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FACULDADE DE SÃO VICENTE

SILVIO SILVA FURTADO

EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA:
O uso de Softwares Educacionais no processo de Ensino-Aprendizagem

SÃO VICENTE
2018
SILVIO SILVA FURTADO

EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA:
O uso de Softwares Educacionais no processo de Ensino-Aprendizagem

Trabalho de conclusão de especialização


apresentado ao Curso de Pós Graduação Lato
Sensu em Metodologia do Ensino da Matemática e
da Física, da Faculdade de São Vicente (FSV -
UniBR) como requisito obrigatório à obtenção do
título de Licenciado em Matemática e Física.

Orientador: Prof. Me. Sandro Takeshi Munakata


da Silva

SÃO VICENTE
2018
A Alberto Alvarez Paniagua Júnior, companheiro que, não obstante
diversas diferenças, mantém-se como inspiração para todas as minhas
investidas.
A Maria do Carmo Silva Furtado, mãe e musa, figura admirável e
insubstituível em minha vida.
AGRADECIMENTOS

Aos colegas professores da Escola Estadual Tenente Ernesto Caetano de


Souza, pelo companheirismo e pela colaboração efetiva na pesquisa.
Aos alunos das primeiras séries A, B e C do Ensino Médio da mesma escola,
pela dedicação e empenho em sala de aula e pela participação ativa no
desenvolvimento das atividades realizadas.
À direção da escola, professora Keity da Matta Alves, pelo espaço cedido e
pela oportunidade ofertada em prol da Ciência.
Ao professor Mestre Sandro Takeshi Munakata da Silva, pela orientação e
disposição para esclarecer dúvidas sempre que precisei durante o
desenvolvimento deste trabalho.
À Faculdade de São Vicente (UniBR), pelo excelente curso e pela oportunidade
de crescimento pessoal e profissional oferecidos.
“Uma criança, um professor, um livro e um lápis podem mudar o mundo.
A educação é a única solução.”
Malala Yousafzai
RESUMO

Este trabalho apresenta uma pesquisa sobre a relevância da utilização de recursos


tecnológicos a fim de contribuir para o processo de ensino-aprendizagem. Baseado nos
estudos realizados por Aguiar e Passos, Conte e Martini, Fernandes, Dióginis, Molin, Valente,
entre outros, o referencial teórico buscou apresentar ao leitor um histórico das situações
observadas pelos autores e organizar as idéias a fim de atingir os objetivos do projeto.
Realizada com alunos e professores de uma escola pública estadual em uma cidade da Região
Metropolitana de São Paulo, a pesquisa procurou conhecer se os professores têm o costume
de utilizar os recursos tecnológicos disponíveis na unidade escolar e, também, detectar as
dificuldades de compreensão do conteúdo de uma matéria em específico da Disciplina de
Matemática, a função afim, e em seguida verificou se, com o auxílio da tecnologia na
educação, essas dificuldades foram superadas. Por fim, são apresentados os resultados da
pesquisa e a análise destes, ações que puderam demonstrar que a utilização de recursos
tecnológicos auxilia na compreensão de conteúdos antes não aprendidos de forma tradicional
em sala de aula, dentre tantas outras razões, pela familiaridade e afinidade que os estudantes
têm pelos equipamentos tecnológicos.

Palavras-chave: educação; tecnologia; qualidade; recursos; ensino; aprendizagem.


ABSTRACT

This project presents a research about the relevancy in using technological resources in order
to contribute to the success of the teaching-learning process. Based on the studies carried out
by Aguiar and Passos, Conte and Martini, Fernandes, Dióginis, Molin, Valente, among others,
the theoretical reference sought to present to the reader a brief history of situations observed by
the authors and to organize the ideas in order to reach the project‟s objective. Conducted with
students and teachers of a public school in a city in the metropolitan region of Sao Paulo (city),
the research tried to know whether teachers have the habit to use technological resources
available inside the school and, so, to detect the difficulties in learning the content of a specific
Math subject, the related function, and then checked if, with the aid of technology in education,
those difficulties have been overcome. Lastly, the results of the research and their analysis are
presented, actions which could demonstrate that using technological resources can contribute
to the learning of contents before not understood by the traditional way inside the classroom,
among many other reasons, for the familiarity and affinity that students have for the
technological equipments.

Key words: education; technology; quality; resources; teaching; learning.


SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................. 9
1.1. TEMA DA PESQUISA ............................................................. 12
1.2. PROBLEMA DA PESQUISA................................................... 13
1.3. HIPÓTESES ............................................................................ 14
1.4. OBJETIVOS ............................................................................ 15
1.4.1. Objetivo Geral ...................................................................... 15
1.4.2. Objetivos Específicos........................................................... 15
2. JUSTIFICATIVA ............................................................................. 16
3. REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................. 18
3.1. SOBRE A EDUCAÇÃO ........................................................... 19
3.2. A EVOLUÇÃO QUE TRAZ MUDANÇAS ................................ 22
3.3. UMA NOVA ESCOLA ............................................................. 24
3.4. O USO DAS TECNOLOGIAS NA EDUCAÇÃO ...................... 29
3.4.1. Recursos tecnológicos ......................................................... 31
3.4.2. O papel e os impactos da tecnologia ................................... 33
3.4.3. O papel do professor ........................................................... 35
4. METODOLOGIA ............................................................................ 41
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ..................................................... 48
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................... 50
REFERÊNCIAS ..................................................................................... 52
9

1. INTRODUÇÃO

Diante dos notáveis avanços tecnológicos da atualidade, seja para o


conforto do ser humano, seja para a cura de doenças ou simplesmente para
seus momentos de lazer, a Sociedade se vê destinada à constante mudança.
O medo do desconhecido, outrora empecilho para a aceitação dessa
transformação, atualmente abre espaço para a vontade de obter cada vez mais
vantagens provindas da evolução, pois antes o que era motivo de dúvida, hoje
é motivação para que seja desenvolvido algum instrumento que possa tornar
sua vida mais agradável e fácil. A permanência durante horas em filas de
banco, por exemplo, está sendo substituída por alguns minutos frente a um
computador com internet para que seja realizado o pagamento de uma conta. A
realização da compra de um novo eletrodoméstico pode ser realizada no
conforto do lar, enquanto o tempo gasto no deslocamento até a loja e nos
trâmites (escolha do produto, preenchimento do cadastro, fila para pagamento
parcial ou total etc.) pode ser utilizado de outras maneiras.

Se o homem vive uma revolução informática, conforme Soares (1998,


apud Pereira e Silva, 2013), com aplicação maior de esforço intelectual ao
invés do físico, cabe ao indivíduo operar esta máquina e ter discernimento
quanto aos aspectos negativos que esta ferramenta possa apresentar (como o
mito sobre a integridade e benevolência constante da internet, ou mesmo
doenças ocupacionais tais como a tendinite, apesar de ser uma ferramenta
facilitadora).

Para Richit (2005) o progresso computacional, responsável pela


evolução da indústria e da telecomunicação, trouxe mudanças também para as
formas de construção de conhecimento, já que o uso destes recursos é
necessário à participação do homem moderno na sociedade, inclusive no meio
escolar e acadêmico. Nessas condições, o setor educacional investe em sua
inserção e investigação na atividade pedagógica a fim de formar alunos
preparados para interagir e contribuir para mudanças no cenário social onde
estão inseridos.

Em concordância com o que diz respeito à produção de conhecimento,


Aguiar e Passos(2014) afirmam que essa inovação tecnológica possibilitou a
10

disseminação da informação em tempo real. E, ainda segundo as autoras,


sendo esta a era do conhecimento, os efeitos de tais mudanças repercutem
tanto no indivíduo quanto na sociedade na qual ele está inserido, exigindo de
sua parte atualização e inovação, o que para Molin (2010) ainda está em
defasagem, já que as práticas de formação e socialização educativas
tradicionais não condizem com as da sociedade atual.

Diante disto, refletem-se na escola, também, os efeitos da revolução


tecnológica, trazendo como desafio a inserção de ferramentas midiáticas para
visando o fazer educação (DIOGINIS et al., 2015). Contudo, para Valente
(1999, apud Fernandes et al., 2013), países mais desenvolvidos têm vantagens
quanto essa adaptação e conseguem de fato implantar novas tecnologias a
favor desta causa, mas no que diz respeito à aprendizagem em si não há
evidências, já que a criança deste contexto cresce acostumada a estar
atualizada. De um ponto de vista semelhante, Giraffa(2009) defende que a
nova geração se destaca por já ter nascido e crescido em um mundo digital,
com informação e comunicação disponíveis de forma ativa, tendo à sua
disposição um controle remoto para mudar um canal de televisão ou um
computador para ver e conversar com os pais, mesmo quando estão
geograficamente distantes, por meio da internet.

Se esta inovação tecnológica se destaca na realidade atual por ampliar o


acesso à informação, de acordo com Elias (2011, apud Barbosa Neto e
Fonseca, 2013), novas possibilidades de prática docente com a intenção de
melhorar a qualidade do ensino são promovidas, graças ao uso das
Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC). Dentre estas, destaca a
autora a importância da telefonia móvel, que permite o acesso à informação a
qualquer hora, em qualquer lugar, sendo, assim, ainda mais flexível do que a
utilização de computadores para fins de aprendizagem.

Tais mudanças buscadas por escolas para adequar e garantir a


democratização do acesso a estas novas tecnologias visam a construção de
conhecimento por meio de criações coletivas em rede, o que revoluciona o
processo de ensino-aprendizagem (MOLIN, 2010). Porém, contra-argumenta a
autora, disponibilizar os equipamentos sem investir na formação tecnológica
11

dos profissionais atuantes da escola não é interessante, pois desta forma ficam
comprometidos os objetivos da aplicação da tecnologia na prática pedagógica.
Ou seja, faz-se necessário que o professor se qualifique a fim de integrar tais
recursos tecnológicos à sua prática pedagógica de maneira crítica e criativa,
atribuindo a devida importância tanto ao recurso utilizado quanto ao seu uso,
situando-se, assim, dentro da realidade atual. Na mesma linha de raciocínio,
Nascimento (2012) destaca que, apesar da inegável presença do avanço
tecnológico no contexto do sistema educacional do Brasil, é mister reconhecer
se o público alvo (professores, alunos etc.) tem o preparo adequado para
compor esta esfera de avanço.

Todavia, as abordagens sobre a aplicação das Tecnologias de


Informação e Comunicação (TIC) na educação apontam o potencial de
transformação no sistema educacional complicado e arcaico, oferecendo
diversas ações destinadas à produção do conhecimento e, desta forma,
trazendo impactos significativos na qualidade da formação e na prática docente
(MOLIN, 2010).

