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CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
O46p
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-387-0418-8
Teorias da Administração
aplicadas à Gestão Escolar II.................................................. 33
Teorias modernas de gestão.................................................................................................. 33
Teorias emergentes de gestão.............................................................................................. 39
Aplicações das Teorias da Administração à Gestão Escolar........................................ 40
Mudança institucional............................................................. 73
A mudança institucional e seus níveis de ocorrência................................................... 73
Formação e atuação
da equipe técnico-pedagógica da escola......................313
Um perfil das atribuições específicas
dos componentes da equipe técnico-pedagógica da escola..................................315
As atribuições gerais da equipe técnico-pedagógica da escola.............................318
Equipe técnico-pedagógica da escola:
cinco aspectos da missão institucional............................................................................320
Gestão Escolar e avaliação de sistemas educacionais................................................326
Gestão Escolar e avaliação institucional..........................................................................327
Gabarito......................................................................................339
Referências.................................................................................359
Apresentação
Ainda segundo o autor, essa definição se aplica aos dirigentes escolares, mas
é igualmente aplicável aos professores, seja em seu trabalho na sala de aula, seja
quando são investidos de responsabilidades no âmbito da organização escolar.
Cabe ainda uma palavra especial sobre a formação do gestor escolar. No mo-
mento em que os cursos de formação inicial (graduação em Pedagogia), por força
das Diretrizes Curriculares emanadas do MEC, não mais realizam esta formação,
que recai na educação continuada.
Temos clareza de que a formação continuada do gestor escolar não pode ser
concebida como um meio de acumulação de conhecimentos ou técnicas, mas
sim através de um trabalho de reflexão crítica sobre as práticas e de (re) constru-
ção permanente de uma identidade pessoal e profissional em interação mútua.
(CANDAU, 1997)
Neste ponto reside a importância deste livro, que busca fundir teoria e prática,
contextualizar os conteúdos apresentados e trabalhar com uma proposta “aberta”
e flexível, que propicie a reflexão e a crítica em consonância com a formação de
gestores escolares.
linha hierárquica, ênfase e relevo único – e às vezes onipotência – que lhe eram
atribuídas há alguns anos (em especial na década de 1970).
Teorias da Administração:
evolução histórica e características
Em vez de apresentarmos uma sucessão de teorias, com seus vários autores
de destaque, falaremos de grandes paradigmas que dominaram o cenário da
Administração, em ordem cronológica, discutindo-os brevemente e verificando
alguns dos seus impactos no cenário da escola.
Kuhn (1992, p. 29) afirmou que paradigmas são “realizações reconhecidas du-
rante algum tempo por uma comunidade científica específica, proporcionando
os fundamentos para sua prática posterior.” Não é, portanto, um simples modelo,
mas uma explicação da realidade em constante reformulação, buscando fazê-lo
de forma cada vez mais clara e completa. É a evolução histórica de paradigmas
que faz a ciência evoluir.
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Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
Divisão do trabalho: cada tarefa deve ser dividida no maior número pos-
sível de subtarefas, pois assim o trabalhador se especializará ao máximo,
aumentando a eficiência da sua produção.
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Teorias da Administração aplicadas à Gestão Escolar I
Padronização das tarefas, com ênfase na eficiência: existe uma única ma-
neira de executar uma tarefa (the best way) e ela deve ser descoberta e
imposta aos trabalhadores.
Fica claro perceber que esta abordagem, embora revolucionária, sofreu inú-
meras críticas. Procuramos sintetizá-las no quadro abaixo:
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Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
Remuneração de pessoal: deve ser justa, para garantir a satisfação dos em-
pregados e da organização.
Comandar – fazer com que as pessoas executem as tarefas que lhes são
atribuídas, respeitando a hierarquia existente.
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Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
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Teorias da Administração aplicadas à Gestão Escolar I
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Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
Excesso de ênfase nos grupos informais – este enfoque trata como ilimita-
da a influência dos grupos, supervalorizando-as.
As Teorias X e Y de McGregor
Na década de 1930, Douglas McGregor, insatisfeito com a inadequação do
modelo de relações humanas à realidade empresarial e influenciado pela Teoria
Comportamental – ou Behaviorismo – focou seus estudos na relação entre o
sucesso de uma organização e a capacidade que ela tem para prever e controlar
o comportamento.
Teoria X Teoria Y
Concepção tradicional de Integração entre os objetivos pessoais
direção e controle e organizacionais
As pessoas são preguiçosas e indolentes, têm As pessoas são esforçadas e gostam de ter o
aversão natural ao trabalho. que fazer.
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Teorias da Administração aplicadas à Gestão Escolar I
Teoria X Teoria Y
Concepção tradicional de Integração entre os objetivos pessoais
direção e controle e organizacionais
As pessoas evitam a responsabilidade a fim de As pessoas procuram e aceitam responsabili-
se sentirem mais seguras. dades e desafios.
Ampliação das funções inerentes a cada cargo, para atribuir maior signi-
ficado ao trabalho.
Teoria Sistêmica
A Teoria Sistêmica, que teve destaque na década de 1960, parte do estabele-
cimento de um paralelo entre os organismos vivos e as organizações. Trata-se de
uma teoria interdisciplinar, elaborada inicialmente pelo biólogo alemão Ludwig
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Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
A perspectiva sistêmica trouxe uma nova maneira de ver as coisas, não so-
mente em termos de abrangência, mas principalmente quanto ao enfoque do
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Teorias da Administração aplicadas à Gestão Escolar I
O que é burocracia?
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Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
Texto complementar
As Teorias da Administração
e suas relações com a realidade escolar hoje
(GRACZYK, 2009)
Com isso, não queremos dizer que outras teorias existentes e estudadas
sejam menos importantes e não estejam também presentes nas instituições.
Mas nós, que vivemos no cotidiano escolar e bem perto da administração de
uma escola particular, com certeza sentimos a presença das marcas indelé-
veis do poder centrado no diretor e das relações de subordinação em que
uns têm mais autoridade do que outros.
É claro que muitas teorias existiram e existem, passaram por uma evolu-
ção, foram criticadas e aperfeiçoadas. Cada uma, com as características que
lhe são específicas, influenciou ou vem influenciando a escola, até chegar-
mos ao que está posto hoje. A teoria da gestão democrático/participativa de
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Teorias da Administração aplicadas à Gestão Escolar I
Dica de estudo
Indicamos o filme Tempos Modernos, do genial Charles Chaplin.
Atividades
1. Você viu as Teorias X e Y das organizações, elaboradas por McGregor.
Imagine duas escolas, X e Y, cada uma baseada em uma dessas teorias. Escre-
va as características que cada escola contém dentro dessas teorias. Em seguida
descreva as características dos gestores de cada escola.
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Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
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Teorias da Administração aplicadas à Gestão Escolar I
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Teorias da Administração
aplicadas à Gestão Escolar II
Embora bastante rica, a Administração por Objetivos foi muito criticada pela
falta de embasamento experimental e por desconsiderar que existe um conflito
fundamental entre os objetivos do trabalhador e os da organização.
Administração Contingencial
Surgiu como um aprofundamento dos estudos sobre a Teoria Sistêmica. A
palavra contingência significa algo incerto ou eventual, que pode suceder ou
não. A abordagem contingencial enfatiza que não é possível atingir a eficácia
organizacional seguindo um único e exclusivo modelo organizacional, ou seja,
não existe uma forma única para alcançar os objetivos altamente variados das
organizações, inseridas em um ambiente também altamente variado.
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Teorias da Administração aplicadas à Gestão Escolar II
condições tecnológicas;
condições econômicas;
condições políticas;
condições legais;
condições demográficas;
condições ecológicas;
condições culturais.
fornecedores de entradas;
clientes ou usuários;
concorrentes;
entidades reguladoras.
Talvez o seu maior mérito seja tratar-se de uma abordagem eclética e integra-
tiva, absorvendo conceitos das diversas teorias administrativas, ampliando hori-
zontes e mostrando que nada é absoluto. Alguns a criticam por não ter atingido
um desenvolvimento que a diferencie verdadeiramente da Teoria Sistêmica.
Administração Estratégica
Quem de nós nunca ouviu falar em planejamento estratégico? Ele surgiu na
década de 1960, e tomou de assalto o cenário da administração na década de
1980. É um processo de planejamento de longo alcance, formalizado, próprio
para a definição e a consecução dos objetivos organizacionais.
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Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
análise do ambiente;
implantação da estratégia;
Administração Participativa
A participação dos trabalhadores nas decisões da empresa vem sendo um
ponto extremamente discutido nas últimas duas décadas. Este modelo de ad-
ministração consolidou-se como um catalisador da produtividade e do avanço
tecnológico de alguns países orientais.
Uma boa definição deste tipo de administração é dada por Maximiano (1995,
p. 19-20):
A Administração Participativa é uma filosofia ou política de administração de pessoas, que
valoriza sua capacidade de tomar decisões e resolver problemas. A Administração Participativa
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Teorias da Administração aplicadas à Gestão Escolar II
reduzir a alienação;
Administração Japonesa
Fortemente alicerçada na participação direta dos trabalhadores, esse modelo
tomou conta do cenário da administração na década de 1970. A preocupação com
a qualidade fez com que os programas e iniciativas que visavam à busca da “quali-
dade total” virassem moda, muitas vezes sem o cuidado da adaptação necessária,
pois haviam sido gerados em um contexto cultural bastante diferente do nosso.
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Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
a visão sistêmica;
a sofisticação tecnológica;
os resultados recessivos que vêm sendo obtidos pelos países orientais que
têm utilizado essa forma de administração.
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Teorias da Administração aplicadas à Gestão Escolar II
Reengenharia
A velocidade com que as tecnologias de informação se desenvolveram pro-
vocou a necessidade de adaptações aceleradas da empresa ao ambiente.
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Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
Administração Virtual
Este modelo revolucionário está ligado à verdadeira “revolução da informa-
ção”, ocorrida nos anos 1990.
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Teorias da Administração aplicadas à Gestão Escolar II
a) Adm. Científica
a) Adm. por Objetivos
b) Teoria Clássica da Adminis-
b) Adm. Contingencial
tração a) Reengenharia
c) Adm. Estratégica
c) Escola de Relações Humanas b) Adm. Virtual
d) Adm. Participativa
d) Teorias X e Y
e) Adm. Japonesa
e) Teoria Sistêmica
Devido à sua posição central na escola, o desempenho de seu papel exerce forte influência
(tanto positiva como negativa) sobre todos os setores e pessoas da escola.
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Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
Infelizmente, isso não tornou a Gestão Escolar mais dinâmica, eficaz e demo-
crática. Ao contrário, o diretor tornou-se mais impessoal e friamente técnico, às
vezes, perdido em uma infinidade de fluxogramas e papéis que pouco aprimo-
raram a qualidade da educação no Brasil.
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Teorias da Administração aplicadas à Gestão Escolar II
Silva (2001, p. 161), após constatar que “as teorias, com o passar do tempo, vão
cedendo lugar a novas teorias sempre que a realidade histórica exige...”, afirma:
Dentro desta tendência de mudança nos padrões gerenciais, situa-se o esforço generalizado
de adoção de técnicas oriundas do chamado “modelo japonês”, no Brasil, com ênfase nos
programas de gerência da qualidade total. [...] A tentativa de implantar formas de gerenciamento
mais flexíveis no Brasil e, por decorrência, a adoção de técnicas que favoreçam a participação
na gestão tem sido feita pelos chamados programas de qualidade total. (SILVA, 2001, p. 162)
Isso nos permite ver, portanto, um entrelaçamento entre as duas últimas mo-
dalidades emergentes de gestão – a Administração Participativa e a Japonesa.
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Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
Esperamos que você consiga agora detectar, na gestão das escolas que co-
nhecer até hoje, traços e características dos paradigmas de que falamos, assu-
mindo posicionamento crítico em relação a elas.
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Teorias da Administração aplicadas à Gestão Escolar II
Texto complementar
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Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
O dirigente, o líder dessa organização, tem seu perfil definido pelos prin-
cípios do poder, com autoridade e competência técnica, comprometendo-se
com a eficácia da organização, considerando-se o dono da verdade e das
vontades dos que dela participam.
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Teorias da Administração aplicadas à Gestão Escolar II
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Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
Dicas de estudo
O Ponto de Mutação, de Fritjof Capra.
Atividades
1. Heloísa Lück, conhecida autora de textos sobre Gestão Escolar, fala sobre
as mudanças de paradigma ocorridas neste setor. No texto “Perspectivas da
Gestão Escolar e implicações quanto à formação de seus gestores1” a autora
destaca cinco aspectos dessa evolução:
Antes Depois
Ótica fragmentada. Ótica globalizadora.
Limitação de responsabilidade. Responsabilidade expandida.
Ação episódica. Processo contínuo.
Hierarquização e burocratização. Coordenação.
Ação individual. Ação coletiva.
1
LÜCK, Heloísa. Perspectivas da Gestão Escolar e implicações quanto à formação de seus gestores. Revista Em Aberto. Brasília, v. 17, n. 72, p. 11-33,
fev./ jun. 2000.
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Teorias da Administração aplicadas à Gestão Escolar II
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Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
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Teorias da Administração aplicadas à Gestão Escolar II
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A escola como instituição aprendente:
a busca da qualidade da educação
Alguns indicadores
do cenário educacional brasileiro
Sustentando o fato da ineficiência dos aspectos relacionados à política
e à organização do sistema educacional e agregando-se a ele os dados de
qualidade de vida da população, a moldura do cotidiano brasileiro, então,
passa a contornar o seguinte cenário:
o mesmo relatório mostra que o PIB per capita do país é de 8,4 dólares,
a taxa de escolarização de 87,5% e a expectativa de vida de 71,7 anos. O
investimento em educação é de 4,4% do PIB.
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A escola como instituição aprendente: a busca da qualidade da educação
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Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
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A escola como instituição aprendente: a busca da qualidade da educação
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Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
Conforme César Coll (1996, 1998) preconiza em suas obras, em primeiro lugar a
responsabilidade da avaliação de cada escola há de recair em sua direção, em seus
professores e na comunidade educativa. São eles que melhor conhecem a história
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A escola como instituição aprendente: a busca da qualidade da educação
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Escola que ensina X escola como instituição aprendente
Fundamentação
Tipos de Espaço Papel Papel Ações
teórica e meto- Currículo escolar
escola escolar do diretor do professor desenvolvidas
dológica
Normativa Regular. Visão redu- Gerente de Transmissor de Fragmentadas.
