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Governador

Cid Ferreira Gomes

Vice Governador
Domingos Gomes de Aguiar Filho

Secretária da Educação
Maria Izolda Cela de Arruda Coelho

Secretário Adjunto
Maurício Holanda Maia

Secretário Executivo
Antônio Idilvan de Lima Alencar

Assessora Institucional do Gabinete da Seduc


Cristiane Carvalho Holanda

Coordenadora da Educação Profissional – SEDUC


Andréa Araújo Rocha
SUMÁRIO
CONTEÚDO

Unidade I

Capítulo 1 - conceitos fundamentais da economia

1 Conceitos de Economia

2 Questão de Escassez

3 Sistemas Econômicos

3.1 Sistema de concorrência pura

3.2 Sistema de mercado misto

4 Funcionamento de uma economia centralizada

Unidade II

Capítulo 2 - mercado

1 Demanda

1.2 Curva de demanda

2 Oferta

2.1 Curva de oferta

3 Equilíbrio de mercado competitivo

4 Elasticidade

4.1 Elasticidade-preço da demanda

4.2 Elasticidade-preço da oferta

5 Estrutura de mercado

5.1 Monopólio

5.2 Oligopólio

6 Sistema de contas nacionais

6.1 Produto bruto e produto líquido

6.2 Produto interno e produto nacional

Unidade III

1 O balanço de pagamentos

2 A taxa de câmbio

Unidade IV

1 A moeda: conceito e funções

2 Os agregados monetários

3 O Banco Central

4 Os coeficientes de comportamento e o multiplicador dos meios de pagamento

5 Os determinantes do comércio internacional


Unidade V

Capítulo 5 - inflação

1 Tipos de inflação

2 Principais índices de preços no Brasil

2.1 IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

2.2 Fundação Getúlio Vargas

3 As distorções e as consequências das altas taxas de inflação

Unidade VI

Capítulo 6 - políticas econômicas

1 Política monetária

1.1 Depósitos compulsórios

1.2 Operações de mercado aberto

1.3 Regime de metas para Inflação

1.4 Comitê de Política Monetária (COPOM)

1.5 Formação da taxa de juros

2 Política fiscal

3 Política cambial

3.1 Câmbio fixo: câmbio e currency board

3.2 Taxa de câmbio fixa

3.3 Taxa de câmbio flutuante

3.4 Bandas cambiais

Unidade VII

Capítulo 7 - sistema financeiro nacional

1 Estrutura do Sistema Financeiro Nacional

1.1 Subsistema normativo

1.2 Subsistema de intermediação

1.3 Entidades especiais

Referências Bibliográficas
UNIDADE I

CAPÍTULO 1 - CONCEITOS FUNDAMENTAIS DA ECONOMIA

1. CONCEITO DE ECONOMIA

Economia é a ciência social que estuda a produção, distribuição, e consumo de bens e


serviços. O termo economia vem do grego para oikos (casa) e nomos (costume ou lei),
daí “regras da casa (lar).”

Ela estuda as formas de comportamento humano resultantes da relação entre as


necessidades dos homens e os recursos disponíveis para satisfazê-las. Assim sendo,
esta ciência está intimamente ligada à política das nações e à vida das pessoas, sendo
que uma das suas principais funções é explicar como funcionam os sistemas
econômicos e as relações dos agentes econômicos, propondo soluções para os
problemas existentes.

A ciência econômica está sempre analisando os principais problemas econômicos: o


que produzir, quando produzir, em que quantidade produzir e para quem produzir.
Cada vez mais, esta ciência é aplicada a campos que envolvem pessoas em decisões
sociais, como os campos religioso, industrial, educação, política, saúde, instituições
sociais, guerra, etc.

2. ESCASSEZ (ECONOMIA)

Em economia, escassez é um termo que descreve uma disparidade entre a quantidade


demandada de um produto ou serviço e o montante fornecido no mercado.
Especificamente, a escassez ocorre quando há excesso de demanda e, portanto, é o
oposto de um excedente .

Escassez econômica está fortemente relacionada ao preço de um produto ou item,


pois, quando este está abaixo do preço corrente determinado pela oferta e demanda,
haverá uma escassez do item subvalorizado. Na maioria dos casos, a escassez obriga as
empresas a aumentar o preço de um produto até que ele atinja o equilíbrio de
mercado. Às vezes, porém, as forças externas causam um prolongamento da escassez
em outras palavras, há algo impedindo o aumento dos preços ou o equilíbrio da oferta
e da demanda .

No uso comum, a "escassez" pode se referir a uma situação em que a maioria das
pessoas são incapazes de encontrar um bem desejado a um preço acessível. Para o
aproveitamento econômico de "escassez", no entanto, a disponibilidade de um bem
para a maioria das pessoas não é uma questão: Se as pessoas desejam ter um certo
bem, mas não podem pagar o preço de mercado, seu desejo não é contado como
parte da demanda.
2.1 EFEITOS

No caso de intervenção governamental no mercado, há sempre um trade-off, com


efeitos positivos e negativos. Por exemplo, estabelecer um preço máximo a um
determinado produto pode provocar uma escassez, mas irá permitir que uma
determinada parcela da população adquira um produto que possivelmente não iriam
conseguir arcar em decorrência do custo. Escassez econômica é geralmente vista como
um fenômeno indesejável, uma vez que leva à ineficiência econômica. Na ausência de
um mecanismo de preços, os recursos são menos propensos a serem distribuídos de
acordo com a utilidade das pessoas. Os custos de transação e os custos de
oportunidade, também significam desperdícios no processo de distribuição. Ambos
esses fatores contribuem para uma diminuição na riqueza agregada.

