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Adaptado de:
CAMPOS, Flavio de & Miranda, Renan Garcia. Oficina de história. São Paulo: Moderna, 2000.
CHASSOT, Attico. A ciência através dos tempos. São Paulo: Moderna, 2004.
COTRIM, Gilberto. História e consciência do mundo. São Paulo: Saraiva, 2001.
NEVES, Walter A. E no princípio... era o macaco! São Paulo: Estudos Avançados, vol. 20, n. 58, 2006.
PARKER, Goffrey. Atlas verbo de história universal. Lisboa: Verbo, 1997.
RONAN, Colin A. História ilustrada da ciência da Universidade de Cambridge, volume 1: das origens à Grécia. Rio de
Janeiro: Jorge Zahar, 2001.
DAMPIER, William. História da Ciência. São Paulo: Ibrasa, 1986.
Egito
A civilização egípcia era centrada no rio Nilo, apresentando certa insularidade devido às
condições geográficas da região: era limitada ao norte pelo mar e em suas outras fronteiras pelo
deserto. Suas fronteiras asseguraram uma defesa natural contra invasões e influências
estrangeiras, o que resultou em uma economia e uma cultura de caráter auto-suficiente. A água
e a terra arável eram fornecidas pelas inundações periódicas do Nilo. Carregadas de húmus
vegetal, as águas transbordantes fertilizavam o solo inundado. Quando o rio voltava ao seu nível
normal, a terra estava pronta para o plantio. Através de trabalho humano, os egípcios tiraram o
máximo proveito das cheias do Nilo. Construíram grandes canais de irrigação para levar as águas
do rio às regiões mais distantes e diques e barragens para proteger vilas e casas contra a violência
das inundações.
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A civilização egípcia atingiu um nível elevado de desenvolvimento. Apresentava linguagem e
escrita próprias, sendo a última caracterizada pelo sistema hieróglifo; o transporte era feito
principalmente através dos canais construídos no Nilo, com o uso de barco à vela; o comércio
contava com a utilização de balanças com pesos; e o vestuário valia-se do surgimento do tear.
As grandes pirâmides foram construídas entre a quarta e a oitava dinastia (2575-2150 a.C.).
Essas monumentais construções apresentam aspectos surpreendentes como as faces voltadas
exatamente para os quatro pontos cardeais e sua constituição de até cerca de 2 milhões de blocos
de pedra, cada uma pesando até 2,5 toneladas.
Havia um sistema de numeração decimal para contagem, sem símbolo para o zero (criação
indiana muito ulterior), nem símbolos diferentes para números entre 1 e 10, de modo que, a
unidade tinha de ser repetida até perfazer o número desejado. A matemática concentrava-se
apenas em somar, subtrair, multiplicar e dividir. Apesar dos egípcios terem desenvolvido cálculos
para medições de áreas e volumes, estes apresentavam finalidade prática ao invés de uma razão
teórica. Não havia uma teoria básica da matemática ou um sistema teórico de geometria.
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O calendário oficial era constituído 365 dias por ano, embora os egípcios parecessem
saber que o ano solar era mais próximo de 365 dias e um quarto. Assim, ao longo do tempo, os
anos iam se atrasando com relação às estações, completando um ciclo em cerca de 1500
anos, período que talvez tenha sido considerado como o marco de uma era de tempo. Nos
templos, os calendários eram de 360 dias, divergindo ainda mais do ano verdadeiro. Os
egípcios agrupavam as estrelas em constelações identificadas com nomes de divindades.
Constelações egípcias
representadas no teto do
túmulo de Seti I (cerca de
1318-1304 a.C.).
Fonte : Colin Ronan. História
Ilustrada da Ciência, p.43.
Hieróglifos egípcios
Hieróglifo é um termo de origem grega (ieros = sagrado; glifen = escrita), que significa escrita
sagrada. Apenas os sacerdotes, membros da realeza, altos cargos e escribas (sendo que, estes
últimos serviam ao faraó e à administração em geral) conheciam a arte de ler e escrever esses
sinais. A escrita hieroglífica constitui um dos mais antigos sistemas organizados de escrita do
mundo e era utilizada principalmente para inscrições formais nas paredes de templos e túmulos em
torno de 3100 a.C. Tratava-se de um sistema pictográfico e ideográfico, porque usava imagens
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bastante simplificadas para representar objetos concretos, mas também as utilizava para
representar uma idéia abstrata ou mesmo uma unidade de valor fonético.