(princípio do cionista dos operações dos conhecimentos.
certo e do Estável. conteúdos órgãos centrais. Técnicas e ob-
errado). curriculares. Detentor abso- jetivos com fim
Rotineiro. Controlador das luto da verdade. em si mesmo.
Linear. Tensões e con- Estático. ações desenvol-
Escola que vidas. Atuação Paternalistas e
Mecanicista. flitos abafados, Enciclopédico. permanente e condescenden-
ensina evitados e uniforme. tes.
reprimidos. Rigor discipli-
Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
Privilegia a
construção de
conceitos.
A escola como instituição aprendente: a busca da qualidade da educação
Observe o quadro anterior, que compara duas visões de escola: a que apenas
ensina e a que é vista como Instituição aprendente. As diferenças entre ambas
são absolutamente sensíveis, em todos os aspectos escolhidos. A primeira, por
considerar-se autossuficiente e “acima de tudo”, tem forte teor mecanicista,
empobrece e torna rígido o espaço escolar, negando a existência de confli-
tos, trabalhando em um paradigma de consensos – artificiais e obrigatórios.
Trata os conteúdos escolares de forma reducionista e desenvolve um currículo
rígido e “inerte”. As ações, alternadamente tecnicistas e paternalistas, são nor-
malmente fragmentadas, embora centralizadas.
Gostaríamos que você tivesse uma atenção especial, porém, ao papel do pro-
fessor e, principalmente, do diretor da escola. O diretor atua, no primeiro caso,
como um simples “gerente”, multiplicando determinações emanadas das instân-
cias superiores de poder, tornando-se apenas um “burocrata” autoritário e con-
trolador. Na “escola aprendente”, no entanto, ele orienta a construção de uma
verdadeira “cultura organizacional”, articulando todos os membros da instituição
para um belo e sólido processo de construção do conhecimento.
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A escola como instituição aprendente: a busca da qualidade da educação
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Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
ACTION PLAN
Ações corretivas Defina Planejamento
Atue no as metas
processo em
função dos
resultados Determine
os métodos
para alcançar
A P as metas
C D
Eduque e
Verifique treine
os efeitos
do trabalho
executado Execute o
trabalho
CHECK DO
Verificação Execução
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A escola como instituição aprendente: a busca da qualidade da educação
Texto complementar
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Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
O ensino de qualidade é muito caro, por isso pode ser pago por poucos
ou tem que ser amplamente subsidiado e patrocinado.
Nosso desafio maior é caminhar para uma educação de qualidade, que in-
tegre todas as dimensões do ser humano. Para isso precisamos de pessoas que
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A escola como instituição aprendente: a busca da qualidade da educação
Dica de estudo
Nossa dica é o livro Alunos Felizes: reflexões sobre a alegria na escola a partir de
textos literários, de Georges Snyders.
Atividades
1. Leia o texto a seguir, publicado em 9 de abril de 2009, e responda a questão
de acordo com o texto.
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Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
Ano Variação
Etapa ou modalidade 2004/2008
2004 2008 (%)
Creche 1 348 237 1 751 736 29,9
Pré-escola 5 555 525 4 967 525 – 10,6
Ens. Fundamental 34 012 434 32 086 700 – 5,7
Ensino Médio 9 169 357 8 366 100 – 8,8
Ed. Especial 371 383 319 924 – 13,9
Ed. Profissional 676 093 795 459 17,7
Ed. de Jovens e Adultos 5 718 061 4 945 424 – 13,5
EJA – Ens. Fundamental 4 009 008 3 295 240 – 17,8
EJA – Ens. Médio 1 709 053 1 650 184 – 3,4
Total 56 851 090 53 232 868 – 6,4
Violação
O capítulo de Violação do Direito à Educação constata que, com exceção
das creches e da educação profissional, há “uma permanente tendência de
queda no número de matrículas registradas nas redes de ensino.” A redução é
explicada, em parte, pelas mudanças na metodologia do Censo Escolar, ado-
tadas em 2007.
Vergonhoso
O estudo classifica de “vergonhosa” a taxa de 10% de brasileiros analfabe-
tos e frisa que o “ritmo de redução do analfabetismo foi significativamente
desacelerado”. De acordo com os dados, a taxa de analfabetismo da popula-
ção com 15 anos foi reduzida em somente 7,4% da população entre 1992 e
2007. De 2004 para 2007, a redução foi de 11,4% para os atuais 10%.
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Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
Raça e renda
As desigualdades também aparecem na análise de raça/etnia: a taxa de
analfabetismo entre os brancos é de 6,1%, enquanto a dos pardos e negros é
respectivamente, 14,3% e 14,1%. Cruzando os dados constata-se que 68,8%
das pessoas analfabetas no Brasil são negras. O tempo de escolaridade
também é bastante desigual quando se compara ricos e pobres. Dados de
2006 mostram que entre os 20% mais pobres, a média de anos de estudo é
4,7 anos e entre os 20% mais ricos, alcança 10,3 anos.
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A escola como instituição aprendente: a busca da qualidade da educação
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Mudança institucional
A mudança institucional
e seus níveis de ocorrência
Quando se ouve falar em mudança, o que pode ser imaginado? Apenas
uma troca de coisas dos seus lugares originais, como quando mudamos
os móveis de lugar porque não podemos, naquele momento, trocá-los
por novos? Uma alteração maior de ambiente, como quando mudamos
para uma nova casa, e precisamos decidir quais as coisas que colocare-
mos no caminhão, as que daremos a alguém, ou aquelas que jogaremos
fora? As famosas “resoluções de ano novo”, famosas por habitualmente
não serem realizadas? Ou uma alteração profunda de vida, de atitudes, de
ambientes, de metodologias, que realmente transforma aquilo que existia
anteriormente?
[...] (1) o que, em essência, está tentando realizar; (2) como organizar o trabalho para atingir
os objetivos escolhidos; (3) como recrutar, treinar, distribuir o trabalho e gerir os recursos
humanos (funcionários e dirigentes disponíveis para o trabalho); (4) como criar condições de
trabalho e sistemas de recompensas e punições capazes de fazer com que os funcionários e os
dirigentes mantenham elevada eficiência e um moral suficiente para se manterem eficientes
por longos períodos de tempo; (5) como operar mudanças na organização em resposta a
pressões que têm origem nas modificações tecnológicas e sociais ocorridas tanto no ambiente
externo como dentro da própria organização; (6) como manejar a competição e outras forças
que derivam de outras organizações, de unidades situadas dentro da organização, como os
sindicatos de entidades reguladoras e, por fim, das suas próprias “dores de crescimento”.
Podemos falar, então, de uma crise normativa, necessária para criar uma
tensão suficientemente forte para deflagrar o processo de mudança, mas im-
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Mudança institucional
“Crise espiritual”
Relações
Ambientes
Sentimentos
Motivação Habilidades
Liderança sociais ou
Arte
Comunicação interpessoais
Excelência
Processos
Ciência
Fluxos de:
Material
Informação
Dinheiro
Documentos etc.
Habilidades
administrativas
“Crise de resultados”
Eficácia
Inovação/melhoria
Recursos
Prédios/
Instalações
Equipamentos Habilidades
Ferramentas técnicas
Eficiência
Dinheiro
Capital/Resultado
Manutenção
“Crise de liquidez”
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Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
Nível dos recursos – inclui tudo que tem uma existência física, material
(o prédio, as instalações, equipamentos, recursos humanos e financeiros,
por exemplo). Consequentemente, tudo que pertence a este nível é pal-
pável, mensurável.
76
Mudança institucional
A partir disso, pode-se afirmar que a forma como é feita a gestão das mudan-
ças indica três modelos diferentes de escola:
A escola eficiente – dá atenção especial aos níveis dos recursos e dos proces-
sos, desenvolvendo mudanças no sentido da manutenção e da melhoria.
A escola eficaz – cuida dos recursos e dos processos, mas também está
voltada para as relações, desenvolvendo as pessoas e a própria instituição.
Este autor afirma, ainda, que o segredo para enfrentar com sucesso o proces-
so de mudança é o gerenciamento das pessoas (nível das relações), mantendo
elevado o nível de motivação e evitando frustrações e desapontamentos. Para
ele, grande desafio não é a mudança tecnológica, mas mudar as pessoas e a cul-
tura organizacional, renovando os valores e “oxigenando as atitudes”.
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Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
A cada nível de mudança está associada uma crise que a deflagra. Assim, a
mudança no nível dos recursos é determinada por uma “crise de liquidez”, que
mostra à organização que os meios físicos de que dispõe estão defasados ou
insuficientes. Mudanças nos processos são antecedidas por uma “crise de resul-
tados”, no nível das relações, por uma “crise estratégica” e no nível da identidade
da organização, pela “crise espiritual”.
A existência dessas crises é explicada por Derrida (1999, p. 156). Ele afirma
que, em período de crise “[...] a provocação para pensar reúne no mesmo ins-
tante o desejo de memória e a exposição do futuro, a fidelidade de um guardião
bastante fiel para querer guardar até a sorte do futuro, em outros termos, a sin-
gular responsabilidade pelo que ele não tem e que ainda não existe”.
78
Mudança institucional
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Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
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Mudança institucional
Inércia Inadequação
Adaptação Indecisão
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Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
A missão – de que forma a escola define o seu objetivo maior; o que ela
realmente quer; que serviços pretende prestar à comunidade e ao mundo
que a envolve.
82
Mudança institucional
Não devemos esquecer, portanto, que a escola não pode tornar-se estática e
cristalizada, perdendo o que possui de mais dinâmico e potencialmente revigo-
rador: o olhar para o futuro, já que acolhe as gerações jovens de um país.
Texto complementar
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Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
A escola que passa por um processo avaliativo sério e participativo descobre sua identidade
e acompanha a sua dinâmica. Muita coisa aprende-se com esse processo. Mas o que fica de
mais importante é a vivência de uma caminhada reflexiva, democrática e formativa. Todos
crescem. Os dados coletados mudam, mas vivência marca a vida das pessoas e renova
esperanças e compromisso com um trabalho qualitativo e satisfatório para a comunidade
escolar e para a sociedade. Avaliação institucional é, portanto, um processo complexo e
não há, pronto para consumo, um modelo ideal e único para as escolas. Ela precisa ser
construída. É o desafio de uma longa caminhada possível e necessária.
Dica de estudo
Veja o filme Sociedade dos Poetas Mortos, que mostra o sistema de ensino
da Welton Academy, tradicional escola preparatória. John Keating, ex-aluno da
escola, torna-se o novo professor de literatura e propõe métodos de ensino que
incentivam seus alunos a pensarem por si mesmos. Isso acaba criando um con-
flito na instituição, entre o conservadorismo e a possibilidade de mudança e
inovação.
Atividade
O exercício começa com uma lenda egípcia, a “Lenda do peixinho vermelho”:
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Mudança institucional
Chegou até o oceano e ficou fascinado com o que viu: a água era salgada
e as espécies animais totalmente diferentes das que ele conhecera.
Passou a viver nos corais, com muitos outros peixinhos amigos. Descobriu
algo, no entanto, que o deixou preocupado: quando a grande seca chegasse,
os animais marinhos tinham a sua sobrevivência garantida, pois o mar não
secaria. Mas, o que seria dos seus antigos companheiros, do lago em que
vivera tanto tempo na infância?
Dessa forma, fez a longa viagem de volta pelo mar, pelo rio, até o canal
que o levou novamente ao lago.
Tentou comunicar a todos o risco iminente, mas ninguém lhe deu ouvi-
dos. Nem o rei, imerso em sua soberba, quis ouvi-lo.
85
Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
86
Mudança institucional
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Teorias psicológicas
aplicadas à Gestão Escolar
Para criar uma cultura nova no cenário escolar, o primeiro passo é ter um
objetivo claro e aceitar que a escola precisa mudar. Embora seja um “lugar-
comum”, vale a pena lembrar que toda a transformação é difícil e as pessoas
precisam desejá-la para que ela aconteça. Isso pode ser traduzido, por exem-
plo, em um olhar crítico aos dados objetivos existentes (frequência, taxa de
evasão, taxa de reprovação) e aos dados subjetivos, como a representação
que o aluno tem sobre o corpo docente, a direção e os demais funcionários
que trabalham na instituição, e a forma como os pais veem a escola. Esses
dados podem ser somados e compartilhados por todas as pessoas envolvidas
com a instituição – muitos devem ser colecionados e compartilhados, para
comprovar a necessidade de uma mudança significante.
Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
1
Resposta também tem o sentido de comportamento, pois o Behaviorismo de Skinner entende que o comportamento é uma resposta do orga-
nismo aos estímulos do meio.
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Teorias psicológicas aplicadas à Gestão Escolar
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Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
Skinner nos adverte que, em geral, os grupos não reservam nenhum tempo
para definir seus fins e objetivos. Apresentam um comportamento de resistência à
mudança, expresso em frases, como por exemplo: “Não precisamos perder tempo
com objetivos, vamos trabalhar...” ou “bem, todos sabem o que queremos fazer...”.
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Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
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Teorias psicológicas aplicadas à Gestão Escolar
Estrutura
Define-se pelo padrão de relacionamento interno do grupo e seu arranjo ou
desenho e representa a maneira pela qual as pessoas – e seus papéis – podem
estabelecer esse relacionamento no plano formal e informal.
Sabe-se que tanto o tamanho dos grupos organizacionais, bem como sua ri-
gidez hierárquica podem dificultar o relacionamento interno. Da mesma forma,
a ausência de uma estrutura interna, ou mesmo a total informalidade num grupo
podem atrapalhar a administração dos próprios limites pessoais.
Composição do grupo
Uma vez observadas as características pessoais dos membros de um
grupo, outra variável decorrente desta é a de como se comporá esse grupo.
A composição está diretamente relacionada com as variáveis homogeneidade
95
Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
Objetivos
A existência de um grupo ou de uma equipe deve ser fundamentada numa
razão de ser que justifique a sua própria existência. Essa razão de ser é denomina-
da objetivos. A definição clara dos objetivos de um grupo, por si só, não garante o
seu sucesso. Ao trabalhar com o desenvolvimento de grupos, deve-se ter o enten-
dimento aprofundado de como os objetivos grupais estão em interação com os
motivos e objetivos individuais dos membros de grupo. Quando os motivos que
levam os indivíduos a fazerem parte de um grupo são muito discrepantes entre
si, o campo de força grupal tende a assumir um vetor negativo, gerando insatis-
fações, angústias, possibilidades de estresse e, até mesmo, estimulando o baixo
comprometimento dos participantes. Por outro lado, os objetivos individuais e
grupais podem sofrer alterações ao longo do processo do grupo. Dessa maneira,
é necessária a revisão constante desses objetivos, por meio de acompanhamento
sistemático, no sentido de redirecionar os interesses coletivos, de maneira a aten-
der não só os motivos individuais, como também a proposta coletiva.
