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4a edição
Rio de Janeiro
2015
É proibida a duplicação ou reprodução deste volume, ou de partes dele,
sob quaisquer formas ou meios, sem permissão expressa da Escola.
1. Ética. 2. Ética empresarial. I. Barbosa Junior, Aluízio José Bastos. II. Título.
REALIZAÇÃO
1 ÉTICA
Introdução
7
9
Conceituando Ética 9
Ética na Filosofia – Correntes de Pensamento 11
Ética nos Negócios 12
Responsabilidade Social 13
Sustentabilidade 14
Atendimento ao Consumidor 14
Ética e Gestão de Pessoas 18
A Ética no Desempenho Profissional 18
O Corretor de Seguros e a Gestão de Pessoas 20
A Ética no Desempenho Profissional do Corretor de Seguros 22
2 ÉTICA CONCORRENCIAL
Sistema Concorrencial Brasileiro
25
27
CADE – Conselho Administrativo de Defesa Econômica 27
SEAE – Secretaria de Acompanhamento Econômico 29
Modalidades de Burla à Ética Concorrencial 30
Cartel 30
Preço Predatório 31
Dumping 31
Truste 31
Venda Casada 32
Legislações Internacionais 32
Lei Sarbanes-Oxley 32
FCPA – Foreign Corrupt Practices Act 33
Convenção Interamericana contra a Corrupção 34
Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção 34
Convenção sobre o Combate da Corrupção de Funcionários Públicos Estrangeiros em 35
Transações Comerciais Internacionais
Código de Ética do Corretor 37
Nova Lei Anticorrupção 42
TESTANDO CONHECIMENTOS 47
ESTUDOS DE CASO 51
SUMÁRIO 5
ANEXOS 53
Anexo 1 – Código de Ética Profissional dos Corretores de Seguros, de Resseguros, 55
de Capitalização, de Previdência Privada, de Seguros de Pessoas, de Planos e de
Seguros de Saúde, e seus Prepostos
Anexo 2 – Resolução CNSP 233, de 2011 59
Anexo 3 – Lei 12.846, de 1o de agosto de 2013 67
GABARITO 75
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA 77
6 ÉTICA CONCORRENCIAL
1
ÉTICA
UNIDADE 1 7
8 ÉTICA CONCORRENCIAL
INTRODUÇÃO
Para iniciarmos os estudos sobre Ética Concorrencial é necessário, acima de tudo,
definirmos Ética e Concorrência, pois, somente a partir da compreensão de tais
conceitos de forma clara, será possível falarmos a respeito deles e entender de
que modo a ética deve ser praticada nas relações concorrenciais.
CONCEITUANDO ÉTICA
Sob o ponto de vista filosófico, a Ética pode ser considerada como a ciência
que estuda os valores e princípios morais de uma determinada sociedade.
Desse modo, podemos dizer que a Ética se faz presente quando todos esses
seis elementos se apresentam de forma integrada, seja em aspectos pessoais
ou, até mesmo, para qualificar a condução de certas corporações em suas
atuações mercadológicas.
UNIDADE 1 9
Cada grupo social possui o seu sistema moral baseado em sua própria história,
em sua própria tradição, o que denota uma série de valores que cada um
desses grupos elegeu como importantes, o que não significa que, se algo é
importante para um grupo, será, necessariamente, importante também para
outro grupo.
A Ética, por sua vez, é a Ciência que estuda as relações entre o indivíduo e o
contexto social no qual ele se insere e, deste modo, procura enunciar e explicar
as regras sobre as quais se fundamenta a ação humana.
Vale a pena destacar que as normas morais possuem um sentido mais amplo
do que as normas éticas e não haverá, necessariamente, um correspondente
específico de uma na outra.
10 ÉTICA CONCORRENCIAL
ÉTICA NA FILOSOFIA –
CORRENTES DE PENSAMENTO
Muitos pensadores, durante toda a história da Filosofia e demais disciplinas
congêneres, preocuparam-se em estabelecer correntes de pensamento que
pudessem servir de base tanto ao estudo acadêmico quanto à estruturação
pragmática de condutas éticas.
UNIDADE 1 11
• Relativismo – para esta polêmica corrente, as verdades absolutas não
existem. No concernente à Ética, cada pessoa teria o direito de reconhecer
o que seria ou não ético, sendo que o que é ético para um pode não sê-lo
para outro.
É certo que ainda nos deparamos, na imprensa, com diversas notícias que
ilustram práticas de mercado dissociadas da Ética.
12 ÉTICA CONCORRENCIAL
Responsabilidade Social “O objetivo da Ética é
promover o bem comum por
O objetivo da Ética é promover o bem comum por meio da reflexão a respeito meio da reflexão a respeito
dos valores que norteiam as escolhas das condutas consideradas corretas. dos valores que norteiam
Identificados, estes valores passarão a compor a base das condutas exigidas as escolhas das condutas
do indivíduo ou da organização em determinadas relações, no sentido de consideradas corretas.”
norteá-las, com a finalidade de não prejudicar ninguém, não deixar que
ninguém o(a) prejudique e não se prejudicar.
UNIDADE 1 13
A importância da Ética Corporativa não reside apenas no fato de se
estabelecer uma espécie de conexão social, visando à aprovação popular e,
consequentemente, respeitabilidade e lucro.
Sustentabilidade
O conceito de sustentabilidade veio para ficar nos mais diversos mercados
existentes.
Atendimento ao Consumidor
Não podemos conceber uma atuação profissional séria, seja em que ramo for,
se não empregarmos a Ética no atendimento ao consumidor.
14 ÉTICA CONCORRENCIAL
Dificilmente iremos conseguir vislumbrar a existência de qualquer relação de
consumo sem o envolvimento da propaganda ou do marketing.
Não faz muito tempo que as empresas passaram a se preocupar não somente
com as estratégias de marketing, de propaganda ou de publicidade, mas
também com o impacto causado por essas ações na sociedade.
Exemplo disso é que, com o tempo, após a descoberta dos malefícios causados
pelo tabagismo, vários países, inclusive o Brasil, proibiram a veiculação de
publicidade de cigarros, charutos, cachimbos e assemelhados.
UNIDADE 1 15
As profissões que requerem um mais profundo conhecimento técnico,
normalmente inacessível ao público em geral, demandam extremo cuidado
no que respeita à veiculação de peças publicitárias, haja vista que estas
podem, mais facilmente, propagar ideias equivocadas ou inverídicas ou gerar
expectativas falsas ou desproporcionais no consumidor, induzindo-o em erro.
Não bastasse isto, há que se controlar a concorrência entre esses profissionais,
evitando-se que o poder econômico de alguns induza o seu prevalecimento
sobre os demais.
Por exemplo, o Código de Ética dos Advogados, bem como o estatuto da OAB,
proíbem a veiculação indiscriminada dos serviços advocatícios. A publicidade de
tais serviços, nesse caso, deve ser discreta e apenas informativa, impedindo-se
a utilização de técnicas que possam induzir o público.
Essa Resolução, em seu art. 50, estabelece que as restrições aos direitos dos
participantes deverão ser informadas com destaque, em linguagem de fácil
compreensão, e permitindo seu imediato e amplo entendimento.
16 ÉTICA CONCORRENCIAL
“Art. 37. É proibida toda publicidade enganosa ou abusiva.
UNIDADE 1 17
Outro aspecto que merece destaque diz respeito ao Decreto 6.523/08,
mais conhecido como “Lei do SAC”. Tal decreto foi criado, justamente, para
regulamentar um importante canal de contato entre as empresas e os clientes:
o SAC – Serviço de Atendimento ao Consumidor.
18 ÉTICA CONCORRENCIAL
Quanto deste aspecto ético pode ser demonstrado na competência profissional
e como ele pode contribuir para uma melhoria da qualidade do trabalho?
Nos dias atuais, o pensamento ético está sendo abordado com muita
frequência e, para que um ser humano se socialize melhor, precisa ter uma
conduta baseada no respeito à sociedade.
UNIDADE 1 19
Podemos afirmar que, atualmente, Ética significa bem-estar social, e, com o
Importante desenvolvimento das gerações, os hábitos, os costumes, enfim, o modo de
A exigência ética fundamental, hoje,
viver das pessoas muda, e mudam também os conceitos e o novo modelo
consiste em recuperar a possibilidade de
reconstruir relacionamentos de comunhão que se faz da Ética.
de pessoas e comunidades.
Por tais razões, deverá ater-se, em certos momentos, à relação com seus
colaboradores, desde a contratação até a interrupção da colaboração.