Mas em geral, independentemente de sua causa, a escassez pode resultar em:

• Surgimento de mercados negros - os mercados ilegais nos quais os produtos


que não estão disponíveis nos mercados convencionais são vendidos, ou em
que os produtos com excesso de demanda são vendidos a preços mais elevados
do que no mercado convencional.
• Controles artificiais sobre a demanda, como o racionamento.

• Métodos não monetários de negociação, como tempo (por exemplo, filas), o


nepotismo, ou até mesmo violência.

• A discriminação de preços.

• A incapacidade de adquirir um produto.

2.2 EXEMPLOS DE ESCASSEZ

União Soviética

Na antiga União Soviética durante a década de 1980, os preços estavam artificialmente


baixos por decreto. Cidadãos soviéticos esperavam na fila para adquirir vários
produtos e serviços que tinham seus preços controlados, tais como carros,
apartamentos, ou alguns tipos de roupas. Do ponto de vista de quem espera na fila,
essas mercadorias eram "escassas", e alguns deles estavam dispostos a pagar mais do
que o teto oficial dos preços, mas foram legalmente proibidos de fazê-lo. Este método
para determinar a alocação de bens escassos é conhecido como um "racionamento" .

Brasil

Durante o Plano Cruzado no Brasil houve a tática de Congelamento de preços . O plano


começou a fracassar exatamente devido ao desequilíbrio dos preços relativos da
economia. Por não equalizarem o valor presente dos preços, muitos produtores que
corrigiam seus preços entre dia 1 a 15 dos mês, ficaram com o preço tabelado abaixo
da rentabilidade desejada ou até mesmo abaixo do custo de produção: algo que ou
inviabilizava a venda dos produtos para o consumo, ou levava a uma queda na sua
qualidade. Saíram beneficiadas, as empresas que reajustaram seus preços nos dias
anteriores ao plano.

Como o congelamento não permitiu o ajuste dos preços sujeitos à sazonalidade, houve
um desequilíbrio de preços. E como resultado disso, vieram o desabastecimento de
bens e o surgimento de ágio para compra de produtos escassos, principalmente os que
se encontravam na entressafra (carne e leite) e de mercados oligopolizados
(automóveis).

3. O FUNCIONAMENTO DO SISTEMA ECONÔMICO

Qualquer que seja a forma de organização da atividade econômica de uma


comunidade – economia de mercado, economia planificada centralmente ou um
sistema misto -, os seus objetivos são muito semelhantes: busca-se otimizar a
satisfação do individuo, de um lado e, de outro, maximizar a eficiência produtiva.

Esta operacionalidade do sistema econômico deve ser analisada com base em todos
os fatores e forças que interferem nos fluxos de mobilização de recursos e de
produção dos bens e serviços oferecidos e demandados (consumidos).

Podemos, pois, entender o sistema econômico como a forma pela qual a sociedade se
organiza, visando solucionar os seus problemas de produção, circulação e distribuição
de riqueza.

A forma como a sociedade irá conduzir a solução das questões “o que e quanto
produzir”, “como produzir” e “para quem produzir” dependerá da sua própria
organização social e econômica, apoiada em distintas concepções filosóficas e
políticas.

Assim, em algumas sociedades será o livre mecanismo das forças de mercado que irá
determinar o que, quanto, como e para quem produzir; em outras, no entanto, a
decisão sobre tais questões competirá a uma agência ou órgãos de planificação
central. E outras sociedades operarão sob a forma de um sistema misto.

Os três sistemas econômicos mais representativos nos dias de hoje são:

1) os sistemas de livre iniciativa empresarial;


2) os sistemas de planificação central da economia;
3) os sistemas mistos.
Estes sistemas são resultado da evolução por que passaram as formas de organização
da atividade econômica, em busca do sistema ideal de eficiência produtiva aliada a
uma eficiência distributiva da produção.

Este ciclo evolutivo, iniciado por um sistema em que prevalecia a tradição e


autoridade, passa pelo mercantilismo, pelo liberalismo que antecedeu a concepção
socialista e prossegue rumo a uma combinação que elimine as ideias radicais das duas
formas de organização prevalecente nas economias modernas.

3.1 SISTEMA DE LIVRE INICIATIVA EMPRESARIAL

Neste sistema impera a propriedade privada dos bens de produção, ao lado de


decisões sobre o que e quanto produzir fundamentadas no mercado e nos preços. As
atividades econômicas são, portanto, dirigidas e controlada unicamente por empresa
privadas, que competem entre si. Daí a alcunha de “economia de mercado”, porque o
mercado é o habitat natural das empresas.

As empresas estariam dispostas a oferecer seus produtos à medida que houvesse


possibilidades de obtenção de lucros. Ao lado da propriedade privada dos meios de
produção, os lucros seriam a segunda grande determinante de uma filosofia liberal.

A perspectiva de lucro resume-se, portanto, à oferta de bens no mercado. Essa oferta


se orientaria pela demanda de bens que suprissem as necessidades dos indivíduos. É
de se supor, então, que o livre jogo da oferta e da procura, em que imperasse a livre
concorrência, seria fundamental para a operação da atividade econômica.

