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TÓPICOS DE CORREÇÃO
VERSÃO 1 e 2
Grupo 0
Complete as frases seguintes, tendo em conta os seus conhecimentos da vida de Camilo Castelo Branco e da
sua obra “Amor de Perdição”. (20 pontos)
1. Camilo Castelo Branco nasceu em Lisboa (1) e morreu em Seide, Famalicão (2). (indicar o lugar)
2. Em criança, depois da morte dos pais, vai viver para Trás-os-Montes, Vila Real (3), primeiro com
uma tia, depois com a irmã (4)
3. Camilo vive e estuda no Porto onde conhece o amor da sua vida, Ana Plácido(5), que é obrigada a
casar com Manuel Pinheiro Alves, trinta anos mais velho. Os dois acabam por fugir e ser acusados de
adultério (6), sendo presos na Cadeia da Relação (7) do Porto.
4. Na cadeia, Camilo conhece o Robin dos Bosques português, Zé do Telhado(8).
5. É na cadeia que Camilo escreve a (9) novela“Amor de Perdição” em quinze (10) dias, “os mais
atormentados da minha vida”. O subtítulo, Memórias duma Família (11) dá conta do que é verdade na
história, uma vez que Camilo se vai inspirar no facto de seu tio também ter estado preso na mesma
cadeia.
6. As três partes da obra são marcadas pela poderosa frase que Camilo refere na sua introdução: Amou,
perdeu-se e morreu amando (12)
7. De acordo com os princípios românticos, o amor (13) é a grande linha temática da obra, no entanto
também é possível perceber, por exemplo, o tema decadência da nobreza/repressão da família e da
igreja (14) na obra, que se integra já na escola literária seguinte: o realismo.
8. De ritmo normalmente rápido, o recurso ao género epistolar (15) confere à obra um ritmo mais lento.
10 (5x2) +10 = 20
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Grupo I
A
Leia o seguinte excerto de “Amor de Perdição” de Camilo Castelo Branco e responda às questões
apresentadas.
Ao romper da alva1 dum domingo de Junho de 1803, foi Teresa chamada para ir com seu pai à primeira
missa da igreja paroquial. Vestiu-se a menina, assustada, e encontrou o velho na antecâmara a recebê-la com
muito agrado, perguntando-lhe se ela se erguia de bons humores para dar ao autor de seus dias um resto de
velhice feliz. O silêncio de Teresa era interrogador.
– Vais hoje dar a mão de esposa a teu primo Baltasar, minha filha. É preciso que te deixes cegamente
levar pela mão de teu pai. Logo que deres este passo difícil, conhecerás que a tua felicidade é daquelas que
precisam ser impostas pela violência. Mas repara, minha querida filha, que a violência de um pai é sempre
amor. Amor tem sido a minha condescendência e brandura para contigo. Outro teria subjugado a tua
desobediência com maus tratos, com os rigores do convento, e talvez com o desfalque do teu grande
património. Eu, não. Esperei que o tempo te aclarasse o juízo, e felicito-me de te julgar desassombrada2 do
diabólico prestígio do maldito que acordou o teu inocente coração. Não te consultei outra vez sobre este
casamento, por temer que a reflexão fizesse mal ao zelo de boa filha com que tu vais abraçar teu pai, e
agradecer-lhe a prudência com que ele respeitou o teu génio, velando sempre a hora de te encontrar digna do
seu amor.
Teresa não desfitou os olhos do pai; mas tão abstraída estava, que escassamente lhe ouviu as primeiras
palavras, e nada das últimas.
– Não me respondes, Teresa?! – tornou Tadeu, tomando-lhe cariciosamente as mãos.
– Que hei-de eu responder-lhe, meu pai? – balbuciou ela.
– Dás-me o que te peço? Enches de contentamento os poucos dias que me restam?
– E será o pai feliz com o meu sacrifício?
– Não digas sacrifício, Teresa… Amanhã a estas horas verás que transfiguração se fez na tua alma.
Teu primo é um composto de todas as virtudes; nem a qualidade de ser um gentil moço lhe falta, como se a
riqueza, a ciência e as virtudes não bastassem a formar um marido excelente.
– E ele quer-me, depois de eu me ter negado? – disse ela com amargura irónica.
