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Objetivos do Módulo
Que os mestrandos:
▪ Identifiquem a dimensão jurídica na tomada de decisão;
▪ Enquadrem o regime jurídico aplicável ao exercício profissional de
Enfermagem;
▪ Promovam a proteção dos direitos humanos e dos direitos fundamentais;
▪ Integrem conhecimentos jurídicos na análise de casos;
▪ Saibam gerir na equipa, de forma apropriada e juridicamente fundamentada,
as práticas de cuidados que podem comprometer a segurança, a privacidade, a
dignidade ou os direitos do cliente.
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Programa do Módulo
Metodologia e Avaliação
Metodologia
Avaliação
▪ Avaliação integrada na UC de Epistemologia, Ética e Direito em
Enfermagem: revisão aprofundada e crítica de um tema ou caso, à
escolha dos estudantes, que englobe as várias dimensões, incluindo
a jurídica.
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Direito
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Direito da Saúde
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Artigo 66.º
Começo da personalidade
1 - A personalidade adquire-se no momento do nascimento completo e com vida.
2 - Os direitos que a lei reconhece aos nascituros dependem do seu nascimento.
Artigo 68.º
Termo da personalidade
1 - A personalidade cessa com a morte.
2 - Quando certo efeito jurídico depender da sobrevivência de uma a outra pessoa,
presume-se, em caso de dúvida, que uma e outra faleceram ao mesmo tempo.
3 - Tem-se por falecida a pessoa cujo cadáver não foi encontrado ou reconhecido,
quando o desaparecimento se tiver dado em circunstâncias que não permitam
duvidar da morte dela.
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Artigo 67.º
Capacidade jurídica
As pessoas podem ser sujeitos de quaisquer relações jurídicas, salvo disposição
legal em contrário; nisto consiste a sua capacidade jurídica.
Artigo 69.º
Renúncia à capacidade jurídica
Ninguém pode renunciar, no todo ou em parte, à sua capacidade jurídica.
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Artigo 130.º
Efeitos da maioridade
Aquele que perfizer dezoito anos de idade adquire plena capacidade de exercício de
direitos, ficando habilitado a reger a sua pessoa e a dispor dos seus bens.
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Artigo 122.º
Menores
É menor quem não tiver ainda completado dezoito anos de idade.
Artigo 123.º
Incapacidade dos menores
Salvo disposição em contrário, os menores carecem de capacidade para o exercício
de direitos.
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Artigo 124.º
Suprimento da incapacidade dos menores
A incapacidade dos menores é suprida pelo poder paternal e, subsidiariamente,
pela tutela, conforme se dispõe nos lugares respectivos.
Artigo 1878º
Conteúdo das responsabilidades parentais
1. Compete aos pais, no interesse dos filhos, velar pela segurança e saúde destes,
prover ao seu sustento, dirigir a sua educação, representá-los, ainda que nascituros,
e administrar os seus bens.
2. Os filhos devem obediência aos pais; estes, porém, de acordo com a maturidade
dos filhos, devem ter em conta a sua opinião nos assuntos familiares importantes e
reconhecer-lhes autonomia na organização da própria vida.
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Artigo 1881º
Poder de representação
1. O poder de representação compreende o exercício de todos os direitos e o
cumprimento de todas as obrigações do filho, exceptuados os actos puramente
pessoais, aqueles que o menor tem o direito de praticar pessoal e livremente e os
actos respeitantes a bens cuja administração não pertença aos pais.
2. Se houver conflito de interesses cuja resolução dependa de autoridade pública,
entre qualquer dos pais e o filho sujeito às responsabilidades parentais, ou entre os
filhos, ainda que, neste caso, algum deles seja maior, são os menores
representados por um ou mais curadores especiais nomeados pelo tribunal.
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Artigo 6.º
Protecção das pessoas que careçam de capacidade para prestar o seu
consentimento
1 — Sem prejuízo dos artigos 17.º e 20.º, qualquer intervenção sobre uma pessoa
que careça de capacidade para prestar o seu consentimento apenas poderá ser
efectuada em seu benefício directo.
2 — Sempre que, nos termos da lei, um menor careça de capacidade para consentir
numa intervenção, esta não poderá ser efectuada sem a autorização do seu
representante, de uma autoridade ou de uma pessoa ou instância designada pela
lei. A opinião do menor é tomada em consideração como um factor cada vez mais
determinante, em função da sua idade e do seu grau de maturidade.
(…)
17
Artigo 6.º
Protecção das pessoas que careçam de capacidade para prestar o seu
consentimento
(…)
3 — Sempre que, nos termos da lei, um maior careça, em virtude de deficiência
mental, de doença ou por motivo similar, de capacidade para consentir numa
intervenção, esta não poderá ser efectuada sem a autorização do seu
representante, de uma autoridade ou de uma pessoa ou instância designada pela
lei. A pessoa em causa deve, na medida do possível, participar no processo de
autorização.
(…)
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Artigo 6.º
Protecção das pessoas que careçam de capacidade para prestar o seu
consentimento
(…)
4 — O representante, a autoridade, a pessoa ou a instância mencionados nos n.ºs
2 e 3 recebem, nas mesmas condições, a informação citada no artigo 5.º.
5 — A autorização referida nos n.ºs 2 e 3 pode, em qualquer momento, ser retirada
no interesse da pessoa em questão.
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Artigo 1915º
Inibição do exercício das responsabilidades parentais
1. A requerimento do Ministério Público, de qualquer parente do menor ou de
pessoa a cuja guarda ele esteja confiado, de facto ou de direito, pode o tribunal
decretar a inibição do exercício das responsabilidades parentais quando qualquer
dos pais infrinja culposamente os deveres para com os filhos, com grave prejuízo
destes, ou quando, por inexperiência, enfermidade, ausência ou outras razões, não
se mostre em condições de cumprir aqueles deveres.
2. A inibição pode ser total ou limitar-se à representação e administração dos bens
dos filhos; pode abranger ambos os progenitores ou apenas um deles e referir-se a
todos os filhos ou apenas a algum ou alguns.
3. Salvo decisão em contrário, os efeitos da inibição que abranja todos os filhos
estendem-se aos que nascerem depois de decretada.
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Artigo 129.º
Termo da incapacidade dos menores
A incapacidade dos menores termina quando eles atingem a maioridade ou são
emancipados, salvas as restrições da lei.
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Artigo 7.º
Ninguém será submetido à tortura nem a pena ou a tratamentos cruéis,
inumanos ou degradantes. Em particular, é interdito submeter uma pessoa
a uma experiência médica ou científica sem o seu livre consentimento.
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Artigo 1.º
O objectivo da Organização Mundial da Saúde (doravante denominado
Organização) será o alcance por todos os povos do mais alto possível
nível de saúde.
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Artigo 19.º
A Assembleia da Saúde terá autoridade para adoptar convenções ou
acordos relativos a qualquer assunto da competência da Organização.
A votação por dois terços da Assembleia será exigida para o
adopção de convenções ou acordos, que entrarão em vigor
para cada Estado-Membro, quando por ele aceites em conformidade com
seus procedimentos constitucionais.
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Artigo 21.º
A Assembleia Geral terá autoridade para adoptar regulamentos relativos:
(A) os procedimentos sanitários e de quarentena, requisitos e outras
iniciativas destinadas a prevenir a propagação internacional de doenças;
(B) as nomenclaturas referentes a doenças, causas de morte e
práticas de saúde pública;
(C) normas relativas a procedimentos de diagnóstico para uso
internacional;
(D) normas relativas à segurança, pureza e potência de produtos biológicos,
produtos farmacêuticos e produtos similares que circulam no comércio
internacional;
(E) publicidade e rotulagem dos produtos biológicos, farmacêuticos e
produtos similares que circulam no comércio internacional.
Marco Aurélio Constantino
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Artigo 22.º
Os regulamentos adoptados ao abrigo do artigo 21.º entrarão em vigor
para todos os Estados Membros, após a devida notificação da sua
aprovação pela Assembleia Geral, excepto para os Estados que notifiquem
o Director-Geral da rejeição ou reservas no prazo indicado na notificação.
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Artigo 23.º
A Assembleia terá autoridade para fazer recomendações dirigidas aos
Membros que respeitem a qualquer assunto da competência da
Organização.
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▪ Conselho da Europa
▪ Convenção para a Protecção dos Direitos do Homem e da
Dignidade do Ser Humano face às aplicações da Biologia e da
Medicina (Convenção sobre os Direitos do Homem e a
Biomedicina) e o Protocolo Adicional que proíbe a Clonagem de
Seres Humanos
▪ Conselho da Europa em Oviedo, em 04.04.1997, e em
Paris, em 12.01.1998
▪ Diário da República, Série I-A, Resolução da Assembleia da
República nº 1/2001, de 3 de Janeiro e Decreto do
Presidente da República nº 1/2001, de 3 de Janeiro
▪ Entrada em vigor: 01.12.2001
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▪ Conselho da Europa
▪ Convenção para a Protecção dos Direitos do Homem e da
Dignidade do Ser Humano face às aplicações da Biologia e da
Medicina
▪ Consentimento
▪ Vida privada e direito à informação
▪ Genoma Humano
▪ Investigação científica
▪ Colheita de órgãos e tecidos em dadores vivos para fins de
transplante
▪ Proibição de obtenção de lucros e utilização de partes do
corpo humano
Marco Aurélio Constantino
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▪ Conselho da Europa
▪ Convenção para a Protecção dos Direitos do Homem e da
Dignidade do Ser Humano face às aplicações da Biologia e da
Medicina
▪ Consentimento
Artigo 5.º
Regra geral
Qualquer intervenção no domínio da saúde só pode ser efectuada após ter sido
prestado pela pessoa em causa o seu consentimento livre e esclarecido.
Esta pessoa deve receber previamente a informação adequada quanto ao objectivo e
à natureza da intervenção, bem como às suas consequências e riscos.
A pessoa em questão pode, em qualquer momento, revogar livremente o seu
consentimento.
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▪ Conselho da Europa
▪ Convenção para a Protecção dos Direitos do Homem e da
Dignidade do Ser Humano face às aplicações da Biologia e da
Medicina
▪ Vida privada e direito à informação
Artigo 10.º
Vida privada e direito à informação
1 — Qualquer pessoa tem direito ao respeito da sua vida privada no que toca a
informações relacionadas com a sua saúde.
2 — Qualquer pessoa tem o direito de conhecer toda a informação recolhida sobre a
sua saúde. Todavia, a vontade expressa por uma pessoa de não ser informada deve
ser respeitada.
3 — A título excepcional, a lei pode prever, no interesse do paciente, restrições ao
exercício dos direitos mencionados no n.º 2.
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▪ Conselho da Europa
▪ Convenção para a Protecção dos Direitos do Homem e da
Dignidade do Ser Humano face às aplicações da Biologia e da
Medicina
▪ Genoma Humano
Artigo 13.º
Intervenções sobre o genoma humano
Uma intervenção que tenha por objecto modificar o genoma humano não pode ser
levada a efeito senão por razões preventivas, de diagnóstico ou terapêuticas e
somente se não tiver por finalidade introduzir uma modificação no genoma da
descendência.
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▪ Conselho da Europa
▪ Convenção para a Protecção dos Direitos do Homem e da
Dignidade do Ser Humano face às aplicações da Biologia e da
Medicina
▪ Investigação científica
Artigo 15.º
Regra geral
A investigação científica nos domínios da biologia e da medicina é livremente
exercida sem prejuízo das disposições da presente Convenção e das outras
disposições jurídicas que asseguram a protecção do ser humano.
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▪ Conselho da Europa
▪ Convenção para a Protecção dos Direitos do Homem e da
Dignidade do Ser Humano face às aplicações da Biologia e da
Medicina
▪ Colheita de órgãos e tecidos em dadores vivos para fins de
transplante
Artigo 19.º
Regra geral
1 — A colheita de órgãos ou de tecidos em dador vivo para transplante só pode ser
efectuada no interesse terapêutico do receptor e sempre que não se disponha de
órgão ou tecido apropriados provindos do corpo de pessoa falecida nem de método
terapêutico alternativo de eficácia comparável.
2 — O consentimento previsto no artigo 5.º deverá ter sido prestado de forma
expressa e específica, quer por escrito quer perante uma instância oficial.
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▪ Conselho da Europa
▪ Convenção para a Protecção dos Direitos do Homem e da
Dignidade do Ser Humano face às aplicações da Biologia e da
Medicina
▪ Proibição de obtenção de lucros e utilização de partes do
corpo humano
Artigo 21.º
Proibição de obtenção de lucros
O corpo humano e as suas partes não devem ser, enquanto tal, fonte de quaisquer
lucros.
Artigo 22.º
Utilização de partes colhidas no corpo humano
Sempre que uma parte do corpo humano tenha sido colhida no decurso de uma
intervenção, não poderá ser conservada e utilizada para outro fim que não aquele
para que foi colhida e apenas em conformidade com os procedimentos de informação
e consentimento adequados.
Marco Aurélio Constantino
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▪ União Europeia
▪ Tratado da União Europeia e Tratado sobre o Funcionamento da
União Europeia
Artigo 6.º
A União dispõe de competência para desenvolver acções destinadas a
apoiar, coordenar ou completar a acção dos Estados-Membros. São os
seguintes os domínios dessas acções, na sua finalidade europeia:
a) Protecção e melhoria da saúde humana;
b) (…)
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▪ União Europeia
▪ Tratado da União Europeia e Tratado sobre o Funcionamento da
União Europeia
Artigo 9.º
Na definição e execução das suas políticas e acções, a União tem em conta
as exigências relacionadas com a promoção de um nível elevado de
emprego, a garantia de uma protecção social adequada, a luta contra a
exclusão social e um nível elevado de educação, formação e protecção da
saúde humana.
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▪ União Europeia
▪ Tratado da União Europeia e Tratado sobre o Funcionamento da
União Europeia
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▪ União Europeia
▪ Tratado da União Europeia e Tratado sobre o Funcionamento da
União Europeia
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▪ União Europeia
▪ Tratado da União Europeia e Tratado sobre o Funcionamento da
União Europeia
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▪ União Europeia
▪ Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia
Artigo 35.º
Protecção da saúde
Todas as pessoas têm o direito de aceder à prevenção em matéria de saúde e
de beneficiar de cuidados médicos, de acordo com as legislações e práticas
nacionais. Na definição e execução de todas as políticas e acções da União,
será assegurado um elevado nível de protecção da saúde humana.
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Artigo 1.º
(República Portuguesa)
Portugal é uma República soberana, baseada na dignidade da pessoa
humana e na vontade popular e empenhada na construção de uma
sociedade livre, justa e solidária.
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Artigo 2.º
(Estado de direito democrático)
A República Portuguesa é um Estado de direito democrático, baseado na
soberania popular, no pluralismo de expressão e organização política
democráticas, no respeito e na garantia de efectivação dos direitos e
liberdades fundamentais e na separação e interdependência de poderes,
visando a realização da democracia económica, social e cultural e o
aprofundamento da democracia participativa.
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Artigo 3.º
(Soberania e legalidade)
1. A soberania, una e indivisível, reside no povo, que a exerce segundo as
formas previstas na Constituição.
2. O Estado subordina-se à Constituição e funda-se na legalidade
democrática.
3. A validade das leis e dos demais actos do Estado, das regiões
autónomas, do poder local e de quaisquer outras entidades públicas
depende da sua conformidade com a Constituição.
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Artigo 12.º
(Princípio da universalidade)
1. Todos os cidadãos gozam dos direitos e estão sujeitos aos deveres
consignados na Constituição.
2. As pessoas colectivas gozam dos direitos e estão sujeitas aos deveres
compatíveis com a sua natureza.
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Artigo 13.º
(Princípio da igualdade)
1. Todos os cidadãos têm a mesma dignidade social e são iguais perante a
lei.
2. Ninguém pode ser privilegiado, beneficiado, prejudicado, privado de
qualquer direito ou isento de qualquer dever em razão de ascendência,
sexo, raça, língua, território de origem, religião, convicções políticas ou
ideológicas, instrução, situação económica, condição social ou orientação
sexual.