20 ÉTICA CONCORRENCIAL
Em segundo lugar, ainda no concernente à contratação, deverá o candidato
demonstrar deter os conhecimentos técnicos necessários ao desempenho
profissional.
Não seria boa ideia se considerar somente o fato de que possua grande
capacidade de aprendizado, pois isso implicaria a disponibilização de muito
tempo e recursos em treinamento.
UNIDADE 1 21
A Ética no Desempenho Profissional do
Corretor de Seguros
A atividade de corretagem e a profissão de corretor de seguros encontram-se
“A ética na gestão de pessoas
reguladas pela Lei 4.594/64, pelo Decreto-Lei 73/66 (artigos 122 a 128), bem
deve estar presente em todos
os momentos: na contratação, como no Código Civil (artigos 722 a 729), além de serem objeto de diversas
nas avaliações e feedbacks e normas regulamentares editadas pelo CNSP – Conselho Nacional de Seguros
no eventual desligamento.” Privados – e pela SUSEP – Superintendência Nacional de Seguros Privados.
Diversos são os motivos que conduzem a isso, entre os quais se insere, por
exemplo, o desconhecimento, pelo consumidor, da abrangência do seguro que
está contratando, dos riscos cobertos e excluídos, dos limites de garantia e, até
mesmo, das condições contratuais do seguro, gerando, inclusive, desconfiança
no momento do recebimento da indenização, em caso de sinistro.
22 ÉTICA CONCORRENCIAL
A relação entre segurado e corretor se baseia na livre escolha, presumindo-se
que o corretor seja de confiança do segurado, isto é, que este elegeu aquele
para intermediar a contratação de um contrato de seguro junto a uma
seguradora.
UNIDADE 1 23
24 ÉTICA CONCORRENCIAL
2
ÉTICA
CONCORRENCIAL
UNIDADE 2 25
26 ÉTICA CONCORRENCIAL
Na presente unidade, trataremos da Ética aplicada à concorrência mercadológica.
SISTEMA CONCORRENCIAL
BRASILEIRO
O Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência é disciplinado pela Lei
12.529/12, sendo composto por dois órgãos:
UNIDADE 2 27
O papel desempenhado pelo CADE no Brasil é comparável, no exterior, às
seguintes entidades:
Curiosidade
O Superintendente-Geral será escolhido Superintendência-Geral
dentre cidadãos com mais de 30 anos
de idade, notório saber jurídico ou
econômico e reputação ilibada, indicado
A Superintendência-Geral será composta por um Superintendente-Geral e
pelo Presidente da República depois de dois Superintendentes-Adjuntos.
aprovado pelo Senado Federal.
Podemos destacar como principais atribuições da Superintendência-Geral:
O Superintendente-Geral terá mandato de
dois anos, permitida a recondução para
um único período subsequente, aplicando- a) acompanhar, permanentemente, as atividades e práticas comerciais
se as mesmas vedações que se aplicam de pessoas físicas ou jurídicas que detiverem posição dominante em
aos Conselheiros e Presidente do Tribunal
Administrativo de Defesa Econômica. mercado relevante de bens ou serviços para prevenir infrações à ordem
econômica;
28 ÉTICA CONCORRENCIAL
b) promover procedimento preparatório de inquérito administrativo e inquérito
administrativo para apuração de infrações à ordem econômica;
c) instaurar e instruir processo administrativo para imposição de sanções
administrativas por infrações à ordem econômica, procedimento para
apuração de ato de concentração, processo administrativo para análise
do ato de concentração econômica;
d) realizar inspeção na sede, filial ou qualquer escritório de empresa
investigada, de estoques, objetos, assim como livros comerciais,
computadores e arquivos magnéticos;
e) remeter ao Tribunal, para julgamento, os processos administrativos que
instaurar quando entender configurada infração da ordem econômica; e
f) instruir o público sobre as diversas formas de infração à ordem econômica
e os modos de prevenção e repressão.
UNIDADE 2 29
MODALIDADES DE BURLA À
ÉTICA CONCORRENCIAL
Para ilustrar melhor as hipóteses de ferimento à ética concorrencial, detalhamos
a seguir as modalidades reprimidas pelo SBDC.
Cartel
Podemos definir cartel como sendo um acordo, explícito ou tácito, entre
Exemplo concorrentes de um mesmo mercado, de modo a estabelecerem a fixação
Um exemplo amplamente difundido de preços, cotas de produção, divisão de clientes, de mercados ou, ainda,
de cartéis, no que tange à repartição
de clientes, pode ser encontrado em
quando há acordo para a implementação de ações conjuntas visando eliminar
frequentes notícias mencionando que a concorrência com o consequente aumento de preços.
empreiteiras, ao participarem de licitações
de determinado governo est adual,
A formação de cartéis teve início na Segunda Revolução Industrial, na segunda
combinavam entre si qual licitação
seria vencida e por qual concorrente, metade do século XIX.
de modo que, ao par ticiparem dos
certames, faziam-no de forma combinada: Ao artificialmente limitar a concorrência, os membros de um cartel também
quando fosse certo que um cartelista
ganharia, outro sequer par ticiparia
prejudicam a inovação, impedindo que novos produtos e processos produtivos
da licitação, fazendo com que o maior surjam no mercado. Cartéis resultam em perdas de bem-estar do consumidor
preço fosse o vencedor até pela falta e, a longo prazo, na perda de competitividade da economia como um todo.
de concorrentes e assim sucessivamente.
Outras penas acessórias podem ser impostas como, por exemplo, a proibição
de contratar com instituições financeiras oficiais e de parcelar débitos fiscais,
bem como de participar de licitações promovidas pelas administrações
públicas federal, estadual e municipal por prazo não inferior a cinco anos.
30 ÉTICA CONCORRENCIAL
econômica e que os postos de combustíveis e seus dirigentes adotaram uma
conduta comercial uniforme e concertada. O cartel era dotado de elevado
grau de organização, razão pela qual perdurou, no mínimo, entre os anos
de 2004 e 2006, causando imensos prejuízos aos consumidores finais (fonte:
http://www.migalhas.com.br/Quentes/17,MI163726,71043-Cade+analisa+p
ratica+de+cartel+de+combustiveis+no+RS)
Preço Predatório
Atenção
Trata-se de prática verificada quando uma firma reduz o preço de venda Em muitos países, a prática de preços
de seu produto abaixo do seu custo, incorrendo em perdas no curto prazo, predatórios é considerada anticompetitiva
e ilegal sob a ótica das leis antitruste.
objetivando eliminar rivais do mercado ou criar barreiras à entrada de possíveis
competidores para, posteriormente, quando os rivais saírem do mercado, elevar
os preços novamente, obtendo, assim, ganhos no longo prazo.
Dumping
Dumping é uma prática comercial que consiste em uma ou mais empresas
de um país venderem seus produtos, mercadorias ou serviços por preços
extraordinariamente abaixo de seu valor justo para outro país (preço que
geralmente se considera menor do que se cobra pelo produto dentro do
país exportador), por um tempo, visando prejudicar e eliminar os fabricantes
de produtos similares concorrentes no local, passando, então, a dominar o
mercado e impor preços altos.
Truste
Por truste entende-se a formação de um oligopólio, o qual leva à fusão e
incorporação de empresas envolvidas de um mesmo setor de atividades a
abrirem mão de sua independência legal para constituir uma única organização,
com o intuito de dominar determinada oferta de produtos e/ou serviços.
Exemplo: Em julho de 2011, o CADE aprovou, por quatro votos a um, a fusão
entre Sadia e a Perdigão, que deu origem à Brasil Foods (BRF), maior produtora
de alimentos processados do país. O relatório do conselheiro Carlos Ragazzo,
apresentado em junho daquele ano, havia defendido o veto à fusão entre a
Sadia e a Perdigão, alegando que a concentração de mercado da BRF geraria
aumento de preços de alimentos e de inflação. Desde então, a BRF e a CADE
fizeram 12 reuniões até chegarem ao acordo aprovado pelo CADE, que previu
a suspensão da venda de produtos da marca Perdigão, entre eles presunto,
pernil, tender, linguiça e paio (três anos), salame (quatro anos), lasanhas,
pizzas e congelados (cinco anos). Além disso, a Batavo terá que suspender
a venda, por quatro anos, de produtos derivados de carnes processadas,
entre eles hambúrgueres e salsicha. A BRF também ficou obrigada a alienar
UNIDADE 2 31
cadeias completas de produção, incluindo dois abatedouros de frangos e
outros dois de suínos. O acordo prevê ainda a proibição de que a BRF lance
novas marcas para substituir aquelas que estão sendo suspensas. De acordo
com o conselheiro Ricardo Ruiz, as alienações equivalem à produção de 730
toneladas/ano de alimentos ou 80% da produção da Perdigão voltada ao
mercado brasileiro. A decisão não afeta as exportações da BRF. Ruiz apontou
que as medidas aplicadas pelo CADE pretendem ser uma vacina contra
concentrações econômicas da BRF em mercados “problemáticos” e visam
dar a oportunidade de entrada de uma terceira empresa com condições de
competir no setor e de ser uma verdadeira concorrente da BRF (Fonte: http://
g1.globo.com/economia/negocios/noticia/2011/07/brf-e-cade-selam-acordo-
e-fusao-sadia-e-perdigao-e-aprovada.html).