– Se ele está apaixonado, filha!... E tem bastante confiança em si para crer que tu hás-de amá-lo
muito!...
– E não será mais certo odiá-lo eu sempre!? Eu agora mesmo o abomino como nunca pensei que se
pudesse abominar! Meu pai… – continuou ela, chorando, com as mãos erguidas – mate-me; mas não me force
a casar com meu primo! É escusada a violência, porque eu não caso!…
Tadeu mudou de aspecto, e disse irado:
– Hás-de casar! Quero que cases! Quero!… Quando não, serás amaldiçoada para sempre, Teresa!
Morrerás num convento! Esta casa irá para teu primo! Nenhum infame há-de aqui pôr um pé nas alcatifas de
meus avós. Se és uma alma vil, não me pertences, não és minha filha, não podes herdar apelidos honrosos,
que foram pela primeira vez insultados pelo pai desse miserável que tu amas! Maldita sejas! Entra nesse
quarto, e espera que daí te arranquem para outro, onde não verás um raio de sol.
Teresa ergueu-se sem lágrimas, e entrou serenamente no seu quarto. Tadeu de Albuquerque foi
encontrar seu sobrinho, e disse-lhe:
– Não te posso dar minha filha, porque já não tenho filha. A miserável, a quem dei este nome, perdeu-
se para nós e para ela.
Amor de Perdição (cap. IV), Camilo Castelo Branco
1
2
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A relacionar com o título Amor de Perdição … é a história de amor de Teresa, uma ficção de Camilo…
2. Interprete a atitude de Teresa no excerto, considerando o tema romântico do amor-paixão. (20 pontos)
…Teresa surge como a heroína romântica de tal forma dominada por um sentimento avassalador do
amor que está disposta a morrer, desobedecendo ao pai e recusando o casamento com outro homem…
o choro e as exclamações marcam bem esse sentimento… Expressões ilustrativas…
3. Demonstre de que forma este excerto se apresenta igualmente como uma crónica social do seu tempo.
(20 pontos)
… o excerto apresenta-se, de facto, como uma denúncia de uma sociedade repressiva … visível através
da violenta repressão familiar a que Teresa é sujeita… o pai autoritário que a obriga a fazer um
casamento de conveniência com um familiar rico que cuidaria do seu património…. Frases
ilustrativas…
Leia o seguinte excerto de “Frei Luís de Sousa” de Almeida Garrett e responda às questões apresentadas.
MANUEL ‑ Oh, minha filha, minha filha! (silêncio longo) Desgraçada filha, que ficas órfã!... órfã de pai e
de mãe... (pausa)... e de família e de nome, que tudo perdeste hoje... (levanta‑se com violenta aflição) A
desgraçada nunca os teve! Oh, Jorge, que esta lembrança é que me mata, me desespera! (apertando a mão do
irmão, que se levantou após dele e o está consolando do gesto) É o castigo terrível do meu erro... se foi erro...
crime sei que não foi. E sabe‑o Deus, Jorge, e castigou‑me assim, meu irmão!
JORGE - Paciência, paciência os seus juízos são imperscrutáveis. (acalma e faz sentar o irmão: tomam a
ficar ambos como estavam)
MANUEL - Mas eu em que mereci ser feito o homem mais infeliz da terra, posto de alvo à irrisão e ao
discursar do vulgo?... Manuel de Sousa Coutinho, o filho de Lopo de Sousa Coutinho, o filho de nosso pai,
Jorge!
JORGE - Tu chamas‑te o homem mais infeliz da terra... Já te esqueceste que ainda está vivo aquele...
Frei Luís de Sousa, Almeida Garrett
5. Explicite a angústia vivida por Manuel de Sousa nesta cena e comprove a sua composição de
personagem modelada da peça. (20 pontos)
Manuel acabou de saber que João de Portugal é o Romeiro…. Explicar…. Personagem modelada na
medida em que o seu comportamento se altera ao longo da ação….comparar com a caraterização de
Manuel de Sousa nos 1º e 2º atos.
