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Contratos Públicos
__________________________________
APONTAMENTOS
4º Ano da Licenciatura em Direito
2017/2018
Porto - 2018
Conteúdo
1. Nota ....................................................................................................................................... 3
2. Noções Introdutórias ............................................................................................................. 4
2.1. Noção de Contrato administrativo........................................................................................ 4
2.2. Noção de Contrato Público .................................................................................................. 4
2.3. Contrato Administrativo ≠ Contrato Público ....................................................................... 4
3. Incidência subjetiva da Parte II do CCP .................................................................................. 5
4. Incidência Objetiva da Parte II do CCP ................................................................................ 12
4.1. Delimitação dos contratos sujeitos à Parte II do CCP em função das EA’s ........................ 13
4.2. Contratos Excluídos e Contratação Excluída...................................................................... 13
5. Objetivos e Princípios da Contratação Pública ..................................................................... 15
6. Sujeitos do Procedimento Administrativo de Adjudicação .................................................... 21
7. Preparação do Procedimento ................................................................................................ 23
8. Tipos de Procedimentos ....................................................................................................... 26
9. Regras de escolha do procedimento ...................................................................................... 27
9.1 Em função do Valor ........................................................................................................... 28
9.2. Em função de critérios materiais ......................................................................................... 28
9.3. Em função do tipo de contrato ........................................................................................... 30
9.4. Em função da EA ............................................................................................................... 31
9.5. Violação das regras legais de escolha de procedimento ........................................................ 31
10. Faseamento dos vários procedimentos ................................................................................. 32
11. Peças do Procedimento ........................................................................................................ 36
12. Tramitação do Procedimento ............................................................................................... 39
13. Requisitos gerais e requisitos especiais de participação .......................................................... 40
14. Candidaturas e Qualificação dos Candidatos......................................................................... 42
15. A Proposta ........................................................................................................................... 43
16. Adjudicação ......................................................................................................................... 46
17. Fase posterior à Adjudicação ............................................................................................... 46
18. Celebração do Contrato....................................................................................................... 46
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Contratos Públicos – Prof. Doutor P. Amorim
Ano Letivo 17/18
1. Nota
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Contratos Públicos – Prof. Doutor P. Amorim
Ano Letivo 17/18
Contratos Públicos
2. Noções Introdutórias
É uma modalidade de atuação administrativa que visa a criação, modificação ou extinção de relações
jurídico-administrativas entre contraentes públicos (elemento subjetivo) ou entre um contraente público e
um particular pela via do acordo ou do consenso, independentemente da sua forma ou designação, e desde
que se integre em determinadas categorias delimitadas em função de certos fatores – os fatores de
administratividade constantes do art. 280.º CCP (elemento objetivo).
Por sua vez, são contraentes públicos as entidades mencionadas no art. 3.º CCP, que se reconduzem às
entidades do setor público tradicional do art. 2.º/1, ou aos Organismos de Direito Público (ODP’s) quando
expressamente qualifiquem o Contrato como Administrativo (esclareça-se que não estão obrigadas a tal) ou
ainda quando tais entidades, independentemente da sua forma, celebrem contratos no exercício de funções
materialmente administrativas.
Contrato Público é qualquer contrato celebrado por uma entidade adjudicante do art. 2.º (elemento
subjetivo), independentemente da sua designação e natureza, cuja formação se submeta à Parte II do CCP,
ou pelo menos, aos Princípios Gerais de Contratação Pública, em virtude de o contrato abranger prestações
que sejam ou sejam suscetíveis de estar sujeitas à concorrência de mercado (arts. 16.º/1 e 5.º/1 CCP a
contrario) - elemento objetivo.
Em conclusão, verificamos que a noção de “Contrato Público” é delimitado segundo uma perspetiva
subjetiva ou orgânica.
Quanto à noção de Contrato Administrativo, apenas não o serão:
-» os contratos celebrados por contraentes públicos e que sejam qualificados pela lei ou, desde que a lei o
não proíba, pelas partes, como contratos de direito privado;
-» os contratos celebrados por contraentes públicos e que sejam submetidos a um regime de direito privado;
-» os contratos públicos outorgados pelos ODP que não sejam celebrados no exercício de funções
materialmente administrativas, nem submetidos pela vontade das partes a um regime substantivo de direito
público.
O conceito de entidade adjudicante requer a existência de personalidade jurídica. Na sua falta há que
enquadrar a entidade na pessoa coletiva na qual se integra.
São todas Pessoas Coletivas Públicas Clássicas (Setor Público Administrativo como lhe chama P. Amorim)
à excepção das associações da al. i) e das EAI’s.
• O Estado – al.a)
O Estado contrata através dos serviços da Administração direta integrados nos vários Ministérios. Os
serviços contratam em nome do Estado, e logo é este a EA.
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• EAI’s – al.e)
Pedro Gonçalves - Integra entidades com personalidade jurídica apenas. As sem personalidade jurídica não
são entidades adjudicantes, adjudicando e contratando em nome do Estado. Este é que é EA.
• BP – al. f)
Ac. BFI-Holding
Introdução:
O litígio opõe a ARA, uma Sociedade Comercial criada pelos municípios de Arnhem e Rheden, à BFI-Holding,
empresa privada. Tanto a ARA como a BFI dedicam-se a serviços de recolha e tratamento de lixos. A ARA
assumiu funções que dantes cabiam aos serviços municipais, celebrando os municípios acordos-quadro com esta empresa
e remunerando os seus serviços. Os accionistas da ARA são exclusivamente pessoas coletivas de direito público. A
BFI processou a ARA alegando que os contratos celebrados entre os municípios e a ARA deveriam sujeitar-se às
diretivas de Contratação Pública.
As Diretivas à época referiam que não se incluíam no seu âmbito de aplicação contratos públicos de serviços atribuídos
a uma entidade que seja ela própria entidade adjudicante quando tais contratos se baseiem num direito exclusivo
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atribuído pela Lei, regulamentos ou disposições administrativas. Já se a entidade não atuasse ao abrigo de um direito
exclusivo e fosse considerado um ODP estaria sob o seu âmbito de aplicação.
Em 1ª instância, o Tribunal Nacional considerou que a ARA não atuou ao abrigo de um direito exclusivo e que,
portanto, a diretiva ser-lhe-ia aplicável. Já o tribunal de Recurso decidiu que a ARA atuou ao abrigo de um direito
exclusivo, sendo-lhe aplicável a Diretiva se a ARA fosse considerada ODP.
Questões que são colocadas ao TJUE pelo tribunal nacional (Holanda):
Em suma, as questões colocadas pelo Tribunal Nacional visam saber se a ARA pode ser qualificada como ODP.
Em concreto, ficou claro que a ARA depende do Estado e tem personalidade jurídica própria. Resta saber se satisfaz
necessidades de interesse geral sem caráter comercial ou industrial.
- Há uma dissociação entre o conceito de necessidades de interesse geral e necessidades de caráter comercial ou
industrial?
A Diretiva visou criar uma subcategoria na categoria de necessidades de interesse geral, relevando aquelas que, tendo
interesse geral, não têm caráter comercial ou industrial.
- Para considerarmos uma necessidade como sendo de interesse geral sem caráter industrial ou comercial não podem
tais necessidades ser satisfeitas por empresas privadas?
O facto de existir concorrência não é suficiente para excluir a possibilidade de um organismo financiado ou controlado
pelo Estado se deixar guiar por considerações diferentes das económicas. A falta de concorrência não é uma condição
necessária para efeitos da definição de ODP. Por sua vez, a existência de uma concorrência desenvolvida, atuando o
organismo em causa num mercado concorrencial é indício de que não estamos perante uma necessidade de interesse
geral sem caráter industrial ou comercial.
No caso, uma empresa de recolha e tratamento de lixos satisfaz uma necessidade de interesse geral, sendo uma
atividade habitualmente estadual. Mas tal não impede que tais necessidades sejam satisfeitas por empresas privadas,
não descaracterizando a atividade como sendo de interesse geral, sem caráter comercial ou industrial.
- Para que um organismo possa ser considerado como satisfazendo necessidades de interesse geral, sem caráter comercial
ou industrial, tem a maioria da sua atividade de ser dirigida à satisfação de tais atividades?
Mesmo que apenas uma pequena parte das atividades sejam dirigidas à satisfação de tais necessidades, nem por isso
se pode deixar de afirmar que o organismo não visa a prossecução de necessidades de interesse geral sem caráter
comercial ou industrial. Idem, se num grupo de Sociedades Comerciais há um ODP, nem por isso todas as restantes
Sociedades se poderão considerar como ODP’s.
- A forma jurídica pela qual o ente é criado, e pela qual são definidas as necessidades que visa satisfazer, releva?
Não, a existência ou inexistência de necessidades de interesse geral é apreciada objetivamente, sendo indiferente a
forma jurídica das disposições em que tais necessidades são expressas.
Conclusões:
As conclusões do Advogado-Geral Pérgola ajudam melhor a perceber o que está em causa. A ARA atua sem
suportar os riscos da sua atuação, sendo remunerada pelos municípios e dependendo deles. Não há assim uma
verdadeira abertura à concorrência. A ARA resulta apenas de uma congregação de esforços dos municípios, atuando
ao arrepio das regras de uma gestão comercial normal. Deverá ser considerada ODP.
