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Ecologias Alternativas
E c o l o g i a s A l t e r n a t i v a s
Ano VIII – Dezembro 2007 € 4,90 (continente) – € 7,50 Espanha
ACADÉMICOS
ACA
ACA DÉMICOS NAUBI
NAUB
N AUBI
José Justino Barros Gomes, nasceu em Lisboa, em 1944. actividade docente como professor convidado, regente
Formou-se em arquitectura na Ryerson University, em da cadeira de Tecnologia da Arquitectura II e III, na Uni-
Toronto, Canadá. É licenciado em arquitectura pela versidade Moderna em Lisboa, de 1998 a 2001. Em 2004,
E.S.B.A.L. e Doutorado (PhD) pela Universy of Salford ingressou na UBI, como docente das disciplinas de Projec-
– Manchester - U.K., com a tese “Sustainable Rehabilita- to do curso de arquitectura; presentemente rege a cadeira
tion Indicators For Public Housing In Lisbon”. Exerce a de Projecto V, sendo também director do respectivo curso.
prática profissional desde 1971, tendo produzido e colab- Os seus actuais interesses de investigação centram-se nas
orado em dezenas de projectos de: arquitectura, urban- áreas do desenvolvimento sustentável, aplicadas ao ambi-
ismo e interiores públicos, em todo o país. Iniciou a sua ente humano construído.
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arquitectura
ENTREVISTA
S’A arquitectos com a arq./a
estúdio, procuramos visões alternativas e criativas do mundo, levando- como o próprio atelier tem vagueado por Lisboa, Barcelona, ou mesmo
nos à procura de referenciais numa série de outros campos de actividade. São Paulo. É essa internacionalização da vossa actividade mais uma
Particularmente não me interessam as Artes Plásticas ou Performativas. vontade de abertura ao mundo ou uma exigência da nossa condição
Interessam-me outras coisas. O Design Gráfico e de Comunicação são um globalizada?
exemplo, por serem trabalho criativo com um fim bastante prático, assim C.S’A: Não tenho claro se é vontade própria ou se nos foi imposto
como o Design Industrial. Para mim isto é o que deve ser a arquitectura. pela evolução do nosso percurso. As oportunidades que surgiram e as
Inovação e criatividade como solução a problemas reais. Quando temos opções que tomamos levaram-nos a este ponto. Temos tantos projectos
que dar respostas a um problema, chegamos sempre com alguns anos feitos para Portugal como para fora e estamos continuamente à procura
de atraso. Não deveríamos concentrar a nossa atenção em antecipar de oportunidades em todos os sítios. Movemo-nos pelo interesse
os problemas? Em trabalhar com projecções e cenários de futuro como que um trabalho possa ter e isso leva-nos a concursos, programas e
fazem todas as empresas? Só assim poderemos responder do modo certo, investigações extremamente interessantes. Por um lado, temos a nossa
na altura certa. Somos por definição uma profissão simultaneamente formação académica, em Lisboa e em São Paulo. Por outro, temos o
pragmática e utópica. O conceito de Pragmatopia engloba estes extremos, nosso desenvolvimento enquanto profissionais. Eu já tenho mais anos
onde nos movemos enquanto estúdio. Pragmatismo enquanto processo, de vida profissional em Barcelona do que tive em Portugal e talvez por
Utopia enquanto objectivo. A procura de um mundo perfeito através isso seja bastante crítico face ao que se passa na “santa terrinha”. Já
de respostas realistas. Utilizando uma metáfora frequentemente citada passei por episódios no mínimo estranhos com entidades públicas e
por Ole Bouman, a imagem do arquitecto como surfista das ondas do privadas para agora conseguir assumir tudo isso com sentido de humor.
sistema moderno, entendendo e utilizando a força inconquistável do De qualquer modo, é o mesmo projectar para Portugal, para Barcelona
mar para conseguir contornar os obstáculos e, em constante equilíbrio ou para qualquer parte do mundo. Mudam as condicionantes locais,
dinâmico, manobrar com graciosidade e fluidez. A audácia de enfrentar mudam regulamentos e legislação, mudam condições económicas mas
preconceitos e problemas levantados pelos vários intervenientes, correndo o processo mental necessário ao desenvolvimento de um projecto é
maiores riscos e que permite a longo prazo ganhos mais significativos. igual em qualquer parte do mundo. Não entendo muito bem a defesa de
Por outro lado, somos influenciados por uma série de campos de uma imagem nacional na arquitectura. É extremamente redutor e nada
trabalho diversos como ecologia e sustentabilidade, bem como práticas coerente com a nossa história. Sempre fomos um local de intercâmbio de
económicas e sociais aplicadas em países em desenvolvimento. Interessa- ideias e a nossa sociedade sempre foi resultado destas misturas. Como
me a problemática da produção de energia, de alteração de hábitos de podem ser críticos dos defensores do nacionalismo na politica e sociedade
consumo, de reciclagem, auto-construção, etc. Estou atento a temas como e depois praticá-lo continuamente na arquitectura? Tento ser coerente e
agricultura urbana, bio-combustíveis, novos materiais e construção ligeira. assumir que estamos num mundo global, com todas as suas virtudes
Actualmente investigo sobre arquitectura em crise ou como dar resposta e defeitos, e que o nosso trabalho passa por maximizar as virtudes e
a situações humanitárias de excepção, seja por catástrofes seja por crises controlar os defeitos do sistema em que estamos inseridos.