Venda Casada
Trata-se da venda de um produto ou serviço condicionada à aquisição de outro.
É expressamente proibida no Brasil pelo Código de Defesa do Consumidor
(art. 39, I).
LEGISLAÇÕES INTERNACIONAIS
No mundo inteiro, a preocupação com anticorrupção e, consequentemente,
com a ética nos negócios profissionais é imensa, fazendo com que várias regras
internacionais tenham sido criadas e seguidas em todo o mundo.
Lei Sarbanes-Oxley
A Lei Sarbanes-Oxley (em inglês, Sarbanes-Oxley Act) foi assinada em 30 de
julho de 2002, elaborada pelo senador Paul Sarbanes e pelo deputado Michael
Oxley, sendo, por conseguinte, usualmente chamada de SOX ou Sarbanes.
32 ÉTICA CONCORRENCIAL
“Em dezembro de 2001, o mundo, ainda abalado pelos atentados
terroristas ocorridos em, 11 de setembro, foi surpreendido por outro
evento com proporções globais: a descoberta de manipulações
contábeis em uma das empresas mais conceituadas dos Estados
Unidos: a Enron. Esta descoberta deu início a um efeito dominó, com a
constatação de práticas de manipulação em várias outras empresas, não
só norte-americanas, mas também no restante do mundo, resultando
em uma crise de confiança em níveis inéditos desde a quebra da bolsa
norte-americana em 1929. (...) Gigantes da área de auditoria deram
provas de total ausência de independência com relação aos atos
praticados pelas diretorias das empresas por eles auditadas. A reação
do mercado financeiro foi imediata, as bolsas caíram no mundo
inteiro. Como consequência da decorrente quebra das bolsas mundiais,
houve uma forte evasão dos investimentos estrangeiros no mercado
brasileiro, uma vez que os investidores não só começaram a buscar
oportunidades de investimentos mais seguros, mas também passaram a
necessitar de caixa para cobrir margens de investimentos já existentes.
Neste contexto, uma série de medidas regulatórias foi introduzida ao
longo de 2002, tanto nos Estados Unidos quanto no restante do mundo,
inclusive no Brasil. Entre estas medidas, destaca-se a Lei Sarbanes-Oxley,
de 30 de julho de 2002. O grande objetivo da Lei Sarbanes-Oxley é
restaurar o equilíbrio dos mercados por meio de mecanismos que
assegurem a responsabilidade da alta administração de uma empresa
sobre a confiabilidade da informação por ela fornecida.”
(Vania Maria da Costa Borgerth)
UNIDADE 2 33
Convenção Interamericana Contra a
Corrupção
Foi uma das primeiras normas internacionais sobre o tema.
34 ÉTICA CONCORRENCIAL
Fica a cargo dos países que aderirem à convenção estabelecer políticas
de combate à corrupção.
UNIDADE 2 35
• é necessário preparar e divulgar informações em conformidade com
as normas contábeis e com os requisitos de divulgação de dados
financeiros e não financeiros.
36 ÉTICA CONCORRENCIAL
• redigir o código de conduta – todas as disposições que devem ser
incluídas em um código de conduta estão naturalmente relacionadas
aos objetivos e finalidades do grupo. Cada organização encontrará
atividades distintas que desejarão promover, assim como condutas que
desejarão evitar de acordo com suas prioridades;
UNIDADE 2 37
O Código de Ética estabelece como obrigações dos corretores:
VII. zelar pela proteção dos interesses dos corretores, das corretoras e dos
consumidores;
XIII. agir de boa-fé, não alterar nem deturpar o teor de documentos e não
fornecer informações que não sejam verdadeiras;
38 ÉTICA CONCORRENCIAL
XIV. abster-se de dar pareceres ou emitir opiniões, sem estar suficientemente
informado, autorizado e devidamente documentado;
É importante destacar que o inciso II deixa claro que o corretor deve agir na
qualidade de representante do segurado, e não da seguradora, como muitas
vezes a sociedade de forma geral quer confundir.
UNIDADE 2 39
Passamos, agora, a comentar cada um desses incisos.
Assim, uma vez estabelecido esse vínculo, é natural que somente o consumidor
de seguros, que escolheu seu intermediário, tenha a prerrogativa de, querendo,
trocá-lo.
Não é lógico que a seguradora, que somente teve contato com esse cliente
graças à atuação do corretor original, determine ou incentive a troca de um
corretor por outro, que, eventualmente, tenha um relacionamento comercial
mais próximo do que aquele responsável pela intermediação original.
40 ÉTICA CONCORRENCIAL
III – Respeitar as parcerias associativas quando houver co-corretagem.
Nesse caso, até mesmo por força de contratos e/ou acordos vigentes, já
existem regras relacionadas à co-corretagem caso outro corretor participe
intermediando determinados clientes específicos através desse canal.
UNIDADE 2 41
A adesão ao Código de Ética é voluntária, e, obviamente, aquele corretor que
aderir a ele terá, sem dúvida, uma melhor imagem perante seus clientes na
medida em que demonstre preocupação em sempre pautar suas atividades
de forma ética e justa.
Após tal adesão, é estimado um prazo de 15 dias para que o selo de adesão ao
Código de ética daquele corretor esteja disponível no SINCOR ou na delegacia
do respectivo sindicato quando, então, poderá ser retirado pelo corretor.
1
Art. 5o, § 1o.
2
Art. 5o, §2o.
3
Art. 6o, XI.
42 ÉTICA CONCORRENCIAL
Carlos Roberto Gonçalves4 ensina que a responsabilidade é legal ou objetiva
porque prescinde da culpa e se satisfaz apenas com o dano e o nexo de
causalidade. Esta teoria, dita objetiva, ou do risco, tem como postulado que
todo dano é indenizável e deve ser reparado por quem a ele se liga por um
nexo de causalidade, independentemente de culpa.
Deve-se frisar que esse espírito fica muito claro nas mensagens de veto de
alguns artigos dessa lei por parte da Presidente da República. Como exemplo
pode ser destacado o art. 19, que estabelece o rol de sanções passíveis de
serem aplicadas judicialmente.
Assim, prevalece, sem que haja qualquer contradição na própria lei, o objetivo
delimitado no caput de seu art. 2o:
4
GONÇALVES, Carlos Roberto, Responsabilidade Civil – De Acordo com o Novo Código
Civil. 9a edição. São Paulo: Saraiva, 2005. p. 22-23.
5
Art. 37. (...) § 6o – As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado
prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa
qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável
nos casos de dolo ou culpa.(...) (grifo nosso)
UNIDADE 2 43
Outro aspecto que merece destaque é o fato de o legislador, ciente das
diversasoperações societárias que fazem parte do dia a dia corporativo,
estender a responsabilidade para eventuais sucessores e empresas do mesmo
grupo societário6 impedindo, assim, que manobras como fusões, aquisições ou
utilização de uma terceira pessoa jurídica para ocultar o real causador do dano
sirvam para eximir os reais responsáveis do ato lesivo das sanções cabíveis.
A nova legislação estabelece, em seu art. 5o, quais atos são considerados,
para os fins dessa lei, como lesivos à Administração Pública nacional ou
estrangeira.
6
Art. 4o Subsiste a responsabilidade da pessoa jurídica na hipótese de alteração
contratual, transformação, incorporação, fusão ou cisão societária.
§ 1o Nas hipóteses de fusão e incorporação, a responsabilidade da sucessora
será restrita à obrigação de pagamento de multa e reparação integral do dano
causado, até o limite do patrimônio transferido, não lhe sendo aplicáveis as demais
sanções previstas nesta Lei decorrentes de atos e fatos ocorridos antes da data
da fusão ou incorporação, exceto no caso de simulação ou evidente intuito de
fraude, devidamente comprovados.