____________________________________________________________
Retomando, os ODP não têm de ser criados por uma pessoa coletiva elencada no nº 1, sendo indiferente
o responsável pela sua criação. O que releva é a atividade que levam a cabo, podendo no momento em que
contrata enquadrar-se ou não neste requisito – conceção evolutiva da noção de ODP – sendo, como tal,
uma noção contingente. Releva a sua situação no ano em que dá início ao procedimento de contratação.
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Dada esta contingência, para sabermos se estamos perante um ODP, há que ter em conta as disposições
enquadradoras da sua atividade, as disposições estatutárias ou qualquer disposição de diferente natureza.
As necessidades de interesse geral verificam-se, desde logo, quando estamos perante pessoas coletivas de
direito público não abrangidas pelo nº1 (mormente as EPE’s), pessoas coletivas participadas por pessoas
coletivas de Direito Público, ou pessoas coletivas privadas que desenvolvem atividades ao abrigo de
concessão ou delegação pública. Assim, a participação de entidades públicas indicia a satisfação de
necessidades de interesse geral. A influência determinante por entidades do nº1 presume a verificação de tal
requisito.
Não poderão ter carácter comercial ou industrial. Como referido no acórdão acima analisado, uma
entidade que não está em condições de mercado concorrencial, exposta ao lucro e a perdas, não seguirá
necessariamente a escolha economicamente mais racional, impondo-se assim que as regras da contratação
pública orientem tal escolha. Não é suficiente estarmos perante entidade que não prossegue o lucro, pois
pode ainda assim orientar-se por critérios de racionalidade económica. Logo, um organismo que não opera
em condições normais de mercado, não prossegue um fim lucrativo e não suporta as perdas associadas a tal
atividade, não visará satisfazer necessidades de natureza industrial ou comercial e o requisito considera-se
preenchido. Mas o mais relevante mesmo é perceber se um organismo assume as eventuais perdas ou
prejuízos que resultam da atividade que exerce e, portanto, se está exposto ao risco do mercado, ou se pelo
contrário se encontra amparado pelo orçamento de uma entidade referida no nº1.
Em suma, e seguindo de perto P.Amorim:
Temos três requisitos indiciários da natureza industrial ou comercial da atividade desenvolvida:
i. ser levada a cabo em condições normais de mercado;
ii. ter um fim lucrativo; e principalmente,
iii. suportar as perdas associadas ao exercício da sua atividade.
Deste modo, a contrario, o organismo não prosseguirá uma atividade comercial ou industrial e para o efeito
será considerado organismo de direito público quando:
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2º/1), e a ser totalmente independente do município de Viena do qual era anteriormente pertencente. Passou a ser uma
filial de uma Sociedade Comercial cujas acções pertenciam a 100% à cidade de Viena. Será por isso um ODP?
Questões que são colocadas ao TJUE pelo tribunal nacional (Áustria):
Deve o conceito de “necessidades de interesse geral” (cfr. O art. 2º/2/a/i CCP) ser interpretado à luz dos direitos
nacionais ou à luz do direito comunitário, e neste último caso, qual o conceito de “necessidades de interesse geral” para
efeitos da diretiva? Da resposta a esta questão saberemos se os serviços mortuários prestados pela Bestattung Wien
GmbH em caso de não realização do funeral se inserem nesse conceito.
A noção pertence ao Direito Comunitário devendo a sua interpretação ser feita no contexto da diretiva. Tendo esta o
objetivo de abrir os mercados dos Estados Membros e de impedir a discriminação entre nacionais e não nacionais
impedindo que as EA´s se deixem levar por considerações não económicas, o conceito de “necessidades de interesse geral”
deve ser entendido em sentido amplo. Logo, cabe ao TJUE referir se os serviços mortuários prestados se inserem no
conceito. O TJUE considerou que sim, há necessidades de ordem pública por detrás, bem como de higiene e de saúde
pública na realização dos serviços funerários em caso de não realização destes pelos familiares. A circunstância de uma
autarquia ter a obrigação legal de assumir o encargo do funeral caso este não se realize regularmente, é indício da
existência de uma necessidade de interesse geral.
Em oposição, a Bestattung Wien GmbH alega que existem dois conceitos de serviços mortuários: um em sentido amplo
e outro em sentido restrito. Defende que presta serviços que se inserem no sentido amplo do termo e que não visam a
satisfação de necessidades de interesse geral (cita a publicação de anúncios de necrologia, emissão de certidões de óbito…)
a par de serviços que se inserem no sentido restrito do termo – estes sim, teriam um interesse geral (inumação e exumação
de cadáveres). Ora no caso concreto, a maioria dos serviços prestados pela Bestattung Wien GmbH inserem-se no
conceito amplo e não no restrito pelo que no global, não se poderia considerar que presta serviços de interesse geral.
O TJUE respondeu por sua vez que mesmo que apenas uma pequena parte dos serviços prestados seja de interesse
geral, nem por isso se poderá dizer que no global os serviços prestados não têm esse caráter.
- Existindo uma concorrência desenvolvida no que toca a serviços funerários tal permite concluir por si só, não existir
uma necessidade de interesse geral sem caráter industrial ou comercial?
Responde o TJUE afirmando que a existência de concorrência desenvolvida não permite, por si só, concluir pela ausência
de uma necessidade de interesse geral sem caráter industrial ou comercial, embora a existência de concorrência não seja
totalmente irrelevante para saber se há atividade de caráter comercial ou industrial. Mas não chega. Pois bem, há que
ter em conta que o caráter comercial ou industrial relaciona-se com a obtenção de lucro. No mercado concorrencial, as
entidades são forçadas a escolher as propostas economicamente mais racionais. Daí que haver concorrência é um indício
de que o organismo não deve ser sujeito ao espartilho da contratação pública. Mas o que o TJUE vem dizer é que a
atuação em mercado concorrencial por si só não é suficiente para afastar a entidade das regras da contratação pública,
i.e., para não a considerarmos Entidade Adjudicante.
- Existindo apenas um controlo sucessivo por entidades públicas, ainda assim se poderá considerar que há um controlo
de gestão (cfr. art. 2º/2/a/ii CCP)?
Responde o TJUE que não, só quando há um controlo que permita aos poderes públicos influenciarem as decisões do
organismo em causa se poderá considerar que há um controlo de gestão. Porém, no caso, a Bestattung Wien GmbH é
detida a 100% por uma entidade pública e é permitido um controlo sobre as suas contas anuais e sobre os locais de
exploração e instalações, mesmo que tais poderes sejam exercidos por intermédio de uma sociedade que detém a entidade
adjudicante (relembre-se que a Bestattung Wien GmbH passou a ser uma filial inserida numa Sociedade que por sua
vez era detida pelo município de Viena).
Conclusão:
Estaremos no caso perante um ODP? O TJUE disse que sim. Para tal conclusão fez importantes referências: a
interpretação dos conceitos “necessidades de interesse geral” e outros conexos pertencem ao Direito Comunitário; basta
que uma pequena parte dos serviços prestados pela entidade tenha interesse geral para que esta esteja abarcada pelo
conceito; a actuação em mercado concorrencial por si só não chega para caraterizar a atividade como tendo caráter
industrial ou comercial; o conceito de controlo de gestão não se pode considerar preenchido pelo mero controlo sucessivo
do ente, mas já sim se é permitido um controlo financeiro deste.
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mercado e expostas à concorrência. As concessões não se inserem aqui pois os direitos exclusivos que lhes
foram atribuídos as mais das vezes foram-no no âmbito de procedimentos publicados no JOUE.
Em sequência, a aplicação da parte II do CCP é variável. Para as entidades do nº1 do art. 2.º há a aplicação
mais exigente. Já quanto às entidades do nº 2 a aplicação da Parte II sofre a limitação estipulada no art. 5.º
nº 8. Quanto às entidades do art. 7.º a Parte II do CCP só se aplica nos termos do designado regime de
contratação nos setores especiais.
Vistas quais as entidades sujeitas ao CCP, cabe agora determinar quais contratos por elas celebrados se
sujeitam ao Código. A conclusão a retirar desde já é clara, não é qualquer contrato que uma EA celebra que
fica, por esse facto, sujeito ao CCP.
Noção fundamental é a de que o CCP se aplica aos contratos de procura pública celebrados por EA’s,
contratos esses que satisfazem um interesse próprio da EA e que visa a aquisição de bem ou serviço. O
contrato inclui prestações sujeitas a mercado concorrencial, cuja execução cabe ao contraente privado.
Distinguem-se os contratos públicos de colaboração (p.ex. contratos de concessão) e contratos de compra
e utilização de bens móveis e serviços.
Podemos, como tal, dizer que todos os contratos que não correspondam a esta noção de procura pública
mas que ainda assim suscitem interesse concorrencial, não estão sob o âmbito de aplicação da Parte II.
Elementos essenciais dos contratos sujeitos ao âmbito objetivo de aplicação do CCP são assim:
1 – Interesse concorrencial;
2 – Contrato de Procura Pública.