Nestas circunstâncias, a intervenção do Estado seria perturbadora e prejudicial. Ao


Estado competiria zelar pelo livre funcionamento do mecanismo dos preços e do
mercado, sem interferir em nenhum aspecto de produção.

Neste sistema, a decisão sobre “o que e quanto produzir” seria tomada pelos
consumidores e produtores; a decisão sobre o “como produzir” seria determinada pela
competição entre os produtores, em busca de maior produtividade e redução de
custos; a
questão sobre “como distribuir” seria solucionada pela capacidade de aquisição dos
bens produzidos, Isto é, cada indivíduo irá apossar-se da quantidade de bens e serviços
conforme sua disponibilidade de recursos financeiros.

3.2 SISTEMA DE PLANIFICAÇÃO CENTRAL DA ECONOMIA


Por este sistema, as respostas às questões básicas competem ao Estado, que se
encarregaria de direcionar e controlar o processo produtivo, através de empresas
públicas.

Este direcionamento e controle far-se-ia com base nos interesses coletivos, que
prevaleceriam sobre os individuais.

Desaparecem, segundo esta ordem econômica, a propriedade privada dos meios de


produção e a instituição do lucro. A meta não é obtenção de lucros, mas proporcionar
o máximo de bem-estar geral. Todos o meios de produção seriam socializados, isto é,
de propriedade coletiva, administrada pelo Estado.

Um complexo sistema de planificação determinaria “o que produzir” prioritariamente.


Todas as possibilidades de produção seriam equacionadas e utilizadas de forma a
obter um aproveitamento integral de todos os recursos na solução do problema “como
produzir”. A questão “para quem produzir”, que traz em si o problema da distribuição
da renda, seria solucionada pela quantidade e qualidade do trabalho executado,
independentemente das necessidades do trabalhador.

O Estado se encarregaria de proporcionar, a preços baixos ou gratuitamente, os


serviços básicos relacionados à saúde, educação, transporte e moradia, assegurando a
todos o direito inalienável ao trabalho. A participação ativa de todos os trabalhadores
no processo econômico substituiria a competição entre as unidades produtivas, no
sentido prevalecente no regime de livre iniciativa.

3.3 SISTEMAS MISTOS

Não se nota, nem nunca se notou, o funcionamento pleno de formas puras de


economia de mercado ou de economias socialistas. A intervenção do Estado se
processa até mesmo em economias tipicamente capitalistas e em economias
socialistas existem certas formas de propriedade privada da terra.

Observa-se, nos sistemas mistos, a coexistência entre o setor público e o setor privado.
Muitos aspectos da economia são controlados pelo Estado, mediante leis, decretos,
regulamentos, portarias, etc. Através de criação de empresas ou de subsídios, controle
de créditos, incentivos fiscais e outras formas, o Estado praticamente decide “o que e
quanto produzir?” de vários setores da economia. O “como produzir?” se dá
primordialmente no setor privado, atendendo aos ditames da concorrência. A questão
“para quem produzir?” é respondida, de modo geral, pelo livre mecanismo dos preços,
porém o Estado se encarrega de proporcionar alimentação, ensino, hospitalização,
assistência jurídica e outros serviços às camadas inferiores de renda.
Além disso, o Estado controla certos preços e impõe determinados padrões de
remuneração (salário mínimo, por exemplo) e recolhimentos compulsórios (os
encargos sociais de uma folha de pagamentos, por exemplo).

4. BENS

4.1 Bem é tudo aquilo que satisfaz direta ou indiretamente os desejos e necessidades
dos seres humanos.

4.2 Tipos de bens

a) SEGUNDO SEU CARÁTER:

a.1) LIVRES – são ilimitados em quantidade ou muito abundantes e não são


apropriáveis.

a.2) ECONÔMICOS - são escassos, em quantidade, dada a sua procura, são


apropriáveis.

Os bens econômicos caracterizam-se, pela utilidade, pela escassez e por serem


transferíveis.

São o objeto de estudo da Economia.

b) SEGUNDO SUA NATUREZA:

b.1) DE CAPITAL – não atendem diretamente às necessidades humanas.

b.2) DE CONSUMO – destinam-se à satisfação direta das necessidades humanas.

b.3) DURADOUROS – permitem uso duradouro.

b.4) NÃO-DURADOUROS – acabam em pouco tempo.

c) SEGUNDO SUA FUNÇÃO:


c.1) INTERMEDIÁRIOS – devem sofrer novas transformações antes de se converterem
em bens de consumo.

c.2) FINAIS – já sofreram as transformações necessárias para seu uso ou consumo.

Os BENS podem ainda se classificar em privados e públicos.

4.3 BENS PRIVADOS – são os produzidos e possuídos privadamente.

4.4 BENS PÚBLICOS - são aqueles cujo consumo é feito simultaneamente por vários
sujeitos, por exemplo, um parque público.

5. SERVIÇOS

O trabalho, quando não destinado à criação de bens, isto é, de objetos materiais, visa à
produção de serviços. O trabalho de serviços pode estar relacionado com a
distribuição de produtos, como o realizado por um agente de vendas, ou um
transportador; com atividades que satisfazem as necessidades culturais, como as
realizadas por um professor ou um artista de cinema, um escritor ou um cantor; ou
com outros tipos de atividades, tais como os serviços oferecidos por um banco ou uma
companhia de seguros, todas essas atividades constituem o que se denomina serviços.

