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g a s t r o n o m i a
a n g e l o n i
s e t e m b r o
Brunch de
primavera
Ι
o u t u b r o
SALVE A PRIMAVERA!
Setembro chega com perfume de flores no ar. E esta edição vem repleta
de boas surpresas para o leitor. Para celebrar uma das estações mais belas
do ano, montamos um Brunch de Primavera com ideias e comidinhas de
encher os olhos e dar água na boca. Na matéria especial, a chef Adriana Cy-
mes, de São Paulo, ensina como é fácil montar um cardápio com entrada,
prato principal e sobremesa com toque gourmet. Pequenos truques que
fazem toda diferença na hora de finalizar e apresentar uma receita.
De Santa Catarina, mostramos a influência da colonização italiana com
seus costumes típicos e saborosa gastronomia. Na seção Saber do Sabor, con-
tamos a história da polenta e falamos das variações gourmet que já tomaram
conta dos restaurantes mais sofisticados. A entrevista traz o premiado chef
catarinense Vitor Gomes. Criativo e simpático, ele fala do novo restaurante,
Espaço Ponto G, montado em sua própria casa, com cardápio-surpresa que
muda de acordo com os ingredientes mais frescos da estação. Conta das
influências que permeiam sua cozinha, seus hábitos e preferências.
Da Provence francesa, trazemos um menu completo, montado especial-
mente pelo chef Raphael Despirite, do restaurante Marcel. Os ingredien-
tes e aromas desse lugar temperam histórias saborosas de uma das regiões
mais encantadoras do mundo. E, claro, apresentamos um roteiro imperdí-
vel para quem quiser se aventurar pelos perfumados campos de lavanda.
Sabor e beleza é o que não falta também nas deliciosas receitas com mo-
rango – a estrela da estação. Musse, torta com chocolate e cheesecake para
ninguém botar defeito. Quer mais? O personal trainer e apresentador do
quadro Medida Certa, do Fantástico, Márcio Atalla, fala sobre alimentação
saudável e dá uma refrescante receita de frozen iogurte de tangerina.
E mais, Gastronomia está recheada de boas ideias, informações
saborosas e criatividade. Agora também no iPad. É só baixar o aplicativo
gratuito na loja Apple Store. Inspire-se!
Um abraço,
grupo
Silvia MarqueS
A culinarista se enveredou na área
gastronômica em restaurantes
diretor - geral Frederic Zoghaib Kachar
no interior de Minas Gerais. diretor de mercado anunciante Alexandre Barsotti
diretor de assinaturas Renato Barbosa
Boa cozinheira e observadora,
aprendeu rapidamente as técnicas
do food styling, que transforma
uma simples referência em Setembro/Outubro 2012
um apetitoso prato. Faz receitas
para revistas, publicidade
diretora de grupo quem e customizadas
e programas de tevê. Andrea Dantas
4 gastronomia
40ltempo de morango
agora é a hora certa para fazer sobremesas
saborosas com a fruta mais charmosa que existe
58. biScoiToS
iTalianoS
Wafers crocantes e com recheios
inusitados, como tiramisù e limão,
da tradicional marca Loacker
noSSa caPa
FoTo: ricardo de vicq
Produção: Joana Figueiredo atenção
consulte a disponibilidade do
©4 produto e, caso não o encontre,
procure o gerente da loja.
aroma
Paladar
picante
Não há como negar que a pimenta é um
tempero mais do que especial. Bastam
umas poucas gotas e a receita ganha per-
sonalidade e um tom acentuado. Mas,
produção: cinthia pergola. assistente: yajna maciel.
©ricardo de vicq
tour gastronômico
Padovanino,
em Pádua
Na região do Vêneto, norte da Itália,
Pádua é célebre pela prestigiosa univer-
sidade que abriga. Mas a grande experiên-
cia gastronômica acontece no centro
da cidade. Em um ambiente acolhedor,
que acomoda apenas 40 pessoas, o casal
Renato e Margherita, ou, simplesmente,
Renna e Marghe, comanda o restau-
rante Hostaria Padovanino. O cardápio
muda de acordo com a estação do ano e
a oferta de alimentos. Na cozinha criati-
va, à base de massas com frutos do mar
e ingredientes frescos, figuram ravióli
com trufas brancas, risoto de vieiras,
mexilhões e ricota defumada. Há sor-
vetes artesanais com calda de chocolate
quente e pera, e torta de macarrons. A
recepção calorosa, a comida refinada e
1©
a atmosfera romântica são garantia de
uma refeição inesquecível.
sabor
Requinte e
2©
suavidade à mesa
Em alguma visita ao Angeloni, acompanhado de espumante
você já deve ter visto o Maas- ou vinho tinto encorpado. Tam-
dam Calcar. Considerado um bém fica ótimo no fondue, no
tipo fino, esse queijo foi criado recheio de um sanduíche e até
nos anos 1980 como alternati- acompanhando um doce. Agora
va ao emmental suíço. Com sa- que você já sabe tudo
bor suave e um toque delicado sobre esse queijo, não
de nozes, o maasdam é perfei- deixe de incluí-lo na
to para servir como aperitivo, próxima compra.
Flor no prato
Degustar uma alcachofra é quase um ritual gastronômico. mas alguns cuidados
começam já na hora da compra. o chef Jesus Licurgo Coelho, que ministra aulas
na Cozinha santa Helena, espaço de cursos do angeloni, dá a dica: “Para saber se
a alcachofra está boa para o consumo, segure-a pelo talo e sacuda-a suavemen-
te. Se estiver flexível, é sinal de que está madura e pronta para ser usada”, diz o
chef de Florianópolis. outra recomendação: se não for prepará-la, no máximo,
nos dois dias seguintes, guarde-a com o talo dentro d’água ou envolta em papel
toalha umedecido, dentro do saco e na geladeira. Essa flor fica ótima em saladas,
risotos, sopas e caldos e recheada (com cogumelos ou queijo). Confira abaixo o
passo a passo do chef para você aprender a limpar e preparar essas flores.
2©
1©
produção: cinthia pergola. assistente: yajna maciel. tábua de madeira lisa e espremedor de limão joseph, doural. bowl de acrílico, kenia. caçarola alta inox provance, spicy. prato, acervo.
hi-tech
óleo?
em água corrente,
abrindo bem as
pétalas para que
a água penetre.