§ 2o As sociedades controladoras, controladas, coligadas ou, no âmbito do
respectivo contrato, as consorciadas serão solidariamente responsáveis pela prática
dos atos previstos nesta Lei, restringindo-se tal responsabilidade à obrigação de
pagamento de multa e reparação integral do dano causado.
44 ÉTICA CONCORRENCIAL
f) obter vantagem ou benefício indevido, de modo fraudulento, de
modificações ou prorrogações de contratos celebrados com a administração
pública, sem autorização em lei, no ato convocatório da licitação pública
ou nos respectivos instrumentos contratuais; ou
Nas hipóteses em que não seja possível utilizar o critério de valor do faturamento
bruto da pessoa jurídica, a multa variará de R$ 6 mil a R$ 60 milhões.
UNIDADE 2 45
II – suspensão ou interdição parcial de suas atividades;
É importante mencionar que por força dessa lei é criado o CENP – Cadastro
Nacional de Empresas Punidas –, que reunirá e dará publicidade às sanções
aplicadas pelos órgãos da Administração Pública com base nessa lei.
Para que o Acordo de Leniência ocorra, é necessário que a pessoa jurídica seja
a primeira a se manifestar sobre seu interesse em cooperar para a apuração
do ilícito, admitindo sua participação, cooperando e comparecendo, às suas
expensas, a todos os atos processuais, bem como cessando imediatamente
seu envolvimento na infração investigada a partir da data de propositura
do acordo.
46 ÉTICA CONCORRENCIAL
Testando Conhecimentos
MARQUE A ALTERNATIVA CORRETA
Anotações:
[1] Corresponde à Ética Aristotélica a:
TESTANDO CONHECIMENTOS 47
[5] No Brasil, o Sistema de Defesa da Concorrência é composto pelos seguintes
Anotações: órgãos:
(a) SUSEP.
(b) CNSP.
(c) FENACOR.
(d) SINCOR-RJ.
(e) CADE.
48 ÉTICA CONCORRENCIAL
[10] A autarquia federal brasileira a quem compete orientar, fiscalizar, prevenir
e apurar abusos do poder econômico denomina-se: Anotações:
(a) SUSEP.
(b) CNSP.
(c) CADE.
(d) Tribunal Administrativo de Defesa Econômica.
(e) SEAE.
(a) Contratualista.
(b) Kantiana.
(c) Aristotélica.
(d) Utilitarista.
TESTANDO CONHECIMENTOS 49
50 ÉTICA CONCORRENCIAL
Estudos de Caso
Caso 1
Epaminondas é corretor de seguros há 35 anos, tendo tido sempre uma carreira
de sucesso em sua cidade e se tornando, praticamente, uma personalidade
local. Contudo, nos últimos tempos, a crise econômica mundial também
o afetou, fazendo com que ele passasse a sofrer algumas dificuldades
financeiras.
Caso 2
Com base no exemplo do Estudo de Caso 1, ao perceber que perdeu a conta
para Epaminondas, Mengálvio ingressa no Poder Judiciário com ação cível
visando à indenização por perdas e danos contra Epaminondas.
ESTUDOS DE CASO 51
52 ÉTICA CONCORRENCIAL
Anexos
ANEXOS 53
54 ÉTICA CONCORRENCIAL
Anexo 1
CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL DOS CORRETORES
DE SEGUROS, DE RESSEGUROS, DE CAPITALIZAÇÃO,
DE PREVIDÊNCIA PRIVADA, DE SEGUROS DE
PESSOAS, DE PLANOS E DE SEGUROS
DE SAÚDE, E SEUS PREPOSTOS
ÉTICA
Introdução
• Considerando que esse ideal a ser alcançado baseia-se na liberdade com responsabilidade,
na igualdade, na honestidade, na lealdade e na fraternidade entre os membros da categoria
a que pertence;
• Para fins de cumprimento do disposto no artigo 119 do Decreto 60.459, de 13/03/1967, é instituído o
presente “Código de Ética Profissional”, aplicável, por adesão, indistintamente, a todos os corretores
de seguros, de resseguros, de capitalização, de previdência privada, de seguro de pessoas, de planos
e de seguro saúde, pessoas físicas e jurídicas, inclusive prepostos, para ser o guia orientador
e estimulador de comportamentos, fundamentado num conceito de ética voltado para o
desenvolvimento, servindo, simultaneamente, de estímulo e parâmetro para que esses profissionais
e empresas visualizem um novo papel para si próprios e tornem sua ação mais eficaz diante da
sociedade e, em atendimento a ela, na busca da garantia e probidade da profissão e de quem usa
os serviços de um profissional da atividade do mercado da corretagem, legalmente habilitado.
ANEXO 1 55
CAPÍTULO I
DO OBJETIVO
Art. 1o. Este Código de Ética Profissional tem por objetivo primordial fixar a forma pela qual devem se
conduzir todos os Corretores de Seguros, de Resseguros, de Capitalização, de Previdência Privada, de
Seguro de Pessoas, de Planos e de Seguro Saúde, pessoas físicas e jurídicas, inclusive Prepostos, quando
estiverem relacionando-se entre si, com os Consumidores, Sociedades Seguradoras, Sociedades de
Capitalização e Entidades Abertas de Previdência Complementar, as Operadoras de Planos de Saúde, as
Entidades representativas da respectiva categoria econômica às quais se integram e aos Órgãos Públicos
que regem a política do mercado de seguros.
§ 1o. Todo aquele que exercer atividade de intermediação descrita no caput deste artigo, será identificado
neste Código como Corretor, no caso de pessoa física, e Corretora, quando pessoa jurídica, a ele se
subordinando.
§ 2o. A aplicação deste Código será por adesão voluntária e na forma escrita.
CAPÍTULO II
DA PREVISÃO LEGAL
Art. 2o. Este Código, bem como a sua aplicação administrativa, respeitadas as competências privativas
do Órgão regulador e do Órgão fiscalizador do mercado de seguros, tem base legal, por delegação,
nas disposições contidas no art. 119 do Decreto 60.459, de 13/3/1967, que regulamentou o Decreto-
lei 73, de 21/11/1966, o qual foi recepcionado com status de lei complementar pela Constituição Federal
de 1988.
CAPÍTULO III
DOS PRINCÍPIOS E DAS OBRIGAÇÕES
Art. 3o. O Corretor e a Corretora, devidamente habilitados, inscritos regularmente no Órgão competente,
para o exercício de sua profissão ou atividade empresarial, têm a obrigação de:
I – orientar e assessorar os seus clientes, de forma transparente, para a adequada proteção e cobertura
dos seus riscos pessoais e patrimoniais, formulando suas propostas, baseando-se no estudo dos riscos,
dentro das normas técnicas, informando-lhes aqueles excluídos e prestando-lhes todos os esclarecimentos
que possam, obter-se resultado útil na intermediação;
II – representar o cliente junto às sociedades seguradoras e resseguradoras, sociedades de capitalização,
entidades abertas de previdência complementar e operadoras de planos de saúde, na defesa intransigente
de seus interesses;
III – fornecer às sociedades listadas no inciso II as informações precisas e verdadeiras, para que a avaliação,
tarifação e aceitação dos riscos se realizem adequadamente;
IV – colaborar com as sociedades listadas no inciso II, em caso de ocorrência de sinistros, objetivando
uma rápida tramitação do processo de regulação, da justa indenização, prestando, sempre, a assistência
adequada aos segurados e beneficiários;
V – agir sempre com dignidade e lealdade, não fornecendo informações enganosas ou improcedentes
sobre as suas condições profissionais e, em nenhuma hipótese, conceder aos seus clientes, vantagens
diretas ou indiretas, que contrariem a legislação;
VI – colaborar com os órgãos regulador e fiscalizador para melhor ordenação, normatização e fiscalização
do mercado de seguros;
VII – zelar pela proteção dos interesses dos corretores, das corretoras e dos consumidores;
VIII – guardar absoluto sigilo em razão do exercício profissional, ressalvados os casos previstos em lei
ou quando solicitado por autoridades competentes;
IX – declarar os impedimentos legais porventura existentes ou supervenientes para o exercício da
profissão, não a exercendo quando impedido e nem facilitando, por qualquer meio, o seu exercício
aos não habilitados ou impedidos;
56 ÉTICA CONCORRENCIAL
X – ser solidário com os movimentos de defesa da dignidade profissional e zelar pelo exercício ético,
profissional e seu aprimoramento técnico;
XI – repassar às sociedades listadas no inciso II os valores que, eventualmente, lhe forem confiados
referentes aos prêmios de seguros, e prestar contas aos seus clientes com documentos comprobatórios
por elas emitidos;
XII – exercer a profissão com probidade, não cometer atos contrários às disposições deste Código e não
praticar atos definidos como infrações;
XIII – agir de boa-fé, não alterar nem deturpar o teor de documentos e não fornecer informações que
não sejam verdadeiras;
XIV – abster-se de dar pareceres ou emitir opiniões, sem estar suficientemente informado, autorizado
e devidamente documentado;
XV – entregar aos clientes, imediatamente, os valores e os documentos a eles destinados;
XVI – cumprir, fielmente, as obrigações e compromissos decorrentes de contratos ou outros instrumentos,
assumidos perante segurados e seguradores, e responsabilizar-se, solidariamente, pelos atos praticados
pelos Prepostos por eles nomeados;
XVII – manter os dados cadastrais devidamente atualizados junto ao Órgão Fiscalizador e entidades
representativas, em consonância com a legislação vigente;
XVIII – respeitar e cumprir, fielmente, as decisões e deliberações emanadas das assembleias gerais e
estatutos sociais dos Sindicatos da respectiva base territorial;
XIX – cumprir as disposições contidas na Constituição Federal, no Código de Defesa do Consumidor,
no Código Civil, especialmente a parte que trata da corretagem, e outras leis, regulamentos e atos
normativos pertinentes.
