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A IDADE DA RAZÃO E O ILUMINISMO (SÉCULOS XVII E XVIII)

O DESENVOLVIMENTO DAS CIÊNCIAS


A Astronomia
 Continuando os trabalhos de Copérnico, Kepler (1571-1630) verificou serem
elípticas as órbitas descritas pelos planetas e enunciou, no início do século XVII, as
leis que regem os movimentos desses astros, ao segui-las, denunciando a existência
de uma força de atração exercida sobre eles pelo Sol.
 Outro grande nome da Astronomia, tanto do século XVI, quanto do século XVII, foi
Galileu Galilei (1564-1642), astrônomo, físico, matemático, filósofo e conceituado
professor. Suas imensas realizações e, sobretudo, sua contribuição para a
metodologia científica lhe valeram o título de “pai da ciência moderna”.
 Em sua obra “O Mensageiro Sideral”, divulgou, além de estudos próprios (sobre o
relevo da Lua, os satélites de Júpiter, os anéis de Saturno, etc), as teorias de
Copérnico, que conseguira comprovar.
OBS: Isso lhe valeu os primeiros problemas com a Igreja, com cujas doutrinas se
chocava a teoria heliocêntrica. Mais tarde, tendo defendido o sistema coperniciano em
“Os Dois Principais Sistemas do Universo”, foi condenado pela Inquisição e por pouco
não foi queimado como herege.
 Completando os trabalhos de Kepler e Galileu, Isaac Newton (1642-1727)
explicou o movimento pela chamada “lei da gravitação universal” e, nela baseado,
demonstrou que todo o universo é regido pelas mesmas leis físicas, passíveis de
expressão matemática. Essas descobertas serviram de base para toda a Ciência
posterior.
 Outros astrônomos importantes: Pierre Laplace (1749-1827), que mediu a
gravidade no sistema solar e criou a teoria cosmogônica que tem seu nome, e Halley
(1656-1742), com importantes estudos sobre os cometas.
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A Física.
 Galileu, enquanto se ocupava com a Astronomia, fez importantes descobertas no
campo da Física, como a lei da queda dos corpos e as leis do pêndulo; estudou,
ainda questões relacionadas com os estados físicos da matéria, Cinemática (ramo
da mecânica que estuda o movimento de corpos ou partículas, sem referência a
massas ou a forças) e Ótica;
 Newton, por sua vez, estudara, entre outros problemas, o da natureza da luz e da
cor;
 Christian Huygens criou a “teoria ondulatória” da propagação da luz, que, mais
tarde, daria origem à célebre questão com os partidários da “teoria corpuscular”
(Corpúsculo - corpo de pequenas dimensões);
 Du Fay distinguiu-se por seus estudos de Eletricidade, e Alexandre Volt construiu a
primeira pilha elétrica.

A Química
 Durante o século XVII, Robert Boyle chegou aos rudimentos da teoria atômica da
composição da matéria. No século XVIII, foram importantes: A. Lavoisier (1743-
1794), criador da Química Quantitativa e autor de estudos sobre oxidação e
combustão, e J. Priestley (1733-1804), que isolou o oxigênio.

A Matemática
 Os maiores nomes da Matemática foram, sem dúvida, Descartes (1596-1650),
criador da Geometria Analítica; Leibniz (1646-1716) e Newton, criadores do
Cálculo Diferencial e Integral; D'Alembert (1717-1783) e Euler (1707-1783).

As Ciências Biológicas e a Medicina


 Também as ciências da vida tiveram grande incremento. William Harvey (1578-
1657) desenvolveu estudos de Anatomia e Fisiologia, demonstrando o papel das
artérias e das veias;
 Anton van Leeuwenhoek (1632-1723) estudou microrganismos, como protozoários
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e bactérias; Jacob Camerarius (1665-1721) demonstrou a sexualidade das plantas;


 Lineu (1707-1778) reorganizou e ampliou a sistemática zoológica e botânica, e
Buffon (1707-1788) relatou suas experiências na famosa “História Natural”, que
publicou a partir de 1749.
 Na Medicina, muito se desenvolveram as práticas hospitalares e os processos de
observação clínica.
 A grande novidade foi, no entanto, a vacina contra a varíola, resultado dos
trabalhos de Edward Jenner, em 1796.