2 Deixe de molho em água com sal e
algumas gotas de limão ou vinagre
para não escurecer.
Levar uma vida saudável signi-
fica evitar frituras no cardápio.
O problema é que existem pra-
tos bem saborosos feitos dessa
3 Leve para
cozinhar com
a mesma água do
maneira e às vezes fica difícil molho em panela
deixar de lado aquela batata fri- esmaltada ou de
ta crocante. Mas a boa novidade aço inoxidável.
é que é possível conseguir esse “as panelas de
efeito sem óleo! A Air Fryer, da alumínio escurecem
a alcachofra. Evite
Mondial, prepara alimentos por
também o excesso
meio de circulação rápida de ar de água, colocando o
quente. Isso significa conseguir líquido só para cobrir
a mesma aparência, textura e metade da flor”,
sabor de alimentos preparados alerta o chef.
em frigideiras sem a imersão em
óleo. Não é o máximo? Além da
batata macia por dentro e cro-
cante por fora, a Air Fryer faz
petiscos, empanados, salgadi- 4 a alcachofra leva, em
média, 40 minutos para
cozinhar em panela normal.
nhos, pastéis, mandioca, biscoi-
tos, pão de queijo, Ela estará no ponto quando
você puxar uma pétala e ela
frango e até pães. se soltar com facilidade.
Tudo muito saudá- retire os espinhos somente
vel e crocante. após o cozimento.
1©
Os 32 bolos criados em parceria com
a boleira Otávia Sommavilla levam
ingredientes como goiaba, cachaça,
caju, pitanga e até aipim – ingredientes
tipicamente brasileiros. A ideia do livro
surgiu de cursos da dupla no restaurante
Capim Santo, da chef Morena Leite.
Todas as receitas são acompanhadas
de uma pesquisa histórica com
curiosidades sobre os ingredientes
e os lugares homenageados.
De Morena leite e otáVia soMMaVilla,
eDitora boCCato, 128 páginas, r$ 71,20
Cozinha da Saúde
De ClauDe troisgros, eDitora globo
estilo, 144 páginas, r$ 39,90
12 gastronomia 1©divulgação
1©divulgação gastronomia 13
Escocês
em dose dupla
Consumo de scotch cresce 48% no
Brasil e país torna-se o 7º maior
consumidor do destilado no mundo
por Denerval Ferraro Jr. foto Ricardo De Vicq
14 gastronomia
fundador da destilaria que Composição: 40% de norte. James queria criar um por Jim Beveridge.
ele assumiu em 1890. maltes, como Lagavulin, scotch mais suave e agradável Composição: série limitada e
Composição: combinação talisker e Linkwood. tem para sua mulher, que premium da marca, combina
de três maltes: Lagavulin leve perfume de fumaça reclamava do sabor forte de mais de 15 tipos de malte de
(que dá um toque de turfa (carvão fóssil outros uísques. Curiosidade: uísques com mais de 100 anos.
defumado), Craigellachie composto de folhas, musgo a garrafa se assemelha a um tem sabor marcante de malte,
e glen Elgin, compondo um e algas, usado na secagem cantil usado por soldados. um toque cítrico e notas
aroma levemente adocicado. de grãos maltados). Composição: leve e delicado, apimentadas, com aroma
Tempo de envelhecimento: Tempo de envelhecimento: composto de maltes da de baunilha.
12 anos em barris de carvalho. não especificado. destilaria de Dalwhinnie. Tempo de envelhecimento:
Forma indicada para Forma indicada para Tempo de envelhecimento: não certificado.
degustar: normalmente degustar: é um uísque 12 anos em barris de carvalho. Forma indicada para
é servido com uma ou de happy hour, ótimo Forma indicada para degustar: puro (acompanhado
duas pedras de gelo, sem para beber antes de um degustar: com pouco gelo, de um copo de água gelada) ou
acompanhamento ou com jantar, acompanhado para não comprometer a misturado com uma tampinha
torrada com carpaccio. de petiscos leves. suavidade do destilado. de água ou uma pedra de gelo.
gastronomia 15
saquê
jun daiti
Lista de compras no
e vodca
cîroc cervejas leffe
e hoegaarden no angeloni, você
encontra os melhores
biscoitos produtos nacionais
grok e e importados para
happy hour.
torradas faZer um happy hour
fhom alcaparras de primeira. queijos de
torre vÁrias procedências,
de bela frios, petiscos originais,
conservas de diferentes
paÍses e bebidas
selecionadas para
agradar aos paladares
alcachofra mais eXigentes.
saint paul
“o
toque gourmet não está necessariamente no sUFLÊ DE ABÓBorA
fru-fru”, defende a chef paulistana Adriana Cy- Com roQUEFort
mes. “Ele se revela também na simplicidade, na rendimento: 6 porções
escolha dos melhores ingredientes, no domí- Ingredientes
nio da técnica e no capricho da apresentação.” 25 g de manteiga
A pedido de Gastronomia Angeloni, Adriana ¼ de cebola média
desenvolveu um cardápio completo, com entrada, prato princi- 25 g de farinha de trigo
pal e sobremesa, que traduz essa teoria com perfeição. O roteiro 500 ml de leite
começa com um macio suflê de abóbora com queijo roquefort, 1 folha de louro
prossegue com a aromática tagine de cordeiro com especiarias, Sal a gosto
acompanhada de cuscuz marroquino, e se encerra com uma so- Pimenta-do-reino a gosto
fisticada tortinha de marzipã de avelãs, recheada com ganache de Noz-moscada a gosto
chocolate amargo – apesar do requinte aparente do menu, as três 300 g de purê de abóbora (abóbora japonesa, cozida em
receitas encantam pela facilidade de execução, da lista de com- água e sal e amassada)
pras à hora de finalizá-las no prato. Os preciosos segredos de cada 4 gemas
preparo, Adriana entrega um por um. 100 g de queijo roquefort em cubinhos
A paulistana Adriana Cymes, 36 anos, não poderia fazer ou- 6 claras em neve
tra coisa da vida. Filha do cozinheiro autodidata Horácio Cymes, Manteiga e farinha de rosca para untar
divide com o pai e o irmão Alexandre, graduado em hotelaria, a
chefia do bufê Arroz de Festa. Não bastasse, Adriana ainda se ca- Modo de preparo
sou com o chef de cozinha Victor Vasconcellos e, com ele, inau- Derreta a manteiga, junte a cebola e deixe dourar. Acrescente
gurou o charmoso restaurante Feed Food. A rotina pesada de a farinha e mexa bem. Junte o leite e a folha de louro e bata
compromissos entre as duas cozinhas faz com que a chef valorize com batedor de arame, para não empelotar. Tempere com sal,
a praticidade como ninguém. Tanto no bufê quanto no restau- pimenta-do-reino e noz-moscada, abaixe o fogo e deixe cozinhar,
rante, suas apetitosas criações são delicadas, modernas, bonitas, mexendo algumas vezes. Espere esfriar e incorpore o purê de
sem no entanto resvalar para as invencionices. abóbora. Depois junte as gemas, o queijo e as claras em neve,
mexendo delicadamente de baixo para cima. Unte forminhas com
Bom começo manteiga e polvilhe com farinha de rosca (se quiser, use farinha de
Embora o prato principal tenha o status de mais importante amêndoas para polvilhar). Asse em forno preaquecido, a 180ºC,
da refeição, uma entrada bem escolhida tem o poder de mudar por mais ou menos 20 minutos. Sirva imediatamente.
