para os doze meses do ano.
Ainda conforme as análises de dados, levando em consideração todas as formas de
abastecimento, a Tabela 2 apresenta a quantificação de todas as análises realizadas nos
respectivos municípios para os três parâmetros básicos de potabilidade requeridos como
obrigatórios pela Portaria em vigor.

Tabela 2: Quantitativo de amostras analisadas pela vigilância da qualidade da Água para Consumo Humano–
Parâmetros Básicos de 2018 da XI GERES.
Município Quantitativo Cloro Turbidez Coliformes
Mínimo de Residual total/ E.coli
Análises (Anual) Livre
Betânia 120 141 156 140
Calumbi 108 144 144 144
Carnaubeira da Penha 120 125 153 152
Flores 132 179 179 180
Floresta 144 190 193 193
Itacuruba 72 64 73 73
Santa Cruz da Baixa Verde 120 142 157 157
São José do Belmonte 156 184 200 200
Serra Talhada 228 435 435 435
Triunfo 120 156 156 156
TOTAL 1.320 1.760 1.846 1.830
Fonte: SISAGUA (12/11/2019)

É possível visualizar que o quantitativo mínimo de análises (1.320) nos três


parâmetros foi ultrapassado, atingindo para Cloro Residual Livre (CRL): 1.760 (133,33%),
Turbidez: 1.846 (139,85%) e Coliformes totais/ E. coli: 1.830 (138,64%). Porém pode-se
observar que o município de Itacuruba teve para CRL um valor inferior correspondente a 64
amostras (88,89%) analisadas. No entanto, de acordo com o Anexo XCVIII da Portaria de
Consolidação Nº 5, pode-se afirmar que o indicador do Programa de Qualificação das Ações
de Vigilância em Saúde (PQA – VS) foi atingido uma vez que os municípios precisavam
atingir 75% do número de análises obrigatórias realizadas para o residual de agente
desinfetante.
Tomando como base o objetivo geral deste artigo, o Gráfico 1 apresenta o número de
análises da água referentes ao SAA. Observa-se que no respectivo ano de estudo foram
realizadas 1.603 amostras, proveniente de nove dos seus 10 municípios de abrangência. Onde
é notório que o município de Santa Cruz da Baixa Verde não realizou nenhuma amostra por
não possuir SAA. Quanto aos demais munícipios, Serra Talhada foi o de maior número com
435 (27,1%) amostras e Itacuruba o de menor número com 73 (4,5%).

Gráfico 1. Número de análises de água (SAA), na XI GERES, no ano de 2018.

Sistema de Abastecimento de Água - SAA


Ano de 2018

500 435
450
Número de amostras

400
350
300
250 189 187
200 144 153 156 152
150 114
73
100
50 0
0

Municípios

FONTE: SISAGUA (15/10/2019)

No Gráfico 2, estão representadas o número de amostras fora dos padrões para o CRL
seguindo os valores estabelecidos pela Portaria de Consolidação Nº 5. Para essa análise
ocorreu variações significativas de 4,3 a 32,8% do percentual de amostras, constatando o
menor percentual para Betânia e o maior para Serra Talhada respectivamente.
Porém, analisando o município de Carnaubeira da Penha, com zero amostras fora do
padrão, não significa que o mesmo apresenta teor de cloro adequado. Esse valor representa
que o mesmo não executa análise de cloro por não utilizar o agente desinfetante no SAA de
responsabilidade da Prefeitura Municipal, o que pode ser um potencial veículo de transmissão
de doenças.
Gráfico 2. Resultado do percentual de amostras de Cloro Residual Livre fora dos padrões pelo SAA, na XI
GERES, no ano de 2018.

