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A origem da Esfera

Aviso da autora: alguns dos personagens citados nessa história fazem parte da minha trilogia
de livros (ainda em andamento e não publicada), “Neblina Mental”. Eram personagens ótimos
para trabalhar. A história desse conto, na verdade, é associada aos livros. Contém spoiler,
infelizmente.

Estava de noite, e era horrível usar esse manto preto, comprido e quente. Estávamos em
silêncio, no meio do nada, perto de um galpão abandonado. Se não houvesse uma caçamba de
lixo ali perto, teríamos encontrado muitos problemas para observar a fraca movimentação sem
sermos notados.
- Vamos ver se eu entendi isso direito. – falei, ainda sem tirar os olhos da luminosidade que
vinha das frestas da madeira no galpão. – Temos que nos infiltrar nessa seita ridícula,
encontrar a esfera de Dubitat e levar para Layna sem sermos mortos.
- É. – Edna respondeu, ainda encarando fixamente o galpão. Seu tom dava a entender que essa
era uma atividade corriqueira.
- Certo. E, só para que eu não me esqueça, por que Layna não pode pegar a esfera sozinha? –
resmunguei. – Ou, quem sabe, criar a própria esfera?
Edna Beratti desviou a atenção do galpão, o que considerei um milagre, visto que ela não se
concentrava em outra coisa nas últimas três horas. Ela fixou os olhos dourados em mim, e não
considerei um bom sinal vê-los faiscando por baixo da toca do manto. Ela tem só treze anos,
mas você mudaria de calçada se a encontrasse irritada.
- Como nós não pensamos nisso antes, Lucas? – ironizou. Eu odiava andar com ela. – Layna
está fraca, não pode correr o risco de pegar o oráculo de Dubitat e não tem forças para recriar
a capsula de sua Esfera. O oráculo dele servirá como corpo da Esfera da Racionalidade de
Layna.
Dubitat é Senhor da Dúvida, e consegue dar respostas ou enlouquecer com perguntas. Nós
pensamos que ele seria um aliado das Senhoras do Tempo, mas Dubitat não gosta delas, pois,
segundo eles, suas respostas não são totalmente seguras porque elas deixam os humanos
livres para fazerem seu próprio caminho.
Eu e Edna trabalhávamos para Layna, a Senhora dos Pensamentos, que estava juntando forças
para derrubar as Senhoras do Tempo e conseguir vingança. A humanidade arruinou Layna
quando começou a ser imbecil, apesar de ter sido presenteada com o dom do pensamento.
Layna tinha sido destruída há alguns anos por conta disso, mas voltara recentemente, graças à
ajuda de Edna. Senhores são imortais, podem no máximo ser dissolvidos para sempre, e não
são como deuses. Simplesmente existem apesar de todos nós.
Eu me chamo Lucas Bodrogi. Tenho catorze anos. Minha ideia nunca foi ajudar Layna, mas
desde que fui sequestrado e mutilado, essa se tornou minha única opção. Naquela noite, eu
poderia estar tocando algumas músicas no metrô para conseguir alguns trocados, mas, em vez
disso, estava me preparando para invadir um galpão com minha chefinha.
- Vamos entrar. – ela murmurou, erguendo-se devagar de trás da caçamba de lixo.
- Calma. – pedi, puxando-a pela mão para que se abaixasse de novo. – Eu não vi nenhuma
mulher até agora, acho que é uma seita para homens.
- E daí? – ela perguntou, revirando os olhos e abaixando o capuz, revelando os cabelos negros
que farfalhavam com a brisa leve. A pele clara se destacava no escuro.
Eu pigarreei, subitamente ansioso.
- Até o que me consta, você não é um homem. Não pode entrar.
Edna rosnou alguma coisa sobre justificativas estúpidas, e em seguida correu os olhos pelo
galpão de novo. Mais rapazes estavam se aproximando da entrada, então supus que a reunião
começaria em breve.
