OS LIMITES DA
A FILOSOFIA E A SUA ESTETIZAÇ
ÇÃO EM
FRIEDRICH SCHLEGEL
Thiago das
as Chagas Santos
Mestrado – Universid
rsidade Federal de
São CCarlos (UFSCar)
dedallu
llu@yahoo.com.br
1 §. Num fragmento
nto de 1798, Schlegel expõe a seguinte idéia: “Para
“ a filosofia
141
crítica toda filosofia e po
poesia terão de ser combinadas” . Nest
este fragmento se
entrecruzam inúmeras ques
uestões que nos permitem, em certa medida,
a, compreender o
lugar filosófico que Friedr
edrich Schlegel ocupa na constelação chamad
ada de Idealismo
Alemão, ao mesmo tempo
po que nos aclara os motivos da crítica ao sseu pensamento,
assim como a negação de su
sua participação nesta mesma constelação. A ppergunta sobre o
porquê de filosofia e poes
esia, para a filosofia crítica, devam se comb
mbinar nos leva a
investigação sobre a constru
trução de seu pensamento filosófico bem como
mo as tentativas de
solução aos problemas do Id
Idealismo alemão.
A problemática em
m torno da questão da aproximação entre fil
filosofia e poesia
pode ser pensada, em Schle
hlegel, por duas vias: primeiro por conta de um imperativo de
formação, em que a idéia
ia de unidade surge como necessidade para
ra a conquista do
homem completo, sendo ne ultura142; segundo,
necessário a união de todas as formas da cult
por conta de um limite dda filosofia, o que levaria à uma aproxim
imação da poesia
procurando uma melhorr forma de expressão do absoluto. Para S
Schlegel, como
tentaremos mostrar aqui,, nã
não se trata de uma valorização da poesia em detrimento da
experiência filosófica, e nem mesmo o contrário, mas da busca por uma
ma harmonia, uma
unidade num mundo ondee a cultura se encontra estilhaçada143. Para Schle
hlegel o que já foi
avam separadas, já está acabado, é algo passado
feito enquanto ambas estava ado, deve-se agora
unificá-las144. É este sentido
tido que vem expresso no famoso fragmento 11
116 da Athenäum,
onde se define a poesia rom
romântica como poesia universal progressiva
va, sendo que seu
141
PhL, IV, 232, KA XVII, II, p. 214.
142
Como nota Claudio Cian iancio, o que resta de Schlegel não é tanto uma elaboraçação e antecipação de
um novo sistema filosófico, e sim a reflexão filosófica da condição de dilaceração doo homem moderno, e
a consequência disto para a filoso
osofia. Friedrich Schlegel, crisi della filosofia e rivelaz
lazione, p. 14.
143
Geschichte der europ opäischer Literatur. KA XI, p. 10. Apud. Ansgar ar Maria Hoff, Das
Poetische der Philosophie, Bonn onn, 2000, p. 20. “Eles estão inseparavelmente ligados, os, uma árvore, cujas
raízes é a filosofia e o mais belo
lo fruto é a poesia. Poesia sem filosofia é vazia e supererficial, filosofia sem
poesia permanece sem influência cia e é barbarismo.”
144
Idéias, 108. Dialeto dos
os Fragmentos, p. 158.
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Quer e ta
também deve ora mesclar, ora fundir poesia e prosa,, gegenialidade e crítica,
poesia-dda-arte e poesia-de-natureza, tornar viva e sociável a ppoesia, e poéticas a
vida e a sociedade [...] E no entanto, é também a que mais pode
po oscilar, livre de
todo inte
nteresse real e ideal, no meio entre o exposto e aquele
le qque expõe, nas asas
da reflex
lexão poética, sempre de novo potenciando e multiplic licando essa reflexão,
como um
uma série infinita de espelhos. [...] O gênero poético roromântico ainda está
em devir
vir; sua verdadeira essência é mesmo a de que só podee virv a ser, jamais ser
de mane
neira perfeita e acabada. [...] O gênero poético românti
ntico é o único que é
mais do que gênero e é, por assim dizer, a própria poesia sia: pois, num certo
o, toda poesia é ou deve ser romântica.145
sentido,
145
Athenäum, 116, Op. citcit., p. 64-65.