3 – Iniciativa pública
Por interesse concorrencial, entendemos o potencial interesse ou eventual aspiração, comum aos vários
operadores de mercado, em alcançar o benefício económico resultante de um contrato público, que por sua
vez justifica o interesse em participar num procedimento de adjudicação. Isto consubstancia-se em nada
mais do que querer vender o bem ou serviço à EA, facto que torna o acesso à contratação pública um bem
escasso e logo, com interesse concorrencial. Tal benefício não tem de traduzir-se num valor, e logo, não tem
de resultar na obtenção de lucro pelo ente privado. Pode até o contrato não o proporcionar ao privado.
Pode ao invés obter um direito, uma oportunidade de integrar uma atividade potencialmente lucrativa.
Em geral, o interesse concorrencial exige que pelo menos dois operadores concorram entre si para a
celebração do contrato. Mas nem sempre é assim. O interesse concorrencial presume-se mesmo que só
exista um operador nos contratos de aquisição e locação de bens móveis, empreitada, contratos de
sociedade, quando celebrados pelas PCP clássicas do art. 2.º nº1 CCP.
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4.1. Delimitação dos contratos sujeitos à Parte II do CCP em função das EA’s
- Face às EA’s institucionais (Pessoas Coletivas Públicas clássicas), o CCP aplica-se com a sua intensidade
máxima, abrangendo todos os contratos com procura pública e com interesse concorrencial.
- Quanto aos ODP’s e Banco de Portugal todos os contratos com procura pública e interesse concorrencial
estão sujeitos à parte II, porém, num momento posterior, o art. 5.º nº8 exclui os contratos que não abranjam
as prestações típicas nele mencionadas.
- Quanto às entidades adjudicantes indicadas no art. 7.º, o CCP seguiu um esquema de inclusão taxativa e
identificou no art. 11.º os contratos abrangidos pela Parte II.
- Quanto aos ODP’s que exerçam uma ou várias atividades nos setores da água, da energia, dos transportes
e dos serviços postais beneficiam deste regime de contratação nos setores especiais em relação aos contratos
que digam direta e principalmente respeito a atividades por eles exercidas nestes setores. Quanto aos
contratos que não digam respeito a nenhuma dessas atividades, não beneficiam da disciplina da contratação
dos setores especiais.
Por “Contratos Excluídos” entendemos aqueles contratos a que o CCP não se aplica de todo, nem
mesmo os Princípios Gerais.
Por “Contratação Excluída” entendemos os contratos que não estão sujeitos à Parte II. Porém, como a
Parte III se aplica apenas aos contratos sujeitos à parte II (art. 280.º nº1), poderemos em síntese dizer que à
Contratação excluída só se aplicarão os P. Gerais. Na Contratação Excluída inserem-se os contratos que
mereceram uma qualificação inicial como Contratos Públicos mas que por razões específicas,
designadamente por não terem interesse concorrencial, são afastados do CCP.
Quanto aos contratos excluídos, estão expressamente previstos no art. 4.º.
Quanto à contratação excluída, vem prevista nos arts. 5.º e 5.º-A. Em especial, os contratos de delegação
entre EA’s – art. 5.º/2. A delegação de competências, regulada pelo CPA, não tem qualquer interesse
concorrencial, não se encontrando naturalmente abrangida pelo CCP. Contudo, não é assim quando a EA
delega a prática de operações materiais na outra e paga uma remuneração por isso, o que já levou o TJUE a
impor que tal constitui não um contrato de delegação mas sim um contrato de aquisição de serviços. Para
estar sujeito ao CCP, um contrato deste tipo tem de envolver efetiva transferência de competências e a título
oneroso. A entidade delegante não poderá ter um interesse económico direto na prestação do delegatário,
nem a entidade delegatária prestará um serviço à entidade delegante, mas antes exercerá as competências
que lhe foram transmitidas a título de responsabilidade própria. A expressa exclusão de remuneração não
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impede que a entidade delegante transfira os montantes necessários para o exercício da competência
delegada.
Agora passemos à Contratação In-House – art. 5.º-A.
Abrange-se aqui a contratação interna, contratos celebrados por entidades formalmente autónomas, com
personalidade jurídica própria mas que, na sua substância, são entidades dependentes do ponto de vista
jurídico, organizativo ou financeiro, não apresentando vontades distintas. O ac. Teckal introduziu os
requisitos para que estejamos no âmbito desta contratação, e que hoje é acolhido pelo CCP – do lado da
EA - controlo análogo ao que exerce sobre os seus próprios serviços; - do lado do contratado - a realização
do essencial da sua atividade com a EA.
Quanto ao controlo análogo, pode este ser isolado (nº3) ou conjunto (nº4). Traduz-se num controlo
abrangente e efetivo da entidade-filha, através do qual esta não tem poder decisório autónomo, exercendo
a entidade-mãe uma influência dominante quanto aos objetivos estratégicos. Importa sublinhar: o controlo
tem de se verificar no caso concreto. Se os Estatutos da entidade-filha indicam que existe tal influência, mas
vigorarem acordos parassociais (no caso de entidade-filha constituída sob forma comercial) que anulam tal
influência, então já não se verifica tal requisito.
Quanto ao segundo requisito, impõe-se que 80% da atividade da entidade contratada tenha de ser
desenvolvida no desempenho de funções que lhe foram confiadas, delegadas ou concedidas pela Entidade
Adjudicante.
Distinções:
é a contratação de cima
para baixo, da entidade
Clássico
com poderes de controlo
para a entidade controlada.
Vertical
Contratações internas de
baixo para cima, da
Invertido
entidade controlada para a
entidade que controla
In-House
relação de cooperação
Horizontal entre as
entidades – art. 5º-A nº 5
Mas o conceito de Contratos In-House também se estende aos casos em que várias entidades controladas
pela mesma EA contratam entre si, mesmo que não haja qualquer relação entre estas – art. 5.º-A nº 2.
Há que atentar na al. c) do nº1 do preceito – basta que uma entidade privada detenha Participações Sociais
(independentemente do seu valor nominal) sobre a entidade controlada para que este tipo de contratos esteja
sujeito ao CCP – ac. Stadt-Halle. No caso Centro Hospitalar de Setúbal, os Serviços de Utilização Comum
Hospitalar (SUCH) foram afastados do regime da Contratação In-House, uma vez que as IPSS que detêm
participações nesta empresa pública foram qualificadas como entidades privadas.
Ainda quanto a este requisito, há que considerar ainda assim Contratação In-House quando estamos
perante entidade adjudicante que contrata com Sociedade Comercial da qual faz parte, quando os sócios
Privados foram a priori sujeitos a Concurso para celebração do Contrato de Sociedade que deu origem a tal
entidade. Ou seja, se se foi ao mercado da 1ª vez – para celebração do contrato de sociedade - não se deve
ir novamente – para celebração do contrato que consideraremos In-House.
Quanto à Contratação In-House horizontal, resulta numa cooperação quanto às missões comuns ou no
mínimo conexas, tarefas ou serviços públicos pelos quais são responsáveis, celebrando contratos para
regular tal cooperação. Como tal, os fluxos financeiros entre as entidades não devem visar a remuneração
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dos serviços prestados, mas apenas devem visar cobrir os custos incorridos com a execução das missões. A
al. c) do art. 5.º nº 5 revela que as atividades apenas marginalmente poderão ser exercidas no mercado livre.
Considera-se que a concorrência não é afetada quando a cooperação apenas vise satisfazer exigências
próprias relativas à prossecução de objetivos de interesse público (ac. Hamburgo). Em suma, a contratação
In-House ofende a concorrência quando:
- não tiver por objeto a realização de uma missão de serviço público comum a estas entidades;
- não seja regido exclusivamente por considerações e exigências próprias relativas à prossecução de
objetivos de interesse público ou seja suscetível de colocar um prestador privado numa situação privilegiada
face à concorrência.
A Contratação excluída, face ao disposto no art. 5.º-B escapa à Parte II e consequentemente à Parte III
mas, lamentavelmente, fica sujeita aos Princípios Gerais da Contratação Pública. Deve ser feita uma
interpretação restritiva do preceito. Isto porque as mais das vezes a Contratação Excluída está já sujeita a
legislação especial; outras porque os Contratos já de si não se incluem originariamente no âmbito objetivo
do CCP, apenas sendo excluídos como forma de sublinhar a sua não inclusão no CCP.
P. Gonçalves defende assim que a aplicação dos P. Gerais apenas deverá ocorrer face aos Contratos
Excluídos que:
- não sejam objecto de regulação específica;
- correspondam a Contratos que originariamente estão sob o âmbito de vigência natural do CCP
– contratos de procura pública com interesse concorrencial - sendo a posteriori excluídos.
Acresce também o facto de a sujeição destes Contratos excluídos, aos P. Gerais, acabar por os sujeitar a
uma disciplina à qual se quis afastá-los. Pense-se desde logo na obrigação de publicitação da decisão de
contratar a contratos aos quais se quis afastar tal exigência. Resulta também numa exigência acrescida que
onera entidades que não estão diariamente inseridas na prática administrativa e que de modo algum estão
preparadas para corresponder às exigências do legislador administrativo.