politicas ou climáticas. Sou curioso para tentar entender o mundo que
nos rodeia e tento incorporar essa informação no meu trabalho. Devíamos arq./a: Outra das características do vosso trabalho é a diversificação
deixar de ser autistas, de projectar olhando para o umbigo. Temos de das actividades do arquitecto. A vossa produção não se limita
começar a procurar novos territórios de oportunidade para desenvolver o ao projecto arquitectónico, incluindo a criação de plataformas
nosso trabalho. Talvez esse seja o futuro da nossa profissão. de investigação, a organização de exposições e publicações, o
desenvolvimento de espaços de ensaio e divulgação na imprensa
arq./a: O vosso percurso denota uma internacionalização da prática especializada, etc. Quais são no vosso entender as valências
do arquitecto. Não só respondem a contextos muito diferenciados profissionais do arquitecto na contemporaneidade?
geograficamente, de Portugal a Angola, passando pelo Brasil e Noruega, C.S’A: Eu entendo a diversificação como a verdadeira essência da
profissão. Nem toda a arquitectura é construção e certamente nem toda a isso seja importante uma reflexão e divulgação do trabalho do arquitecto
construção é arquitectura, mesmo que assinada por colegas nossos. Não como instrumento de educação, à semelhança do que fazemos com
tenho dúvidas que ser arquitecto passa por dar resposta a problemas que hábitos alimentares e de higiene...
envolvam a cidade num sentido lato. Isso não significa necessariamente
que tenhamos que construir. A profissão é abrangente, e como tal temos arq./a: Uma das características fundamentais da vossa produção
que conseguir diversificar, ou pelo menos tentar olhar através de uma projectual é o trabalho num espectro de escalas muito alargado. Não
grande angular para poder dar a resposta que esperam de nós enquanto só os projectos variam da escala doméstica da Casa.Zip até à escala
profissionais. Não somos apenas técnicos. Qualquer profissional dos mais territorial da Alseiba Momontal, como num mesmo projecto recorrem
variados temas sabe mais que nós. Qualquer pessoa que trabalhe com com frequência a uma expansão metodológica da escala de trabalho,
caixilhos desenha-os melhor que um arquitecto, pelo que não entendo a como acontece por exemplo no Eco-Centro. É essa variação escalar, um
obsessão que temos com isso. Somos gestores de pessoas e processos e constante zoom in e zoom out, um modo instrumental de sustentar as
como tal devemo-nos mover em campos variados dos quais a construção vossas opções projectuais?
é apenas um deles. Interessa-me o aspecto cultural da arquitectura e C.S’A: Parte de uma curiosidade de tentar entender o mundo e de
a sua divulgação. É curioso que um dos poucos cursos não ligados à uma necessidade de projecto. Estamos atentos à realidade em que nos
saúde abrangido por uma normativa europeia é o da arquitectura. Talvez inserimos e somos críticos face ao que acontece diariamente. Isto leva
sejamos todos um pouco egocêntricos, mas para mim isso demonstra o a um exercício de reconhecimento constante de situações que poderiam
potencial impacto das nossas acções. Como se o facto de nos tentarem ser melhoradas e, inevitavelmente, colocamo-nos a pensar em modos
controlar um pouco seja uma espécie de medicina preventiva. Talvez por de o fazer. Alguns desses problemas transformam-se mais tarde em
projectos ou em visualizações de possíveis soluções. É este olhar critico
que permite ou que necessita de constantes mudanças de escala para
entender o problema em toda a sua complexidade. Acredito que o
processo de projecto é algo semelhante, qualquer que seja o problema
em que trabalhamos. Detecção de necessidades, observação critica,
desenvolvimento de programa e proposta de projecto são de modo
genérico os passos dados para chegar a um pensamento ou conclusão.
Talvez devido ao modo de funcionamento não linear do ser humano
sinta necessidade de dar estes saltos de escala para melhor entender as
consequências de cada opção tomada. Também é um modo de gerar
informação necessária para a reflexão de projecto. Não é um modo de
sustentar as nossas opções, mas sim um processo de trabalho.
lógica do principio ao fim, respondendo com efectividade às diferentes o conceito de inovação e talvez por isso a produção arquitectónica em
necessidades de cada escala de trabalho. É esta visão global, procurando Portugal, apesar de ser de alta qualidade, é conservadora e não criativa.