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Artigo 24.º
(Direito à vida)
1. A vida humana é inviolável.
2. Em caso algum haverá pena de morte.
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Artigo 25.º
(Direito à integridade pessoal)
1. A integridade moral e física das pessoas é inviolável.
2. Ninguém pode ser submetido a tortura, nem a tratos ou penas cruéis,
degradantes ou desumanos.
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Base 1
Direito à proteção da saúde
1 - O direito à proteção da saúde é o direito de todas as pessoas gozarem do
melhor estado de saúde físico, mental e social, pressupondo a criação e o
desenvolvimento de condições económicas, sociais, culturais e ambientais que
garantam níveis suficientes e saudáveis de vida, de trabalho e de lazer.
2 - O direito à proteção da saúde constitui uma responsabilidade conjunta das
pessoas, da sociedade e do Estado e compreende o acesso, ao longo da vida, à
promoção, prevenção, tratamento e reabilitação da saúde, a cuidados
continuados e a cuidados paliativos.
3 - A sociedade tem o dever de contribuir para a proteção da saúde em todas as
políticas e setores de atividade.
4 - O Estado promove e garante o direito à proteção da saúde através do
Serviço Nacional de Saúde (SNS), dos Serviços Regionais de Saúde e de outras
instituições públicas, centrais, regionais e locais. Marco Aurélio Constantino
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Base 2
Direitos e deveres das pessoas
1 - Todas as pessoas têm direito:
a) À proteção da saúde com respeito pelos princípios da igualdade, não
discriminação, confidencialidade e privacidade;
b) A aceder aos cuidados de saúde adequados à sua situação, com
prontidão e no tempo considerado clinicamente aceitável, de forma digna, de
acordo com a melhor evidência científica disponível e seguindo as boas
práticas de qualidade e segurança em saúde;
c) A escolher livremente a entidade prestadora de cuidados de saúde, na
medida dos recursos existentes;
d) A receber informação sobre o tempo de resposta para os cuidados de
saúde de que necessitem;
(…)
Marco Aurélio Constantino
67
Base 2
Direitos e deveres das pessoas
1 - Todas as pessoas têm direito:
(…)
e) A ser informadas de forma adequada, acessível, objetiva, completa e
inteligível sobre a sua situação, o objetivo, a natureza, as alternativas
possíveis, os benefícios e riscos das intervenções propostas e a evolução
provável do seu estado de saúde em função do plano de cuidados a adotar;
f) A decidir, livre e esclarecidamente, a todo o momento, sobre os cuidados
de saúde que lhe são propostos, salvo nos casos excecionais previstos na lei, a
emitir diretivas antecipadas de vontade e a nomear procurador de cuidados
de saúde;
g) A aceder livremente à informação que lhes respeite, sem necessidade de
intermediação de um profissional de saúde, exceto se por si solicitado;
(…) Marco Aurélio Constantino
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Base 2
Direitos e deveres das pessoas
1 - Todas as pessoas têm direito:
(…)
h) A ser acompanhadas por familiar ou outra pessoa por si escolhida e a
receber assistência religiosa e espiritual;
i) A apresentar sugestões, reclamações e a obter resposta das entidades
responsáveis;
j) A intervir nos processos de tomada de decisão em saúde e na gestão
participada das instituições do SNS;
k) A constituir entidades que as representem e defendam os seus direitos e
interesses, nomeadamente sob a forma de associações para a promoção da
saúde e prevenção da doença, de ligas de amigos e de outras formas de
participação que a lei preveja;
(…) Marco Aurélio Constantino
69
Base 2
Direitos e deveres das pessoas
1 - Todas as pessoas têm direito:
(…)
l) À promoção do bem-estar e qualidade de vida durante o envelhecimento,
numa perspetiva inclusiva e ativa que favoreça a capacidade de decisão e
controlo da sua vida, através da criação de mecanismos adaptativos de
aceitação, de autonomia e independência, sendo determinantes os fatores
socioeconómicos, ambientais, da resposta social e dos cuidados de saúde.
2 - As pessoas com deficiência têm direito às adaptações necessárias para a
efetivação do previsto no número anterior.
3 - As pessoas cuidadas e os respetivos cuidadores informais têm direito a ser
apoiados nos termos da lei, que deve prever direitos e deveres, a capacitação,
a formação e o descanso do cuidador.
(…) Marco Aurélio Constantino
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Base 2
Direitos e deveres das pessoas
4 - Todas as pessoas têm o dever de:
a) Respeitar os direitos das outras pessoas;
b) Colaborar com os profissionais de saúde em todos os aspetos relevantes
para a melhoria do seu estado de saúde;
c) Observar as regras sobre a organização, o funcionamento e a utilização
dos estabelecimentos e serviços de saúde a que recorrem.
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Base 4
Política de saúde
1 - A política de saúde tem âmbito nacional e é transversal, dinâmica e
evolutiva, adaptando-se ao progresso do conhecimento científico e às
necessidades, contextos e recursos da realidade nacional, regional e local,
visando a obtenção de ganhos em saúde.
2 - São fundamentos da política de saúde:
a) A promoção da saúde e a prevenção da doença, devendo ser consideradas
na definição e execução de outras políticas públicas;
b) A melhoria do estado de saúde da população, através de uma abordagem
de saúde pública, da monitorização e vigilância epidemiológica e da
implementação de planos de saúde nacionais, regionais e locais;
c) As pessoas, como elemento central na conceção, organização e
funcionamento de estabelecimentos, serviços e respostas de saúde;
(…) Marco Aurélio Constantino
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02/12/2019
Base 4
Política de saúde
(…)
2 - São fundamentos da política de saúde:
(…)
d) A igualdade e a não discriminação no acesso a cuidados de saúde de
qualidade em tempo útil, a garantia da equidade na distribuição de recursos e
na utilização de serviços e a adoção de medidas de diferenciação positiva de
pessoas e grupos em situação de maior vulnerabilidade;
e) A promoção da educação para a saúde e da literacia para a saúde,
permitindo a realização de escolhas livres e esclarecidas para a adoção de
estilos de vida saudável;
f) A participação das pessoas, das comunidades, dos profissionais e dos
órgãos municipais na definição, no acompanhamento e na avaliação das
políticas de saúde; Marco Aurélio Constantino
(…)
77
Base 4
Política de saúde
(…)
2 - São fundamentos da política de saúde:
(…)
g) A gestão dos recursos disponíveis segundo critérios de efetividade,
eficiência e qualidade;
h) O desenvolvimento do planeamento e a institucionalização da avaliação
em saúde como instrumentos promotores de uma cultura de transparência das
escolhas e de prestação de contas;
i) O incentivo à investigação em saúde, como motor da melhoria da
prestação de cuidados;
j) O reconhecimento da saúde como um investimento que beneficia a
economia e a relevância económica da saúde;
k) A divulgação transparente de informação em saúde;Marco Aurélio Constantino
(…)
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02/12/2019
Base 4
Política de saúde
(…)
2 - São fundamentos da política de saúde:
(…)
l) O acesso ao planeamento familiar, à saúde sexual, escolar, visual, auditiva e
oral e o diagnóstico precoce.
3 - Cabe ao membro do Governo responsável pela área da saúde propor a
política de saúde a definir pelo Governo, promover a respetiva execução e
fiscalização, e coordenar a sua ação com a dos outros ministérios e entidades.
4 - A política de saúde deve incentivar a adoção de medidas promotoras da
responsabilidade social, individual e coletiva, nomeadamente apoiando
voluntários, cuidadores informais e dadores benévolos.
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Base 6
Responsabilidade do Estado
1 - A responsabilidade do Estado pela realização do direito à proteção da
saúde efetiva-se primeiramente através do SNS e de outros serviços públicos,
podendo, de forma supletiva e temporária, ser celebrados acordos com
entidades privadas e do setor social, bem como com profissionais em regime de
trabalho independente, em caso de necessidade fundamentada.
2 - O Estado pode cometer a associações públicas profissionais o controlo do
acesso e exercício da profissão, a possibilidade de propor normas técnicas,
princípios e regras deontológicos específicos e um regime disciplinar
autónomo.
3 - O Estado assegura o planeamento, regulação, avaliação, auditoria,
fiscalização e inspeção das entidades que integram o SNS e das entidades do
setor privado e social.
Marco Aurélio Constantino
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Base 19
Sistema de saúde
1 - O funcionamento do sistema de saúde não pode pôr em causa o papel
central do SNS enquanto garante do cumprimento do direito à saúde.
2 - A lei prevê os requisitos para a abertura, modificação e funcionamento dos
estabelecimentos que prestem cuidados de saúde, independentemente da sua
natureza jurídica ou do seu titular, com vista a garantir a qualidade e
segurança necessárias.
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Base 20
Serviço Nacional de Saúde
1 - O SNS é o conjunto organizado e articulado de estabelecimentos e serviços
públicos prestadores de cuidados de saúde, dirigido pelo ministério
responsável pela área da saúde, que efetiva a responsabilidade que cabe ao
Estado na proteção da saúde.
2 - O SNS pauta a sua atuação pelos seguintes princípios:
a) Universal, garantindo a prestação de cuidados de saúde a todas as
pessoas sem discriminações, em condições de dignidade e de igualdade;
b) Geral, assegurando os cuidados necessários para a promoção da saúde,
prevenção da doença e o tratamento e reabilitação dos doentes;
c) Tendencial gratuitidade dos cuidados, tendo em conta as condições
económicas e sociais dos cidadãos;
(…)
Marco Aurélio Constantino
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Base 20
Serviço Nacional de Saúde
(…)
2 - O SNS pauta a sua atuação pelos seguintes princípios:
(…)
d) Integração de cuidados, salvaguardando que o modelo de prestação
garantido pelo SNS está organizado e funciona de forma articulada e em rede;
e) Equidade, promovendo a correção dos efeitos das desigualdades no acesso
aos cuidados, dando particular atenção às necessidades dos grupos vulneráveis;
f) Qualidade, visando prestações de saúde efetivas, seguras e eficientes, com
base na evidência, realizadas de forma humanizada, com correção técnica e
atenção à individualidade da pessoa;
g) Proximidade, garantindo que todo o país dispõe de uma cobertura racional
e eficiente de recursos em saúde;
(…) Marco Aurélio Constantino
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Base 20
Serviço Nacional de Saúde
(…)
2 - O SNS pauta a sua atuação pelos seguintes princípios:
(…)
h) Sustentabilidade financeira, tendo em vista uma utilização efetiva,
eficiente e de qualidade dos recursos públicos disponíveis;
i) Transparência, assegurando a existência de informação atualizada e clara
sobre o funcionamento do SNS.
3 - O SNS dispõe de estatuto próprio, tem organização regionalizada e uma
gestão descentralizada e participada.
84
42
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Base 22
Organização e funcionamento do Serviço Nacional de Saúde
1 - A lei regula a organização e o funcionamento do SNS e a natureza jurídica
dos vários estabelecimentos e serviços prestadores que o integram, devendo o
Estado assegurar os recursos necessários à efetivação do direito à proteção da
saúde.
2 - A organização e funcionamento do SNS sustenta-se em diferentes níveis de
cuidados e tipologias de unidades de saúde, que trabalham de forma
articulada, integrada e intersetorial.
3 - A organização interna dos estabelecimentos e serviços do SNS deve basear-
se em modelos que privilegiam a autonomia de gestão, os níveis intermédios
de responsabilidade e o trabalho de equipa.
(…)
Marco Aurélio Constantino
85
Base 22
Organização e funcionamento do Serviço Nacional de Saúde
(…)
4 - O funcionamento dos estabelecimentos e serviços do SNS deve apoiar-se em
instrumentos e técnicas de planeamento, gestão e avaliação que garantam
que é retirado o maior proveito, socialmente útil, dos recursos públicos que
lhe são alocados.
5 - O funcionamento do SNS sustenta-se numa força de trabalho planeada e
organizada de modo a satisfazer as necessidades assistenciais da população,
em termos de disponibilidade, acessibilidade, aceitabilidade e qualidade,
evoluindo progressivamente para a criação de mecanismos de dedicação plena
ao exercício de funções públicas, estruturadas em carreiras, devendo ser
garantidas condições e ambientes de trabalho promotores de satisfação e
desenvolvimento profissionais e da conciliação da vida profissional,
Marco Aurélio pessoal e
Constantino
familiar.
86
43
02/12/2019
Base 22
Organização e funcionamento do Serviço Nacional de Saúde
(…)
6 - Ao SNS incumbe promover, nos seus estabelecimentos e serviços e consoante
a respetiva missão, as condições adequadas ao desenvolvimento de atividades
de ensino e de investigação clínica.
87
Base 28
Profissionais de saúde
1 - São profissionais de saúde os trabalhadores envolvidos em ações cujo
objetivo principal é a melhoria do estado de saúde de indivíduos ou das
populações, incluindo os prestadores diretos de cuidados e os prestadores de
atividades de suporte.
2 - Os profissionais de saúde, pela relevante função social que desempenham
ao serviço das pessoas e da comunidade, estão sujeitos a deveres éticos e
deontológicos acrescidos, nomeadamente a guardar sigilo profissional sobre
a informação de que tomem conhecimento no exercício da sua atividade.
3 - Os profissionais de saúde têm direito a aceder à formação e ao
aperfeiçoamento profissionais, tendo em conta a natureza da atividade
prestada, com vista à permanente atualização de conhecimentos.
(…) Marco Aurélio Constantino
88
44
02/12/2019
Base 28
Profissionais de saúde
(…)
4 - Os profissionais de saúde têm o direito e o dever de, inseridos em carreiras
profissionais, exercer a sua atividade de acordo com a legis artis e com as
regras deontológicas, devendo respeitar os direitos da pessoa a quem
prestam cuidados, mas podendo exercer a objeção de consciência, nos termos
da lei.
5 - O membro do Governo responsável pela área da saúde organiza um registo
nacional de profissionais de saúde, incluindo aqueles cuja inscrição seja
obrigatória numa associação pública profissional.
(…)
89
Base 28
Profissionais de saúde
(…)
6 - Os profissionais de saúde que exerçam funções no âmbito de
estabelecimentos prestadores de cuidados de saúde estão sujeitos a auditoria,
inspeção e fiscalização do ministério responsável pela área da saúde, sem
prejuízo das atribuições cometidas a associações públicas profissionais.
7 - Os profissionais de saúde em regime de trabalho independente devem ser
titulares de seguro contra os riscos decorrentes do exercício da sua atividade.
90
45
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92
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02/12/2019
Artigo 3.º
Âmbito pessoal
São abrangidos pelo REPE todos os enfermeiros que exerçam a sua actividade no
território nacional, qualquer que seja o regime em que prestem a sua actividade.
117
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02/12/2019
Extra-Contratual
Enfermeiro /
Estabelecimento
de Saúde
Prestação de
cuidados de
saúde /
Enfermagem
Doente / Cliente
Contratual
141
Contratual
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02/12/2019
Contratual
143
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02/12/2019
Pressupostos
Enfermeiro / ▪ Facto
Estabelecimento
de Saúde ▪ Ilicitude/Incumprimento ou
Prestação de Cumprimento defeituoso
cuidados de ▪ Culpa
saúde / ▪ Danos (Patrimoniais/Não
Enfermagem Patrimoniais)
Doente / Cliente ▪ Nexo de Causalidade
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02/12/2019
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170
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02/12/2019
Artigo 1º
Direito à educação sexual e de acesso ao planeamento familiar
1 – O Estado garante o direito à educação sexual como componente do direito
fundamental à educação.
2 – Incumbe ao Estado, para protecção da família, pelos meios necessário, a
divulgação dos métodos de planeamento familiar e organizar as estruturas jurídicas e
técnicas que permitam o exercício de uma maternidade e paternidade conscientes.
171
Artigo 3.º
Objecto do planeamento familiar
1 - O direito de se informar e de ser informado sem impedimentos nem
discriminações inclui o livre acesso aos conhecimentos científicos e sociológicos
necessários à prática de métodos salutares de planeamento familiar e ao exercício de
uma maternidade e paternidade responsáveis.
