Biografia sociológica, conforme propõe o autor: “[...] ponto de equilíbrio entre a biografia
centrada exclusivamente nos fatos e atos da vida do biografado ( a qual, assim fosse, seria
destituída de qualquer valor sociológica) e a biografia fundada tão somente no contexto
histórico ( a qual, nesse caso, seria o reconhecimento tácito de que o elemento individual
não tem qualquer importância na história). A ideia de fusão dos elementos individual e
coletivo” p. 36. Importante.
Citação interessante: “As duas histórias devem entrar em cena, a individual e a coletiva?
Nesse caso teríamos uma dialética entre o indivíduo e a época, em que o indivíduo
estruturado pode ser por sua vez estruturante.” P. 36
Outra citação, na página seguinte: “[...] o biógrafo saiba e possa o mais possível recriar a
vida que se extinguiu e restaurar o tempo que passou. Só assim o trabalho biográfico
deixará de ter o ranço de fastidiosos relatórios e logrará apresentar em perfeito
sincronismo o indivíduo e seu mundo histórico, este em todos os seus aspectos relevantes
e aquele no seu cunho mais autêntico.” P. 43
O autor, ao citar Freud, inicia uma discussão, após a relação entre indivíduo e estrutura,
sobre a relação entre biógrafo e biografado.
“Ninguém, a rigor, torna-se biógrafo do desafeto ou de pessoa por quem não tenha um
mínimo de admiração. O afeto pelo personagem talvez seja o combustível que move o
biógrafo.” P.45
“o afeto só se efetiva como tal, na sua forma mais elevada de relação entre duas pessoas,
quando está associado a outro fator: o respeito. E é justamente a combinação dos dois
sentimentos, afeto e respeito, que serve de escudo às armadilhas naturais da idealização,
impedindo, assim que o biógrafo seja levado a escrever uma obra apologética ou, mesmo,
uma hagiografia – e não, como deve ser, a história de vida de um indivíduo. Um indivíduo
sujeito aos mil acidentes da carne e do espírito. ” p. 45 Interessante para o projeto.
Frase de Hannah Arendt sobre biografia de Rosa Luxemburgo, escrita por outro
autor: “A história não é aí tratada como inevitável pano de fundo do tempo de vida de
uma pessoa famosa: é antes como se a luz incolor do tempo histórico fosse atravessada e
refratada pelo prisma de um grande caráter, de modo que do espectro resultante obtém-se
uma unidade completa da vida e do mundo. ” P. 45-46.