É este todavia o mais importante dos princípios comunitários da contratação pública, constituindo como
constitui, a concorrência efetiva, o objetivo primeiro das diretivas e causa direta da imposição e proibição
de inúmeras condutas nelas plasmadas. Refira-se ainda que o princípio da concorrência é por sua vez
instrumental relativamente às liberdades comunitárias de circulação, constituindo no fundo o regime das
Diretivas sobre Contratos Públicos um prolongamento do direito comunitário da concorrência, mais
precisamente do regime de proibição dos auxílios públicos às empresas nacionais.
Bem fez pois o nosso legislador em consagrá-lo também explicitamente no frontispício do CCP – logo no
art.º 1.º-Aº.
A par, a sobreposição com outros importantes princípios de direito administrativo que presidem e inspiram
a disciplina da contratação pública, como o da eficiência na gestão dos recursos públicos (garantia de escolha
da melhor proposta ao mais baixo preço).
A projeção do princípio da concorrência ocorre em inúmeras regras do procedimento pré-contratual (e
mesmo da fase de execução do contrato: cfr. art.º 313.º, n.º 2 CCP – regra do congelamento da «equação
adjudicatória») e que se traduz, entre outras, nas seguintes exigências (que alcançam também os contratos
públicos aos quais não se aplique a Parte II do CCP, por lhes ser igualmente aplicável o princípio da
concorrência, como os demais princípios comunitários da contratação pública):
i. Proporcionalidade dos requisitos subjetivos mínimos (de capacidade técnica e económico-financeira)
exigidos aos candidatos, face à obra a realizar ou ao serviço ou bem a prestar, nos concursos limitados por
prévia qualificação (no CCP, cfr. art.º 165.º, n.º 1);
ii. Rigorosa igualdade de tratamento de todos os concorrentes e respetivas propostas;
iii. Prévia exigência de enunciação especificada dos critérios e fatores de adjudicação e a parametrização das
propostas em torno de um padrão único (no CCP, ver p. ex. al. n) do n.º 1 do art.º 132.º e art.º 139.º);
iv. As garantias administrativas de reclamação e recurso (no CCP, art.ºs 267.º a 274.º); etc., etc.
cálculos matemáticos, sempre a partir dos dados da proposta (e não de quaisquer outras premissas exteriores
a ela): tal pode ser feito inclusive oficiosamente (p. ex., apresentação dos preços com ou sem IVA).
d) De alteração das propostas (mesmo pela própria entidade adjudicante, oficiosamente) na sequência do
suprimento pela entidade adjudicante de erros e omissões do caderno de encargos detetados pelos
concorrentes (art.º 61.º);
e) Das retificações (de erros manifestos de cálculo, escrita ou outros – cfr. art.º 249.º CC).
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i. assegurar a igualdade de tratamento dos concorrentes nas fases de apresentação, comparação e avaliação
das propostas;
ii. Não organizar os concursos de modo a falsear artificialmente a concorrência, propositadamente
favorecendo ou desfavorecendo os concorrentes;
iii. Salvaguardar a comparabilidade e imodificabilidade das Propostas;
iv. Estabilidade das peças do procedimento;
v. Estabilidade dos Candidatos e concorrentes.
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É um órgão administrativo temporário, ad hoc, designado pelo OA, a quem cabe a condução do
procedimento. Ele instrui o procedimento praticando atos com efeito interno (com exclusão da apreciação
das reclamações dos interessados que não tenham sido incluídos nas listas de candidatos ou de concorrentes
– arts. 138.º nº4 e 177º nº4), preparando as decisões finais e externas que cabem ao OA tomar. É um órgão
funcionalmente independente face ao OA, não acatando deste ordens, instruções ou diretivas.
As deliberações do Júri são impugnáveis junto do OA (impugnação graciosa - art. 267.º e ss, art. 271.º nº2),
podendo o OA anular e revogar as deliberações que o Júri adotou, no exercício quer de competências
delegadas ou próprias.
O Júri inexiste nos casos de ajuste direto e não é de constituição obrigatória nos procedimentos de consulta
prévia ou de concurso público urgente, onde se permite que as competências que usualmente lhe caibam
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Ano Letivo 17/18
possam ser concretizados pelos serviços da EA (art. 67.º nº3). Também pode ser dispensado nos casos em
que só é apresentada uma proposta – nº4.
Quanto à composição do Júri, releva o art. 67.º nº1. O CCP não define quem deverá fazer parte do Júri do
Procedimento, se pessoas com determinada qualificação ou experiência profissional. Não assim em Itália,
onde os membros do Júri são previamente selecionados com recurso a uma lista oficial de Peritos elaborada
pelo Conselho Nacional contra a Corrupção. A falta de regulamentação é uma porta aberta para a corrupção
na Administração Pública Portuguesa. Segundo a OCDE, o setor da Contratação Pública é aquele que está
mais exposto à corrupção, numa União Europeia em que 1/5 do PIB é destinado à Contratação Pública.
Importa, quanto ao funcionamento deste órgão plural, sublinhar que face ao disposto no art. 69.º nº1 al.
d) CPA - aplicado analogicamente pois a norma refere-se a parecer e aqui tratamos de uma proposta - o
titular do OA que tenha feito parte do Júri (algo que é permitido, como dispõe o art. 67.º nº 2) não poderá
posteriormente tomar decisões sobre as propostas que foram apresentadas pelo Júri, sob pena de violação
da separação que o CCP impõe face a estes dois órgãos. Ademais, todos os membros do Júri têm de
subscrever declaração de inexistência de conflitos de interesse (art. 67.º nº5).
Como visto, podem determinadas competências ser delegadas pelo OA ao Júri. Contudo, são-lhe
indelegáveis as competências discriminadas no art. 69.º nº2. É uma linha vermelha que o CCP traça: se
também estas competências fossem delegáveis no Júri do Procedimento, ocorreria a flagrante violação da
separação entre estes órgãos que o CCP impõe. A delegação tem de constar expressamente das peças do
procedimento.
Usualmente e salvo delegação de mais competências, a atividade do Júri toda ela concorre para a
deliberação fundamental – o relatório final, onde é formulada uma proposta de decisão. É um ato
instrumental, pré-decisório, obrigatório mas não vinculativo para o OA. Se o OA rejeitar as recomendações
do Júri do procedimento, a boa prática impõe que aquele conceda a oportunidade para sanar ou suprir vícios.
Só assim não será se o motivo de rejeição se prender com considerações de carácter subjetivo e discricionário
por parte do Júri.
7. Preparação do Procedimento
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Órgãos máximos de
serviços com autonomia
administrativa
Conselho de Ministros
A decisão de contratar é um ato interno e não corresponde a uma declaração de vontade, dado que não se
dirige a alguém em concreto. É ato complexo pois vai sendo integrada pelo anúncio ou pelos convites à
apresentação de propostas. Converte-se num ato externo quando se revela ao exterior sob a forma de
anúncio ou convite à apresentação de propostas. Só então poderá ser judicialmente impugnado, por
exemplo, por falta de cabimentação orçamental. Então, todo procedimento subsequente é inquinado e a
adjudicação será inválida.
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único serviço ou obra. Consequentemente, existindo unidade na obra ou serviço, então estaremos perante
“prestações do mesmo tipo”.
Porém, segundo o art. 22.º nº 2 as entidades adjudicantes poderão adjudicar contratos individuais através
dos procedimentos que poderiam adotar em função do valor isolado dos contratos em causa, desde que
esse valor seja inferior a 80.000€, no caso de bens ou serviços, ou a 1.000.000€ no caso de empreitadas de
obras públicas. Permite-se assim a derrogação desta barreira que o CCP prevê de imposição de
procedimentos mais pesados. Contudo, o valor total dos contratos adjudicados por um procedimento
diferente daquele que deveria ser adotado em função do valor do somatório de todos os contratos, não
poderá exceder 20% do valor total dos contratos em que a obra, a aquisição do serviço ou a aquisição de
produtos análogos foi dividida.
Exemplificando:
Proced. 1 Proced. 2 Proced. 3
50.000€ 200.000€ 250.000€
Implicaria que, em princípio, como o somatório seria de 500.000€ estaria sujeito a concurso com
publicação do anúncio no JOUE – art. 22.º nº1 e 20.º nº1 al.a.
Porém, como o procedimento 1 é inferior a 80.000€ e apenas corresponde a 10% do valor total de todos
os contratos, pode ser celebrado mediante procedimento de ajuste direto com consulta prévia (mas apenas
quanto a este e não quanto aos demais).
Atentar ao caso comparável da organização da EA em unidades orgânicas, que resulta na atendibilidade
exclusiva do valor total do contrato, salvo se estas tiverem autonomia decisória.
Resulta, como dispõe o art. 80º/1 da decisão de não adjudicação, sendo um seu efeito automático. Destrói-
se por essa via todo o procedimento prévio, o que implica que para se contratar novamente ter--se-á de
iniciar novo procedimento que por sua vez implica nova decisão de contratar e quiçá nova decisão de
autorização de despesa.
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A revogação da decisão é um ato livre até à produção de efeitos externos, isto é, até à publicação do anúncio
ou do convite à apresentação de propostas. Subsequentemente, origina-se um dever de adjudicação. A
revogação implica o dever de indemnizar os concorrentes pelos encargos em que incorreram com a
elaboração das respetivas candidaturas ou propostas.