2 - O planeamento familiar tem por objecto proporcionar aos indivíduos e aos casais
informações, conhecimentos e meios que lhes permitam uma decisão livre e
responsável sobre o número de filhos e o intervalo entre o seu nascimento.
3 - Os métodos de planeamento familiar constituem instrumento privilegiado de
defesa da saúde das mães e dos filhos, de prevenção do aborto e de defesa da saúde
e da qualidade de vida dos familiares.
172
86
02/12/2019
Artigo 4.º
Conteúdo do planeamento familiar
1 - O planeamento familiar postula acções de aconselhamento genético e conjugal, de
informação de métodos e fornecimento de meios de contracepção, tratamento da
infertilidade e prevenção de doenças de transmissão sexual e o rastreio do cancro
genital.
2 - São do foro pessoal e conjugal as opções sobre meios e métodos contraceptivos.
173
Artigo 6.º
Gratuitidade das consultas sobre planeamento familiar
1 - As consultas sobre planeamento familiar e os meios contraceptivos
proporcionados por entidades públicas são gratuitos.
2 - As informações e os conselhos prestados devem ser objectivos e baseados
exclusivamente em dados científicos.
3 - Só pode ser recusada pelos serviços de planeamento familiar a utilização de um
determinado método de contracepção com base em razões de ordem médica
devidamente fundamentadas.
174
87
02/12/2019
Artigo 10.º
Esterilização voluntária
1 - A esterilização voluntária só pode ser praticada por maiores de 25 anos, mediante
declaração escrita devidamente assinada, contendo a inequívoca manifestação de
vontade de que desejam submeter-se à necessária intervenção e a menção de que
foram informados sobre as consequências da mesma, bem como a identidade e a
assinatura do médico solicitado a intervir.
2 - A exigência do limite de idade constante do nº 1 é dispensada nos casos em que a
esterilização é determinada por razões de ordem terapêutica.
175
Artigo 11.º
Direito à objecção de consciência
É assegurado aos médicos o direito à objecção de consciência, quando solicitados
para a prática da inseminação artificial ou de esterilização voluntária.
176
88
02/12/2019
Artigo 15.º
Dever de sigilo profissional
Os funcionários dos centros de consulta sobre planeamento familiar e dos centros de
atendimento de jovens ficam sujeitos à obrigação de sigilo profissional sobre o
objecto, o conteúdo e o resultado das consultas em que tiverem intervenção e, em
geral, sobre actos ou factos de que tenham tido conhecimento no exercício dessas
funções ou por causa delas.
177
Artigo 1.º
Âmbito
O presente diploma visa conceder maior eficácia aos dispositivos legais que garantam
a promoção a uma vida sexual e reprodutiva saudável, mais gratificante e
responsável, consagrando medidas no âmbito da educação sexual, do reforço do
acesso ao planeamento familiar e aos métodos contraceptivos, tendo em vista,
nomeadamente, a prevenção de gravidezes indesejadas e o combate às doenças
sexualmente transmissíveis, designadamente as transmitidas pelo HIV e pelos vírus
das hepatites B e C.
.
178
89
02/12/2019
Artigo 2.º
Educação sexual
1 - Nos estabelecimentos de ensino básico e secundário será implementado um
programa para a promoção da saúde e da sexualidade humana, no qual será
proporcionada adequada informação sobre a sexualidade humana, o aparelho
reprodutivo e a fisiologia da reprodução, sida e outras doenças sexualmente
transmissíveis, os métodos contraceptivos e o planeamento da família, as relações
interpessoais, a partilha de responsabilidades e a igualdade entre os géneros.
(…)
4 - Na aplicação do estipulado nos números anteriores deverá existir uma colaboração
estreita com os serviços de saúde da respectiva área e os seus profissionais, bem
como com as associações de estudantes e com as associações de pais e encarregados
de educação.
(…)
Marco Aurélio Constantino
179
Artigo 5.º
Atendimento dos jovens
Os jovens podem ser atendidos em qualquer consulta de planeamento familiar, ainda
que em centro de saúde ou serviço hospitalar que não seja da área da sua residência.
180
90
02/12/2019
Artigo 9.º
Prevenção da taxa de repetição da interrupção voluntária da gravidez
O estabelecimento de saúde que tiver efectuado a interrupção voluntária da
gravidez, ou o estabelecimento de saúde que tiver atendido qualquer caso de aborto,
de aborto tentado ou qualquer das suas consequências, providenciará para que a
mulher, no prazo máximo de sete dias, tenha acesso a consulta de planeamento
familiar.
181
Artigo 6.º
Consulta de planeamento familiar de referência
1 - Em todos os hospitais com serviço de ginecologia e ou obstetrícia integrados no
Serviço Nacional de Saúde devem funcionar consultas de planeamento familiar que
constituam referência para os centros de saúde da área de influência, através de
protocolos estabelecidos no âmbito das unidades coordenadoras funcionais (UCF) já
existentes para as áreas materna e perinatal.
(…)
182
91
02/12/2019
Artigo 6.º
Consulta de planeamento familiar de referência
(…)
2 - As consultas de planeamento familiar referidas no número anterior devem garantir
a prestação de cuidados, nomeadamente:
a) Em situações de risco, designadamente diabetes, cardiopatias e doenças
oncológicas;
b) Em situações com indicação para contracepção cirúrgica, mediante laqueação de
trompas e vasectomia;
c) Em situações tratadas no serviço de urgência ou com internamento por
complicações resultantes de aborto;
d) A puérperas de alto risco;
e) A adolescentes.
(…)
Marco Aurélio Constantino
183
Artigo 6.º
Consulta de planeamento familiar de referência
(…)
3 - Os hospitais devem assegurar a existência de contraceptivos para distribuição
gratuita aos utentes no âmbito das consultas de planeamento familiar.
184
92
02/12/2019
Artigo 8.º
Saúde reprodutiva nos centros de saúde
Em todos os centros de saúde deve existir uma equipa multiprofissional que polarize
as motivações e as iniciativas no campo da saúde reprodutiva e que promova e
garanta:
a) O atendimento imediato nas situações em que haja um motivo expresso que o
justifique;
b) O encaminhamento adequado para uma consulta a realizar no prazo máximo de
15 dias, ponderado o grau de urgência;
c) Consulta de planeamento familiar a utentes que não disponham, à data, de
resposta dos serviços, no âmbito da medicina geral e familiar, como recurso
complementar e concertado desta actividade;
d) A existência de contraceptivos para distribuição gratuita aos utentes.
185
Artigo 9.º
Adolescentes
1 - Os adolescentes são considerados grupo de intervenção prioritária no âmbito da
saúde reprodutiva e da prevenção das doenças sexualmente transmissíveis.
2 - Devem ser tomadas medidas que permitam adequar e melhorar as condições de
acesso e atendimento dos adolescentes nos centros de saúde e hospitais, quer sejam do
sexo feminino quer sejam do sexo masculino.
186
93
02/12/2019
187
Artigo 140º
Aborto
1 – Quem, por qualquer meio e sem consentimento da mulher grávida, a fizer abortar
é punido com pena de prisão de 2 a 8 anos.
2 – Quem, por qualquer meio e com consentimento da mulher grávida, a fizer abortar
é punido com pena de prisão até 3 anos.
3 – A mulher grávida que der consentimento ao aborto praticado por terceiro, ou
que, por facto próprio ou alheio, se fizer abortar, é punida com pena de prisão até 3
anos.
188
94
02/12/2019
Artigo 142.º
Interrupção da gravidez não punível
1 - Não é punível a interrupção da gravidez efectuada por médico, ou sob a sua
direcção, em estabelecimento de saúde oficial ou oficialmente reconhecido e com o
consentimento da mulher grávida, quando:
a) Constituir o único meio de remover perigo de morte ou de grave e irreversível lesão
para o corpo ou para a saúde física ou psíquica da mulher grávida;
b) Se mostrar indicada para evitar perigo de morte ou de grave e duradoura lesão
para o corpo ou para a saúde física ou psíquica da mulher grávida e for realizada nas
primeiras 12 semanas de gravidez;
(…)
189
Artigo 142.º
Interrupção da gravidez não punível
1 - Não é punível a interrupção da gravidez efectuada por médico, ou sob a sua
direcção, em estabelecimento de saúde oficial ou oficialmente reconhecido e com o
consentimento da mulher grávida, quando:
(…)
c) Houver seguros motivos para prever que o nascituro virá a sofrer, de forma
incurável, de grave doença ou malformação congénita, e for realizada nas primeiras
24 semanas de gravidez, excepcionando-se as situações de fetos inviáveis, caso em
que a interrupção poderá ser praticada a todo o tempo;
d) A gravidez tenha resultado de crime contra a liberdade e autodeterminação sexual
e a interrupção for realizada nas primeiras 16 semanas;
e) For realizada, por opção da mulher, nas primeiras 10 semanas de gravidez.
(…)
Marco Aurélio Constantino
190
95
02/12/2019
Artigo 142.º
Interrupção da gravidez não punível
(…)
2 - A verificação das circunstâncias que tornam não punível a interrupção da gravidez
é certificada em atestado médico, escrito e assinado antes da intervenção por médico
diferente daquele por quem, ou sob cuja direcção, a interrupção é realizada, sem
prejuízo do disposto no número seguinte.
3 - Na situação prevista na alínea e) do n.º 1, a certificação referida no número
anterior circunscreve-se à comprovação de que a gravidez não excede as 10 semanas.
(…)
191
Artigo 142.º
Interrupção da gravidez não punível
(…)
4 - O consentimento é prestado:
a) Nos casos referidos nas alíneas a) a d) do n.º 1, em documento assinado pela
mulher grávida ou a seu rogo e, sempre que possível, com a antecedência mínima de
três dias relativamente à data da intervenção;
b) No caso referido na alínea e) do n.º 1, em documento assinado pela mulher grávida
ou a seu rogo, o qual deve ser entregue no estabelecimento de saúde até ao
momento da intervenção e sempre após um período de reflexão não inferior a três
dias a contar da data da realização da primeira consulta destinada a facultar à
mulher grávida o acesso à informação relevante para a formação da sua decisão
livre, consciente e responsável.
(…)
Marco Aurélio Constantino
192
96
02/12/2019
Artigo 142.º
Interrupção da gravidez não punível
(…)
5 - No caso de a mulher grávida ser menor de 16 anos ou psiquicamente incapaz,
respectiva e sucessivamente, conforme os casos, o consentimento é prestado pelo
representante legal, por ascendente ou descendente ou, na sua falta, por quaisquer
parentes da linha colateral.
6 - Se não for possível obter o consentimento nos termos dos números anteriores e a
efectivação da interrupção da gravidez se revestir de urgência, o médico decide em
consciência face à situação, socorrendo-se, sempre que possível, do parecer de outro
ou outros médicos.
7 - Para efeitos do disposto no presente artigo, o número de semanas de gravidez é
comprovado ecograficamente ou por outro meio adequado de acordo com as leges
artis.
Marco Aurélio Constantino
193
Artigo 2.º
Consulta, informação e acompanhamento
1 - Compete ao estabelecimento de saúde oficial ou oficialmente reconhecido onde se
pratique a interrupção voluntária da gravidez garantir, em tempo útil, a realização da
consulta obrigatória prevista na alínea b) do n.º 4 do artigo 142.º do Código Penal e
dela guardar registo no processo próprio.
(…)
194
97
02/12/2019
Artigo 2.º
Consulta, informação e acompanhamento
(…)
2 - A informação a que se refere a alínea b) do n.º 4 do artigo 142.º do Código Penal é
definida por portaria, em termos a definir pelo Governo, devendo proporcionar o
conhecimento sobre:
a) As condições de efectuação, no caso concreto, da eventual interrupção voluntária
da gravidez e suas consequências para a saúde da mulher;
b) As condições de apoio que o Estado pode dar à prossecução da gravidez e à
maternidade;
c) A disponibilidade de acompanhamento psicológico durante o período de reflexão;
d) A disponibilidade de acompanhamento por técnico de serviço social, durante o
período de reflexão.
(…)
Marco Aurélio Constantino
195
Artigo 2.º
Consulta, informação e acompanhamento
(…)
3 - Para efeitos de garantir, em tempo útil, o acesso efectivo à informação e, se for essa
a vontade da mulher, ao acompanhamento facultativo referido nas alíneas c) e d) do
número anterior, os estabelecimentos de saúde, oficiais ou oficialmente reconhecidos,
para além de consultas de ginecologia e obstetrícia, devem dispor de serviços de apoio
psicológico e de assistência social dirigidos às mulheres grávidas.
4 - Os estabelecimentos de saúde oficiais ou oficialmente reconhecidos onde se pratique
a interrupção voluntária da gravidez garantem obrigatoriamente às mulheres
grávidas que solicitem aquela interrupção o encaminhamento para uma consulta de
planeamento familiar.
196
98
02/12/2019
Artigo 4.º
Consentimento livre e esclarecido
O consentimento livre e esclarecido para a interrupção da gravidez é prestado pela
mulher grávida, ou seu representante nos termos da lei, em documento escrito,
normalizado, cujo modelo consta do anexo I a esta portaria, que dela faz parte
integrante.
Artigo 5.º
Presença de outra pessoa
A mulher grávida pode fazer-se acompanhar por outra pessoa durante os actos e
intervenções regulados pelo presente diploma, desde que seja essa a sua vontade.
197
Artigo 10.º
Dever de sigilo
Os médicos, outros profissionais de saúde e demais pessoas que trabalhem nos
estabelecimentos de saúde onde se realize a interrupção da gravidez, ou que com eles
colaborem, estão obrigados ao dever de sigilo relativamente a todos os actos, factos
ou informações de que tenham conhecimento no exercício das suas funções, ou por
causa delas.
198
99
02/12/2019
Artigo 12.º
Objecção de consciência
1 - A objecção de consciência prevista no artigo 6.º da Lei n.º 16/2007, de 17 de Abril, é
manifestada em documento assinado pelo objector, cujo modelo indicativo consta do
anexo III a esta portaria, que dela faz parte integrante.
2 - O documento referido no número anterior deve:
a) Ser apresentado, conforme os casos, ao director clínico, ao director de enfermagem
ou ao responsável clínico do estabelecimento de saúde oficial, hospitalar ou de
cuidados de saúde primários, ou oficialmente reconhecido, conforme o caso, onde o
objector preste serviço;
b) Conter a indicação das alíneas do n.º 1 do artigo 142.º do Código Penal a que
concretamente se refere a objecção.
3 - Os profissionais de saúde objectores de consciência devem assegurar o
encaminhamento das mulheres grávidas que solicitem a interrupção da gravidez para
os serviços competentes, dentro dos prazos legais. Marco Aurélio Constantino
(…)
199
Artigo 16.º
Consulta prévia
1 – (…)
2 - Entre o pedido de marcação e a efectivação da consulta não deve decorrer um
período superior a cinco dias, sem prejuízo do cumprimento dos prazos legais.
3 - No âmbito da consulta, o médico, ou outro profissional de saúde habilitado, deve
prestar todas as informações e os esclarecimentos necessários à mulher grávida ou
ao seu representante legal, tendo em vista uma decisão livre, consciente e
responsável, designadamente sobre:
a) O tempo da gravidez;
b) Os métodos de interrupção adequados ao caso concreto;
c) As eventuais consequências para a saúde física e psíquica da mulher;
(…)
200
100
02/12/2019
Artigo 16.º
Consulta prévia
(…)
3 - No âmbito da consulta, o médico, ou outro profissional de saúde habilitado, deve
prestar todas as informações e os esclarecimentos necessários à mulher grávida ou
ao seu representante legal, tendo em vista uma decisão livre, consciente e
responsável, designadamente sobre:
(…)
d) As condições de apoio que o Estado pode dar à prossecução da gravidez e à
maternidade;
e) A existência de um período obrigatório de reflexão;
f) A disponibilidade de acompanhamento psicológico e por técnico de serviço social
durante o período de reflexão;
g) Os métodos contraceptivos.
