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24 de fevereiro, 16 e 30 de março de 2012

Temas a tratar

1. O que é a ortografia?

2. Ortografia portuguesa

3. Acordo Ortográfico de 1990


a) Alterações introduzidas
b) Exercícios e exemplos práticos
oρθογραφία
ortografia
Rua do Comércio do Porto
São Nicolau, Porto
Farmácia Nazaré, R. Ferreira Borges, Coimbra

Barbearia Campos, Largo do Chiado, Lisboa


Igreja do Carmo, Praça de Carlos Alberto, Porto
Albergues Noturnos do Porto, Rua Mártires da Liberdade, Porto
Junta de Freguesia de Santa Marinha, Rua Cândido dos Reis, V. N. de Gaia
A Vida Portuguesa
Rua Achieta, Lisboa
Mas, afinal…
o que é a ortografia?
 A ortografia não é
imutável.
 A ortografia é uma convenção, fixada pela lei ou pelo uso.
 A ortografia é uma tentativa de transcrever
os sons de uma língua em símbolos escritos.
 Numa língua viva, esta transcrição é sempre
uma aproximação, nunca perfeita nem isenta
de incoerências.
Ortografia fonética
vs.
ortografia etimológica
Ortografia
fonética
 A cada som corresponde
uma letra ou grupo de letras
únicos e a cada letra ou
grupo de letras um som
único, sendo sempre
assinalada a sílaba tónica.

 Excetuando o caso do
Alfabeto Fonético
Internacional não há
sistemas ortográficos pura e
exclusivamente fonéticos.
Ortografia
fonética
 São eminentemente fonéticas as
ortografias das línguas basca,
búlgara, finlandesa, italiana,
russa, turca e alemã.
 Apropriada para línguas com um
número de falantes
relativamente pequeno e/ou
que não apresentem grande
dispersão geográfica nem
variação linguística.
 Deixa de ser válida quando os
idiomas adquirem uma grande
distribuição geográfica. Nestes
casos, é impossível uniformizar a
escrita, pois uma grafia torna-se
fonética para uma variante do
idioma, mas não para outra.
Ortografia etimológica

 A um mesmo som podem corresponder


diversas letras e a cada letra ou grupo de
letras diversos sons, dependendo da
história, da gramática e dos usos
tradicionais.
 Exemplos típicos de ortografias
predominantemente etimológicas são as
escritas do inglês e do francês.
Em francês, um
mesmo som pode ter
até nove formas de
escrita diferentes, caso
das palavras
homófonas au, aux,
haut, hauts, os, aulx,
oh, eau, eaux.
A palavra ough pode ser
pronunciada de dez
maneiras diferentes.

“A rough-coated, dough-faced ploughman


strode through the streets of Loughborough,
coughing and hiccoughing thoughtfully.”
Ortografia
etimológica
Utilizada por línguas de
pendor classicizante que
conservam as formas
originais ou tradicionais de
escrever as palavras.
Dada a separação clara
entre escrita e oralidade
nessas línguas , a utilização
por um grande número de
falantes dispersos por
vastas áreas geográficas
não apresenta riscos à sua
unidade gráfica.
Ortografia portuguesa

a. Do século XIII a meados do XVI

b. Do Renascimento ao início do século XX

c. De 1911 até aos nossos dias


Ortografia portuguesa
Do século XIII a meados do XVI

Quando ome que ouver filhos dũa molher casar cũ outra que ouver
fillos doutro marido e ambos ouverẽ fillos de consuu, se o marido ou a
molher morrer, e os fillos que foren daquel morto partã cõmunalmẽte
toda sa boa. E se alguu dos yrmãos que son de padre e de madre
morrer sen erdeyro e mãda nõ fezer, os outros seus irmãos que forẽ de
padre e de madre herdẽ toda sa bõa. E se foren yrmaos de senos
padres e de senhas madres, cada huu dos yrmaos erden en boa de seu
yrmao que lhy venha do padre ou da madre onde son os yrmaos. E se
algũas gaanças fez o morto da outra parte, os yrmaos partãas
cõmunalmente de consuu.