Estilo de liderança
A liderança exerce papel fundamental no processo de produção do grupo
podendo ser de natureza formal ou informal. As equipes de trabalho apresen-
tam, inevitavelmente, lideranças formais, geralmente delegadas em função da
estrutura organizacional. O que se pretende, ao desenvolver grupos, é verificar
em que grau a efetividade da liderança impacta a tarefa do grupo e, quanto o
grupo absorve e aceita a liderança formal. Por outro lado, sabe-se que, durante
o seu processo, o grupo abre espaço para emergirem lideranças que terão um
papel de canalizador das tensões grupais. Essas lideranças podem estar voltadas
para o plano da tarefa ou da emoção. Ou seja, ao encontrar-se com dificuldades
de soluções de problemas ou de realizações de ações concretas, poderão emer-
gir, do grupo, pessoas com maior facilidade de lidar com essa área e que auxi-
liarão o grupo na transposição dessa dificuldade. Da mesma forma, no plano da
96
Teorias psicológicas aplicadas à Gestão Escolar
Rede de comunicações
O processo de comunicação reflete como o grupo está estruturado e como
os papéis, assumidos pelos participantes, atuam a serviço da manutenção ou da
mudança desses padrões. A meta final no desenvolvimento de grupos é propi-
ciar condições para que se atinja um nível de comunicação autêntica entre os
participantes e isso inclui lidar com diferenças e conflitos, até que se atinja um
nível de comunicação que atenda as expectativas do grupo.
Papéis funcionais
Quintana Cabañas (1988) expande a abordagem proposta por Lewin, contri-
buindo com a teoria dos papéis, acrescentando que “o homem é um ser social
e por isso atua em forma de conduta, na coletividade, desempenhando papéis
impostos e outros escolhidos que se acham limitados pelas normas de funciona-
mento de um grupo” (CABAÑAS, 1988, p. 37). Portanto, segundo Quintana (1988,
p. 38), “um papel é uma exigência social de conduta organizada”. Desta forma,
ao trabalhar com grupos, deve-se considerar fundamentalmente quais papéis
os participantes estão assumindo e como o grupo lida com os papéis formais e
informais na relação interpessoal. O que se observa, no entanto, é que a saúde
mental de um grupo reside no fato dele ser capaz de intercambiar papéis entre
os membros, tornando possível o fluxo de experiências e trocas no interior do
grupo. Portanto, um grupo em que as pessoas assumem papéis rígidos, sejam
97
Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
eles formais ou informais, tende a ser um grupo com alto nível de conflito e
pouca troca. O trabalho com grupos auxilia os participantes a exercitarem novos
papéis e/ou reverem papéis atuais, no sentido de avaliar o quanto esses papéis
facilitam ou dificultam o desenvolvimento do próprio grupo.
Cultura
Segundo Schein (1986, p. 12), cultura é “um padrão de pressupostos básicos,
inventados, descobertos, ou desenvolvidos por um determinado grupo à medida
que ele aprende a lidar com seus problemas de adaptação externa e integração
interna”. Portanto, todo grupo formará, a partir dos códigos implícitos e explícitos,
padrões de comportamento que formarão e sustentarão sua cultura. Desta forma,
uma organização conterá as diversas culturas dos grupos por ela formada.
Clima
Refere-se à atmosfera do espírito do grupo, resultante da cultura, e que
denota a maneira de sentir e de agir das pessoas. Mailhiot (1985) aponta que o
fator preponderante no processo de mudança grupal e organizacional está rela-
cionado ao clima do grupo dominante. Considera, ainda, que os grupos podem
ser caracterizados, em função do seu clima, como grupos conformistas e grupos
não conformistas. Por conformistas, entende-se aqueles grupos que não acei-
tam qualquer tipo de mudança e que assumem atitudes contrárias às mesmas.
Isso pode ocorrer de maneira consciente ou inconsciente. Esses grupos ofere-
98
Teorias psicológicas aplicadas à Gestão Escolar
O referencial psicanalítico
Os grupos ou equipes, ao interagirem, inserem em si uma ou várias razões
que justificam sua existência. Portanto, sempre haverá, no plano da ação dos
mesmos, atitudes relacionadas diretamente com o plano da tarefa para a qual o
grupo se volta no momento e o plano da emoção, referindo-se a todos os senti-
mentos que norteiam a execução dos objetivos e/ou tarefas.
Depois que o objetivo particular do grupo tenha sido fixado, espera-se que os
membros “bons”3 trabalhem para a sua consecução, mesmo quando não tenham
sido aceitos aqueles que tinham preferido. Esses membros são influenciados de
diversas maneiras pelos objetivos do grupo. A intensidade dessa influência varia
de membro para membro e de objetivo para objetivo. Quando todos, ou a maio-
ria, possuem os mesmos objetivos, é quase certo que estes se tornarão os do
grupo e que será feito um esforço conjunto para realizá-los. É evidente que os
objetivos grupais devem estar intimamente relacionados com os interesses e
necessidades dos membros. A mútua manifestação e a identificação dos interes-
ses e necessidades dos membros estabelece a base verdadeira para a formação
do grupo e a formulação de seus fins e objetivos.
100
Teorias psicológicas aplicadas à Gestão Escolar
Tipos de objetivos
É útil conhecer a classificação dos objetivos em vários tipos. No ensino, esses
objetivos têm sido agrupados em relação aos diferentes anos letivos e focaliza-
dos na conclusão do curso ou na formatura. Ao considerarmos os objetivos dos
grupos e seus membros, é sempre bom classificá-los pela forma agora estudada.
Papéis e lideranças
Qualquer grupo cria, desde o seu inconsciente grupal, um sistema de papéis.
Quando, por um exercício de memória, por exemplo, nos lembramos de qual-
quer de nossas diversas turmas de colegas de escola, sempre houve alunos que
assumiram e se destacaram ora no papel de “puxa-saco”, ora no de alvo de “goza-
ção”, ou no de “geniozinho”, ou de “burro”, ou de “líder”, e assim por diante, sendo
que a imagem que guardamos do grupo de professores também está pautada
nesse mesmo nível.
101
Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
102
Teorias psicológicas aplicadas à Gestão Escolar
Vestal: da mesma forma como é regra nas instituições, também nos pe-
quenos grupos é muito comum que alguém assuma o papel de zelar pela
manutenção da moral e dos bons costumes. A tão conhecida figura do “pa-
trulheiro ideológico” que obstrui qualquer movimento no sentido de uma
criatividade inovadora, é um bom exemplo desse papel. Há um sério risco,
bastante frequente, de que o papel seja assumido pelo próprio gestor.
Texto complementar
103
Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
104
Teorias psicológicas aplicadas à Gestão Escolar
105
Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
Dica de estudo
A nossa dica é um filme bastante conhecido, e que mostra bem os aspec-
tos psicológicos da gestão, Um Diretor Contra Todos, com James Belushi e Louis
106
Teorias psicológicas aplicadas à Gestão Escolar
Gossett Jr. O filme narra a história de Rick Latimer, transferido para ser o diretor
de Brandel High, a pior escola do município e de péssima reputação. Ele decide
acabar de vez com o tráfico de drogas e a violência que imperam no local. O
filme aborda aspectos psicológicos individuais e grupais envolvidos nessa difícil
tarefa de Gestão Escolar.
Atividade
A seguir você encontrará citações dos teóricos da Psicologia, estudados nes-
ta aula, em relação à educação. Leia com atenção cada uma delas.
Citação 1
Citação 2
107
Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
Citação 3
Citação 4
Qualquer tipo de vida de grupo ocorre numa situação com certos limites;
limites daquilo que é possível e que não é possível e que pode ou não acon-
tecer. Os fatos não psicológicos de clima, de comunicação, as leis do país ou
da organização são partes frequentes dessas limitações externas. A primeira
análise do campo é feita do ponto de vista da ecologia psicológica, o psicó-
logo estuda os dados não psicológicos para descobrir o sentido dos dados
em determinar as condições da vida do indivíduo ou grupo. Somente depois
que esses dados são conhecidos é que o estudo psicológico pode começar a
investigar os fatores que determinam a ação [...] naquelas situações demons-
tradas como significativas (LEWIN, 1952, p. 170).
Citação 5
108
Teorias psicológicas aplicadas à Gestão Escolar
Citação 6
Agora escolha duas citações para comentar, aquela com a qual você mais
concorda e aquela de que mais discorda. Elabore um pequeno texto, levan-
do em consideração o que aprendeu na aula de hoje.
109
Liderança, recursos humanos
e Gestão Escolar
Maquiavel
112
Liderança, recursos humanos e Gestão Escolar
113
Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
Fromm não foi o único psicanalista preocupado com liderança. Freud, Bion e
Pichon-Rivière também desenvolveram estudos sobre o assunto.
114
Liderança, recursos humanos e Gestão Escolar
Na igreja temos uma liderança que se processa por meio do fenômeno in-
trojetivo, ou seja, todos os fiéis incorporam a figura de um mesmo líder abstra-
to, formando-se uma identificação generalizada. Isso mantém a unificação de
todos os fiéis. Quanto ao exército, Freud mostrou que a liderança se processa
por meio da projeção, na pessoa do comandante, das aspirações e ideais dos
comandados.
Outro psicanalista é o inglês Bion, que afirma que todo o grupo tem necessi-
dade implícita de uma liderança, que emerge do grupo. Ele descreve três tipos
de inconsciente grupal:
de luta e fuga, em que o grupo está reunido para lutar contra algo ou dele
fugir (líder terá características caudilhescas);
115
Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
116
Liderança, recursos humanos e Gestão Escolar
Isso nos leva a aprofundar as funções do líder, e vamos buscar a mais completa
abordagem desse ponto, feita por Krech e Crutchfield (1961). Esses autores falam
de 13 funções da liderança, que achamos importante destacar:
117
Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
Servir como exemplo do grupo, já que ele é tomado como modelo pelos
seus membros.
O quadro a seguir, adaptado por Aguiar (1989, p. 202), ilustra bem essas três
atmosferas ou climas de liderança. (WHITE, Ralph; LIPPITT, Ronald. Autocracy and Demo-
cracy. Harper & Row, Publishers, Incorporated, 1960,
p. 26-27. Adaptado.)
Autoritária Democrática Laissez-Faire
A fixação das diretrizes cabe Todas as diretrizes são objeto Liberdade completa para as
unicamente ao líder. de debate e decisão do grupo, decisões grupais ou individu-
estimulado e assistido pelo ais com participação mínima
líder. do líder.
As técnicas e as providências A atividade ganha novas A única participação do líder
para o serviço são determina- perspectivas durante o perí- do debate sobre o trabalho
das pela autoridade, uma por odo de debates. Esboçam-se é apresentar ao grupo mate-
vez, de maneira que em gran- providências gerais para atin- riais variados e deixar claro
de parte as medidas por vir gir o alvo do grupo e, quando que poderá fornecer informa-
são sempre imprevisíveis. há necessidade de aconselha- ções, quando solicitadas.
mento técnico, o líder sugere
duas ou mais alternativas
para o grupo escolher.
118
Liderança, recursos humanos e Gestão Escolar
Uso de autoridade
pelo líder
Área de liberdade
dos subordinados
1 2 3 4 5 6 7
119
Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
Sabe-se que não existem os tão conhecidos “líderes naturais”, aqueles que
“nasceram com um dom especial”, e têm absoluto domínio sobre os grupos de
que fazem parte. Isso combina melhor com os “heróis”, ou com líderes eminen-
temente carismáticos.
120
Liderança, recursos humanos e Gestão Escolar
Texto complementar
Motivo + ação
A partir dos anos 1940, pelo menos as mentes mais perceptivas, tanto
no mundo acadêmico como no organizacional, abandonam a concepção in-
gênua da vida e do trabalho (incentivos econômicos ou extraeconômicos).
Para elas, torna-se evidente que, do ponto de vista prático, é preciso apro-
fundar os motivos que levam o homem a trabalhar, isto é, as necessidades
que busca satisfazer por meio do trabalho.
121
Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
4. Satisfação da necessidade.
5. Equilíbrio interno.
Quando foi a última vez que você fez exatamente aquilo que gostaria
de fazer e no momento que desejava?
Então, baseado nas suas respostas, a que conclusão chegou? Você en-
controu o seu motivo para a ação entusiástica?
É ela que move o ser humano a agir para satisfazer suas necessidades de
todo o tipo.
122
Liderança, recursos humanos e Gestão Escolar
Motivação atual – é a força que nos faz escolher uma ação concreta com
base no valor de seus resultados – um valor que o conhecimento especu-
lativo capta – embora esse valor não seja atraente devido às limitações do
conhecimento afetivo.
123
Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
desafios;
novas oportunidades;
reconhecimento;
ser ouvido;
Automotivação
Mihaly Csikszentmihalyi é um psicólogo americano, autor de uma im-
portante teoria sobre motivação, mais especificamente automotivação. Sua
obra vem servindo de referência aos mais importantes pesquisadores nas
124
Liderança, recursos humanos e Gestão Escolar
áreas de educação e lazer. Sua teoria foi publicada em 1975 e é chamada por
ele próprio de Flow.
Os outros devotam largas parcelas de seus dias sobre uma tela, contem-
plando-a, pincelando-a, desenvolvendo técnicas ou então se debruçam
sobre uma pedra, buscando uma forma escondida, talhando e talhando...
125
Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
Conheça, pesquise bem o que vai ensinar, o tema que vai trabalhar.
Seja realista com uma dose de otimismo e veja sempre o lado bom
do aprendizado das coisas, situações e pessoas. O otimista acredita. O
pessimista reclama. O realista age.
126
Liderança, recursos humanos e Gestão Escolar
Aprendizagens possíveis
Motivação é um processo interno de cada indivíduo. Apesar de não
termos o poder de motivar outras pessoas, visto que motivação é interna e
pessoal, temos o poder de estimular as pessoas com quem convivemos e de
ajudá-las a descobrir as próprias necessidades.
Conseguimos isso com um elogio, uma conversa, uma palavra, uma aula
bem planejada e realizada.