Marco Aurélio Constantino
201
Artigo 16.º
Consulta prévia
(…)
4 - Os esclarecimentos referidos no número anterior devem, preferencialmente, ser
acompanhados de informação escrita, desde que tecnicamente validada pelo
Ministério da Saúde.
5 – (…).
6 - O documento normalizado para prestar o consentimento, previsto no anexo I a esta
portaria, deve ser entregue à mulher grávida na consulta.
7 – (…).
202
101
02/12/2019
Artigo 18.º
Período de reflexão
1 - Entre a consulta prévia e a entrega do documento sobre o consentimento livre e
esclarecido para a interrupção da gravidez deve decorrer um período de reflexão não
inferior a três dias.
2 - O documento a que se refere o número anterior pode ser entregue até ao momento
da interrupção da gravidez.
203
Artigo 19.º
Interrupção da gravidez
1 - Após a comprovação da gravidez e após a entrega do documento sobre o
consentimento livre e esclarecido para a interrupção da gravidez, assinado pela mulher
grávida, o conselho de administração do estabelecimento de saúde oficial, o
responsável pelo estabelecimento oficial de cuidados de saúde primários ou o
responsável pelo estabelecimento de saúde oficialmente reconhecido, conforme o caso,
devem assegurar que a interrupção da gravidez se realiza dentro dos prazos legais.
2 - Entre a entrega do documento sobre o consentimento livre e esclarecido para a
interrupção da gravidez e a interrupção da gravidez não deve decorrer um período
superior a cinco dias, salvo se a mulher solicitar um período superior, dentro do prazo
legal.
(…)
204
102
02/12/2019
Artigo 19.º
Interrupção da gravidez
(…)
3 - Os estabelecimentos de saúde oficiais ou oficialmente reconhecidos devem garantir
às mulheres que interrompam a gravidez:
a) A prescrição de um método contraceptivo, desde que adequado;
b) A marcação de uma consulta de saúde reprodutiva/planeamento familiar a
realizar no prazo máximo de 15 dias após a interrupção da gravidez.
(…)
205
206
103
02/12/2019
Artigo 2.º
Composição da Rede
1—A Rede é constituída por unidades e equipas de cuidados continuados de saúde,
e ou apoio social, e de cuidados e acções paliativas, com origem nos serviços
comunitários de proximidade, abrangendo os hospitais, os centros de saúde, os
serviços distritais e locais da segurança social, a Rede Solidária e as autarquias
locais.
2—A Rede organiza-se em dois níveis territoriais de operacionalização, regional e
local.
207
Artigo 3.º
Definições
Para efeitos do presente decreto-lei, entende-se por:
a) «Cuidados continuados integrados» o conjunto de intervenções sequenciais de
saúde e ou de apoio social, decorrente de avaliação conjunta, centrado na
recuperação global entendida como o processo terapêutico e de apoio social, activo
e contínuo, que visa promover a autonomia melhorando a funcionalidade da
pessoa em situação de dependência, através da sua reabilitação, readaptação e
reinserção familiar e social;
(…)
208
104
02/12/2019
Artigo 4.º
Objectivos
1—Constitui objectivo geral da Rede a prestação de cuidados continuados
integrados a pessoas que, independentemente da idade, se encontrem em situação
de dependência.
2—Constituem objectivos específicos da Rede:
a) A melhoria das condições de vida e de bem-estar das pessoas em situação de
dependência, através da prestação de cuidados continuados de saúde e ou de apoio
social;
b) A manutenção das pessoas com perda de funcionalidade ou em risco de a
perder, no domicílio, sempre que mediante o apoio domiciliário possam ser
garantidos os cuidados terapêuticos e o apoio social necessários à provisão e
manutenção de conforto e qualidade de vida;
(…)
Marco Aurélio Constantino
209
Artigo 4.º
Objectivos
(…)
2—Constituem objectivos específicos da Rede:
(…)
c) O apoio, o acompanhamento e o internamento tecnicamente adequados à
respectiva situação;
d) A melhoria contínua da qualidade na prestação de cuidados continuados de
saúde e de apoio social;
e) O apoio aos familiares ou prestadores informais, na respectiva qualificação e na
prestação dos cuidados;
(…)
210
105
02/12/2019
Artigo 4.º
Objectivos
(…)
2—Constituem objectivos específicos da Rede:
(…)
f) A articulação e coordenação em rede dos cuidados em diferentes serviços,
sectores e níveis de diferenciação;
g) A prevenção de lacunas em serviços e equipamentos, pela progressiva cobertura
a nível nacional, das necessidades das pessoas em situação de dependência em
matéria de cuidados continuados integrados e de cuidados paliativos.
211
Artigo 5.º
Cuidados continuados integrados
1—Os cuidados continuados integrados incluem-se no Serviço Nacional de Saúde e
no sistema de segurança social, assentam nos paradigmas da recuperação global e
da manutenção, entendidos como o processo activo e contínuo, por período que se
prolonga para além do necessário para tratamento da fase aguda da doença ou
da intervenção preventiva, e compreendem:
a) A reabilitação, a readaptação e a reintegração social;
b) A provisão e manutenção de conforto e qualidade de vida, mesmo em situações
irrecuperáveis.
2—A prestação de cuidados paliativos centra-se no alívio do sofrimento das
pessoas, na provisão de conforto e qualidade de vida e no apoio às famílias,
segundo os níveis de diferenciação consignados no Programa Nacional de Cuidados
Paliativos, do Plano Nacional de Saúde.
Marco Aurélio Constantino
212
106
02/12/2019
Artigo 6.º
Princípios
A Rede baseia-se no respeito pelos seguintes princípios:
a) Prestação individualizada e humanizada de cuidados;
b) Continuidade dos cuidados entre os diferentes serviços, sectores e níveis de
diferenciação, mediante a articulação e coordenação em rede;
c) Equidade no acesso e mobilidade entre os diferentes tipos de unidades e equipas
da Rede;
d) Proximidade da prestação dos cuidados, através da potenciação de serviços
comunitários de proximidade;
e) Multidisciplinaridade e interdisciplinaridade na prestação dos cuidados;
f) Avaliação integral das necessidades da pessoa em situação de dependência e
definição periódica de objectivos de funcionalidade e autonomia;
(…)
Marco Aurélio Constantino
213
Artigo 6.º
Princípios
A Rede baseia-se no respeito pelos seguintes princípios:
(…)
g) Promoção, recuperação contínua ou manutenção da funcionalidade e da
autonomia;
h) Participação das pessoas em situação de dependência, e dos seus familiares ou
representante legal, na elaboração do plano individual de intervenção e no
encaminhamento para as unidades e equipas da Rede;
i) Participação e co-responsabilização da família e dos cuidadores principais na
prestação dos cuidados;
j) Eficiência e qualidade na prestação dos cuidados.
214
107
02/12/2019
Artigo 7.º
Direitos
A Rede assenta na garantia do direito da pessoa em situação de dependência:
a) À dignidade;
b) À preservação da identidade;
c) À privacidade;
d) À informação;
e) À não discriminação;
f) À integridade física e moral;
g) Ao exercício da cidadania;
h) Ao consentimento informado das intervenções efectuadas
215
Artigo 8.º
Modelo de intervenção
A Rede baseia-se num modelo de intervenção integrada e articulada que prevê
diferentes tipos de unidades e equipas para a prestação de cuidados de saúde e ou
de apoio social e assenta nas seguintes bases de funcionamento:
a) Intercepção com os diferentes níveis de cuidados do sistema de saúde e
articulação prioritária com os diversos serviços e equipamentos do sistema de
segurança social;
b) Articulação em rede garantindo a flexibilidade e sequencialidade na utilização
das unidades e equipas de cuidados;
c) Coordenação entre os diferentes sectores e recursos locais;
(…)
216
108
02/12/2019
Artigo 8.º
Modelo de intervenção
A Rede baseia-se num modelo de intervenção integrada e articulada que prevê
diferentes tipos de unidades e equipas para a prestação de cuidados de saúde e ou
de apoio social e assenta nas seguintes bases de funcionamento:
(…)
d) Organização mediante modelos de gestão que garantam uma prestação de
cuidados efectivos, eficazes e oportunos visando a satisfação das pessoas e que
favoreçam a optimização dos recursos locais;
e) Intervenção baseada no plano individual de cuidados e no cumprimento de
objectivos.
217
Artigo 12.º
Tipos de serviços
1—A prestação de cuidados continuados integrados é assegurada por:
a) Unidades de internamento;
b) Unidades de ambulatório;
c) Equipas hospitalares;
d) Equipas domiciliárias.
2—Constituem unidades de internamento as:
a) Unidades de convalescença;
b) Unidades de média duração e reabilitação;
c) Unidades de longa duração e manutenção;
d) Unidades de cuidados paliativos.
(…)
218
109
02/12/2019
Artigo 12.º
Tipos de serviços
(…)
3—Constitui unidade de ambulatório a unidade de dia e de promoção da
autonomia.
4—São equipas hospitalares as:
a) Equipas de gestão de altas;
b) Equipas intra-hospitalares de suporte em cuidados
paliativos.
5—São equipas domiciliárias as:
a) Equipas de cuidados continuados integrados;
b) Equipas comunitárias de suporte em cuidados
paliativos.
219
Artigo 31.º
Acesso à Rede
São destinatários das unidades e equipas da Rede as pessoas que se encontrem em
alguma das seguintes situações:
a) Dependência funcional transitória decorrente de processo de convalescença ou
outro;
b) Dependência funcional prolongada;
c) Idosas com critérios de fragilidade;
d) Incapacidade grave, com forte impacte psicossocial;
e) Doença severa, em fase avançada ou terminal.
220
110
02/12/2019
BASE I - Âmbito
A presente lei consagra o direito e regula o acesso dos cidadãos aos cuidados
paliativos, define a responsabilidade do Estado em matéria de cuidados paliativos
e cria a Rede Nacional de Cuidados Paliativos (RNCP), a funcionar sob tutela do
Ministério da Saúde.
221
BASE II - Conceitos
Para efeitos da presente lei, entende-se por:
a) «Cuidados paliativos» os cuidados ativos, coordenados e globais, prestados por
unidades e equipas específicas, em internamento ou no domicílio, a doentes em
situação em sofrimento decorrente de doença incurável ou grave, em fase
avançada e progressiva, assim como às suas famílias, com o principal objetivo de
promover o seu bem-estar e a sua qualidade de vida, através da prevenção e alívio
do sofrimento físico, psicológico, social e espiritual, com base na identificação
precoce e do tratamento rigoroso da dor e outros problemas físicos, mas também
psicossociais e espirituais;
b) «Ações paliativas» as medidas terapêuticas sem intuito curativo, isoladas e
praticadas por profissionais sem preparação específica, que visam minorar, em
internamento ou no domicílio, as repercussões negativas da doença sobre o bem-
estar global do doente, nomeadamente em situação de doença incurável ou grave,
em fase avançada e progressiva; Marco Aurélio Constantino
(…)
222
111
02/12/2019
BASE II - Conceitos
Para efeitos da presente lei, entende-se por:
(…)
d) «Obstinação diagnóstica e terapêutica» os procedimentos diagnósticos e
terapêuticos que são desproporcionados e fúteis, no contexto global de cada
doente, sem que daí advenha qualquer benefício para o mesmo, e que podem, por
si próprios, causar sofrimento acrescido;
(…)
223
224
112
02/12/2019
BASE IV - Princípios
Os cuidados paliativos regem-se pelos seguintes princípios:
a) Afirmação da vida e do valor intrínseco de cada pessoa, considerando a morte
como processo natural que não deve ser prolongado através de obstinação
terapêutica;
b) Aumento da qualidade de vida do doente e sua família;
c) Prestação individualizada, humanizada, tecnicamente rigorosa, de cuidados
paliativos aos doentes que necessitem deste tipo de cuidados;
d) Multidisciplinaridade e interdisciplinaridade na prestação de cuidados paliativos;
e) Conhecimento diferenciado da dor e dos demais sintomas;
f) Consideração pelas necessidades individuais dos pacientes;
g) Respeito pelos valores, crenças e práticas pessoais, culturais e religiosas;
h) Continuidade de cuidados ao longo da doença.
225
226
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Artigo 2.º
Definição
A morte corresponde à cessação irreversível das funções do tronco cerebral.
Artigo 3.º
Verificação
1 — A verificação da morte é da competência dos médicos, nos termos da lei.
2 — Cabe à Ordem dos Médicos definir, manter actualizados e divulgar os critérios
médicos, técnicos e científicos de verificação da morte.
233
Artigo 4.º
Do processo de verificação
1 — A verificação da morte compete ao médico a quem, no momento, está
cometida a responsabilidade pelo doente ou que em primeiro lugar compareça,
cabendo-lhe lavrar um registo sumário de que conste:
a) A identificação possível da pessoa falecida, indicando se foi feita por conferência
de documento de identificação ou informação verbal;
b) A identificação do médico pelo nome e pelo número de cédula da Ordem dos
Médicos;
c) O local, a data e a hora da verificação;
d) Informação clínica ou observações eventualmente úteis.
(…)
234
117
02/12/2019
Artigo 4.º
Do processo de verificação
(…)
2 — Em estabelecimentos de saúde públicos ou privados o registo da verificação da
morte deve ser efectuado no respectivo processo clínico.
3 — Fora dos estabelecimentos de saúde o registo pode ser efectuado em papel
timbrado do médico, de instituição ou outro, sendo entregue à família ou à
autoridade que compareça no local.
4 — Nos casos de sustentação artificial das funções cárdio-circulatória e
respiratória a verificação da morte deve ser efectuada por dois médicos, de acordo
com o regulamento elaborado pela Ordem dos Médicos.
235
Artigo 12.º
Certificação da morte
1—Cabe à Ordem dos Médicos, ouvido o Conselho Nacional da Ética para as Ciências
da Vida, enunciar e manter actualizado, de acordo com os progressos científicos
que venham a registar-se, o conjunto de critérios e regras de semiologia médico-
legal idóneos para a verificação da morte cerebral.
(…)
236
118
02/12/2019
I - Condições prévias
Para o estabelecimento do diagnóstico de morte cerebral é necessário que se
verifiquem as seguintes condições:
1) Conhecimento da causa e irreversibilidade da situação clínica;
2) Estado de coma com ausência de resposta motora à estimulação dolorosa na
área dos pares cranianos;
3) Ausência de respiração espontânea;
4) Constatação de estabilidade hemodinâmica e da ausência de hipotermia,
alterações endócrino-metabólicas, agentes depressores do sistema nervoso
central e ou de agentes bloqueadores neuromusculares, que possam ser
responsabilizados pela supressão das funções referidas nos números anteriores.
Marco Aurélio Constantino
237
II - Regras de semiologia
1 - O diagnóstico de morte cerebral implica a ausência na totalidade dos seguintes
reflexos do tronco cerebral:
a) Reflexos fotomotores com pupilas de diâmetro fixo;
b) Reflexos oculocefálicos;
c) Reflexos oculovestibulares;
d) Reflexos corneopalpebrais;
e) Reflexo faríngeo.
2 - Realização da prova de apneia confirmativa da ausência de respiração
espontânea.
238
119
02/12/2019
III - Metodologia
A verificação da morte cerebral requer:
1) Realização de, no mínimo, dois conjuntos de provas com intervalo adequado à
situação clínica e à idade;
2) Realização de exames complementares de diagnóstico, sempre que for
considerado necessário;
3) A execução das provas de morte cerebral por dois médicos especialistas (em
neurologia, neurocirurgia ou com experiência de cuidados intensivos);
4) Nenhum dos médicos que executa as provas poderá pertencer a equipas
envolvidas no transplante de órgãos ou tecidos e pelo menos um não deverá
pertencer à unidade ou serviço em que o doente esteja internado.
Marco Aurélio Constantino
239
240
120
02/12/2019
Artigo 6.º
Obrigatoriedade de sujeição a exames
1 — Ninguém pode eximir-se a ser submetido a qualquer exame médico-legal
quando este se mostrar necessário ao inquérito ou à instrução de qualquer
processo e desde que ordenado pela autoridade judiciária competente, nos termos
da lei.