- Alguns deles estão entrando com animais. – ela sussurrou. – Eu ouvi alguma coisa sobre
animais ajudarem os donos a encontrar respostas ocultas.
Apesar da noite escura, ainda era possível ver que ela estava certa. Um rapaz estava entrando
com um pelo pastor alemão. Outro trazia uma gaiola com dois coelhos. Outro garoto, mais ou
menos da minha idade, vinha com uma tarântula caminhando calmamente por sua mão.
- Você não está pensando em... – mas não tive tempo de perguntar. É óbvio que ela estava
pensando naquilo.
No lugar onde estivera Edna, havia uma taipan de dois metros, as escamas cor de creme, como
um amarelo acobreado. A cobra deslizou com agilidade por mim.
- Ah, que ótimo, Edna. – murmurei.
O animal de Layna é a cobra, e Edna, como sua maior parceira, pode se transformar em cobras
quando quiser, e ela sempre se torna uma cobra mais forte e mais peçonhenta do que o
normal.
Levantei do esconderijo, fixando minha atenção no galpão e tentando ignorar a cobra que
estava no meu pescoço como um cachecol. A madeira do galpão parecia suja e frágil, e eu
quase não podia acreditar que ali dentro uma seita secreta se encontrava. A seita de Dubitat.
Ele escolhia alguns rapazes para, nessas reuniões, tentar sanar ou encontrar mais dúvidas. O
oráculo (que via respostas, não o futuro), era sua esfera, e era isso que teríamos que roubar.
Minha boca ficou seca. Senti arrepios. Edna roçou sua língua bifurca em meu rosto, chamando
minha atenção. Fez sinal com a cabeça para que eu fosse até lá, e foi o que eu fiz.
Me surpreendi ao entrar. O chão era ladrilhado com pedras escuras e polidas. A madeira que
cobria as paredes e o teto, tão mal cuidada do lado de fora, era clara e envernizada por dentro,
cheia de desenhos que eu não conseguia entender. No alto, era pintada em diferentes tons de
azul e verde, como se um oráculo pairasse sobre nossas cabeças. O espaço era iluminado por
várias velas e tochas nas paredes. O ar tinha cheiro de incenso, e havia cadeiras de madeira
rústica formando um semicírculo dentro do galpão, com uma mesa vazia e coberta com uma
toalha de veludo vermelho, ao centro. Ninguém pareceu me notar, então tentei agir
naturalmente, o que não era problema: além de músico, eu sou ator, o que me ajuda bastante.
Observei com cuidado as coisas ao meu redor. Ao que tudo indicava, nada importante tinha
começado. Os homens conversavam, os animais estavam com seus donos.
- Onde está Dubitat? – sussurrei para Edna.
Ela virou a cabeça para os lados, procurando. Eu chamaria atenção se olhasse as coisas tão
indiscretamente, mas ninguém acharia suspeito se uma cobra fizesse isso, então deixei que
fizesse sua varredura. Não demorou muito para que ela quisesse olhar outros lugares,
procurando pelo oráculo-esfera.
- Ainda não, tenha paciência. – chiei para ela, tentando parecer discreto.
Edna sibilou para mim, impaciente. Senti uma fumaça escura começar a tremular ao seu redor,
sinal de que ela se transformaria em humana outra vez. Péssima ideia.
- Não. Não, nem pense nisso. – falei, fechando uma mão em torno de seu corpo. Foi o
suficiente para fazer a fumaça se dissipar, mas isso só deixou Edna mais arisca.
Eu fui até o banheiro para poder conversar melhor com Edna. Ela mostrou as presas para mim
e, acredite, você não quer aqueles dentes vertendo veneno bem na sua cara.
- Eu também odeio trabalhar com você, mas não foi ideia minha. – reclamei, entrando no
banheiro. – Você precisa confiar no que eu fizer.