6. RECURSOS OU FATORES DE PRODUÇÃO

Para a satisfação das necessidades humanas é necessário produzir bens e serviços.


Para isso, exige-se o emprego de recursos produtivos.

6.1 O FATOR PRODUTIVO TRABALHO é a parte da população que desenvolve as


tarefas produtivas.

(população é um conjunto de seres humanos que vivem em uma área determinada).

6.2 POPULAÇÃO

6.3 População Ativa – A que intervém no processo produtivo.

6.4 Empregados

6.5 Empregados no sentido estrito – têm um trabalho remunerado ainda que estejam
afastados por doença.
6.6 – Empregados ativos marginais – fazem trabalhos periódicos.

6.7 – Desempregados- Reúnem as condições de idade e capacidade física e mental


para trabalhar, mas não trabalham.

6.8 – População inativa – a que somente consome:

• Aposentados;
• Estudantes;
• Donas de casa;
• Incapacitados para trabalhar.

6.9 FATOR PRODUTIVO CAPITAL

Enquanto os bens de consumo e orientam para a satisfação direta das necessidades


humanas, os bens de capital, não estão concebidos para satisfazer diretamente às
necessidades humanas, mas para serem utilizados na produção de outros bens.

O capital empregado na produção pode dividir-se em capital fixo e capital circulante.

6.10 TIPOS DE CAPITAL

a. Capital físico ou real

a.1 CAPITAL FIXO – consiste em todo tipo de instrumentos empregados na produção,


como edifícios e maquinaria.
Dura vários ciclos de produção.

a.1.1 CAPITAL CIRCULANTE – consiste nos bens em processo de preparação para o


consumo, basicamente matérias-primas e estoques.

a.2 CAPITAL HUMANO - educação, formação profissional e experiência, em geral, tudo


que eleva a capacidade produtiva dos seres humanos.

a.3 CAPITAL FINANCEIRO – fundos disponíveis para a compra de capital físico.

6.11 COMPOSIÇÃO DO SISTEMA ECONÔMICO


Setor primário – constituído pelas unidades produtoras que utilizam intensamente os
recursos naturais (atividades agrícolas, pecuárias e extrativas).

Setor secundário – constituído pelas unidades produtoras dedicadas as atividades


industriais, através das quais os bens são transformados. Caracteriza-se pela utilização
do fator de produção “Capital”. Ex: industrias de automóveis, refrigerantes e roupas.

Setor terciário – formado pelas unidades produtoras que prestam serviços, (bancos,
hospitais, comércio).

6.12 FLUXOS FUNDAMENTAIS

O funcionamento do sistema econômico caracteriza-se, de um lado, pela atividade de


obtenção de recursos (ou fatores) de produção em si e, de outro, pela obtenção de
recursos financeiros e sua utilização.

Durante o processo de produção, em que são obtidos bens e serviços, as unidades


produtoras remuneram os fatores de produção por elas empregados: pagam salários
aos seus trabalhadores, aluguel pelas instalações que ocupam, distribuem lucros aos
seus proprietários. Essa remuneração é recebida pelos proprietários dos fatores de
produção e permite-lhes adquirir os bens e os serviços de que necessitam.

Este é um aspecto fundamental do sistema econômico, e que garante sua eficiência: a


unidade produtora, ao mesmo tempo em que produz bens e serviços, remunera os
fatores de produção por ela empregados, permitindo que as pessoas adquiram bens e
serviços produzidos por ela e por todas as outras unidades produtoras.

Uma pessoa que trabalha em uma fábrica de roupas, por exemplo, não vai adquirir
apenas o produto de seu trabalho (as roupas) com o salário que recebe. Precisa
também, comprar alimentos, alugar ou comprar uma casa, tomar condução etc. É
através da remuneração de sua força de trabalho (fator de produção que concorreu
para a produção de roupas) que ela poderá adquirir as coisas de que necessita para
viver. Pode-se dizer, portanto, que num sistema econômico existem dois fluxos:

O primeiro é o fluxo real, formado pelos bens e serviços produzidos no sistema


econômico, que também recebe o nome de produto.

O segundo é o fluxo nominal ou monetário, formado pelo pagamento que os fatores


de produção recebem durante o processo produtivo, também denominado renda.
Esses dois fluxos têm um significado muito importante para a teoria econômica. O
fluxo real, formado pelos bens e serviços produzidos, constitui a oferta da economia,
ou seja, tudo aquilo que foi produzido e está à disposição dos consumidores. O fluxo
monetário, formado pelo total da remuneração dos fatores produtivos, é a demanda
ou procura da economia, ou seja, aquilo que as pessoas procuram para satisfazer suas
necessidades e desejos.

A oferta e a procura são as duas funções mais importantes de um sistema econômico.


Essas duas funções formam o mercado onde as pessoas que querem vender se
encontram com as pessoas que querem comprar.

É importante observar que o termo mercado, na Teoria Econômica, não significa


apenas o lugar físico onde as pessoas estão localizadas, como uma feira livre, por
exemplo. Seu significado é mais amplo. O termo mercado se refere a todas as compras
e vendas realizadas no sistema econômico, tanto de bens de consumo, intermediários
e de capital, como de serviços. Em suma, sintetiza a essência do sistema econômico,
em que as necessidades são satisfeitas através da venda e da compra de mercadorias e
serviços.