(…)
241
Artigo 10.º
Acesso à informação
1 — No exercício das suas funções periciais, os médicos e outros técnicos têm
acesso à informação relevante, nomeadamente à constante dos autos, a qual lhes
deve ser facultada em tempo útil pelas entidades competentes por forma a permitir
a indispensável compreensão dos factos e uma mais exaustiva e rigorosa
investigação pericial.
2 — Para efeitos do disposto no número anterior, o presidente do Instituto, os
directores das delegações, os directores dos serviços técnicos ou os coordenadores
dos gabinetes médico-legais podem, observado o disposto nos n.ºs 3 e 4 do artigo
156.º do Código de Processo Penal, solicitar informações clínicas referentes aos
examinados em processos médico-legais, directamente aos serviços clínicos
hospitalares, serviços clínicos de companhias seguradoras ou outras entidades
públicas ou privadas, que as devem prestar no prazo máximo de 30 dias.
Marco Aurélio Constantino
242
121
02/12/2019
Artigo 11.º
Livre trânsito e direito de acesso
1 — Os funcionários envolvidos em investigação pericial no âmbito de situações de
vítimas mortais de crime doloso ou em que exista a suspeita de tal, quando
devidamente identificados e em missão de serviço, têm direito de acesso às
instalações públicas ou privadas onde decorra a investigação.
2 — A identificação a que se refere o número anterior faz-se por meio de cartão de
identificação, aprovado pelo conselho directivo do Instituto.
243
Artigo 13.º
Realização de perícias urgentes
1 — Consideram-se perícias médico-legais urgentes aquelas em que se imponha
assegurar com brevidade a observação de vítimas de violência, tendo
designadamente em vista a colheita de vestígios ou amostras susceptíveis de se
perderem ou alterarem rapidamente, bem como o exame do local em situações de
vítimas mortais de crime doloso ou em que exista suspeita de tal.
2 — Para a realização das perícias médico-legais urgentes a que se refere o número
anterior haverá, diariamente, em cada delegação e gabinete médico-legal, um
perito em serviço de escala, sendo da responsabilidade do director da delegação ou
do coordenador do gabinete médico-legal indicar, para cada mês, os médicos
escalados.
(…)
244
122
02/12/2019
Artigo 14.º
Verificação e certificação dos óbitos
A verificação e certificação dos óbitos é da competência dos médicos, nos termos
da lei.
245
Artigo 15.º
Óbito verificado em instituições de saúde
1 — Nas situações de morte violenta ou de suspeita de morte violenta, bem como
nas mortes de causa ignorada e quando o óbito for verificado em instituições
públicas de saúde ou em instituições privadas de saúde, deve o seu director ou
director clínico:
a) Comunicar o facto, no mais curto prazo, à autoridade judiciária competente,
remetendo-lhe, devidamente preenchido, o boletim de informação clínica aprovado
por portaria conjunta dos Ministros da Justiça e da Saúde, bem como qualquer outra
informação relevante para a averiguação da causa e das circunstâncias da morte;
b) Assegurar a permanência do corpo em local apropriado e providenciar pela
preservação dos vestígios que importe examinar.
(…).
246
123
02/12/2019
Artigo 16.º
Óbito verificado fora de instituições de saúde
1 — Em situações de morte violenta ou de causa ignorada, e quando o óbito for
verificado fora de instituições de saúde, deve a autoridade policial:
a) Inspeccionar e preservar o local;
b) Comunicar o facto, no mais curto prazo, à autoridade judiciária competente,
relatando-lhe os dados relevantes para averiguação da causa e das circunstâncias da
morte que tiver apurado;
c) Providenciar, nos casos de crime doloso ou em que haja suspeita de tal, pela
comparência do perito médico da delegação do Instituto ou do gabinete médico-
legal que se encontre em serviço de escala para as perícias médico-legais urgentes, o
qual procede à verificação do óbito, se nenhum outro médico tiver comparecido
previamente, bem assim como ao exame do local, sem prejuízo das competências
legais da autoridade policial à qual competir a investigação.
(…) Marco Aurélio Constantino
247
Artigo 16.º
Óbito verificado fora de instituições de saúde
(…)
3 — No caso das restantes situações de morte violenta ou de causa ignorada e das
referidas na alínea c) do n.º 1, que se verifiquem em comarcas não compreendidas
na área de actuação das delegações do Instituto ou de gabinetes médico-legais em
funcionamento, compete à autoridade de saúde da área onde tiver sido
encontrado o corpo proceder à verificação do óbito, se nenhum outro médico tiver
comparecido previamente e, se detectada a presença de vestígios que possam
fazer suspeitar de crime doloso, providenciar pela comunicação imediata do facto
à autoridade judiciária.
(…)
248
124
02/12/2019
Artigo 16.º
Óbito verificado fora de instituições de saúde
(…)
6 — Em todas as situações em que não haja certeza do óbito, as autoridades
policiais ou os bombeiros devem conduzir as pessoas com a máxima brevidade ao
serviço de urgência hospitalar mais próximo.
(…)
10 — Nas situações previstas nos números anteriores em que existam dados
identificativos, compete, ainda, às autoridades policiais promover a comunicação
do óbito às famílias.
249
Artigo 18.º
Autópsia médico-legal
1 — A autópsia médico-legal tem lugar em situações de morte violenta ou de causa
ignorada, salvo se existirem informações clínicas suficientes que associadas aos
demais elementos permitam concluir, com segurança, pela inexistência de suspeita
de crime, admitindo-se, neste caso, a possibilidade da dispensa de autópsia.
2 — Tal dispensa nunca se poderá verificar em situações de morte violenta
atribuível a acidente de trabalho ou acidente de viação dos quais tenha resultado
morte imediata.
3 — A autópsia médico-legal pode, ainda, ser dispensada nos casos em que a sua
realização pressupõe o contacto com factores de risco particularmente significativo
susceptíveis de comprometer de forma grave as condições de salubridade ou
afectar a saúde pública.
(…)
Marco Aurélio Constantino
250
125
02/12/2019
Artigo 21.º
Realização das perícias (Exames e perícias no âmbito da clínica médico-legal e
forense)
1 — Os exames e perícias de clínica médico-legal e forense são realizados por um
médico perito.
2 — Os exames de vítimas de agressão sexual podem ser realizados, sempre que
necessário, por dois médicos peritos ou por um médico perito auxiliado por um
profissional de enfermagem.
(…)
251
252
126
02/12/2019
Artigo 1º
Objectivos
A presente lei estabelece os princípios gerais da política de saúde mental e regula o
internamento compulsivo dos portadores de anomalia psíquica, designadamente
das pessoas com doença mental.
253
Artigo 5º
Direitos e deveres do utente
1 – Sem prejuízo do previsto na Lei de Bases da Saúde, o utente dos serviços de
saúde mental tem ainda o direito de:
a) Ser informado, por forma adequada, dos seus direitos, bem como do plano
terapêutico proposto e seus efeitos previsíveis;
b) Receber tratamento e protecção, no respeito pela sua individualidade e
dignidade;
c) Decidir receber ou recusar as intervenções diagnósticas e terapêuticas
propostas, salvo quando for caso de internamento compulsivo ou em situações de
urgência em que a não intervenção criaria riscos comprovados para o próprio ou
para terceiros;
d) Não ser submetido a electroconvulsivoterapia sem o seu prévio consentimento
escrito;
(…) Marco Aurélio Constantino
254
127
02/12/2019
Artigo 5º
Direitos e deveres do utente
1 – Sem prejuízo do previsto na Lei de Bases da Saúde, o utente dos serviços de
saúde mental tem ainda o direito de:
(…)
e) Aceitar ou recusar, nos termos da legislação em vigor, a participação em
investigações, ensaios clínicos ou actividades de formação;
f) Usufruir de condições dignas de habitabilidade, higiene, alimentação, segurança,
respeito e privacidade em serviços de internamento e estruturas residenciais;
g) Comunicar com o exterior e ser visitado por familiares, amigos e representantes
legais, com as limitações decorrentes do funcionamento dos serviços e da natureza
da doença;
h) Receber justa remuneração pelas actividades e pelos serviços por ele prestados;
i) Receber apoio no exercício dos direitos de reclamação e queixa.
(…) Marco Aurélio Constantino
255
Artigo 5º
Direitos e deveres do utente
(…)
2 – A realização de intervenção psicocirúrgica exige, além do prévio consentimento
escrito, o parecer escrito favorável de dois médicos psiquiatras designados pelo
Conselho Nacional de Saúde Mental.
3 – Os direitos referidos nas alíneas c), d) e e) do nº 1 são exercidos pelos
representantes legais quando os doentes sejam menores de 14 anos ou não
possuam o discernimento necessário para avaliar o sentido e alcance do
consentimento.
256
128
02/12/2019
Artigo 27.º
Direito à liberdade e à segurança
1. Todos têm direito à liberdade e à segurança.
2. Ninguém pode ser total ou parcialmente privado da liberdade, a não ser em
consequência de sentença judicial condenatória pela prática de acto punido por lei
com pena de prisão ou de aplicação judicial de medida de segurança.
3. Exceptua-se deste princípio a privação da liberdade, pelo tempo e nas condições
que a lei determinar, nos casos seguintes:
(…)
h) Internamento de portador de anomalia psíquica em estabelecimento
terapêutico adequado, decretado ou confirmado por autoridade judicial
competente.
257
Artigo 8º
Princípios gerais (Internamento Compulsivo)
1 – O internamento compulsivo só pode ser determinado quando for a única forma
de garantir a submissão a tratamento do internado e finda logo que cessem os
fundamentos que lhe deram causa.
2 – O internamento compulsivo só pode ser determinado se for proporcionado ao
grau de perigo e ao bem jurídico em causa.
3 – Sempre que possível o internamento é substituído por tratamento em regime
ambulatório.
4 – As restrições aos direitos fundamentais decorrentes do internamento compulsivo
são as estritamente necessárias e adequadas à efectividade do tratamento e à
segurança e normalidade do funcionamento do estabelecimento, nos termos do
respectivo regulamento interno.
258
129
02/12/2019
Artigo 12º
Pressupostos (Internamento Compulsivo)
1 – O portador de anomalia psíquica grave que crie, por força dela, uma situação
de perigo para bens jurídicos, de relevante valor, próprios ou alheios, de natureza
pessoal ou patrimonial, e recuse submeter-se ao necessário tratamento médico
pode ser internado em estabelecimento adequado.
2 – Pode ainda ser internado o portador de anomalia psíquica grave que não
possua o discernimento necessário para avaliar o sentido e alcance do
consentimento, quando a ausência de tratamento deteriore de forma acentuada o
seu estado.
259
Artigo 13º
Legitimidade (Internamento Compulsivo)
1 – Tem legitimidade para requerer o internamento compulsivo o representante
legal do portador de anomalia psíquica, qualquer pessoa com legitimidade para
requerer a sua interdição, as autoridades de saúde pública e o Ministério Público.
2 – Sempre que algum médico verifique no exercício das suas funções uma
anomalia psíquica com os efeitos previstos no artigo 12º pode comunicá-la à
autoridade de saúde pública competente para os efeitos do disposto no número
anterior.
3 – Se a verificação ocorrer no decurso de um internamento voluntário, tem também
legitimidade para requerer o internamento compulsivo o director clínico do
estabelecimento.
260
130
02/12/2019
Artigo 22º
Pressupostos (Internamento de urgência)
O portador da anomalia psíquica pode ser internado compulsivamente de
urgência, nos termos dos artigos seguintes, sempre que, verificando-se os
pressupostos do artigo 12º, nº 1, exista perigo iminente para os bens jurídicos aí
referidos, nomeadamente por deterioração aguda do seu estado.
261
Artigo 24º
Apresentação do internando (Internamento de urgência)
O internando é apresentado de imediato no estabelecimento com urgência
psiquiátrica mais próximo do local em que se iniciou a condução, onde é submetido
a avaliação clínico-psiquiátrica com registo clínico e lhe é prestada a assistência
médica necessária.
262
131
02/12/2019
Artigo 25º
Termos subsequentes (Internamento de urgência)
1 – Quando da avaliação clínico-psiquiátrica se concluir pela necessidade de
internamento e o internando a ele se opuser, o estabelecimento comunica, de
imediato, ao tribunal judicial com competência na área a admissão daquele, com
cópia do mandado e do relatório da avaliação.
2 – Quando a avaliação clínico-psiquiátrica não confirmar a necessidade de
internamento, a entidade que tiver apresentado o portador de anomalia psíquica
restitui-o de imediato à liberdade, remetendo o expediente ao Ministério Público
com competência na área em que se iniciou a condução.
3 – O disposto no nº 1 é aplicável quando na urgência psiquiátrica ou no decurso de
internamento voluntário se verifique a existência da situação descrita no artigo 22º.
263
Artigo 11º
Direitos e deveres do internado
1 – O internado mantém os direitos reconhecidos aos internados nos hospitais
gerais.
2 – O internado goza, em especial, do direito de:
a) Ser informado e, sempre que necessário, esclarecido sobre os direitos que lhe
assistem;
b) Ser esclarecido sobre os motivos da privação da liberdade;
c) Ser assistido por defensor constituído ou nomeado, podendo comunicar em
privado com este;
d) Recorrer da decisão de internamento e da decisão que o mantenha;
e) Votar, nos termos da lei;
f) Enviar e receber correspondência;
g) Comunicar com a comissão prevista no artigo 38º.
(…) Marco Aurélio Constantino
264
132
02/12/2019
Artigo 11º
Direitos e deveres do internado
(…)
3 – O internado tem o especial dever de se submeter aos tratamentos
medicamente indicados, sem prejuízo do disposto no nº 2 do artigo 5º.
265
Base XIX
Autoridades de Saúde
(…)
3 - Cabe ainda especialmente às autoridades de saúde:
(…)
c) Desencadear, de acordo com a Constituição e a lei, o internamento ou a
prestação compulsiva de cuidados de saúde a indivíduos em situação de
prejudicarem a saúde pública.
(…)
266
133
02/12/2019
267
SECÇÃO I
Regras gerais de acompanhamento do utente dos serviços de saúde
268
134
02/12/2019
SECÇÃO I
Regras gerais de acompanhamento do utente dos serviços de saúde
269
SECÇÃO I
Regras gerais de acompanhamento do utente dos serviços de saúde
270
135
02/12/2019
SECÇÃO I
Regras gerais de acompanhamento do utente dos serviços de saúde
271
SECÇÃO II
Acompanhamento da mulher grávida durante o parto
272
136
02/12/2019
SECÇÃO II
Acompanhamento da mulher grávida durante o parto
273
SECÇÃO II
Acompanhamento da mulher grávida durante o parto
274
137
02/12/2019
SECÇÃO III
Acompanhamento em internamento hospitalar
275
SECÇÃO III
Acompanhamento em internamento hospitalar
276
138
02/12/2019
SECÇÃO III
Acompanhamento em internamento hospitalar
277
SECÇÃO III
Acompanhamento em internamento hospitalar
278
139
02/12/2019
279
Artigo 4.º
Confidencialidade
1—Salvo o consentimento de quem de direito, é proibido revelar a identidade do
dador ou do receptor de órgão ou tecido.
2—Os centros de colheita e de transplante garantem a rastreabilidade dos órgãos e
tecidos, em termos a regulamentar.
280
140
02/12/2019
Artigo 5.º
Gratuitidade
1—A dádiva de órgãos, tecidos e células, para fins terapêuticos ou de transplante,
não pode, em nenhuma circunstância, ser remunerada, sendo proibida a sua
comercialização.
2—(Revogado.)
3—Os agentes dos actos referidos no n.º 1 do artigo 1.º e os estabelecimentos
autorizados a realizar transplantes de órgãos, tecidos e células podem receber uma
remuneração única e exclusivamente pelo serviço prestado, não podendo o cálculo
desta remuneração atribuir qualquer valor aos órgãos, tecidos ou células colhidos
ou transplantados.
281
Artigo 6.º
Admissibilidade (Colheita em vida)
1—Sem prejuízo do disposto nos números seguintes, são admissíveis a dádiva e
colheita em vida de órgãos, tecidos ou células para fins terapêuticos ou de
transplante.