sempre uma imagem completa, que dá coerência ao projecto. É mais fácil seguir do que guiar e não estão criadas as condições para
Por outro lado, somos um estúdio de visão global que actua localmente. sermos lideres no que quer que seja. O mercado público não dá valor à
Temos referências de distintos pontos e tivemos colaborações de todo o criatividade ou inovação e o mercado privado tem um campo de trabalho
mundo. Sou português nascido em Angola, a minha sócia é brasileira. apenas interessado no lucro imediato e fácil. As poucas excepções são
Operamos em Lisboa e Barcelona fazendo projectos para lugares variados. resultado de fazer as coisas certas pelos motivos errados, convidando
Tivemos colaboradores de todos os cantos do planeta: italianos, alemães, nomes seguros como marca ou selo de garantia, deixando uma série
franceses, suecos, espanhóis, argentinos, chilenos, mexicanos, coreanos, de profissionais sem aceder às mesmas oportunidades. A questão de
japoneses, etc. Também portugueses. É inevitável que tenhamos trabalhar com o programa, ou com acções em lugar de imagens é uma
influências de todo o sitio... necessidade projectual. O mercado sofre mudanças demasiado rápidas
e a arquitectura é demasiado lenta a responder a isso. Cedric Price dizia
arq./a: Defendem uma “aproximação estratégica” ao projecto que enquanto arquitectos não somos eficazes para resolver problemas.
arquitectónico assente no “trabalhar com o programa”, “trabalhar com Estava cheio de razão, pois isso acontece porque o projecto arquitectónico
acções em lugar de imagens”. É a vossa arquitectura essencialmente depende de demasiados factores para se concluir. O tempo entre a
programática? percepção de uma necessidade e o objecto construído para a resolver é
C.S’A: Como dizia Tartakover, um mestre de xadrez polaco, táctica é demasiado longo. Continuamos a dar mais valor às soluções formalistas
saber o que fazer quando algo se pode fazer. Estratégia é saber o que em lugar de desenvolver processos de trabalho adaptáveis às mudanças
fazer quando nada se pode fazer. E é entre estes dois extremos que que inevitavelmente ocorrem. Este ponto de vista leva-nos à necessidade
nos movemos enquanto profissionais. Temos que saber quando tomar de trabalhar com o programa como interpretação das necessidades de
decisões tácticas, e quando definir estratégias. O programa é o ponto um cliente, deixando margem para flexibilizar a resposta. Enquanto
de partida de qualquer trabalho de arquitectura mas não deve ser uma arquitectos temos que ter a capacidade de antecipar o futuro, definindo
base dogmática. Programa não é função, é articulação de funções, estratégias de projecto para construir com flexibilidade de adaptação. Só
uma avaliação de uma lista de necessidades. É algo que propomos assim conseguimos dar uma melhor resposta.
e que moldamos de acordo com cada cliente. Por isso devemos ser
críticos e criar margem de manobra para procurar soluções criativas. arq./a: Poder-se-ia dizer que essa centralidade do trabalho sobre o
Há uma expressão em Inglês, que infelizmente não tem tradução em programa torna a vossa produção mais processual do que objectual?
português que é Thinking Out of the Box. Não é nada mais do que C.S’A: Sem dúvida. Interessa-me mais o processo de trabalho do que
olhar os problemas a partir de outro prisma, numa procura de soluções o objecto final. Talvez por isso os nossos projectos tenham formalismos
inovadoras. Sabemos que a sociedade portuguesa tem problemas com tão distintos entre si. Trabalhamos com Topografias, com Topologias, com
Geografias e com um sem fim de distintas configurações formais. Não nos Da Vizinha Não É Tão Verde Quanto A Minha sobre esse tema. Qual o
interessa uma linha de investigação única ou um percurso formalmente vosso entendimento de uma arquitectura ecológica?