Foro Real (1280), Corpus Informatizado do Português Medieval, Centro de Linguística


da Universidade Nova de Lisboa
Ortografia portuguesa
Do século XIII a meados do XVI

Quando ome que ouver filhos dũa molher casar cũ outra que ouver
fillos doutro marido e ambos ouverẽ fillos de consuu, se o marido ou a
molher morrer, e os fillos que foren daquel morto partã cõmunalmẽte
toda sa boa. E se alguu dos yrmãos que son de padre e de madre
morrer sen erdeyro e mãda nõ fezer, os outros seus irmãos que forẽ de
padre e de madre herdẽ toda sa bõa. E se foren yrmaos de senos
padres e de senhas madres, cada huu dos yrmaos erden en boa de seu
yrmao que lhy venha do padre ou da madre onde son os yrmaos. E se
algũas gaanças fez o morto da outra parte, os yrmaos partãas
cõmunalmente de consuu.

Foro Real (1280), Corpus Informatizado do Português Medieval, Centro de Linguística


da Universidade Nova de Lisboa
Ortografia portuguesa
Do século XIII a meados do XVI

Quando ome que ouver filhos dũa molher casar cũ outra que ouver
fillos doutro marido e ambos ouverẽ fillos de consuu, se o marido ou a
molher morrer, e os fillos que foren daquel morto partã cõmunalmẽte
toda sa boa. E se alguu dos yrmãos que son de padre e de madre
morrer sen erdeyro e mãda nõ fezer, os outros seus irmãos que forẽ de
padre e de madre herdẽ toda sa bõa. E se foren yrmaos de senos
padres e de senhas madres, cada huu dos yrmaos erden en boa de seu
yrmao que lhy venha do padre ou da madre onde son os yrmaos. E se
algũas gaanças fez o morto da outra parte, os yrmaos partãas
cõmunalmente de consuu.

Foro Real (1280), Corpus Informatizado do Português Medieval, Centro de Linguística


da Universidade Nova de Lisboa
Ortografia portuguesa
Do século XIII a meados do XVI

Quando ome que ouver filhos dũa molher casar cũ outra que ouver
fillos doutro marido e ambos ouverẽ fillos de consuu, se o marido ou a
molher morrer, e os fillos que foren daquel morto partã cõmunalmẽte
toda sa boa. E se alguu dos yrmãos que son de padre e de madre
morrer sen erdeyro e mãda nõ fezer, os outros seus irmãos que forẽ de
padre e de madre herdẽ toda sa bõa. E se foren yrmaos de senos
padres e de senhas madres, cada huu dos yrmaos erden en boa de seu
yrmao que lhy venha do padre ou da madre onde son os yrmaos. E se
algũas gaanças fez o morto da outra parte, os yrmaos partãas
cõmunalmente de consuu.

Foro Real (1280), Corpus Informatizado do Português Medieval, Centro de Linguística


da Universidade Nova de Lisboa
Ortografia portuguesa
Do século XIII a meados do XVI

Quando ome que ouver filhos dũa molher casar cũ outra que ouver
fillos doutro marido e ambos ouverẽ fillos de consuu, se o marido ou a
molher morrer, e os fillos que foren daquel morto partã cõmunalmẽte
toda sa boa. E se alguu dos yrmãos que son de padre e de madre
morrer sen erdeyro e mãda nõ fezer, os outros seus irmãos que forẽ de
padre e de madre herdẽ toda sa bõa. E se foren yrmaos de senos
padres e de senhas madres, cada huu dos yrmaos erden en boa de seu
yrmao que lhy venha do padre ou da madre onde son os yrmaos. E se
algũas gaanças fez o morto da outra parte, os yrmaos partãas
cõmunalmente de consuu.

Foro Real (1280), Corpus Informatizado do Português Medieval, Centro de Linguística


da Universidade Nova de Lisboa
Ortografia portuguesa
Do século XIII a meados do XVI

• Adesão da escrita à pronúncia.