8. Tipos de Procedimentos
Cabe ao OA a escolha dos procedimentos em função de estritos critérios legais. Embora a fundamentação
não seja autónoma, estará sempre contida numa das peças do procedimento – o programa ou regulamento
do procedimento. No Ajuste Direto ou Consulta prévia, estará antes no convite à apresentação de Propostas
(art. 115.º nº1 al.c); no Concurso Público e no Concurso Delimitado por Prévia Qualificação, estará no
Programa do Concurso (art. 132.º nº1 al.d e 164.º nº1 al.d)
A EA convida uma
Ajuste direto - Arts. 112º
entidade para apresentar
a 129º
Proposta
Às fases do Concurso
Negociação - Arts. 193º a Delimitado por prévia
203º Qualificação, acresce a
fase de Negociação
Após a fase de
qualificação, envolve a
Diálogo Concorrencial -
apresentação de soluções
Arts. 204º a 218º
e o diálogo com o s
candidatos qualificados.
Estes tipos de procedimentos são fechados: não podem existir outros que não os existentes no CCP e a
margem de conformação destes é baixa.
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- Concurso Público
Participam todos os
operadores interessados que - Concurso Limitado por prévia qualificação
Procedimentos Abertos preencham os requisitos - Negociação
gerais e especiais de - Diálogo concorrencial
participação -Parceria para a inovação
Critério da abertura à
concorrência
Apenas participam as
entidades que recebem -Ajuste directo
Procedimentos fechados convite à apresentação de - Consulta Prévia
Propostas
- ajuste directo
Procedimentos Apenas contempla uma fase - consulta prévia
Unifásicos de proposta e adjudicação - concurso público sem fase de de
negociação das propostas
- Concurso Público
- Concurso Limitado por prévia qualificação
Com publicação de anúncio - negociação
- diálogo concorrencial
-parceria para a inovação
Critério da
publicação
de anúncio
-Ajuste directo
Sem publicação de anúncio
- Consulta Prévia
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O concurso público e o concurso limitado por prévia qualificação com publicação no JOUE podem
sempre ser utilizados, qualquer que seja o valor do contrato (art. 19.º al. a).
Não cabe à EA um dever de fundamentação específico, bastando aludir ao valor estimado do contrato e à
norma legal que impõe dado tipo procedimental.
No tocante aos ODP´s, sempre que celebrem contratos cujas prestações típicas não se enquadrem no
elenco do art. 16.º nº 2, não estarão sujeitos à Parte II (art. 5.º nº8) e logo, não sujeitos a estes tipos
procedimentais e muito menos aos limiares acima referidos. Não é o caso do Contrato de Sociedade que
não é mencionado no art. 5.º nº8 mas sim no 16.º nº 2, o que implica que a sua formação está sujeita à Parte
II. Porém, o nº3 do art. 31.º dá o dito por não dito, permitindo o recurso ao Ajuste Direto aquando da
celebração de Contratos de Sociedade, uma vez que as Diretivas não preveem regulamentação específica
nesta matéria, não impondo um tipo procedimental.
1. Se o procedimento de concurso ficar deserto, pode o Ajuste Direto ser escolhido, independentemente
do valor do contrato, desde que as condições iniciais deste não sejam substancialmente alteradas – art.
24.º nº1 al.a. O objeto do procedimento que ficou deserto e o procedimento de acesso restrito a lançar
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têm assim de ser idênticos. Há alteração substancial, nos termos do nº 9, quando os parâmetros base
do caderno de encargos sejam alterados. O mesmo vale para o Programa de Concurso.
Porém, há uma limitação: de acordo com o art. 24.º nº7 al.a apenas permite o recurso ao Ajuste Direto
se não tiverem decorrido mais de seis meses a contar do termo do prazo fixado para a apresentação de
candidaturas ou propostas do procedimento primitivo.
2. Aquando de Procedimentos abertos, todas as propostas foram excluídas – art. 24.º nº1 al.b. A
permissão para adoção de procedimento fechado justifica-se aqui pois o procedimento primitivo já
assegurou a publicidade suficiente.
Em especial, também quando todas as propostas tenham sido excluídas ao abrigo do art. 70.º nº2, ou
seja, quando hajam razões de fundo que militem no sentido dessa exclusão. Pelo facto de as diretivas
não preverem este motivo como causa de exclusão, só vale quando o valor do contrato seja inferior
aos limiares europeus (art. 24.º nº2)
Já quando o valor do contrato seja superior aos limiares europeus e o motivo de exclusão se reconduza
aos fundamentos expressos no art. 70.º nº2 só podem ser endereçados convites aos concorrentes que
participaram no procedimento anterior. Os concorrentes que tenham sido eliminados por causas não
previstas no art. 70.º nº2 não podem ser convidados.
3. Motivos de urgência imperiosa não imputáveis à EA (art. 24.º nº1 al.c) e que impossibilita o
cumprimento de prazos exigidos para os outros procedimentos que não o Ajuste Direto e apenas na
medida em que não seja possível encontrar soluções mais estáveis.
6. Em contratos de empreitada de obras públicas, quando se realizem obras novas que sejam repetição
de similares (art. 25.º nº 1 al. a) ou destinadas a I&D (art. 25.º nº1 al.b).
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• Empreitada
De acordo com o art. 25.º nº1 é necessária a verificação de vários requisitos cumulativos, para que seja
possível o recurso ao Ajuste Direto quanto a obras similares, bem como no caso de I&D:
_____________________________________________________________________________
Art. 25.º
i) O contrato seja celebrado com a entidade com a qual foi celebrado o contrato inicial;
ii) Essas obras estejam em conformidade com um projeto base comum;
iii) Aquele contrato tenha sido celebrado, há menos de três anos, na sequência de concurso público, de concurso limitado,
de procedimento de negociação, de diálogo concorrencial ou de parceria para a inovação;
iv) O anúncio do procedimento tenha sido publicado no Jornal Oficial da União Europeia, no caso de o somatório
do valor estimado do contrato relativo ao ajuste direto e do preço contratual relativo ao contrato inicial ser igual
ou superior ao limiar estabelecido na alínea a) do n.º 3 do artigo 474.º; e
v) A possibilidade de adoção do procedimento de ajuste direto tenha sido indicada no anúncio ou no programa do
procedimento;
Nos casos referidos no art. 26.º, designadamente se a mudança de fornecedor causar sérios prejuízos à EA;
bens relacionados com I&D desde que o valor do contrato seja inferior aos limiares comunitários; mercados
regulamentados; aquisição de bens resultante de encerramento de atividade comercial.
____________________________________________________________________________
Art. 26.º
1 - Sem prejuízo do disposto no artigo 24.º, no caso de contratos de locação ou de aquisição de bens móveis, pode
adotar-se o ajuste direto quando:
a) Se trate de bens destinados à substituição parcial ou à ampliação de bens ou equipamentos de específico uso corrente
da entidade adjudicante, desde que o contrato a celebrar o seja com a entidade com a qual foi celebrado o contrato inicial
de locação ou de aquisição de bens e a mudança de fornecedor obrigasse a entidade adjudicante a adquirir material de
características técnicas diferentes, originando incompatibilidades ou dificuldades técnicas de utilização e manutenção
desproporcionadas;
b) Se trate de bens a utilizar para fins de investigação, de experimentação, de estudo ou desenvolvimento, desde que tais
bens não sejam utilizados com finalidade comercial, ou com vista a amortizar o custo dessa atividade, e o valor estimado
do contrato seja inferior aos limiares estabelecidos nas alíneas b) e c) do n.º 3 do artigo 474.º;
c) Se trate de adquirir bens cotados e adquiridos num mercado de matérias-primas
d) Se trate de adquirir bens, em condições especialmente mais vantajosas do que as normalmente existentes no mercado, a
entidades que cessem definitivamente a sua atividade comercial, a curadores, liquidatários, administradores de insolvência
ou ainda no âmbito de acordo judicial ou procedimento da mesma natureza previsto na legislação aplicável;
e) Se trate de locar ou adquirir bens ao abrigo de um acordo-quadro celebrado nos termos do disposto na alínea a) do n.º
1 do artigo 252.º;
f) Se trate de adquirir água ou energia, desde que a entidade adjudicante exerça a atividade de colocação à disposição, de
exploração ou de alimentação de redes fixas de prestação de serviços ao público no domínio da produção, do transporte
ou da distribuição de, respetivamente, água potável ou eletricidade, gás ou combustível para aquecimento.
2 - Sem prejuízo do disposto no artigo 24.º, para a formação de contratos que digam direta e principalmente respeito a
uma ou a várias das atividades exercidas nos setores da água, da energia, dos transportes e dos serviços postais pelas
entidades adjudicantes referidas no n.º 1 do artigo 7.º, o ajuste direto também pode ser adotado quando:
a) Se trate de adquirir bens destinados a revenda ou a locação a terceiros, diretamente ou através da sua incorporação
noutros bens móveis:
i) A entidade adjudicante não goze de direitos especiais ou exclusivos para a revenda ou a locação daqueles bens; e
ii) Outras entidades possam revender ou locar livremente bens do mesmo tipo em condições idênticas às das que goza a
entidade adjudicante;
b) Se trate de adquirir bens que se encontram disponíveis no mercado por um período de tempo muito curto e cujo preço
seja consideravelmente inferior aos preços normalmente praticados no mercado.