Sendo o público alvo desta pesquisa os alunos e professores de uma


escola pública da rede estadual de Ensino, este trabalho buscará identificar se
os docentes têm o costume de utilizar os recursos tecnológicos disponíveis na
escola para ministrar suas aulas e, caso sim, se essa prática influencia
diretamente no auxílio à compreensão por parte do alunado sobre o conteúdo
estudado, pois segundo Ross Neto (2011) a utilização da tecnologia na
atualidade é uma alternativa muito eficaz para chegar à solução de problemas
para a sociedade. Com ferramentas adequadas, que possibilitem a construção
de um sistema dedicado a cada situação, pode-se propor a resolução de
questões pertinentes às partes e, consequentemente, ao problema como um
todo.

Por meio de questionários, dados de professores e alunos serão


coletados com o propósito de averiguar, por parte dos professores, quantos e
quais recursos tecnológicos existentes na escola são utilizados durante suas
aulas e com qual finalidade. Caso não haja utilização, reconhecer quais são os
obstáculos para a adesão desta prática, pois, como já percebido por
12

Richit(2005) e Santos(2005), a falta de interesse na integração das tecnologias


à prática pedagógica se dá por desinformação ou até mesmo por medo de
perder na “disputa” entre homem e máquina.

Já com os alunos a pesquisa terá duas fases distintas: a primeira terá


caráter diagnóstico, com o intuito de detectar dificuldades na compreensão do
conteúdo teórico ministrado em sala de aula; na segunda fase, realizada após
utilização de software para trabalhar o mesmo assunto, será averiguado se o
processo ensino-aprendizagem ocorreu com eficácia tendo auxílio do recurso
tecnológico, no caso a Sala Ambiente de Informática, com computadores e
software específico. Desta forma será possível confirmar os pensamentos de
Aguiar(2008) e Barbosa Neto e Fonseca(2013) sobre a relevância da
interatividade no progresso intelectual do indivíduo.

1.1. TEMA DA PESQUISA

Face à constante evolução tecnológica que permeia a vida do homem


moderno, a qual possibilita a resolução de problemas com um simples clicar do
mouse em frente a um computador com internet ou ao enviar de uma
mensagem de texto, foto ou vídeo através de aplicativos móveis, cabe aos
agentes da educação, de mesmo modo, inteirar-se aos processos e
procedimentos adequados e, particularmente aos agentes docentes,
contextualizar suas metodologias na realidade dos discentes. Ou seja, utilizar
instrumentos conhecidos e manuseados pelos alunos, como
microcomputadores e smartphones1, em prol do sucesso do processo ensino-
aprendizagem.

Assim sendo, será realizado um estudo sobre a utilização de recursos


tecnológicos por parte dos professores em uma escola pública estadual a fim
de compreender a relevância desta prática para a construção de conhecimento
e o desenvolvimento escolar e intelectual dos alunos que utilizam softwares, no
caso em questão, relativos à Matemática, na primeira série do Ensino Médio
regular.

1
Do inglês, “telefone inteligente”, o termo se refere a modernos modelos de telefone celular,
cujas funcionalidades vão além do realizar e receber ligações, com funções como câmera
fotográfica e de vídeo, aplicativos reprodutores de música, acesso à internet móvel etc.
13

1.2. PROBLEMA DA PESQUISA

A incessante busca por novos conhecimentos tem sido a fiel


companheira e motivadora do ser humano desde as primeiras civilizações até a
Era Pós Moderna. A mesma curiosidade que motivou a descoberta do fogo
possibilitou a invenção de robôs que realizam tarefas domésticas e mantém
conversação com seus “donos” por meio da Inteligência Artificial. Sendo a
adolescência uma fase de descobertas e de formação do caráter, a curiosidade
natural acompanha cada passo do indivíduo.

Mas se a realidade atual oferece um aparato de tecnologias que visam


facilitar a vida do ser humano e a nova geração domina essas ferramentas, por
que a escola (principalmente a pública), embora já ofereça alguns desses
recursos (salas de informática e de vídeo, por exemplo), mantem-se, ainda, tão
tradicional quando o assunto é a construção de conhecimento? É possível
estar seguro de que, não obstante consiga progredir serialmente, a cada ano, o
aluno realmente pôde compreender e relacionar o conteúdo teórico visto em
sala de aula com a prática para a aplicação em sua vida cotidiana tendo
apenas vivenciado a resolução de exemplos e exercícios na lousa junto ao
professor, sem experimentar de alguma outra forma a comprovação daquele
conceito?

Assim sendo, este projeto de pesquisa tem como questão central: qual é
a relevância da utilização de um software educacional no processo ensino-
aprendizagem da Matemática?

Outras questões norteiam o estudo:

 Quais têm sido as mudanças (sociais, culturais, conceituais, intelectuais


etc.) e o que elas têm transformado na sociedade quando pensa-se em
educação?
 Quais critérios devem ser adotados para a escolha de um software
educacional que favoreça o sucesso do processo ensino-aprendizagem?
 O que impede que as aulas sejam ministradas com mais freqüência
utilizando recursos tecnológicos disponíveis?
14

1.3. HIPÓTESES

Partiu-se do pressuposto de que, embora ainda muito importantes, as


aulas teóricas e conceituais, ministradas da maneira tradicional (sala de aula,
giz, lousa, livros etc.), por si só, não têm contribuído para o sucesso do
processo ensino-aprendizagem. Nota-se que, não obstante os docentes
utilizarem o currículo para o planejamento de suas aulas e concluírem com
sucesso os conteúdos predeterminados (etapa de ensino), os alunos, nem
sempre, conseguem desenvolver habilidades e competências necessárias
(etapa da aprendizagem).

Deduziu-se que a linguagem formal ou modelos arcaicos não condizem


com a realidade do aluno, dificultando o desenvolvimento de suas habilidades
ou até mesmo excluindo-o do contexto educacional. Por isso far-se-ia
necessária uma reformulação do pensar docente, que deve manter como
objetivo a formação de cidadãos conscientes, críticos e capazes de resolver
problemas. Se o conteúdo passado em sala de aula não foi bem compreendido
pelo alunado, cabe ao professor encontrar outros caminhos para que fiquem
claros a relevância, o funcionamento e a aplicabilidade daquele tema. Assim
sendo, despertará no aluno a curiosidade de aprender, haja vista que, após
compreender a razão de cada tópico estudado, a motivação por
aprofundamento do assunto será natural e não por obrigação de estar dentro
da escola por determinado período de tempo.

Se a escola oferece recursos tecnológicos (mesmo que sejam pouco


modernos) e estes fazem parte do cotidiano dos alunos, sua utilização poderia
resultar em um melhor rendimento intelectual e acadêmico, pois a teoria se
transformaria em experiência prática por meio de um instrumento que é
dominado pelo indivíduo, seja um software educacional em um computador na
sala de informática, seja um aplicativo móvel instalado no smartphone. Porém é
preciso ter em mente que o recurso a ser utilizado deve garantir o sucesso do
processo ensino-aprendizagem, pois uma má escolha pode acarretar mais em
dispersão da atenção do aluno do que na construção do conhecimento, que é o
objetivo.
15

Para que isso ocorra, o docente deve estar disposto a conhecer novas
ferramentas, buscar capacitação e atualização, inteirando-se das funções e
funcionalidades oferecidas pelo recurso. Em outras palavras, o professor deve
contextualizar os assuntos de sua disciplina de uma maneira que o
entendimento por parte do alunado se dê quase que naturalmente e, para isso,
conhecer as ferramentas tecnológicas que são familiares aos seus alunos,
estando apto a utilizar uma linguagem nivelada com sua realidade.

Com a junção do conteúdo teórico ministrado em sala de aula com


exemplos resolvidos durante a explanação, a resolução de exercícios no
caderno com o auxílio do professor e a aplicação desses conhecimentos em
um experimento realizado por meio de um recurso tecnológico, a probabilidade
do aluno compreender o conceito, seu funcionamento e sua aplicabilidade seria
muito alta. Ou seja, o aluno teria mais chances de aprender o que é, para que
serve e como se faz aquilo que está sendo estudado.

1.4. OBJETIVOS

1.4.1. Objetivo Geral


Refletir sobre e analisar a relevância da utilização de softwares
educacionais no processo ensino-aprendizagem.

1.4.2. Objetivos Específicos


 Entender as mudanças tecnológicas e seus impactos na sociedade, na
cultura e, principalmente, na educação;
 Identificar supostas barreiras à utilização dos recursos tecnológicos por
parte do corpo docente;
 Determinar quais critérios devem ser utilizados para decidir pelo melhor
recurso (no caso, software) a fim de garantir o sucesso do processo
ensino-aprendizagem.
16

2. JUSTIFICATIVA

Sendo a educação um Direito garantido pela Constituição Federal de


1988, torna-se a escola um dos órgãos mais importantes da sociedade. Ela
deve permitir e garantir o acesso à educação e ofertar um ensino de qualidade,
comprometendo-se a tornar isso um fato. Desta forma, quando algo durante o
processo não ocorre conforme o que foi planejado é obrigação da escola
detectar as possíveis causas e buscar meios que neutralizem as falhas a fim de
proporcionar à população escolar uma formação digna, com ética e cidadania.

A metodologia tradicional de ensino aparenta não ter a mesma eficácia


em alunos da nova geração. O caráter conteudista e expositivo (aulas que
consistem em texto na lousa e explicação do professor) indica certa deficiência
para manter a concentração e o interesse do aluno moderno, que tem em sua
mão um dispositivo que o permite ler sobre o mesmo conteúdo a qualquer hora
e em qualquer lugar: o aparelho de telefone celular. Isto reflete diretamente na
construção de conhecimento em aspectos positivos quando, ao efetuar uma
busca pelo assunto na internet e encontrar uma abordagem mais clara sobre
determinado conteúdo, a compreensão se faz. Em contrapartida, se mesmo
encontrando o assunto abordado de outra maneira ele tem dificuldades para
compreender os conceitos, o smartphone perde a função de ferramenta
educacional e assume um papel de adversário do professor, tornando-se uma
distração e adotando, assim, um aspecto negativo.