146
Comentando uma destas tas passagens, Rubens Rodrigues Torres aponta que só por conta disto “já
poderiam ser estudados pelo me menos, como se vê, na qualidade de lúcidos coment ntadores da filosofia
clássica alemã”, Novalis: o rom
omantismo estudioso, In. Novalis, Pólen,Fragmentos,, ddiálogos, monólogo,
p. 12. A passagem aludida porr R Rubens se encontra numa carta (2 de dezembro) dee Schlegel
S a Novalis,
onde se lê: “O principal mérito dde Kant e Fichte me parece o de que levam a filosofia
ia como que ao limiar
da religião e então a interrompepem”, KA, XXIV, p. 205. Apud. Marcio Suzuki, O gênio romântico,
Crítica e História da Filosofiaa eem Friedrich Schlegel, p. 152-153.
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fluência”147. E um
engrenar “para se formarr e vivificar reciprocamente em eterna conflu
pouco antes desta passagem
em, numa clara referência a Crítica da Razão Pura,
P afirma:
A filoso
sofia conseguiu, em alguns poucos e ousados passos, os, compreender a si
mesmaa e ao espírito do homem, em cujas profundezas descob obriu a fonte primeva
da fantas
tasia e o ideal de beleza, podendo assim distinguir clar
laramente a poesia, a
essência e existência não havia até então se dedicado.148
cujas ess 48
“(...) idea
dealismo! Este surgiu exatamente do mesmo modo, como co que do nada, e
agora se constitui um ponto fixo também no mundo do espíri írito, de onde a força
do homemem pode se expandir para todos os lados em desenvol volvimento crescente,
segura de nunca perder a si mesma ou ao caminho de volta.. A grande revolução
irá arreba
ebatar todas as artes e ciências. Vocês já a vêem atuand
ndo na física, onde o
idealismo
mo eclodiu na verdade mais cedo, por si mesmo, aind inda antes de ter sido
tocado ppela varina mágica da filosofia. E este grande, prodi odigioso evento pode
lhes serv
ervir, ao mesmo tempo, de indício sobre a secretaa ccoerência e íntima
unidadee de nossa época. O idealismo, que no aspecto prátic ático nada é senão o
espíritoo ddesta revolução – suas grandes máximas, que devemos os exercer e expandir
partindoo de sua própria força e liberdade – é no entanto, do po
ponto de vista teórico
– não importa
im quão grande possa se mostrar também aqui –,, apenas uma parte,
um ramoo, uma modalidade de manifestação do fenômeno dee to todos os fenômenos:
a humani eu centro152
anidade lutando, com todas as forças, para encontrar seu
A história da human
anidade mostra-se como uma constante lutaa ppara encontrar o
centro, um elemento unifi
ificador onde tudo pudesse se convergir, e ppara Schlegel o
Idealismo é este evento hi
histórico para onde a história converge para
ra um centro e o
147
Conversa sobre a poesi esia, p. 45.
148
Ibid., p. 45.
149
Em um de seus fragme mentos (de 1806) presente nos Anos de aprendizadoo ffilosófico, Schlegel
escreve: "A dissolução da consc sciência na poesia é necessário para um idealismo com omo a divindade dos
elementos. <Idealismo é em si po poesia>. PhL, KA XIX, 150, p. 172. Apud. Ansgar Maaria Hoff, op. cit., p.
21.
150
“O principio da crítica
ca deve ser se auto-críticar, para construir a si própria – <também a poesia
constitui a si mesma [...]” PhL,, IV
IV, 1182, KA XVIII, p. 294.
151
“Crítica – Poesia – Filo
ilosofia, evidência da sagrada tendência do alemão [...]..] Livro simbólico de
toda formação”, PhL, IV, 1159,, pp. 292.
152
Conversa sobre a poesi esia, p. 52.
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Somente
nte o filósofo crítico pode conhecer corretamente a si mmesmo no todo e por
partes.. Somente ele pode reunir em si mais esp espírito de ciência
[Wissenc
enchaftsgeist] que Fichte e mais sentido artístico [Kunst
nstsinn] que Goethe. -
Do filóso mavam do sábio154.
ósofo crítico se pode dizer tudo o que os estóicos afirma
A Poesia
esia e o Idealismo são os centros da arte e da formaçãção (Bildung) alemã,
todos o ssabem. Mas aquele que o sabe, freqüentemente nãoo consegue
c se lembrar
de quee o sabe. Toda verdade mais alta é completamente te trivial, e, por isso
mesmo, o, nada é mais necessário do que expressá-la sempree m mais uma vez, e, se
possível,
el, de maneira paradoxal, de modo que não nos esqu queçamos de que ela
li, e que nunca poderá ser completamente declarada.158
está ali,
Se vislumbra a parti
rtir destes textos que, para Schlegel, a unidade
de é um resultado
(formação), que só se efe
fetiva na “época da crítica”, por isso o filó
ilósofo crítico ser
chamado de sábio, poiss hhomem completo, o exemplo de homem formado. Neste
153
PhL, Beilage II, 20, KAA XVIII, p. 520.