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• Aquisição de serviços
Vale o art. 27.º, que segue os mesmos moldes dos artigos referidos acima.
Quando perante concessões de obras públicas, concessões de serviços públicos e contratos de sociedade
e sem prejuízo da possibilidade de adoção do Ajuste Direto (art. 24º) ou da Parceria para a Inovação (art.
30º-A) o art. 31º impõe a escolha, em alternativa, do concurso público, do concurso limitado por prévia
qualificação, do procedimento de negociação ou do diálogo concorrencial. Exceção para o contrato de
sociedade, quando razões de interesse público o imponham (nº3)
9.4. Em função da EA
O art. 33º rege aqui. Assim, quanto às EA´s do art. 7.º nº1 permite-se a escolha, em alternativa, do concurso
público, do concurso limitado por prévia qualificação, do procedimento de negociação, do diálogo
concorrencial ou ainda da parceria para a inovação observados os requisitos previstos no art. 30.º-A.
O recurso ao concurso público é sempre possível, sendo intercambiável com o concurso limitado por
prévia qualificação.
Se os critérios expostos não são seguidos, a decisão é ilegal e comunica-se ao ato final do procedimento de
adjudicação, a decisão de adjudicação e bem assim ao próprio contrato que venha a ser celebrado. O art.
161.º nº 2 al. l CPA sanciona com a nulidade quando há preterição total do procedimento legalmente exigível.
Importa aqui a distinção acima feita, entre procedimentos abertos e fechados. Quando é preterido um
procedimento aberto a favor de um fechado (por exemplo ajuste direto em vez de concurso público) há
preterição total e logo nulidade, pois o anúncio, formalidade absolutamente essencial, foi preterido. Também
há preterição total de procedimento legalmente exigido quando a EA celebra contrato sem seguir o regime
do CCP, pensando que a ele não estava sujeito, ou ainda quando o OA celebra um contrato sujeito à parte
II do CCP no regime do ajuste direto simplificado fora das condições estabelecidas no art. 128.º nº1, pois o
ajuste direto não alcança um grau de procedimentalidade mínimo.
O contrato será apenas anulável se foi escolhido procedimento aberto em vez de fechado. Se foi escolhido
procedimento da mesma família, quando não o deveria ter sido, estamos perante mera anulabilidade e não
nulidade.
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Ano Letivo 17/18
Esclarecimentos e
2- Prestação dos
3- Apresentação
de Propostas
Retificações
O convite deve conter os
1 - Envio de
posteriormente à celebração do
Adjudicação
Eventualmente, pelos serviços
6- Ato de
O projeto da decisão de contrato. A sua publicitação no
da EA. Também podem estes adjudicação é enviado pelos
OA
Importa densificar o passo 1. O art. 113º nº 2 impõe limites ao Ajuste Direto, por razões de proteção das
PME.
P.ex. Abril de 2018 – Contrato nº 1 – valor de 10.000€
Agosto de 2019 – Contrato nº 2 – valor de 18.000€.
Valor Total acumulado: 28.000€.
Logo, pode a EA celebrar em 2020 novo contrato até 30.000€ por Ajuste Direto, pois o valor total
acumulado daqueles dois contratos não superou o limiar de 30.000€. Não seria assim se, por exemplo, o
Contrato nº 2 tivesse o valor de 12.500€, pois o total acumulado seria de 30.500€, superior ao limiar de
30.000€.
Tudo isto consoante o caso (art. 113.º/2), ou seja, consoante o caso do contrato que agora a EA pretende
adjudicar. Os limiares são diferentes caso estejamos perante uma empreitada de obras públicas ou prestação
de serviços (art. 19.º e 20.º). O tipo procedimental a analisar hoje tem de ser o mesmo que os tipos
contratuais previamente acumulados. No momento de adjudicar um novo contrato por ajuste direto o OA
deve considerar apenas os ajustes diretos previamente adjudicados, e não, por exemplo, anteriores Consultas
Prévias. Já em razão dos tipos contratuais, estes são intermutáveis, tanto faz se foi realizada anteriormente
empreitada ou prestação de serviços ou locação de bens móveis. Tudo será computado nesta contabilização.
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3- Apresentação de
Esclarecimentos e
Endereçado a pelo menos Para boa compreensão e
2- Prestação dos
Retificações
Propostas
três entidades. As interpretação das peças do Pela entidade
limitações do art. 113º procedimento. convidada, através de
aplicam-se também aqui. Ocorre no decurso do prazo meios eletrónicos
Deve conter os elementos para apresentação de
previstos no art. 115º. propostas - art. 116º
6- Análise e
Avaliação
não se aplicando às que Quando encerrada a fase de
devam ser excluídas - art. negociação. A partir desta Pelo Júri. Elabora de
118º/2. São aplicáveis à fase não mais as Propostas seguida um relatório
fase de negociação os poderão ser alteradas. Preliminar - art. 122º
trâmites expressos no art.
120º.
9 - Ato de Adjudicação
7 - Audiência Prévia
O que fazer quando estamos perante Procedimento em que apenas há dois concorrentes? Aplica-se o
Ajuste Direto ou a Consulta Prévia? P.Amorim defende que se irá as normas do Ajuste Direto em
conjugação com as da Consulta Prévia pensadas para a existência de pluralidade de concorrentes.
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Ano Letivo 17/18
Esclarecimentos e Retificações
136º, podendo ser inferiores caso haja pré-
No Diário da República ou
3- Apresentação de
anúncio de informação (art. 136º/2).
1 - Publicitação JOUE se o valor do
2- Prestação dos
contrato for superior aos Para boa compreensão e Podem os interessados retirar a Proposta,
Propostas
limaires comunitários (art. interpretação das peças do sendo que tal não impede o interessado de
procedimento. apresentar nova Proposta.
130º e 131º), junto com as
peças do procedimento - No dia a seguir ao termo do prazo para
apresentação de propostas, é publicada uma
programa de concurso (art. lista dos concorrentes e oferecida a
132º) e Caderno de possibilidade de consulta das várias
Encargos candidaturas, via on-line (art. 138º)
4 - Avaliação e análise das
5 - Relatório Preliminar
e Audiência Prévia
Fase em que as Propostas já Feito pelo Júri, propõe ao OA a
6 - Elaboração de
Se resultar uma alteração da
Relatório Final
não podem ser alteradas. ordenação das propostas e
ordenação dos concorrentes
propostas
Caso haja negociação, nos contratos referidos no art. 149.º nº1, ou esta é aberta ou restringe-se às propostas
que foram ordenadas nos lugares cimeiros. Destina-se, como o art. 152.º sublinha, à obtenção de melhores
propostas que as iniciais.
Como esta fase é menos transparente e põe em causa o Princípio da Intangibilidade das Propostas, a UE
olha-a com cautela, só sendo permitida quando o valor da empreitada, locação ou aquisição de serviço seja
inferior aos limiares europeus (arts. 149.º als. b) e c) e 474.º nº3 al. a))
Após a negociação segue-se a apresentação das Propostas Finais, a elaboração de um segundo relatório
preliminar, audiência prévia dos proponentes e segundo relatório final – arts. 149.º e ss.
Termina com a decisão de adjudicação.
Quanto ao concurso público urgente, tem uma tramitação acelerada – art. 156.º nº2, não se exigindo sequer
a constituição de júri, cabendo as responsabilidades aos serviços da EA. Só pode ter como objeto serviços
de uso corrente.
10.5. Concurso Público Limitado por Prévia Qualificação – arts. 162.º e ss.
É Procedimento bifásico: integra fase de qualificação e fase de adjudicação (art. 163.º). Na fase de
qualificação avaliar-se-ão sujeitos; na fase de adjudicação avaliar-se-ão aspetos objetivos, o conteúdo das
propostas.
Tal como no Concurso Público, existe a publicação de anúncio (art. 167.º), seguindo-se a apresentação de
candidaturas (art. 170.º) nos prazos do 172.º, esclarecimentos e retificação de erros e omissões presentes na
peças do procedimento (166.º).
Segue-se:
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3 - Decisão de Qualificação
1 - Fase de Qualificação
É proposto pelo Júri a Notificada a todos os
2 - Audiência Prévia
qualificação de alguns Art. 185º, seguida por candidatos (art. 188º ou
candidatos e relatório final da fase de 187º). Há um poder-
eventualmente a exclusão qualificação - art. 186º. dever de qualificação por
de candidaturas - art. 184º,
em sede de relatório
parte da EA (art. 187º)
preliminar da fase de
qualificação, atendendo aos
requisitos mínimos de
capacidade técnica dos
concorrentes - arts.
164º/1/h e 165º.
À fase seguinte, de adjudicação, é aplicável o que se disse acima sobre o Concurso Público, embora não se
admita fase de negociação – art. 162º.
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Ano Letivo 17/18
Adjudicação
- Apresentação de
candidaturas Desenvolvimento dos Aquisição dos bens,
- Apresentação de produtos, serviços ou serviços ou obras
propostas de projetos de obras
I&D;
- Análise das propostas e
celebração da parceria.
O art. 40.º/1 dá-nos um elenco dos documentos que são considerados “Peças de Procedimento” em face
de cada tipo procedimental. No geral, são quatro: o caderno de encargos, o programa do procedimento, o
anúncio e o convite à apresentação de propostas. No seu conjunto, formam o processo administrativo da
adjudicação.