as feições do mais prosaico dos jantares. “Suflê é uma comidi-
nha que conforta. Macio por dentro, com aquela crostinha por passo a passo
fora, chega a fazer cafuné na alma”, a chef filosofa. Embora
fáceis de fazer, suflês são melindrosos e exigem atenção – a
receita deve sair do forno diretamente para a mesa, antes que
murche, e exige planejamento. “É um prato que só funciona
quando todos são pontuais. Para um timing perfeito, peça aos
convidados que se sentem à mesa e, só então, abra o forno para
1 2 3
tirá-los.” Os ramequins de louça, de laterais retas e altas, são
o recipiente ideal para assá-los – os modelos individuais redu-
zem o tempo de cozimento. “Sirvo cada tigelinha sobre um
prato de sobremesa, com o cuidado de colocar um guardanapo
por baixo, para que não fique dançando.” Atenção ao tama-
nho das porções. No começo da refeição, quando todos têm
mais fome, entradas ou petiscos em quantidades exageradas
4 5 6
acabam por minar o apetite para o que vem a seguir. 1©
Muitas vezes, a diferença entre uma receita trivial e o pra- 1. Faça a base com leite, farinha e temperos; 2. Junte o
to com toque de chef está na simples escolha dos temperos. O purê de abóbora; 3. Incorpore o queijo roquefort;
cozido de cordeiro à moda marroquina, por exemplo, torna-se 4. Misture delicadamente e, de baixo para cima, as claras
em neve; 5. Encha apenas 2/3 da forminha, pois o suflê
nobre pela adição de ervas e especiarias como cominho, canela, cresce; 6. Feche portas e janelas quando abrir o forno,
gengibre, alho, pimenta síria, mel e hortelã picada. São fáceis de para evitar as correntes de ar, que fazem o suflê murchar.
produção: suzel fontes. cadeira de vidro verde, d. filipa. tábua e bowls, roberto simões. louças, suxxar. cadeira, desmobilia. mesa, marcantonio móveis rústicos. jogo americano, roupa de mesa. cerâmica, nelise ometo.
soBrEmEsA
Toque do cheF:
Massa feita de avelãs, que
foge do lugar-comum
Chocolate meio amargo
usado para o recheio
Groselhas frescas para a finalização
passo a passo
1©
alto
estilo
Ele é conhecido como presunto pata negra, mas
sua denominação correta é jamón ibérico. É um
produto que segue padrões rígidos de produção
na Espanha e em Portugal. saiba como apreciá-lo
por Sergio Crusco fotos Alex Silva
O
porco da raça ibérica leva o nome de
pata negra por um motivo óbvio: suas unhas são
negras e sua pele também é mais escura. dele se
extrai um dos produtos mais célebres da espanha,
além da pintura de picasso, da música flamenca e
do cinema de pedro almodóvar. o presunto cru de porco ibérico
– ou jamón ibérico – diferencia-se dos demais pela carne menos
hidratada, pelos finos veios de gordura, por ser menos salgado e
pelo sabor inconfundível. os gourmets de paladar mais sensível
identificam nele notas adocicadas, de amêndoas, e sabem distin-
guir em segundos este produto de outros tipos menos nobres.
na espanha e em portugal, produzir presunto cru é assunto
sério. até chegar à mesa do consumidor, o processo pode levar
30 meses, tempo em que as traseiras do porco são salgadas e ar- asPargo À La PLanCHa EnVoLto
mazenadas para a cura. o manuseio final também exige técnica
específica: na península é popular a figura do mestre jamonero,
Em Jamón sErrano
rendimento: 1 porção
aquele que sabe fatiar a peça à perfeição, de modo a valorizar
todo o sabor e a textura da carne. Ingredientes
os mais radicais vão dizer que a maneira correta de apreciar o 1 aspargo fresco já cozido
presunto ibérico é a pura, sem acompanhamentos – no máximo 1 fatia de jamón ibérico (ou serrano)
com o pão tostado com tomate e alho, mais um fio de azeite de Azeite a gosto
oliva, da catalunha, e uma taça de jerez, vinho fortificado es- Redução de balsâmico a gosto (pode ser comprada pronta)
panhol. o tradicional casamento com melão também funciona, 1 rodela de limão-siciliano para a montagem
para quem gosta do mix de doce e salgado, e permite-se ainda
uma cerveja encorpada. chefs modernos, porém, criam inventi- Modo de preparo
vas receitas com o presunto cru espanhol, como as que nos en- Cozinhe o aspargo em água e sal. Enrole o presunto no
sina Juliano valese, do restaurante paulistano Torero valese. “o aspargo e leve à chapa em fogo médio. Vá virando até que
jamón cru é sempre a melhor pedida, mas ele também pode apa- doure. Para montar, corte o aspargo com o presunto ao
recer em finalizações de pratos, em sopas, harmonizados com meio, monte sobre uma rodela de limão e finalize a entrada
queijos, com bacalhau e outros pescados”, diz Juliano. com a redução de balsâmico.
26 gastronomia
gastronomia
taPa DE CrEmE DE
aÇaFrÃo Com CHiPs
DE Jamón E oVo
produção: andrea silva. produção culinária: silvia marques. presunto pata negra: mesa de madeira, via vila móveis e decoração. pinça, art mix. aspargos: prato, roberto simões. talher, kirk’s presentes.