reconhecível, mas sim a eficácia de uma resposta face a um problema. C.S’A: Esta exposição, organizada juntamente com Nadir Bonaccorso
Não vejo o arquitecto como um artista, apenas preocupado com a estética e João Manuel Santa Rita tenta divulgar variadas aproximações ao tema
ou com valores formais, mas preocupa-me a ética de projecto, que passa na prática arquitectónica nacional. A ecologia é a interacção entre os
por conseguir dar uma resposta adequada, em meios e custos. Talvez por vários actores e ecossistemas e o modo como se articulam e completam
isso esteja mais envolvido com o processo, por ser onde conseguimos entre si, pelo que a arquitectura é parte integrante num sentido amplo do
definir estratégias e tácticas. Demasiadas vezes o cliente está equivocado conceito. Toda a arquitectura terá necessariamente que ter preocupações
e não consegue ver com clareza as suas necessidades e é a partir deste ecológicas, pois temos consciência do impacto negativo no ambiente
pressuposto que trabalhamos. Entender objectivos, necessidades e e devemos tentar fazer algum tipo de controle de danos. Mais do que
ambições em conjunto com o cliente e procurar as soluções que melhor a nossa produção ser ecológica, acho que toda a arquitectura deve ter
respondam a isso. preocupações ecológicas. As propostas que fazemos assentam nesse
pressuposto. Projectos como o Europan de Tromso trabalham no sentido
arq./a: A vossa arquitectura revela fortes preocupações ambientais e de entender as necessidades específicas de cada situação. Neste caso,
ecológicas, não só nos programas que elegem, como no caso dos CMIA é primordial resolver o problema climático e de protecção de espaço
ou mesmo do Europan, mas na configuração das propostas em si. Por público, pois só assim poderemos ter palcos para o desenvolvimento
outro lado, ainda agora comissariaram em parceria a exposição A Casa de relações sociais. Poderíamos ter resolvido o problema de modo
extremamente artificial, mas um olhar atento permitiu-nos desenvolver um ferramenta para atingir um determinado objectivo. Na Noruega propus
conceito de protecção térmica a partir dos elementos agressivos. A acção trabalhar com gelo como isolamento térmico e, em Angola, com distintos
conjunta do frio e neve criam uma camada protectora extra feita de gelo, materiais reciclados de modo a aproveitar as diferenças nas inércias
necessária no Inverno. Nos silos automóveis, a resposta passa por criar térmicas para gerar uma casa mais confortável do que as que o ocidente
estruturas verdes onde praticamente não existem no centro de Lisboa, lhes tenta impingir. Em Lisboa, trabalhamos com fachadas vegetais e
criando assim pequenos pontos catalizadores de vida natural urbana. Para em Espanha, com blocos cerâmicos vazados. Adaptamos mobiliário de
nós, arquitectura ecológica é simplesmente a que tem a capacidade de arquivo para aumentar o espaço útil de uma casa e aproveitamos o know-
articular natureza e urbanidade. how tecnológico dos trabalhadores da Lisnave e Cuf para desenvolver
clusters de produção energética na Alseiba Momontal. Cada caso concreto
arq./a: Numa perspectiva contemporânea de sustentabilidade, que tipo leva à procura de soluções adequadas, numa perspectiva de maximização
de relação deve ser estabelecida entre ecologia e tecnologia? de resultados.
C.S’A: Encontramos hoje duas posturas genéricas face à
sustentabilidade. Uma Retro-Eco, que defende um regresso às origens arq./a: Defendem a necessidade de procura de sustentabilidade, mas
com técnicas construtivas vernaculares e ambientes sociais neo-hippies. afastam-se da dimensão puramente técnica da questão, evidenciando a
Não é uma linha de investigação que me interesse pela incapacidade de sua vertente política e estratégica...
lidar com processos urbanos de grande escala. Por outro lado, há uma C.S’A: Temos que entender qual o papel do arquitecto enquanto
componente Eco-Tech que tenta aprender e evoluir a partir da natureza profissional antes de poder dar qualquer resposta. Não acho que o
e processos naturais. Conceitos como Biomimética, smart materials, arquitecto seja apenas um técnico. Somos essencialmente coordenadores
consciência ecológica, economia de custos, etc, passam a estar presentes. e gestores de pessoas, meios e tempos. Temos capacidade de articular
A solução é entender o potencial de cada lugar e situação e conseguir diferentes intervenientes e pontos de vista numa solução conjunta. Deste
aproveitar ao máximo as oportunidades sem ser necessário impor grandes prisma, somos mais políticos ou mediadores do que técnicos e como
cargas tecnológicas que mais tarde se tornam inviáveis devido aos tal temos que ter uma visão estratégica dos problemas. Onde queremos
enormes custos de manutenção. Estamos em países do sul da Europa chegar é mais importante pois só assim poderemos decidir como lá
e não na Escandinávia ou Reino Unido. Temos que ter conhecimento chegar e procurar as soluções adequadas a isso. O papel da arquitectura
das nossas limitações culturais e assumir que conceitos de manutenção é indissociável da procura de uma sustentabilidade. Dados indicam que
preventiva não são eficazmente incorporados na nossa rotina. A 50% da população mundial mora actualmente em centros urbanos e
tecnologia, independentemente de ser avançada ou não, é uma mera as previsões apontam para 80% dentro de trinta anos. Arquitectura, no
seu sentido amplo de escalas, proporciona o palco onde isto tudo se estudar, identifico-me com uma série de atitudes profissionais que se
passará, pelo que teremos que necessariamente ser membros activos na desenvolveram nos últimos anos. A postura profissional de Rem Koolhaas
solução dos possíveis problemas derivados da pressão urbana. Melhores e OMA é muito influente na arquitectura contemporânea, com viagens
cidades implicam uma gestão consciente de meios, alocação de recursos constantes entre exercício da profissão, investigação prática e teórica e
e visão estratégica e resultam num ecossistema onde se possa viver com divulgação. Toda uma série de arquitectos que passaram pelo seu estúdio,
qualidade. Existem actualmente soluções técnicas para praticamente tudo, por Harvard ou se moveram nesse meio profissional como MVRDV, NL
mas o importante é a vontade politica e social de mudar. Alterações nos Architects, REX, Romero, BIG, JDS, Hosoya-Schaefer, etc. continuaram
padrões de consumo levam inevitavelmente a mudança nos padrões de com este processo como metodologia de trabalho. O que mais me
cidade, repensando distribuições territoriais e conceitos de mobilidade. interessa não é o conceito de densidade mas sim a procura de novas
soluções através da hibridização de usos ou a utilização de situações
arq./a: As vossas propostas desenvolvem conceitos explorados por extremas numa nova combinação de elementos, e como fazê-lo de modo
tendências recentes bem demarcadas. Se a defesa da «densidade» user-friendly para o utilizador final. É aqui que entra a nova escola de
parece derivar das premissas da Escola Holandesa, de Koolhaas aos Barcelona. Não tenho dúvida que a minha grande influência é a ACTAR.