CAPÍTULO IV
DO RELACIONAMENTO ENTRE CORRETORES
Art. 4o. O Corretor e a Corretora devem desenvolver suas atividades profissionais norteados pelos
princípios da concorrência leal e honesta, observando estritamente o seguinte:
I – abster-se de formular juízo depreciativo e de fazer comentários que possam desprestigiar ou prejudicar
outros profissionais;
II – recusar intermediação que já esteja entregue a outro Corretor ou Corretora, a não ser que haja
anuência do segurado e respeitada a legislação pertinente;
III – respeitar as parcerias associativas quando houver co-corretagem;
IV – solicitar a participação do Sindicato de Corretores de Seguros, da respectiva base territorial, quando
houver controvérsia ou litígio com outro Corretor ou Corretora, utilizando a mediação, a conciliação
ou a arbitragem, como meio alternativo para solução de conflitos.
CAPÍTULO V
DO RELACIONAMENTO SOCIAL
Art. 5o. O Corretor deve interessar-se pelo bem comum, contribuindo com seus conhecimentos,
capacidade e experiência profissional para melhor servir a sociedade, devendo, ainda:
ANEXO 57
CAPÍTULO VI
DO REGIME DISCIPLINAR
Art. 6o. Os Corretores listados no art. 1o, por infração ao Código de Ética Profissional e à legislação
vigente, estão sujeitos às penas seguintes:
I – advertência;
II – censura;
III – cancelamento do selo de adesão ao Código de Ética.
CAPÍTULO VII
DISPOSIÇÕES FINAIS
Art. 7o. As disposições deste Código de Ética aplicam-se aos corretores e corretoras a ele aderentes a
partir da data da sua respectiva adesão.
Art. 8o. As disposições deste Código de Ética poderão ser modificadas pelo Conselho de Representantes
da Federação Nacional dos Corretores de Seguros Privados e de Resseguros, de Capitalização, de
Previdência Privada e das Empresas Corretoras de Seguros e de Resseguros – FENACOR.
58 ÉTICA CONCORRENCIAL
Anexo 2
RESOLUÇÃO CNSP 233, DE 2011
RESOLVEU:
CAPÍTULO I
DA ABRANGÊNCIA DA NORMA
ANEXO 2 59
CAPÍTULO II
DOS OBJETIVOS DAS ENTIDADES AUTORREGULADORAS
Art. 3o As entidades autorreguladoras terão por objetivo zelar pela observância às normas jurídicas, em
especial pelos direitos dos consumidores, e fomentar a elevação de padrões éticos dos seus membros
associados, bem como as boas práticas de conduta no relacionamento profissional com segurados,
corretores, pessoas naturais e jurídicas, e sociedades seguradoras, resseguradoras, de capitalização e
entidades abertas de previdência complementar. (Artigo alterado pela Resolução CNSP no 251/2012)
CAPÍTULO III
DA CONSTITUIÇÃO E DO ESTATUTO SOCIAL
§2o Fica vedada a interferência da administração da entidade que tiver outros objetivos institucionais
nos assuntos relacionados diretamente às atividades finalísticas de autorregulação.
Art. 5o Os estatutos sociais das entidades deverão ser registrados no Cartório de Registro Civil de Pessoas
Jurídicas, após autorização da SUSEP, e disporão sobre:
I – a denominação, os fins e a sede da entidade;
II – os requisitos para a admissão e exclusão dos seus associados;
III – os direitos e deveres dos associados;
IV – a forma da eleição, posse, substituição e destituição dos membros de diretorias, conselho fiscal e
ouvidoria;
V – os requisitos mínimos para nomeação aos cargos e funções no âmbito da entidade;
VI – as atribuições e prerrogativas dos diretores, dos conselheiros e do ouvidor;
VII – a convocação, a competência e o funcionamento da assembléia geral, prevista, no mínimo, uma
assembléia anual, a realizar-se nos quatro primeiros meses seguintes ao término do exercício social;
VIII – as fontes de recursos para sua manutenção, observado o disposto pelo CNSP;
IX – o modo de constituição e de funcionamento dos órgãos deliberativos;
X – as condições para a alteração das disposições estatutárias e para a dissolução
da entidade; e
XI – a forma de gestão administrativa e de aprovação das respectivas contas.
§1o É vedada às entidades qualquer atividade relacionada com autorregulação não especificada no
respectivo estatuto social.
§2o As alterações dos estatutos sociais, que tenham por objeto a autorregulação, dependem, para
vigorar, de prévia aprovação da SUSEP.
CAPÍTULO IV
DOS ASSOCIADOS
Art. 6o O quadro social das entidades autorreguladoras do mercado de corretagem poderá ser composto
exclusivamente por membros do mercado de corretagem e por entidades que representem legalmente
seus interesses.
Art. 7o As entidades autorreguladoras não poderão recusar a inscrição em seus quadros a membro do
mercado de corretagem, ressalvado quando tenha cometido, nos últimos cinco anos, crime ou infração,
administrativa ou estatutária, passível de expulsão nos termos do respectivo estatuto.
60 ÉTICA CONCORRENCIAL
§1o A qualidade de associado de entidade autorreguladora e os direitos inerentes são intransmissíveis,
inclusive aos herdeiros.
§2o A exclusão compulsória de associado da entidade só será admissível mediante justa causa, assim
reconhecida em procedimento que assegure direito de defesa, nos termos previstos no estatuto.
§3o O associado excluído da entidade, de forma voluntária ou compulsória, não fará jus à quota parte
ou, de qualquer forma, à divisão do patrimônio da entidade.
Art. 8o Nenhum associado poderá ser impedido de exercer direito ou função que lhe tenha sido
legitimamente conferido, a não ser nos casos e pela forma previstos na legislação ou no estatuto.
CAPÍTULO V
DA ASSEMBLÉIA GERAL
Art. 9o Compete à assembléia geral, no que concerne à autorregulação, dentre outras funções previstas
no estatuto:
I – eleger e destituir os dirigentes;
II – aprovar as contas da entidade, após manifestação do Conselho Fiscal; e
III – alterar o estatuto.
§1o Para as deliberações a que se refere este artigo, a assembléia será convocada especialmente para
esse fim, cujo quorum será o estabelecido no estatuto.
§2o O edital de convocação das assembléias gerais das entidades autorreguladoras, juntamente com
a proposta da administração, quando houver, devem ser enviados à SUSEP concomitantemente à sua
divulgação.
CAPÍTULO VI
DA ESTRUTURA ORGÂNICA
Art. 10. As entidades autorreguladoras serão constituídas de estrutura organizacional que contenha,
no mínimo, Diretoria Administrativa, Diretoria de Fiscalização, Diretoria de Julgamentos,
Conselho Fiscal e Ouvidoria, cujas formas e atribuições deverão estar definidas no respectivo estatuto
social.
Parágrafo único. A instância recursal das entidades autorreguladoras será composta por ao menos
um representante dos consumidores do mercado de corretagem, indicado por entidade incumbida da
proteção e defesa dos consumidores, na forma prevista no estatuto.