• Mas um mesmo som podia ser representado de modos
diversos ou sons diferentes serem representados por
uma única forma gráfica.
• Apesar das suas imprecisões e incoerências, a grafia do
galego-português medieval aparece como mais regular
e fonética do que aquela que prevalecerá
posteriormente.
Do Renascimento ao início do século XX
 A partir do Renascimento, difundiu-se o
uso de grafias (pseudo-)etimológicas.
 Uso abundante de ch (com valor de [k]),
ph, rh, th e y nas palavras de origem gre-
ga (chimica, phrase, phleugma, rhetorica,
theatro, estylo); ct, gm, gn, mn, mpt nas
de origem latina (auctor, fructo, assigna-
tura, damno, prompto).
 Falsas etimologias: thesoura (por suges-
tão de thesaurus), mas étimo é tonsoria.
E tambem as memorias glorioſas
Os Lvsiadas Daquelles Reis, que forão dilatando
de Luis de Camoẽs A Fee, o Imperio, & as terras vicioſas
(1.ª edição 1572) De Affrica, & de Aſia, andarão deuaſtando,
E aquelles que por obras valeroſas
Canto primeiro. Se vão da ley da Morte libertando.
Cantando eſpalharey por toda parte,
Se a tanto me ajudar o engenho & arte.
As armas, & os barões aſsinalados,
Que da Occidental praya Luſitana, Ceſſem do ſabio Grego, & do Troyano,
Por mares nunca de antes nauegados, As nauegações grandes que fizerão:
Paſſaram, ainda alem da Taprobana, Calleſe de Alexandro, & de Trajano,
Em perigos, & guerras esforçados, A fama das victorias que tiuerão,
Que eu canto o peyto illuſtre Luſitano,
Mais do que prometia a força humana.
A quem Neptuno, & Marte obedeçerão:
E entre gente remota edificarão Ceſſe tudo o que a Muſa antigua canta,
Nouo Reino, que tanto ſublimarão. Que outro valor mais alto ſe aleuanta.
A adoção da etimologia como supremo princípio
ortográfico foi o resultado da influência da
ortografia francesa e do desejo de tornar a língua
portuguesa, também no plano gráfico, o mais
diferenciada possível da espanhola.
Viagens na Minha Terra
Almeida Garrett
(1.ª edição 1846)

Que viage á roda do seu quarto quem está á beira dos Alpes, de hynverno, em Turim, que é quasi tam frio como
San'Petersburgo—intende-se. Mas com este clima, com este ar que Deus nos deu, onde a laranjeira cresce na horta, e o mato é de
murta, o proprio Xavier de Maistre, que aqui escrevesse, ao menos ia até o quintal.

Eu muitas vezes, n'estas suffocadas noites d'estio, viajo até á minha janella para ver uma nesguita de Tejo que está no fim da rua,
e me inganar com uns verdes de árvores que alli vegetam sua laboriosa infancia nos intulhos do Caes-do-Sodré. E nunca escrevi
éstas minhas viagens nem as suas impressões: pois tinham muito que ver! Foi sempre ambiciosa a minha penna: pobre e suberba,
quer assumpto mais largo. Pois hei de dar-lh'o. Vou nada menos que a Santarem: e protesto que de quanto vir e ouvir, de quanto
eu pensar e sentir se hade fazer chronica.

Era uma idea vaga, mais desejo que tenção, que eu tinha ha muito de ir conhecer as riccas varzeas d'esse Ribatejo, e saudar em
seu alto cume a mais historica e monumental das nossas villas. Aballam-me as instancias de um amigo, decidem-se as tonterias
de um jornal, que por mexeriquice quiz incabeçar em designio politico determinado a minha visita.

Pois por isso mesmo vou: — pronunciei-me.