154
PhL, II, 157, KA XIX,, p. p 84. Apud. Suzuki, op. cit., p. 189.
155
Cf. Über die Unverst rständlichkeit, KS II, p. 236:“Enquanto isso eu obser servava com íntima
satisfação os progressos da nossa ssa nação; e que poderia eu dizer desta nossa época?? E Esta época, na qual
temos também nós a honra e viv viver; época a qual, para dizer em uma palavra, merece ece o modesto porém
significativo nome de época críticítica, pois logo tudo deverá se criticado, com exceçãoo da
d própria época em
si. Tudo se tornará cada vez m mais crítico, e os artistas poderão nutrir a esperançança de que a própria
humanidade se eleve em massa e aprenda a ler.” Cabe lembrar aqui o fragmento 86 daa Lyceum onde se lê:
“O fim da crítica, se diz, é forma
rmar leitores ! - Quem quer ser formado, que se formee a si mesmo. Isso é
indelicado, mas não há como m mudar.” Dialeto dos fragmentos, p. 33. Não deixa de ser interessante a
importância que Schlegel dá à leitura
le como avanço trazido pela época crítica. Nestaa época
é teremos mais
leitores, leitores que sabem ler,, is
isto é, críticos.
156
Lyceum, 115 : “Toda a história da poesia moderna é um comentário contínuo nuo ao breve texto da
filosofia; toda arte deve se tornar
nar ciência e toda ciência, arte; poesia e filosofia devem
em ser unificadas. op.
cit., p. 38. Cf. Dennis Thouard ard, Friedrich Schlegel entre histoire de la poésie ie et critique de la
philosophie, In: Littérature, n.12
.120, 2000, p. 45-58, principalmente o trecho intitulado do L'alliance poésie-
philosophie.
157
Para Schlegel a Bildung ng é uma unidade e somente ela pode evitar uma desa esarmonia, o excesso.
PhL, Beilage, II, 13, KA XVIII, I, pp. 518.
158
Über die Unverständlic lichkeit, KS II, p. 237
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159
Über die Philosophie. ie. An Dorothea, p. 83. “Poesia e Filosofia são um todo indivisível,
eternamente vinculadas, ainda qu que rara vezes juntas, igual a Castor e Pólux. Entre am ambas se repartem o
supremo território de que há dee ggrande e sublime na humanidade. Mas no ponto centra tral se encontram [...]
aqui, e no mais íntimo e mais sa sagrado, o espírito está todo inteiro e poesia e filosofia
ofia são por completo
uma e mesma coisa e se acham uunidas.”
160
“As formas da filosofia
ia transcendental
t são paralelismo e centralização”, PhL,
L, II, 294, KA XVIII,
p. 47.
161
PhL, II, 391. KA XVIIIIII, p. 58. Ou como ele formula em seu curso de Filoso sofia Transcendental:
m ffilósofo e de sua vida. Transzendentalphilosophie,, KA
produto de uma filosofia, de um K XII, p. 78.
162
Para Körner, segundo Ciancio,
C é esta a novidade filosófica que ele (Schlege
gel) tentou realizar, a
saber, uma filosofia inseparável
el da vida e da existência do filósofo e se configurandondo, sobretudo, como
sistema aberto. Claudio Ciancio,
o, op.cit., p. 10.
163
PhL, II, 391. KA XVIII,II, p. 58.
164
PhL, IV, 650, KA XVIII III, p. 248.
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Para diz
dizer alguma coisa determinada de forma que a m manifestação desta
determin
inação se dissolva em indeterminação; para dizer algo
go como se não fosse
dizer ab
absolutamente nada é algo que só o poeta pode fazer zer. Aqui, também, a
165
PhL, V, 138, KA XVIII, III, p. 334.
166
FPL, 1027, KA XVI, p. 170. Apud. Ansgar Maria Hoffe, op. cit., p. 20,
167
PhL, II, 352, KA XVIII, II, p. 54.
168
PhL, V, 712, KA XVIII, III, p. 380.
169
Idéias, 48, op.cit., p. 150
50.
