Explorar E-books
Categorias
Explorar Audiolivros
Categorias
Explorar Revistas
Categorias
Explorar Documentos
Categorias
RESUMO
Este trabalho diz respeito ao estudo das principais atribuições do auxiliar de ensino dentro
da política educacional, bem como seus objetivos e os recursos utilizados para
alcançá-los. Esclarece as principais dúvidas a respeito da real atividade
exercida por este profissional, muitas vezes mal aproveitado, através de uma
análise simplificada de sua estruturação mediante as atividades por ele
exercidas, dando ênfase a questões de currículo, relacionadas com o nível de
formação acadêmica e do emprego da afetividade. Concluímos que sozinho
suas atividades em sala de aula não são suficientes para alcançar os objetivos.
O presente estudo possibilitou a constatação, que a intervenção do corpo
docente da escola se faz necessária no sentido de regular os conteúdos por ele
aplicados ao currículo trabalhado pelos professores regentes.
ABSTRACT
This paper concerns the study of the main attributions of the teaching assistant within the
educational policy, as well as its objectives and the resources used to achieve them.
Clarifies the main doubts about the real activity performed by this professional, often
misused, through a simplified analysis of its structure through the activities performed by
him, emphasizing curriculum issues related to the level of academic education and
employment of affectivity. We conclude that your classroom activities alone are not
sufficient to achieve the objectives. The present study made possible the observation that
the intervention of the school faculty is necessary in order to regulate the contents applied
by it to the curriculum worked by the teachers.
1. INTRODUÇÃO
Assim, percebemos que a legislação vigente no município de São José prevê que o
auxiliar de ensino tenha como principal função, substituir professores faltantes e nos
demais afazeres pedagógicos da instituição de ensino, em que esteja locado. Contudo, nem
todas as funções por eles exercidas estão claramente elencadas, pois cada instituição lhes
atribui afazeres que vão desde atividades na secretaria, cuidar dos alunos durante o
intervalo, encaminhamento de bilhetes, entre outros.
Em seu livro, “Da relação com o saber - Elementos para uma teoria”, Bernard
Charlot (2000), aborda a questão do fracasso escolar, na perspectiva da relação com o saber
e a escola, na qual sustenta a relação do saber com questões tratadas em termos de fracasso
escolar, origem social, ou até deficiências socioculturais. O autor afirma que o fracasso
escolar é um objeto sociomidiático, pois não pode ser considerado tal qual um objeto de
pesquisa, já que deve considerar as diferenças entre as posições sociais ao analisá-lo.
Para ele (CHARLOT, 2000), a noção de fracasso escolar é utilizada para exprimir
tanto a reprovação em uma determinada série, quando a não aquisição de certos
conhecimentos ou competências. Esta afirmação nos remete ao aprendizado em si, à
eficácia dos docentes, à forma como o serviço público é oferecido à população, à
desigualdade de chances, ao investimento em educação por parte do governo. O fracasso
escolar não é um objeto analisável. Esses alunos, situações e histórias que devem ser
analisados, com suas singularidades. Pois o fracasso escolar é uma diferença: alunos,
currículos, estabelecimentos, etc. Quando utilizam-se dados estatísticos, a posição social
torna-se a origem e a diferença é vista como falta, porém, o fracasso escolar “também é
uma experiência que o aluno vive e interpreta e que pode constituir-se em “objeto de
pesquisa”.
Por isso, ainda segundo o autor (CHARLOT, 2000), cabe ao pesquisador
aproximar-se dos fenômenos a serem estudados, sempre voltando aos fundamentos:
descrever e escutar, mas também conceituar e teorizar.
Como para muitos sociólogos explicar o fracasso escolar é explicar às vezes, como
os alunos são levados a ocupar essa ou aquela posição no espaço escolar, há uma
imposição progressiva da “leitura negativa” do fracasso escolar, e de uma forma mais
geral, da escolaridade das crianças das famílias de categorias populares.
De acordo com Charlot (2000), se na obra de Bourdieu, essa abordagem encontra
sua forma mais acabada: as diferenças de posições sociais dos pais correspondem à
diferenças de posições escolares dos filhos e, mais tarde, suas diferenças de posições
sociais, mostram a homologia de estrutura entre sistemas e diferenças, a posição a criança
se constrói ao longo de sua história e é singular, irmãos criados dentro da mesma família,
na mesma posição social, podem ter resultados diferenciados, de acordo com o conjunto
das suas relações de vivências e de mundo que se constroem. Não basta a posição social,
deve-se questionar o significado que a eles conferem essa posição e o conjunto de práticas
familiares dos pais e dos filhos, ou seja, das regras que regem essas atividades.