Conferi rapidamente as cabines do banheiro, e conclui que estávamos sozinhos. Tirei-a do meu
pescoço e a coloquei sobre a pia de mármore. Ela me encarou, ainda mostrando as presas, mas
não tentou se transformar de novo, o que era um bom sinal.
- Eu posso fazer isso. Relaxe. Eles vão usar o oráculo em breve, só precisamos esperar um
pouco. Assim que o vemos, podemos resolver isso. – falei.
Ela sibilou de novo, insatisfeita. Que garota impossível. Respirei fundo e encarei minha própria
imagem no espelho por um segundo, esperando que eu me desse apoio moral. O garoto ruivo
de olhos verdes no reflexo me encarou de volta, mas não parecia inspirado para a discussão.
Antes que eu pudesse retrucar outra vez, alguém abriu a porta do banheiro. Meu coração deu
um salto, porque eu não queria ser pego conversando com uma cobra raivosa.
- Oi. – disse o garoto com a tarântula. Ele realmente não devia ter mais do que dezesseis anos.
A pele escura era bonita sob o capuz do manto, e os olhos castanhos me fitaram com
curiosidade. – Por que sua cobra está na pia?
“Você não acreditaria se eu te contasse”, pensei, mas sabia que essa era uma resposta ruim.
- Ahn... ela gosta de água. Está calor aqui, então eu a trouxe para... – me interrompi, me
concentrando em abrir a torneira sobre a cabeça de Edna.
Ela sibilou um pouco, o que eu entendi como um xingamento horrível, mas talvez o garoto
tivesse entendido como um indicativo de que a serpente tinha gostado, então tudo bem. Além
disso, era gratificante poder fazer isso com Edna.
Fechei a torneira e dirigi um sorriso gentil para ele, esperando que isso o convencesse. Ao
mesmo tempo, estiquei o braço para que Edna voltasse para meu pescoço e, dessa vez, ela
colaborou comigo. Apesar de estar irritada, rastejou até mim e agiu como um bom bichinho de
estimação.
- Ah, ela parece legal. – ela comentou, parando do meu lado e deixando sua tarântula descer
para a pia de mármore.
“Não mesmo”, pensei outra vez.
- Ela é. – menti, passando a mão na cabeça de uma taipan mal-humorada. Ela não tentou me
morder, o que já considerei uma incrível cooperação.
- Qual é sue nome? – ele perguntou, observando sua aranha. – O meu é Alan.
- Lucas.
- Beija garotos, Lucas?
Arregalei os olhos para ele, entrando em estado de choque. Sim, eu beijava garotos, mas
nunca me ocorreu a ideia de que eu tivesse que me preocupar com flertes no meio do
trabalho. Por alguns instantes, toda minha cuidadosa atuação desmoronou.
- Ahn, eu... hm, sim. – gaguejei, sentindo as pontas dos dedos ficarem geladas. – Mas eu tenho
que ir agora.
Eu tentei de desvencilhar, saindo educadamente do banheiro, e teria conseguido se Alan não
tivesse rido suavemente e pegado meu braço, me trazendo para perto.
- É só um beijo. Ninguém precisa ficar sabendo, não precisa ficar nervoso. – ele respondeu.
Ele me beijou. Meu primeiro medo foi imaginar o que Edna iria pensar, mas ela apenas desviou
sua cabeça como se isso não fosse assuntou dela. Eu não devia retribuir, só que Alan era
bonito e tinha uma aranha legal, então eu ignorei minha situação por alguns segundos e o
beijei de volta.
- Vejo você por aí. – Alan disse depois, pegando de volta sua aranha. Ele deu uma piscadinha
para mim e saiu do banheiro.
Eu devo ter respondido algo como um “ok” uma oitava acima, porque o desespero tomou
conta de mim por um instante. Eu estava no meio de um trabalho perigoso, com minha chefe
me monitorando literalmente no meu pescoço. Eu estava fodido, com certeza.