Cloro Residual Livre


Número de amostras fora dos padrões

160 143
140 122
120 111
100
80
60
38
40 30
19
20 5 0 5
0

Municípios

FONTE: SISAGUA (15/10/2019)

Segundo Soares e colaboradores (2016), no Brasil seguindo as recomendações do


Ministério da Saúde, a desinfecção da água é obrigatória a todos os sistemas de abastecimento
público, com o propósito de proteger a saúde dos consumidores. O cloro é, portanto, o agente
de desinfecção mais utilizado, sendo administrado em grande escala nas estações de
tratamento de água e deve ser mantido em no mínimo 0,2 mg/L e no máximo 2,0 mg/L no
sistema de distribuição.
No entanto, é importante saber que, a não manutenção dos valeres recomendados
geram consequências na saúde da população. Uma vez que, valores menores do que o
preconizado para o cloro elevam a probabilidade da existência de microrganismos como os
coliformes fecais, enquanto que altos valores podem comprometer o sabor da água além de
causar sintomas como vômitos, enjoos, entre outros (ALVES et al., 2017).
Para a turbidez, o limite máximo para qualquer amostra pontual deve ser de 5,0 uT em
toda a extensão do sistema de distribuição incluindo reservatório e rede, sendo que na saída
dos filtros o limite é de 0,5 uT. Sendo assim, Roberto (2017) fala que a turbidez é mais um
parâmetro que atesta a qualidade da água. O seu valor quando alto é indicativo de existência
de materiais orgânicas em suspensão.
Assim, analisando o Gráfico 3, apenas o município de Betânia apresentou três
amostras (2,6 %) onde a turbidez foi superior a 5,0 uT. Resultado esse bastante satisfatório no
geral, pois representa que existem poucas matérias orgânicas interferindo na qualidade da
água. Com base nas informações do SISAGUA, é possível dizer que a ausência de chuva na
maior parte do ano, colabora para que esse parâmetro seja satisfatório pois períodos chuvosos
aumentam a quantidade de partículas sólidas em suspensão.

Gráfico 3. Resultado do percentual de amostras de Turbidez fora dos padrões pelo SAA, na XI GERES, no ano
de 2018.

Turbidez
3,5 3
Número de amostras fora dos padrões

3
2,5
2
1,5
1
0,5 0 0 0 0 0 0 0 0
0

Municípios

FONTE: SISAGUA (15/10/2019)

Segundo Alves e colaboradores (2017), a alta turbidez pode estar relacionada à


intermitência do sistema, que favorece a entrada de água contaminada nas tubulações vazias
cuja pressão é negativa. Esta condição pode ser pontual ou eventual, em vários pontos da rede
de distribuição visto a ocorrência de perfurações clandestinas.
Quanto aos indicadores de qualidade microbiológica da água distribuída,
representados nos gráficos 4 e 5, o município de São José do Belmonte apresentou 75
amostras com presença de coliformes totais, estando em desacordo com a Portaria, porém
ouve ausência de E. coli representando a não ocorrência de contaminação da água por
material fecal.
A presença de coliformes totais além de avaliar a qualidade, tem valor sanitário
relevante e pode indicar falha no tratamento ou pós tratamento, sinalizando também que é
possível haver nutrientes em excesso nos tanques ou na rede de distribuição (SILVA;
PONTES; BARBOSA, 2014). Diante disso, a Portaria de Consolidação Nº 5 do Ministério da
Saúde (2017), diz que na existência de resultado positivo para coliformes total deverá no
mínimo ser realizada uma recoleta no ponto onde foi constatado a contaminação, bem como
duas amostras extras, uma a montante e uma a jusante do local da recoleta. Ressalta-se, que
não são aceitos resultados positivos na amostra referente a recoleta.

Gráfico 4. Resultado do percentual de amostras com presença de Coliformes totais no SAA, na XI GERES, no
ano de 2018.

Coliformes Totais
500 434
450
400
350
300
250 180
200 128 149 121 142
110
Número de Amostras

150 91 75
100 35 54
9 15 14 1 1 3 0 9 0 19 0 2 0 1 8 1
50
0

Municípios

Ausente Presente Não Realizado

FONTE: SISAGUA (15/10/2019)

Gráfico 5. Resultado do percentual de amostras com presença de Escherichia coli no SAA, na XI GERES, no
ano de 2018.