Com o tempo, a escrita hieroglífica evoluiu para formas mais simplificadas, como o hierático
(assim chamado porque hieráticos significa “sacerdotal” em grego e os escribas eram em grande
parte clérigos). A escrita hierática, que surgiu por volta de 2400 a.C., era uma variante mais cursiva
que se podia pintar em papiros ou placas de barro e, além de ser usada em templos, tinha uma
finalidade administrativa. Ainda mais tarde, em cerca de 500 a.C., com a influência grega crescente
no Oriente Próximo, a escrita egípcia evoluiu para o demótico (que recebe essa denominação
devido à popularização da escrita que se deu nesta fase; “demotikós”, em grego, significa “relativo
ao povo ou popular”). Na escrita demótica, os hieróglifos iniciais foram intensamente modificados e
aprimorados, havendo a inclusão de alguns sinais gregos. A escrita demótica era uma
simplificação da escrita hierática, que, por sua vez, era uma redução da hieroglífica.
Trecho do Livro do Mortos. Fonte: Gilberto Cotrim, História e consciência do mundo, p. 43.
Os hieróglifos foram usados durante um período de 3500 anos para escrever a antiga língua
do povo egípcio. Existem inscrições desde antes de 3000 a.C. até o ano de 394. Em sua fase mais
antiga, a escrita hieroglífica era constituída de cerca de 6900 sinais. Com o surgimento das formas
mais simplificadas a escrita egípcia passou a ter cerca de 700 sinais. Contudo, houve uma
diversificação do conjunto de símbolos originais, o que resultou em numerosos sistemas locais
diferentes, dificultando sua compreensão.
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Com a invasão de vários povos estrangeiros ao longo da história, a língua e escrita locais
foram se alterando e incorporando novos elementos. Fatores decisivos foram a introdução dos
idiomas grego e latino, com a conquista pelos respectivos impérios. Também o cristianismo, ao
negar a religião politeísta local, contribuiu bastante para que o conhecimento desta escrita se
perdesse, no século V. Tudo o que estava relacionado com os antigos deuses egípcios era
considerado pagão e, portanto, era proibido.
Mesopotâmia
Diferentemente do Egito, a Mesopotâmia não foi um local de um só país nem de um só povo.
Situada na região que pertence ao atual Iraque, entre os rios Tigre e Eufrates, a Mesopotâmia
começou a ser ocupada por povos nômades, muitos dos quais (principalmente os sumérios)
acabaram se estabelecendo em casa permanentes como conseqüência da necessidade de se
construir barragens e canais para aproveitar a cheia dos rios. Entre 10000 e 5000 a.C.,
estabeleceram-se grandes colônias e a agricultura começou a ser praticada. Foram construídos
templos para os deuses; a manufatura de vasos de cerâmica e de outros artefatos se desenvolveu
e o metal foi descoberto e trabalhado. Durante toda a sua história, a Mesopotâmia valeu-se
praticamente do comércio, uma vez que, muitas de suas terras eram impróprias para o cultivo.
Além de não haver pedras duras e madeira de qualidade, havia pouco metal em seu território.
Apenas alguns produtos como peixes, tâmaras e junco eram abundantes na região.
A escrita cuneiforme
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Esse sistema era, a princípio, essencialmente pictográfico, isto é, constituído de sinais para
representar objetos. Com o tempo, as imagens passaram a caracterizar idéias abstratas e sons da
linguagem falada, originando uma escrita silábica com cerca de 2000 sinais. Esses registros eram
gravados em tabuletas de argila úmida que eram postas para secar ao Sol ou cozidas em uma
espécie de forno, garantindo sua durabilidade.
A ciência na Mesopotâmia
Uma das conquistas científicas dos povos da Mesopotâmia foi o reconhecimento de unidades
fixas de medição de comprimento, peso e volume e a padronização dessas unidades em cerca de
2500 a.C. O peso, que foi empregado inicialmente para o comércio, tinha como unidade básica o
siclo (que corresponde a 8,36 gramas). As medidas de comprimento eram baseadas em partes do
corpo (mãos, palmos, dígitos e pés) e a unidade era o dedo, que equivalia a dois terços de uma
polegada (ou 16 milímetros), o cúbito continha trinta dedos, a corda 120 cúbitos e a légua 180
cordas (ou 10,71 quilômetros). O comércio era realizado sem sistema de moedas, mas empregava
metais preciosos para o intercâmbio e empréstimo de valores, que era feito com alta taxa de juros.