Tendo a escola como função principal formar cidadãos de maneira


íntegra e com qualidade, garantir o desenvolvimento pleno das habilidades e
competências ao final de cada ano/série da Educação Básica é crucial para
que o processo ensino-aprendizagem ocorra. Outrossim, cabe ao principal
agente da educação neste processo (o professor) encontrar meios que
conduzam os envolvidos (os alunos) ao sucesso desejado. Em outras palavras,
o docente deve estabelecer alternativas que propiciem sua entrada (e
permanência) na realidade do aluno, contextualizando seus conteúdos a serem
ministrados ao cotidiano do alunado, possibilitando, desta forma, o
entendimento dos conceitos, sua usabilidade e aplicações.
17

Nas aulas de Ciências do Ensino Fundamental II (dois) o aluno pode


aprender sobre o ciclo da água e a fotossíntese apenas por meio da leitura de
textos e de figuras ou exemplos dados pelo professor, porém a realização de
experiências práticas como o plantio de uma semente qualquer em um terrário 2
permite a observação da aplicabilidade daquele conteúdo teórico, promovendo
o senso analítico e crítico. De modo análogo, integrando a parte obrigatória e
formal (conceitual) a uma experiência prática mais próxima da realidade do
aluno (utilização da tecnologia), os dedos sujos de terra dariam vez aos dedos
ágeis para a digitação, contribuindo, igualmente, para a construção do
conhecimento.

Para tanto far-se-ia necessário que o professor assumisse o papel de


mediador da tecnologia do conhecimento, adotando os recursos tecnológicos
como parceiros no desenvolvimento da aprendizagem plena de seus alunos.

2
Recipiente, geralmente transparente, onde se reproduzem características ambientais de
habitação de determinados seres vivos. No texto, refere-se a uma experiência na qual alunos
de Ciências observam o desenvolvimento de vegetais, observando o ciclo da água e a
fotossíntese.
18

3. REFERENCIAL TEÓRICO

A evolução tecnológica é uma constante no cotidiano, o que faz com que


sua adoção e adaptação sejam quesitos obrigatórios para a sociedade em
todas suas esferas, incluindo a área da educação. Porém, salientam Conte e
Martini(2015), deve-se estabelecer sentido e significado para a tecnologia
educacional a fim de evitar que seja mera instrumentalização e possa atualizar
e transformar de fato a aprendizagem. Para as autoras:

[...]o computador é, talvez, a melhor expressão tecnológica desses


valores cardinais, representando um dos meios mais convenientes de
manter-se atualizado. Não deveria surpreender, portanto, que a
trajetória evolutiva da técnica e da ciência seja marcada por desvios
equivocados e reviravoltas.
(CONTE; MARTINI, 2015, p.1198)

Ou seja, a utilização da tecnologia deve ter um fundamento, uma base


sólida, uma relevância. Adaptar-se a ela simplesmente por estar na moda, sem
planejar ou fazer bom uso, não traria benefícios. Para que isso de fato ocorra,
os professores devem ter em mente que o processo ensino-aprendizagem
requer uma profunda compreensão do currículo, planejamento, preparo e
renovação das abordagens pedagógicas, haja vista que crenças e valores
estimulam ou inviabilizam a utilização de recursos tecnológicos na intenção de
obter transformações significativas (NÚCLEO, 2016). Todavia, de acordo com
Fernandes et al.(2013), o uso do computador possibilita, sim, que ocorra o
aprendizado, já que através dele o aluno desenvolve pesquisas juntamente
com colegas e professores, buscando em tempo real informações que
necessite para finalizar sua tarefa.

Para Conte e Martini(2015) buscar sentido para a tecnologia na


educação é interpretativo e deve considerar a problemática da prática
educacional da realidade histórico-cultural da atualidade, que exige constante
aprimoramento dos processos de comunicação através do diálogo e do
exercício das críticas ideológicas, já que aquele “é um processo contra a
alienação, onde restabelecemos as conexões, pois nos conecta com o mundo,
com o outro, com a natureza e com a sociedade”. Sendo a internet o maior
meio de comunicação mundial, segundo Fernandes et al. (2013), esse trabalho
19

conjunto entre escola e tecnologia ajuda a ampliar o conhecimento a fim de


melhorar o processo ensino-aprendizagem, incentivando o aprender dado o
acesso de forma simples e rápida à informação.

Quanto aos softwares educacionais, os autores afirmam que professores


ainda encontram dificuldades para aceitar e empregar corretamente seu uso,
porém sentem-se estimulados a buscar novas formas de construção de
conhecimento através de atualização constante (FERNANDES et al., 2013).

Ora do ponto de vista apocalíptico ora entusiasta, deve-se concordar


que a era do conhecimento exige que se faça uso das tecnologias e vem
reestruturando o método tradicional de ensino, no qual o professor, segundo
Freire(1987, apud Nascimento, 2012), assume a posição central do processo e
o aluno tem seu ritmo de aprendizagem desconsiderado, cabendo a ele apenas
assimilar passivamente o conteúdo exposto no quadro-negro.

Para proporcionar um melhor entendimento do tema, a seguir serão


expostas idéias de autores que abordam os tópicos relacionados de
perspectivas diversas, permitindo uma melhor compreensão dos objetivos
desta pesquisa.

3.1. SOBRE A EDUCAÇÃO

Dentre os diversos conceitos sobre educação, cabe destacar a


interpretação de Brandão(2007, apud Aguiar e Passos, 2014), que remete à
origem em latim e dá idéia de desenvolvimento, tendo como agentes o
condutor (educador) e o guiado (educando). Nesta concepção, educação é se
deixar guiar buscando aprendizagem e apropriação de conhecimento. Ou seja:

[...] a constituição do sujeito, da identidade, do conhecimento segue


parâmetros que associa a figura do professor e do aluno e concebe a
aprendizagem não como uma ação individual, mas uma atividade
coletiva.
(AGUIAR; PASSOS, 2014, s.p.).

Sendo assim, o processo ensino-aprendizagem só ocorre quando a


atuação é conjunta: de um lado o professor, promovendo o acesso à
20

informação, aos conceitos, à base teórica; do outro o aluno, participando


efetivamente e aceitando ser orientado pelo professor, adquirindo novas
concepções e construindo seu conhecimento.

De um ponto de vista filosófico, o processo de educar deve considerar o


que acontece internamente no indivíduo, despertando nele uma nova visão do
mundo e possibilitando a formação de um cidadão capacitado a compreender e
resolver problemas dentro da sociedade na qual está inserido. A educação
então se torna parte integrante daquela sociedade (AGUIAR; PASSOS, 2014).

Já para Lima e Faria(2003), a educação não necessariamente está


atrelada à escola, pois está presente em todas as relações interpessoais, nas
diversas instâncias da sociedade. Isto posto, compreende-se que o papel da
escola é formar indivíduos para pensar e questionar, capazes de analisar se
existem ilusões ou erros e articular e organizar seus conhecimentos a fim de
reconhecer o mundo e os problemas que o envolvem.

Krishnamurti(1994, apud Aguiar e Passos, 2014) conceitua educação


como uma experiência que deve levar o indivíduo à compreensão da vida como
um todo e fazer da prática educativa uma rede de relações, cujo fluxo rítmico e
constante adota um caráter dialógico e transdisciplinar, sou seja, considera o
ser humano por inteiro em diversas áreas do saber, impulsionando-o a
aprender consigo e com os outros. Para as autoras:

É possível concluir que o ser humano é a um só tempo físico,


biológico, psíquico, social, historio e espiritual. É possível constatar
que a educação transdisciplinar tem um papel significativo na
superação dos paradigmas clássicos e processualmente ela vem
sendo incorporada às práticas pedagógicas abrindo caminho para
novas posturas quando se fala em formação do ser humano. [...]
(AGUIAR; PASSOS, 2014, s.p.).

Essas relações entre as mais diversas linguagens já haviam sido


observadas por Gladchef, Oliveira e Silva(2001), que afirmam que essa
orientação enfatiza desde cedo “a importância da formação pessoal e social da
criança, construindo sua identidade e autonomia”. As autoras salientam, ainda,
21

que a interdisciplinaridade possibilita a superação de dificuldades de


aprendizagem.

Se de um lado o processo ensino-aprendizagem tem a escola, as


práticas pedagógicas e o corpo docente como meios principais do ensino, a
aprendizagem só ocorrerá se for levado em conta o aluno como indivíduo único
e incomparável, possuidor de capacidades e dificuldades muitas vezes em
comum com outros alunos, porém cada um deles com um desenvolvimento
peculiar.

No que diz respeito ao aprender, Aguiar e Passos(2014) classificam


aprender a conhecer como um processo dinâmico e contextualizado, o qual
necessita de adaptação às demandas (individuais e coletivas) para reinventar o
pensamento ao invés de reproduzi-lo, “buscando o caminho da curiosidade, da
descoberta, da autonomia, da atenção”. Em outras palavras, aprender a
conhecer implica no entendimento de que o conhecimento não está pronto e
nem completo, portanto a cada situação novas descobertas podem ser
realizadas.

Paralelamente, aprender a fazer tem a função de desenvolver e


capacitar os alunos a enfrentarem situações relativas à formação profissional
que, frequentemente, emprega o trabalho coletivo. Como conseqüência, o
incentivo à iniciativa e à responsabilidade frente a essas situações promove as
atitudes colaborativas, proporcionando o aprender a conviver, que nada mais é
do que “perceber a crescente interdependência dos seres humanos, buscando
conhecer o outro, sua história, tradição, cultura e a diversidade humana”
(AGUIAR; PASSOS, 2014).

Barbosa Neto e Fonseca(2013) complementam dizendo que a


aprendizagem não pode ser vista como uma obrigação, um dever para o aluno.
Ela precisa envolver prazer, diversão, interesse e motivação para que o
discente se dedique aos estudos.

As idéias apresentadas conduzem, então, ao conceito de educação do


futuro, que, fundindo-se com a idéia de educação transdisciplinar, centra-se na
condição humana. Este modelo sinaliza a importância da sensibilização do
22

docente e do discente sobre a capacidade e o direito de assumir a


responsabilidade de construir uma sociedade mais solidária, pois, pressupondo
a inclusão, promove o desenvolvimento do ser humano. O exercício da
cidadania, então, se faz presente já que se visa restabelecer a dignidade e a
igualdade em todas as esferas da vida coletiva (AGUIAR; PASSOS, 2014).

3.2. A EVOLUÇÃO QUE TRAZ MUDANÇAS

A era da informação, iniciada com a popularização da internet na década


de 1990, exigia o conhecimento mínimo da informática para que a computação
auxiliasse a execução de tarefas básicas que iam desde a elaboração de textos
e planilhas até a troca de mensagens de correio eletrônico (e-mail). Os cursos
de datilografia perdiam espaço para os recém chegados cursos básicos de
informática, que consistiam em formar pessoas aptas a manusear
microcomputadores com o Sistema Operacional Windows e as primeiras
versões de programas como o Word (produção de documentos de textos), o
Excel (planilhas), o Power Point (apresentação de slides) etc., componentes do
pacote MS (Microsoft) Office, cuja versão mais atual é a 365 (2016).