São 17 d'este mez de julho, anno de graça de 1843, uma segunda-feira, dia sem nota e de boa estrea. Seis horas da manham a dar
em San'Paulo, e eu a caminhar para o Terreiro-do-Paço. Chego muito a horas, invergonhei os meus madrugadores dos meus
companheiros de viagem, que todos se prezam de mais matutinos homens que eu. Ja vou quasi no fim da praça, quando oiço o
rodar grave mas pressuroso de uma carroça d'ancien règime: é o nosso chefe e commandante, o capitão da impreza, o Sr. C. da T.
que chega em estado.
Ortografia portuguesa

De 1911 até aos nossos dias

A Reforma Ortográfica de 1911 e a cisão entre Portugal e Brasil

 Com a implantação da República em Portugal (5 de outubro de 1910) foi


nomeada uma comissão para estabelecer uma ortografia simplificada a
usar nas publicações oficiais e no ensino, que foi oficializada por
portaria de 1 de setembro de 1911.

 A Reforma Ortográfica de 1911 foi profunda e modificou


completamente o aspeto da língua escrita, aproximando-o muito do
atual. Desapareceram as consoantes dobradas, os grupos ph, th, rh, etc.
Contra!

Imaginem esta palavra phase, escripta assim: fase. Não


nos parece uma palavra, parece-nos um esqueleto.
Affligimo-nos extraordinariamente quando pensamos que
haveriamos de ser obrigados a escrever assim!

Alexandre Fontes, A Questão Orthographica, Lisboa, 1910, p. 9.


Contra!
A orthographia official só é obrigatoria para certos amanuenses e
funccionarios publicos, em documentos officiaes, ou extra-
officiaes, para professores primarios e para os seus alumnos nos
exames a que tenham de submetter-se.
Para outras quaesquer pessoas, e sobretudo para os homens de
letras, não.
A propriedade litterária, comprehende não só as ideas d’aquelle
que produziu a obra, mas tambem, e principalmente, a fórma de
que as revestiu. Os textos, comprehendendo essas duas cousas,
são propriedade absoluta do auctor, e, em vida d’elle, e de seus
successores, a ninguem é licito fazer-lhes qualquer alteração.

João Penha, Echos do Passado. Porto: Companhia Portuguesa Editora, 1914, p. 167.
Contra!

Na palavra lagryma, a forma da y é lacrymal; estabelece a


harmonia entre a sua expressão graphica ou plastica e a sua
expressão psychologica; substituindo-lhe o y pelo i é offender
as regras da Esthetica. Na palavra abysmo, é a forma do y que
lhe dá profundidade, escuridão, mysterio... Escrevel-a com i
latino é fechar a boca do abysmo, é transformal-o numa
superficie banal.

Teixeira de Pascoaes, in A Águia, citado por Francisco Álvaro Gomes, O Acordo


Ortográfico. Porto, Edições Flumen e Porto Editora, 2008, p. 10
Contra!

Não tenho sentimento nenhum politico ou social. Tenho,


porém, num sentido, um alto sentimento patriotico. Minha
patria é a lingua portugueza. Nada me pesaria que invadissem
ou tomassem Portugal, desde que não me incommodassem
pessoalmente. Mas odeio, com odio verdadeiro, com o unico
odio que sinto, não quem escreve mal portuguez, não quem
não sabe syntaxe, mas a pagina mal escripta, como pessoa
propria, a orthographia sem ipsilon, como escarro directo que
me enoja independentemente de quem o cuspisse.

Fernando Pessoa, “Descobrimento”, in Livro do Desassossego.


Cronologia de um diferendo luso-brasileiro

1911 Reforma Ortográfica em Portugal, não extensiva ao Brasil.

1924 A Academia das Ciências de Lisboa e a Academia Brasileira


de Letras começam a procurar uma grafia comum.

1931 É aprovado um primeiro acordo ortográfico entre o Brasil


e Portugal, visando suprimir as diferenças.

1943 É redigido o Formulário Ortográfico de 1943.

1945 É aprovado um novo Acordo Ortográfico de 1945 que se


torna lei em Portugal, mas não no Brasil que se continua a
regular pela ortografia do Formulário de 1943.