2—A colheita de órgãos e tecidos de uma pessoa viva só pode ser feita no interesse
terapêutico do receptor e desde que não esteja disponível qualquer órgão ou
tecido adequado colhido de dador post mortem e não exista outro método
terapêutico alternativo de eficácia comparável.
3—No caso de dádiva e colheita de órgãos ou tecidos não regeneráveis, a
respectiva admissibilidade fica dependente de parecer favorável, emitido pela
Entidade de Verificação da Admissibilidade da Colheita para Transplante (EVA).
(…)
282
141
02/12/2019
Artigo 6.º
Admissibilidade (Colheita em vida)
(…)
4—São sempre proibidas a dádiva e a colheita de órgãos ou de tecidos não
regeneráveis quando envolvam menores ou outros incapazes.
5—A dádiva e a colheita de órgãos, de tecidos ou de células regeneráveis que
envolvam menores ou outros incapazes só podem ser efectuadas quando se
verifiquem os seguintes requisitos cumulativos:
a) Inexistência de dador capaz compatível;
b) O receptor ser irmão ou irmã do dador;
c) A dádiva ser necessária à preservação da vida do receptor.
(…)
283
Artigo 6.º
Admissibilidade (Colheita em vida)
(…)
6—A dádiva e a colheita de órgãos ou tecidos não regeneráveis, que envolvam
estrangeiros sem residência permanente em Portugal, só podem ser feitas
mediante autorização judicial.
7—São sempre proibidas a dádiva e a colheita de órgãos, de tecidos ou de células
quando, com elevado grau de probabilidade, envolvam a diminuição grave e
permanente da integridade física ou da saúde do dador.
284
142
02/12/2019
Artigo 7.º
Informação (Colheita em vida)
O médico deve informar, de modo leal, adequado e inteligível, o dador e o receptor
dos riscos possíveis, das consequências da dádiva e do tratamento e dos seus
efeitos secundários, bem como dos cuidados a observar ulteriormente.
285
Artigo 8.º
Consentimento (Colheita em vida)
1—O consentimento do dador e do receptor deve ser livre, esclarecido, informado e
inequívoco e o dador pode identificar o beneficiário.
2—O consentimento do dador e do receptor é prestado perante:
a) Um médico designado pelo director clínico do estabelecimento onde a colheita se
realize, quando se trate de transplante de órgãos, tecidos ou células regeneráveis;
b) Um médico designado pelo director clínico do estabelecimento onde a colheita se
realize e que não pertença à equipa de transplante, quando se trate de transplante
de órgãos, tecidos ou células não regeneráveis.
(…)
286
143
02/12/2019
Artigo 8.º
Consentimento (Colheita em vida)
(…)
3—Tratando-se de dadores menores, o consentimento deve ser prestado pelos pais,
desde que não inibidos do exercício do poder paternal, ou, em caso de inibição ou
falta de ambos, pelo tribunal.
4—A dádiva e colheita de órgãos, tecidos ou células de menores com capacidade
de entendimento e de manifestação de vontade carecem também da concordância
destes.
5—A colheita em maiores incapazes por razões de anomalia psíquica só pode ser
feita mediante autorização judicial.
6—O consentimento do dador ou de quem legalmente o represente é sempre
prestado por escrito, sendo livremente revogável.
287
Artigo 9.º
Direito a assistência e indemnização
1—O dador tem direito a assistência médica até ao completo restabelecimento.
(…)
288
144
02/12/2019
Artigo 10.º
Potenciais dadores (Colheita em cadáveres)
1—São considerados como potenciais dadores post mortem todos os cidadãos
nacionais e os apátridas e estrangeiros residentes em Portugal que não tenham
manifestado junto do Ministério da Saúde a sua qualidade de não dadores.
2—Quando a indisponibilidade para a dádiva for limitada a certos órgãos ou
tecidos ou a certos fins, devem as restrições ser expressamente indicadas nos
respectivos registos e cartão.
3—A indisponibilidade para a dádiva dos menores e dos incapazes é manifestada,
para efeitos de registo, pelos respectivos representantes legais e pode também ser
expressa pelos menores com capacidade de entendimento e manifestação de
vontade.
289
Artigo 11.º
Registo Nacional (Colheita em cadáveres)
1—É criado o Registo Nacional de não Dadores (RENNDA), informatizado, para
registo de todos aqueles que hajam manifestado, junto do Ministério da Saúde, a sua
qualidade de não dadores.
(…)
290
145
02/12/2019
Artigo 14.º
Cuidados a observar na execução da colheita (Colheita em cadáveres)
1—Na execução da colheita devem evitar-se mutilações ou dissecações não
estritamente indispensáveis à recolha e utilização de tecidos ou órgãos e as que
possam prejudicar a realização de autópsia, quando a ela houver lugar.
2—O facto de a morte se ter verificado em condições que imponham a realização de
autópsia médico-legal não obsta à efectivação da colheita, devendo, contudo, o
médico relatar por escrito toda e qualquer observação que possa ser útil a fim de
completar o relatório daquela.
291
292
146
02/12/2019
Artigo 2.º
Informação de saúde
Para os efeitos desta lei, a informação de saúde abrange todo o tipo de informação
directa ou indirectamente ligada à saúde, presente ou futura, de uma pessoa, quer
se encontre com vida ou tenha falecido, e a sua história clínica e familiar.
293
Artigo 3.º
Propriedade da informação de saúde
1 — A informação de saúde, incluindo os dados clínicos registados, resultados de
análises e outros exames subsidiários, intervenções e diagnósticos, é propriedade da
pessoa, sendo as unidades do sistema de saúde os depositários da informação, a
qual não pode ser utilizada para outros fins que não os da prestação de cuidados e
a investigação em saúde e outros estabelecidos pela lei.
2 — O titular da informação de saúde tem o direito de, querendo, tomar
conhecimento de todo o processo clínico que lhe diga respeito, salvo circunstâncias
excepcionais devidamente justificadas e em que seja inequivocamente
demonstrado que isso lhe possa ser prejudicial, ou de o fazer comunicar a quem
seja por si indicado.
(…)
294
147
02/12/2019
Artigo 3.º
Propriedade da informação de saúde
(…)
3 — O acesso à informação de saúde por parte do seu titular, ou de terceiros com o
seu consentimento ou nos termos da lei, é exercido por intermédio de médico, com
habilitação própria, se o titular da informação o solicitar.
4 - Na impossibilidade de apuramento da vontade do titular quanto ao acesso, o
mesmo é sempre realizado com intermediação de médico.
295
Artigo 4.º
Tratamento da informação de saúde
1 — Os responsáveis pelo tratamento da informação de saúde devem tomar as
providências adequadas à protecção da sua confidencialidade, garantindo a
segurança das instalações e equipamentos, o controlo no acesso à informação,
bem como o reforço do dever de sigilo e da educação deontológica de todos os
profissionais.
2 — As unidades do sistema de saúde devem impedir o acesso indevido de terceiros
aos processos clínicos e aos sistemas informáticos que contenham informação de
saúde, incluindo as respectivas cópias de segurança, assegurando os níveis de
segurança apropriados e cumprindo as exigências estabelecidas pela legislação que
regula a protecção de dados pessoais, nomeadamente para evitar a sua destruição,
acidental ou ilícita, a alteração, difusão ou acesso não autorizado ou qualquer outra
forma de tratamento ilícito da informação.
(…) Marco Aurélio Constantino
296
148
02/12/2019
Artigo 4.º
Tratamento da informação de saúde
(…)
3 — A informação de saúde só pode ser utilizada pelo sistema de saúde nas
condições expressas em autorização escrita do seu titular ou de quem o represente.
4 — O acesso a informação de saúde pode, desde que anonimizada, ser facultado
para fins de investigação.
5 — A gestão dos sistemas que organizam a informação de saúde deve garantir a
separação entre a informação de saúde e genética e a restante informação pessoal,
designadamente através da definição de diversos níveis de acesso.
6 — A gestão dos sistemas de informação deve garantir o processamento regular e
frequente de cópias de segurança da informação de saúde, salvaguardadas as
garantias de confidencialidade estabelecidas por lei.
297
Artigo 5.º
Informação médica
1 — Para os efeitos desta lei, a informação médica é a informação de saúde
destinada a ser utilizada em prestações de cuidados ou tratamentos de saúde.
2 — Entende-se por «processo clínico» qualquer registo, informatizado ou não, que
contenha informação de saúde sobre doentes ou seus familiares.
3 — Cada processo clínico deve conter toda a informação médica disponível que
diga respeito à pessoa, ressalvada a restrição imposta pelo artigo seguinte [relativo
à informação genética].
(…)
298
149
02/12/2019
Artigo 5.º
Informação médica
(…)
4 — A informação médica é inscrita no processo clínico pelo médico que tenha
assistido a pessoa ou, sob a supervisão daquele (!?), informatizada por outro
profissional igualmente sujeito ao dever de sigilo, no âmbito das competências
específicas de cada profissão e dentro do respeito pelas respectivas normas
deontológicas.
5—O processo clínico só pode ser consultado por médico incumbido da realização
de prestações de saúde a favor da pessoa a que respeita ou, sob a supervisão
daquele (!?), por outro profissional de saúde obrigado a sigilo e na medida do
estritamente necessário à realização das mesmas, sem prejuízo da investigação
epidemiológica, clínica ou genética que possa ser feita sobre os mesmos,
ressalvando-se o que fica definido no artigo 16.º.
Marco Aurélio Constantino
299
300
150
02/12/2019
Artigo 5.º
Princípios relativos ao tratamento de dados pessoais
▪ Princípio da licitude, lealdade e transparência
▪ Princípio da limitação das finalidades
▪ Princípio da minimização dos dados
▪ Princípio da exatidão
▪ Princípio da limitação da conservação
▪ Princípio da integridade e confidencialidade
▪ Princípio da responsabilidade
301
Artigo 6.º
Licitude do tratamento
1. O tratamento só é lícito se e na medida em que se verifique pelo menos uma das
seguintes situações:
a) O titular dos dados tiver dado o seu consentimento para o tratamento dos seus
dados pessoais para uma ou mais finalidades específicas;
b) O tratamento for necessário para a execução de um contrato no qual o titular
dos dados é parte, ou para diligências pré-contratuais a pedido do titular dos
dados;
c) O tratamento for necessário para o cumprimento de uma obrigação jurídica a
que o responsável pelo tratamento esteja sujeito;
d) O tratamento for necessário para a defesa de interesses vitais do titular dos
dados ou de outra pessoa singular;
e) O tratamento for necessário ao exercício de funções de interesse público ou ao
exercício da autoridade pública de que está investidoMarco Aurélio Constantino
o responsável pelo
tratamento; (…)
302
151
02/12/2019
Artigo 6.º
Licitude do tratamento
1. O tratamento só é lícito se e na medida em que se verifique pelo menos uma das
seguintes situações:
(…)
f) O tratamento for necessário para efeito dos interesses legítimos prosseguidos
pelo responsável pelo tratamento ou por terceiros, exceto se prevalecerem os
interesses ou direitos e liberdades fundamentais do titular que exijam a proteção
dos dados pessoais, em especial se o titular for uma criança.
(…)
303
Artigo 9.º
Tratamento de categorias especiais de dados pessoais
1. É proibido o tratamento de dados pessoais que revelem a origem racial ou
étnica, as opiniões políticas, as convicções religiosas ou filosóficas, ou a filiação
sindical, bem como o tratamento de dados genéticos, dados biométricos para
identificar uma pessoa de forma inequívoca, dados relativos à saúde ou dados
relativos à vida sexual ou orientação sexual de uma pessoa.
2. O disposto no n.º 1 não se aplica se se verificar um dos seguintes casos:
a) Se o titular dos dados tiver dado o seu consentimento (…)
(…)
c) Se o tratamento for necessário para proteger os interesses vitais do titular dos
dados ou de outra pessoa singular, no caso de o titular dos dados estar física ou
legalmente incapacitado de dar o seu consentimento;
d) (…)
e) Se o tratamento se referir a dados pessoais que tenhamMarco Aurélio Constantino
sido manifestamente
tornados públicos pelo seu titular;
(…)
304
152
02/12/2019
Artigo 9.º
Tratamento de categorias especiais de dados pessoais
(…)
2. O disposto no n.º 1 não se aplica se se verificar um dos seguintes casos:
(…)
g) Se o tratamento for necessário por motivos de interesse público importante, com
base no direito da União ou de um Estado-Membro, que deve ser proporcional
ao objetivo visado, respeitar a essência do direito à proteção dos dados pessoais
e prever medidas adequadas e específicas que salvaguardem os direitos
fundamentais e os interesses do titular dos dados;
(…)
305
Artigo 9.º
Tratamento de categorias especiais de dados pessoais
(…)
2. O disposto no n.º 1 não se aplica se se verificar um dos seguintes casos:
(…)
h) Se o tratamento for necessário para efeitos de medicina preventiva ou do
trabalho, para a avaliação da capacidade de trabalho do empregado, o
diagnóstico médico, a prestação de cuidados ou tratamentos de saúde ou de
ação social ou a gestão de sistemas e serviços de saúde ou de ação social com
base no direito da União ou dos Estados-Membros ou por força de um contrato
com um profissional de saúde, sob reserva das condições e garantias previstas
no n.º 3;
(…)
306
153
02/12/2019
Artigo 9.º
Tratamento de categorias especiais de dados pessoais
(…)
2. O disposto no n.º 1 não se aplica se se verificar um dos seguintes casos:
(…)
i) Se o tratamento for necessário por motivos de interesse público no domínio da
saúde pública, tais como a proteção contra ameaças transfronteiriças graves
para a saúde ou para assegurar um elevado nível de qualidade e de segurança
dos cuidados de saúde e dos medicamentos ou dispositivos médicos, com base
no direito da União ou dos Estados-Membros que preveja medidas adequadas e
específicas que salvaguardem os direitos e liberdades do titular dos dados, em
particular o sigilo profissional;
(…)
307
Artigo 9.º
Tratamento de categorias especiais de dados pessoais
(…)
2. O disposto no n.º 1 não se aplica se se verificar um dos seguintes casos:
(…)
j) Se o tratamento for necessário para fins de arquivo de interesse público, para
fins de investigação científica ou histórica ou para fins estatísticos, em
conformidade com o artigo 89.º, n.º 1, com base no direito da União ou de um
Estado-Membro, que deve ser proporcional ao objetivo visado, respeitar a
essência do direito à proteção dos dados pessoais e prever medidas adequadas e
específicas para a defesa dos direitos fundamentais e dos interesses do titular
dos dados.
(…)
308
154
02/12/2019
Artigo 9.º
Tratamento de categorias especiais de dados pessoais
(…)
3. Os dados pessoais referidos no n.º 1 podem ser tratados para os fins referidos no
n.º 2, alínea h), se os dados forem tratados por ou sob a responsabilidade de um
profissional sujeito à obrigação de sigilo profissional, nos termos do direito da
União ou dos Estados-Membros ou de regulamentação estabelecida pelas
autoridades nacionais competentes, ou por outra pessoa igualmente sujeita a
uma obrigação de confidencialidade ao abrigo do direito da União ou dos
Estados-Membros ou de regulamentação estabelecida pelas autoridades
nacionais competentes.
4. Os Estados-Membros podem manter ou impor novas condições, incluindo
limitações, no que respeita ao tratamento de dados genéticos, dados biométricos
ou dados relativos à saúde.
Marco Aurélio Constantino
309
Artigos 12.º e ss
Direitos dos titulares dos dados
▪ Direito à transparência das informações, das comunicações e das regras para
exercício dos direitos dos titulares dos dados
▪ Direito à informação e ao acesso aos dados pessoais
▪ Direito de retificação
▪ Direito “ao esquecimento” ou apagamento dos dados
▪ Direito à limitação do tratamento
▪ Direito de portabilidade dos dados
▪ Direito à oposição ao tratamento e a decisão individual automatizada
310
155
02/12/2019
Artigo 24.º
Responsabilidade do responsável pelo tratamento
1. Tendo em conta a natureza, o âmbito, o contexto e as finalidades do tratamento
dos dados, bem como os riscos para os direitos e liberdades das pessoas
singulares, cuja probabilidade e gravidade podem ser variáveis, o responsável
pelo tratamento aplica as medidas técnicas e organizativas que forem
adequadas para assegurar e poder comprovar que o tratamento é realizado em
conformidade com o presente regulamento. Essas medidas são revistas e
atualizadas consoante as necessidades.