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filosofia
fia encontra o seu complemento, de fato, a sua concluslusão, na poesia. Em
nenhum m lugar Schlegel determinou a função da arte mais is claramente do que
numa liç
lição privada de 1807: "Deve ser levado a pensar, qu que a necessidade de
poesiaa bbaseia-se na obrigação de apresentar o infinito, quee emerge a partir da
feição da filosofia".170
imperfei
A filoso
sofia 'estanca e tem de estancar' diante da vida, 'po
'pois a vida consiste
exatame
mente nisto, que não pode ser compreendida'. A vvida não pode ser
alcançad
ada por nenhum conceito. Diante desse 'inefável', a fi
filosofia deve deixar
de serr um
uma pálida visão esquemática, um produto artificial,
l, para
p se tornar saber
o, uuma obra de arte.173
efetivo,
170
Manfred Frank, The philosophical
ph foundations of early german romanticis icism, p. 218-219.
171
Transzendentalphiloso osophie, KA XII, p. 04; 11.
172
PhL, II, 601, KA XVII III, p. 79. “ Em uma crítica da filosofia, a filosofia dev
deve necessariamente
ser considerada arte.”
173
Suzuki, op. cit., p. 96.
174
Idéias, 150, op.cit., p.. 164.
1
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conhecimento é simbólico175
1
, pois do mais elevado, por ser inexprimí
imível, só se pode
falar alegoricamente176. Ne
Nestes termos que Victor-Pierre Stirnimann no
nota que,
Se o absoluto
abs não pode ser representado em si mesmo, o pont
onto de enlace entre o
absoluto
uto e o finito é o quase-representável, podendo-se evocá
cá-lo à medida que se
apresent
ente como parcial e provisório, mero indicadorr dde uma presença,
nuamente em processo de montagem e desmontagem177.
continua
O infinito é tarefa
fa comum da arte e da filosofia, mas os meio
eio utilizados são
finitos, e ele é a essência ddo belo e da verdade, arte e filosofia se encon
contram aqui, pois
fins positivos para o artistas178, e isto també
verdade e beleza são os fi bém se aplica ao
filósofo, pois o filósofo tam
ambém deve ser um artista; se o absoluto é ind
ndemonstrável em
si mesmo179, deve-se buscar
car uma outra forma de expressão e a beleza tor
torna-se meio pois
um impressão total, o belo, na medida que é, um absoluto180.
a experiência do belo é uma
Portanto, a filosofia está co
completa na arte, pois na beleza somos confron
rontados com uma
estrutura cujo significado nnão pode ser esgotado por nenhum pensamen
ento, desta forma,
a experiência da beleza, um
uma riqueza inesgotável, torna-se símbolo, se
segundo Manfred
Frank181, daquilo que na ref
reflexão é a irrecuperável fundação da unidade
de, aquilo que nos
escapa, é assim, pelo vié
viés da arte, que Schlegel pode defender uuma experiência
alegórica do infinito, que se define como uma experiência alegórica daa vverdade.
O alegó
górico é procedimento artístico, que extingue o finita itamente apresentado
como aqaquilo que não se entende, dirigindo nossa visão ppara o que não foi
aproveita
eitada por esta singular síntese. Alegoria (como pars pe
per toto para todas as
formass dde expressão artística) é, portanto, uma manifestação
ão necessária da não
apresent
entabilidade do infinito. Isso só pode acontecer poetic
eticamente. Poesia é,
nomeada
adamente, a expressão coletiva para aquilo quee é inexprimível, a
apresent
entação do não apresentado: o que, como tal, não podee ser apresentado em
uer conceito especulativo182.
qualquer
175
Transzendentalphiloso
osophie, KA XII, p. 93.
176
Conversa sobre a poes esia, p. 58.
177
Prefácio, Conversa sob
obre a poesia e outros fragmentos, p. 17.
178
PhL, V, 685, KA XVIIIIII, p. 377.
179
PhL, Beilage, 71, KA XVIII,
X p. 512.
180
PhL, II, 92, KA XVIII,
II, p. 26.
181
Manfred Frank, op.cit.,
it., p. 178.
182
Idem, p. 208.
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A alegaç
ação (contra Schelling e Fichte) de que toda posição para
pa além dos limites
nhecível é transcendente, contradiz ela mesma e traz toda
do conhe oda filosofia para um
fim. [...]
...] Não se pode determinar a fronteira se não estiver er dentro e do outro
lado. PorP isso, é impossível determinar os limites do con conhecimento se não
podemosos, de alguma forma, (embora não reconhecendo) ir alémal desses mesmos
limites187
18
.