1971 São promulgadas alterações no Brasil, reduzindo as divergências ortográficas com Portugal.

1973 São promulgadas alterações em Portugal, reduzindo as divergências ortográficas com o Brasil.

1975 A Academia das Ciências de Lisboa e a Academia Brasileira de Letras elaboram novo projeto de acordo, que não é
aprovado oficialmente.

1986 Os então sete países de língua oficial portuguesa reúnem-se e apresentam o Memorando Sobre o Acordo
Ortográfico da Língua Portuguesa que é amplamente discutido e contestado pela comunidade linguística, nunca
chegando a ser aprovado.

1990 É assinado em Lisboa o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (1990).


Línguas mais faladas do mundo
(falantes nativos)

1200
1100

1000

800

600

400 330
300
250 220
200
185
160 149
200 130 125
90 80 75

George H. J. Weber, The World's 10 most influential languages, 1997


Fonte:
Revista Língua Portuguesa, ano 7, nº 72, outubro de 2011, p. 38-39
O que é o Acordo Ortográfico?
O Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa é um tratado
internacional com o objetivo de criar uma ortografia
unificada para o português, pondo fim à existência de
duas normas ortográficas oficiais divergentes,
contribuindo, assim, para aumentar o prestígio
internacional da língua.

Foi assinado por representantes de Angola, Brasil, Cabo


Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e São Tomé e
Príncipe em Lisboa, em 16 de dezembro de 1990. O
processo negocial contou com a presença de uma
delegação de observadores da Galiza. Timor-Leste aderiu
ao Acordo em 2004.
Implementação
1990 Assinatura do AO.

1994 Data prevista para entrada em vigor do AO, após


ratificação de todos os países.

1998 1.º Protocolo Modificativo: retira a data para entrada


em vigor.

2004 2.º Protocolo Modificativo: inclui Timor-Leste e define


a entrada em vigor do AO mediante a ratificação de
apenas três países.

2009 Entrada em vigor no Brasil, Cabo Verde e Portugal.


Situação em Portugal

23-08-1991 Ratificação do AO.

13-05-2009 Entrada em vigor com um período de transição de seis anos.

15-01-2010 Publicado o Vocabulário Ortográfico do Português (Portal da


Língua Portuguesa), adotado como referência oficial em
Portugal.

01-09-2011 Entrada em vigor no sistema de ensino.

01-01-2012 Entrada em vigor em todos os serviços, organismos e entidades


na dependência do Governo, incluindo Diário da República.

12-05-2015 Fim do período de transição.


Nos restantes países lusófonos

Brasil e Cabo Verde


AO ratificado e em prática desde 2009. Períodos de
transição de 3 anos (Brasil) e 10 anos (CV).

Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste


AO ratificado, mas sem data estabelecida para
entrada em vigor.

Angola e Moçambique
AO ainda não ratificado.
Alterações introduzidas
Segundo a Nota Explicativa, o AO altera a
grafia de cerca de 0,5% do total de palavras
na norma brasileira e 1,6% do total de
palavras na norma em vigor em Portugal,
PALOP, Timor-Leste e Macau.

São cinco as alterações que afetam a escrita


da língua em Portugal:

1. Inclusão das letras k, w e y no alfabeto da


língua portuguesa
2. Supressão de acentos
3. Emprego do hífen
4. Supressão das consoantes mudas
5. Uso de inicial minúscula
Inclusão das letras k, w e y no alfabeto
Usam-se apenas em antropónimos e topónimos
originários de línguas estrangeiras e seus
derivados; em siglas, símbolos e unidades de
medida; em palavras correntes de origem
estrangeira:
• Exemplos: kantiano; kg (quilograma); km
(quilómetro); Kosovo e kosovar; kwanza; W
(watt, tungsténio, oeste); wagneriano;
washingtoniano; windsurfista;
yoga.
Supressão de acentos (1/3)
Em palavras graves com ditongos tónicos oi na
penúltima sílaba:

• Exemplos: asteroide; boia, heroico;


espermatozoide; jiboia; joia; paleozoico.