PoCHÊ aromatiZaDo
Com aZEitE DE
tapas: taça, pepper. talher e bandeja, roberto simões. guardanapo, roupa de mesa. pescado: prato, o barão antiquário. guardanapo e porta-guardanapo, roupa de mesa. copo, roberto simões.
trUFa BranCa
rendimento: 1 porção
Ingredientes
50 g de batata (sem casca,
já cozida e espremida)
1 g de açafrão
20 ml de creme de leite fresco
1 fatia de jamón ibérico
50 ml de azeite extravirgem
1 gema de ovo
Vinagre a gosto
Sal e pimenta-do-reino moída a gosto
Brotos de alface frisée, radicchio e
alfafa para decorar
5 ml de azeite de trufa branca
Modo de preparo
Em um mixer, coloque a batata,
o açafrão, o creme de leite e sal a
gosto e bata até obter uma mistura
homogênea. Reserve. Coloque
em uma frigideira o azeite e frite o
presunto até que doure. Escorra-o
em papel absorvente e reserve. Para
fazer o ovo pochê, ferva água com
vinagre a 60 graus e despeje o ovo,
eliminando metade da clara. Espere
cozinhar e reserve. Para montar,
escolha um copo de boca bem larga,
coloque o creme obtido e, em seguida,
delicadamente, a telha de presunto
e o ovo pochê, por cima. Finalize
decorando com os brotos, salpique
com pimenta-do-reino a gosto e
regue com o azeite trufado.
28 gastronomia
gastronomia 29
Polenta
cosanostra Ela alimentou a plebe e a nobreza, fez parte do
cardápio dos imigrantes e hoje figura como estrela
de pratos da alta gastronomia
por Mariana Viktor
a
ntes de a polenta virar o alimento- africanas, além das indígena e portuguesa, e surgiram pratos
símbolo da itália, o milho atravessou o atlântico como a típica polenta com galinha ensopada, com certeza
rumo à europa, vindo da américa recém-descober- um prato tipicamente brasileiro”, diz andré vasconcellos
ta, mas por 300 anos foi usado apenas na engorda (confira a receita do chef nas páginas seguintes).
de gansos e patos para produzir o foie gras, conta o chef andré preparada no dia anterior, grelhada na chapa e servida no
vasconcellos, do bistrô muito além do Jardim, de Florianópo- café da manhã com queijo colonial e salame, a polenta fazia
lis. o cereal só apareceu nos cardápios europeus a partir dos parte de um desjejum forte e substancioso dos italianos em
anos 1700, quando começou a ser cultivado no norte da itália. seu trabalho nas lavouras da nova terra. “o trigo era caro, exi-
“naquele tempo existia um tipo de polenta feita de trigo-sar- gia refino, então o pão de cada dia era a polenta”, diz renata
raceno, aveia e cevada, herança dos gregos do século v a.C., tremea, da Faculdade de Gastronomia do senac/Florianó-
e que foi enriquecida pelos cozinheiros romanos com mel, polis. Quando cozinheiros e chefs brasileiros começaram a
gema de ovo e queijo (a puls Julia) ou com pedaços de carnei- desenvolver a gastronomia, transformando receitas simples
ro (a puls púnica), receitas que viraram ração das tropas de em arte, a polenta ganhou sofisticação de novos ingredientes.
César”, diz andré. aos poucos, a farinha de milho substituiu “Queijos como brie e gorgonzola, azeites aromatizados como
os outros cereais e passou a alimentar nobres e plebeus. o trufado, carnes e peixes como salmão, bacalhau, vitelo e
Hoje a polenta é consumida principalmente nas regiões cordeiro, junto com um método de cocção diferenciado, fize-
frias do norte da itália, como vêneto, lombardia, emilia e ram a polenta melhorar seu status”, explica o chef Guzela.
romagna, diz o chef Guilherme Guzela, professor nas pós- além disso, a polenta tinha outro apelo forte para fazer
graduações de Gastronomia e Chef de Cuisine internacional, sucesso em receitas elaboradas: é um prato comfort food, nos
da Universidade positivo, em Curitiba. Com o passar dos anos traz conforto e lembranças, por meio do paladar, explica vas-
foi se sofisticando e ganhou status de comida gourmet, mas concellos. “Cremosa e finalizada com mascarpone, a polenta
ainda é consumida pela população como um prato simples e faz o papel de uma elegante entrada, pura ou com uma colher
barato que traz sustento para o dia de trabalho braçal. de caviar ou raspas de botarga. Colocada em mármore para
a polenta desembarcou no Brasil com os imigrantes ita- esfriar e cortada para ser tostada em chapa de ferro, pode
lianos que vieram trabalhar nas fazendas cafeeiras do oeste acompanhar um belo cordeiro com molho de vinho tinto
de são paulo, conta o chef andré vasconcellos, e chegou ao ou um frescal suíno com molho de laranja. Feita com milho
sul do país levada pelos europeus que colonizaram a região. branco e lâminas de cogumelos frescos, faz par perfeito com
“Cada um adaptou à sua maneira os produtos locais e a co- peixes brancos salteados com manteiga de açafrão ou azeite
zinha vinda da pátria distante. os italianos, aos poucos, fo- de boa procedência. não há o que não fique bom acompanha-
ram misturando a culinária caipira, carregada de referências do com polenta”, completa o chef.
30 gastronomia
© mônica imbuzeiro
Polenta
Ingredientes
1 l de água fervente
500 g de fubá para polenta
Sal a gosto
Modo de preparo
Ferva a água e tempere com sal a gosto, lembrando
que não deve ser muito salgado. Mexendo sempre
com um batedor de arame, despeje o fubá em chuva
sobre á agua fervente. Depois de tudo misturado,
mexa por cerca de 3 minutos, para não grudar no
fundo da panela. Deixe cozinhar por 1 hora.
Frango
Ingredientes
600 g de frango cortado em pedaços (à passarinho)
1 envelope de sopa de cebola
1 cebola cortada em cubos
2 dentes de alho inteiros
4 tomates cortados em cubos
Sal e pimenta a gosto
Folhas de sálvia a gosto
Cheiro-verde a gosto
Um fio de óleo
Queijo parmesão ralado a gosto
Modo de preparo
Aqueça uma panela com um fio de óleo. Tempere
os pedaços de frango com a sopa de cebola em
pó, esfregando em todos os pedaços. Doure os
pedaços de frango até que fiquem bem corados.