Art. 11. Os diretores, conselheiros e ouvidor devem ser pessoas naturais com reputação ilibada,
qualificação e capacidade técnica necessárias à assunção das responsabilidades inerentes às respectivas
funções.
§1o Os mandatos relativos aos cargos e funções previstos neste artigo terão duração máxima de quatro
anos, permitida uma recondução.
ANEXO 2 61
§3o Os diretores, conselheiros e ouvidor, encarregados de atividades relacionadas à autorregulação, que
não atendam, por fato superveniente ou desconhecido à época da aprovação de seu nome, os requisitos
exigidos para a função, devem ser imediatamente destituídos, comunicando-se o fato à SUSEP.
§4o Fica vedada a contratação de pessoa, natural ou jurídica, na condição de empregado ou prestador
de serviços, que tenha relação de parentesco, por afinidade, em linha reta ou colateral, até terceiro
grau, com quaisquer dos diretores, conselheiros ou do ouvidor, encarregados de atividades relacionadas
à autorregulação.
Art. 12. As entidades autorreguladoras poderão, mediante prévia autorização da SUSEP, celebrar e
manter acordos, contratos e instrumentos congêneres com outras entidades, com o objetivo de executar,
aprimorar ou complementar atividades finalísticas relacionadas à autorregulação.
CAPÍTULO VII
DOS RECURSOS E RECEITAS
Art. 13. Os recursos e receitas das entidades, destinados aos investimentos e ao custeio das suas
atividades de autorregulação, serão constituídos de doações, contribuições, emolumentos, comissões,
multas e quaisquer outras fontes previstas no estatuto.
CAPÍTULO VIII
DA EXTINÇÃO
Art. 14. As entidades autorreguladoras do mercado de corretagem só poderão ser extintas ou deixar
de executar as atividades de autorregulação mediante cumprimento de todas as suas obrigações e
conclusão de todos os seus trabalhos em curso, conforme estabelecido em seu estatuto social e pela
SUSEP, ressalvada a hipótese de transferência de suas atribuições a entidade autorreguladora autorizada
a funcionar.
Art. 15. Cessadas as atividades de autorregulação, na forma do artigo anterior, os bens e recursos
remanescentes a estas vinculados serão destinados a outra entidade autorreguladora ou à SUSEP.
CAPÍTULO IX
DOS PRINCÍPIOS E DEVERES
Art. 16. As entidades autorreguladoras observarão, dentre outros, os princípios da boa-fé objetiva, da
ampla defesa, do contraditório, do devido processo legal, da economia processual, da razoabilidade,
da proporcionalidade e os valores da urbanidade e da lealdade profissional, tendo como referência as
regras processuais estabelecidas pelo CNSP e pela SUSEP.
62 ÉTICA CONCORRENCIAL
VII – apresentar relatórios detalhados de suas atividades à SUSEP, com o conteúdo e a periodicidade por
ela estabelecidos, dos quais deverão constar, no mínimo, os procedimentos de fiscalização realizados e
os processos sancionadores abertos e concluídos no período, com os respectivos resultados;
VIII – disponibilizar à SUSEP, sempre que solicitado, o acesso a todos os documentos, informações,
processos, ativos ou não, livros contábeis, atos societários, entre outros, bem como o acesso a arquivos,
instalações e sistemas de informática;
IX – informar ou alertar a SUSEP acerca das infrações e processos sancionadores, devidamente
identificados, com risco de prescrição administrativa da pretensão punitiva, no âmbito do mercado de
corretagem; e
X – informar, imediatamente, ao Ministério Público e à SUSEP sobre indícios de crime no âmbito do
mercado de corretagem.
Art. 18. Aplicam-se às entidades autorreguladoras e aos respectivos diretores, conselheiros, ouvidor e
seus contratados, por violação aos deveres previstos nesta Resolução e à legislação federal, por dolo
ou erro grosseiro, ação ou omissão, as seguintes penalidades:
I – advertência;
II – multa, de R$ 10.000,00 (dez mil reais) a R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais);
III – suspensão do exercício de atividades ou de profissão relacionada a autorregulação,
pelo prazo de trinta dias até 180 (cento e oitenta dias); e
IV – inabilitação, pelo prazo de 2 (dois) a 10 (dez) anos, para o exercício de cargo ou função no serviço
público ou em empresas públicas, sociedades de economia mista e respectivas subsidiárias, entidades de
previdência complementar, sociedade de capitalização, instituições financeiras, sociedades seguradoras
e resseguradoras.
§1o As penalidades previstas neste artigo poderão, sempre que couber e de forma fundamentada, ser
aplicadas cumulativamente.
§2o Não há infração quando o descumprimento de norma ocorrer por motivo de caso fortuito ou força
maior devidamente comprovado.
CAPÍTULO X
DO PODER DISCIPLINAR
Art. 19. As entidades autorreguladoras editarão normas de conduta profissional e associativa, obrigatórias
exclusivamente aos seus associados, dirigentes e empregados.
Art. 21. As entidades autorreguladoras fiscalizarão, processarão, julgarão e aplicarão sanções por
infrações a seus membros associados por violação a normas de conduta, por elas voluntariamente
estabelecidas, à legislação e os condenarão, se for o caso, às penas de multa, suspensão do exercício
de atividade ou profissão ou de cancelamento de registro. (Artigo alterado pela Resolução CNSP nº
251/2012)
ANEXO 2 63
§1o Constatada a ausência de má-fé, as entidades autorreguladoras, considerando a gravidade da infração
e os antecedentes do infrator, poderão deixar de aplicar sanção quando concluir que uma recomendação
ao membro associado seja suficiente ao atendimento dos objetivos da regulação. (Parágrafo alterado
pela Resolução CNSP no 251/2012)
§2o Da decisão condenatória caberá recurso no âmbito da própria entidade autorreguladora, sendo
irrecorrível à SUSEP ou ao Conselho de Recursos do Sistema Nacional de Seguros Privados, de
Capitalização e de Previdência Complementar Aberta – CRSNSP.
§3o A condenação no âmbito da autorregulação será considerada para fins de antecedentes e, quando
definitiva, para caracterização da reincidência.
§4o Os valores recolhidos a título de multa, na forma deste artigo, constituem receita originária das
entidades autorreguladoras.
§5o Caberá exclusivamente à SUSEP a implementação ou a execução das decisões condenatórias que
tenham por objeto as sanções de suspensão do exercício de atividade ou profissão e de cancelamento
de registro.
CAPÍTULO XI
DAS COMPETÊNCIAS DA SUSEP
64 ÉTICA CONCORRENCIAL
§1o A SUSEP poderá anular, de ofício, as decisões proferidas na autorregulação sempre que entender
violados os direitos ao devido processo legal, ao contraditório ou à ampla defesa ou quando a sanção
aplicada for manifestamente inadequada ou desproporcional.
§2o Ao julgar processo sancionador que tenha por objeto violação às normas do mercado de corretagem,
a SUSEP considerará, para fins de dosimetria da pena e em atenção ao princípio da proporcionalidade,
as sanções aplicadas no âmbito da autorregulação.
CAPÍTULO XII
DA CELEBRAÇÃO DE CONVÊNIOS
Art. 25. A SUSEP poderá celebrar e manter convênios, termos de cooperação, acordos ou outros
instrumentos congêneres com entidades autorreguladoras, especialmente quando relacionados com a
concessão de inscrição, registro e recadastramento periódico, bem como a fiscalização e o julgamento
de membros associados às entidades autorreguladoras. (Artigo alterado pela Resolução CNSP
no 251/2012)
CAPÍTULO XIII
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS
Art. 26. Os atos normativos, as deliberações administrativas e as decisões proferidas no âmbito dos
processos sancionadores por entidades autorreguladoras do mercado de corretagem devem ser
publicados no respectivo boletim oficial, o qual será disponibilizado na sua página na internet.
Art. 27. Fica a SUSEP autorizada a expedir normas que sejam necessárias à complementação do disposto
nesta Resolução.
Art. 28. Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação, revogando-se as disposições em
contrário.
ANEXO 2 65
66 ÉTICA CONCORRENCIAL
Anexo 3
LEI 12.846,
DE 1o DE AGOSTO DE 2013
A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte
Lei:
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 1o Esta Lei dispõe sobre a responsabilização objetiva administrativa e civil de pessoas jurídicas pela
prática de atos contra a administração pública, nacional ou estrangeira.
