Você está na página 1de 7

Grupo de Transcrição

Turma XXVI de Medicina

NEUROLOGIA E NEUROCIRUGIA
Exames Complementares – Prof: Marcus Vinicius Della Colletta

Nós vamos falar sobre a última etapa do exame/diagnóstico neurológico.

Quando o paciente chega ao consultório e vamos conversar com ele, verificamos


a história clínica do paciente, vai me dar um diagnóstico primário que é o Diagnóstico
Sindrômico, após isso, partimos ao exame físico o qual dará outro diagnóstico
denominado Diagnóstico topográfico, que é a localização no sistema nervoso (medula,
cerebelo, córtex cerebral, núcleos da base etc) das manifestações dadas na história clínica,
depois disso é que conseguimos dar o nosso Diagnóstico etiológico, é no diagnóstico
etiológico que vamos implementar nossos exames complementares, no entanto não é
regra, pois podemos utilizar os exames para o diagnóstico topográfico quando esse é
inespecífico no exame físico.

A partir de agora o professor começa os casos clínicos.

Caso 01: Paciente do sexo feminino, 58 anos, hipertensa, diabética, com


hipotireoidismo, internou na UTI por quadro de sepse urinária, no terceiro dia de
internação apresentou crise convulsiva tonico-clonica com 3 minutos de duração,
sem história de episódios anteriores, realizado RM a qual apresenta atrofia cerebral
difusa, após a RM, passa 02 dias internada sem alteração do quadro, ao fim do 2 dia
a paciente não acordava mais.

Pontos principais;

 Paciente apresentou um quadro convulsivo;


 Apresentou um quadro comatoso, uma síndrome de alteração do quadro
de consciência;
 Ressonância com atrofia em idoso é normal;

Pontos de vista sindrômicos:

 Síndrome Convulsiva;
 Síndrome de alteração do nível de consciência;
Grupo de Transcrição
Turma XXVI de Medicina

Do ponto de vista topográfico é uma lesão de SNC, pois a paciente apresentou


crise convulsiva e o coma, mais provavelmente na região do córtex cerebral. Se eu tenho
uma crise convulsiva, de alguma maneira tive uma irritação cortical, no caso da paciente
pode ter sido pela sepse ou distúrbio metabólico.
Mas essa localização no córtex me ajuda a explicar o coma? O estado de coma
pode ser justificado basicamente por dois meios:
a) Lesão de tronco difusa que atinge o sistema ativador reticular ascendente
(SARA): o sara é um sistema de neurônios que ativa a consciência, se
estamos acordados o sara está ativado, se estamos dormindo ele está
desativado. Ex: quando no MMA o lutador leva um gancho no queixo, a
transmissão de força vai em direção ao SARA e o lutador desmaia.

b) Disfunção cortical difusa: se o meu córtex cerebral não funciona bem de


um modo global, vou perder a consciência também, pois não vou ter a
relação do sistema nervoso com o meio.

A paciente se enquadra na explicação “b”, a partir disso tenho que solicitar um


exame que faça uma verificação funcional na neurologia:

Eletroencefalograma, é um exame que coloco diversos eletrodos na superfície


do couro cabeludo, em um sistema internacional chamado 10-20, cada eletrodo tem seu
nome e entre cada eletrodo eu faço uma leitura de como está a atividade elétrica naquela
área. Ou seja, faça uma leitura da frequência das ondas elétricas cerebrais por todo o
córtex.

As ondas são medidas por segundo e verifica-se as frequências delas.

 Frequência beta: 14-30Hz atividade mental ativa, acordado e executando


atividades.
 Frequência alfa: 8-13Hz atividade mental ativa, acordado, porém com
relaxando, sem fazer nada.
 Frequência Teta: 4-7Hz sonolento.
 Frequência delta: 1-3Hz sono profundo.

A paciente não apresentava um padrão nas suas ondas, após um tempo ela
apresentava umas ondas apiculadas chamadas de Pontas Ondas (são descargas elétricas
Grupo de Transcrição
Turma XXVI de Medicina
anormais, que fogem do padrão de referencia), que se distribuía por todas as áreas
cerebrais, esse padrão é um padrão convulsivo. Ela apresentava um Estado de mal não
convulsivo, o diagnóstico de quadro convulsivo dela foi de difícil diagnóstico por conta
da não apresentação motora comum, após medicação anticonvulsivante, a paciente
acordou em 05 minutos. Ela ficou 48h tendo convulsões contínuas.

Obs: estado de mal: é um quadro elétrico cerebral continuo.

Uso o eletroencefalograma no dia-a-dia:

 Epilepsia;
 Demências;
 Encefalites; a herpética principalmente, por conta de um padrão
especifico temporal.
 Intoxicação medicamentosas;
 Distúrbios metabólicos;
 Diagnóstico de morte cerebral;

Caso 02: mulher, 23 anos, com queixa de muito cansaço, acorda bem, mas
no fim do não consegue subir escadas, quando se alimentava sentia cansaço na
mastigação, sente dificuldades pra engolir, apresenta piora dos sintomas quando o
dia está mais quente.

Adendo: doença do SNC geralmente não tem esses quadros de flutuações dos
sintomas, no caso “acorda bem, mas piora no fim do dia”, já as de SNP sim.

Pontos principais:

 Síndrome motora;

O que solicitar para a paciente?