A Pesquisa Científica
 Os progressos da Matemática e o desenvolvimento do instrumental muito
concorreram para o aperfeiçoamento dos processos de pesquisa nas Ciências da
Natureza.
 Devem-se considerar, ainda, os estudos teóricos a respeito dessas ciências, os mais
importantes dos quais foram os de Galileu e Francis Bacon (opõe ao “Organon”
de Aristóteles o seu “Novum Organon”, no qual faz a defesa do método indutivo e
dos cuidados a serem observados no trabalho científico).
 Também Descartes no “Discurso sobre o Método”, discute a natureza do
pensamento e do método científico e afirma a Matemática como base da atividade
científica.
 Cumpre ressaltar, finalmente, o importante papel desempenhado pelas
academias e sociedades científicas surgidas na época.

A Filosofia.
 O valor da razão, como faculdade capaz de conduzir o homem à verdade e ao bem, o
gosto pela crítica, e a independência frente às doutrinas religiosas, na explicação dos
fenômenos naturais e humanos são alguns dos elementos básicos do pensamento
moderno, em todos os seus campos.
 Tais elementos já se delineavam nos tempos finais da Idade Média, vindo a melhor
definir-se e a combinar-se durante o período renascentista, quando presidiram às
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transformações havidas na área intelectual.


 Nos séculos XVII e XVIII, pelo contrário, eles foram os propulsores das grandes
realizações de duas correntes filosóficas simultaneamente atuantes: o racionalismo
e o empirismo.
OBS: A preocupação central de ambas eram os problemas ligados à capacidade
humana de conhecer as coisas. A maneira de abordá-los divergia, contudo.
 A primeira encarava o conhecimento, enfatizando o papel da “razão”, que seria
dotada de certas idéias básicas, inatas, com as quais manipularia as impressões
exercidas pelas coisas sobre os sentidos do homem. Surgida com Descartes, teve,
entre seus maiores adeptos, Malebranche (francês), Spinoza (holandês) e Leibniz
(alemão), e foi um fenômeno típico da Europa continental.
 A segunda, não aceitando a existência de idéias inatas, atribuía especial significado
aos “sentidos”, que, impressionados pelas coisas, seriam a verdadeira fonte do
conhecimento. Muito influenciado pelo progresso das Ciências da Natureza e pelo
método experimental (empirista) nelas usado, essa corrente desenvolveu-se,
principalmente, na Inglaterra, contando, sobretudo, com Francis Bacon, Thomas
Hobbes, John Locke e David Hume.
 Uma solução global e, pode-se dizer, completa, em termos modernos, para os
intrincados problemas constituídos pela natureza, possibilidades e limites do
conhecimento humano, só apareceria, entretanto, em fins do século XVIII.
 Tão importante feito deveu-se ao alemão Immanuel Kant (1724-1804) que, para
construir seu sistema filosófico (o “criticismo” – doutrina que refuta ao mesmo
tempo o dogmatismo e o ceticismo absoluto, e considera a teoria do conhecimento
como o fundamento de toda a investigação filosófica), valeu-se dos resultados
parciais obtidos pelo racionalismo e pelo empirismo, bem como das idéias
científicas de Newton, além de sua própria genialidade.
 Também nas artes observa-se o surgimento de novos estilos: o barroco, o rococó e
o neoclassicismo. A tudo isso, presidem o racionalismo naturista e o espírito
partidário da ordem, da correção e da objetividade, que caracterizam o burguês
revolucionário e sua ideologia, o iluminismo.
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OBS: Convém lembrar, afinal, que, no correr do século XVIII, surgira o iluminismo,
síntese de posições racionalistas e empiristas, não constituindo, porém, um movimento
propriamente filosófico.

O ILUMINISMO
 Termo que expressa um conceito de extrema complexidade utilizado para, de modo
geral, indicar um movimento de idéias desenvolvido essencialmente no século
XVIII.
OBS: Outros termos têm sido empregados para definir ou caracterizar o lluminismo,
dependendo do ambiente cultural em que o fenômeno venha a ser considerado. Assim
o alemão aufklärung (“esclarecimento”, “descobrimento”, “reconhecimento”), o
espanhol ilustracion (“ilustração”) ou o inglês enlightenment (“esclarecimento”,
“elucidação”) assumiram sentidos diversos, ainda que convergentes para um
denominador comum.
 No entanto, parece não haver dúvida de que, no próprio pensamento do século
XVIII, exista uma idéia básica capaz de definir o Iluminismo, ou seja, a concepção
de que o homem caminhava, cada vez mais, para “sair de sua menoridade pela qual
ele é o responsável”.
 Tal movimento intelectual pretendia esclarecer o homem do século XVIII,
pregando-lhe o culto da Razão e da Ciência, e levando-o a adotar os princípios de
liberdade política e econômica.
 Esse movimento, tido normalmente como manifestação ideológica dos burgueses em
busca do poder, foi inegavelmente importante para o progresso da Matemática e
das Ciências da Natureza, para o surgimento das Ciências Sociais e para a
implantação do liberalismo econômico e político.
 Uma outra questão que envolve o Iluminismo é a identificação de seus
realizadores e a classe ou as classes sociais a que pertenciam, ou melhor, quais as
bases sociais em que se apoiavam.
 A polêmica em torno disso divide autores e opiniões, uns querendo defender a
exclusividade de sua elaboração como obra de uma elite cultural burguesa, a um
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mesmo tempo sua produtora e consumidora.