Parágrafo único. Aplica-se o disposto nesta Lei às sociedades empresárias e às sociedades simples,
personificadas ou não, independentemente da forma de organização ou modelo societário adotado,
bem como a quaisquer fundações, associações de entidades ou pessoas, ou sociedades estrangeiras,
que tenham sede, filial ou representação no território brasileiro, constituídas de fato ou de direito,
ainda que temporariamente.
Art. 2o As pessoas jurídicas serão responsabilizadas objetivamente, nos âmbitos administrativo e civil,
pelos atos lesivos previstos nesta Lei praticados em seu interesse ou benefício, exclusivo ou não.
Art. 3o A responsabilização da pessoa jurídica não exclui a responsabilidade individual de seus dirigentes
ou administradores ou de qualquer pessoa natural, autora, coautora ou partícipe do ato ilícito.
ANEXO 3 67
Art. 4o Subsiste a responsabilidade da pessoa jurídica na hipótese de alteração contratual, transformação,
incorporação, fusão ou cisão societária.
CAPÍTULO II
DOS ATOS LESIVOS À ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA NACIONAL OU ESTRANGEIRA
Art. 5o Constituem atos lesivos à administração pública, nacional ou estrangeira, para os fins desta
Lei, todos aqueles praticados pelas pessoas jurídicas mencionadas no parágrafo único do art. 1o, que
atentem contra o patrimônio público nacional ou estrangeiro, contra princípios da administração pública
ou contra os compromissos internacionais assumidos pelo Brasil, assim definidos:
I – prometer, oferecer ou dar, direta ou indiretamente, vantagem indevida a agente público, ou a terceira
pessoa a ele relacionada;
II – comprovadamente, financiar, custear, patrocinar ou de qualquer modo subvencionar a prática dos
atos ilícitos previstos nesta Lei;
III – comprovadamente, utilizar-se de interposta pessoa física ou jurídica para ocultar ou dissimular seus
reais interesses ou a identidade dos beneficiários dos atos praticados;
IV – no tocante a licitações e contratos:
a) frustrar ou fraudar, mediante ajuste, combinação ou qualquer outro expediente, o caráter competitivo
de procedimento licitatório público;
b) impedir, perturbar ou fraudar a realização de qualquer ato de procedimento licitatório público;
c) afastar ou procurar afastar licitante, por meio de fraude ou oferecimento de vantagem de qualquer
tipo;
d) fraudar licitação pública ou contrato dela decorrente;
e) criar, de modo fraudulento ou irregular, pessoa jurídica para participar de licitação pública ou
celebrar contrato administrativo;
f) obter vantagem ou benefício indevido, de modo fraudulento, de modificações ou prorrogações de
contratos celebrados com a administração pública, sem autorização em lei, no ato convocatório
da licitação pública ou nos respectivos instrumentos contratuais; ou
g) manipular ou fraudar o equilíbrio econômico-financeiro dos contratos celebrados com a administração
pública;
§ 2o Para os efeitos desta Lei, equiparam-se à administração pública estrangeira as organizações públicas
internacionais.
68 ÉTICA CONCORRENCIAL
§ 3o Considera-se agente público estrangeiro, para os fins desta Lei, quem, ainda que transitoriamente
ou sem remuneração, exerça cargo, emprego ou função pública em órgãos, entidades estatais ou em
representações diplomáticas de país estrangeiro, assim como em pessoas jurídicas controladas, direta ou
indiretamente, pelo poder público de país estrangeiro ou em organizações públicas internacionais.
CAPÍTULO III
DA RESPONSABILIZAÇÃO ADMINISTRATIVA
Art. 6o Na esfera administrativa, serão aplicadas às pessoas jurídicas consideradas responsáveis pelos
atos lesivos previstos nesta Lei as seguintes sanções:
I – multa, no valor de 0,1% (um décimo por cento) a 20% (vinte por cento) do faturamento bruto do
último exercício anterior ao da instauração do processo administrativo, excluídos os tributos, a qual
nunca será inferior à vantagem auferida, quando for possível sua estimação; e
§ 2o A aplicação das sanções previstas neste artigo será precedida da manifestação jurídica elaborada
pela Advocacia Pública ou pelo órgão de assistência jurídica, ou equivalente, do ente público.
§ 3o A aplicação das sanções previstas neste artigo não exclui, em qualquer hipótese, a obrigação da
reparação integral do dano causado.
§ 4o Na hipótese do inciso I do caput, caso não seja possível utilizar o critério do valor do faturamento
bruto da pessoa jurídica, a multa será de R$ 6.000,00 (seis mil reais) a R$ 60.000.000,00 (sessenta
milhões de reais).
§ 6o (VETADO).
I – a gravidade da infração;
II – a vantagem auferida ou pretendida pelo infrator;
III – a consumação ou não da infração;
IV – o grau de lesão ou perigo de lesão;
V – o efeito negativo produzido pela infração;
VI – a situação econômica do infrator;
VII – a cooperação da pessoa jurídica para a apuração das infrações;
VIII – a existência de mecanismos e procedimentos internos de integridade, auditoria e incentivo à
denúncia de irregularidades e a aplicação efetiva de códigos de ética e de conduta no âmbito da pessoa
jurídica;
IX – o valor dos contratos mantidos pela pessoa jurídica com o órgão ou entidade pública lesados; e
X – (VETADO).
ANEXO 3 69
CAPÍTULO IV
DO PROCESSO ADMINISTRATIVO DE RESPONSABILIZAÇÃO
Art. 10. O processo administrativo para apuração da responsabilidade de pessoa jurídica será conduzido
por comissão designada pela autoridade instauradora e composta por 2 (dois) ou mais servidores
estáveis.
§ 1o O ente público, por meio do seu órgão de representação judicial, ou equivalente, a pedido da
comissão a que se refere o caput, poderá requerer as medidas judiciais necessárias para a investigação
e o processamento das infrações, inclusive de busca e apreensão.
§ 3o A comissão deverá concluir o processo no prazo de 180 (cento e oitenta) dias contados da data da
publicação do ato que a instituir e, ao final, apresentar relatórios sobre os fatos apurados e eventual
responsabilidade da pessoa jurídica, sugerindo de forma motivada as sanções a serem aplicadas.
Art. 11. No processo administrativo para apuração de responsabilidade, será concedido à pessoa jurídica
prazo de 30 (trinta) dias para defesa, contados a partir da intimação.
Art. 12. O processo administrativo, com o relatório da comissão, será remetido à autoridade instauradora,
na forma do art. 10, para julgamento.
Art. 13. A instauração de processo administrativo específico de reparação integral do dano não prejudica
a aplicação imediata das sanções estabelecidas nesta Lei.
Parágrafo único. Concluído o processo e não havendo pagamento, o crédito apurado será inscrito em
dívida ativa da fazenda pública.
70 ÉTICA CONCORRENCIAL
Art. 14. A personalidade jurídica poderá ser desconsiderada sempre que utilizada com abuso do direito
para facilitar, encobrir ou dissimular a prática dos atos ilícitos previstos nesta Lei ou para provocar
confusão patrimonial, sendo estendidos todos os efeitos das sanções aplicadas à pessoa jurídica aos seus
administradores e sócios com poderes de administração, observados o contraditório e a ampla defesa.
Art. 15. A comissão designada para apuração da responsabilidade de pessoa jurídica, após a conclusão
do procedimento administrativo, dará conhecimento ao Ministério Público de sua existência, para
apuração de eventuais delitos.
CAPÍTULO V
DO ACORDO DE LENIÊNCIA
Art. 16. A autoridade máxima de cada órgão ou entidade pública poderá celebrar acordo de leniência com
as pessoas jurídicas responsáveis pela prática dos atos previstos nesta Lei que colaborem efetivamente
com as investigações e o processo administrativo, sendo que dessa colaboração resulte:
§ 1o O acordo de que trata o caput somente poderá ser celebrado se preenchidos, cumulativamente,
os seguintes requisitos:
I – a pessoa jurídica seja a primeira a se manifestar sobre seu interesse em cooperar para a apuração
do ato ilícito;
II – a pessoa jurídica cesse completamente seu envolvimento na infração investigada a partir da data
de propositura do acordo;
III – a pessoa jurídica admita sua participação no ilícito e coopere plena e permanentemente com as
investigações e o processo administrativo, comparecendo, sob suas expensas, sempre que solicitada, a
todos os atos processuais, até seu encerramento.