Retire e reserve. Refogue na mesma panela a cebola
e os dentes de alho até que peguem cor. Retorne
os pedaços de frango e acrescente o tomate e os
temperos e deixe cozinhar até que o frango comece
a desfiar. Finalize com o cheiro-verde, picado. Sirva
o frango sobre a polenta ainda quente, com um
pouco de queijo parmesão ralado na hora.
05/09/2012 12:15:17
nacozinhacom...
HORAS VAGAS
“Às vezes,
me aventuro
na cozinha”
márcio a t
o personal trainer e apresentador do
quadro medida Certa, do Fantástico,
mostra que é possível seguir uma
alimentação saudável e extremamente
saborosa. Confira aqui sua receita favorita
Por Cibele Carbone
E
o cardápio de cada dia), márcio revela que, de vez em
le vive em busca do bem-estar, por meio quando, gosta de preparar algumas delícias. “meus sobri-
de atividades físicas e de uma alimentação balance- nhos adoram o frozen iogurte de tangerina que faço. o
ada. mas isso não quer dizer que o personal trainer iogurte é um excelente alimento para o funcionamento
márcio atalla, de 42 anos, abra mão dos prazeres do aparelho digestivo e da flora intestinal. e a tangerina
à mesa. “É possível ter uma alimentação saudável e gostosa. é uma fruta saborosa, de baixo valor calórico e ainda boa
É inegável que muitos alimentos com gordura são bons, e fonte de vitaminas a, b e c. ela é ótima para preparar
não precisamos excluí-los da alimentação. existe muita coisa algumas receitas”, diz márcio. mas as especialidades do
saudável que é saborosa. Frutas, pães, massas, carnes, leite... personal trainer não param por aí. ele adora fazer outro
basta saber escolher!”, explica esse mineiro de belo Horizon- prato delicioso que aprendeu com a avó: risoto de baca-
te, mas que mora em são paulo desde os 12 anos de idade. lhau com tomate seco. “preparo esse prato para a minha
apesar de não se considerar um gourmet – “essa parte, eu namorada e para a minha família, quando nos reunimos
deixo para o outro atala, o alex!” –, o personal trainer sabe aos domingos”, revela márcio.
FroZEn iogUrtE
DE tangErina
produção: cinthia pergola. produção culinária: paula rainho. copo de vidro duplo térmico, doural. prato, acervo.
rendimento: 2 a 4 porções
Ingredientes
½ l de suco de tangerina
1 envelope de gelatina incolor sem sabor
2 xícaras (chá) de iogurte natural desnatado
5 colheres (sopa) de açúcar
Casca de tangerina em tiras para decorar
Modo de preparo
Coloque em uma tigela o suco de tangerina,
a gelatina (dissolvida conforme as
instruções da embalagem), o iogurte e
o açúcar. Misture tudo com um batedor
manual até a mistura ficar homogênea.
Cubra a tigela com filme plástico e leve
ao congelador por 2 horas ou até começar
a cristalizar as bordas. Retire. Bata essa
mistura na batedeira por 4 minutos. Volte
ao congelador e deixe por mais 1 hora, ou
até ficar firme, mas cremosa. Retire, misture
com uma colher e distribua em taças.
Decore com as cascas de tangerina. 2©
gastronomia 35
maestro
Cozinha de
Giuseppe Verdi não compôs apenas grandes
óperas como La Traviata. Era também um mestre
de forno e fogão e encantava convidados e chefs
com sua harmonia de notas, perfumes e sabores
por Sergio Crusco
M
esmo quem não é grande fã de da arte, da arquitetura e do futebol). Uma das mais finas e
ópera talvez saiba assobiar algum trecho de ricamente ilustradas obras dedicadas a essa relação já vem
La Traviata, Aida ou Rigoletto. E quem tem a pomposa no título: La Cucina di Verdi – Armonie di Note,
mínima intimidade com as caçarolas já deve Profumi e Sapori sulla Tavola del Maestro (A Cozinha de Verdi
ter tentado, pelo menos uma vez na vida, fazer o risoto – Harmonias de Notas, Perfumes e Sabores à Mesa do Mes-
perfeito. Giuseppe Verdi (1813-1901) era mestre nas duas tre, Editoriale Giorgio Mondadori, 2003). Não é pouco, de
especialidades: além de compor algumas das óperas mais fato: o compositor era famoso por viajar com seus ingre-
célebres do universo, era um expert em gastronomia. Pre- dientes mais estimados (vários tipos de arroz, massas, em-
parava salgados e doces com paixão de alquimista, sempre butidos, temperos, vinhos) e dar palpites nas cozinhas mais
em busca do ponto perfeito. Em sua cozinha, na Villa Ver- empertigadas da Europa. Ensinou o grande chef Auguste
di, mansão que escolheu para viver quando já estava rico Escoffier (responsável por normatizar as técnicas da culi-
e famoso (em Sant’Agata, na região de Emilia-Romanha), nária francesa moderna) a preparar o tal risoto à milanesa.
surpreendia os convidados com invenções próprias e re- A camaradagem era correspondida, uma vez que Escoffier
ceitas tradicionais. Acreditava que alguns pratos deve- dedicou várias de suas criações ao músico – uma delas o
riam ser elevados ao status de patrimônio italiano – entre frango à Verdi, com trufas e foie gras.
eles o risoto à milanesa, um de seus xodós. O livro de nome pouco modesto revela mais dos hábi-
O apreço de Verdi pela boa gastronomia encontra eco tos pouco frugais de Verdi. Ele podia até preparar no fogão
na cultura italiana moderna, uma vez que música e boa co- algo aparentemente simples como macarrão na manteiga e
mida são alguns dos principais orgulhos de seu povo (além parmesão, mas guarnecia o trivial com lagostins, camarões
36 gastronomia 1©
Musse especial
rendimento: 8 porções
Ingredientes
2 bandejas de morangos (500 g)
1 lata de creme de leite sem soro
1 lata de leite condensado
1 pacote de gelatina sem sabor
Calda de morango pronta
Morangos frescos para decorar
Modo de preparo
Bata no liquidificador os morangos,
o creme de leite e o leite condensado.