Dica de estudo
Indicamos a leitura de um ótimo livro: Liderança em Gestão Escolar. A autora
é Heloísa Lück e a obra faz parte da série Cadernos de Gestão, publicada pela
Editora Vozes. A autora propõe aos gestores escolares que deem sua atenção
ao exercício da liderança efetiva em sua própria atuação profissional e na dos
membros da comunidade escolar e que promovam em suas escolas a criação de
uma cultura escolar orientada para o compartilhamento da mesma (dentro da
visão de liderança situacional). O livro propõe que a liderança do gestor escolar
seja marcada pelo comprometimento conjunto com os objetivos educacionais,
pelo espírito de equipe e pela proatividade.
Atividades
1. Observe estes três perfis de líderes, tomando como exemplo o treinador de fute-
bol, em um momento em que o jogo se apresenta muito difícil para o seu time.
Transfira essa situação para a situação da gestão da escola, comente cada atua-
ção e aponte qual dos três será mais bem-sucedido, justificando a resposta.
1.o treinador – chama os jogadores, eles largam a bola e vão até a lateral
do campo, para falar com o treinador. Enquanto isso, o time adversário
marca o gol.
2.o treinador – já ouviu falar que é importante focar a atenção no cliente. As-
sim, quando chama os jogadores para informar a mudança de tática, permite
que eles primeiro acabem a jogada e, então, larguem o jogo e se dirijam até
a beirada do campo, para falar com o treinador.
127
Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
128
Liderança, recursos humanos e Gestão Escolar
A Janela de Johari foi desenvolvida por Joseph Luft e Harry Ingham em 1961
com o objetivo de ilustrar o processo de dar e receber feedback. Os autores
criaram um modelo com quatro retângulos, que auxiliam a conceituar o pro-
cesso da percepção de um indivíduo em relação a si mesmo e aos outros.
2. Área cega
1. Área aberta
Conhecida Desconhecida
por mim por mim
Conhecida
pelos outros
Desconhecida
pelos outros
129
Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
1. Área aberta.
2. Área cega.
3. Área oculta.
4. Área desconhecida.
130
Liderança, recursos humanos e Gestão Escolar
131
Motivação na instituição escolar
O que faz com que um local de trabalho seja um lugar estimulante onde se
aprende coisas novas, trabalha-se e o resultado aparece, enquanto o outro é o
purgatório por onde se tem que passar até chegar o bendito fim de semana?
134
Motivação na instituição escolar
Vamos observar agora algumas das principais abordagens teóricas sobre mo-
tivação, dando um suporte teórico à nossa discussão.
135
Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
136
Motivação na instituição escolar
autorrealização
estima
social (afiliação)
segurança
fisiológicos
137
Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
138
Motivação na instituição escolar
Shein (1982) destaca a importância da visão que o gestor tem, sobre a natu-
reza e as motivações do homem. Assim, fala de quatro formas de visão gestora
da motivação:
139
Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
Ambas têm revelado que a motivação dos professores está sendo severa-
mente ameaçada nos últimos anos. Vejamos de que forma: a maioria das insa-
tisfações intrínsecas dos professores relacionam-se à indisciplina dos alunos e
ao fato deles não apresentarem motivação para a aprendizagem. Os fatores de
natureza extrínseca são: os baixos salários, o aumento do trabalho administrati-
vo, a queda do status da profissão etc.
140
Motivação na instituição escolar
Para concluir essas reflexões sobre a motivação do homem, nada melhor que
uma imagem que expressa de forma clara a perplexidade e o desinteresse viven-
ciado, quando as nossas motivações não são, minimamente, atendidas.
(TONUCCI, 1993)
Texto complementar
Motivação na aprendizagem:
um olhar considerando seus vários contextos
(PEREIRA, 2009)
[...] Nas duas últimas décadas, segundo Guimarães et al. (2002), observa-se
um aumento acentuado de estudos centrados na motivação no contexto es-
colar, objetivando, em sua maioria, encontrar formas de influenciar os alunos
a incrementar seu envolvimento em tarefas de aprendizagem. Para eles, a
questão motivacional talvez explique porque alguns estudantes gostam e
aproveitam a vida escolar, apresentando comportamentos “adequados”,
adquirindo novas capacidades e desenvolvendo todo o seu potencial, en-
quanto que outros parecem pouco interessados, muitas vezes fazendo as
141
Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
142
Motivação na instituição escolar
143
Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
Falamos dos fatores que afetam a motivação dos alunos, porém cabe nos
questionar para que tipo de aprendizagem queremos motivar os alunos,
a aprendizagem para o desempenho? Nesse caso, bastará apenas o aluno
de Química repetir todas as regras de nomenclatura dos hidrocarbonetos,
por exemplo, ou até mesmo quem sabe resolver alguns cálculos químicos,
preparar uma solução? Ou estamos falando do aprender a SER, que muitos
pensam não ser tarefa do professor? Não será necessário aprender a gostar
de aprender, por muito bem que se aprenda? (SANTOS, 1997)
144
Motivação na instituição escolar
Dica de estudo
Sugerimos a leitura do livro Motivação nas Organizações de Cecília W. Berga-
mini, publicado pela Editora Atlas. A autora afirma que trabalhar com pessoas
motivadas exige estratégias especiais e comprova porque promessas de prê-
mios ou ameaças de punições podem comprometer perigosamente o bom de-
sempenho das pessoas no trabalho, bem como gerar problemas à continuidade
e à eficácia das atividades desenvolvidas, assim é necessário cultivar o potencial
produtivo de cada pessoa. Portanto, é preciso guiar-se por novos parâmetros
e reformular velhos paradigmas na busca da satisfação motivacional. Compete
ao professor, ao diretor da escola, ou a quem lidera o grupo naquele momento,
propor atividades enriquecedoras, visando a introduzir maior dose de motiva-
ção para as tarefas propostas.
145
Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
Atividade
Leia com atenção a crônica de Rubem Alves, publicada no jornal A Folha de
S. Paulo e faça a seguinte atividade:
Vou contar para vocês uma estória. Não importa se verdadeira ou imagi-
nada. Por vezes, para ver a verdade, é preciso sair do mundo da realidade e
entrar no mundo da fantasia...
Como o medo da água fria era maior que o desejo de comer bananas,
resolveram que o macaco que tentasse subir na mesa levaria uma surra.
Quando um macaco subia na mesa, antes do banho de água fria, os outros
lhe aplicavam a surra merecida.
146
Motivação na instituição escolar
147
Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
148
Motivação na instituição escolar
149
Autoridade e poder do gestor escolar
Tipo de
Exemplo
poder social
De recompensa e O gestor da instituição escolar, mesmo quando ela é pública e
coação não pode manipular recompensas financeiras, sempre detém
um poder social quanto à distribuição das recompensas (melho-
res horários, acesso a oportunidades de capacitação, por exem-
plo) e à aplicação de determinada sanções.
Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
Tipo de
Exemplo
poder social
Legítimo O gestor está situado no topo da estrutura hierárquica da es-
cola. Fica isolado nesta posição, se não é praticada uma gestão
colegiada ou participativa. Quando existe uma eleição para di-
retor da escola, esse poder legítimo é referendado pelo voto dos
membros do grupo.
De referência É comum – e desejável – que o diretor estabeleça boas relações
interpessoais com os demais “atores institucionais” e com a co-
munidade externa à escola, exercendo uma liderança realmente
referenciada pelo grupo.
De especialistas ou Também bastante positivo, este poder social do gestor emana
de competência do seu reconhecimento, pelo grupo, como detentor de conheci-
mento sólido, como um educador com experiência ampla e bem
sucedida em sala de aula (vindo do “chão da escola”, e não como
alguém que desenvolveu apenas experiências administrativas).
152
Autoridade e poder do gestor escolar
Vista por outro prisma, no entanto, essa crise de autoridade libertou as futu-
ras gerações de um destino preestabelecido por parâmetros rígidos e autoritá-
rios. Segundo a análise de Hannah Arendt sobre a autoridade, as mais recentes e
principais revoluções como a Francesa, a Independência Americana ou a Revo-
lução Soviética não concederam rupturas radicais com a tradição. Em todas elas,
os homens se inspiraram na origem da tradição, terminando os seus processos
revolucionários em restauração ou tirania.
A autoridade tal como a conhecemos outrora, e que se desenvolveu a partir da experiência
romana e foi entendida à luz da filosofia política grega, não se restabeleceu em lugar nenhum,
quer por meio de revoluções ou pelos meios ainda menos promissores da restauração, e muito
menos através do clima e tendências conservadoras que vez por outra se apossam da opinião
pública. (ARENDT, 1997, p. 187)
153
Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
Alguns autores sugerem que o termo governo seja substituído, quando fa-
lamos de Foucault, pela palavra governamento, quando estivermos falando da
ação ou ato de governar.
Justificam isso, por exemplo, pelo uso dos conceitos que Foucault faz, ao falar
da arte de governar:
[...] os governantes, as pessoas que governam, a prática de governo são, por um lado, práticas
múltiplas, na medida em que muita gente pode governar: o pai de família, o superior do
convento, o pedagogo e o professor em relação à criança e ao discípulo. Existem, portanto,
muitos governos, em relação aos quais o do príncipe governando seu estado é apenas uma
modalidade. Por outro lado, todos esses governos estão dentro do Estado ou da sociedade.
(FOUCAULT, 1992, p. 280)
Poder e resistência
Foucault vê o poder não apenas como uma força negativa, mas também pro-
dutiva, e afirma que, quando há o exercício do poder, há resistência. Isso extrapola
a situação das prisões, embora Foucault tenha se debruçado muitas vezes sobre
o tema dos presos e dos loucos internados. Afirma que, mesmo nessas situações
extremas, sempre somos “livres”, em virtude do exercício da resistência, que trans-
cende o ato de dizer não – forma primeira de resistência – mas constitui a manu-
tenção e o exercício do direito de dizê-lo. É a resistência que define a relação de
poder, rompendo com o continuum da obediência e mudando essa relação.
A importância da crítica
155
Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
A relação entre liberdade e autoridade, portanto, considera a condição histórica atual, negadora
da liberdade de ser sujeito a muitas pessoas [...]. Mulheres e homens, seres histórico-sociais,
nos tornamos capazes de comparar, de valorar, de intervir, de escolher, de decidir, de romper,
por tudo isso, nos fizemos seres éticos negando-se a aceitar as teses da inevitabilidade, da
inexorabilidade ou da fatalidade históricas, posturas derivadas, também, da descrença no
Estado, na família, na imprensa e na escola. E como agir para que a liberdade criativa dos
excluídos da vida seja respeitada? Como admitir a presença da autoridade no campo da
construção de alternativas para a vida digna a todos? [...] A reinvenção das diferentes formas
de poder deve gerar discussões que conduzam à produção de alternativas para mudanças. [...]
Portanto, a liberdade é dimensão essencial e exclusivamente humana porque envolve campo
de decisão. (GHIGGI, 2001, p. 161-162)
156
Autoridade e poder do gestor escolar
nas escolas. O que sobressai deles são vícios (autoritarismo, burocracia, pri-
vatização do cargo, cargo como fardo etc.) mais do que virtudes (paciência,
tato no exercício da autoridade, diálogo, distribuição de atribuições, partilha
de autoridade etc.).
Não é esse o gestor escolar que pretendemos formar, mas aquele que Paulo
Freire falou ao delinear um perfil voltado para o incremento da autonomia e da
liberdade nas escolas em que atua.
Texto complementar
Gestão democrática X autoritarismo
(ASSIS, 2009)
157
Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
explicitar essa linha de ação, porém, sabendo-se que toda gestão pressupõe
uma AÇÃO e a palavra ação é justamente o oposto da inércia, do comodis-
mo, espera-se do gestor educacional atitudes compromissadas de construir,
de fazer e o que observa-se são atitudes autoritárias, seguindo diria, uma
linha horizontal, onde os princípios democráticos não se inserem; visto que
a escola deve ser vista como um lugar privilegiado para a construção do co-
nhecimento e como eixo base das relações humanas, viabilizando não só a
produção de conhecimentos como também de atitudes necessárias à inser-
ção neste novo mundo com exigências cada vez maiores de cidadãos parti-
cipativos e criativos.
158
Autoridade e poder do gestor escolar
Escola ou empresa?
Nota-se com frequência que esta suposta “gestão”, se mascara como
sendo democrática e acaba que atendendo de forma a não priorizar prin-
cípios básicos democráticos, ocasionando o aumento da produtividade, a
massificação do indivíduo, afastando não só o caráter da coletividade, como
também o diálogo e o processo decisório.
159
Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
Conclusão
É necessário que o gestor garanta a participação das comunidades in-
terna e externa, a fim de que assumam o papel de corresponsáveis na cons-
trução de um projeto pedagógico que vise ao ensino de qualidade para a
atual clientela da escola pública. Para que isso aconteça, é preciso preparar
um novo diretor, libertando-o de suas marcas de autoritarismo, redefinindo
seu perfil, desenvolvendo características de coordenador, colaborador e de
educador, para que consigamos implementar um processo de planejamento
participativo de representantes dos segmentos da comunidade interna (di-
retor, vice-diretor, especialistas, professores, alunos e funcionários) e externa
(pais, órgãos/instituições, sociedade civil organizada etc.), com um conselho
não só consultivo, como também deliberativo (que não se vê há tempos).
A esses que sempre se beneficiaram do autoritarismo que gerou a exclusão, do
centralismo que gerou a alienação, da falta de transparência que gerou a corrupção e
da irresponsabilidade que produziu a ignorância; temos que dar um recado: [...] Não
abriremos mão de construirmos o que já conquistamos e não nos acomodaremos ante o
sonho de sermos os próprios obreiros e gestores do nosso mundo. (José Iran Barbosa Filho,
professor da Rede Pública Estadual e Municipal de Aracaju e presidente do SINTESE)
Dica de estudo
A nossa dica de estudo é um belo texto chamado “Quando o diretor é a alma da
equipe”, disponível em: <www.gestaoeducacional.net/web/htm/artigo6.doc>.
160
Autoridade e poder do gestor escolar
Atividade
O texto abaixo focaliza claramente a importância e o contorno da autoridade
do gestor escolar. Observe:
161
Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
162
Autoridade e poder do gestor escolar
163
Gestão Escolar: consenso e conflito
Quando entro,
A escola, pronta
As aulas, prontas
As atividades, prontas
Os programas, prontos
A avaliação, pronta
Percebo, então
Que um outro está ali
Não eu!