UNIDADE II

CAPÍTULO 2 - MERCADO

1. DEMANDA, OFERTA E EQUILÍBRIO DE MERCADO

Introdução

A utilidade representa o grau de satisfação que os consumidores atribuem aos bens e


serviços que podem adquirir no mercado. Ou seja, a utilidade é a qualidade que os
bens econômicos possuem de satisfazer as necessidades humanas. Como está baseada
em aspectos psicológicos ou preferências, a utilidade difere de consumidor para
consumidor (uns preferem uísque, outros, cerveja).

A teoria do valor-utilidade contrapõe-se à chamada teoria do valor-trabalho,


desenvolvida pelos economistas clássicos (Malthus, Adam Smith, Ricardo, Marx). A
teoria do valor-utilidade pressupõe que o valor de um bem se forma por sua demanda,
isto é, pela satisfação que o bem representa para o consumidor. Ela é, portanto,
subjetiva e considera que o valor nasce da relação do homem com os objetos.
Representa a chamada visão utilitarista, em que prepondera a soberania do
consumidor, pilar do capitalismo.
A teoria do valor-trabalho considera que o valor de um bem se forma do lado da
oferta, por meio dos custos do trabalho incorporados ao bem. Os custos de produção
eram representados basicamente pelo fator mão de obra, em que a terra era
praticamente gratuita (abundante) e o capital pouco significativo. Pela teoria do valor-
trabalho, o valor do bem surge da relação social entre homens, dependendo do tempo
produtivo (em horas) que eles incorporavam na produção de mercadorias. Nesse
sentido, a teoria do valor -trabalho é objetiva (depende de custos de produção).

A teoria do valor-utilidade veio complementar a teoria do valor-trabalho, pois não era


mais possível predizer o comportamento dos preços dos bens apenas com base nos
custos da mão de obra (ou mesmo custos em geral) sem considerar o lado da demanda
(padrão de gostos, hábitos, renda e outros).

Utilidade total e utilidade marginal

Ao final do século passado, alguns economistas elaboraram o conceito de utilidade


marginal e dele derivaram a curva da demanda e suas propriedades. Tem-se que a
utilidade total tende a aumentar quanto maior a quantidade consumida do bem ou
serviço.

Entretanto, a utilidade marginal, que é a satisfação adicional (na margem) obtida pelo
consumo de mais de uma unidade do bem, é decrescente, porque o consumidor vai
perdendo a capacidade de percepção da utilidade proporcionada por mais uma
unidade do bem, chegando à saturação.

O chamado paradoxo da água e do diamante ilustra a importância do conceito de


utilidade marginal. Por que a água, mais necessária, é tão barata, e o diamante,
supérfluo, tem preço tão elevado? Ocorre que a água tem grande utilidade total, mas
baixa utilidade marginal (é abundante), enquanto o diamante, por ser escasso, tem
grande utilidade marginal.

1.2 DEMANDA DE MERCADO

A demanda ou procura pode ser definida como a quantidade de certo bem ou serviço
que os consumidores desejam adquirir em determinado período de tempo.

A procura depende de variáveis que influenciam a escolha do consumidor. São elas:

- o preço do bem ou serviço;


- o preço dos outros bens ou serviços;
- a renda do consumidor;
- o gosto ou preferência do indivíduo.

Relação entre quantidade procurada e preço do bem: a lei geral da demanda.

Essa relação quantidade procurada/preço do bem pode ser representada por uma
escala de procura ou curva de procura.

Tabela – Escala de procura

Outra forma de apresentar essas diversas alternativas é pela curva de procura. Para
tanto, traçamos um gráfico com dois eixos, colocando no eixo vertical os vários preços
P, e no horizontal as quantidades demandadas Q :
Os economistas supõem que a curva ou a escala de procura revelam as preferências
dos consumidores, sob a hipótese de que estão maximizando sua utilidade, ou grau de
satisfação no consumo daquele produto. Ou seja, subjacente à curva há toda uma
teoria de valor, que envolve, como vimos, os fundamentos psicológicos do
consumidor.

A curva de procura inclina-se de cima para baixo, no sentido da esquerda para a


direita, refletindo o fato de que a quantidade procurada de determinado produto varia
inversamente com relação a seu preço.

A curva de demanda é negativamente inclinada devido ao efeito conjunto de dois


fatores:

o efeito substituição e o efeito renda. Se o preço de um bem aumenta, a queda da


quantidade demandada será provocada por esses dois efeitos somados:

Efeito substituição: se um bem A possui um bem substituto B, ou seja, Outro bem


similar que satisfaça a mesma necessidade, quando o preço do bem A aumenta,
coeteris paribus, o consumidor passa a adquirir o bem substituto (o bem B), reduzindo
assim a demanda do bem A. Ex: se o preço da caixa de fósforos subir demasiadamente,
os consumidores passarão a demandar isqueiros, reduzindo assim sua demanda por
fósforos;

Efeito renda: quando aumenta o preço de um bem A, tudo o mais constante (renda do
consumidor e preços de outros bens estando constantes), o consumidor perde poder
aquisitivo, e a demanda por esse produto A diminui. Assim, embora seu salário
monetário não tenha sofrido nenhuma alteração, eu salário “real”, em termos de
poder compra, foi corroído.

Outras variáveis que afetam a demanda de um bem

Efetivamente, a procura de uma mercadoria não é influenciada apenas por seu preço.
Existe uma série de outras variáveis que também afetam a procura.

Se a renda dos consumidores aumenta e a demanda do produto também, temos um


bem normal.

