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Grupo I
1. Explica a razão pela qual Sophia de Mello Breyner pode ser apelidada de
“A menina do Mar”.
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Grupo II – Texto A
1
do sul, da água morna e da areia a escaldar. Mas já me apetecem as praias do
norte, com vento, nevoeiros e água gelada. Caminhar no areal imenso e livre de
Esposende, com os pés na água, húmida até aos ossos do vento salgado, ou
deitar-me na sombra fria das dunas cobertas de junquilhos brancos, fechar os
olhos e ouvir as ondas cadenciadas e hipnotizantes, era esse o melhor tempo do
mundo. [...]
Eu não era já criança. Começava a entrar no mundo dos adultos com a
sensação de ser para sempre, e nunca mais poder sair dele. Isso assustava-me,
era como se estivesse a andar para trás, a afastar-me do sentido perfeito da
vida; mas ao mesmo tempo atraía-me. Conhecer o amor, por exemplo, era uma
condição do crescimento.
Eu lia sobre o amor nos livros que me iam dando para a mão – Dickens,
Tolstoi, Hermann Hesse, a Bíblia – e parecia-me muito difícil lidar com esse
sentimento, tão escorregadio como as algas que eu arrastava do mar e enrolava
na cinta, e me caíam aos pés.
Foi o tempo de ensaiar as primeiras cartas de amor, tão rudimentares
como as mais rudimentares experiências de Química, e tão inesquecíveis! [...]
Em setembro, partia de comboio para o Douro: as janelas abertas em
corrente de ar, as costas coladas aos estofos de veludo, as recoveiras
conhecidas dos revisores, que regressavam com as cestas vazias metidas umas
nas outras; a melancia madura, bem gelada, que a Idalina me servia na cozinha
escura, quando eu chegava.
[...] Atirava-me para o sofá de linho e lia horas e horas, escondida numa
penumbra mágica: Salgari, Blasco Ibáñez, Defoe, Rider Haggard, Eça.
A biblioteca era completamente desordenada, e dava-me enorme prazer
encontrar os livros manuseados, anotados a lápis com pensamentos, referências
pessoais, desenhos, pequenas contas de somar, uma violeta seca. Passava-lhes
a mão por cima, devagar, como se os chamasse à minha atenção.
Chegava o carteiro à hora de maior calor, e lá vinha mais uma carta que
eu ia ler para junto do tanque, onde caía de uma bica de pedra uma água fresca,
metálica.
As minhas férias eram bastante solitárias. Tão fantásticas, inesquecíveis,
porque significavam o contacto com a minha realidade que não era a da História,
da Filosofia, do Grego, do Latim.
Não eram um tempo de diversão. Por que haveria de ser?
A vida é o que é. E não devemos esperar dela que nos reserve grandes
emoções nem grandes alegrias. Temos é de saber encontrar na rotina do
quotidiano o seu significado poético, a sua harmonia.
Foram assim as minhas belas Férias Grandes. E é verdade que nunca as
troquei por nenhumas outras! Há uma fita de cor de alfazema que liga esses
tempos ao meu coração.
Jornal de Letras, 17 a 30 agosto de 2016, n.º 1197
(texto com supressões)
quando se cresce.
praias do sul.
ensinamentos importantes.
únicos.
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2. Atenta na frase.
“as janelas abertas em corrente de ar, as costas coladas aos estofos de
veludo, as recoveiras conhecidas dos revisores, que regressavam com as cestas
vazias metidas umas nas outras”.
2.1. Indica o antecedente do pronome “que”.
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3. Seleciona, em cada item, a única opção que te permite obter uma afirmação
adequada ao sentido do texto.
Grupo IV - Escrita
Relê o excerto do conto.