Despeje em uma tigela e reserve.
Coloque a gelatina em ½ xícara de
água fria e leve ao fogo para dissolver
sem ferver. Acrescente à mistura de
morangos e bata delicadamente até
esfriar. Despeje em taças já decoradas
com calda de morango pronta. Leve
à geladeira por 2 horas. Enfeite com
morangos frescos e sirva.
o
Brasil dá a largada à época dos morangos. Do meio
do ano até novembro, essa frutinha vermelha vai ser
encontrada aos montes em feiras e supermercados. É
o momento de descobrir tudo que ela tem a oferecer
e incrementar o cardápio com sobremesas deliciosas.
De sabor meio silvestre, meio adocicado, o morango é originário da
Europa, por isso se adapta aqui somente quando as temperaturas
estão mais amenas. Além de saborosa, essa fruta é muito saudável.
De acordo com a nutricionista Luciane Nesello, professora do curso
de Nutrição da Universidade do Vale do Itajaí (Univali), em Santa
Catarina, o morango tem baixas calorias (10 morangos = 30 calo-
rias em média) e é nutritivo e saudável. “É rico em pectina, fibra
que auxilia no funcionamento do intestino, e bioflavonoides, antio-
xidantes que ajudam a prevenir o envelhecimento precoce das célu-
las”, diz Luciane. Sem contar a vitamina C, que fortalece o sistema
imunológico e ainda ajuda na formação do colágeno – substância
responsável pela sustentação e firmeza da pele.
Para usar o morango é preciso ter alguns cuidados. Como a fruta é
do tipo rasteira, ou seja, cresce encostada no solo, exige higienização
especial antes de ser consumida. “O ideal é lavar em água corrente e
depois secar com um pano embebido em álcool de cereais. Faça isso
na hora em que for consumir a fruta”, diz Letícia Weigert, do Rancho
Ecofrutícola, produtor da cidade de Rancho Queimado, no interior de
Santa Catarina, que é considerada a capital catarinense do morango.
No supermercado, observe a data da colheita e a aparência dos frutos,
que devem estar brilhantes. “É comum as pessoas amassá-los com os
dedos para sentir a consistência, mas isso não é recomendável, pois
fere o morango e ele pode estragar rapidamente”, alerta Letícia. Ao
chegar em casa, retire-os da bandeja e coloque-os numa vasilha com
tampa na geladeira. Se a fruta estiver fresca, dura cerca de sete dias.
Com uma produção que atinge o seu auge em novembro, a cidade
de Rancho Queimado realiza nesse período a famosa Festa do Mo-
rango, em que são servidas várias sobremesas deliciosas com a fruta.
E foi justamente da festa, em sua 21a edição, que vieram as receitas
apresentadas aqui. Experimente!
gastronomia 41
torta chocorango
rendimento: 16 fatias
Ingredientes
Bolo
2 xícaras de farinha de trigo
2 ovos
1½ xícara de açúcar
1 xícara de achocolatado em pó
1/3 de xícara de óleo de soja
Recheio 1
1 lata de leite condensado
2 gemas
1 colher (sopa) rasa de amido de milho
1 xícara de leite
Recheio 2
400 g de morangos frescos picados
4 colheres (sopa) de açúcar
2 colheres (sopa) de amido de milho
Cobertura
1 lata de creme de leite sem soro
250 g de chocolate meio amargo
2 colheres de manteiga
Morangos para decorar
Modo de preparo
Bata todos os ingredientes do bolo na
batedeira e coloque numa fôrma redonda, de
35 centímetros de diâmetro, untada. Asse em
forno a 180ºC por 45 minutos. Desenforme
e espere esfriar. Coloque os ingredientes do
Recheio 1 numa panela e, sempre mexendo,
espere ferver até formar um creme. Reserve.
Para o Recheio 2, coloque os ingredientes
numa panela e mexa sem parar até formar
um creme brilhante. Reserve. Coloque os
ingredientes da cobertura numa panela.
Leve ao fogo até derreter, mas sem chegar ao
ponto de fervura. Espere amornar. Na hora da
montagem, corte o bolo em duas camadas.
Coloque a primeira camada num prato de
torta e respingue água para umedecer.
Acrescente primeiro o creme claro e, por cima,
o creme de morangos. Feche com a outra
camada de bolo e respingue água de novo.
Despeje a cobertura por cima e alise com uma
espátula. Enfeite com morangos.
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cheesecake de morangos
rendimento: 12 fatias
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salada de mini-
hortaliças
rendimento: 1 porção
Ingredientes
1 unidade de camarão
60 ml de vinagre balsâmico
20 g de açúcar
30 g de minibrotos de alface
15 g de miniagrião
20 ml de azeite extravirgem
Sal e pimenta a gosto
Modo de preparo
Descasque o camarão, deixando a cabeça e a
pontinha do rabo. Tempere com sal e pimenta
e, com a ajuda da frigideira bem quente, grelhe
e separe. Coloque o vinagre com o açúcar numa
Escolha uma cesta de vime panela e ferva até reduzir e ficar consistente.
ou palha para dispor os
guardanapos de papel. Prefira Tempere as hortaliças e monte no centro do
os decorados, como estes, prato ou em taças individuais. Tempere com
encontrados no Angeloni. As o azeite. Decore com o camarão e um pouco
garrafinhas de suco são lindas
e agradam a crianças e adultos de vinagre balsâmico reduzido.
gastronomia 47
rocambole de
frango com vegetais
rendimento: 1 porção
Ingredientes
200 g de coxa e sobrecoxa de frango com pele
20 pedaços de bacon
10 g de coentro
produção de objetos: joana figueiredo. produção culinária: paula rainho. agradecimento: d.filipa
2 dentes de alho
10 g de aspargo
Modo de preparo
Retire a metade da pele do frango. Processe o
frango com o bacon, o coentro e o alho. Divida
em porções iguais e, com a ajuda de papel filme,
enrole cada um e feche as laterais. Cozinhe no
vapor por 30 minutos. Enquanto isso, corte os
vegetais em tamanho médio e cozinhe na água
bem quente com sal. Resfrie em seguida com
gelo para não perder a cor. Salteie os vegetais no
azeite e tempere com sal e pimenta. Sirva como
guarnição do rocambole.