China
A civilização chinesa se desenvolveu, por volta de 2500 a.C., no vale do Rio Amarelo ou
Hoang-ho (que corresponde à porção oriental da China atual; ver mapa da pág. 1). A sociedade
era organizada em torno da produção agrícola, atividade que se destacou muito mais que a criação
de rebanhos.
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A escrita chinesa foi inventada em aproximadamente 1500 a.C. e permanece essencialmente
a mesma desde os tempos antigos. Os ideogramas exprimem uma ideia ou o som da palavra (ou
de parte da palavra) que representa essa ideia. Enquanto no Ocidente a tendência foi pela redução
do número de sinais, dando origem ao alfabeto, na China ocorreu o contrário. A escrita
permaneceu não alfabética e tornou-se ainda mais complexa.
Um país que sentiu muito cedo a influência da China foi a Coreia. O imperador chinês Wu Di
conquistou a Coreia no ano 109 e muitos chineses o seguiram até lá. Eles levaram a escrita que
sobreviveu, muito embora os governantes chineses tivessem deixado a Coreia um século mais
tarde. A escrita chinesa permaneceu em uso durante séculos, embora tivesse que ser modificada
para se adequar ao coreano, uma língua bastante diferente da chinesa. A influência chinesa foi
ainda maior no Japão. Houve uma invasão japonesa da Coreia no ano 370 e os especialistas
coreanos em língua chinesa falada e escrita logo chegaram ao Japão. A disseminação do budismo
também trouxe muita interação entre a China e o Japão, sendo que este último país adotou a
escrita chinesa e adaptou-a à língua local.
A ciência chinesa
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103, 104, por exemplo) em cerca de século II a.C. e de números negativos e irracionais em cerca
de século II d.C. Os chineses estudavam quadrados, cubos e raízes; mostravam interesse pelas
relações entre números (por exemplo, sabiam que a soma da seqüência de números ímpares é
sempre um quadrado), por análise combinatória, por geometria (calculavam um valor aproximado
para o número pi, fundamental para a determinação da área do círculo, em V d.C.), por álgebra
(equações) e por probabilidade. Os chineses conheciam o “triangulo de Pascal” desde o século XI,
enquanto no Ocidente seu desenvolvimento data do século XVII.
Entre 350 e 250 a.C., as ideias básicas da ciência chinesa eram influenciadas pelos cinco
elementos: água (associado a molhar, gotejar, movimento descendente e ao sabor salgado), metal
(que representava modelagem e fundição e o sabor acre), madeira (relacionada ao corte, à
escultura e ao sabor ácido), fogo (associado à queima, ao aquecimento, ao movimento ascendente
e ao sabor amargo) e terra (que representava a produção de vegetação comestível e o sabor
doce). Os cinco elementos eram considerados como princípios ativos e estavam ligados pelo
princípio da mútua conquista (o metal domina a madeira, por exemplo, pois pode cortá-la e esculpi-
la). Eles eram associados a todas as experiências, constituindo símbolos de mudança e de
quantidade, representando os cheiros e os gostos, os pontos cardeais, as funções humanas físicas
e mentais, os animais, o tempo atmosférico e, até mesmo, os aspectos do governo (se o
comportamento do imperador fosse bom, por exemplo, seria guiado pela ordem da mútua
conquista de elementos).
Uma segunda ideia básica da explicação chinesa sobre o mundo natural eram as duas forças
fundamentais, o Yin e o Yang. O Yin era associado às nuvens e a chuva, ao frio e ao escuro e ao
princípio feminino. O Yang, por outro lado, estava relacionado ao calor e ao morno, à luz do Sol e à
masculinidade. Eram complementares, mas dependendo da situação um tomava precedência em
relação ao outro, em uma relação de dominância e recessividade.
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Os minerais eram amplamente conhecidos na China, sendo classificados de acordo com a
dureza, a cor, a aparência e o gosto. Os chineses utilizavam os minerais em vários processos, tais
como pintura, medicina, análise de materiais etc.
A tradição do mapeamento data de cerca de 100 d.C. A cartografia chinesa sempre foi muito
avançada, os mapas representavam sempre o norte na porção superior. A invenção da bússola
pelos chineses foi derivada da prática da geomancia, que consistia em fazer girar uma colher e ver
em qual posição ela se deteria. Em cerca de 100 d.C., houve a introdução do sistema de grade
(sistema de linhas formando ângulos retos) para especificar posições geográficas, o que levou à
expansão do mapeamento preciso.