MVRDV, a concepção paisagística, das «paisagens operativas» à Fui um dos arquitectos que trabalhou mais de perto com Manuel Gausa,
simbiose «natural-artificial», parece fortemente marcada pela ACTAR. desenvolvendo conceitos e aplicações estratégicas em variados contextos,
Foram estas influências estruturantes na vossa arquitectura? tanto a nível profissional como académico, pelo que é impossível evitar
C.S’A: Apesar de nunca ter estado na Holanda a trabalhar ou que haja influências nos dois sentidos. Desde logo me identifiquei no
processo de trabalho da ACTAR, com liberdade para discutir, propor e agir do arquitecto numa sociedade que constantemente subvaloriza as
e foi assim que desenvolvi grande parte da minha carreira profissional, profissões criativas. É difícil uma repetição do movimento moderno e de
paralelamente ao meu próprio estúdio. toda a sua pujança arquitectónica. Os tempos são outros, as condições
socio-económicas mudaram e a inocência face ao potencial tecnológico
arq./a: Os vossos renderings mostram sempre pessoas felizes e activas enquanto panaceia para todos os problemas da sociedade acabou. Mon
experimentando os espaços arquitectónicos que propõem. Pode a Uncle não existe mais. Estamos numa era de cepticismo e isso leva-nos
arquitectura revolucionar as sociedades? a procurar novos tipos de resposta, novos campos de trabalho e um
C.S’A: Os arquitectos desenham palcos de acção social e, como tal, envolvimento em novas problemáticas. Acredito que a grande virtude
os espaços arquitectónicos não são mais que cenários onde decorrem da profissão é a capacidade de gerir e articular pessoas e meios para
acontecimentos da vida diária. As coisas têm a importância que lhes atingir um objectivo concreto. Tradicionalmente foi aplicado à construção,
damos e arquitectura é apenas isso. Um palco onde os actores diários mas cada vez mais nos vemos no meio de processos complexos que
desempenham o seu papel. O conceito de pessoas felizes e activas talvez necessitam de respostas complexas. Estamos neste momento com
seja espelho das minhas ambições enquanto arquitecto: criar espaços uma investigação sobre casas pré-fabricadas para Angola. Começámos
que as pessoas possam usufruir. Devemos assumir o nosso papel de o projecto na ingenuidade de procurar uma solução técnica para o
profissionais com capacidade de antecipar e pensar o futuro e com as problema, quando na realidade o problema não é relativo às casas mas
nossas ideias e conceitos propor alternativas viáveis e optimistas. Não sim à implantação do processo. Existem centenas de projectos, protótipos,
sei se conseguimos revolucionar sociedades. Para mim essa palavra técnicas, soluções mas o que falta resolver é o modo como conseguir o
tem um ponto negativo: o R que implica que uma revolução seja na financiamento e utilizá-lo. Após conversas com pessoas ligadas a ONGs
realidade uma evolução a partir do zero. Será necessário deitar fora tudo e alguma investigação sobre processos de trabalho em países em vias
o que foi conquistado até agora. Queremos de facto partir do zero? Fazer de desenvolvimento, decidimos avançar com uma proposta que inclui o
Tabula Rasa? Não sei se nos interessa isso. Acho que a melhor opção é desenho do processo de financiamento, procurando juntar entidades e
conseguir aproveitar o que temos de bom e crescer a partir desse ponto. parceiros para cada um dos pontos chave. Assim acabámos por projectar
Talvez então a arquitectura possa ajudar a “evolucionar” a sociedade. não só a casa, mas também o modo de fazer, articulando e modificando
conceitos de micro-crédito, investidores sociais, títulos de propriedade,
arq./a: A concepção do arquitecto como coordenador central de auto-construção e produção local. Não sei se é parte do trabalho do
processos económicos, sociais, culturais não revela, tal como já tinha arquitecto convencional, mas partindo do princípio de que o objectivo é
acontecido com os arquitectos modernos do período heróico, uma providenciar abrigo a uma comunidade, temos que pensar mais do que a
sobrevalorização da função do arquitecto nas sociedades? simples casa. Num processo normal de trabalho somos frequentemente
C.S’A: Não acredito que esteja em causa a sobrevalorização do papel confrontamos com a necessidade de resolução de problemas que não
S’A arquitectos
Arquitectura
Carlos Sant’Ana
Ignasi Perez-Arnal
Equipa
Isabella Rusconi, Mika Iitomi, Sérgio Pinto, Kaina Celedon, Roberto Terrazas
Tipo
Concurso. Europan 7. Menção Especial
Ano
2003 Esquema conceptual
1. A miragem da FATA MORGANA apenas acontece quando existem climáticas. Como podemos contornar este problema? Como podemos criar
camadas alternadas de ar quente e frio próximo de superficies de solo um espaço público protegido onde as pessoas possam passear, correr,
ou de água. Em lugar de atravessar estas camadas de modo directo, andar de bicicleta, ir ás compras, ter uma vida normal nestas condições
a luz dobra em direcção à parte mais fria, ou seja, onde o ar é mais climáticas extremas? A proposta passa por cobrir as ruas para ter um
denso. O resultado pode ser um complicado percurso dos raios de luz espaço protegido. Fechado no inverno e aberto no verão. Deste modo,
e uma estranha imagem de um objecto distante. A FATA MORGANA é as actividade quotidianas podem acontecer diariamente, sem importar o
na realidade uma sobreposição de várias imagens do mesmo objecto. tempo que faz lá fora. Cafés, Igreja, Escolas, Centros comerciais, Sauna,
Normalmente, uma imagem está normal, em cima de duas imagens Marina, até uma nova conexão maritima para o centro da cidade.