Nota: o acento continuará a ser usado em palavras


agudas e monossílabas: herói, constrói, dói.
Supressão de acentos (2/3)

Em formas verbais graves terminadas em -eem


da 3.ª pessoa do plural do presente do
indicativo ou do conjuntivo:

• Exemplos: creem; deem; descreem; leem;


veem.
Supressão de acentos (3/3)
Em palavras graves homógrafas de palavras com
vogal tónica aberta ou fechada:
• Exemplos: para (forma do verbo parar); pelo
(forma do verbo pelar); pelo (pilosidade); polo
(substantivo); pera e pero (substantivos).

Nota: o acento circunflexo mantém-se nas formas pôde


(3.ª pessoa do singular do pretérito perfeito do
indicativo) que se diferencia da correspondente forma do
presente do indicativo pode, e na forma verbal pôr, para
assim a distinguir da proposição por.
Emprego do hífen (1/3)
Elimina-se
Na maior parte das locuções:
• Exemplos: cartão de visita; casca de noz; fim de semana.

Nota: são consideradas exceções consagradas pelo uso: água-


de-colónia, arco-da-velha, cor-de-rosa, mais-que-perfeito, pé-
de-meia, ao deus-dará, à queima-roupa.

No verbo haver acompanhado da preposição de:


• Exemplos: hei de; hás de; há de; heis de; hão de.

Em compostos em que se perdeu a noção de composição:


• Exemplos: mandachuva; paraquedas.
Emprego do hífen (2/3)
Elimina-se
Em compostos em que o prefixo termina em vogal e o segundo elemento
começa por r ou s, duplicando-se a consoante:
• Exemplos: antirreligioso; autorrádio; autosserviço; antirrugas;
contrarregra; contrarrelógio; contrassenso; minissaia; semirreta;
ultrassónico.

Em compostos em que o prefixo termina em vogal e o segundo elemento


começa por vogal diferente:
• Exemplos: agroindustrial; antiaéreo; autoestrada; extraescolar;
intraósseo; plurianual.

Em compostos com o prefixo co-, mesmo quando o segundo elemento


começa por o:
• Exemplos: coadministração; coautor; codireção; coobrigação;
coocorrência; coorganizador; coprodutor.
Emprego do hífen (3/3)
Emprega-se:
Em compostos que designam espécies botânicas ou zoológicas:
• Exemplos: andorinha-do-mar; bem-me-quer; cobra-capelo; couve-flor; ervilha-
de-cheiro; feijão-verde; formiga-branca.

Em compostos em que o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa


pela mesma vogal:
• Exemplos: anti-ibérico; contra-almirante; intra-arterial; micro-ondas; semi-
interno.

Em compostos com prefixos circum- e pan-, quando o segundo elemento começa


por vogal, h, m ou n:
• Exemplos: circum-navegação; pan-africano.

Em compostos com os prefixos hiper-, inter- e super-, quando o segundo elemento


começa por r:
• Exemplos: hiper-realista; inter-racial; super-resistente.
Supressão das consoantes mudas (1/6)

Em sequências consonânticas -cc-:


• Exemplos: abstracionismo; acionamento;
colecionador; confecionar; direcional; fracionar;
lecionar; selecionar; transacionar.

Nota: a consoante mantém-se sempre que é


articulada: faccioso, friccionar, perfeccionismo.
Supressão das consoantes mudas (2/6)

Em sequências consonânticas -cç-:


• Exemplos: ação; coleção; contração; correção;
deteção; direção; distração; ereção; extração;
fração; injeção; objeção; projeção; proteção;
reação; seleção.

Nota: a consoante mantém-se sempre que é


articulada: convicção, ficção, fricção, sucção.
Supressão das consoantes mudas (3/6)
Em sequências consonânticas -ct-:
• Exemplos: ativar; ator; atual; adjetivo; afeto;
arquitetura; coletivo; correto; detetar; dialeto;
direto; diretor; elétrico; espetáculo; exato; letivo;
objetivo; objeto; projeto; refletir; teto.