 Para outros, sem perder de vista a raiz burguesa, é possível identificar nesse
movimento alguns elementos próprios à outros segmentos sociais.
OBS: Seja como for, e quaisquer que sejam as tendências dessa ou daquela
configuração do movimento iluminista, alguns traços genéricos podem ser nele
detectados. Tal é o caso do sempre citado primado da razão, em torno do qual se
desenvolve o tema do progresso, a que se acrescentam o da civilização e o da cultura.
 Para um iluminista, o homem deve ser a preocupação constante. A expressão desse
antropocentrismo representa nova tomada de posição da sociedade com relação
àqueles que a compõem e, nesse contexto, uma idéia estará sempre presente: a do
progresso. Este é um dos objetivos permanentes do Iluminismo.
 Outra de suas vertentes diz respeito à educação, instrumento indispensável para o
triunfo da razão. Para os iluministas, o melhor caminho para a difusão do seu ideário
é o da educação, pois somente através dela será possível afastar a ignorância e a
superstição.
 Do ponto de vista político, o Iluminismo parece ter inspirado algumas reformas em
países governados pelos chamados déspotas esclarecidos.
OBS: Ressalte-se, entretanto, que muitas das modificações levadas a efeito por esses
governantes como sendo de inspiração iluminista coincidiam com suas próprias
convicções.
 Um outro ângulo importante do movimento das “luzes” manifesta-se no seu
pragmatismo, isto é, na convicção de que suas idéias valeriam na medida em que
delas decorressem ações e providências capazes de alterar a situação vigente.
 Do ideário iluminista fazem parte o combate à doença, à escravidão e à fome, o
anticlericalismo e o anticolonialismo.
 Essas idéias eram divulgadas, normalmente, através de peças teatrais, poemas,
romances, ensaios e panfletos. O Iluminismo, por outro lado, está intimamente
vinculado ao enciclopedismo.
 Por iniciativa de Diderot, foi publicada na França em 1751, a “Enciclopédia”,
enorme dicionário (22 volumes de texto e 13 de ilustrações), no qual, com a
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colaboração de iluministas de diversas partes da Europa, fazia-se uma síntese de


todo o conhecimento filosófico, científico, técnico e artístico da época.
 No entanto, a publicação do primeiro volume provocou enorme impacto na
França, trazendo problemas com a Universidade de Paris e com os jesuítas, que
tinham um privilégio real, anterior ao de Diderot, para publicarem obra semelhante.
OBS: Proibido pelo Rei e condenado pelo Papa, o trabalho foi reabilitado, graças aos
bons ofícios de Madame Pompadour, chegando sua publicação ao final em 1764.
 Na verdade, a idéia de se produzir uma obra com a soma do saber humano datava de
muitos anos atrás. Foram os renascentistas que proporcionaram ao enciclopedismo
contornos modernos, fruto das novas aquisições culturais surgidas com os
descobrimentos marítimos.
 A “Enciclopédia” do século XVIII representa, porém, uma nova dimensão do
enciclopedismo, vindo a ser mais do que simples acumulação impressa do saber. Essa
obra significou um balanço contemporâneo das questões culturais, verdadeiro up to
date do conhecimento humano.
 O próprio título a caracterizava: “Dictionnaire Raisonné dês Sciences, dês Art set
dês Métiers”, ou seja, Dicionário Crítico das Ciências, das Artes e das Profissões.
Síntese do saber, ela representava, antes de tudo, um conjunto de informações
corretas e rigorosas, sem mentiras ou acomodações e sem qualquer vínculo com a
tradição. Tratava-se de verdadeiro recenseamento cultural.
 Apesar de iniciada com uma apresentação do grande matemático D'Alembert e
executada com a colaboração dos grandes nomes da época, a “Enciclopédia”
deixava a desejar quanto ao conteúdo, uma vez que, temendo as perseguições,
muitos dos enciclopedistas se negaram a escrever sobre suas respectivas
especialidades (Montesquieu, por exemplo, escreveu sobre “o gosto”, enquanto que
Rousseau dissertava sobre a Música).
 Materializava, no entanto, a crença na necessidade de difusão da cultura como
meio de se alcançar o progresso individual e social. Seu grande papel foi o de
colocar, ao alcance da população (milhares de pessoas pagaram previamente pela
aquisição da obra), o espírito antitradicionalista e a mentalidade racionalista-liberal
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que caracterizavam o iluminismo.