Grupo II
O trabalho do tempo
Rodado ao longo de uma dúzia de anos – alguns dias por ano, seguindo um argumento pré-escrito
na sua esmagadora maioria – “Boyhood − Momentos de uma Vida” segue a vida de Mason (Ellar
Coltrane), da irmã Samantha (Lorelei Linklater) e dos pais (Patricia Arquette e Ethan Hawke), que se
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tinham divorciado ainda antes de o filme começar. Mason é um miúdo pequeno, no início da vida
5 escolar, quando o filme arranca; está a entrar na universidade, quando o filme se conclui.
Se é verdade que um filme, qualquer filme, é uma forma de contrariar o trabalho da morte (porque
fixa gente viva, para sempre imutável, num momento da sua trajetória temporal), “Boyhood” −
Momentos de uma Vida” mostra-nos o contrário, mostra o trabalho do tempo, em contínuo, imparável.
Para mais, esse trabalho não vai na direção de um desfecho que resolva conflitos (que é a lógica normal
10 das narrativas de ficção cinematográfica), vai na rota de incógnitas cada vez mais amplas (que é a regra
normal da vida). E é verdadeiramente extraordinário caminhar com as alterações físicas das
personagens, não apenas dos miúdos, mas também dos pais (corajosa é, neste campo, a atitude de
Patricia Arquette, que expõe o seu corpo numa fase da vida que ela afastara do olhar de outras câmaras)
a que correspondem fases da vida, encontros e derivas e o mundo em volta que vai mudando: a
esperança da campanha de Obama ou o trauma do Iraque. Até a febre “Harry Potter” por lá passa e a
15 discussão sobre se “Star Wars” pode ir além de “O Regresso de Jedi”. E, todavia, vendo as personagens
evoluir na nossa frente, jamais pensamos que estamos em presença da vida como ela é.
Jorge Leitão de Barros, in Atual, Expresso, 29 de novembro de 2014, p. 26 (adaptado)
4. A frase: “esse trabalho não vai na direção de um desfecho que resolva conflitos (…), vai na rota de
incógnitas cada vez mais amplas” (ll. 10-12) significa que
A. o filme tem um final fechado.
B. o filme resolve os conflitos interiores das personagens, logo no início.
C. o filme faz refletir os espetadores sobre a existência humana.
D. o filme acompanha a evolução das personagens.
7. Indique o tempo e modo do verbo sublinhado: “que se tinham divorciado ainda antes de o filme
começar.” (l.4)
Pretérito mais que perfeito composto do indicativo
9. Indique o tipo de coesão assegurado pelos seguintes vocábulos: “porque” (l. 8) e “todavia” (l. 18).
Coesão interfrásica
10. Classifique a oração sublinhada na frase: “Se é verdade que um filme, qualquer filme, é uma forma
de contrariar o trabalho da morte (porque fixa gente viva, para sempre imutável, num momento da
sua trajetória temporal), ‘Boyhood – Momentos de uma Vida’ mostra-nos o contrário.” (ll. 7-9)
oração subordinada substantiva completiva
Tendo em conta o comentário apresentado, redija um texto de opinião bem estruturado, com um mínimo
de 200 e um máximo de 350 palavras, e defenda um ponto de vista pessoal sobre a indiferença nas relações
humanas. Fundamente o seu ponto de vista, recorrendo a dois argumentos e ilustre cada um deles com, pelo
menos, um exemplo significativo.
Grupo III
Tópicos de resposta:
• A indiferença numa relação humana como consequência de um episódio de conflito, em que os intervenientes
guardam rancor/mágoa uns aos outros;
• a indiferença entre elementos de uma família (pais e filhos, irmãos) poderá surgir como consequência do
desgaste provocado por diversas situações familiares;
• a indiferença entre os elementos de um casal poderá surgir após a descoberta de uma traição ou de uma
mentira;
• a indiferença poderá surgir de forma involuntária em consequência da excessiva ocupação de um indivíduo
com o trabalho, atividades de lazer ou situações que o preocupem;
• a indiferença poderá ser verificada quando um indivíduo não se importa com as condições de vida das outras
pessoas que vivem em estados de vulnerabilidade (doença, pobreza, fome);
• a indiferença nas relações governamentais, em que as nações dominantes reagem de forma desprezível para
com as situações de dependência das nações que dependem de um auxilio da nação dominante;
• a indiferença nas relações de trabalho, onde a entidade patronal não se preocupa com os problemas do seu
empregado, estando apenas preocupado com questões financeiras e operacionais;
• …
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