A Microsoft, fundada em 1975 por Bill Gates e Paul Allen, desenvolveu a


primeira versão do Windows em 1981, porém o Sistema só foi apresentado ao
mercado em 1985 com o nome de Windows 1.0. Ele revolucionou o conceito de
computador doméstico, apresentando ao usuário o mouse (acessório até então
desconhecido) e a possibilidade de executar mais de um programa ao mesmo
tempo (na informática, o termo utilizado para esse recurso é “multitafera”),
coisa que os outros PCs (do inglês, “Personal Computer”, ou computador
pessoal) não ofereciam. Além disso, o Sistema possuía uma inferface3 colorida,
janelas separadas para cada aplicativo (daí o nome Windows, em Português,
janelas) e programas destinados a realizar tarefas diversas, como produção de
texto, jogos, calculadora, calendário, entre outros (disponível em
https://www.oficinadanet.com.br/post/13754-a-historia-da-microsoft-parte-1 e
https://www.oficinadanet.com.br/post/13754-a-historia-da-microsoft-parte-2).

3
Termo utilizado para a apresentação visual de um programa ou aplicativo.
23

Essa revolução da informação, segundo Aguiar e Passos(2014), é tão


marcante quanto a agrícola e a industrial. O efeito das mudanças promovidas
pela era do conhecimento repercute individual e coletivamente, transformando
todos os setores da sociedade. Valente(1993) observa que ela contribuiu,
também, para o processo ensino-aprendizagem:

[...] Uma razão mais óbvia advém dos diferentes tipos de abordagens
de ensino que podem ser realizados através do computador, devido
aos inúmeros programas desenvolvidos para auxiliar o processo de
ensino-aprendizagem. Entretanto, a maior contribuição do
computador como meio educacional advém do fato do seu uso ter
provocado o questionamento dos métodos e processos de ensino
utilizados.
(VALENTE, 1993, p.14).

Chiofi e Oliveira(2014) notam que, não obstante existir o avanço


tecnológico, a educação básica não está definitivamente preparada para essa
realidade na qual a comunicação e a informação acontecem de forma rápida e
o conhecimento tem fácil acesso. Isso, segundo Silva e Correa(2014), pode se
tornar um aspecto negativo pois, com a falta de preparo e adaptação, a escola
passa a ter na tecnologia um oponente ao invés de um aliado. Para os autores:

A evolução tecnológica tende a alterar comportamentos, estabelecer


processos comunicativos diversificados provocando uma interação
que vai desde o contato entre pessoas diferentes como à relação
entre conhecimentos e aprendizagens distintas. A escola precisa
acompanhar essa nova realidade de sociedade repleta de informação
e conhecimento.
(SILVA; CORREA, 2014, p.31)

Sendo assim, cabe à escola não somente oferecer meios para que o
professor ensine, mas principalmente integrar a tecnologia ao contexto
educacional, permitindo ao aluno construir seu conhecimento a partir do
professor como mediador, dos conteúdos, de suas próprias experiências e do
contexto no qual está inserido.

Com a ampliação do acesso à informação propiciada pelo uso das


Tecnologias de Informação e Comunicação (doravante denominadas TIC),
novas práticas docentes com a intenção de melhorar a qualidade do ensino
24

têm sido adotadas, como, por exemplo, a disponibilização de conteúdos


(documentos, materiais, vídeos etc.) em plataformas virtuais que podem ser
acessadas por meio de qualquer dispositivo (computador ou smartphone)
conectado à internet (BARBOSA NETO; FONSECA, 2013). A utilização dessas
ferramentas, segundo Aguiar(2008), incentiva a mudança de postura dos
alunos, pois “para aprender de forma online, o aprendiz precisa apresentar
características como: iniciativa, motivação, autodisciplina e autonomia”, sendo
esta última uma das principais habilidades a serem desenvolvidas pelo cidadão
atual. A autora afirma que:

Os ambientes virtuais de aprendizagem exigem uma maior


interatividade, cooperação e colaboração entre os envolvidos no
processo o que os leva a adotarem uma postura de compartilhamento
do desejo de construir e de aprender, e ao mesmo tempo, doar-se na
busca de uma construção coletiva e na superação de limitações.
(AGUIAR, 2008, p.70)

Com essa interação, os alunos mantêm contato com os professores e


com os colegas, permitindo a construção do conhecimento mesmo fora do
ambiente escolar.

Chiofi e Oliveira(2014) defendem que as aulas que utilizam recursos


tecnológicos são mais dinâmicas, interativas e contextualizadas à realidade do
aluno. A tecnologia, para as autoras, contribui didaticamente para o sucesso do
processo de ensino-aprendizagem.

3.3. UMA NOVA ESCOLA

O modelo tradicional de ensino vem passando por uma atualização


tecnológica já há alguns anos. Recursos como retroprojetores4 para reproduzir
5
textos ou imagens impressas em transparências , aparelhos de rádio,
televisores, videocassetes etc. começaram a fazer parte do conjunto de
ferramentas pedagógicas no final da década de 1980, início dos anos 90.

4
Aparelho composto por uma superfície horizontal de vidro que refletia a imagem da
transparência, por meio de uma lente de reprodução e de uma lâmpada, em uma superfície
vertical, como o que acontece com os retroprojetores digitais atuais, conhecidos como “data
show”, do inglês, “apresentador de dados”.
5
Lâmina fabricada a partir de material plástico, consistente e transparente, com dimensões
variadas (a medida mais comum é semelhante à do tamanho A4), utilizada para impressão de
textos a serem exibidos como slides.
25

Professores da Língua Inglesa trabalhavam pronúncia, tradução ou escrita


utilizando toca-fitas portáteis para reproduzir canções gravadas em fitas K7
(cassete) e, assim, possibilitar o desenvolvimento das habilidades e
competências de seus alunos; filmes ou documentários sobre fatos históricos
eram exibidos através do videocassete a fim de contribuir para a construção do
conhecimento acerca das Ciências Humanas; trechos de livros, poemas ou
outras produções eram expostos e trabalhados por professores de Língua
Portuguesa; entre outros. A tecnologia estava presente nas escolas e os alunos
começavam a interagir no ambiente educacional com dispositivos conhecidos e
integrantes de seu cotidiano.

Porém não é tão rápida a adaptação da escola à realidade. Giraffa(2009)


observa que:

[...] A escola tradicionalmente é o último reduto a incorporar


novidades, especialmente ligadas à tecnologia, comparando com os
demais setores da sociedade. Até os dias de hoje isto não foi um fator
perturbador ou interveniente da qualidade do serviço que ela presta à
sociedade: educação. Certamente isto vai mudar e rapidamente.
(p.28)

Essas mudanças, segundo Freire(1996, apud Aguiar e Passos, 2014),


consistem na transformação da cultura bancária (o modelo tradicional no qual o
professor é o agente principal enquanto o aluno é mero espectador) para a
educação mediada pela tecnologia (dialógica e problematizadora),
incentivadora do desenvolvimento participativo e crítico. Mas isso só acontece
se tanto professores quanto alunos exercerem papéis protagonistas,
compreendendo sua importância dentro da educação. Reconhecer tal
relevância individual dentro desse sistema transformador implica em não criar
barreiras ao uso das tecnologias e menos ainda distorcer o seu verdadeiro
propósito. Silva e Correa(2014) afirmam que:

Muitas escolas e professores ainda se baseiam em metodologias


arcaicas de ensinagem, mesmo existindo ao lado de sua sala de aula
um laboratório de informática com computadores de última geração.
26

Eles não se permitem a entender esse processo e muito menos ter


contato com ele.
(p.27)

Essa resistência é prejudicial ao processo de ensino-aprendizagem já


que ela impede o acompanhamento da “evolução que está na essência da
humanidade” (SILVA; CORREA, 2014). Não estando preparada para integrar a
tecnologia às práticas pedagógicas, a escola perde uma aliada e ganha uma
adversária, pois:

Educandos chegam às escolas com celulares de última geração e


preferem estar a usar o facebook, ou twitter durante as aulas do que
prestar atenção aos conteúdos elencados pela escola como
importantes para sua formação. Os educadores preferem entender o
ato de educar apenas como quadro-negro e giz e assim perpetuam
um modelo já desgastado, com resultados mínimos.
(SILVA; CORREA, 2014, p.27)

Richit(2005) defende que o computador deve estar presente em


atividades essenciais (ler, escrever ou interpretar textos e gráficos; contar;
desenvolver noções espaciais; entre outras), fazendo da informática na escola
uma contribuinte para a cidadania. Para a autora, o acesso à informática deve
ser um direito e as escolas têm a obrigação de contribuir para que o aluno
possa receber uma educação que inclua a alfabetização tecnológica, entendida
por “um aprender a ler essa nova mídia”. Assim sendo:

Estas colocações reforçam a necessidade da escola investir no uso e


na exploração dos recursos que estão presentes no presente cenário
social (computadores, softwares, Internet, simuladores, jogos
eletrônicos, planilhas, calculadoras etc.) com o objetivo não apenas
de permitir o acesso do aluno a esses recursos, mas, principalmente,
para auxiliá-lo na construção do conhecimento e integrá-lo à
sociedade.
(RICHIT, 2005, p.26)

Para que a evolução tecnológica tenha efeito positivo na educação, a


escola deve disponibilizar aos professores e alunos os equipamentos e a infra-
27

estrutura necessários para o desenvolvimento do processo educacional, pois


promoveria a inserção dos agentes na sociedade da informação. Se as novas
tecnologias já estão contempladas no Currículo, é dever dos gestores (públicos
ou privados) torná-las funcionais dentro da escola (DIOGINIS et al., 2015), o
que, segundo Santos(2005), não acontece e faz com que o aluno seja apenas
um consumidor da informação, sem saber lidar com ela.

Para Dioginis et al.(2015), se a escola não dispõe de recursos


tecnológicos (sala de informática com número razoável de computadores,
retroprojetores em bom funcionamento etc.) e mantém-se atada às práticas
tradicionais de ensino, o aluno, ao invés de ser preparado para a sociedade do
conhecimento, continua se formando para provas e vestibulares. Santos(2005)
ressalta que:

[...] é necessário que exista um ambiente em condições tecnológicas


favoráveis, para que o aluno desenvolva projetos individuais, receba
orientação, assista às aulas, participe de discussões, faça avaliações,
interaja com os colegas e professores, seja incentivado para o
trabalho independente e cooperativo no sentido de internalizar e
sistematizar as informações para criar conhecimento que podem ser
aplicadas de maneira significativa e crítica, capaz de desmitificar o
uso das tecnologias no sentido mercadológico e utilizá-lo em um
projeto condizente com a realidade.
(p.5)

Ou seja, a adoção da tecnologia na rotina escolar não deve ter como


objetivo principal a formação de uma máquina de trabalhar mas, sim, um
cidadão consciente, analista e crítico, capaz de interpretar a informação e
tomar decisões a partir dessa interpretação.