 Eletroneuromiografia: ajuda a localizar qual parte do SNP tá


funcionando mal.
 Laboratoriais: enzimas musculares, diferenciais para doenças
metabólicas, microssomiais.

O exame da eletroneuromiografia é composto de duas etapas:


Grupo de Transcrição
Turma XXVI de Medicina
1. “Etapa de agulha”: a agulha funciona como um dos polos do sistema
elétrico para receber a carga elétrica do musculo que está inserida. Ou
seja, recebe o disparo da fibra muscular que tem um tamanho e duração
específica, essa etapa é chamada de Eletromiograma.
2. Da transmissão nervosa: coloca-se um gerador de impulso elétrico, dar-
se um pequeno choque em uma região, esse choque faz a contração
muscular, a partir disso vou ter uma leitura da contração muscular pelos
eletrodos que estão na superfície. Desse modo, consigo observar se o
nervo está transmitindo a informação de maneira adequada e a contração
também está adequada.

Teste de estimulação repetitiva: dar-se estimulo elétrico com alta frequência


(pedir para musculo contrair 100x por minuto), a medida que o musculo vai contraindo
observa-se o Decremento (que é a perda da força decorrente de vários estímulos), isso é
decorrente da diminuição da disponibilidade de acetilcolina para os músculos. Ótimo
para o diagnóstico de Miastenia Gravis (doença da Paciente).

Principais indicações da eletroneuromiografia:

 Sempre que eu suspeitar de lesão periférica;


 Em lesões traumáticas;
 Diferenciar entre uma doença muscular e uma da junção
neuromuscular;

Caso 03: masculino, 17 anos, vítima de acidente motoXcarro sem capacete,


atendido no local pelo SAMU, Glasgow inicial 13. Ao chegar no hospital, a equipe
verifica corte no couro cabeludo, cerca de 40 minutos após o atendimento no hospital
o Glasgow rebaixa para 05.

Discussão: visto que o paciente chegou com Glasgow 15, pode-se inferir que
ele não teve uma lesão cerebral difusa, nem mesmo uma lesão de SARA. O paciente foi
entubado e qual vai ser a conduta?

Trauma com alteração neurológia súbita o exame de escolha é: TOMOGRAFIA.


Não pedimos a Ressonância Magnética por que ela demora e os detalhes que a tomografia
proporciona, é o suficiente no SNC para eu diferenciar principalmente as lesões
hemorrágicas.
Grupo de Transcrição
Turma XXVI de Medicina
O professor começa a mostrar imagens comparando a nitidez das RM com as
TC’s.

O que eu quero ver na tomografia relacionado a alterações hemorrágicas?

 Hematoma intraparenquimatoso: dentro do parênquima cerebral (UAU),


é a hemorragia clássica do hipertenso, o senhorzinho que chega ao PS
com um quadro neurológico agudo;
 Hemorragia Subaracnóidea (HSA): o sangue vai estar distribuído entre
os sulcos;

 Hemorragia Subdural: vou observar “um sangue” que acompanha a


curvatura do hemisfério cerebral (da dura-máter);
 Hemorragia Epidural: temos que ter a noção que o sangue está jorrando
entre a dura-máter e o crânio, ou seja, ele começa a comprimir o
hemisfério cerebral. FICA EM FORMATO DE LENTE.
Grupo de Transcrição
Turma XXVI de Medicina

Caso 04: Paciente 72 anos, veio a consulta trazido pelos filhos, que referem
que o pai está esquecido, repetitivo, faz as mesmas perguntas várias vezes. Fala
muito do passado, está apático, com mudança de humor.

Apresenta uma síndrome demencial, uma síndrome demencial tem que ter:
perda de memória com outras funções cognitivas alteradas e prejuízo funcional.

Discussão: se eu tenho essa síndrome, qual tipo de exame eu vou ter que solicitar
para o paciente? É periférico ou central? No hemisfério cerebral ou cerebelo?
Eletroencefalograma. Pede-se também: VDRL, função tireiodeana, dosagem de B12,
exame do líquor (ele tem um perfil mais voltado pro Alzheimer, não tem MARCADOR, é
um padrão mais visto na doença) e RM.

Na RM, consigo diferenciar muito nem a substancia cinzenta da branca


(diferenciação cortico-subcortical), observa-se nas demências um córtex mais fino, vejo
mais detalhes anatômicos que a TC. Na paciente o lobo temporal estava atrofiado,

Caso 05: Masculino, 33 anos, queixa-se que de repente ele teve a pior dor de
cabeça da vida dele.

A pior dor de cabeça da vida é um aneurisma que rompeu, geralmente esses


pacientes não tem histórico de cefaleia, mas se tiver a cefaleia não é tão forte.

Discussão: se ele está no pronto socorro e suspeitamos de um evento


hemorrágico, qual exame devemos solicitar: TC.

No caso do paciente, ela demonstrou pequena hemorragia cortical e sangramento


em um dos sulcos (pouco), compatível com uma HSA. Visto isso, qual é o exame de
investigação de lesão hemorrágica por aneurisma? Angiografia cerebral, exame padrão
ouro para investigação de lesões vasculares no sistema nervoso central.

Angiografia cerebral uso para:

 Diagnóstico de malformações;
 Diagnóstico de aneurismas;
 Acesso terapêutico; Embolização
 Auxilio diagnóstico de morte encefálica;
Grupo de Transcrição
Turma XXVI de Medicina
O professor começa a mostrar uma angiografia.

Fim Fofos

Você também pode gostar