Eu o entrevejo
Nos registros da escola
Nas atividades da escola
Mas não o vejo em meus registros
Nem o encontro em minha vida.
Tais fatores organizativos devem ser considerados, mas como hipótese de tra-
balho que ajudam os professores em seu processo cooperativo de deliberação,
avaliação e tomada de decisões para cada contexto e cada situação particular.
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Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
168
Gestão Escolar: consenso e conflito
Vamos, agora, analisar o estudo de caso relatado por meio da Psicologia Social
criada por Pichon-Rivière. Comecemos por dois conceitos que tratam da questão
da filiação e da pertença dos indivíduos aos grupos. Para Pichon-Rivière, os grupos,
as organizações e as distintas formas da sociedade humana originam-se de uma
necessidade universal que leva os homens a se associarem. A importância para
os seres humanos de se autossustentarem por seus próprios meios, durante um
longo tempo de sua existência, condiciona essa pauta que marcará todas as suas
atitudes de criança e de adulto. O modelo de relação positiva com o mundo é
fornecido pelo primeiro vínculo, estabelecido com a mãe, já que é por meio dela
que as necessidades vitais são satisfeitas.
1
Nos referimos às ideias de Alvin Toffler, expressas na obra A Terceira Onda (The Third Wave), escrita em 1980. Segundo ele, a primeira onda é a da
Revolução Agrícola. A segunda onda refere-se às modificações ocorridas na sociedade com base na Revolução Industrial. A terceira onda é baseada
no industrialismo e no incremento da tecnologia, que construirá uma nova civilização.
169
Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
Nessa complexa rede de filiações a grupos, que nós realizamos, é possível dis-
tinguir algumas que têm por meta um objeto determinado – uma associação “di-
recional” – como é o caso, por exemplo, da filiação a um sindicato para conseguir
trabalho, entrar como sócio de um clube, porque isso confere prestígio, brilho social
e permite fazer bons contatos. Os grupos proporcionam a seus membros prestígio
e segurança, o que permite ao sujeito adquirir um sentimento de autoestima,
que é retransmitido como “boa imagem” para aqueles que entram em contato com ele. Em
consequência desse tipo de filiação direcional, aparecem nele novas pautas de conduta,
como o afã do poder, a avidez de conhecimentos, os impulsos solidários dirigidos ao próximo.
(PICHON-RIVIÈRE, 1988a, p. 80)
170
Gestão Escolar: consenso e conflito
Pichon contribuiu com uma proposta de Psicologia Social que nos permite
compreender o processo de elaboração do conhecimento no intercâmbio dia-
lético entre o sujeito e seus contextos. A dialética pichoniana é uma estratégia
destinada não só a transmitir conhecimento, mas a desenvolver e modificar ati-
tudes. A Psicologia Social investiga o sujeito e seu comportamento, a interação
entre o intrassubjetivo e o intersubjetivo; torna-se significativa, operativa, ao
orientar-se para uma prática.
O grupo operativo é um instrumento de intervenção nesta prática. É uma técnica para ajudar
os membros do grupo a enfrentar os conflitos e a resistência à mudança. A prática é uma
experiência crítica que se assemelha a uma espiral contínua, que permite realizar a mudança e
que consiste no desenvolvimento pleno da existência humana, através da modificação mútua
dos homens entre si e com a natureza. (GAYOTTO, 1991, p. 13)
O Grupo Operativo centra sua dinâmica no fazer dos sujeitos, nas tarefas que os
indivíduos realizam para atingir os objetivos comuns a que se propõem e que cons-
tituem o projeto (político-pedagógico) pelo qual estão interligados. Ao centrar-se
na tarefa do grupo, tal qual fez o diretor do estudo do caso apresentado anterior-
mente, o Grupo Operativo leva as pessoas a pensarem a ação que desenvolvem
juntas e, com isso, a compreenderem os obstáculos que emergem à luz do que
cada um é e de como as pessoas se comprometem com a ação coletiva – como
elas se relacionam no grupo para satisfazer as necessidades das pessoas, como as
necessidades das pessoas se articulam e se constituem em necessidades coletivas.
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Gestão Escolar: consenso e conflito
173
Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
“Digo: o real não está nem na saída nem na chegada, ele se dispõe para a
gente é no meio da travessia.” (ROSA, 1986, p. 26)
174
Gestão Escolar: consenso e conflito
Texto complementar
Gestão de conflitos e gestão de stress
(HENRIQUES; SANTOS, 2009)
Com certeza pela sua vida afora você vai ter muitas situações onde vai
necessitar de alguma forma saber reagir a um desses problemas. Por que não
começar a aprendê-lo já antes que seja tarde demais?
Gestão de conflitos
O que é o conflito?
conflitos de objetivos;
conflitos cognitivos;
conflitos afetivos.
175
Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
O indivíduo tenta utilizar o conflito de uma forma que leva a uma com-
petição intensiva.
Positivas:
Equilibradas:
176
Gestão Escolar: consenso e conflito
Conflitos intrapessoais.
Quando o conflito que temos diz respeito a apenas uma pessoa (o nos-
so chefe, um colega ou outro membro da nossa organização).
Conflitos interpessoais.
177
Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
Estilo “evitar”
Chega-se a dar-se razão à outra parte, mesmo que esta não a tenha, só
para que esse conflito não apareça.
existe falta de informação, pelo que não convém tomar certas atitudes
que podem revelar-se erradas;
a falta de poder que temos não possibilita que a nossa posição seja
levada em consideração;
Estilo “calmo”
São condições para que esse estilo seja utilizado com sucesso:
Estilo “ditador”
178
Gestão Escolar: consenso e conflito
Estilo “compromisso”
Difere do estilo “ditador” pelo fato de permitir que exista um compromisso
entre o que pretendemos e o que os outros pretendem.
Não será possível levar adiante a nossa posição, pois sabemos que não
nos é possível ganhar.
Estilo “colaborativo”
Mas, apesar de parecer muito nobre, existem algumas situações que não
se devem resolver com base nesse método.
179
Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
A tomada de uma ação desse tipo seria mal vista caso se tratasse de
uma empresa cuja gestão se baseia em métodos antiquados.
Não são apenas os gestores que têm que negociar, são todas as pesso-
as. Os filhos com os pais, a mulher com o marido etc.
É um processo sequencial.
180
Gestão Escolar: consenso e conflito
181
Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
Ou seja, não é estranho o uso dos vários estilos de gestão de conflitos du-
rante as negociações. Principalmente se os estilos colaborativo e compromis-
so dominarem o processo, e nesse caso normalmente chega-se a soluções
positivas para ambas as partes. É ainda aconselhável o uso do estilo calmo,
para ceder em alguma situação que seja muito importante para a outra parte,
e pouco penosa para nós.
182
Gestão Escolar: consenso e conflito
Dilemas éticos
Ou seja, se não são revelados todos os fatos envolventes, não é ético, mas
se são revelados, pode prejudicar a solução que mais interessa a essa parte.
É de fato um compromisso.
Dica de estudo
Leia o texto “Gestão do conflito escolar: da classificação dos conflitos aos mo-
delos de mediação”, de Alvaro Chrispino, disponível em: <www.scielo.br/pdf/
ensaio/v15n54/a02v1554.pdf>. O artigo apresenta os resultados de uma pes-
quisa, destacando claramente a importância que o jovem atribui à educação,
à escola e ao professor. Ao mesmo tempo apresenta a preocupação com a vio-
lência. Sendo assim, discute os conceitos de conflito e de conflito escolar, apre-
senta inúmeras maneiras de classificar os conflitos e os conflitos escolares, a fim
de contribuir com o entendimento do problema, indica a mediação de conflito
como alternativa potente e viável para a diminuição da violência escolar.
183
Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
Atividade
A história de Ghani, narrada nesta aula, ilustra muito claramente como são
complexos os processo grupais, e o quanto o gestor precisa estar apto a ma-
nejar os conflitos que surgem no cotidiano da escola.
a) o próprio Ghani:
b) um professor da escola:
184
Gestão Escolar: consenso e conflito
c) um funcionário:
185
Gestão e autonomia da escola
188
Gestão e autonomia da escola
A qualidade das escolas não constitui uma definição única para todas as
escolas.
O Projeto Político-Pedagógico:
o exercício de responsabilidade coletiva,
criatividade e autonomia da escola
Com o desenvolvimento crescente das sociedades, a educação vem sendo
repensada a cada movimento da história, tendo em vista a sua relação com os
objetivos da sociedade vigente. Temas como a pluralismo político, a emergência
do poder local e a diversidade cultural passam a ser dominantes, o que exige
maior autonomia e novas formas de participação social.
189
Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
190
Gestão e autonomia da escola
Porque infere-se que todo projeto pedagógico é por excelência político. Isso
porque não se deve construir um projeto sem um rumo político. Daí, todo proje-
to pedagógico da escola é também político.
191
Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
Para Gadotti e Romão (2002, p. 37) o êxito do projeto implica sobretudo uma
noção de tempo:
É bom saber que a falta desses sete elementos dificulta a elaboração e im-
plantação de um Projeto Político-Pedagógico novo para a escola.
finalidade da escola;
estrutura organizacional;
currículo;
processo decisório;
relações de trabalho;
avaliação.
193
Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
(Canclini, 1999)
Assim, é preciso lembrar que o homem moderno vive num tempo em que
deve saber lidar, também, com as contradições, nas quais suas ideias são condi-
cionadas por necessidades de variações e avanços da sociedade.
Neste sentido, concordo com Ferreira (2001) quando diz que gestão demo-
crática da educação constrói coletivamente, por meio da participação, a cidada-
nia da escola, de seus integrantes e de todos que dela, de alguma forma, parti-
cipam, possibilitando o desenvolvimento de uma consciência de participação
mais ampla do mundo.
194
Gestão e autonomia da escola
Observe este quadro em que a LDB 9.394/96 explicita, nos artigos 9.o, 26 e 27,
padrões curriculares, que devem ser seguidos em todo o território nacional.
Já no art. 26,
195
Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
Percebe-se, diante de tal quadro, que o currículo tem como principal parcei-
ro um sistema de avaliação que objetiva a eficiência na busca da hegemonia
ideológica.
196
Gestão e autonomia da escola
Como podemos ter certeza de que esses objetivos estão sendo alcança-
dos?
197
Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
Com base nesse modelo, os PCN são norteados pelos objetivos gerais do Ensino
Fundamental, em consonância com as diretrizes gerais estabelecidas pela LDB:
Texto complementar
200
Gestão e autonomia da escola
Por muito tempo, a base dominante das relações entre as pessoas foi a
força física. As relações fundadas na força física fazem com que as pessoas
imponham sua vontade a outros com base na ameaça, respaldadas no poder
de castigar, porque detêm a força.
201
Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
Embora a força ainda seja a base das relações, em muitos casos ela não é
mais a base dominante. A riqueza foi se impondo como base mais avançada
para fundar as relações sociais. Primeiro, porque a riqueza pode potencializar
a força, pode comprá-la e pô-la a seu serviço. Segundo, porque a riqueza é
uma base qualitativamente superior. Enquanto a força somente pode ame-
açar e castigar, a riqueza pode também premiar e recompensar. Os compor-
tamentos são forjados pelo poder de castigar, retirando ou diminuindo os
bens de quem não age segundo as pessoas que detêm o poder da riqueza.
Além de castigar, as pessoas podem ser recompensadas com a cessão de
riqueza pela sua fidelidade ou obediência.
202
Gestão e autonomia da escola
Dica de estudo
Um dos instrumentos da construção da autonomia da escola é a realização
de reuniões ampliadas, envolvendo todos os segmentos e a comunidade exter-
na, que são chamadas em muitos lugares de assembleias.
Assista e reflita.
Atividades
1. Na sequência são apresentados três trechos do artigo de Moacir Gadotti in-
titulando-se como: “O Projeto Político-Pedagógico da escola na perspectiva
de uma educação para a cidadania”. Esses textos focalizam os aspectos im-
portantes discutidos durante a nossa aula. Escolha dois trechos e comente-
-os, redigindo um pequeno texto.
203
Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
204
Gestão e autonomia da escola
205
A complexidade
da gestão da sala de aula
Em primeiro lugar, destaco que esse conceito nos remete à ideia de multi-
plicidade. Como as Matrioskas, aquelas bonecas russas que vão se encaixando
umas nas outras, o âmbito da atividade individual que o aluno realiza em um
tempo determinado é formado por um conjunto de estruturas seriadas.
208
A complexidade da gestão da sala de aula
209
Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
210
A complexidade da gestão da sala de aula
211
Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
212
A complexidade da gestão da sala de aula
2. Focar o grupo:
Gerenciar a atenção.
3. Evitar a saturação:
Progresso.
Variedade.
Estimulação.
Sequenciar e integrar
atividades instrucionais adicionais
1. Gerenciar sessões de revisão diárias.
apresentar as tarefas/exercícios;
monitorar o desempenho;
selecionar as tarefas/exercícios;
avaliar as tarefas/exercícios.
213
Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
atraso ou absenteísmo;
colando;
evitar lentidão:
214
A complexidade da gestão da sala de aula
h) dar motivos para elogios (“O meu professor vai me dizer porque
gosta do que eu faço em sala de aula.”);
i) dar ouvidos ao que os alunos têm a dizer (“O meu professor está
realmente interessado no que eu tenho a dizer.”);
215
Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
k) estar próximo dos alunos (“O meu professor está perto e isso não
me perturba, gosto da sua presença.”);
n) desistir (“O meu professor está chateado com o que eu estou fazen-
do, mas não comigo pessoalmente.”).
216
A complexidade da gestão da sala de aula
217
Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
219
Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
A gestão da sala de aula pelos docentes está inserida nesse “todo” escolar, ou
no conceito de Bronfenbrenner, é um microssistema inserido dentro de outro
microssistema. A complexidade dessa gestão está diretamente vinculada à com-
220
A complexidade da gestão da sala de aula
Texto complementar
221
Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
222
A complexidade da gestão da sala de aula
223
Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
Dica de estudo
O livro intitulado Organização e Gestão da Escola, de José Carlos Libâneo, da
editora Alternativa, faz um estudo minucioso das práticas de organização e de
gestão da escola e é indispensável para a construção de uma escola democrática
e participativa, que prepare para a cidadania plena.
224
A complexidade da gestão da sala de aula
Atividades
1. Ao falar sobre a gestão de sala de aula, no texto, foram apresentadas diversas
“habilidades de gestão instrucional”. Escolha três e elabore exemplos de situ-
ações do cotidiano escolar para ilustrá-las.