invertidas que podem estar misturadas. As imagens podem sofrer rápidas 4. As unidades de habitação formam uma estratégia simples mas eficaz.
alterações à medida que as camadas de ar se movem ligeiramente no Maximizar a exposição a sul, protegendo o lado norte dos fortes e frios
sentido ascendente em relação ao observador. FATA MORGANA é uma ventos polares com umas peças longitudinais. Estas casas desenvolvem-
ilusão óptica que quisemos representar: a importância das condições se de modo linear, como braços que protegem o espaço público. Uma
climáticas, as diferentes vistas de um objecto, o contraste entre Horizontal sequência formada por Acessos Verticais : Conexão Pública Horizontal:
e Vertical, etc. Conexão Privada Horizontal : Serviços Técnicos : Vivência Interior :
2. Queremos natureza, mas aqui a natureza é violenta. A presença vivência Exterior permiteuma variedade de tipologias habitacionais que
humana é apenas tolerada e cada sinal da sua existência é maltratado. possam acomodar diferentes tipos de usuários. A pele exterior, feita de
Gelo e Neve são o mais comum neste lugar. Porque não usá-los? Como Gelo, é resultado da acumulação de neve durante o Inverno e proporciona
um Creme de Mãos Neutrogena, propomos uma nova escala urbana, o conforto térmico extra que as pessoas necessitam. embora pareça
FÓRMULA NORUEGUESA para proteger a natureza e as actividades paradoxal, Gelo é um dos melhores isolamentos térmicos que existe, e
humanas. Construir uma pele de Gelo e colocar a Natureza e as Pessoas lá aqui em Tromso está disponivel todo o ano, gratuitamente. Porque não o
dentro, protegidos. Se não os conseguimos vencer, juntamo-nos a eles… podemos então utilizar como mateiral de construção? Quanto mais frio faz
3. A falta de espaço público em Tromso é resultado das suas condições lá fora, mais quentes estamos aqui dentro…
Aproveitamento da INVERNO
Neve como Isolamentocontrolada
temperatura Térmico INVERNO estrutura fechada. protecção térmica.
Cortes gerais
S’A arquitectos
Casa Angola
S’A arquitectos
Arquitectura
Carlos Sant’Ana
Isabella Rusconi
Inês Melo
Junseung Woo
Local
Angola
Tipo
Consulta. Investigação para ONG
Ano
2004
Esquema evolutivo
casa 4 pessoas
casa 3 pessoas casa 4 pessoas
casa 3 pessoas
S’A arquitectos
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UMA ESTRATÉGIA DE ECO-TURISMO PARA S.MIGUEL, AÇORES Analisando as conexões aéreas de S.Miguel, descobrimos relações com
Durante décadas, milhares de açorianos abandonaram a sua terra em os grandes centros urbanos da sociedade ocidental. Entre voos directos
busca de um local onde conseguir construir uma vida melhor. Uma e indirectos regulares, a cidade de Ponta Delgada tem um potencial
vocação de ser terra de origem de emigração. Apesar de deslocados de visitantes -moradores nestas áreas urbanas- de 77 milhões de pessoas.
espacialmente, a paixão pelo verde das ilhas e pelo azul do mar nunca os É este o nosso alvo. Pessoas urbanas, com poder de compra e vontade
abandonou. Com a viragem do século surge uma importante mudança. de estarem num lugar para conhecer e desfrutar de um troca constante.