De volta ao semicírculo de cadeiras, havia um homem de manto preto atrás da mesa, de frente
para o público. Flutuando entre suas mãos, havia uma esfera verde-mar um pouco menor que
uma bola de boliche, emitindo luz própria. A maioria das velas tinha se apagado, então todos
estavam mergulhados na penumbra.
- Dubitat e seu oráculo. – sussurrei para Edna, me animando e esperando que isso a fizesse se
esquecer do meu desvio de conduta.
A serpente assentiu, observando com atenção.
- Você que deseja saber, pergunte ao oráculo. Se for merecedor, a resposta virá até você! – a
voz do Senhor da Dúvida ecoou pelo galpão.
Os homens fecharam os olhos e começaram a sussurrar para si. Alguns colocaram as mãos
sobre seus animais para conseguir uma resposta melhor. Enquanto isso, Dubitat fazia o
oráculo-esfera girar em sua mão, analisando os homens.
Eu já estava me perguntando como pegaríamos aquela esfera, até que o Senhor fechou os
olhos também, se concentrando.
- Fácil. – falei, indo sorrateiramente até ele. Eu queria fazer algo útil para compensar minha
distração no banheiro. Eu podia fazer isso.
Parei diante de Dubitat. Os cabelos loiros sob o capuz brilhavam com a luz da esfera flutuante,
a pele pálida parecendo doentia. Todos estavam em estado de transe, então parecia seguro.
Eu estava quase encostando os dedos na esfera verde-mar. Era só pegar e sair correndo. Ia dar
tudo certo, estava indo tudo bem.
Então, Dubitat abriu os olhos. Tinham a cor roxa neon injetada, como se alguém tivesse
enchido seus olhos de tinta a força, o que explica porque eu fiquei estático quando ele me
encarou.
- O que vocês querem aqui? – ele rosnou, alto o suficiente para a cidade inteira ouvir.
As luzes se acenderam. Atrás de mim, ouvi o que pareceu o som de dezenas de homens
engasgando, surpresos pela interrupção.
Ergui meus braços, deixando que as mangas do manto deslizassem um pouco para cima. Joguei
meus pulsos para trás, e sob minha pele senti o mecanismo funcionando: meus tendões
puxaram as lâminas para cima, e do meu pulso se projetaram duas armas afiadas como
navalhas. Isso serviu para surpreender Dubitat, então aproveitei e me preparei para fincar as
lâminas em seu pescoço.
Não, eu não sou um robô ou um anormal. Como eu disse, eu fui mutilado. Existem lâminas
escondidas nos meus pulsos, e placas de titânios nas palmas das minhas mãos, que servem
para dar choques de alta voltagem. Por isso eu uso luvas o tempo todo.
Mesmo estando de mãos nuas, Dubitat desviou meu ataque com facilidade e me empurrou
para o outro lado do galpão. Senti a madeira da parede de quebrando sob meu peso, e minha
visão ficou turva por um instante.
- Quem é você, idiota? – gritou o Senhor.
Edna, ainda no meu pescoço, arreganhou as presas, ameaçando os homens que se levantaram
e vieram até mim. Isso serviu para fazê-los hesitar um pouco, mas não me protegeria para
sempre. Eu me levantei e concentrei meus olhos na esfera de novo. Entre mim e ela, havia
vários homens.
- Espero que você tenha veneno suficiente. – murmurei para Edna.
Então, eu ataquei. Não prestei atenção enquanto passava minhas lâminas por quem entrava
no meu caminho. Os animais fugiram, nada interessados em morrer como seus donos. Eu tinha
a fraca noção de Edna injetando veneno letal em quem chegava perto demais, e vi Dubitat
franzir a testa enquanto assistia a carnificina. Ele ainda segurava a esfera, e parecia estar se
perguntando como a protegeria quando eu chegasse lá.