Existe também uma classe de bens que são chamados bens inferiores, cuja demanda
varia em sentido inverso às variações da renda; por ex, se o consumidor ficar mais rico,
diminuirá o consumo de carne de segunda e aumentará o consumo de carne de
primeira.

Temos ainda o caso de bens de consumo saciado, quando a demanda do bem não é
influenciada pela renda dos consumidores ( como arroz, farinha, sal).

A demanda de um bem ou serviço também pode ser influenciada pelos preços de


outros bens e serviços. Quando há uma relação direta entre preço de um bem e
quantidade de outro, coeteris paribus, eles são chamados de bens substitutos ou
concorrentes, ou ainda sucedâneos. Por ex, um aumento no preço da carne deve
elevar a demanda de peixe, tudo o mais constante. Quando há uma relação inversa
entre o preço de um bem e a demanda de outro, eles são chamados de bens
complementares (por ex, quantidade de automóveis e o preço da gasolina, quantidade
de camisas sociais e preço de gravatas).

Finalmente, a demanda de um bem ou serviço também sofre a influência dos hábitos e


preferências dos consumidores. Os gastos em publicidade e propaganda objetivam
justamente aumentar a procura de bens e serviços influenciando preferências e
hábitos.

Além das variáveis anteriores, que se aplicam ao estudo da procura pela maior parte
dos bens, alguns produtos são afetados por fatores mais específicos, como efeitos
sazonais e localização do consumidor, ou fatores mais gerais, como condições de
crédito, perspectivas da economia, congelamentos ou tabelamentos de preços e
salários.

Podemos então resumir as principais variáveis que afetam a demanda de determinado


bem ou serviço:

Demanda do bem X = F (preço de X, preços dos bens substitutos do bem , preço dos
bens complementares ao bem X, renda dos consumidores, preferências dos
consumidores).

2. OFERTA DE MERCADO

Pode-se conceituar oferta como as várias quantidades que os produtores desejam


oferecer ao mercado em determinado período de tempo. Da mesma maneira que a
demanda, a oferta depende de vários fatores; dentre eles:

- de seu próprio preço;


- do preço (custo) dos fatores de produção;

- alterações tecnológicas;

- número de empresas no mercado.

Diferentemente da função demanda, a função oferta mostra uma correlação direta


entre a quantidade ofertada e nível de preços, coeteris paribus. É a chamada lei geral
da oferta.

Podemos expressar uma escala de oferta de um bem X, ou seja, dada uma série de
preços, quais seriam as quantidades ofertada a cada preço:

Escala de oferta

Essa escala pode ser expressa graficamente:


A relação direta entre a quantidade ofertada de um bem e o preço desse bem deve-se
ao fato de que, um aumento do preço de mercado estimula as empresas a elevar a
produção; novas empresas serão atraídas, aumentando a quantidade ofertada do
produto.

Além do preço do bem, a oferta de um bem ou serviço é afetada pelos custos dos
fatores de produção (matérias-primas, salários, preço da terra), por alterações
tecnológicas e pelo aumento do número de empresas no mercado.

Da mesma forma, há uma relação direta entre a oferta de um bem ou serviço e o


número de empresas ofertantes do produto no setor.

3. EQUILÍBRIO DE MERCADO

A lei da oferta e da procura: tendência ao equilíbrio

A interação das curvas de demanda e de oferta determina o preço e a quantidade de


equilíbrio de um bem ou serviço em dado mercado.

Seja a Tabela abaixo representativa da oferta e da demanda do bem X:

Tabela – oferta e demanda do bem X

Como se observa na Tabela acima, existe equilíbrio entre oferta e demanda do bem X
quando o preço é igual a 6,00 unidades monetárias.

Na intersecção das curvas de oferta e demanda (ponto E), teremos o preço e a


quantidade de equilíbrio, isto é, o preço e a quantidade que atendem às aspirações
dos consumidores e dos produtores simultaneamente.
Se a quantidade ofertada se encontrar abaixo daquela de equilíbrio E (A, por ex.),
teremos uma situação de escassez do produto. Haverá uma competição entre os
consumidores, pois as quantidades procuradas serão maiores que as ofertadas.
Formar-se-ão filas, o que forçará a elevação dos preços, até atingir o equilíbrio, quando
as filas cessarão.

Analogamente, se a quantidade ofertada se encontrar acima do ponto de equilíbrio E


(B, por ex), haverá um excesso ou excedente de produção, um acúmulo de estoques
não programado do produto, o que provocará uma competição entre os produtores,
conduzindo a uma redução dos preços, até que se atinja o ponto de equilíbrio.

Como se observa, quando há competição tanto de consumidores como de ofertantes,


há uma tendência natural no mercado para se chegar a uma situação de equilíbrio
estacionário – sem filas e sem estoques não desejados pelas empresas.

Desse modo, se não há obstáculos para a livre movimentação dos preços, ou seja, se o
sistema é de concorrência pura ou perfeita, será observada essa tendência natural de
o preço e a quantidade atingirem determinado nível desejado tanto pelos
consumidores como pelos ofertantes. Para que isso ocorra, é necessário que não haja
interferência nem do governo nem de forças oligopólicas, que normalmente impedem
quedas de preços dos bens e serviços.

Interferência do governo no equilíbrio de mercado

O governo intervém na formação de preços e de mercado, quando fixa impostos, dá


subsídios, estabelece os critérios de reajuste do salário mínimo, fixa preços mínimos
para produtos agrícolas, decreta tabelamentos ou, ainda, congela preços e salários.