Santos(2005) afirma que, mesmo equipadas com tecnologias, algumas


escolas mantém seus métodos tradicionais de ensino, o que leva a acreditar
que, embora indiquem a desigualdade entre a escola privada e a pública,
questões financeiras não são o principal fator de impedimento para a utilização
dos recursos tecnológicos no processo ensino-aprendizagem. Para Dioginis et
al.(2015), o educador deve buscar práticas pedagógicas que vão além de giz,
lousa, livros etc. e estar preparado para construir redes interativas,
28

promovendo uma melhor qualidade do ensino, eliminando barreiras para a


utilização dos recursos tecnológicos, ainda que não estejam tão acessíveis em
muitas escolas. Para os autores:

Poderão ser utilizados, com muita propriedade, aqueles que já fazem


parte do acervo escolar como TV, Vídeo, rádio etc. O importante será
a busca por desenvolver métodos criativos, para um ensino de
qualidade e uma aprendizagem significativa e o oferecimento aos
estudantes de oportunidades para que eles se tornem construtores do
seu próprio conhecimento. [...]
(DIOGINIS et al, 2015, p.1158)

Gestores e professores devem mudar sua postura a fim de favorecer a


efetiva inserção de recursos tecnológicos educacionais, quebrando
paradigmas. Relacionar educação e tecnologia é “problematizar, mediar e
incentivar a busca pelo conhecimento”, possibilitando ao aluno desenvolver as
habilidades específicas para compreender e aplicar esse conhecimento em seu
contexto atual (PEREIRA; SILVA, 2013, p.93).

Órgãos regulamentadores enfatizaram e previram a utilização de


recursos tecnológicos na educação tentando assegurar a presença das TIC no
currículo escolar, visando melhorias no processo de ensino-aprendizagem.
Porém reestruturar um sistema acostumado a um modelo de educação de
valores mais antigos põe a escola a repensar o seu papel social de promover o
crescimento e o desenvolvimento do indivíduo (NASCIMENTO, 2012; SILVA;
CORREA, 2014).

As adaptações a serem realizadas nos Currículos, visando uma prática


pedagógica que garanta o sucesso do processo ensino-aprendizagem, devem
considerar que este só ocorre quando o aluno participa ativamente,
desenvolvendo suas habilidades cognitivas e construindo seu conhecimento
(AGUIAR, 2008). Para que essas adaptações tenham resultado positivo na
nova realidade, os cidadãos devem dominar diversos saberes (técnicos,
científicos, políticos, culturais, sociais etc.) “proporcionados pela tecnologia de
forma igualitária durante todo seu processo educativo” (AGUIAR; PASSOS,
2014).
29

Santos(2005) considera que o Currículo deve proporcionar flexibilidade


aos protagonistas, para que estes utilizem conhecimentos já possuídos em prol
da construção de outros novos. Essa flexibilidade deve abranger “conteúdos,
objetivos, materiais disponíveis e formas de avaliação de aprendizagem”, além
de ser pertinente com a realidade social atual. Com um Currículo desenvolvido
em uma perspectiva crítica, metodologias dinâmicas podem ser aplicadas e
professores e alunos podem mudar sua postura e assumir uma nova
concepção sobre ensinar e aprender. A autora afirma que:

Considerando que a escola pode e deve trabalhar um currículo


flexível, utilizando diferentes meios para desenvolver a ação
educativa e neste caso as novas tecnologias, o professor é o
profissional que vai auxiliar na orientação, utilização, aplicação e
avaliação crítica das „inovações‟ em sentido amplo, sem perder de
vista a criticidade para mediar a construção do conhecimento em uma
sociedade informatizada.
(SANTOS, 2005, p.6)

3.4. O USO DAS TECNOLOGIAS NA EDUCAÇÃO

Corrêa(1997, apud Lima e Faria, 2003) denomina tecnologia o conjunto


de conhecimentos e informações obtidos através de métodos diferenciados,
organizados de forma sistêmica com o intuito de produzir bens e serviços. Em
outras palavras, tudo que foi criado a partir de descobertas científicas e
experimentais visando melhorar a vida do ser humano pode ser considerado
tecnologia. Desde uma cadeira para se sentar, uma mesa para apoiar o
caderno, o lápis para escrever, o giz para ser usado no quadro-negro, entre
outras, todas essas invenções são tecnologias que vêm fazendo parte do
cotidiano escolar há muitos séculos. Porém, na atualidade, “quando a
expressão „tecnologia na educação‟ é empregada, dificilmente se pensa em
giz, quadro, livros, [...]” (AGUIAR; PASSOS, 2014, s.p.). A tecnologia sempre
avançou de acordo com as necessidades da sociedade e, sendo assim, a
realidade escolar de hoje apresenta alunos com uma experiência sociocultural
de utilização dos meios tecnológicos modernos que é superior à de seus
educadores, que por sua vez devem se manter atentos a essa realidade
(DIOGINIS et al, 2015).
30

Como dito anteriormente, as escolas vêm se adaptando aos avanços


tecnológicos, mesmo que de forma tímida e gradual, há algumas décadas.
Nota-se que os docentes utilizam ferramentas educacionais disponíveis para
ministrar suas aulas, ainda que esporadicamente, e, conforme a tecnologia
avança, a educação busca acompanhar essa evolução, por isso:

A introdução da informática na educação, sob diversos ângulos, é a


tecnologia atual que não pode estar ausente da escola. Começa, no
Brasil, a haver um investimento significativo em tecnologias de alta
velocidade para conectar alunos e professores no ensino presencial e
a distância.
(PEREIRA; SILVA, 2013, p.91)

Sendo assim, o uso de recursos tecnológicos na educação é tema


debatido com freqüência no meio científico-acadêmico, haja vista a influência
que a tecnologia tem sobre a cultura, a ciência, a política e a economia
(MOLIN, 2010). Chiofi, Oliveira e Silva(2014) defendem que essa ação tem
ligação com a qualidade do ensino, pois permite inovações na prática
pedagógica que contribuem para resultados diferenciados e fortalecem a
justiça social devido a democratização do acesso e a inclusão dos indivíduos
na educação. Com relação ao educando, Dioginis et al.(2015) pressupõem que
a utilização de ferramentas tecnológicas em sala de aula promove o
envolvimento e contribui para a melhoria da aprendizagem.

Nascimento(2012) explana que o uso de recursos tecnológicos digitais


no contexto educacional “constitui uma linha de trabalho que necessita se
fortalecer”, eliminando lacunas entre a produção das ferramentas e “a
aceitação, compreensão e utilização desses recursos nas aulas pelos
professores” (p.125). Esse vão que dificulta a prática efetiva da educação
tecnológica, segundo o autor, tem sua origem na falta de qualificação técnica
do corpo docente. Para ele:

A utilização de recursos tecnológicos no âmbito da educação


brasileira, mais precisamente, no contexto da educação pública tem
sido centro de atenção, no entanto, este vem se articulando em meio
a um conjunto de dificuldades, uma vez que, as unidades de ensino
público não se dispõem em sua grande maioria de profissionais
31

qualificados para o bom desempenho de atividades que garanta o


bom desempenho das funções.
(NASCIMENTO, 2012, p.131)

O novo modelo de trabalho, reorganizado pelo desenvolvimento


tecnológico, exige preparo específico para a inserção e o uso desta tecnologia,
sem o qual o indivíduo corre risco de ser excluído do mercado de trabalho pela
falta de familiarização (PEREIRA; SILVA, 2013). Na educação, o investimento
na inserção dos instrumentos tecnológicos visa o preparo dos alunos para a
interação dentro do cenário atual, contribuindo com novas mudanças neste
(RICHIT, 2005). Para Valente(1993), o uso do computador, por exemplo, se
destina tanto para o ensino da computação (computer literacy) quanto para
utilizar-se dele a fim de lecionar outros assuntos (ensino através do
computador).

3.4.1. Recursos tecnológicos

Aguiar e Passos(2014) afirmam que quando um professor utiliza meios


tecnológicos para ministrar suas aulas, ele promove a interação entre ele, a
tecnologia e seus alunos, desenvolvendo situações de ensino, descobertas e
aprendizado. Para as autoras:

Conforme o professor introduz as tecnologias na sua aula vai criando


novas formas de expressão na explanação dos conteúdos. A
dinâmica e as potencialidades que os recursos oferecem permitem ao
docente superar a prevalência da pedagogia da transmissão. Neste
movimento, ele propõe desdobramentos, arquiteta situações de
aprendizagem, cria ressignificações sobre a prática. Ao agir assim,
estimula que cada participante faça o mesmo, criando a possibilidade
de co-professar a aquisição de seu próprio conhecimento.
(s.p.)

Se o mundo moderno considera fundamental o ensino através do


computador (FERNANDES et al., 2013), este recurso deve ser usado e
avaliado como qualquer outra ferramenta: o giz, a lousa, o caderno, o livro
didático etc. Ou seja, ele deve fazer parte da rotina escolar e apresentar
resultados positivos no processo ensino-aprendizagem (BRITTAR;
GUIMARÃES; VASCONCELLOS, 2008), porém é necessário que ele seja
32

escolhido obedecendo parâmetros (AGUIAR; PASSOS, 2014). Quando se


pensa em aplicar a tecnologia informática em sala de aula, pensa-se em
integrar os novos meios de manipular a informação (gerar, armazenar,
transformar, transmitir etc.) de uma maneira didática. Desta forma, é
necessário avaliar a ferramenta a ser adotada (AZINIAN, 1998), o que significa
dizer que o educador deve encontrar “aspectos considerados positivos no
software a ser utilizado em suas aulas, visando ampliar a inteligência”
(GLADCHEFF; OLIVEIRA; SILVA, 2001, p.69).

Gladcheff(2001) afirma que o uso do computador como recurso


psicopedagógico não deve ser superficial. Esta prática precisa ser
fundamentada para propiciar a compreensão da função escrita, detecção e
correção de erros e cooperação grupal, por isso a importância de sua aplicação
em todas as disciplinas.