O sangue quente e ferruginoso sujava minhas lâminas e minhas roupas, mas eu não estava
preocupado. Eu gostava de fazer aquilo. Edna me ensinou que era possível sentir prazer nas
coisas erradas.
Olhei ao redor, e me surpreendi ao ver que havia apenas eu e o Senhor ali. Todos os outros
estavam mortos, agonizando com veneno de taipan ou tinham fugido. Não consegui deixar de
me perguntar onde estaria Alan, mas eu não podia me preocupar com isso agora.
- Layna está reivindicando a esfera. – falei, jogando os pulsos para trás de novo e sentindo a
lâmina voltar para minha carne. Era algo bem burro de se falar antes de ser morto, mas falei
mesmo assim.
- Duvido. Quem ela pensa que é para...
- Senhora dos Pensamentos. A criadora do chão onde você está pisando, e uma entidade
muito, muito mais forte do que você. – disse Edna, transformando-se em humana outra vez.
Ela ergueu o queixo e avançou em direção a ele, tirando o capuz. Eu quase não pude acreditar.
Fingir ser Layna era uma jogada muito arriscada. Layna teve seu corpo destruído há alguns
anos e, embora recentemente tenha conseguido recuperá-lo, poucos sabiam que ela ainda
mantinha a mesma aparência. Aquela bem poderia ser a nova cara de Layna.
Dubitat arregalou os olhos.
- A cobra... você é...
- Preciso de uma nova esfera. Quero a sua. – Edna disse, ríspida. Se eu não conhecesse a forma
física de Layna, poderia acreditar que era realmente ela.
- Não vou te ajudar.
- Se não é meu amigo, é meu inimigo. Você não quer estar contra mim quando todo meu
poder voltar, não é? – ela ameaçou. A fumaça negra tremulou ao redor dela de novo. Eu sabia
que isso era apenas a fumaça que a transformaria em cobra outra vez, mas o Senhor da Dúvida
parecia apavorado mesmo assim.
- Você pode dar a esfera para minha Senhora e se tornar nosso aliado, ou pode ser
pulverizado. – acrescentei.
Dubitat resmungou, mas jogou a esfera para mim.
- Tudo bem. É melhor do que ficar do lado das Senhoras do Tempo.
- Ótima decisão. – Edna sorriu para ele, cobrindo o rosto com o capuz. – Até breve, Dubitat.
Continue perturbando mentes inquietas.
Antes que pudéssemos ter uma resposta, ela passou o braço por meus ombros e me guiou
para fora do galpão. Depois, corremos até a caçamba de lixo outra vez, nos escondendo atrás
dela.
- Conseguimos. – ela disse, ofegante.
Concordei, olhando a esfera em minhas mãos. Foi quando eu percebi que ela ainda não tinha
me matado.
- Não vai arrancar minha cabeça? – perguntei, surpreso. – Você sabe, por causa do beijo.
- Ah, aquilo. Não foi muito legal você ter feito isso no meio do trabalho, mas não é problema
meu. – ela deu de ombros. – Quer dizer, tudo bem você ser gay.
- Bissexual. – falei, bufando. – Vocês só pensam em duas possibilidades? Alguém só pode
gostar de um dos sexos? Que coisa irritante!
Ela me analisou por um segundo, e pensei que dessa vez ela arrancaria mesmo a minha
cabeça, mas Edna se limitou a assentir.
- Tudo bem. Foi mal. – ela pegou a esfera das minhas mãos. – Vamos entregar isso para Layna.
Tente não beijar ninguém da próxima vez.
Tentei não me sentir muito constrangido enquanto concordava e a seguia para longe dali.
De qualquer modo, foi naquele dia que eu decidi ser assassino. A única coisa que eu vi no
oráculo-esfera, antes que ganhasse o poder de Layna, foi uma faca com uma lâmina prateada
de quinze centímetros. Eu não entendi se era uma resposta ou uma pergunta, mas eu gostaria
de nunca ter pegado naquela faca.

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