Turismo Activo. A sociedade contemporânea ganhou nos últimos anos Estado da situação. S.Miguel é uma ilha com uma paisagem única.
uma consciência social e ecológica bastante ampla. O reconhecimento A relação entre a natureza vulcânica e a paisagem transformada pelo
das boas práticas e da preservação de zonas verdes tem como homem durante o século XIX resulta numa combinação idílica, numa
consequência o surgimento de um novo tipo de turismo. Ultrapassada visão de sonho para um mundo melhor, onde a harmonia entre o urbano
a época das 12-horas-por-dia-de-barriga-para-cima-e-pé-descalço, cujo e o natural coexistem na perfeição. Uma ilha onde o entendimento do
único objectivo era estar passivamente num lugar onde houvesse sol e ambiente natural permite uma estratégia de ocupação pela integração. É a
praia a custo reduzido, temos agora uma nova geração de turistas activos. maior riqueza da ilha neste momento, e deve ser preservada a todo custo.
Pessoas que viajam com vontade de conhecer outras culturas e partilhar Para tal, devemos ter atenção e restringir o crescimento urbano, pois se
novas experiências. Viajantes que, cansados de ver o mundo pelos olhos for pensado de modo deficiente poderá colocar em causa a existência de
da “caixa-mágica”, decidem viver na primeira pessoa as emoções de ser toda a paisagem e consequentemente colocar em causa o próprio turismo
um turista do século XXI. que a procura.
Planta piso 1
Estratégia social ambiental e ecológia. É assim necessário actuar em três
frentes distintas, mas complementares. Numa materialização dos três pilares da
Sustentabilidade – Ambiente, Economia, Sociedade – procuramos ampliar
e re-direccionar as potencialidades do lugar. Ambiente porque cada peça
incorpora um Centro de Interpretação, onde podemos educar e divulgar as
características ambientais da ilha e da zona. Economia porque criamos postos
de trabalho para as pessoas locais, de modo a dinamizar e criar condições de
manutenção e sustentação económica da região. Sociedade porque criamos
locais de estadia onde os visitantes globais possam ficar e descansar, dedicando
algum tempo a trocar ideias e conhecer a rotina da cidade local.
Corte longitudinal
S’A arquitectos
Arquitectura
S’A arquitectos: Carlos Sant’Ana, Isabella Rusconi, Inês Melo, Miguel Alves,
Flor ne Grimal
Local
Sem Local
Ano
2006
energia do que a que consegue produzir, provando que se pode construir GRAVILHA
4m2 : 750€
GRAVILHA
VIDRO
sem degradar o ambiente. A proposta é um sistema de módulos de 4m2 : 750€
8m2 : 900€
VIDRO GRAVILHA
8m2
permanência temporal. Composto por um variado catálogo de opções : 900€ 2
4m : 750€
VIDRO
8m2 : 900€
espaciais - Made in Portugal, esta casa é adaptável e customizável às
SOLAR TÉRMICA
4m2 : 7500€
diferentes necessidades de cada local - espaço, exposição climatérica
e solar- com a capacidade de se tornar auto-suficiente em termos
energéticos e alimentares, sendo totalmente independente das flutuações
imprevisíveis do mercado e do clima. Não será este o último grande Luxo
a que podemos aspirar.
E S C AL AL A H U
C
M
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UPA NÇ Ú B LI C
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C L ETA C L ETA
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UD
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STRE
A
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TA Ç Ã O S
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S’A arquitectos
Arquitectura e Investigação
O Grande Estuário 2005-2006: S’A arquitectos + Aula do Risco (Carlos
Sant’Ana e António Cerveria Pinto com Cândida Vasconcelos, Daniela Lopes,
Inês Melo, Leonor Faulenbach, Mónica Garcia, Nuno Almeida, Pedro Sol,
Ricardo Sousa, Victor Correia).
Alseiba Momontal 2007: S’A arquitectos (Carlos Sant’Ana)
Tipo
Investigação. Estratégia
Data
2005-2007
Cenárío de Futuro. Proteger o ambiente não implica reduzir o crescimento Começo por apresentar ALSEIBA MOMONTAL. O nome pode parecer
económico. Pensar sustentavelmente é hoje sinónimo de um aumento no estranho, mas o conceito é simples. Almada (AL), Seixal (SEI), Barreiro
leque de oportunidades e a ampliação do potencial económico e social de (BA), Moita (MO), Montijo (MONT) e Alcochete (AL) são cidades
cada região. No entanto, temos claro que o nosso modelo de crescimento periféricas em relação a Lisboa, no entanto a sinergia AL + SEI + BA +
está assente numa economia de consumo sem qualquer tipo de critério MO + MONT + AL permite repensar uma nova urbanidade, assumindo
ou de controle. Como fazer então a transição para um ecossistema Lisboa com frontalidade. A necessidade de reconquistar uma identidade
socialmente mais justo e para um estilo de vida mais sustentável? Várias perdida obriga-nos a repensar as estratégias municipais da margem sul.