Azinian(1998) afirma que os conceitos se materializam mediante uma


representação e a sua aprendizagem se associa à capacidade de compreender
esta representação. O passo a passo permite ao aluno descobrir informações
implícitas ou até mesmo criar novas informações que possam melhorar a
representação. A união de várias idéias e pontos de vista diferentes sobre um
mesmo assunto produz um leque de relações dinâmicas conceitualmente ricas,
o que vai de encontro com o que pensam Aguiar e Passos(2014) sobre a
relação interdependente entre projetos comuns e gestão inteligente e pacífica
dos conflitos no ambiente pedagógico visando compartilhamento e ações
conjuntas para resolver desafios do futuro.

A informática, como toda tecnologia, está associada com o desejo de


encontrar melhores maneiras de satisfazer necessidades, de realizar
tarefas. Na escola, os docentes se dedicam para colocá-la a serviço
do desenvolvimento das capacidades dos alunos.
Mas o valor dos recursos informáticos não é intrínseco: depende
principalmente do contexto no qual sejam utilizados, ou seja, do
projeto de atividade desenvolvido pelo docente. [...]
(AZINIAN, 1998, s.p.)
33

De acordo com Mainart e Santos(2010), “a incorporação das inovações


tecnológicas só tem sentido se contribuir para a melhoria da qualidade do
ensino”. Segundo os autores, aquisição e inserção dos equipamentos por parte
da escola, por si só, não garantem que aquilo seja verdade. Usar um
computador como recurso para resolver atividades seqüenciais apenas tornaria
a aula tradicional informatizada, pois o aluno obedeceria a regras e
procedimentos de forma mecânica (Instrucionismo), deixando de construir seu
conhecimento (Construcionismo) e tratando de adotar a repetição, atitude que
não contribui muito para o desenvolvimento de habilidades e competências
relacionadas à relação interpessoal como estreitamento de laços de amizade,
confiança etc. (RICHIT, 2006).

3.4.2. O papel e os impactos da tecnologia

Considerando que a tecnologia convive em perfeita simbiose com o ser


humano, ao passo que ela avança fica clara a necessidade de que os
indivíduos que dela usufruem acompanhem esta evolução, deixando de lado a
idéia de que o que se sabe já é o suficiente. Se a realidade social da atualidade
é intermediada pela tecnologia, faz-se necessário determinado esforço para
integrar “o objeto (informação), o sujeito (educando) e os diversos campos do
saber (disciplinas)” (AGUIAR; PASSOS, 2014).

Entretanto leva um certo tempo para que os indivíduos reconheçam a


relevância de, além de adquirir máquinas e equipamentos, aprender a utilizar
de maneira favorável à promoção de novas condições de aprendizagem e
estilo de vida (AGUIAR; PASSOS, 2014). Em outras palavras, os impactos das
novas tecnologias podem ser imediatos.

Chiofi e Oliveira(2014) afirmam que:

[...] a tecnologia se bem utilizada pode beneficiar o trabalho


pedagógico na escola com propostas dinamizadoras do
conhecimento e, para além disso, como processo de comunicação e
construção do saber escolar por alunos e professores.
(p.334)
34

É preciso reconhecer que o sistema arcaico de ensino, de linguagem


monótona e deveras abstrata, provoca distância entre o professor e o aluno.
Para que o processo de ensino-aprendizagem ocorra, de fato, o educador deve
encontrar meios para que os conceitos (ensino) sejam compreendidos
(concretizados), façam sentido e se tornem aplicáveis para os alunos
(aprendizagem). O uso das novas tecnologias, presentes constantemente na
vida dos alunos da nova realidade social, é a ponte que torna acessível a
construção do conhecimento que garante o sucesso deste processo. Conte e
Martini(2015) afirmam que:

Aprender com as tecnologias é uma das preocupações dos últimos


tempos na educação, pois assume uma importância universal na vida
humana, carecendo de uma revolução nos paradigmas
conservadores do ensino. Estes insistem em manter distantes
professores e estudantes pelo uso de linguagens abstratas e
monótonas empregadas nos sistemas educacionais vigentes,
resistindo às potencialidades reflexivas das tecnologias em
intercomunicação com o mundo. [...]
(p.1192)

Ou seja, se as tecnologias promovem a aproximação das pessoas,


mesmo quando geograficamente distantes, e o trabalho coletivo entre elas,
adaptar a escola a esta nova realidade incentiva a curiosidade pelo
conhecimento e, assim, possibilita aprendizagens coletivas. Além do mais,
ressalta Aguiar(2008), individualmente, o aluno trabalha mais
substancialmente, objetivando o desenvolvimento de sua intuição e de sua
consciência sobre os conceitos aprendidos ao usar uma tecnologia como
ferramenta como, por exemplo, um programa de computador em formato de
jogo educacional.

Neste tipo de ferramenta, a interação ajuda na construção do


conhecimento por manter um ciclo de feedback 6 muito rápido, que promove ao
aluno a percepção sobre o sucesso de suas metas de aprendizagem
(BARBOSA NETO; FONSECA, 2013). Em outras palavras, a partir da resposta
que o aluno recebe do software para uma ação sua, ele é capaz de se auto-

6
De etimologia Inglesa, refere-se ao retorno da informação ou do processo; uma resposta.
35

avaliar e determinar se efetivamente pôde construir seu conhecimento. Isso


permite a melhoria individual contínua dos aprendizes e leva em consideração
seu estilo de aprendizagem e desenvolvimento (AGUIAR, 2008).

Quando a tecnologia motiva, ela transforma de fato a educação. Para os


alunos, os recursos tecnológicos facilitam a compreensão de conteúdos
apresentados por meio de computadores e data show devido à utilização de
imagens na produção da apresentação pelo professor (DIOGINIS et al., 2015).
Silva e Correia(2014) observam que:

[...]. Os educandos geralmente se apresentam favoráveis às idas ao


laboratório de informática, ao uso dos equipamentos eletrônicos, às
mídias etc., e se sentem mais familiarizados com os conteúdos
quando são abordados por meio desses instrumentos tecnológicos.
[...]
(p.32)

D‟ Ambrosio(1986, apud Nascimento, 2012) afirma que alguns alunos


têm mais afinidade com as tecnologias do que com os próprios professores e,
segundo Silva e Correa(2014), essa percepção do aluno nas suas diferenças
estimula a integração dos recursos tecnológicos a favor da interação,
comunicação e aproximação de grupos diversificados dentro da sala de aula,
reduzindo as desigualdades e estreitando as relações entre os indivíduos e as
informações e conhecimentos construídos.

Para Azinian(1998), o valor dos recursos tecnológicos (além da


interatividade, interface e outras características intrínsecas) depende do
contexto no qual sejam utilizados a fim de gerar um ambiente lúdico e
desafiador. O docente deve manter o controle da situação, mas permitir que o
aluno desenvolva por si só a sua aprendizagem.

3.4.3. O papel do professor

Diante da realidade social vivida na atualidade, torna-se imprescindível


para o professor abandonar o pensamento arcaico de ensinar tradicionalmente,
mantendo sua aula na mecânica expositiva de giz, lousa, livro, fala etc., pois
36

metodologias tradicionais de ensino utilizam linguagens que não corroboram o


desenvolvimento intelectual e acadêmico do aluno moderno. Este está
familiarizado com as tecnologias e, como dito anteriormente, compreende mais
facilmente conteúdos apresentados por meio de recursos tecnológicos. Sendo
tão evidente a importância dessas ferramentas no processo de ensino-
aprendizagem, quais são os impedimentos existentes para a aplicação efetiva
de metodologias de ensino suportadas por elas?

Embora o receio que tinha o professor da década de 1980 de ser


substituído pelo computador tenha sido dissipado por estudos da época
(RICHIT, 2005), no meio docente surgiu outro tipo de preocupação segundo
Santos(2005): a competição com professores mais abertos a adotar as
tecnologias, preparados e capacitados para lidar com elas em prol da
aprendizagem. Assim sendo:

[...]. Todos estes receios e incertezas trazem para o ceio da escola


uma discussão importante que nos leva aos seguintes
questionamentos: como a escola deve preparar seus professores e
alunos para um mundo cada vez mais informatizado? Deve a escola
ficar subordinada ao mercado simplesmente como instrumento de
formação para o mundo produtivo?
(SANTOS, 2005, p.4)

Gladcheff, Oliveira e Silva(2001) defendem que o uso do computador na


escola deve ser fundamentado em uma maneira mais crítica e não somente
como mera ferramenta mediadora. Para as autoras, o sucesso do processo de
ensino-aprendizagem estaria mais garantido se a utilização deste recurso fosse
dividida em tempos: no primeiro, o professor assume sua posição de educador,
passando conceitos de forma hierárquica, expositivamente; no segundo, de
forma mais transversal, ocorrem trocas de informações e uma aprendizagem
coletiva que envolva alunos e também o próprio professor; por último, o
professor abstém-se e possibilita ao aluno atuar de forma mais independente e
autônoma, utilizando as informações e os conhecimentos pré adquiridos para
construir seu conhecimento individualmente. Sendo conduzido desta forma, o
37

educando passa a refletir e descobre informações que são partilhadas de


pontos de vista científicos e críticos (SILVA; CORREA, 2014).

A falta de preparo (NASCIMENTO, 2012) levou Dioginis et al.(2015) a


alertarem para a necessidade da atualização por parte do professor a fim de
incorporar as tecnologias às práticas pedagógicas:

Os educadores devem estar atentos a essa realidade, porque,


embora seja uma novidade em termos de metodologia de ensino em
sala de aula, é importante entender que os alunos vão para a escola
com uma experiência sociocultural e de utilização destes meios
tecnológicos que, em muito, pode superar a dos educadores. [...]
(p.1158)

Ou seja, para oferecer um ensino de qualidade, o professor deve


compreender a importância da tecnologia na educação e integrá-la às suas
aulas, outrora ministradas apenas com a utilização de livros didáticos, giz e
lousa. Porém, para que essa integração surta efeitos positivos e propicie
sucesso ao processo de ensino-aprendizagem, o uso das ferramentas
tecnológicas deve permitir ao aluno aplicar os conceitos ensinados de forma
prática e a partir dessa experiência desenvolver seu pensamento crítico e
construir o seu conhecimento. Portanto é importante que o professor, além de
utilizar, tenha certo domínio sobre os recursos tecnológicos (MAINART;
SANTOS, 2010), pois, assim, a linguagem aplicada no desenrolar das aulas
passa a ser mais clara e de fácil compreensão pelos alunos e a distância entre
educador, conceito e educando vai diminuindo até que se torne quase nula.