Estabelecimento de impostos

Embora seja tratado nos capítulos de Macroeconomia o papel do governo por meio
dos instrumentos da política tributária, é interessante observar o enfoque
microeconômico da tributação, que ressalta a questão da incidência do tributo, ou
seja, é sabido que quem recolhe a totalidade do tributo é a empresa, mas isso não
quer dizer que é ela quem efetivamente o paga. Assim, saber sobre quem recai
efetivamente o ônus do tributo é uma questão da maior importância na análise dos
mercados.

Os tributos podem ser impostos, taxas ou contribuições de melhoria. Os impostos


dividem-se em:
• Impostos indiretos: impostos incidentes sobre o consumo ou sobre as vendas. Ex:
Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), Imposto sobre Produtos
Industrializados (IPI);

• Impostos diretos: impostos incidentes sobre a renda e o patrimônio. Ex: Imposto de


Renda (IR) e Imposto Predial e Territorial Urbano IPTU).

Entre os impostos indiretos destacamos:

• Imposto específico: o valor do imposto é fixo, qualquer que seja o valor da unidade
vendida. Ex: para cada carro vendido, recolhe-se, a título de imposto, R$ 5.000 ao
governo (esse valor é fixo e independe do valor do automóvel);

• Imposto ad valorem: é um percentual (alíquota) aplicado sobre o valor da venda. Ex:


supondo a alíquota do IPI sobre automóveis de 10%, se o valor do automóvel for R$
50.000, o valor do IPI será de R$ 5.000; se seu valor aumentar para R$ 60.000, o valor
do IPI será de R$ 6.000. Assim, como se pode notar, a alíquota permanece inalterada
em 10%, enquanto o valor do imposto varia com o preço do automóvel.

No Brasil, há poucos impostos específicos, sendo a quase totalidade dos impostos


incidentes sobre o consumo do gênero ad valorem.

No ato do recolhimento, um aumento de impostos representa um aumento de custos


de produção para a empresa. Se ela quiser continuar vendendo as mesmas
quantidades anteriores, terá de elevar o preço de seu produto, ou seja, procurará
repassar o imposto para o consumidor. Caso contrário terá de reduzir seu volume de
produção.

Quanto mais competitivo ou concorrencial o mercado, maior a parcela do imposto


paga pelos produtores, pois eles não poderão aumentar o preço do produto para nele
embutir o tributo. O mesmo ocorrerá se os consumidores dispuserem de vários
substitutos para esse bem. Por outro lado, quanto mais concentrado o mercado – ou
seja, com poucas empresas - maior o grau de transferência do imposto para os
consumidores finais, que contribuirão com maior parcela do imposto.

A proporção do imposto paga por produtores e consumidores é a chamada incidência


tributária, que mostra sobre quem recai efetivamente o ônus do imposto.

Há uma diferença entre o conceito jurídico e o conceito econômico de incidência. Do


ponto de vista legal, a incidência refere-se a quem recolhe o imposto aos cofres
públicos; do ponto de vista econômico, diz respeito a quem arca efetivamente com o
ônus. Normalmente os impostos indiretos são recolhidos pelas empresas, mas elas
repassam parte do imposto, aumentando o preço do produto e assim onerando o
consumidor final.

Política de preços mínimos na agricultura

Trata-se de uma política que visa dar garantia de preços ao produto agrícola, com o
propósito de protegê-lo das flutuações dos preços no mercado, ou seja, ajudá-lo
diante de uma possível queda acentuada de preços e consequentemente da renda
agrícola. O governo, antes do início do plantio, garante um preço que ele pagará após a
colheita do produto. Se, por ocasião da colheita, os preços de mercado forem
superiores aos preços mínimos, o agricultor preferirá vendê-la no mercado. Contudo,
se os preços mínimos forem superiores aos preços de mercado, o produtor preferirá
vender sua produção para o governo ao preço anteriormente fixado. Nesse caso, com
o preço mínimo acima do preço de equilíbrio de mercado, haverá um excedente
adquirido pelo governo, que será utilizado como estoque regulador em momentos
subsequentes.

Nesse caso, o governo pode adotar dói tipos alternativos de políticas:

a) comprar o excedente (política de compras);

b) pagar subsídio no preço (política de subsídios): o governo deixa os produtores


colocarem no mercado toda a produção, o que provocará grande queda no preço pago
pelos consumidores. Os produtores receberão o preço mínimo, cabendo ao governo
bancar a diferença.

Tabelamento

Refere-se à intervenção do governo no sistema de preços de mercado visando:

• coibir abusos por parte dos vendedores;

• controlar preços de bens de primeira necessidade;

• refrear o processo inflacionário

Como foi adotado no Brasil (Planos Cruzado, Bresser), quando se aplicou o


congelamento de preços e salários.

4.CONCEITO DE ELASTICIDADE
Cada produto tem uma sensibilidade específica com relação às variações dos preços e
da renda. Essa sensibilidade ou reação pode ser medida por meio do conceito de
elasticidade. Genericamente, a elasticidade reflete o grau de reação ou sensibilidade
de uma variável quando ocorrem alterações em outra variável, coeteris paribus.