As Peças do Procedimento são aprovadas pelo órgão adjudicante, cabendo-lhe também, sem possibilidade
de delegação no júri, a sua retificação e alteração.
Estas são publicitadas e acessíveis aos interessados, pois só assim estes poderão formar uma vontade
completa o suficiente que lhes permita participar no procedimento. São em regra publicitadas na plataforma
eletrónica, juntamente com a publicitação do anúncio (art. 133.º nº1). Caso assim não seja, há que prorrogar
o prazo para apresentação das propostas (art. 133.º nº6). Em caso de divergência entre as várias peças, rege
o art. 40.º nº4 e 5, e em especial o 186.º nº6 que vale para o Concurso Limitado por Prévia Qualificação.
11.1. Anúncio
Assinala o início do procedimento. Existem várias referências a ele espalhadas pelo CCP (arts.
130.º,131.º,157.º,167.º,197.º, 218.º e 218º-A). Através deste, a EA dá a conhecer e publicita o procedimento,
apelando à participação dos interessados.
Não é a data do momento de publicação do anúncio que marca o início da contagem dos prazos
procedimentais, mas antes a data de envio para anúncio, daí que esta data conste do próprio anúncio. Esta
data é muito importante pois é a partir dela que:
- o júri do procedimento inicia o exercício das suas funções (art. 68.º nº1);
- as peças do procedimento são disponibilizadas (art. 133.º nº1);
- se inicia o prazo para apresentação de propostas.
11.2. Programa do Procedimento
De acordo com o art. 41.º, é um regulamento administrativo, pelo qual o OA define as regras aplicáveis e
às quais se auto-vincula. O conteúdo obrigatório para cada Tipo Procedimental vem previsto nos arts. 132.º,
164.º, 196.º e 206.º. Em especial, a possibilidade de imposição de recurso à arbitragem em caso de litígios.
A única forma de escapar é pura e simplesmente não participar no procedimento, algo que parece violar o
direito fundamental de recurso aos Tribunais do Estado para defesa dos direitos subjetivos públicos dos
participantes. Assinala-se porém que, ao abrigo do art. 476.º nº5, não está vedado o acesso aos Tribunais
Administrativos, funcionando a 1ª instância como instância de recurso face aos Tribunais Arbitrais.
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Ocorre nos termos do art. 189.º - simultaneamente com a decisão de qualificação dos candidatos e
indicando os elementos na norma nela descritos.
- Ajuste Direto e Consulta Prévia
Substitui o programa do procedimento. Deve conter os elementos constantes do art. 115.º.
Este é o montante máximo que a EA se dispõe a pagar pela execução de todas as prestações que constituem
o objeto do contrato (art. 47.º nº1). Quando, nos termos do contrato, a EA não pague mas antes receba, o
nº 2 estipula que o preço base será igual ao preço a receber, subvertendo-se assim a lógica constante do nº1.
E o valor a receber, nos termos do art. 89.º nº3 é a utilidade económica imediata do contrato para a EA. O
preço base também inclui eventuais renovações do contrato, tácitas ou expressas que a EA decida
concretizar caso a execução do contrato seja satisfatória.
A sua fixação, sempre uma estimativa, deve ser assente em critérios objetivos. Para tal, é possível a consulta
preliminar ao mercado prevista no art. 35.º-A. Também pode a EA, de acordo com o art. 74.º nº2, optar
por não submeter à concorrência o preço, caso em que o preço base será igual ao preço contratual que é o
preço pelo qual o contrato será adjudicado.
Corolário do Princípio da Concorrência, da igualdade de tratamento e da transparência é o Princípio da
Estabilidade das Peças do Procedimento. Ele implica que o objeto e os critérios de adjudicação do contrato
em causa estejam claramente determinados desde o início do processo de adjudicação e que as condições e
modalidades do processo de adjudicação sejam formuladas de forma clara, precisa e unívoca. Contudo, este
Princípio não tem um caráter absoluto, permitindo-se à EA corrigir ou completar as peças.
A alteração das peças ocorre à luz do art. 50.º. Cabe aos interessados a apresentação de listas de
identificação de erros ou omissões do programa do procedimento ou do caderno de encargos. Cabe ao OA
pronunciar-se acerca destes ainda antes do termo do prazo para apresentação de propostas (nº5). A
apresentação de lista não é obrigatória, pois o OA tem o dever de proceder às retificações de forma oficiosa
(nº7). Estas alterações podem atingir aspetos fundamentais das peças do procedimento, como nos indica o
art 64.º ex-vi do 50.º nº7, e que terá como efeito a prorrogação do prazo para a apresentação de propostas
por período equivalente ao tempo decorrido desde o inicio daquele prazo até à comunicação das alterações.
A decisão de prorrogação deverá ser publicitada nos mesmos termos em que o foi o anúncio do
procedimento (art. 64.º nº4).
No caso específico da empreitada, o ónus de identificar a incompletude do Caderno de Encargos e com
isso, a necessidade de realização de trabalhos complementares, incumbe ao adjudicatário, sendo este por
eles responsável caso não reporte tal necessidade à EA no prazo estabelecido pelo art. 378.º nº4.
E quanto a alterações das peças ocorridas após o termo do prazo para apresentação de propostas? O CCP
nada diz, mas parece claro que tais alterações não poderão alterar aspetos essenciais.
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Ac. TCAS de 21/02/2013
Estava em causa um fator de avaliação incompatível com o Caderno de Encargos. O júri desaplicou tal fator, o que não causou
alteração na ordenação das Propostas. O TCAS decidiu que quando a alteração não for de molde a derrogar as próprias bases
da concorrência e/ou a mexer com a essência dos princípios estruturantes da contratação pública, é permitida. Como a alteração
não provocou a alteração na ordenação das propostas, compreende-se esta decisão.
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Ac. TCAS de 10/10/2013
Já depois da emissão do relatório preliminar pelo júri, uma decisão de um Tribunal suspendeu a eficácia de uma norma do
procedimento que ordenava a instrução das candidaturas com determinados documentos. O júri atendendo a esta decisão,
decidiu que o procedimento deveria continuar, caindo a exigência de apresentação de tais documentos e ordenando
subsequentemente as propostas.
Decidiu o TCAS que o Princípio da Estabilidade do Procedimento não é absoluto em confronto com os Princípios da Tutela
Judicial Efetiva (por parte dos concorrentes que recorreram à Justiça para suspender a eficácia da norma), da boa-fé e
confiança (por parte dos restantes concorrentes) e da prossecução do interesse público (por parte da EA que pretendia que o
procedimento fosse concluído em tempo útil).
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As peças do procedimento podem ser objeto de impugnação e declaradas ilegais (art. 103º/1 CPTA), que
incidirá sobre as especificações técnicas, económicas ou financeiras que constem de tais documentos. A
declaração de ilegalidade pode afetar tanto o programa de procedimento como o Caderno de Encargos,
como documentos conformadores do procedimento, bem como esclarecimentos e retificações dado que
estes, nos termos do art. 50.º, fazem parte integrante das peças às quais se reportam. Só o anúncio não
poderá ser objeto de impugnação.
A impugnação das peças não é um ónus para os interessados, que poderão impugnar autonomamente as
decisões fundadas nas disposições constantes das peças. Por outro lado, a impugnação das peças não livra
os interessados de impugnar as decisões da EA nelas fundadas. Como tal, a declaração de ilegalidade das
peças não tem um efeito automático sobre a vigência das decisões da EA. Concluímos assim que a eventual
ilegalidade não declarada das peças, ou ainda que declarada, pode não determinar a invalidade do contrato.
Só não será dessa forma se a declaração de ilegalidade for seguida de declaração de nulidade ou anulação de
um ato em que assenta a celebração do contrato (art. 283.º CCP).
As peças do procedimento também poderão ser alvo de impugnação graciosa (art. 269.º nº2 CCP).
Por fim, cumpre dizer que o art. 51.º estabelece a prevalência do CCP sobre as disposições constantes das
peças do procedimento. Embora haja autores que defendam que ainda assim a AP fica vinculada pelas Peças
que ela própria produz, a norma parece impor a aplicação do CCP e consequente desaplicação das
disposições das peças.
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Requisitos impostos aos candidatos – vêm mencionados no art. 52.º - e aos concorrentes - vêm
mencionados no art. 53.º.
Requisitos gerais positivos e negativos – são exigidos para todos os contratos e em todos os procedimentos;
Requisitos especiais – exigidos nos procedimentos de formação de certos contratos e nos procedimentos
de adjudicação que integram uma fase de qualificação,
Para que o concorrente ou candidato possa participar no procedimento, o impedimento não se pode
verificar nem no momento da apresentação da candidatura, nem da proposta nem, claro, no momento da
apresentação dos documentos de habilitação que comprovam ou que declaram a inexistência de
impedimentos. Se se verificar a existência de algum impedimento, tal importa a exclusão do candidato ou
concorrente (arts. 146.º nº1 al.c e 184.º nº2 al.c).
Alguns impedimentos podem ser ultrapassados, nos termos do art. 55.º-A.