2. Caso sejam proporcionadas em relação às atividades de tratamento, as medidas
a que se refere o n.º 1 incluem a aplicação de políticas adequadas em matéria de
proteção de dados pelo responsável pelo tratamento.
(…)
311
Artigo 30.º
Registos das atividades de tratamento
1. Cada responsável pelo tratamento e, sendo caso disso, o seu representante
conserva um registo de todas as atividades de tratamento sob a sua
responsabilidade.
(…)
312
156
02/12/2019
Artigo 32.º
Segurança do tratamento
1. Tendo em conta as técnicas mais avançadas, os custos de aplicação e a natureza,
o âmbito, o contexto e as finalidades do tratamento, bem como os riscos, de
probabilidade e gravidade variável, para os direitos e liberdades das pessoas
singulares, o responsável pelo tratamento e o subcontratante aplicam as
medidas técnicas e organizativas adequadas para assegurar um nível de
segurança adequado ao risco, incluindo, consoante o que for adequado:
a) A pseudonimização e a cifragem dos dados pessoais;
b) A capacidade de assegurar a confidencialidade, integridade, disponibilidade e
resiliência permanentes dos sistemas e dos serviços de tratamento;
c) A capacidade de restabelecer a disponibilidade e o acesso aos dados pessoais de
forma atempada no caso de um incidente físico ou técnico;
d) Um processo para testar, apreciar e avaliar regularmente a eficácia das medidas
Marco Aurélio Constantino
técnicas e organizativas para garantir a segurança do tratamento.
(…)
313
Artigo 33.º
Notificação de uma violação de dados pessoais à autoridade de controlo
1. Em caso de violação de dados pessoais, o responsável pelo tratamento notifica
desse facto a autoridade de controlo competente nos termos do artigo 55.o, sem
demora injustificada e, sempre que possível, até 72 horas após ter tido
conhecimento da mesma, a menos que a violação dos dados pessoais não seja
suscetível de resultar num risco para os direitos e liberdades das pessoas
singulares. Se a notificação à autoridade de controlo não for transmitida no
prazo de 72 horas, é acompanhada dos motivos do atraso.
(…)
314
157
02/12/2019
Artigo 34.º
Comunicação de uma violação de dados pessoais ao titular dos dados
1. Quando a violação dos dados pessoais for suscetível de implicar um elevado risco
para os direitos e liberdades das pessoas singulares, o responsável pelo
tratamento comunica a violação de dados pessoais ao titular dos dados sem
demora injustificada.
(…)
315
Artigo 37.º
Designação do encarregado da proteção de dados
1. O responsável pelo tratamento e o subcontratante designam um encarregado da
proteção de dados sempre que:
a) O tratamento for efetuado por uma autoridade ou um organismo público,
excetuando os tribunais no exercício da sua função jurisdicional;
b) As atividades principais do responsável pelo tratamento ou do subcontratante
consistam em operações de tratamento que, devido à sua natureza, âmbito e/ou
finalidade, exijam um controlo regular e sistemático dos titulares dos dados em
grande escala; ou
c) As atividades principais do responsável pelo tratamento ou do subcontratante
consistam em operações de tratamento em grande escala de categorias
especiais de dados nos termos do artigo 9.º e de dados pessoais relacionados
com condenações penais e infrações a que se refere o artigo 10.º.(…)
Marco Aurélio Constantino
316
158
02/12/2019
Artigo 39.º
Funções do encarregado da proteção de dados
1. O encarregado da proteção de dados tem, pelo menos, as seguintes funções:
a) Informa e aconselha o responsável pelo tratamento ou o subcontratante, bem
como os trabalhadores que tratem os dados, a respeito das suas obrigações (…);
b) Controla a conformidade com o presente regulamento, com outras disposições
de proteção de dados da União ou dos Estados-Membros e com as políticas do
responsável pelo tratamento ou do subcontratante relativas à proteção de dados
pessoais, incluindo a repartição de responsabilidades, a sensibilização e
formação do pessoal implicado nas operações de tratamento de dados, e as
auditorias correspondentes;
c) Presta aconselhamento, quando tal lhe for solicitado, no que respeita à avaliação
de impacto sobre a proteção de dados e controla a sua realização nos termos do
artigo 35.º;
d) Coopera com a autoridade de controlo; Marco Aurélio Constantino
e) Ponto de contacto para a autoridade de controlo (…)
317
Artigo 1.º
Objeto
1 - A presente lei regula o acesso aos documentos administrativos e à informação
administrativa, incluindo em matéria ambiental, transpondo para a ordem jurídica
interna a Diretiva 2003/4/CE (…).
2 - A presente lei regula ainda a reutilização de documentos relativos a atividades
desenvolvidas pelos órgãos e entidades referidas no artigo 4.º, transpondo para a
ordem jurídica interna a Diretiva 2003/98/CE (…).
3 - O acesso a informação e a documentos nominativos, nomeadamente quando
incluam dados de saúde, produzidos ou detidos pelos órgãos ou entidades referidos
no artigo 4.º, quando efetuado pelo titular dos dados, por terceiro autorizado pelo
titular ou por quem demonstre ser titular de um interesse direto, pessoal, legítimo
e constitucionalmente protegido na informação, rege-se pela presente lei, sem
prejuízo do regime legal de proteção de dados pessoais.
(…) Marco Aurélio Constantino
318
159
02/12/2019
Artigo 3.º
Definições
1 — Para efeitos da presente lei, considera-se:
a) «Documento administrativo» qualquer conteúdo, ou parte desse conteúdo, que
esteja na posse ou seja detido em nome dos órgãos e entidades referidas no artigo
seguinte, seja o suporte de informação sob forma escrita, visual, sonora, eletrónica
ou outra forma material (…);
b) «Documento nominativo» o documento administrativo que contenha dados
pessoais, definidos nos termos do regime legal de proteção de dados pessoais.
(…)
319
Artigo 6.º
Restrições ao direito de acesso
(…)
5 — Um terceiro só tem direito de acesso a documentos nominativos:
a) Se estiver munido de autorização escrita do titular dos dados que seja explícita e
específica quanto à sua finalidade e quanto ao tipo de dados a que quer aceder;
b) Se demonstrar fundamentadamente ser titular de um interesse direto, pessoal,
legítimo e constitucionalmente protegido suficientemente relevante, após
ponderação, no quadro do princípio da proporcionalidade, de todos os direitos
fundamentais em presença e do princípio da administração aberta, que justifique o
acesso à informação.
(…)
320
160
02/12/2019
Artigo 7.º
Acesso e comunicação de dados de saúde
1 - O acesso à informação de saúde por parte do seu titular, ou de terceiros com o
seu consentimento ou nos termos da lei, é exercido por intermédio de médico se o
titular da informação o solicitar, com respeito pelo disposto na Lei n.º 12/2005, de
26 de janeiro.
2 - Na impossibilidade de apuramento da vontade do titular quanto ao acesso, o
mesmo é sempre realizado com intermediação de médico.
3 - No caso de acesso por terceiros mediante consentimento do titular dos dados,
deve ser comunicada apenas a informação expressamente abrangida pelo
instrumento de consentimento.
4 - Nos demais casos de acesso por terceiros, só pode ser transmitida a informação
estritamente necessária à realização do interesse direto, pessoal, legítimo e
constitucionalmente protegido que fundamenta o acesso..
Marco Aurélio Constantino
321
Artigo 105.º
Dever de informação
No respeito pelo direito à autodeterminação, o enfermeiro assume o dever de:
a) Informar o indivíduo e a família no que respeita aos cuidados de enfermagem;
b) (…);
c) Atender com responsabilidade e cuidado todo o pedido de informação ou explicação
feito pelo indivíduo em matéria de cuidados de enfermagem;
d) Informar sobre os recursos a que a pessoa pode ter acesso, bem como sobre a
maneira de os obter.
322
161
02/12/2019
Artigo 106.º
Do dever de sigilo
1 — O enfermeiro está obrigado a guardar segredo profissional sobre o que toma
conhecimento no exercício da sua profissão, assumindo o dever de:
a) Considerar confidencial toda a informação acerca do alvo de cuidados e da família,
qualquer que seja a fonte;
b) Partilhar a informação pertinente só com aqueles que estão implicados no plano
terapêutico, usando como critérios orientadores o bem-estar, a segurança física,
emocional e social do indivíduo e família, assim como os seus direitos;
c) Divulgar informação confidencial acerca do alvo de cuidados e da família só nas
situações previstas na lei, devendo, para o efeito, recorrer a aconselhamento
deontológico e jurídico;
d) Manter o anonimato da pessoa sempre que o seu caso for usado em situações de
ensino, investigação ou controlo da qualidade de cuidados.
(…) Marco Aurélio Constantino
323
Artigo 106.º
Do dever de sigilo
(…)
2 — Não podem fazer prova em juízo as declarações prestadas pelo enfermeiro em
violação do sigilo profissional, ressalvado o disposto nos artigos 135.º do Código de
Processo Penal e 417.º do Código de Processo Civil.
3 — O disposto no número seguinte aplica-se, com as necessárias adaptações, às
declarações prestadas pelo enfermeiro em violação do sigilo profissional fora de juízo.
4 — O enfermeiro apenas pode revelar factos sobre os quais tome conhecimento no
exercício da sua profissão após autorização do presidente do conselho jurisdicional, nos
termos previstos no regulamento do conselho jurisdicional.
324
162
02/12/2019
Artigo 135.º
Segredo profissional
1 - Os ministros de religião ou confissão religiosa e os advogados, médicos, jornalistas,
membros de instituições de crédito e as demais pessoas a quem a lei permitir ou
impuser que guardem segredo podem escusar-se a depor sobre os factos por ele
abrangidos.
2 - Havendo dúvidas fundadas sobre a legitimidade da escusa, a autoridade judiciária
perante a qual o incidente se tiver suscitado procede às averiguações necessárias. Se,
após estas, concluir pela ilegitimidade da escusa, ordena, ou requer ao tribunal que
ordene, a prestação do depoimento.
(…)
325
Artigo 135.º
Segredo profissional
(…)
3 - O tribunal superior àquele onde o incidente tiver sido suscitado, ou, no caso de o
incidente ter sido suscitado perante o Supremo Tribunal de Justiça, o pleno das secções
criminais, pode decidir da prestação de testemunho com quebra do segredo
profissional sempre que esta se mostre justificada, segundo o princípio da
prevalência do interesse preponderante, nomeadamente tendo em conta a
imprescindibilidade do depoimento para a descoberta da verdade, a gravidade do
crime e a necessidade de protecção de bens jurídicos. A intervenção é suscitada pelo
juiz, oficiosamente ou a requerimento.
(…)
326
163
02/12/2019
Artigo 135.º
Segredo profissional
(…)
4 - Nos casos previstos nos n.ºs 2 e 3, a decisão da autoridade judiciária ou do tribunal
é tomada ouvido o organismo representativo da profissão relacionada com o segredo
profissional em causa, nos termos e com os efeitos previstos na legislação que a esse
organismo seja aplicável.
327
Artigo 5.º
Âmbito do dever de partilhar informação sobre plano terapêutico
1 — Em cumprimento do dever previsto na alínea b) do n.º 1 do artigo 106.º do
Estatuto da Ordem dos Enfermeiros e alínea b) do artigo 3.º deste Regulamento, o
enfermeiro apenas deve partilhar a informação que for estritamente necessária à
execução do plano terapêutico estabelecido e apenas aos que forem indispensáveis a
essa execução do mesmo.
2 — Consideram-se indispensáveis à execução do plano terapêutico todos os elementos
profissionais que integram a equipa multidisciplinar de prestação de cuidados, bem
como, e em caso de necessidade, a pessoa ou pessoas que, atenta a relevância junto do
alvo de cuidados, bem como a participação no seu dia-a-dia, possa garantir e auxiliar
no cumprimento do plano terapêutico.
3 — A decisão de partilhar a informação referida nos números anteriores deverá ter em
consideração o bem-estar, a segurança física, emocional e social do alvo de cuidados de
saúde e família, assim como os seus direitos. Marco Aurélio Constantino
328
164
02/12/2019
Artigo 6.º
Âmbito do dever de divulgar informação confidencial
1 — Em cumprimento do dever previsto na alínea c) do n.º 1 do artigo 106.º do Estatuto
da Ordem dos Enfermeiros e alínea c) do artigo 3.º deste Regulamento, o enfermeiro
que considere estar perante uma situação em que, nos termos da lei, tem o dever de
divulgar informação confidencial, deve previamente obter, para além de
aconselhamento jurídico, aconselhamento deontológico junto da Ordem dos
Enfermeiros, nos termos do presente Regulamento.
(…)
329
Artigo 6.º
Âmbito do dever de divulgar informação confidencial
(…)
2 — São passíveis de integrar as situações previstas no número anterior,
nomeadamente:
a) As que configurem crime de violência doméstica, em que a revelação de informação
confidencial pelo enfermeiro se mostre justificada, segundo o princípio da prevalência
do interesse preponderante, nos termos do Código Penal.
b) As que apresentem indícios de maus tratos de vítimas vulneráveis e a revelação de
informação confidencial pelo enfermeiro se mostre justificada, segundo o princípio da
prevalência do interesse preponderante, nos termos do Código Penal.
(…)
330
165
02/12/2019
Artigo 6.º
Âmbito do dever de divulgar informação confidencial
(…)
3 — Fica dispensada da obtenção de aconselhamento deontológico a partilha de
informação confidencial quando a mesma ocorra ao abrigo de protocolos que regulem
a partilha de informação de saúde com entidades terceiras, cujo teor e âmbito tenham
obtido parecer prévio positivo do Presidente do Conselho Jurisdicional da Ordem dos
Enfermeiros, bem como da Comissão Nacional de Proteção de Dados, sempre que este
parecer seja obrigatório nos termos da lei.
331
Artigo 7.º
Dispensa do dever de sigilo
1 — Para além dos casos previstos nas alíneas b) e c) do n.º 1 do artigo 106.º do
Estatuto da Ordem dos Enfermeiros, com o seu âmbito definido nos artigos 5.º e 6.º
deste Regulamento, o enfermeiro pode revelar factos sobre os quais tome
conhecimento no exercício da sua profissão desde que devidamente autorizado pelo
presidente do Conselho Jurisdicional, nos termos do presente regulamento.
2 — O enfermeiro pode ainda revelar informação confidencial desde que obtenha o
consentimento do alvo de cuidados ou, em caso de impedimento, do seu representante
legal, e desde que a revelação não prejudique terceiras pessoas com interesse na
manutenção do segredo.
332
166
02/12/2019
Artigo 8.º
Intervenção em juízo
1 — Sempre que o enfermeiro seja presente a qualquer autoridade judiciária ou judicial,
deve escusar-se de divulgar informação confidencial, exceto se previamente tiver obtido
aconselhamento deontológico, nos termos do artigo 6.º deste Regulamento, ou esteja
dispensado do sigilo profissional por decisão do Presidente do Conselho Jurisdicional,
nos termos do n.º 1 do artigo 7.º deste Regulamento, invocando para esse efeito o
disposto no artigo 106.º do Estatuto da Ordem.
2 — A legitimidade da escusa é apreciada nos termos da lei processual penal ou outra
aplicável e decidida após prévia audição do Presidente do Conselho Jurisdicional da
Ordem do Enfermeiros.
3 — A audição da Ordem dos Enfermeiros nos termos do número anterior não dispensa
o enfermeiro de obter aconselhamento deontológico prévio, nos termos do artigo 6.º
deste Regulamento, ou a autorização por decisão do Presidente do Conselho
Jurisdicional da Ordem dos Enfermeiros, nos termos do n.ºMarco 1 do Aurélio Constantino
artigo 7.º deste
Regulamento.