Ingredientes
100 g de açúcar
40 ml de água
20 g de mel
Manga, melão, morango e kiwi picados
Manteiga sem sal a gosto
Licor Cointreau a gosto
Gengibre ralado, hortelã e manjericão a gosto
Sorvete de creme
Modo de preparo
Coloque o açúcar numa panela com a água
e o mel. Deixe cozinhar até que a calda fique
consistente. Reserve. Coloque as frutas picadas
numa frigideira e leve ao fogo médio com
manteiga. Salteie as frutas e flambe com o licor.
Acrescente o gengibre, a hortelã e o manjericão.
Junte a calda reservada e cozinhe mais um
pouco. Sirva com uma bola de sorvete de creme.
48 gastronomia
P
ara o chef Vitor Gomes, a se deu por contente. Em 2011, lançou mais uma de
vida profissional sempre foi uma suas novidades, o restaurante Espaço Ponto G, mon-
festa. Entrou no ramo de alimentos tado em sua própria casa e com o menu confiance.
e bebidas de uma maneira descom- Isso quer dizer que o cliente precisa confiar no chef,
promissada, abrindo um bar com pois o cardápio de cada semana é uma surpresa ba-
amigos no fim dos anos 80 na Praia do Campe- seada nos ingredientes mais frescos da estação e na
che, no verão. Pegou gosto em receber pessoas inventividade de Vitor, que brinda seus comensais
e bem servi-las – seus próximos negócios foram com três pré-entradas, uma entrada, uma massa ou
uma padaria e o Emporium Bocaiúva, delica- risoto, um peixe, uma carne e uma sobremesa.
tessen que virou referência em Florianópolis.
Sempre pronto para uma nova aventura, vi- Como se deu a transição do comerciante para o
rou a própria mesa em 2004 e mandou-se para chef de cozinha?
a Europa a fim de encarar seriamente um novo Comecei a trabalhar cedo, sempre no meio gastro-
desafio: tornar-se chef. Estudou gastronomia nômico, e estudei muito. Fui atrás de informações
e gestão de restaurantes no Licée Hôtelier de sobre produtos, vinhos, queijos, temperos, espe-
Saint-Quentin, em Yvelines, perto de Paris. Já ciarias, charutos, bebidas, entre tantas outras coi-
no Brasil, foi aperfeiçoar-se, como estagiário, sas que vendia nos meus estabelecimentos. Meu
na cozinha de Alex Atala, chef do D.O.M., o início se mistura à abertura do mercado brasileiro
restaurante mais estrelado do país. para as importações. Para vender os novos produ-
De volta a Santa Catarina, foi eleito por três anos tos, muitas vezes eu tinha de saber prepará-los e
(2008, 2009 e 2010) o melhor chef de Floripa pela orientar meus clientes a usá-los. Migrar para a co-
revista Veja, a bordo do Café Riso & Etc. Mas não zinha foi um processo natural.
50 gastronomia
Caixinha de
surpresas O chef catarinense adora novidades.
A última é o restaurante em sua
própria casa, onde reinventa o menu
semanalmente e encanta seus clientes
por Sergio Crusco foto Tarcísio Mattos
Por que teve a ideia de montar em sua casa o lonização – italianos, alemães, portugueses, liba-
Espaço Ponto G? Você mora no mesmo local? neses, entre outros povos. O que me atrai é essa
Continuo morando, sim. O Ponto G é, literal- grande mistura, a excelência do catarinense em
mente, minha casa. Em 1991 comprei um sítio receber e produzir com qualidade.
em Santo Antonio de Lisboa e construí a casa
em 2003. Já no projeto, solicitei que ela tivesse a O que mais gosta de comer, da alta gastrono-
possibilidade de um dia servir de ambiente para mia à comida do dia a dia?
um pequeno bistrô. A ideia ficou engavetada. Em Amo feijão, arroz, carne moída, peixes, frutos do
2011 resolvi dar uma parada, pois fiz duas cirur- mar, frutas frescas. Sou glutão. Em minha gela-
gias e tinha de cuidar um pouco de mim. Passada deira não faltam queijo, ovos e embutidos.
a recuperação, reavivei aquele antigo projeto.
Quando tem tempo livre, gosta de cozinhar
Vitor Gomes usa Como define seu estilo? para as pessoas mais próximas?
referências da Meu estilo ainda está em formação. Apesar de Sim, adoro cozinhar para minha família e para
infância para
preparar delícias ter 40 anos de idade, profissionalmente comecei os amigos. Gosto, nessas ocasiões, de prepara-
com peixes e tarde na cozinha. Uso referências de infância, de ções longas, cujo processo todos possam curtir e
frutos do mar bons momentos ao redor da mesa, sou nostálgi- acompanhar: ensopados, assados em baixa tem-
co. Gosto de reinterpretar clássicos, muitas vezes peratura, peixes em crosta de sal grosso, massas
adaptando ingredientes ou formas de serviço. recheadas. Saudar a vida e os amigos e familiares
em torno de uma boa mesa é tudo de bom!
Quais os destaques da sua cozinha?
Uso o discurso do “menos é mais”. Gosto de sur- O que faz a diferença na hora de receber?
preender as pessoas com elementos e produtos Simplicidade, bom gosto, alegria, boa música, boa
do dia a dia. Trabalho com a simplicidade de in- bebida e uma lista de bons convidados.
gredientes, mas tudo com muito sabor. Gosto de
risotos e, sem dúvida, de peixes e frutos do mar. Que chefs contemporâneos o inspiram?
Nasci em Florianópolis, sempre tive o mar como São vários. No Brasil, admiro o trabalho e as
referência. Em minha formação no exterior, prio- ideias do amigo Alex Atala. Tive a oportunidade
rizei também o mar e seus frutos. de estagiar no D.O.M. quando voltei da Europa, e
aprendi muito com Alex. Gosto também do com-
O que mais o atrai na culinária catarinense? petente Jeferson Rueda, do Felipe Bronze e do Ro-
Santa Catarina é um estado riquíssimo gastro- drigo Oliveira, entre tantos outros. Curto muito
nomicamente. Temos o mar, temos serra, temos também o grande francês Jacques Le Divellec e da
varias influências geradas por meio da nossa co- bela cozinha portuguesa de Vitor Sobral.
gastronomia 51
Provence
perfumada
A comida provençal reflete
o charme do sul da França,
combina peixes com
legumes e ervas frescas.