 Cumpre observar que, mesmo sendo combatidas e contando com meios de
divulgação bastante limitados, as idéias iluministas ultrapassaram os limites da
Europa e ganharam os territórios coloniais americanos, onde vieram a estimular os
movimentos de independência.
 Finalmente, parece não haver dúvida de que as idéias iluministas tenham
influenciado muitas das posições assumidas pelos revolucionários franceses de
1789. Não obstante, ainda que estimulados pelo clima do Iluminismo, os
procedimentos revolucionários estavam longe de corresponder aos ideais dos
iluministas.
 Estes, ao desejar e aprovar transformações sociais, esperavam que as mudanças
fossem realizadas sem violência. De qualquer modo, construindo uma “ordem da
natureza” segundo princípios novos, o Iluminismo procurou remover os equívocos
do pensamento humano.
OBS: O radicalismo imposto pelos revolucionários choca-se com as idéias do
Iluminismo. Este, ao reivindicar a eliminação dos dogmas, da religiosidade cega e
alienadora, dos privilégios, NÃO QUER DESTRUIR A SOCIEDADE e SIM
REGENERÁ-LA.
 Originárias da Inglaterra e da Holanda, as “luzes” fizeram o seu centro de produção
e irradiação na França, especialmente em Paris, e dali para o mundo.
 Exaltando uma moral inspirada na felicidade humana, os “filósofos” recomendavam
a organização da sociedade em função do bem-estar de cada um. Voltaire (1694-
1778) não hesita em afirmar: “o paraíso terrestre está onde eu estou”.
 Assim, a utilidade social predomina. Governar é atender a um certo número de
direitos naturais do homem: liberdade, tolerância, igualdade perante a lei.

OBS: Nesse contexto, os intelectuais desempenharam papel de capital importância,


pois eles foram os agentes da difusão do ideário iluminista. Às vésperas da Revolução
Francesa, o homem do século XVIII, individualista e burguês, concilia a razão com o
desejo de ser útil e progressista.
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 Reduzindo a termos esquemáticos o panorama geral da vida na Europa do século


XVIII, excetuada a Inglaterra, teríamos:
na Política - monarquia absoluta e despótica;
na Economia - extrema regulamentação estatal (mercantilismo), entravando as
atividades;
na Vida Social - nobreza e clero, com grandes privilégios, burguesia e plebe, com
obrigações maiores que os direitos;
na Religião - intolerância de umas religiões frente às outras e obrigatoriedade de
adesão à religião oficial.
 Também é possível esquematizar os elementos essenciais do pensamento iluminista
em diferentes áreas:
na Política – “governo democrático, soberania popular e domínio da maioria”
(Rousseau); “separação harmônica dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário”
(Montesquieu); “liberdade, igualdade, propriedade e resistência à opressão, como
direitos fundamentais do homem” (Voltaire);
na Economia – “não interferência do Estado na atividade econômica” (François
Quesnay); “abolição das corporações de ofício e liberdade de trabalho” (Gournay);
na Vida Social – “abolição dos privilégios de classe e igualdade jurídica dos cidadãos”
(Rousseau);
na Religião – “liberdade de consciência”; “oposição às religiões organizadas”;
“crença, num Deus necessário e criador, mas que não interfere na vida do mundo
(deísmo)”.