O fracasso escolar pode ter a ver com a origem social, mas não é necessariamente
produzido por ele, se faz necessário através da pesquisa criar para esses, enunciados claros
e rigorosos, pois a “deficiência sociocultural” não é um fato mas sim uma construção
teórica para interpretar o que está ocorrendo ou não, arraigada na experiência profissional
dos docentes, interpretada à luz de seus interesses ideológicos.
Uma leitura negativa é a forma como as categorias dominantes veem as dominadas,
de forma exclusiva. Praticar uma leitura positiva, nos faz considerar que todo o indivíduo
é, um “sujeito”.
O aluno é um “sujeito” aberto a um mundo que não se reduz ao aqui e agora, um
ser social que nasce e cresce em uma família, ocupando uma posição em um espaço social,
é singular, se produz e é produzido através da educação.
Nesse ínterim, segundo Charlot (2000), Durkhein pensava em um psiquismo
analisado em referência à sociedade e não ao sujeito (representações coletivas). Bourdieu
tratava de posições sociais e agentes sociais e não permitia pensar a experiência escolar. Já
Dubet identificou que o sujeito não pode ser um objeto direto de análise sociológica,
construindo uma teoria da subjetividade que procura abrir mão da noção de sujeito.
Para a sociedade o saber deve ser reconhecido pela comunidade cientifica, se não o
saber se torna frágil, não ocorre uma educação intelectual e sim acumulação de conteúdo
intelectual, sem ser puramente cognitivo e didático, propiciando prazer e renúncia, consigo
e com o mundo e com os outros.
Qual é o tipo de relação com o mundo e com o saber que a escola deve ajudar a
construir para utilizar suas potencialidades, já que nem sempre o aprender tem o mesmo
sentido para os docentes e para os alunos? O auxiliar de ensino pode intermediar as
relações de saber através do respeito a individualidade de cada aluno, demonstrando que
todos temos capacidade de desenvolvermos nossas competências e habilidades.
Observando as inter-relações naturais do grupo, essenciais para a sua manutenção,
buscando utilizar atividades que condizem com a realidade do grupo, em uma relação com
o mundo de forma prática.
...Não há sujeito de saber e não há saber em uma certa relação
com o mundo, que vem a ser, ao mesmo tempo e por isso
mesmo, uma relação como saber. Essa relação com o mundo é
também relação consigo mesmo e ralação com os outros. Implica
uma forma de atividade e, acrescentarei uma relação com a
linguagem e uma relação com o tempo.
(CHARLOT,2000, p.63)
2.3 O AUXILIAR DE ENSINO
A comunidade escolar, que deveria ser um ponto de apoio, entre si e para o futuro
dos alunos, por vezes faz o papel contrário. Dentro da pratica educacional, devemos
utilizar os objetivos e os recursos do currículo para realmente apoiarmos nossos colegas e
por consequência nossos alunos, trazendo as famílias para dentro das escolas. Para isso a
formação do Conselho Escolar deve ser feita de forma a estimular os grupos de alunos,
pais e professores, a participarem ativamente do controle e desenvolvimento educacional.
É necessário, um olhar mais afetivo e empático por parte dos educadores entre si e
para si. Não podendo achar que sua formação pedagógica e/ou experiência profissional, ou
sua função, são os únicos fatores que compõem o sucesso de uma unidade escolar. Um
ótimo currículo profissional, que acompanha também os auxiliares de ensino, não retrata o
fato de que nós educadores, também somos reflexo de nossas vivências, que junto com
nossas questões familiares, alteram a forma de como vemos o mundo e são por nós,
reproduzidas em sala de aula.
Salientamos então que um olhar terno e amoroso para conosco e com o outro serve
como uma ferramenta essencial para o bem-estar coletivo. Devemos propiciar formas de
instigar o interesse, a apreensão, a compreensão, a apropriação dos “saberes” de acordo
com essas vivências e as particularidades de cada um.
Quando as expectativas em relação à educação não são cumpridas entre alunos,
educadores e família, ocorrem diálogos árduos e muitas vezes, sem retorno. Tais
instituições precisam assumir as responsabilidades que lhes cabe, no sentido de garantir
que a aprendizagem aconteça numa educação voltada para o exercício ético da democracia
e da cidadania.