333
Artigo 12.º
Forma e Fundamentação
1 – O pedido de aconselhamento deontológico deve ser feito por escrito e dirigido ao
Presidente do Conselho Jurisdicional, identificando de modo objetivo, concreto e exato,
qual a razão pela qual se considera que a situação se integra nos casos em que, nos
termos da lei, o enfermeiro tem o dever de divulgar informação confidencial, sem
identificação dos dados relativos às pessoas e aos lugares onde a situação ocorreu,
conter a identificação completa do enfermeiro requerente e vir acompanhado de todos
os elementos considerados necessários à apreciação do pedido.
2 — O pedido de aconselhamento deontológico pode ser remetido pela via que se
revelar mais rápida e eficaz, nomeadamente por mensagem de correio eletrónico.
334
167
02/12/2019
Artigo 13.º
Resposta ao pedido
1 — A resposta ao pedido de aconselhamento deve ser fundamentada e prestada por
escrito.
2 — O Presidente do Conselho Jurisdicional prestará o aconselhamento deontológico
pela via que se revelar mais rápida e eficaz.
3 — O aconselhamento deontológico prestado pelo Presidente do Conselho Jurisdicional
no âmbito do dever previsto no artigo 5.º deste Regulamento não é vinculativo, sendo o
enfermeiro livre de decidir sobre a revelação de informação confidencial nos termos
definidos na alínea c) do artigo 106.º do Estatuto da Ordem dos Enfermeiros, sendo tal
decisão da sua total responsabilidade.
335
Artigo 13.º
Resposta ao pedido
1 — A resposta ao pedido de aconselhamento deve ser fundamentada e prestada por
escrito.
2 — O Presidente do Conselho Jurisdicional prestará o aconselhamento deontológico
pela via que se revelar mais rápida e eficaz.
3 — O aconselhamento deontológico prestado pelo Presidente do Conselho Jurisdicional
no âmbito do dever previsto no artigo 5.º deste Regulamento não é vinculativo, sendo o
enfermeiro livre de decidir sobre a revelação de informação confidencial nos termos
definidos na alínea c) do artigo 106.º do Estatuto da Ordem dos Enfermeiros, sendo tal
decisão da sua total responsabilidade.
336
168
02/12/2019
Artigo 15.º
Forma e fundamentação
1 — O requerimento referido no n.º 2 do artigo anterior [requerimento de autorização
para revelação de informação confidencial fora dos casos previstos nos artigos 5.º e 6.º
do Regulamento] deve ser feito por escrito, identificar de modo objetivo, concreto e
exato, qual a informação sobre a qual é requerida a dispensa, conter a identificação
completa do enfermeiro requerente e vir acompanhado de todos os elementos
considerados necessários à apreciação do pedido.
2 — O Presidente do Conselho Jurisdicional poderá solicitar ao enfermeiro requerente,
sempre que entenda necessário, a prestação de esclarecimentos adicionais ou
complementares, bem como a junção de elementos pertinentes à apreciação do pedido.
337
Artigo 16.º
Da decisão
1 — A dispensa do segredo profissional tem carácter excecional.
2 — A autorização para revelar factos abrangidos pelo segredo profissional, apenas é
permitida quando seja inequivocamente necessária para a defesa da dignidade, direitos
e interesses legítimos do enfermeiro, do alvo de cuidados ou seus representantes.
3 — A decisão do Presidente do Conselho Jurisdicional, nos termos do presente
Regulamento, aferirá da essencialidade, atualidade, exclusividade e imprescindibilidade
da revelação da informação em causa, considerando e apreciando livremente os
elementos de facto trazidos pelo requerente da dispensa.
338
169
02/12/2019
Artigo 17.º
Efeitos da decisão
1 — A decisão que negue autorização para a dispensa de segredo é vinculativa, sem
prejuízo do artigo seguinte.
2 — A decisão de deferimento da dispensa de segredo profissional é irrecorrível.
3 — O enfermeiro autorizado a revelar informação sujeita a segredo profissional, não
está obrigado a revelar, podendo optar por manter o segredo profissional.
339
340
170
02/12/2019
Artigo 9.º
Vontade anteriormente manifestada
A vontade anteriormente manifestada no tocante a uma intervenção médica por um
paciente que, no momento da intervenção, não se encontre em condições de
expressar a sua vontade, será tomada em conta.
341
Artigo 2.º
Definição e conteúdo do documento
1 - As diretivas antecipadas de vontade, designadamente sob a forma de testamento
vital, são o documento unilateral e livremente revogável a qualquer momento pelo
próprio, no qual uma pessoa maior de idade e capaz, que não se encontre interdita
ou inabilitada por anomalia psíquica, manifesta antecipadamente a sua vontade
consciente, livre e esclarecida, no que concerne aos cuidados de saúde que deseja
receber, ou não deseja receber, no caso de, por qualquer razão, se encontrar
incapaz de expressar a sua vontade pessoal e autonomamente.
(…)
342
171
02/12/2019
Artigo 2.º
Definição e conteúdo do documento
(…)
2 - Podem constar do documento de diretivas antecipadas de vontade as disposições
que expressem a vontade clara e inequívoca do outorgante, nomeadamente:
a) Não ser submetido a tratamento de suporte artificial das funções vitais;
b) Não ser submetido a tratamento fútil, inútil ou desproporcionado no seu
quadro clínico e de acordo com as boas práticas profissionais, nomeadamente no
que concerne às medidas de suporte básico de vida e às medidas de alimentação e
hidratação artificiais que apenas visem retardar o processo natural de morte;
c) Receber os cuidados paliativos adequados ao respeito pelo seu direito a uma
intervenção global no sofrimento determinado por doença grave ou irreversível, em
fase avançada, incluindo uma terapêutica sintomática apropriada;
d) Não ser submetido a tratamentos que se encontrem em fase experimental;
Marco Aurélio
e) Autorizar ou recusar a participação em programas de investigação Constantino
científica ou
ensaios clínicos.
343
Artigo 3.º
Forma do documento
1 - As diretivas antecipadas de vontade são formalizadas através de documento
escrito, assinado presencialmente perante funcionário devidamente habilitado do
Registo Nacional do Testamento Vital ou notário, do qual conste:
a) A identificação completa do outorgante;
b) O lugar, a data e a hora da sua assinatura;
c) As situações clínicas em que as diretivas antecipadas de vontade produzem
efeitos;
d) As opções e instruções relativas a cuidados de saúde que o outorgante deseja ou
não receber, no caso de se encontrar em alguma das situações referidas na alínea
anterior;
e) As declarações de renovação, alteração ou revogação das diretivas antecipadas
de vontade, caso existam.
(…) Marco Aurélio Constantino
344
172
02/12/2019
Artigo 3.º
Forma do documento
(…)
2 - No caso de o outorgante recorrer à colaboração de um médico para a
elaboração das diretivas antecipadas de vontade, a identificação e a assinatura do
médico podem constar no documento, se for essa a opção do outorgante e do
médico.
345
Artigo 4.º
Requisitos de capacidade
Podem outorgar um documento de diretivas antecipadas de vontade as pessoas
que, cumulativamente:
a) Sejam maiores de idade;
b) Não se encontrem interditas ou inabilitadas por anomalia psíquica;
c) Se encontrem capazes de dar o seu consentimento consciente, livre e
esclarecido.
346
173
02/12/2019
Artigo 5.º
Limites das diretivas antecipadas de vontade
São juridicamente inexistentes, não produzindo qualquer efeito, as diretivas
antecipadas de vontade:
a) Que sejam contrárias à lei, à ordem pública ou determinem uma atuação
contrária às boas práticas;
b) Cujo cumprimento possa provocar deliberadamente a morte não natural e
evitável, tal como prevista nos artigos 134.º e 135.º do Código Penal;
c) Em que o outorgante não tenha expressado, clara e inequivocamente, a sua
vontade.
347
Artigo 6.º
Eficácia do documento
1 - Se constar do RENTEV um documento de diretivas antecipadas de vontade, ou se
este for entregue à equipa responsável pela prestação de cuidados de saúde pelo
outorgante ou pelo procurador de cuidados de saúde, esta deve respeitar o seu
conteúdo, sem prejuízo do disposto na presente lei.
2 - As diretivas antecipadas de vontade não devem ser respeitadas quando:
a) Se comprove que o outorgante não desejaria mantê-las;
b) Se verifique evidente desatualização da vontade do outorgante face ao
progresso dos meios terapêuticos, entretanto verificado;
c) Não correspondam às circunstâncias de facto que o outorgante previu no
momento da sua assinatura.
(…)
348
174
02/12/2019
Artigo 6.º
Eficácia do documento
(…)
3 - O responsável pelos cuidados de saúde regista no processo clínico qualquer dos
factos previstos nos números anteriores, dando conhecimento dos mesmos ao
procurador de cuidados de saúde, quando exista, bem como ao RENTEV.
4 - Em caso de urgência ou de perigo imediato para a vida do paciente, a equipa
responsável pela prestação de cuidados de saúde não tem o dever de ter em
consideração as diretivas antecipadas de vontade, no caso de o acesso às mesmas
poder implicar uma demora que agrave, previsivelmente, os riscos para a vida ou a
saúde do outorgante.
5 - A decisão fundada no documento de diretivas antecipadas de vontade de iniciar,
não iniciar ou de interromper a prestação de um cuidado de saúde, deve ser inscrita
no processo clínico do outorgante.
Marco Aurélio Constantino
349
Artigo 7.º
Prazo de eficácia do documento
1 - O documento de diretivas antecipadas de vontade é eficaz por um prazo de cinco
anos a contar da sua assinatura.
2 - O prazo referido no número anterior é sucessivamente renovável mediante
declaração de confirmação do disposto no documento de diretivas antecipadas de
vontade, de acordo com o disposto no n.º 1 do artigo 3.º.
(…)
350
175
02/12/2019
Artigo 8.º
Modificação ou revogação do documento
1 - O documento de diretivas antecipadas de vontade é revogável ou modificável, no
todo ou em parte, em qualquer momento, pelo seu autor.
2 - Sem prejuízo do disposto no n.º 4, a modificação do documento de diretivas
antecipadas de vontade está sujeita à forma prevista no artigo 3.º.
3 - O prazo de eficácia do documento de diretivas antecipadas de vontade é renovado
sempre que nele seja introduzida uma modificação.
4 - O outorgante pode, a qualquer momento e através de simples declaração oral
ao responsável pela prestação de cuidados de saúde, modificar ou revogar o seu
documento de diretivas antecipadas de vontade, devendo esse facto ser inscrito no
processo clínico, no RENTEV, quando aí esteja registado, e comunicado ao
procurador de cuidados de saúde, quando exista.
351
Artigo 9.º
Direito à objeção de consciência
1 - É assegurado aos profissionais de saúde que prestam cuidados de saúde ao
outorgante o direito à objeção de consciência quando solicitados para o
cumprimento do disposto no documento de diretivas antecipadas de vontade.
2 - O profissional de saúde que recorrer ao direito de objeção de consciência deve
indicar a que disposição ou disposições das diretivas antecipadas de vontade se
refere.
3 - Os estabelecimentos de saúde em que a existência de objetores de consciência
impossibilite o cumprimento do disposto no documento de diretivas antecipadas de
vontade devem providenciar pela garantia do cumprimento do mesmo, adotando as
formas adequadas de cooperação com outros estabelecimentos de saúde ou com
profissionais de saúde legalmente habilitados.
352
176
02/12/2019
Artigo 11.º
Procurador de cuidados de saúde
1 - Qualquer pessoa pode nomear um procurador de cuidados de saúde, atribuindo-
lhe poderes representativos para decidir sobre os cuidados de saúde a receber, ou a
não receber, pelo outorgante, quando este se encontre incapaz de expressar a sua
vontade pessoal e autonomamente.
2 - Só podem nomear e ser nomeadas procurador de cuidados de saúde as pessoas
que preencham os requisitos do artigo 4.º, com exceção dos casos previstos no
número seguinte.
3 - Não podem ser nomeados procurador de cuidados de saúde:
a) Os funcionários do Registo previsto no artigo 1.º e os do cartório notarial que
intervenham nos atos regulados pela presente lei;
b) Os proprietários e os gestores de entidades que administram ou prestam
cuidados de saúde.
(…) Marco Aurélio Constantino
353
Artigo 11.º
Procurador de cuidados de saúde
(…)
4 - Excetuam-se da alínea b) do número anterior as pessoas que tenham uma relação
familiar com o outorgante.
5 - O outorgante pode nomear um segundo procurador de cuidados de saúde, para
o caso de impedimento do indicado.
354
177
02/12/2019
Artigo 12.º
Procuração de cuidados de saúde
1 - A procuração de cuidados de saúde é o documento pelo qual se atribui a uma
pessoa, voluntariamente e de forma gratuita, poderes representativos em matéria
de cuidados de saúde, para que aquela os exerça no caso de o outorgante se
encontrar incapaz de expressar de forma pessoal e autónoma a sua vontade.
2 - É aplicável, com as necessárias adaptações, o disposto nos artigos 262.º, 264.º e
nos n.ºs 1 e 2 do artigo 265.º do Código Civil.
355
Artigo 13.º
Efeitos da representação
1 - As decisões tomadas pelo procurador de cuidados de saúde, dentro dos limites
dos poderes representativos que lhe competem, devem ser respeitadas pelos
profissionais que prestam cuidados de saúde ao outorgante, nos termos da presente
lei.
2 - Em caso de conflito entre as disposições formuladas no documento de diretivas
antecipadas de vontade e a vontade do procurador de cuidados de saúde, prevalece
a vontade do outorgante expressa naquele documento.
356
178
02/12/2019
Artigo 14.º
Extinção da procuração
1 - A procuração de cuidados de saúde é livremente revogável pelo seu outorgante.
2 - A procuração de cuidados de saúde extingue-se por renúncia do procurador, que
deve informar, por escrito, o outorgante.
357
Artigo 16.º
Registo de testamento vital/procuração no RENTEV
1 - O registo no RENTEV tem valor meramente declarativo, sendo as diretivas
antecipadas de vontade ou procuração de cuidados de saúde nele não inscritas
igualmente eficazes, desde que tenham sido formalizadas de acordo com o disposto
na presente lei, designadamente no que concerne à expressão clara e inequívoca da
vontade do outorgante.
2 - Para proceder ao registo das diretivas antecipadas de vontade e ou procuração
dos cuidados de saúde, o outorgante pode apresentar presencialmente o respetivo
documento no RENTEV, ou enviá-lo por correio registado, devendo, neste caso, a
assinatura do outorgante ser reconhecida.
3 - O RENTEV informa por escrito o outorgante e, caso exista, o seu procurador, da
conclusão do processo de registo do documento de diretivas antecipadas de vontade e
ou procuração, enviando a cópia respetiva.
Marco Aurélio Constantino
358
179
02/12/2019
Artigo 17.º
Consulta do RENTEV
1 - O médico responsável pela prestação de cuidados de saúde a pessoa incapaz de
expressar de forma livre e autónoma a sua vontade, assegura da existência de
documento de diretivas antecipadas de vontade e ou procuração de cuidados de
saúde registados no RENTEV.
2 - Caso se verifique a sua existência, o documento de diretivas antecipadas de
vontade, e ou procuração de cuidados de saúde, são anexados ao processo clínico do
outorgante.
3 - O outorgante do documento de diretivas antecipadas de vontade e ou procuração
de cuidados de saúde, ou o seu procurador, podem solicitar ao RENTEV, a qualquer
momento, a consulta ou a entrega de cópia da DAV do outorgante.
359
Artigo 18.º
Confidencialidade
1 - Todos aqueles que no exercício das suas funções tomem conhecimento de dados
pessoais constantes do documento de diretivas antecipadas de vontade e ou
procuração de cuidados de saúde ficam obrigados a observar sigilo profissional,
mesmo após o termo das respetivas funções.
2 - A violação do dever a que se refere o número anterior constitui ilícito disciplinar,
civil e penal, nos termos da lei.
360
180
02/12/2019
Muito Obrigado!
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181