225
Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
226
A complexidade da gestão da sala de aula
227
Formação do educador
e formação do gestor
Paulo Freire
Outra questão pertinente para esta introdução, e que merece uma reflexão, é
a dicotomia entre ciência e arte, no trabalho do educador.
Tardiff faz eco ao que diz Teixeira, afirmando que os professores, como pro-
fissionais que são, produzem saberes específicos em seu próprio trabalho e
são capazes de objetivar, aperfeiçoar e deliberar sobre as próprias práticas,
tornando-as algo mais que um mero campo de aplicação das teorias elabora-
das externamente a elas. A prática profissional do educador é, portanto, “um
espaço de produção de saberes e de práticas inovadoras pelos professores
experientes”. (TARDIFF, 2002, p. 206)
230
Formação do educador e formação do gestor
e mais as da situação concreta, com os seus contemporâneos e os seus pares, seu professor e
sua família. A prática educativa exige que o educador leve em conta um tão vasto e diverso
grupo de variáveis, que, provavelmente, nenhum procedimento científico poderá jamais ser
rigorosamente nela aplicado.
Ainda o mais perfeito método de aquisição, digamos, de uma habilidade, não poderá ser
aplicado rigidamente. O educador terá de levar em conta que o aluno não aprende nunca
uma habilidade isolada; que, simultaneamente, estará aprendendo outras coisas no gênero
de gostos, aversões, desejos, inibições, inabilidades, enfim que toda a situação é um complexo
de “radiações, expansões e contrações”, na linguagem de Dewey, não permitindo nem
comportamento uniforme nem rígido. (TEIXEIRA, 1957, p. 20)
Nos anos 1970, influenciada pela visão funcionalista da educação, pela psicolo-
gia comportamental e pela tecnologia educacional, a ênfase na formação do edu-
cador recaía sobre a dimensão técnica. A preocupação era com os melhores méto-
dos de treinamento. O professor era o organizador dos componentes do processo
ensino-aprendizagem (objetivos, conteúdos, estratégias de ensino, avaliação, entre
outros). A partir da metade dessa década, severas críticas foram impostas a esse
modelo, exigindo um maior envolvimento do educador com a prática social.
231
Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
232
Formação do educador e formação do gestor
233
Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
Conhecimento Reflexão
na ação na ação
234
Formação do educador e formação do gestor
235
Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
Trabalhar em equipe.
236
Formação do educador e formação do gestor
António Nóvoa e os 3 As
da formação identitária do professor
O conhecido educador português António Nóvoa vem alcançando destaque
no cenário atual, principalmente por sua abordagem da formação docente. Se-
gundo ele, existe uma crise de identidade do professor, acentuada pela maneira
como a sua formação vem se desenvolvendo, expressa pela separação entre o
eu pessoal e o eu profissional.
237
Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
238
Formação do educador e formação do gestor
Em sua primeira experiência, em 1963, Freire ensinou 300 adultos a ler e es-
crever em 45 dias. Esse método foi adotado em Pernambuco, um estado produ-
tor de cana-de-açúcar. O trabalho de Freire com os pobres, internacionalmente
aclamado, teve início no final da década de 1940 e continuou de forma ininter-
rupta até 1964, quando o golpe revolucionário o levou ao exílio por 16 anos.
239
Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
Temos que mudar o nosso jeito de brigar, para ganhar “menos imoralmente
para viver menos imoralmente”; “lutar por um país menos feio”, porque ninguém
nasce para ser feio; a gente se torna feio ou bonito, à medida que a gente luta
com alegria e esperança. E, por fim, o legado da esperança: o educador deve ar-
ranjar um jeito de regar todos os dias sua esperança como se rega uma plantinha
(trechos de uma das últimas entrevistas de Freire dada ao Cenpec-SP1).
2
Entrevista publicada na revista Nova Escola, edição n.o 71, novembro de 1993.
241
Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
242
Formação do educador e formação do gestor
a aprender” – e que lhe permitam desenvolver uma identidade profissional sólida, incluindo a
feição de pesquisador ou investigador do cotidiano escolar. Além dos chamados “conteúdos
pedagógicos” e do aprimoramento da competência técnica, outras coisas deverão constituir, em
nossa opinião, esse aprofundamento da formação inicial. Trata-se de uma formação de cunho
político e humanista, abrangendo um maior conhecimento da realidade educacional brasileira
e o desejo de intervir nesta realidade, além do estabelecimento da postura de educador, que
transcende a atitude paternal ou amistosa diante dos alunos, por exemplo.
243
Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
244
Formação do educador e formação do gestor
O autor fala que ela incide sobre quatro dimensões do eu, as mesmas sobre
as quais incide o processo de formação:
245
Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
Texto complementar
246
Formação do educador e formação do gestor
O artigo 5.º, com 16 incisos, dispõe sobre o que deve estar apto o egresso
do curso de Pedagogia, tais como: atuar com ética e compromisso; contri-
buir para o desenvolvimento, educar, cuidar de crianças de zero a cinco anos;
desenvolver e fortalecer a aprendizagem de crianças do Ensino Fundamental
e daquelas que não tiveram acesso na idade própria; trabalhar em espaços
escolares e não escolares; respeitar e reconhecer necessidades e manifesta-
ções físicas, cognitivas, emocionais, afetivas dos educandos; ensinar, diferentes
disciplinas de forma interdisciplinar; domínio das tecnologias de informação,
relacionar as linguagens dos meios de comunicação; facilitar relações de co-
operação entre a instituição, família e comunidade; contribuir para superar
exclusões sociais, étnico-raciais, econômicas etc; respeitar diferenças de na-
tureza ambiental-ecológica, mostrar consciência da diversidade; desenvol-
ver trabalho em equipe, estabelecer diálogo entre a área educacional e dife-
rentes áreas do conhecimento; realizar pesquisas, saber utilizar instrumentos
próprios para construção do conhecimento; estudar e aplicar criticamente as
diretrizes; na ação docente com indígenas, promover o diálogo entre conhe-
cimentos, modos de vida... Em dois incisos faz referência à gestão:
Participar da gestão das instituições contribuindo para elaboração, implementação,
coordenação, acompanhamento e avaliação do projeto pedagógico (Inc. XII). Participar
da gestão das instituições planejando, executando, acompanhando e avaliando projetos
e programas educacionais, em ambientes escolares e não escolares (Inc. XIII).
247
Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
A proposta das Diretrizes, não incluindo, de início, o artigo 14, não oferecia
abertura para a formação dos profissionais e gestores da educação prevista
no artigo 64 da LDB 9.394/96, no curso de Pedagogia, licenciatura. A possi-
bilidade de formá-los estaria somente na segunda opção: cursos de Pós-Gra-
duação. Devido à reação de alguns conselheiros, associações e sindicatos, foi
incluído o artigo 14, que assegura a formação dos profissionais da educação
nos termos do artigo 64 da LDB em cursos de graduação em pedagogia ou
em nível de Pós-Graduação, acentuando na norma uma contradição interna
já denunciada no primeiro Parecer apresentada e muito bem expressa pelo
conselheiro Paulo Monteiro Vieira Braga Barone, ao declarar o seu voto:
Não poderia deixar de apontar que a formulação apresentada contém uma contradição
intrínseca no que se refere à definição do pedagogo, que leva à especificação de apenas
uma modalidade de formação, a licenciatura. Esta definição, que afirma inicialmente
ser o pedagogo o professor de Educação Infantil e dos anos iniciais do Ensino
Fundamental, reveste em seguida esse profissional de atributos adicionais que deformam
consideravelmente o seu perfil. Talvez a solução para essa contradição lógica fosse a
admissão de um espectro mais amplo de modalidades de formação, como o bacharelado,
não previsto no Parecer (13/12/05).
248
Formação do educador e formação do gestor
249
Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
250
Formação do educador e formação do gestor
[…]
251
Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
Dica de estudo
Indicamos um livro que mostra a importância da formação conceitual e po-
lítica dos professores e do gestor para enfrentarem os desafios do cotidiano da
escola. Trata-se da obra da conhecida escritora Ruth Rocha, intitulada Quando a
Escola é de Vidro.
Atividades
1. Ao estudar os saberes necessários à formação do educador, Oliveira et al.
apresenta quatro competências: pedagógica, tecnológica, didática e pesso-
al, caracterizando assim cada uma delas:
Dimensões das
Exemplos
competências
Capacidade para interagir com os conteúdos e com o material di-
dático, difundindo-os e dinamizando-os.
Utilização de estratégias de orientação, acompanhamento e ava-
liação (somativa e formativa) da aprendizagem dos alunos, iden-
Pedagógica tificando as dificuldades surgidas e tentando corrigi-las.
Demonstração de rapidez, clareza e correção na resposta às per-
guntas e mensagens enviadas.
Estabelecimento de regras claras e definidas para o trabalho a ser
desenvolvido.
Disposição para a inovação educacional, em especial àquela que
tem suporte nas tecnologias de informação e comunicação.
Adequação das tecnologias, e do material didático do curso, às
Tecnológica diferenças culturais.
Domínio das ferramentas tecnológicas empregadas (“letramento
tecnológico”).
252
Formação do educador e formação do gestor
Relacione as colunas:
1. Competências pedagógicas.
2. Competências tecnológicas.
3. Competências didáticas.
4. Competências pessoais.
253
Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
1. O ensino e a gestão não seriam só arte, reservada para alguns, mas se-
riam, isso sim, uma ciência, que pode ser aprendida, praticada no cotidia-
no. Pode ser considerada uma inteligência pedagógica, multidimensio-
nal, estratégica.
254
Formação do educador e formação do gestor
Agora reflita e estabeleça uma ordenação para os itens sugeridos por Isabel
Alarcão, ordenando-os, de acordo com a sua opinião, do mais significativo
para o menos significativo.
255
Gestão e ação gestora na Educação Básica
Uma lei é um ordenamento jurídico de aplicação universal que deve ser obe-
decida por todos os membros de uma sociedade, inclusive as instituições que a
compõe. Nesse sentido, qual a importância da Constituição Federal, do Estatuto
da Criança e do Adolescente e da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
(Lei 9.394/96) em relação à Educação Infantil?
258
Gestão e ação gestora na Educação Básica
259
Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
260
Gestão e ação gestora na Educação Básica
Concluindo essa reflexão sobre a Educação Infantil, diríamos que ela não
pode deixar de lado a preocupação com uma articulação com o Ensino Funda-
mental, especialmente para as crianças mais velhas, que logo mais estarão na
escola, e que se interessam por aprender a ler, escrever e contar.
261
Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
As áreas de conhecimento:
Língua
Portuguesa;
Língua Materna, para populações indígenas e migrantes;
Matemática;
Ciências;
Geografia;
História;
Língua Estrangeira;
Educação Artística;
Educação Física;
Educação Religiosa, na forma do art. 33 da Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996.
É interessante notar que, nessa organização curricular, o fator tempo fica mais
flexível, possibilitando a elaboração de planejamentos/projetos/atividades que
anteriormente eram inviáveis.
E qual é o papel da escola nesse processo? Ela deveria oferecer a todos a possi-
bilidade de efetivar a capacidade de aprendizagem que os indivíduos possuem.
E mais, concordando com Leal (1998, p. 26), a escola deveria ser efetivamente
um local de construção de conhecimentos elaborados e acumulados historica-
mente pela humanidade, oportunizando um trabalho pedagógico menos frag-
mentado, respeitando as etapas de desenvolvimento de cada aluno e preten-
dendo superar os índices de evasão e repetência.
bilizar o tempo escolar, que decorre das novas descobertas da ciência sobre o
desenvolvimento humano, possibilitando abertura de canais para a implemen-
tação de novas políticas educacionais.
265
Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
O ponto de partida para a formulação das Diretrizes para o Ensino Médio foi o
primeiro artigo da LDB (Lei 9.394/96). Esse artigo afirma que a “educação escolar
deverá estar vinculada ao trabalho e à prática social”. (MELLO, 1999, p. 1)
266
Gestão e ação gestora na Educação Básica
Ele permite aos alunos realizar uma autoavaliação dos conhecimentos e das
habilidades adquiridas ao longo da Educação Básica, com o objetivo de saber
como está sua formação para integrar-se efetivamente à sociedade. Além disso,
serve para orientar as escolhas futuras em relação à continuidade dos estudos e
à participação no mercado de trabalho.
268
Gestão e ação gestora na Educação Básica
Pode-se afirmar que a continuidade dos estudos implica num currículo que
não trabalhe apenas com o conhecimento escolar mas que lide, sobretudo, com
diferentes aspectos da cultura, já que
[...] todo currículo é um processo de seleção, de decisões acerca do que será e do que não será
legitimado pela escola. A existência de um conjunto de culturas negadas pelo currículo cria
nos alunos pertencentes a essas culturas um sentimento de não pertencimento, de alijamento
do que é socialmente aceito. (MACEDO; LIMA, 2001, p. 11)
270
Gestão e ação gestora na Educação Básica
Têm que gestar, criar e recriar relações com o contexto, com os outros e
consigo mesmo.
271
Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
Texto complementar
272
Gestão e ação gestora na Educação Básica
273
Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
274
Gestão e ação gestora na Educação Básica
Dica de estudos
Indicamos o livro Educação Infantil Pós-LDB: rumos e desafios, de Ana Lúcia
Goulart de Faria e Marina Silveira Palhares (organizadoras). Editora Autores As-
sociados, Campinas (SP), disponível em: <http://books.google.com.br/books?id
=q_7H3RcsvGcC&printsec=frontcover&source=gbs_v2_summary_r&cad=0>. A
obra trabalha o tema sobre crianças de 0 a 6 anos desde 1988, que com a nova
Constituição, adquiriram o direito de serem educadas em creches e pré-escolas,
passando a ser vistas como cidadãs, sujeitos de direito.
Atividades
1. Reflita sobre a situação abaixo e sugira, como gestor da escola, algumas al-
ternativas para solucioná-la.
Os alunos da escola de Ensino Médio que você dirige vêm alcançando resul-
tados muito ruins no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), e isso vem se
acentuando nos dois últimos anos. O deficit mais acentuado refere-se a duas
das competências avaliadas:
275
Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
276
Gestão e ação gestora na Educação Básica
2. O gestor escolar deve nortear as suas ações, em primeiro plano, pela legisla-
ção vigente no país. A principal delas é a Lei 9.394/96, que determina as Dire-
trizes e Bases da Educação Nacional e que determina, no artigo 2.º do título
II, que a finalidade da Educação Nacional é de tríplice natureza, envolvendo:
277
Efeitos negativos da ação gestora:
estresse e burnout
O que é estresse?