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A escrita alfabética
A origem da escrita alfabética é creditada aos fenícios, uma civilização que floresceu por
volta de 3000 a.C., na região onde situa-se atualmente Israel. Eles utilizavam uma escrita
composta de consoantes, portanto, não era um alfabeto verdadeiro.
Alfabetos fenício, grego, romano e latino. O alfabeto fenício era composto de 22 sinais, sendo, mais tarde
aperfeiçoado pelos gregos que lhe acrescentaram outras letras. O alfabeto gergo deu origem ao alfabeto latino,
que é o mais utilizado atualmente. . Fonte: Gilberto Cotrim, História e consciência do mundo, p. 55.
Pelo fato de serem excelentes comerciantes, os fenícios deixaram suas inscrições por uma
extensa área, incluindo o norte da África e a Grécia. Nesta época, os gregos usavam muitas
formas diferentes de escrita, dentre as quais se destacavam a cipriota e a linear (esta última foi
encontrada nos palácios da civilização Minoica, em Creta). Ambas eram escritas silábicas, isto é,
os sinais representavam sílabas inteiras ao invés de letras individuais. Ao entrarem em contato
com a escrita fenícia, os gregos fizeram uma adaptação, usando os sinais consonantais, que eram
pouco usados na sua própria língua para representar as vogais. Este foi um passo de importância
fundamental: quando os gregos encontraram uma forma de representar as vogais, descobriram
uma maneira eficiente de escrever sua língua e um alfabeto havia, então, sido criado. A palavra
alfabeto deriva de alfa e beta, as duas primeiras letras do alfabeto grego.
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Índia
A história da ciência hindu ainda requer muita pesquisa. A literatura existente ainda é
escassa, o que gera dificuldades para diferenciar o surgimento de idéias independentes daquelas
provenientes da influência de outras culturas. Contudo, a história da civilização da Índia é tão
antiga quanto a da China. Escavações revelaram cidades que datam do período de 2300 a 1750
a.C. e mostram surpreendentes trabalhos de urbanismo, com notáveis sistemas de drenagem e de
banhos públicos, além de ruas pavimentadas, revelando elevado planejamento urbano e
conhecimento de engenharia.
São desse período os Vedas, o conjunto de escrituras sagradas que representam várias
religiões da Índia, principalmente o vedismo, o bramanismo e o hinduísmo. Os Vedas foram
transmitidos inicialmente pela tradição oral e posteriormente foram transcritos para o sânscrito
arcaico. Os textos sagrados dos Vedas constituem a base dos ritos, da crença e da organização da
sociedade hindu e são representados por diversos volumes contendo poemas, hinos, orações
fórmulas mágicas, mitos e lendas. O sânscrito foi uma língua que se dispersou por todo território
hindu, em diversos dialetos, e ainda é utilizado atualmente. Trata-se de uma língua alfabética
derivada do latim que, por essa razão, é vulgarmente conhecida como “o latim da Índia”.
No primeiro milênio a.C. surgiu o Buda (560-480 a.C.), que propôs uma filosofia moral
difundida também em sânscrito, que pregava o amor, o conhecimento e o respeito à verdade. A
filosofia budista buscou explicações para problemas científicos e estimulou a formulação de uma
teoria atômica. A teoria atômica indiana estava associada à teoria dos quatro elementos e de uma
quinta essência celeste (a qual havia sido proposta pelos gregos), que, contudo, eram descritos em
um contexto atômico. Assim sendo, cada um dos quatro elementos possuía sua própria classe de
átomos, sendo todos indivisíveis e indestrutíveis. Átomos de classes diferentes não podiam se
combinar, enquanto que aqueles de classes semelhantes podiam se associar, desde que
estivessem na presença de um átomo.
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Questões para estudo
2. A que povo é atribuída tradicionalmente a invenção da escrita? Essa visão está correta?
Por quê?
4. Onde surgiu a escrita alfabética? Por que o alfabeto é considerado pela maioria da
população como uma invenção grega?
( ) escrita alfabética
( ) escrita simbólica e silábica
( ) sistema de numeração atual
( ) técnicas de irrigação
( ) conhecimentos avançados de anatomia humana
( ) uso da légua como unidade de medida de distância
( ) prática da alquimia
( ) conhecimentos de geometria e engenharia
( ) comércios com uso de conchas como forma de moeda
( ) tratamento de doenças
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