Para uma prática pedagógica condizente com a realidade tecnológica:

[...], o professor precisa criar novas metodologias de ensino que


tenham como ponto de ancoragem a realidade da escola e de seus
protagonistas, relacionando o cotidiano escolar a contextos mais
amplos, articulando o senso comum ao saber sistematizado e
socialmente construído, integrando e contextualizando os diversos
componentes curriculares à nova realidade social. [...]
(MAINART; SANTOS, 2010, s.p.)
38

Com relação aos conceitos de Matemática, Kampff, Machado e


Cavedini(2004) explanam o equívoco dos professores ao encarar os conteúdos
como objetos já prontos, esquecendo que tais conceitos devem ser construídos
pelos próprios alunos, vivenciando as mesmas dificuldades e desafios pelos
quais passaram os matemáticos. Este tipo de experiência proporciona o
desenvolvimento da solução dos problemas e os torna “conscientes de suas
concepções e dificuldades”. Desta forma, um educador “atualizado e
comprometido” procura conhecer os mais variados recursos e optar por quais
destes deve desenvolver seu trabalho (KAMPFF; MACHADO; CAVEDINI,
2004), já que não existem delimitações quanto ao número de tecnologias e
nem a forma de sua utilização na educação e que cabe ao professor sua
adequação “às necessidades e especificações da escola e do alunado com que
atua” (MAINART; SANTOS, 2010).

Todavia deve-se levar em consideração se o recurso a ser escolhido é


adequado à atividade planejada pelo professor e ao nível dos alunos. Daí a
importância do envolvimento do professor no incentivo do ciclo de
aprendizagem, explicitando o problema tratado, considerando o aluno como
indivíduo único e compreendendo sua maneira de pensar. Reconhecendo que
esta ação implica diretamente na natureza das ações dos alunos, o professor
reformula sua prática pedagógica integrando-a às tecnologias (RICHIT, 2005).

Belloni(1999, apud Pereira e Silva, 2013) descreve como papel do


professor a orientação nos estudos de sua disciplina, esclarecendo dúvidas e
exemplificando questões que têm relação com os conteúdos, porém se
atentando para que os alunos não busquem e menos ainda esperem uma
resposta pronta. A nova realidade social exige preparo que só a mudança de
postura, tanto por parte do professor quanto do aluno, pode propiciar através
da adaptação ao mundo dominado por tecnologias (PEREIRA; SILVA, 2013), já
que estas “vieram pra ficar” (DIOGINIS et al., 2015, p.1156). Se o que se visa é
o sucesso na aplicação das tecnologias na educação:

[...] há necessidade de se considerar os professores não apenas


como os executores de um projeto já definido de informatização na
escola, nem como responsáveis pela utilização dos computadores e
39

consumidores dos materiais e programas escolhidos pelos


idealizadores do projeto, mas principalmente como parceiros na
concepção de todo o trabalho.
(MAINART; SANTOS, 2010)

A distância mantida entre professores e estudantes é fruto dos


paradigmas conservadores da educação, que insistem em utilizar linguagens
abstratas e monótonas (CONTE; MARTINI, 2015). Quando um professor
integra uma ação docente mediada pela tecnologia, ele permite intercâmbio de
conhecimentos entre os envolvidos (técnicos, alunos, outros docentes etc.) de
ponto de vista crítico, além de continuar exercendo seu papel de
acompanhamento, validação e avaliação da utilização da tecnologia na
educação em constante processo de investigação científica (SANTOS, 2005).

Para tanto torna-se primordial que o professor atualize seus


conhecimentos a fim de avaliar as mudanças necessárias em sua prática
pedagógica. Programas de formação continuada buscam resolver problemas
como o preparo adequado de professores para a utilização operacional e
pedagógica dos recursos (MOLIN, 2010), proporcionando a eles vivenciar e
trocar experiências com o intuito de amadurecer discussões sobre o tema
(BRITTAR; GUIMARÃES; VASCONCELLOS, 2008), além de dar significado à
utilização das ferramentas didáticas no processo de ensino-aprendizagem,
almejando a organização do pensamento e a sociabilização do aluno (CHIOFI;
OLIVEIRA, 2014; GLADCHEFF; OLIVEIRA; SILVA, 2001).

Apesar de trazer inquietações, a formação continuada para professores,


tema emergente na realidade atual, origina pesquisas científicas quanto à
inserção das TIC na rede pública de ensino e é fator contribuinte para o
acompanhamento das mudanças vivenciadas pela sociedade e para a
compreensão do novo perfil do professor, transformador crítico da realidade por
meio da construção do conhecimento e de sua disseminação (MOLIN, 2010).
Sendo assim:

[...], a formação continuada encontra seu espaço nas necessidades


pedagógicas, visto que, passa a ser também responsabilidade do
professor, devendo este compreender a escola não somente como
40

um espaço em que se ensina, mas também em que se aprende, na


qual educando e educador são sujeitos ativos na aprendizagem.
(p.46)

Compreendendo a evolução tecnológica que também transformou a


escola, o professor percebe a necessidade de também se atualizar e
acompanhar a realidade social atual, passando a se ver como um profissional
formado para formar (SILVA; CORREA, 2014), rompendo a resistência à
mudança de postura que outrora dividia artificialmente conteúdos propostos
pela escola e diversidade de fontes e informações, não considerava o professor
como um facilitador e menos ainda o aluno como sujeito ativo no processo
ensino-aprendizagem (SANTOS, 2005).
41

4. METODOLOGIA

Pesquisar significa, de forma bem simples, procurar respostas para


indagações propostas. Minayo (1993), vendo por um prisma mais filosófico,
considera a pesquisa como uma atividade básica das ciências na sua
indagação e descoberta da realidade. "É uma atividade de aproximação
sucessiva da realidade que nunca se esgota, fazendo uma combinação
particular entre teoria e dados" (p.23).

Demo (1996) insere a pesquisa como atividade cotidiana, considerando-


a como uma atitude, um "questionamento sistemático crítico e criativo, mais a
intervenção competente na realidade ou o diálogo crítico permanente com a
realidade em sentido teórico e prático" (p.34).

Para Gil (1999, p.42), a pesquisa tem um caráter pragmático, "é um


processo formal e sistemático de desenvolvimento do método científico. O
objetivo fundamental da pesquisa é descobrir respostas para problemas
mediante o emprego de procedimentos científicos". Nesse sentido, pesquisa é
um conjunto de ações, propostas para encontrar a solução para um problema,
que têm por base procedimentos racionais e sistemáticos.

Esta pesquisa é de natureza qualitativa, cuja interpretação dos


fenômenos e a atribuição de significados são básicas. Não requer o uso de
métodos e técnicas estatísticas. O ambiente natural é a fonte direta para coleta
de dados e o pesquisador é o instrumento- chave.

Quanto aos objetivos, trata-se de uma pesquisa descritiva, da qual as


análises dos dados e o processo e seus significados serão os focos principais
da abordagem. No que se refere aos fins, a pesquisa é intervencionista e tem
como principal objetivo interpor-se, interferir na realidade estudada, para
modificá-la. Não se satisfaz, portanto, em apenas explicar. Distingue-se da
pesquisa aplicada pelo compromisso de não somente propor resoluções de
problemas, mas também de resolvê-los de forma efetiva e participativa.

A pesquisa de campo, uma investigação empírica, foi realizada em uma


escola estadual da rede pública de ensino na cidade de Cotia (região Oeste da
Grande São Paulo) e o público alvo se dividiu em dois grupos: professores e
42

alunos. As entrevistas e aplicações de questionários ocorreram em um


intervalo de duas semanas e em duas fases: a primeira, diagnóstica, buscou
verificar, por parte dos professores, qual a preferência e justificativa para a
utilização (ou não) de recursos tecnológicos disponíveis na escola e, quanto
aos alunos, quais as dificuldades encontradas para compreender o conteúdo
ministrado de maneira tradicional (sala de aula, giz, lousa, resolução de
exemplos, exercícios de fixação etc.) na disciplina de Matemática para três
turmas da primeira série do Ensino Médio, mais precisamente a Função Afim;
já a segunda fase buscou verificar se os problemas de aprendizagem
encontrados na forma tradicional foram resolvidos quando o professor ministrou
a aula na Sala Ambiente de Informática, utilizando computadores e o software
GeoGebra7.

Fase I: Professores

Quinze professores, contemplando as doze Disciplinas ministradas no


Ensino Médio (Língua Portuguesa, Matemática, Biologia, Química, Física,
Sociologia, Filosofia, Geografia, História, Língua Inglesa, Arte e Educação
Física), participaram da pesquisa tendo suas idades e/ou faixa etária
ignoradas. A Figura 1 mostra a proporção entre os gêneros, na qual as
mulheres são maioria (três a cada cinco).

A escola dispõe de Sala de Vídeo equipada com um computador com


conexão à internet, Home Theater e retroprojetor digital em um espaço com
capacidade para acomodar aproximadamente 50 indivíduos; Sala Ambiente de
Informática (doravante referenciada como SAI) equipada com 18 (dezoito)
computadores dos quais 14 (quatorze) estão efetivamente em uso, conectados
à internet e com aplicativos e programas de diversas modalidades
(educacionais, navegadores de internet, editores de áudio e vídeo etc.)
instalados e funcionais – os quatro restantes estão desativados devido defeitos
diversos, aguardando reparo; A biblioteca possui acervo e espaço razoáveis
para acomodação das turmas durante a realização de pesquisas e a
construção de trabalhos escolares.

7
Software dinâmico de Matemática que permite trabalhar geometria, álgebra, planilhas,
gráficos, estatística etc. de uma maneira fácil. Disponível em:
<https://www.geogebra.org/about>
43

Conforme ilustra a Figura 2, a maioria dos professores faz uso dos


recursos educacionais disponibilizados pela unidade escolar, sendo os mais
utilizados a Sala de Vídeo (66,7%), a SAI (60%) e a Biblioteca (33,3%). Um
professor de Língua Portuguesa e uma professora de Matemática relataram
fazer uso de um software específico (pacote MS Office e GeoGebra,
respectivamente) durante suas aulas na SAI. As saídas de campo, realizadas
com baixa frequência, são vistas por dois professores como um recurso válido
para o enriquecimento intelectual dos alunos e (conversa informal) deveriam ter
sua frequência aumentada a fim de despertar nos alunos a motivação e a
curiosidade para aprender. Finalizando este quesito, um professor não tem
costume de utilizar quaisquer dos recursos durante suas aulas.

Figura 1: Gênero dos professores que lecionam no Ensino Médio no período matutino.