São muitos os conceitos encontrados na literatura específica sobre o tema.
O estresse foi estudado pela primeira vez pelo médico austríaco Hans Selye,
na década de 1920. Comparando sintomas semelhantes, em pacientes que so-
friam de doenças diferentes, concluiu que eles não estavam ligados diretamente
à doença, e chamou-os de “síndrome de estar apenas doente”, ou “síndrome de
adaptação geral”.
280
Efeitos negativos da ação gestora: estresse e burnout
Assim temos, segundo Baccaro (1990), que a Idade Média teve a peste bubônica;
o Renascimento, a sífilis; a era romântica do século XIX, a tuberculose; e o século
XX, o estresse.
Talvez o que tenha acontecido é que o homem mudou o ambiente com tal
velocidade, que não conseguiu mudar a si próprio para acompanhar essas mu-
danças. Estamos nos referindo às situações como violência e aglomeração ur-
banas, poluição de várias modalidades, mudanças de vida e de papéis sociais,
solidão, aumento do fluxo de informação e de responsabilidade, entre outras.
281
Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
Programação para realizar várias coisas ao mesmo tempo, cada vez desti-
nando a isso menores intervalos de tempo.
É conveniente notar que, na vida real, não existem tipos A ou B “puros”. Todos
nós temos traços de cada tipo, mas com predominância de um dos dois, e isso
determina uma maior ou menor predisposição ao estresse e às suas consequên-
cias físicas e emocionais.
282
Efeitos negativos da ação gestora: estresse e burnout
Alimentação.
Relaxamento.
Exercícios físicos.
Descanse.
Liberte-se da agressividade.
283
Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
PFA
PP
PI
PTP
PS
PC
PEE
PCR
PI – Partido da Individualidade
PS – Partido Social
PC – Partido Cultural
PP – Partido Profissional
284
Efeitos negativos da ação gestora: estresse e burnout
285
Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
1.º nível – falta de vontade, ânimo ou prazer de trabalhar. Dores nas cos-
tas, pescoço e coluna. Diante da pergunta “O que você tem?”, normalmen-
te a resposta é “não sei, não me sinto muito bem”.
Maslach & Jackson (1981) conceituam a síndrome burnout como uma reação
à tensão emocional crônica gerada a partir do contato direto e excessivo com
outros seres humanos, particularmente quando estes estão preocupados ou
com problemas. A tensão emocional constante, derivada do cuidar, termina por
levar ao desgaste extremo e ao burnout. Envolve três aspectos: exaustão emo-
cional, despersonalização e falta de envolvimento pessoal no trabalho, levando
à perda da atribuição de significado ao trabalho e à sensação de inutilidade.
286
Efeitos negativos da ação gestora: estresse e burnout
Texto complementar
287
Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
Lampert (1999) diz que a educação hoje é vista e gerenciada como um ne-
gócio rentável. A comunidade, de uma forma geral, nota essa concepção de
ensino, desenvolvendo uma percepção negativa em relação à mesma, com
consequente desprestígio de todos os que dela fazem parte. Lens e Jesus
(1999) complementam, afirmando que o status da profissão de professor e
de outras vem declinando nos últimos anos e isso tem contribuído para o
aumento do burnout nessa categoria profissional.
288
Efeitos negativos da ação gestora: estresse e burnout
289
Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
290
Efeitos negativos da ação gestora: estresse e burnout
Considerações finais
Trabalhar não é só aplicar uma série de conhecimentos e habilidades para
atingir a satisfação das próprias necessidades; trabalhar é fundamentalmente
fazer-se a si mesmo transformando a realidade (MARTÍN-BARÓ, 1998). Partin-
do da concepção de que o homem é um ser social historicamente determi-
nado, que se descobre, se transforma e é transformado pela via do trabalho,
é que acreditamos ser de fundamental importância para a qualificação dessa
construção social entender os fenômenos psicossociais que envolvem o tra-
balho humano. Burnout, não há dúvida, é um desses fenômenos.
291
Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
Dica de estudo
Sugerimos a leitura do livro O Stress do Professor, organizado por Marilda Lipp,
da editora Papirus. A obra apresenta uma série de textos que tratam dos efeitos
biopsicossociais das pressões sofridas na atualidade pelos professores. O livro en-
contra-se disponibilizado em arquivo digital em: <http://books.google.com.br/
books?id=LCtrckjX6qIC&pg=PA125&lpg=PA125&dq=LIPP,+Marilda+(org.).+O+
stress+do+professor.+Campinas:+Papirus,+2002.&source=bl&ots=epzkVrNeVY
&sig=Yp3vWmxzneoLmdWRkR8giEOH96Q&hl=pt-BR&ei=U2dxSrrWCYaEtgf3-
KWNBA&sa=X&oi=book_result&ct=result&resnum=3>.
Atividades
1. Observe os comportamentos dos gestores escolares descritos abaixo. Em se-
guida identifique-os com o modelo de comportamento de estresse de tipo
A e de tipo B, como estudamos na aula de hoje, colocando nos parênteses
as letras A ou B.
(( João sai da escola que dirige sempre com a impressão de que deixou
de fazer muitas coisas, parece que o tempo nunca é suficiente e isso o
deixa muito preocupado.
(( A escola que Paula dirige tem sérios problemas financeiros, pois o prédio
é antigo, necessita de reformas e apresenta constantes problemas
elétricos e de infiltrações. Ela levou o problema ao Conselho da Escola
e a comunidade propôs um mutirão para atenuar essa questão.
(( Luzia é considerada pelas pessoas da escola uma “diretora que ouve”.
Nas reuniões e conversas informais ela é sempre atenta e cria um clima
agradável e permissivo para que todos se manifestem.
(( Saulo é diretor de uma escola onde o corpo docente é bem qualificado
e se atualiza constantemente. Como ele não tem muito tempo e não
gosta de ler, sente-se inferior aos colegas e fica bastante irritado
com isso.
(( A equipe da secretaria da escola em que Jane é diretora diz que
não consegue trabalhar depois que ela chega. Agitada, falando
alto e gesticulando muito, Jane traz agitação aos que trabalham
próximos a ela.
292
Efeitos negativos da ação gestora: estresse e burnout
293
Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
Resultado:
Se o seu resultado ficar entre 42 e 63, você está bem. A única sugestão que
fazemos é que volte a ver as suas respostas, para ter a certeza de que foi
sincero ao responder.
Se o seu resultado está entre 63 e 84 seria bom que examinasse a sua vida
de trabalho, avaliasse as suas prioridades e pensasse em fazer algumas
mudanças.
294
Efeitos negativos da ação gestora: estresse e burnout
295
A gestão colegiada
e seus efeitos na escola
a) Iniciar
Empenhar-se na ação.
b) Comunicar
Uma das tarefas do gestor é prover condições para que o fluxo comunica-
cional se realize de modo efetivo. A mensagem pode ser transmitida de
várias formas, como panfletos, circulares, sistema de som ou vídeo, con-
versa direta, avisos e cartazes etc. A efetividade dependerá muito mais do
conteúdo da mensagem e do modo como está sendo transmitida, do que
do meio utilizado.
c) Motivar
Cabe ao gestor motivar as pessoas que lidera para que sintam vontade de
fazer algo e de fazer bem feito. Trata-se do trabalho de inspirar e encorajar
essas pessoas a agirem e do uso correto e apropriado dos incentivos dis-
poníveis.
d) Desenvolver pessoas
e) Decidir
Uma verdadeira decisão torna-se necessária quando cada uma das alter-
nativas que se apresenta envolvem um certo grau de incerteza, e é por
isso que poucas pessoas gostam de tomar decisões. Evitam decidir para
não assumir os riscos do caminho seguido, mas se esquecem que a omis-
são também envolve riscos, muitas vezes maiores que o das alternativas.
298
A gestão colegiada e seus efeitos na escola
Gestão cooperativada
Para formar uma cooperativa, devem existir, no mínimo, 20 pessoas inte-
ressadas. Após todos os esclarecimentos e uma decisão positiva, o grupo deve
eleger uma comissão responsável pelas providências necessárias, que redige
uma proposta, adequando-a às necessidades específicas do grupo. O estatuto
deve expressar os interesses e necessidades da sociedade, incluindo as regras de
299
Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
Assembleia geral
Conselho fiscal
300
A gestão colegiada e seus efeitos na escola
É fácil perceber, portanto, que as decisões tomadas pela assembleia geral são
superiores às de qualquer membro cooperativado, e que o processo de represen-
tatividade por meio de eleições é a que predomina na gestão cooperativada.
Não significa, no entanto, que não caiba ao gestor a liderança política, cultural e
pedagógica, no caso da instituição escolar. Nesta, existem diversas possibilidades
para a construção de uma administração participativa, como o regimento escolar,
o calendário escolar a própria organização curricular e o conselho da escola.
Faz-se necessária uma primeira reflexão, que diz respeito ao clima escolar que
dá suporte à gestão participativa. Segundo Sacristán (1999), ele tem que envol-
ver a crença no Estado democrático como aquele em que todos, sem discrimi-
nação, têm direito aos conhecimentos e aos valores sociais, como forma efetiva
de inserção ativa e transformadora na sociedade. O autor propõe que o ato de
educar requer um projeto guiado por uma racionalidade, por argumentos que
o tornem plausível perante seus atores, além de uma vontade pactuada que o
impulsione. Mostra a necessidade de tornar a educação transparente, de forma
que expresse a consciência e os desejos de uma sociedade.
301
Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
Todo o processo que tem como base uma filosofia participativa traz, como
consequência, a necessidade do exercício da negociação e administração de
conflitos, quer entre os líderes e colaboradores, quer seja entre os pares. Tal fi-
losofia mostra as relações de interdependência e sinergia, e os desafios de cada
componente do processo, ajudando no atendimento das necessidades de asso-
ciação, reconhecimento e autorrealização do ser humano.
302
A gestão colegiada e seus efeitos na escola
Autonomia e responsabilidade.
Avaliação e transparência.
303
Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
preparar as reuniões pode fazer muita diferença (encaminhando-se a pauta de assuntos com
antecedência ou buscando consultar previamente os membros menos atuantes). O modo de
condução da discussão e das decisões também (eventualmente, o voto secreto pode oferecer
maior liberdade e obter maior honestidade dos participantes). (CEAE/UFRJ, 1999)1
1
Texto disponível em: <http://74.125.47.132/search?q=cache:D9zI4j90IwwJ:www.race.nuca.ie.ufrj.br/ceae/m4/texto1.htm+Desigualdades+socia
is+e+individuais+existir%C3%A3o+sempre,+mas+o+Colegiado+%C3%A9+um+ambiente+especial+de+conv%C3%ADvio+inclusivo,+que+preci
sa+da+plena+manifesta%C3%A7%C3%A3o+da&cd=1&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br>.
304
A gestão colegiada e seus efeitos na escola
Texto complementar
305
Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
306
A gestão colegiada e seus efeitos na escola
A gestão colegiada.
307
Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
Dica de estudo
Como seria o leão, rei da selva, comandando uma empresa? O que aconteceria
se as empresas de hoje fossem dirigidas não por humanos, mas por animais? Pen-
sando nessa “brincadeira”, mas com uma visão crítica, nasceu uma sátira empresa-
rial, o livro A Organização dos Bichos: um paralelo com o nosso dia a dia nas empre-
sas, de Leonardo Vils, publicado em 1999 pela Negócio Editora, de São Paulo.
Atividade
Leia o texto “Assembleia na carpintaria” e redija um texto, relacionando as
questões nele apresentadas com os pontos discutidos na nossa aula.
Assembleia na carpintaria
(Autor desconhecido)
O martelo aceitou sua culpa, mas pediu que também fosse expulso o para-
fuso, dizendo que ele dava muitas voltas para conseguir algo. Diante do ataque,
o parafuso concordou, mas por sua vez, pediu a expulsão da lixa. Dizia que ela
era muito áspera no tratamento com os demais, entrando sempre em atritos.
A lixa acatou, com a condição de que se expulsasse o metro que sempre media
os outros segundo a sua medida, como se fora o único perfeito.
309
Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
310
A gestão colegiada e seus efeitos na escola
311
Formação e atuação da equipe
técnico-pedagógica da escola
Cada um teve uma chance, mas por mais que se esforçassem não conse-
guiram partir o feixe de lenha. Ficaram indignados e reclamaram com o pai,
pois esse havia proposto uma missão impossível.
O pai disse que ele mesmo iria realizar a tarefa e, diante dos filhos incrédu-
los, quebrou os gravetos um por um, até que todo o feixe estivesse partido.
314
Formação e atuação da equipe técnico-pedagógica da escola
Diretor
A atribuição primordial do gestor da escola talvez possa ser comparada à do
maestro em uma orquestra: imagine uma orquestra com os músicos retirando dos
diversos instrumentos musicais melodias sonoras e belas. Sozinho, nenhum deles
consegue obter o som que se ouve; quando, juntos, fazem a leitura das partituras e
transformam sinais gráficos em sons harmoniosos, de intensidades e ritmos que se
completam na melodia. É a importância de um grupo na elaboração de um proces-
so e na produção de um produto final. Nessa metáfora falta, no entanto, a presença
do maestro, que coordena o grupo e garante que a melodia seja produzida.
Supervisor educacional
Este profissional recebe diversos nomes, dependendo do sistema e da escola
em que atua. Pode ser chamado de supervisor escolar, de orientador pedagó-
gico ou receber outras denominações. Geralmente é quem trabalha mais dire-
tamente com os professores e luta contra uma avalanche de tarefas rotineiras
316
Formação e atuação da equipe técnico-pedagógica da escola
Orientador educacional
O papel fundamental do orientador educacional é conhecer o sujeito com o
qual trabalha, interagindo com ele, objetivando facilitar o seu desenvolvimento
cognitivo, social e emocional. Ele é o mediador, quando necessário, da relação
entre o professor e o aluno, e das relações entre os alunos, auxiliando a superar as
divergências que acontecem durante os momentos de ensino e aprendizagem.