Na base
se da filosofia deve repousar não só uma prova alternant
ante, mas também um
conceito
ito alternante. Pode-se a cada conceito e a cada prova pe
perguntar novamente
por um cconceito e sua prova. Daí a filosofia ter de começar,, co
como a poesia épica,
pelo me
meio, e é impossível recitá-la e contar parte por par arte de modo que a
primeira
ira parte fique completamente fundamentada e clara par ara si. Ela é um todo,
e o cami
minho para conhecê-la não é, portanto, uma linha reta, ta, mas um círculo. O
todo da
da ciência fundamental deve ser derivado de duas idéias, id proposições,
itos [...], sem recurso a outra matéria189.
conceito
187
PhL, Beilage II, 23, KAA XVIII, p. 521.
188
Transzendentalphilosoosophie, p. 05.
189
Philosophische Vorless
lessungen, Bd. II, p. 407.
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Nossa fi
filosofia não começa como os outros com um primeiro iro princípio - quando
a primei
eira proposição é como o centro ou o primeiro anel dee um
u cometa - o resto
com umma longa cauda de neblina [...] a nosso centro reside no meio. A partir de
um impprovável e modesto começo [...] a nossa filosofia vvai desenvolver em
constant
nte progressão e tornar-se um reforço que vai até ao pon
onto mais elevado do
conhecim
cimento humano e mostra a amplitude e os lim limites de todos os
cimentos197.
conhecim
190
Manfred Frank, op.cit.,
it., p. 180.
191
Idem, p. 36.
192
PhL, V, 1168, KA XVII
VIII, p. 418.
193
PhL, V, 1200, KA XVII
VIII, p. 420.
194
“Em meu sistema o primeiro
pr princípio é realmente um Wechselerweis (pro
prova alternada). Em
Fichte um postulado e uma propo
posição incondicionada. PhL, Beilage II, 22, KA XVIII
III, p. 521.
195
PhL, I, 36, KA XVIII,
I, p.
p 07.
196
“Toda pesquisa para o primeiro princípio é absurdo - é uma idéia regulador
dora.” Novalis, NS II,
472, p. 254, apud. Manfred Frank
ank, op.cit., p. 33.
197
lessungen, Bd. II, p. 08-09.
Philosophische Vorless
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Isto seri
eria quase uma definição de filosofia. Mas só pode demos fazer isto se
começar
çarmos a filosofar, não se seguirmos um guia (...) ...) a filosofia é um
cimento do conhecimento, por isso sempre deverá have
conhecim ver um conhecimento
conjunto
nto. A filosofia é um experimento e todos aqueles que ue quiserem filosofar
devem,, pportanto, sempre começar do início (Na filosofia não
ão é como nas demais
ciências,
as, em que se continua do lugar onde outros pararam am. A filosofia é um
conjunto eve começar)203.
nto acabado em si, e todo aquele que quiser filosofar dev
A consciência da relatividade,
re de sermos finitos e aspirarmoss o infinito, toma
forma na ironia romântic
tica, que se refere ao infinito alegoricame
mente, expondo-o
provisoriamente e de modo
do incompleto, e isto também no fragmento, co
como parte, como
pedaço arrancado que entra
tra em comunicação com todas as outras formas
as, pois
Um frag
ragmento tem de ser como uma pequena obra de arte,, totalmente
t separado
do mund
undo circundante e perfeito e acabado em si mesmo
mo como um porco-
espinho204.
198
PhL, Beilage II, 16, KAA XVIII, p. 518.
199
Athenäum, 43, op. cit.,
t., p. 53.
200
Idem, 84, p. 60.
201
Transzendentalphilosoosophie, KA XII, p. 95.
202
Para Manfred Frank (p. (p 177) é isto que o diferencia daquela constelação ão que comumente é
chamada de filosofia idealista,, ppois de certa forma o idealista detém algum princípio
io absoluto, quer seja
no início ou no fim do sistema,, e que pode ser cientificamente acessível.
203
Transzendentalphiloslosophie, KA, XII, p. 03.
204
Athenäum, 206, op.cit.,
it., p. 82.
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Exprimi
mi algumas idéias que indicam o centro, saudei a auro
urora segundo minha
visão, a partir de meu ponto de vista. Quem conhece o cam
minho faça o mesmo
do sua visão, a partir de seu ponto de vista205.
segundo
205
Athenäum, 155, op.cit.,
it., p. 164.
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