Fonte: Elaboração própria.

Figura 2: Recursos educacionais utilizados pelos professores fora da sala de aula.

Fonte: elaboração própria.


44

Sobre os aspectos positivos da utilização dos recursos, os professores


elencaram como mais relevantes o enriquecimento dos conteúdos e
conhecimentos (84,6%), a diversificação das aulas (61,5%) e a interatividade
(46,2%), considerando que a atratividade das aulas ministradas dessa maneira
proporciona melhorias para a aprendizagem dos alunos (Figura 3). Já os
professores que pouco utilizam ou evitam totalmente utilizar os recursos
oferecidos pela escola alegam ter dificuldades ou terem aversão à sua
utilização (Figura 4).

Figura 3: Justificativa para o uso dos recursos educacionais.

Fonte: elaboração própria.

Figura 4: Concepções contrárias à utilização dos recursos educacionais.

Fonte: elaboração própria.

Fase I: Alunos
A primeira fase da pesquisa com os alunos buscou diagnosticar quais
eram a dificuldades encontradas na aprendizagem dos conceitos e aplicações
45

da Função Afim após uma sequência de cinco aulas ministradas de maneira


tradicional (sala de aula, giz, lousa e exercícios exemplares e de fixação).

Alunos das três turmas de primeira séria do Ensino Médio do período


matutino responderam à pesquisa, totalizando 67 indivíduos de ambos os
sexos (a maioria do sexo Masculino como mostra a Figura 5), com idades e
características físicas ignoradas, cuja distribuição é equilibrada entre as
turmas, como ilustra a Figura 6.

Figura 5: Gênero dos alunos das 1ª séries A, B e C do Ensino Médio.

Fonte: elaboração própria.

Figura 6: Concentração dos alunos por turma.

Fonte: elaboração própria.


46

Os conteúdos abordados durante as aulas focaram na identificação dos


coeficientes da função afim, cuja lei de formação obedece ao formato

𝑓 𝑥 = 𝑎𝑥 + 𝑏

onde “a” é o coeficiente angular e “b”, o coeficiente linear. A identificação


destes auxilia nos cálculos para a relação de interdependência entre as duas
grandezas proporcionais e também na construção, leitura e interpretação do
gráfico da função, também abordados durante as aulas.

Após o processo de ensino, com aulas expositivas e resolução de


exercícios e situações-problema exemplares, aplicação de exercícios de
fixação e realização de atividades do Caderno do Aluno (material cedido pelo
Governo do Estado de São Paulo como parte integrante do programa São
Paulo Faz Escola8), o questionário da fase I (um) foi aplicado e a maioria dos
alunos (85,1%) não havia desenvolvido a habilidade para identificar os
coeficientes da função afim. A dificuldade mais compartilhada entre os alunos,
em segundo lugar, foi a interpretação do gráfico (41,8%), seguida da leitura do
mesmo (40,3%). Quanto à construção do gráfico, aproximadamente 20% dos
alunos encontraram dificuldades e para quase 15%, as operações matemáticas
a serem realizadas para obter-se a relação de proporcionalidade eram um
problema. Por fim, apenas 6% dos alunos não encontraram dificuldades para
compreender o conteúdo (Figura 7).

As respostas puderam ser confirmadas e validadas após a aplicação de


uma atividade com sete exercícios, escrita e realizada em grupos de alunos,
que reuniam todos os itens propostos: identificação dos coeficientes e
operações matemáticas para a relação de proporcionalidade e, também,
construção, leitura e interpretação de gráficos.

8
Programa do Governo do Estado de São Paulo que unifica o currículo oficial nas escolas
estaduais, formatando e fornecendo documentos orientadores para professores e apostilas a
fim de promover uma base comum de conhecimento. Disponível em
<http://www.educacao.sp.gov.br/sao-paulo-faz-escola>.
47

Figura 7: Barreiras na aprendizagem do conteúdo ministrado tradicionalmente em


sala de aula.

Fonte: elaboração própria.

Fase II: Alunos

A segunda fase da pesquisa, realizada na semana seguinte, buscou


verificar se, realizando a mesma atividade de maneira diferente, a
aprendizagem aconteceria. Os alunos das três turmas foram conduzidos até a
SAI e, utilizando a tecnologia, realizaram os sete exercícios da lista.

Foi utilizado o software educacional GeoGebra que, como mencionado


anteriormente, é uma ferramenta tecnológica dedicada à realização de
trabalhos que envolvem Matemática, como a construção de gráficos, planilhas,
figuras geométricas etc.

Os alunos se agruparam, conforme os mesmos grupos formados para a


realização da atividade em sala de aula, ocupando um ou dois computadores
por grupo (a quantidade de computadores presentes e utilizáveis não suportava
um aluno para cada aluno). Após orientações e demonstração de como utilizar
o software (duração de aproximadamente 50 – cinqüenta – minutos,
equivalentes a uma hora/aula), iniciaram a execução da atividade.

Ao finalizarem a atividade, um novo questionário foi aplicado a fim de


averiguar a relevância da utilização da tecnologia no processo ensino-
aprendizagem. Para quase 48% dos alunos, esta ação ajudou a identificar os
48

coeficientes e a compreender sua importância e para aproximadamente 31%,


possibilitou uma melhor leitura do gráfico (Figura 8).

Figura 8: Conteúdos aprendidos após a utilização da tecnologia.

Fonte: elaboração própria.

Ainda conforme a Figura 8, os alunos conseguiram melhor realizar as


operações matemáticas (13,4%), construir e interpretar os gráficos (11,9%
cada). Em contrapartida, aproximadamente um terço dos alunos não
adquiriram habilidades relativas a este conteúdo (31,3%), mesmo com o auxílio
da tecnologia na educação.

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A pesquisa realizada com os professores na primeira fase mostrou que


os recursos disponibilizados pela unidade escolar são bem vistos e utilizados
com certa freqüência para a realização das aulas, tendo como objetivo a
aproximação do conteúdo conceitual com a realidade do aluno. A reprodução
de vídeos, que abordam os temas a serem discutidos posteriormente, ou a
produção de pesquisas e textos com a utilização da informática e da internet
promovem a interatividade e, como conseqüência, a construção do
conhecimento.
49

Poucos professores optam por permanecer lecionando tradicionalmente


(sala de aula, lousa, giz, livro etc.). Esta atitude pode dever-se à aversão ou à
falta de afinidade com equipamentos e recursos tecnológicos como o
computador, a internet, smartphones, entre outros.

Compreender o conteúdo de maneira tradicional foi um desafio para boa


parte dos alunos, principalmente no que diz respeito à identificação dos
coeficientes e de sua importância para a aprendizagem da matéria. Outra
questão que merece atenção foi o fato de que alguns alunos apresentaram
dificuldades para efetuar adição, subtração, multiplicação e divisão, haja vista
que não conseguir desenvolver operações básicas implica em não ser capaz
de determinar um ponto no plano cartesiano e, como conseqüência, elaborar e
esboçar um gráfico de uma função qualquer, já que as coordenadas dos pontos
do gráfico são originadas pela lei da função, que relacionada cada ordenada (y)
a um valor específico das abscissas (x) por meio de uma expressão algébrica.

Todavia, ao realizarem uma mesma atividade de maneira diferenciada


(utilizando computadores ao invés de caderno, caneta, lápis etc.), alguns
desses alunos puderam melhor compreender os conceitos e, de uma forma
mais prática, aplicá-los e construir seu conhecimento. Um dos pontos utilizados
como referência é a identificação dos coeficientes, que no primeiro momento
era realizada por aproximadamente 15% dos alunos, que subiu para quase
48% depois da ida à SAI.

Outra referência é a leitura do gráfico: de 27 alunos que encontravam


dificuldades na primeira fase, 21 desenvolveram a habilidade necessária para
realizar esta leitura. Isto indica um aumento de 10% na quantidade de alunos
que construíram seu conhecimento (59,7% na primeira fase e
aproximadamente 70% na segunda).

Entretanto, ao serem comparados os extremos, na primeira fase apenas


6% dos alunos conseguiram compreender o conteúdo sem que fosse
necessário usar a tecnologia, enquanto aproximadamente 31% não puderam
desenvolver as habilidades mesmo após a realização da atividade em grupo
com o uso do computador. Isto indica que o professor e a escola devem
desenvolver estratégias para que esses alunos tenham oportunidade de
50

realizar aulas de reforço e atividades extras para que possam ser readaptados
e seguir no mesmo nível dos demais colegas.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estudo sobre a utilização da tecnologia na educação não é um


assunto jovem. Desde a invenção do papel pelos chineses até a implantação
de equipamentos modernos de mais alta tecnologia, o objetivo sempre foi
proporcionar a melhoria da qualidade do ensino.

Pesquisadores defendem que o uso dessas tecnologias promove e


garante o sucesso do processo de ensino-aprendizagem, já que aproxima o
conceito da realidade do aluno. Este já tem contato e afinidade com
equipamentos eletrônicos como televisores, computadores, tablets,
smartphones e aprende desde muito cedo a lidar com essas tecnologias de
informação e comunicação, sobretudo a interagir por meio da internet.

Quando o processo de ensino se dá de maneira formal ou tradicional,


utilizando uma linguagem aquém do contexto no qual está inserido o alunado, o
aprendizado se torna dificultoso e não atende às expectativas, construindo uma
barreira entre a realidade do aluno e a construção de seu conhecimento. Se
faz, então, necessária uma mudança de atitude por parte do docente, a fim de
se adequar ao mundo evoluído tecnologicamente para que a distância entre o
conteúdo e o contexto social diminua até que se torne quase nula.

Na pesquisa realizada durante o presente estudo, foi observado que as


dificuldades enfrentadas por alguns alunos, quando os conteúdos foram
ministrados de maneira tradicional, foram superadas quando estes mesmos
conteúdos foram trabalhados com o auxílio de ferramentas tecnológicas.

Embora não seja o objetivo deste trabalho defender a utilização integral


e soberana de recursos tecnológicos, reconhece-se a importância e a
relevância de sua utilização no ambiente escolar. Porém, cabe ressaltar que
para a inserção e implementação efetiva dessas ferramentas, o corpo docente
deve estar disposto a se atualizar continuamente, participando de programas
de formação continuada e adaptando sua linguagem à realidade dos alunos
para melhor compreensão por sua parte.
51

Assim sendo, este trabalho propõe uma continuidade e sugere novos


estudos na área, para que em breve o processo ensino-aprendizagem tenha
seu sucesso garantido em todo o território nacional, promovendo a todos os
estudantes o ensino de qualidade garantido pela Constituição Federal.
52

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