O DESPOTISMO ESCLARECIDO
 Termo despotismo é empregado, freqüentemente, para designar um tipo de governo
que mantém com os governados a mesma relação que o senhor (em grego,
despotés) tem com os seus escravos.
 Na linguagem moderna, o termo é usado para identificar qualquer governo
absolutista, sendo muitas vezes chamado também ditadura, tirania e outros termos
parecidos.
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OBS: A exemplo de um grande número de conceitos políticos, o de despotismo surge na


obra de Aristóteles (384-322 a.C.), na qual o filósofo grego distingue as várias
modalidades de monarquia.
 Quanto à expressão “Despotismo Esclarecido”, ela é empregada para designar
governos que, no século XVIII, procuraram conciliar o regime absolutista com
idéias e providências governamentais “iluminadas”, isto é, nascidas da luz e da
razão.
 Influenciados pelos pensadores e filósofos ligados ao movimento iluminista,
alguns governantes levaram a efeito em seus países uma série de reformas no plano
social, político, econômico e religioso.
 O termo, entretanto, só passou a ser usado cerca de cinqüenta anos depois da
extinção do regime e, ao que parece, foi pela primeira vez mencionado no século
XIX por historiadores alemães, estendendo-se à França, à Itália e à Espanha.
OBS: A doutrina do despotismo esclarecido não foi aplicada da mesma maneira nos
reinos e principados que a adotaram.
 Em parte sinceramente tocados pelas novas idéias, mas, principalmente, tentando
impedir que o descontentamento dos setores conscientes da população se
generalizasse em desordens e revoluções, vários governantes europeus do século
XVIII se dispuseram a fazer reformas sociais e econômicas.
 No conjunto, porém, ela caracteriza-se pelas mesmas tendências; a notar,
prioritariamente, que esses governantes foram sempre muito ciosos de sua
autoridade. Suas reformas, politicamente, refletiram nítida feição
centralizadora, jamais abrindo mão das próprias iniciativas.
 No plano social, os déspotas esclarecidos proclamaram-se adversários dos
privilégios, sendo conveniente assinalar que vários deles lutaram contra a nobreza
ou o clero, ao mesmo tempo que procuravam adotar medidas mais liberais.
 OBS: No entanto, quando um desses governantes se proclamava adversário dos
privilégios, freqüentemente esqueciam os seus próprios.
 Entretanto, não raro, o rigor com que puseram em prática essas medidas acabou por
ampliar sua própria autoridade. Ao realizar reformas, esses soberanos tinham como
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objetivo primordial menos beneficiar os seus súditos do que reforçar o Estado e,


com isso, o seu próprio poder.
 Sem negar o gosto pela especulação intelectual, a maioria dos déspotas mantinha
constante intercâmbio com os iluministas, é também certo que tiveram sempre uma
parcela de cautela com relação aos filósofos, muito embora alguns destes fossem
amiúde seus hóspedes.
 No plano econômico, eles foram adeptos declarados das doutrinas fisiocratas,
colocando em primeiro lugar a agricultura e a indústria.
 O despotismo esclarecido foi também exercido por ministros; o marquês de
Pombal, em Portugal, é um bom exemplo. Não obstante, os protótipos de
déspotas esclarecidos foram José I, da Áustria, Frederico II, da Prússia, e a czarina
russa Catarina.
OBS: O despotismo esclarecido foi obra de soberanos e dignitários e somente
floresceu enquanto eles viveram.
 Representou uma experiência política importante, no sentido de renovar a
monarquia absoluta. De curta duração, foi desenvolvido em países
reconhecidamente atrasados com relação aos principais Estados europeus.
 Como expoentes desse movimento reformador podemos citar:
Frederico II, da Prússia - admirador do progresso francês e amigo de Voltaire. Fez
desenvolver os vários aspectos da economia, ampliou a instrução e aboliu a tortura
nos interrogatórios;
José I, da Áustria - que, quando se viu só no trono, após a morte de Maria Teresa,
reduziu o poder da Igreja, diminuindo-lhe as terras, aboliu a servidão e extinguiu os
direitos feudais;
Catarina II, da Rússia - conhecedora das obras dos iluministas e pessoalmente
relacionada com alguns deles. Continuou a obra de modernização, iniciada por Pedro,
o Grande. Criou muitas escolas e uma rede de hospitais e protegeu os camponeses;
Carlos III, da Espanha - conhecido pelos esforços desenvolvidos para modernizar seu
reino, que não havia acompanhado o progresso econômico e cultural europeu.
Contando com ministros competentes, como Aranda e Floridablanca, cuidou de
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estimular as manufaturas, baixou leis protetoras do trabalho, reformou e ampliou o


ensino;
Marquês de Pombal - Ministro de D. José I, de Portugal, e verdadeiro soberano. Para
modernizar o país, expulsou os jesuítas, responsáveis pelo ensino, e fez ensinarem-se
as modernas teorias científicas. Tentou impulsionar as manufaturas e o comércio,
criando incentivos para a burguesia nacional decadente.

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