Acrescente um bom vinho,
a melhor companhia
e deguste
por Déborah de Paula Souza
fotos Marcelo Magnani
U
ma estradinha sob a luz dourada, uma LuLas saLteadas
casa de pedras com oliveira no jardim, entre cam- à provençaL
pos de lavandas. não é sonho, é a Provence, destino rendimento: 4 porções
perfeito para os amantes da beleza, da gastronomia Ingredientes
e das artes do bem-viver. o flash acima é só a ima- 150 ml de azeite de oliva
gem mais conhecida desse lugar surpreendente que 500 g de lulas limpas cortadas em anéis
inclui desde bosques selvagens e vilas medievais, no Parque regional 1 cebola roxa picada
do luberon, até as encostas do mediterrâneo, onde fica marseille ou 4 tomates picados sem pele e sem sementes
a pequena Camargue, com salinas povoadas por flamingos cor-de- 1 dente de alho laminado
rosa e de onde vem a flor do sal, apreciada pelos gourmets. Salsa fresca picada
assim como a paisagem – tão especial que não carece de enfeites Flor de sal
–, a cozinha é reverenciada por sua autenticidade. essa é a visão
de raphael despirite, chef do restaurante marcel, em são Paulo. Modo de preparo
“a culinária é um reflexo dos produtos regionais. além dos peixes Em uma frigideira bem quente despeje
e frutos do mar, o forte são os legumes, como tomates, berinjelas, um fio de azeite de oliva e salteie as lulas
abobrinhas, as frutas cítricas e a variedade de ervas. tudo isso é rapidamente. Retire as lulas e reserve.
preparado de maneira simples, sem muita interferência.” Coloque na frigideira a cebola roxa e o resto
marcada pelas ervas aromáticas, como alecrim, manjerona, tomi- do azeite. Adicione os tomates e o alho
lho... bem como a presença do alho e do azeite de oliva, essa culi- e refogue. Acrescente as lulas, salpique com
nária dispensa cremes e molhos pesados, é muito leve. despirite a salsa picada, acerte o sal e sirva.
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gastronomia 53
54 gastronomia
1©
diz que ela combina com o nosso verão, estação que esco-
Cherne ao Forno Com lheu para realizar os festivais da Provence de seu restaurante.
ratatouiLLe de Legumes “Para acompanhar os pratos, sugiro os vinhos brancos ou os
rendimento: 4 porções
tradicionais rosés da região.”
Ingredientes o queijo de cabra e o vinho rosé são duas contribuições lo-
1 kg de abobrinha italiana (ou 4 abobrinhas) cortada em cais à culinária francesa, segundo a brasileira elizabeth mo-
cubos pequenos nosowski, felizarda que mora com o marido numa pequena
100 g de cogumelos Paris cortados em cubos pequenos cidade ao norte da Provence. “o queijo do dia a dia aqui
150 g de pimentão amarelo sem sementes, cortado em é o picodon, aquele redondinho, usado na conhecida salada
cubos pequenos chévre chaud; e a mania dos últimos verões é o aperitivo rosé
150 g de pimentão vermelho sem sementes, cortado em pamplemousse, vinho que já vem com um toque de licor de
cubos pequenos grapefruit”, conta a brasileira.
Azeite de oliva a gosto Para os viajantes que alugam carro e preferem bebidas sem
4 postas de cherne (200 g cada uma) temperadas com sal álcool durante o dia, uma boa pedida é o sirot de menta ou
Pimenta-do-reino a gosto aniz. mistura de água mineral com xarope de ervas ou frutas,
Sal a gosto é uma receita secular, originariamente fabricada de modo
Tomilho fresco a gosto artesanal por monges, antes de ganhar escala industrial. “É
uma tradição do sul, exportada para toda a França. e muito
Modo de preparo melhor que refrigerante”, garante beth.
Cozinhe a abobrinha com o azeite, acrescente os ela se diverte com as sérias discussões dos franceses sobre
cogumelos e refogue. Adicione os pimentões, deixe o melhor modo de se preparar o famoso ratatouille, um mix
cozinhar e tempere com pimenta-do-reino, sal e de legumes locais (veja receita). “eu gosto da versão ao for-
tomilho. Reserve. Em uma frigideira bem quente com no, mas pode ser feito na grelha, na caçarola ou na panela.
óleo, sele as postas de cherne, previamente salgadas, Jamais se usa água, apenas azeite.” e os melhores azeites e
rapidamente. Coloque as postas seladas em uma fôrma azeitonas da França, diz beth, são os da cidade de nyons,
refratária, com a pele para cima, regue com azeite e que fica na região denominada drome Provençale, pouco ex-
leve ao forno a 180ºC por aproximadamente 15 minutos plorada ainda por turistas estrangeiros, mas bem conhecida
ou até a carne ficar opaca. Aqueça rapidamente o dos franceses, inclusive por sua fértil produção de temperos
ratatouille e sirva com as postas de peixe. como o alho e de frutas como cerejas e pêssegos.
56 gastronomia
Onde: www.la-mirande.fr
e nasceu em aix, en Provence. dani hispagniol indica um
Luberon, natureza e cultura endereço tradicional para saboreá-lo com um chá da tarde.
a área do parque regional do luberon é hoje o principal car- Onde: www.calisson.com
tão-postal da Provence e cobre uma extensão de 1.200 quilô-
metros, uma mistura de natureza e vilas medievais de perder
o fôlego. Vale a pena alugar um carro (em avignon, onde 1©
fica o aeroporto mais próximo) para explorá-la. a capital de
luberon é a cidade de apt. mas o melhor é se perder pelas
estradinhas que dão em vilarejos encantadores como mener-
bes, beaux de Provences, lacoste e outros. imperdível: uma
visita a Gordes (ao norte de apt). Fica no topo de um planalto
e tem uma concorrida feira de produtos locais e artesanato,
com frutas, ervas, queijos e azeites e ainda óleos essenciais,
sabonetes e sachês à base de rosas, lavanda, verbena...
Toque de arte
muito antes dos turistas, são os artistas que descobrem as
rotas da beleza. um dos gênios que compreenderam e imor-
talizaram a luz dessa paisagem foi o holandês Vincent Van
Gogh, que sonhou criar na Provence uma fundação de artis-
tas. ele chegou a arles em 1888 e depois se internou num
asilo na bucólica st. rémy de Provence (a 25 quilômetros de
1© nik neves