respostas podem surgir, mas é urgente direccionar a nossa atenção para Nenhuma destas cidades têm a capacidade -no presente ou futuro- de
os centros urbanos. De acordo com recentes previsões, cerca de 80% competir com Lisboa. No entanto, podemos assumir que podem ser
da população global será urbana num futuro próximo, e dentro deste cidades complementares -não apenas dormitórios. Esta nova cidade, ou
contexto, a cidade, outrora vista como a pior das possibilidades terá que à falta de melhor expressão, Multi-cidade, é composta pela articulação
ser obrigatoriamente a solução. É aqui que conseguimos encontrar e das cidades intermédias em rede como resposta ao modelo tradicional
materializar a diversidade de recursos necessários a uma gestão eficiente de grande cidade, onde o conceito de Cooperação passa a substituir o
da sociedade urbanizada. Qual é então a nossa capacidade de mudar, de conceito de Competição.
proporcionar à cidade a nova infra-estrutura e serviços necessários para Uma das estratégias possiveis passa por entender esta Multi-cidade como
crescer de modo sustentável? um pautado sequencial de cheios e vazios, como uma partitura habitada.
Torna-se urgente redesenhar este modelo através de uma mudança de Não se trata de localizar especificamente cada actividade ou ocupação
paradigma de crescimento por um paradigma de sustentabilidade. -meramente posicional como nas utopias urbanas do Movimento
É altura de perguntar que modelo de desenvolvimento queremos e Moderno- mas criar um palco de acontecimentos dinâmicos, de
à conta de que recursos. É desde logo necessário separar o conceito entendimento imprevisível e descontínuo. Esta matriz de acontecimentos
de crescimento económico de consumo material. A nossa inesgotável -simultaneamente sequencial e em rede- transforma a imagem tradicional
necessidade de consumo já ultrapassou a capacidade própria de de cidade num grande parque de características territoriais, onde várias
regeneração. A nossa dependência da importação de bens de consumo dicotomias complementares -cheio/vazio, local/global, natural/artificial,
-comida, automóveis, roupa, tecnologia, etc.- e de fontes energéticas etc.- aparecem como realidades compostas que extravasam as suas
-petróleo, gás natural, electricidade, etc.- têm como consequência a próprias definições. Um espaço urbano onde as manchas já consolidadas
canibalização de recursos externos. se completam com o aparecimento destes Parques Conectores
Intermédios, entendidos como áreas de oportunidade onde se podem forças: Terreiro do Paço ou a velha cidade e o reforço de Almada e Barreiro
desenvolver programas livres de preconceitos e prejuízos, obsoletos ou como novas centralidades da Multi-cidade.
ainda por inventar.
Para tornar este objectivo numa realidade tangível, partimos de três linhas Mobilidade. A menor escala assumida é a Mobilidade Pessoal (1 ou
de actuação que nos ajudam a definir uma estratégia para ALSEIBA 2 pessoas). As pequenas deslocações que fazem parte do nosso dia a
MOMONTAL. dia enquadram-se nesta categoria. Trata-se de uma escala considerada
walkable distance e que varia de acordo com as condicionantes locais
Expansão do Centro. Apesar da previsão de população portuguesa se -topografia, morfologia, etc.- e pessoais -idade, condição física, tempo
manter estável para 2030 -cerca 11 milhões de habitantes- estima-se que disponível, e cuja solução mais imediata é a possibilidade de andar a pé,
a Grande Lisboa duplique o seu número actual, passando a ser cerca de pensando e desenhando a cidade para potenciar uma vida de bairro, à
metade da população nacional. O centro de Lisboa não têm a capacidade semelhança dos centros históricos das cidades europeias.
de lidar e organizar uma área metropolitana com 5 milhões de habitantes Temos que igualmente considerar as necessidades diárias das famílias
em 2030 sem entrar em colapso. da Multi-cidade pensando num esquema de Mobilidade Familiar (2
É urgente assumir uma descentralização e repensar a expansão do centro a 5 pessoas). A existência e uso do automóvel não é negada, apenas
como único modo de reconverter a suburbanização existente, deixando sendo recolocada no lugar devido. É absurda a dependência da
de lado os espaços urbanos mono-funcionais e movimentos pendulares sociedade actual em relação ao veiculo, utilizado indiscriminadamente
diários, reforçando as centralidades locais de modo a permitir que uma para pequenas viagens -até à padaria da esquina- como para grandes
nova estrutura policêntrica responda com qualidade às necessidades da viagens -deslocações de férias atravessando o pais. Torna-se prioritário
região. um redesenho urgente deste meio de transporte para ser um meio limpo
Esta expansão do centro em direcção a sul vai dar uma nova vitalidade às e de emissões zero, optando por tecnologias eléctricas, híbridas ou
cidades intermédias desta margem. Este projecto implica a criação de dois bio-combustíveis e pela criação de redes de partilha automóvel como já
novos centros, descentralizando a hierarquia mono-cêntrica existente em existem em várias cidades europeias.
Lisboa, estabelecendo um triângulo que conforma uma nova relação de A Mobilidade Colectiva (+5 pessoas) é a que permite a conexão dos