Dentro desse contexto o ERER busca trazer entendimento sobre um tema fácil de
ser tratado, porem difícil de ser executado didaticamente em sala de aula. Apesar de que
auxiliares de ensino não tem acesso continuo em todas as turmas, os estudos desenvolvidos
dentro das capacitações estão ano a ano, dissolvendo uma gama de atitudes e falas, a tanto
tempo estabelecidas como normas e sem más intenções.
A historicidade que construiu o preconceito étnico-racial que vivenciamos hoje, é
capaz de nos mudar de dentro para fora, de nos colocarmos realmente no lugar do outro, ou
no mínimo de termos a certeza de que a dor do outro não precisa ser a nossa para merecer
ser respeitada, cuidada e dissolvida através da mudanças de padrões comportamentais.
No Bairro Forquilhinhas, na cidade de São José, está sendo criado um projeto que
propõe a implantação de atividades para os alunos como a Biodanza. Partindo de uma
abordagem fenomenológica, a Biodanza, enquanto sistema de integração humana,
contextualiza com os aspectos históricos e sociais que permeiam sua origem, bem como a
reflexão sobre seus conceitos fundamentais: dança, movimento integrativo, vivência,
princípio biocêntrico, inconsciente vital, contato. O intuito é que alunos voluntários se
apoderem através do compartilhar, momentos de crescimento e autoconhecimento.
4. ANALISES E RESULTADOS
... Toda relação com o saber é também uma relação consigo próprio: através do
“aprender”, qualquer que seja a figura sob a qual se aprende, sempre está em
jogo a construção de si mesmo e seu eco reflexivo, a imagem de si. A criança e o
adolescente aprendem para conquistar sua independência e para tornar-se
“alguém”. Sabe-se que o sucesso escolar produz um potente efeito de segurança
e de reforço narcísico, enquanto que o fracasso causa grandes estragos na relação
consigo mesmo. (CHARLOT, BERNARD,2000, p.72)
2. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os ‘fins’ do trabalho docente é um tema que por vezes pode nos causar desconforto,
enquanto docentes. Eles não se limitam tão somente aos resultados que queremos obter
com os alunos, pois no decorrer de todo processo, ocorrem mudanças na aprendizagem, de
acordo, por exemplo, com as vivências individuais.
Nosso trabalho apesar de regulado, controlado por programas oficiais, precisa
manter certa autonomia e principalmente responsabilidade pessoal. Planejar envolve
escolha, atitude, intencionalidade. Só avalia bem, se planeja bem. Devendo nossos
planejamentos serem coordenados e organizados de acordo com os objetivos propostos,
pois direcionam, tomadas de decisão sobre as ações e as opções. Tudo isso deve passar por
um processo de reflexão.
Não, entender a realidade de onde se trabalha, facilita em muito, outros problemas
adjacentes como: salas lotadas, defasagens de aprendizagem, baixos salário, questões
sociais e muito trabalho em casa. Só assim serem avaliados os tão almejados objetivos,
bem como os conteúdos, adequados as comunidades as quais serão aplicados.
Para que isso ocorra os objetivos devem ser protagonistas, parte ativa de todo o
processo de ensino e aprendizagem, valorizando as relações entre o conteúdo a ser
ensinado e aprendido, com equilíbrio nas abordagens didáticas, que devem ser
constantemente interpretadas e adaptadas, para quebrar, entre outras coisas a ausência de
vínculos entre as disciplinas e todos os profissionais da educação e a hierarquização dos
mesmos.
As próprias relações entre esses profissionais, que atendem vários interesses,
mantêm os professores à distância uns dos outros e dificultam, a pesar do próprio esforço
individual de cada educador, a realização dos objetivos escolares coletivos.
Antes da criação dos “meios” para chegarmos aos “fins”, a representação mental
dos mesmos, necessita da colaboração de todos os envolvidos nesse processo, sendo o
professor, o principal mandatário nessa organização para que a escola atinja seus objetivos,
pois é a ponte entre a escola e o aluno.
O que nos leva a refletir sobre que tipo de sujeito a escola atual deve formar?
Acredito que um sujeito crítico autônomo, capaz de perceber as necessidades para o bem
comum e ter desenvolvido habilidades e competências que o levem a agir como um agente
transformador do meio em que vive.
Se faz necessário uma nova adequação das relações de experiências entre
professores novos e antigos, professores e auxiliares de ensino, favorecendo mudanças
necessárias dentro do nosso papel enquanto educadores para promovermos uma reflexão
de todo o processo educacional, para ai sim alcançarmos os objetivos almejados.
3. REFERÊNCIAIS