Escherichia coli
500 434
450
400
350
300
250 184 187
Número de Amostras

200 143 151 153 151


150 91
100 66
50 9 15 0 0 0 2 3 0 5 0 7 0 0 0 0 1 0 0
0

Municípios

Ausente Presente Não Realizado

FONTE: SISAGUA (15/10/2019)


Segundo Morais (2016), apesar de algumas cepas de E. coli não serem patogênicas, as
demais podem ser causadoras de patologias gastrointestinais por meio de alguns mecanismos.
Atualmente se reconhece a presença de bactérias patogênicas emergentes, como a E. coli
O157, enteropatógeno transmitido por via hídrica e agente etiológico das doenças diarreicas.
Ainda no Gráfico 5, é notório a quantidade de amostras insatisfatórias, nos municípios
de Itacuruba 7 (9,5%) e Betânia 9 (7,8%), caracterizadas pela presença de E. coli. Essa
contaminação deve levar em consideração a realização de ações de intervenção que vai desde
a coleta de novas amostras no mesmo ponto de coleta até a investigação de potenciais falhas
nos sistemas de distribuição da água.
Avaliando a qualidade da água no geral para o padrão microbiológico, constatou-se
que 10,6% das amostras confirmaram presença de coliformes totais e 2,0% para presença de
E. coli. Esses valores vão bem abaixo do estudo de Alves (2017), na cidade de Juazeiro do
Norte – CE, com população de 268.248 habitantes, onde registrou no ano de 2014, 7 a 48%
das amostras analisadas positivas para Colifomes totais e de 4,3 a 15% para E. coli. Essas
contaminações foram justiçadas pelo tratamento inadequado dentro da rede de abastecimento.
Já no presente estudo a justificativa seria a falha na vigilância quanto a coleta dessas
amostras, pois não é aceitável que município que não realiza a desinfecção da água como
Carnaubeira da Penha ter apenas uma amostra com presença de coliformes totais e nenhuma
para E. coli. Bem como o município de Serra Talhada com 100% das suas amostras
satisfatórias para o consumo humano da água.

CONCLUSÃO

A realização desse estudo no sertão do Pajeú, mais especificamente na XI Região de


Saúde do Estado de Pernambuco, contribuiu para avaliar a qualidade da água para consumo
humano, salientando a necessidade de conhecer e ter de forma contínua a execução das
medidas de vigilância inseridas na educação permanente em saúde.
A partir da análise das variáveis, levantou-se a questão de que em alguns municípios
os resultados não são fidedignos mediante as análises expostas, salientando que em alguns
casos as informações existentes no SISAGUA podem não ser reais. Mostrando que há a
necessidade de fortalecer as ações de monitoramento e fiscalização das condições de
distribuição da água dentro do território. E alertando, a vulnerabilidade da população para
doenças de veiculação hídrica.
REFERÊNCIAS

ALVES, W. S., et al. Avaliação da qualidade da água do abastecimento público do município


de Juazeiro do Norte, CE. Revista Desafios – v. 04,n. 02, 2017.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de


Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador. Diretriz Nacional do Plano de
Amostragem da Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano [recurso
eletrônico] /Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de
Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador. – Brasília: Ministério da Saúde,
2016.

JÚNIOR, A. O., et al. Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para


Consumo Humano (Sisagua): características, evolução e aplicabilidade*. Epidemiol. Serv.
Saude, Brasília, 28(1):e2018117, 2019

MEISEN, M. N., et al. Análise de correlação da ocorrência de Doenças Diarréicas Agudas


(DDA) com a qualidade da água para consumo humano no município de Pouso Redondo –
SC. REA – Revista de estudos ambientais (Online) v.13, n. 2, p. 57-67, jul./dez. 2011

MENDONÇA, M. H. M., et al. Análise bacteriológica da água de consumo comercializada


por caminhões-pipa. Rev. Ambient. Água, vol. 12 n. 3 Taubaté – May/Jun., 2017.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Portaria de Consolidação Nº 5, de 28 de setembro de


2017. Consolidação das normas sobre as ações e os serviços de saúde do Sistema Único
de Saúde. Brasília, DF, set 2017. Disponivel em:
<https://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2018/marco/29/PRC-5-Portaria-de-
Consolida----o-n---5--de-28-de-setembro-de-2017.pdf>. Acesso em: 10 out. 2019.

MORAIS, W. A., et al. Qualidade sanitária da água distribuída para abastecimento público em
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nº 278/279 - Março/Abril de 2018.
ANEXOS
ANEXO – A
CARTA DE INFRAESTRUTURA
ANEXO – B
CARTA DE ANUÊNCIA
ANEXO – C
CARTA DE ACEITE PARA ORIENTAÇÃO
ANEXO – D
TERMO DE COMPROMISSO

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