§ 2o A celebração do acordo de leniência isentará a pessoa jurídica das sanções previstas no inciso II do
art. 6o e no inciso IV do art. 19 e reduzirá em até 2/3 (dois terços) o valor da multa aplicável.
§ 3o O acordo de leniência não exime a pessoa jurídica da obrigação de reparar integralmente o dano
causado.
§ 5o Os efeitos do acordo de leniência serão estendidos às pessoas jurídicas que integram o mesmo grupo
econômico, de fato e de direito, desde que firmem o acordo em conjunto, respeitadas as condições
nele estabelecidas.
ANEXO 3 71
§ 9o A celebração do acordo de leniência interrompe o prazo prescricional dos atos ilícitos previstos
nesta Lei.
Art. 17. A administração pública poderá também celebrar acordo de leniência com a pessoa jurídica
responsável pela prática de ilícitos previstos na Lei no 8.666, de 21 de junho de 1993, com vistas à
isenção ou atenuação das sanções administrativas estabelecidas em seus arts. 86 a 88.
CAPÍTULO VI
DA RESPONSABILIZAÇÃO JUDICIAL
Art. 18. Na esfera administrativa, a responsabilidade da pessoa jurídica não afasta a possibilidade de
sua responsabilização na esfera judicial.
Art. 19. Em razão da prática de atos previstos no art. 5o desta Lei, a União, os Estados, o Distrito Federal
e os Municípios, por meio das respectivas Advocacias Públicas ou órgãos de representação judicial, ou
equivalentes, e o Ministério Público, poderão ajuizar ação com vistas à aplicação das seguintes sanções
às pessoas jurídicas infratoras:
I – perdimento dos bens, direitos ou valores que representem vantagem ou proveito direta ou
indiretamente obtidos da infração, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé;
II – suspensão ou interdição parcial de suas atividades;
III – dissolução compulsória da pessoa jurídica;
IV – proibição de receber incentivos, subsídios, subvenções, doações ou empréstimos de órgãos ou
entidades públicas e de instituições financeiras públicas ou controladas pelo poder público, pelo prazo
mínimo de 1 (um) e máximo de 5 (cinco) anos.
I – ter sido a personalidade jurídica utilizada de forma habitual para facilitar ou promover a prática de
atos ilícitos; ou
II – ter sido constituída para ocultar ou dissimular interesses ilícitos ou a identidade dos beneficiários
dos atos praticados.
§ 2o (VETADO).
Art. 20. Nas ações ajuizadas pelo Ministério Público, poderão ser aplicadas as sanções previstas no art.
6o, sem prejuízo daquelas previstas neste Capítulo, desde que constatada a omissão das autoridades
competentes para promover a responsabilização administrativa.
Art. 21. Nas ações de responsabilização judicial, será adotado o rito previsto na Lei no 7.347, de 24 de
julho de 1985.
Parágrafo único. A condenação torna certa a obrigação de reparar, integralmente, o dano causado pelo
ilícito, cujo valor será apurado em posterior liquidação, se não constar expressamente da sentença.
72 ÉTICA CONCORRENCIAL
CAPÍTULO VII
DISPOSIÇÕES FINAIS
Art. 22. Fica criado no âmbito do Poder Executivo federal o Cadastro Nacional de Empresas Punidas
– CNEP, que reunirá e dará publicidade às sanções aplicadas pelos órgãos ou entidades dos Poderes
Executivo, Legislativo e Judiciário de todas as esferas de governo com base nesta Lei.
§ 2o O Cnep conterá, entre outras, as seguintes informações acerca das sanções aplicadas:
I – razão social e número de inscrição da pessoa jurídica ou entidade no Cadastro Nacional da Pessoa
Jurídica – CNPJ;
II – tipo de sanção; e
III – data de aplicação e data final da vigência do efeito limitador ou impeditivo da sanção, quando
for o caso.
§ 3o As autoridades competentes, para celebrarem acordos de leniência previstos nesta Lei, também
deverão prestar e manter atualizadas no Cnep, após a efetivação do respectivo acordo, as informações
acerca do acordo de leniência celebrado, salvo se esse procedimento vier a causar prejuízo às investigações
e ao processo administrativo.
§ 4o Caso a pessoa jurídica não cumpra os termos do acordo de leniência, além das informações previstas
no § 3o, deverá ser incluída no Cnep referência ao respectivo descumprimento.
§ 5o Os registros das sanções e acordos de leniência serão excluídos depois de decorrido o prazo
previamente estabelecido no ato sancionador ou do cumprimento integral do acordo de leniência e da
reparação do eventual dano causado, mediante solicitação do órgão ou entidade sancionadora.
Art. 23. Os órgãos ou entidades dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário de todas as esferas de
governo deverão informar e manter atualizados, para fins de publicidade, no Cadastro Nacional de
Empresas Inidôneas e Suspensas – CEIS, de caráter público, instituído no âmbito do Poder Executivo
federal, os dados relativos às sanções por eles aplicadas, nos termos do disposto nos arts. 87 e 88 da
Lei no 8.666, de 21 de junho de 1993.
Art. 24. A multa e o perdimento de bens, direitos ou valores aplicados com fundamento nesta Lei serão
destinados preferencialmente aos órgãos ou entidades públicas lesadas.
Art. 25. Prescrevem em 5 (cinco) anos as infrações previstas nesta Lei, contados da data da ciência da
infração ou, no caso de infração permanente ou continuada, do dia em que tiver cessado.
Parágrafo único. Na esfera administrativa ou judicial, a prescrição será interrompida com a instauração
de processo que tenha por objeto a apuração da infração.
Art. 26. A pessoa jurídica será representada no processo administrativo na forma do seu estatuto ou
contrato social.
§ 1o As sociedades sem personalidade jurídica serão representadas pela pessoa a quem couber a
administração de seus bens.
ANEXO 3 73
Art. 27. A autoridade competente que, tendo conhecimento das infrações previstas nesta Lei, não
adotar providências para a apuração dos fatos será responsabilizada penal, civil e administrativamente
nos termos da legislação específica aplicável.
Art. 28. Esta Lei aplica-se aos atos lesivos praticados por pessoa jurídica brasileira contra a administração
pública estrangeira, ainda que cometidos no exterior.
Art. 29. O disposto nesta Lei não exclui as competências do Conselho Administrativo de Defesa
Econômica, do Ministério da Justiça e do Ministério da Fazenda para processar e julgar fato que constitua
infração à ordem econômica.
Art. 30. A aplicação das sanções previstas nesta Lei não afeta os processos de responsabilização e
aplicação de penalidades decorrentes de:
Art. 31. Esta Lei entra em vigor 180 (cento e oitenta) dias após a data de sua publicação.
DILMA ROUSSEFF
José Eduardo Cardozo
Luís Inácio Lucena Adams
Jorge Hage Sobrinho
74 ÉTICA CONCORRENCIAL
Gabarito
Testando Conhecimentos
1–A 7– C
2–E 8– B
3–C 9– A
4–C 10 – C
5–A 11 – E
6–A 12 – D
Estudos de Caso
Caso 1
Devem ser abordadas, nesse caso, as seguintes infrações cometidas por
Epaminondas:
Caso 2
Deve ser comentado que o Código de Ética estabelece, como mecanismo de
solução de conflitos, a participação do Sindicato dos Corretores de Seguros
da respectiva base territorial, utilizando-se de mediação, conciliação ou
a arbitragem.
GABARITO 75
76 ÉTICA CONCORRENCIAL
Referência Bibliográfica
ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. 2. ed. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1985.
BORGERTH, Vânia Maria da Costa. SOX: entendendo a Lei Sarbanes-Oxley. São Paulo: Editora Thomson
Learning, 2006.
FUNENSEG. Diretoria de Ensino Técnico. Ética concorrencial. Assessoria técnica de Aluizio José Bastos
Barbosa Junior. 3. ed. Rio de Janeiro: Funenseg, 2014. 66 p.
FUNENSEG. Diretoria de Ensino Técnico. Ética concorrencial. Assessoria técnica de Keila Manangão.
2. ed. Rio de Janeiro: Funenseg, 2013. 66 p.
KORTE, Gustavo. Iniciação à ética. São Paulo: Editora Juarez de Oliveira, 1999. p.1-64-115.
NODARI, Paulo César. A ética aristotélica. In: Síntese Nova Fase. Belo Horizonte: UFMG, v. 24, n. 78,
1997, p. 383-410.
ZAJDSZNAJDER, Luciano. Ser ético no Brasil. 4. ed. Rio de Janeiro: Gryphus, 2001.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA 77