318
Formação e atuação da equipe técnico-pedagógica da escola
319
Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
Coordenar a realização
do Planejamento Participativo da Escola
O Planejamento Participativo constituiu-se nos últimos anos, junto com o
Planejamento Estratégico e o Gerenciamento da Qualidade Total, em uma das
importantes ferramentas institucionais de intervenção na realidade. As três cor-
rentes incorporam ideias fundamentais do planejamento, entendido de forma
ampliada: participação, qualidade e missão. Em artigo publicado em 2001,
Danilo Gandin estabelece, por meio de exemplos, as características gerais e a
adequação de cada uma das três correntes.
1
“[...] é o processo administrativo que proporciona sustentação metodológica para se estabelecer a melhor direção a ser seguida pela empresa,
visando ao otimizado grau de interação com o ambiente e atuando de forma inovadora e diferenciada.” (OLIVEIRA, 2002, p. 47-48)
320
Formação e atuação da equipe técnico-pedagógica da escola
Elaboração
Implementação
Avaliação
2
“[...] o Planejamento-Participativo assume uma visão estratégica que não está direcionada apenas a “como empresas vencedoras dominam seus
concorrentes” [...]. Ela avança para questões mais amplas e complexas, como a de ver como se contribui para interferir na realidade social, para
transformá-la e para construí-la numa direção estabelecida em conjunto, num pé de igualdade fundamental, mas com a contribuição própria de
cada um, por todos os que participam da instituição, grupo ou movimento ou, mesmo, de uma cidade, de um estado e de uma nação.” (GANDIN,
2001, p. 910)
321
Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
Participar da formação
continuada dos profissionais da escola
Trata-se da promoção do desenvolvimento profissional dos professores e
funcionários técnico-administrativos que transitam no espaço escolar. Esta for-
mação inclui duas ideias: a aquisição de saberes diretamente ligados à prática
profissional e ao desenvolvimento de atividades que conduzam a uma compre-
ensão nova da relação saber-fazer e do próprio contexto institucional.
322
Formação e atuação da equipe técnico-pedagógica da escola
Atuação na construção do
sistema de avaliação da escola
A equipe técnico-pedagógica é responsável pela articulação do sistema de
avaliação, que engloba a avaliação da aprendizagem e a avaliação institucional
(interna e externa), e define o paradigma de avaliação adotado pela escola. O
pano de fundo desse sistema é constituído pela legislação e pelos projetos sistê-
micos de avaliação, desenvolvidos pelos órgãos governamentais.
323
Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
Coordenação do processo
de avaliação institucional da escola
Antes de falarmos desta atuação da equipe técnico-pedagógica, vamos apre-
sentar as competências gestoras, que são compartilhadas entre o gestor e os
demais membros desta equipe.
Esta ação formadora do gestor escolar deve efetivar-se segundo cinco prin-
cípios básicos:
324
Formação e atuação da equipe técnico-pedagógica da escola
Enfoque no sujeito.
Problematização do saber.
Integração teoria-prática.
325
Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
326
Formação e atuação da equipe técnico-pedagógica da escola
Belloni (1989) define essa avaliação como uma maneira de estimular o apri-
moramento de uma atividade, evitando que a rotina descaracterize os objetivos
e as finalidades da mesma. É, portanto, um processo de tomada de consciência,
visando efetivar “correções de rumo”, sem qualquer intenção punitiva.
327
Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
Existem alguns indicadores que não podem faltar em nenhuma avaliação ins-
titucional. Vamos ver quais são?
Uma forma mais geral, mas muito rica, de organizar os indicadores de avaliação
institucional foi apresentada em documento aprovado pelo Comitê Assessor do
Paiub (Programa de Avaliação Institucional das Universidades Brasileiras) em 8 de
novembro de 1999. Ele propõe três grandes grupos de indicadores de avaliação:
Produção do conhecimento.
Etapas da avaliação
Ações do gestor escolar
institucional da escola
a) Criação de uma cultura ins- Compete ao gestor estimular a criação de atitudes positivas
titucional avaliativa. frente à avaliação institucional, diminuindo medo e preconcei-
tos, comuns nas escolas. Ele é um líder e, como tal, formador
de opiniões do grupo. O gestor escolar pode, por exemplo, di-
vulgar experiências bem-sucedidas em avaliação institucional,
levando o grupo a conhecê-las e discuti-las, participando, desta
forma, da rede de formação da equipe técnico-pedagógica da
escola.
b) Diagnóstico. O gestor escolar pode, por meio da sua competência de moni-
toramento e controle, subsidiar o grupo com informações ne-
cessárias ao diagnóstico da instituição.
c) Análise dos dados obtidos O gestor exerce, nesta etapa, funções técnico-pedagógicas, ao
por meio do diagnóstico. coordenar a análise dos resultados do diagnóstico, garantindo a
participação e o envolvimento de representações – quando não
da totalidade – dos segmentos envolvidos, por meio de reuni-
ões de grupos locais, por exemplo. Isso permite a identificação
dos pontos críticos e a indicação das medidas de correção dos
desvios percebidos ou de aprimoramento do Projeto Político-
-Pedagógico da escola.
d) Tomada de decisão. Nesta etapa, exerce-se, mais efetivamente, a função de gestão
de recursos humanos (ou de grupo) do diretor da escola. Ele
deve liderar o amplo processo de realização de reuniões com
os membros dos setores envolvidos, buscando a solução para
os problemas apontados. Essas discussões devem ser objetivas
e as decisões precisam ser apresentadas de forma clara e exe-
quível, definindo os prazos de realização, responsabilidades e
recursos a serem empregados.
e) Divulgação. O gestor precisa comprometer-se com a ampla divulgação, en-
tre a comunidade institucional (interna e externa) dos resulta-
dos do diagnóstico e das decisões tomadas na etapa anterior.
Só assim a comunidade escolar ficará envolvida com as mudan-
ças institucionais desejadas. Nunca é demais lembrar que esta
divulgação tem função fortemente motivadora, em realção à
continuidade do processo.
330
Formação e atuação da equipe técnico-pedagógica da escola
Etapas da avaliação
Ações do gestor escolar
institucional da escola
f ) Meta-avaliação. É necessário que parta do gestor escolar a iniciativa de convocar
o grupo para analisar a própria avaliação institucional realizada,
as estratégias utilizadas, as etapas vencidas e a eficácia das ações
desenvolvidas. Isso garante a continuidade da avaliação institu-
cional, talvez uma das questões mais complexas da mesma.
Texto complementar
331
Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
Esse profissional atual tem como desafio não somente as esferas estrita-
mente pedagógicas, de ensino-aprendizagem, e sim na contradição central
da sociedade moderna e capitalista. Embora, diga-se que estamos vivendo
uma nova época, onde esta nos promove e antecipa transformações extra-
ordinárias, impulsionadas pelo grande avanço científico e tecnológico que
vem ocorrendo, estamos a cada dia mais rodeados por circunstâncias limita-
das de desenvolvimento, atreladas essencialmente ao capital. Nesse cenário,
a tarefa do pedagogo também passa por certas modificações. Mas, é preciso
que se busque uma orientação e educação que responda as reais necessi-
dades da escola que este profissional atua para posteriormente dar a efeti-
vação de sua prática, onde esta não seja pacífica a sociedade vigente, e sim,
transformadora e comprometida com uma educação qualitativa que vise ao
acesso e permanência dos sujeitos na escola.
332
Formação e atuação da equipe técnico-pedagógica da escola
Dica de estudo
A nossa dica de estudo é um vídeo de sapateado de Michael Flatley e grupo,
utilizado como vídeo institucional pela Companhia Vale do Rio Doce. O vídeo
está disponível em: <www.youtube.com/watch?v=q_dQOXKIocU&feature=Play
List&p=C6EB696F26B634A7&index=3>.
Atividades
1. A equipe técnico-pedagógica da escola X está reunida para planejar um cen-
tro de estudos cujo objetivo é implementar a educação continuada dos pro-
fissionais da escola.
333
Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
1 – Diretor.
2 – Orientador educacional.
3 – Supervisor educacional.
[...] a avaliação pode nos lembrar vários bichos. Ela é, muitas vezes, identi-
ficada com uma fera ameaçadora, mortal, que, na espreita, espera o nosso
menor deslize para saltar sobre nós, dando-nos o golpe fatal. A avaliação
tem sido vista desse modo por alguns, que a definem como instrumento de
punição, de seleção para o covil. O cenário atual de crise, turbulências, pri-
vatizações, desemprego etc., reforça essa visão, marcada pela apreensão.
334
Formação e atuação da equipe técnico-pedagógica da escola
Nesse mesmo grupo podem ser enquadrados os que acham que toda ava-
liação é coisa de inquisidores, de chefes autoritários, de invasores, de neoli-
berais etc.
Outras vezes a avaliação pode ser vista como um reles inseto, uma coisi-
nha de nada (como a barata, por exemplo), mas que incomoda uns, eno-
ja outros, amedronta alguns. Por razões diversas e em diferentes graus,
todo esse grupo deseja o fim desse inseto.
Não importa tanto com qual dessas visões e/ou expressões nossa insti-
tuição conviva, mais importante é que expressam resistência ao proces-
so de avaliação e superar essas resistências é trabalho de toda equipe de
avaliação.
Mas há aqueles que veem a avaliação como uma coruja, um bicho que
representa a capacidade de pensar, refletir, olhar para si e buscar o olhar
do outro, procurando encontrar a melhor explicação possível e o verda-
deiro sentido para o trabalho, para a vida, para o crescente desenvolvi-
mento institucional, profissional e pessoal.
335
Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
336
Formação e atuação da equipe técnico-pedagógica da escola
337
Gabarito
Gestor da escola A
Gestor da escola B
340
Gabarito
2. E
Sugestão de justificativa:
341
Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
2. B
Mudança institucional
Essa “fábula” reflete sobre a mudança, a resistência e a sobrevivência or-
ganizacional. O texto deverá conter analogias entre os conceitos que es-
tudamos na aula, sobre mudança nas instituições e a história do peixinho.
Destaque o estado de imobilidade e de inércia da comunidade de peixes,
plenamente satisfeita com as condições atuais vivenciadas e se esse aspec-
to ocorre nas escolas.
342
Gabarito
Citação 1
Citação 2
1
Entrevista publicada na revista Veja de 15 de junho de 1983. Disponível em: <www.redepsi.com.br/portal/modules/smartsection/item.php?itemid=252>.
Acesso em: 12 mar. 2009.
343
Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
brir uma forma de controle que evitasse essa fuga final para a liberdade. [...]
Um efeito igualmente sério, embora menos óbvio, é a simples inatividade.
O estudante torna-se taciturno e inabordável. [...] A inação é algumas vezes
uma forma de fuga (em vez de realizar uma tarefa, o estudante simplesmen-
te aceita o castigo como mal menor). É algumas vezes uma forma de ataque,
cujo objetivo é enfurecer o professor, mas é também per si um efeito previsí-
vel do controle aversivo (SKINNER, 1972, p. 93-94).
Citação 3
Em toda situação, não podemos deixar de agir de acordo com o campo que
percebemos; e nossa percepção se estende a dois aspectos diferentes desse
campo. Um tem a ver com fatos, outro com valores.
Citação 4
Qualquer tipo de vida de grupo ocorre numa situação com certos limites;
limites daquilo que é possível e que não é possível e que pode ou não acon-
tecer. Os fatos não psicológicos de clima, de comunicação, as leis do país ou
da organização são partes frequentes dessas limitações externas. A primeira
análise do campo é feita do ponto de vista da ecologia psicológica, o psicó-
logo estuda os dados não psicológicos para descobrir o sentido dos dados
em determinar as condições da vida do indivíduo ou grupo. Somente depois
que esses dados são conhecidos, é que o estudo psicológico pode começar a
investigar os fatores que determinam a ação [...] naquelas situações demons-
tradas como significativas (LEWIN, 1952, p. 170).
Citação 5
344
Gabarito
Citação 6
O enunciado solicita que o aluno escolha duas citações para comentar aque-
las com as quais mais concorda ou discorda. Os trechos em destaque são os
pontos mais importantes de cada citação, que devem servir de base para
uma argumentação de concordância ou discordância. Este é o único critério
esperado nas respostas, além da sua elaboração e coerência argumentativa.
O 1.º treinador exerce controle imediato sobre o time. Interrompe o jogo, faz
com que a equipe perca o foco da tarefa e põe o objetivo buscado (a vitória
sobre o outro time) em risco. Ao fazer isso põe em risco o seu “poder social de
referência”, podendo ser reconhecido como incompetente pelo time que diri-
ge. Corre o risco de assumir o papel de “bode expiatório” do insucesso do time.
345
Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
2. 3, 2, 1, 4
Desta forma a escola corre o risco de que a motivação inicial dos alunos
pelo conhecimento seja substituída por outras práticas: fracasso escolar,
desinteresse, indisciplina e evasão escolar, por exemplo. Isso corresponde
ao que Rubem Alves chamou, no texto, de “esquecimento dos macacos
em relação às bananas, que tanto apreciavam”.
346
Gabarito
O diretor-líder faz com que sua equipe sinta que tem poder para realizar
e transformar.
347
Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
c) por um funcionário:
348
Gabarito
A alegria pelo fato do segmento alunos ser ouvido pela nova direção.
349
Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
Assim a escola deve assumir, sem pudor, esse aspecto político do projeto
pedagógico, desmistificando o uso do termo “político”.
350
Gabarito
2. D
351
Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
“O ensino e a gestão não seriam só arte, reservada para alguns, mas se-
riam, isso sim, uma ciência, que pode ser aprendida, praticada no cotidia-
no. Pode ser considerada uma inteligência pedagógica, multidimensional,
estratégica”. É importante ressaltar a relação íntima entre ensino e gestão,
fazendo com que o diretor deixe de se considerar um professor. A ciên-
cia da educação é dinâmica e construída no cotidiano, em relação intensa
com a prática.
352
Gabarito
353
Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
2. B
“Contam que na carpintaria houve uma vez uma estranha assembleia. Foi
uma reunião de ferramentas para acertar as suas diferenças.” Podemos re-
lacionar que essa “estranha assembleia” é a assembleia geral na gestão coo-
perativada, uma reunião para a resolução de conflitos e estabelecimento de
novas estratégias.
“Diante do ataque, o parafuso concordou, mas por sua vez, pediu a expulsão
da lixa. Dizia que ela era muito áspera no tratamento com os demais, entran-
do sempre em atritos. A lixa acatou, com a condição de que se expulsasse
o metro que sempre media os outros segundo a sua medida, como se fora
o único perfeito.” Processo de transferência de responsabilidade quando as
coisas não correm bem na instituição.
354
Gabarito
2.
355
Princípios e Métodos de Gestão Escolar Integrada
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