Nota: a consoante mantém-se sempre que é


articulada: bactéria, compacto, convicto, facto,
intelectual, invicta, lácteo, néctar, octógono, pacto,
pictórico.
Supressão das consoantes mudas (4/6)

Em sequências consonânticas -pc-:


• Exemplos: anticoncecional; dececionante;
excecional; percecionismo; rececionista.

Nota: a consoante mantém-se sempre que é


articulada: capcioso, egípcio, núpcias, opcional.
Supressão das consoantes mudas (5/6)

Em sequências consonânticas -pç-:


• Exemplos: aceção; adoção; deceção; interceção;
receção.

Nota: a consoante mantém-se sempre que é


articulada: corrupção, erupção, interrupção, opção.
Supressão das consoantes mudas (6/6)

Em sequências consonânticas -pt-:


• Exemplos: Egito; adotar; batismo; ótimo;
otimismo, perentório.

Nota: a consoante mantém-se sempre que é


articulada: adepto, apto, eucalipto, inepto, rapto.
Uso de inicial minúscula
Nos meses e estações do ano:
• Exemplos: janeiro; fevereiro; março; verão; inverno.

Nos pontos cardeais, colaterais e subcolaterais:


• Exemplos: norte; sul; este; oeste; nordeste; sudoeste; nor-
noroeste; oés-sudeste.
Nota: mantém-se inicial maiúscula nas abreviaturas dos pontos
cardeais e colaterais, bem como na designação de regiões com os
mesmos nomes: “Eu sou do Norte (de Portugal)”.

Nas designações usadas para mencionar alguém cujo nome se


desconhece:
• Exemplos: fulano; sicrano; beltrano.
Alterações circunscritas ao Brasil
Supressão do trema: -gü- e -qü-
• Exemplos: agüentar > aguentar; seqüência > sequência.

Supressão de acentos: -éia


• Exemplos: idéia > ideia; Coréia > Coreia; geléia > geleia.

Supressão de acentos: -ú-


• Exemplos: apazigúe > apazigue; feiúra > feiura

Supressão de acentos: -ôo-


• Exemplos: abençôo > abençoo; enjôo > enjoo; vôo > voo.
O antes e o depois.

Alguns
exercícios.
Antes:

factor
Depois:

fator
Antes:

facto
Depois:

facto
Antes:

óptica
Depois:

ótica
Antes:

corrupção
Depois:

corrupção
Antes:

recepção
Depois:

receção
Antes:

heróico
Depois:

heroico
Antes:

herói
Depois:

herói
Antes:

lêem
Depois:

leem
Antes:

pêlo
(pilosidade)

Depois:

pelo
Antes:

pôr-do-sol
Depois:

pôr do sol
Antes:

pára-quedas
Depois:

paraquedas
Antes:

mini-saia
Depois:

minissaia
Antes:

auto-estrada
Depois:

autoestrada
Antes:

microondas
Depois:

micro-ondas
Antes:

mão-de-obra
Depois:

mão de obra
Antes:

faccioso
Depois:

faccioso
Antes:

facção
Depois:

fação
Antes:

selecção
Depois:

seleção
Antes:

ficção
Depois:

ficção
Antes:

arquitecto
Depois:

arquiteto
Antes:

espectador
Depois:

espectador
ou espetador
Antes:

invicta
Depois:

invicta
Antes:

Março
Depois:

março
Antes:

Egipto
Depois:

Egito
Antes:

egípcio
Depois:

egípcio
Antes:

hei-de
Depois:

hei de
Antes:

cor-de-laranja
Depois:

cor de laranja
Antes:

cor-de-rosa
Depois:

cor-de-rosa
Para saber mais

• Acordo Ortográfico de 1990


http://pt.wikipedia.org/wiki/Acordo_Ortográfico_de_1990

• Vocabulário Ortográfico do Português


http://www.portaldalinguaportuguesa.org/vop.html

• Lince - conversor para a nova ortografia


http://www.portaldalinguaportuguesa.org/lince.html

• Dicionário da Língua Portuguesa com Acordo Ortográfico


http://www.infopedia.pt/
dúvidas ou problemas:

Manuel de Sousa
manuel.sousa@exponor.pt
ext. 1421

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