2. Capacidade técnica e financeira – o CCP permite a sua fixação (arts. 164.º nº1 al.h e 165.º),
devendo ser proporcional à natureza das prestações e objeto do contrato a celebrar. A sua
exigência impõe que seja adotado procedimento em que haja prévia qualificação, sendo
justamente esta fase de qualificação destinada à verificação desta capacidade. Os critérios são os
fixados no nº1 do art. 165.º: experiência curricular dos candidatos; recursos humanos,
tecnológicos, de equipamento ou outros utilizados, a qualquer título, pelos candidatos; modelo
e capacidade organizacionais dos candidatos, designadamente no que respeita à direção e
integração de valências especializadas, aos sistemas de informação de suporte e aos sistemas de
controlo de qualidade; capacidade dos candidatos adotarem medidas de gestão ambiental no
âmbito da execução do contrato a celebrar.
No simples, são qualificados todos os candidatos que preencham os requisitos mínimos de capacidade
técnica e financeira (art. 179.º); no complexo, são qualificados apenas os candidatos que ofereçam mais
garantias, que estejam mais capacitados, em número não inferior a 5 (art. 181.º). Ora, no que toca ao requisito
de capacidade financeira, permite-se que no modelo simples este se cumpra através de uma declaração de
entidade bancária em como o candidato cumpre os requisitos (art. 179.º nº3 al.a). A revogação, invalidade
ou extinção da declaração bancária antes da adjudicação importa exclusão do procedimento; se após
adjudicação, ocorre a sua caducidade ou após celebração do contrato, a entidade bancária fica vinculada,
não sendo oponível à EA a invalidade, revogação, ineficácia ou extinção da declaração bancária (art. 180.º).
Quando estejamos perante candidatura por um agrupamento, vale o art 182.º que considera cumprido o
requisito se um dos agrupados reunir as condições ou se a soma das suas participações for suficiente.
Há a possibilidade de recorrer a capacidades de terceiras entidades? Sim, o art. 168.º nº4 prevê tal direito,
muito comum quando há subcontratação. Em caso de falha por parte do subcontratado, responde perante
o adjudicatário. Qualificado o candidato, o art. 187.º nº2 al.b estipula que este deve confirmar que as
entidades terceiras detêm as necessárias capacidades técnicas e financeiras.
O recurso a entidades terceiras pode ser limitado no que toca a contratos de empreitada, como refere o
art. 318.º nº4 e 5.
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Poderemos considerar também como requisito especial as imposições dimanadas da criação de Contratos
reservados – Arts. 54.º-A, 250.º-D e anexo X – fruto da utilização estratégica da contratação pública.
O que aqui se dirá vale apenas para os Procedimentos bifásicos ou plurifásicos que integram
necessariamente fase de apresentação de candidaturas e qualificação dos candidatos (concurso limitado por
prévia qualificação – art. 163.º/a; procedimento de negociação – 194.º/a; diálogo concorrencial – art.
205.º/a; Parceria para a inovação – art. 218.º-A nº1/a.
A candidatura é a declaração que se materializa ou expressa por via da apresentação de um conjunto de
documentos, através dos quais o candidato (art. 52.º) manifesta à entidade adjudicante a vontade de ser
qualificado para a segunda fase do procedimento e assim de ser convidado a apresentar uma proposta.
O prazo para apresentação da candidatura é estabelecido no programa de concurso livremente pelo OA
(art. 164.ºnº1 al. n e 172,º), mas não podendo ser inferior aos prazos previstos nos arts. 173.º e 174.º
prorrogáveis nos termos do art. 175.º.
Quanto à documentação a apresentar depende se o concurso é público ou europeu. Se nacional, os
documentos são indicados no programa do concurso (art. 164.º nº1 al.j). Como já referido, se for adotado
modelo simples de qualificação e se exigir requisitos de capacidade financeira, poderá ser apresentada
declaração bancária (art. 179.º nº3 al.a). Quanto a requisitos de capacidade técnica assegurados por entidades
terceiras há que apresentar declarações de compromisso destas.
O modo de apresentação da candidatura é regulado pelo art. 170.º.
Já se o Concurso for Europeu, então há que apresentar o DEUCP (art. 168.º nº1).
Uma vez apresentada a candidatura, o júri tem de a analisar (art. 178.º) bem como tem o dever de propor
uma decisão sobre a mesma, qualificando ou excluindo (art. 184.º). A decisão de qualificação ou exclusão é
comunicada no prazo do art. 187.º nº1. A candidatura pode ser retirada, podendo voltar a ser apresentada
outra antes do termo do prazo para apresentação de candidaturas (176.º).
Após o termo desse prazo, é publicitada a lista dos candidatos e permitida a consulta das candidaturas.
Cabe ao júri analisar as candidaturas (art. 178.º) podendo solicitar esclarecimentos (art. 183.º). Os requisitos
mínimos de capacidade técnica e financeira são comprovados pela avaliação dos documentos apresentados.
A esse propósito, existem dois modelos de qualificação, como visto, o simples e o complexo.
Segue-se a elaboração de relatório preliminar da fase de qualificação (art. 184.º), onde irá ser proposta a
qualificação e exclusão dos candidatos. Em particular no modelo complexo, é proposta a ordenação dos
candidatos. As causas de exclusão são as previstas no art. 184.º.
Segue-se audiência prévia (art. 185.º), e depois é emitido relatório final (art. 186.º). Claro que a alteração da
ordenação da lista irá implicar nova audiência prévia e subsequentemente novo relatório final.
Seguidamente à emissão do ato administrativo de qualificação no prazo máximo de 44 dias (art. 187.º) os
candidatos são disso notificados (187.º nº2). A decisão de qualificação caduca nos termos do art. 187.º nº3.
Encerra a fase de qualificação com a decisão de qualificação a todos os candidatos. Segue-se a fase de
apresentação de propostas para os candidatos qualificados.
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15. A Proposta
---» Termos ou Condições da Proposta - é qualquer elemento ou característica da Proposta que diga
respeito a um aspeto da execução do contrato não submetido à concorrência ou não regulado pelo
Caderno de Encargos. Em relação a estes, a Proposta não tem de se pronunciar. Se não se pronunciar,
quanto aos termos ou condições rege o disposto no Caderno de Encargos.
Podem os termos ou condições não estar regulados no Caderno de Encargos e então o concorrente terá
liberdade de conformação da proposta. P.ex.: num procedimento de aquisição de serviços, o Caderno de
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Encargos nada diz sobre o prazo para entrega de parecer jurídico, ao que o concorrente responde fixando
que não lhe será exigível um prazo inferior a 3 dias.
Podem os termos ou condições relacionarem-se com atributos não submetidos à concorrência pelo
Caderno de Encargos. Não serão fatores que a EA utilizará para comparar as Propostas, mas poderá esta,
no Caderno de Encargos, exigir aos concorrentes que se vinculem especificamente a tais termos ou
condições dentro de determinados limites mínimos e máximos, fixando-os (arts. 42.º nº5 e 57.º nº1 al.c).
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16. Adjudicação
Cabe esta ao OA (art. 73º/1) sendo um ato administrativo devido, em razão do dever que lhe incumbe
(art. 76.º). Tem de ser notificada a todos os concorrentes (arts. 77.º e 78.º)
Quando o contrato não tem forma escrita – concurso urgente e ajuste direto simplificado (art.95.º) – o ato
adjudicatório vale também como declaração negocial contratual. Fará parte do Contrato o Caderno de
Encargos e a Proposta do adjudicatário – art. 96.º/2. Os elementos formais estão previstos no nº1.
Nos casos em que existe ainda redução a escrito do contrato, a adjudicação não vale como declaração
negocial contratual por si só, inexistindo contrato nesse momento.
Poderão ser propostos ajustamentos (art. 99.º). Há exceções ao dever de adjudicar – art. 79.º. Por exemplo,
aquando da crise de 2011-2015 a al. d) do nº 1 foi bastantes vezes acionada pois os orçamentos das EA’s
encolheram inesperadamente. Mas nestes casos o adjudicatário tem direito a ser indemnizado pelos danos
emergentes.
A decisão de não adjudicação implica a revogação da decisão de contratar – art. 80.º.
O adjudicatário terá de apresentar os documentos de habilitação (art. 81.º) que comprovem que sobre ele
não recai qualquer impedimento. A sua não apresentação resulta em caducidade da adjudicação (art. 86.º),
resultando na adjudicação da proposta ordenada em 2º lugar (art. 86.º nº4). O art. 87.º-A revela outras causas
de caducidade da adjudicação.
A caução é devida nos termos do art. 88.º nº1, sendo dispensada nos casos referidos no nº2. O valor
máximo da caução é calculado atendendo aos critérios expostos no art. 89.º.
A não prestação de caução é causa de não adjudicação – art. 91.º.
Como visto, há dispensa da sua redução a escrito nos casos expressos no art. 95.º.
A minuta é aprovada com a decisão de adjudicação (art. 98.º), podendo ainda haver lugar a ajustamentos
(art. 99.º). Segue-se a notificação (art. 100.º) endereçada ao adjudicatário. Qualquer ajustamento, por razões
de transparência tem de ser notificado a todos os concorrentes (art. 103.º)
A outorga do contrato ocorre nos termos do art. 104.º, caducando nos termos do art. 105.º.
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