Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
https://novaescola.org.br/conteudo/4517/fantasia-
realidade-e-filosofia-se-encontram-na-obra-de-jorge-
luis-borges
Blog de Leitura
Fantasia, realidade e
filosofia se encontram na
obra de Jorge Luis Borges
Anna Rachel Ferreira
Certo dia, durante uma aula de Literatura, quando eu me preparava para prestar
o vestibular de Jornalismo, a professora trouxe um conto chamado O Outro, de
Borges. Nele, o autor se encontra com ele mesmo mais velho no banco de uma
praça em Genebra e começa a conversar. Aquele papo entre os dois Borges foi
me chamando de tal modo que me senti sentada na frente dos dois, virando a
cabeça de um lado para o outro a fim de não perder nenhuma vírgula do que eles
estavam falando. Após a leitura, fiquei tentando entender como aquele diálogo
poderia existir. Foi aí que a docente nos introduziu ao realismo fantástico.
Ao longo da minha vida leitora, fui conhecendo outros autores que também
produziam obras de realismo fantástico, como o colombiano Gabriel Garcia
Marquez (1927-2014), o argentino Julio Cortazar (1914-1984) e o moçambicano
Mia Couto. Esses nomes me fizeram ficar cada vez mais intrigada com esse tipo
de literatura. Confesso que, por diversas vezes, me frustrei por perceber que
algo estava sendo dito, mas não conseguir enxergar completamente o que era.
Quando isso acontecia, mesmo um pouco frustrada, eu me sentia instigada em
procurar mais.
Fiquei aqui pensando sobre qual seria o melhor caminho para se ter uma primeira
experiência com autor. Borges não é fácil. Um de seus atrativos é justamente o
desafio em lê-lo. O conto O Outro foi uma boa porta de entrada para mim, pois
pensar sobre questões da velhice sempre me são convidativas. Inclusive o nosso
diretor editorial e de produtos, Leandro Beguoci, – um grande fã da literatura
borgiana – recomenda o livro em que ele está publicado, O Livro de Areia (112
págs., 37,90 reais). Mas, Ana deu uma boa dica para eu passar para vocês. Ela
nos recomendou o livro Ficções (176 págs., 42,90 reais), primeira publicação em
contos do autor argentino. “Nesse livro, o leitor sentirá o estranhamento que o
acompanhará por toda a leitura do escritor. É como se ele marcasse a forma
como fará ficção durante sua carreira”, explica.
Borges, como bem me explicou Ana, possibilita diversas leituras. Muitas vezes,
você pode lê-lo como uma narrativa policial ou uma anedota. Mas, não se
engane, ele sempre quer dizer mais do que isso e quanto mais camadas você
adentra, mais encantado fica.
Anna Rachel