4.1 ELASTICIDADE-PREÇO DA DEMANDA

Este conceito diz qual foi a reação dos consumidores em relação a um aumento no
preço de um bem. Formalmente, a elasticidade-preço da demanda de um bem é a
razão entre a variação percentual verificada na quantidade demandada de um bem e a
variação percentual no preço desse bem.

Para que este conceito fique mais claro, considere a curva de demanda no gráfico
abaixo, que representa a curva de demanda por carne:

Curva de demanda por carne

Suponhamos que os consumidores estejam sobre o ponto A na curva de demanda,


onde adquirem, ao preço de R$ 200,00, 5 Kg por semana. Consideremos, agora, que o
preço da carne suba para R$ 300,00 e verifiquemos, com o auxílio do conceito de
elasticidade, qual será a reação dos consumidores a esse aumento de preço. Como
pode ser visto na figura, os consumidores passaram para o ponto B sobre a curva de
demanda, adquirindo apenas 3 Kg por semana. Vamos calcular, então a elasticidade-
preço da demanda da carne.
A variação percentual na quantidade demandada é obtida através do emprego da
fórmula #Q/Q. #Q é igual à variação da quantidade, partindo da quantidade final;
#Q/Q = 3 – 5/5 = -2/5 = -0,4 = 40%.

Portanto, a diminuição percentual na quantidade demandada decorrente do aumento


de preço foi de 40%.

A variação percentual no preço é calculada pela fórmula #P/P. #P é a variação no


preço, partindo-se do preço final; #P/P = 300 – 200/200 = 100/200 = 0,5 = 50%.

Portanto, a elevação percentual no preço foi de 50%.

Finalmente, a elasticidade-preço da demanda por carne é:

EP = #Q/Q//#P/P = -0,4/0,5 = -0,8

A elasticidade é um conceito que mede a reação do consumidor às variações de preços


em termos percentuais. Assim, em nosso exemplo:

O preço da carne aumento 50%, de R$ 200,00 para R$ 300,00. Os consumidores


reagiram a esse aumento diminuindo a quantidade demandada em 40%, ou seja, de 5
KG para 3 Kg por semana. A elasticidade-preço da demanda é –0,8, que é o resultado
da divisão de – 0,4 por 0,5. O sinal negativo que surge na elasticidade indica a lei da
demanda, isto é, a relação inversa existente entre as variações de preço e as variações
nas quantidades demandadas. De fato, um aumento de 50% no preço causa uma
redução de 40% na quantidade demandada.

Pelo exemplo acima temos como resultado –0,8 que é menor que 1 (UM), porém
poderia ser igual a 1 (UM), ou ainda maior que 1 (UM). Isso nos remete aos conceitos
de demanda elástica, inelástica e de elasticidade unitária.

1. Demanda elástica – a variação da quantidade demandada supera a variação do


preço. Ocorre nas situações cuja elasticidade-preço da demanda é maior do que “1”.

Os consumidores desse produto têm grande reação ou resposta, nas quantidades, a


eventuais variações de preços. Em caso de aumentos de preços, diminui drasticamente
o consumo; quando há queda do preço de mercado, aumenta o consumo.
2. Demanda inelástica: ocorre quando uma variação percentual no preço provoca uma
variação percentual relativamente menor nas quantidades procuradas, Ocorre nas
situações cuja elasticidade-preço da demanda é menor do que “1”.

Nesse caso, um aumento ou redução, suponhamos de 10% nos preços, provoca uma
redução ou um aumento de 5% nas quantidades procuradas. Os consumidores desse
produto reagem pouco a variações dos preços, isto é, possuem baixa sensibilidade ao
que acontece com os preços de mercado.

3. Demanda de elasticidade-preço unitária: as variações percentuais no preço e na


quantidade são de mesma magnitude, porém em sentido inverso. Ocorre nas situações
cuja elasticidade-preço da demanda é igual a “1”.

Dada uma variação no preço do produto, o que acontecerá com a receita total do
produtor?

Tal resposta dependerá da reação dos consumidores, isto é, do grau de elasticidade-


preço da demanda.

Podem ocorrer três possibilidades:

a) demanda elástica – a redução no preço do bem tenderá a aumentar a receita total,


pois o aumento percentual na quantidade vendida será maior do que a redução
percentual do preço (trata-se de um mercado em que os consumidores têm demanda
bastante sensível a preços). Da mesma forma, um aumento de preço provocará
redução da receita total;

b) demanda inelástica – o raciocínio é inverso – aumento de preço provoca aumento


da receita total, e redução de preço provoca diminuição da receita total;

c) demanda de elasticidade unitária: aumento ou redução no preço não afetam a


receita total, já que o percentual de variação no preço corresponde a igual percentual
de variação na quantidade (em sentido contrário).

Incidência tributária e elasticidade-preço da demanda

O recolhimento de impostos aos cofres públicos é feito pelas empresas;entretanto,


isso não significa que ela efetivamente pagará a totalidade do imposto, pois pode
repassar parte do ônus para o consumidor final, via aumento de preços de seus
produtos. Assim sendo temos:
Quanto mais inelástica for a demanda do bem, maior será a proporção do imposto
repassada ao consumidor e menor a parcela paga pelo produtor. O consumidor não
tem muitas condições de diminuir o consumo do bem, provavelmente porque tem
poucos produtos substitutos. Trata-se de uma característica mais comum em
mercados em que a produção está concentrada em poucas empresas;

Quanto mais elástica for a demanda do bem, menor será a proporção do imposto
repassada ao consumidor e maior a parcela paga pelo produtor. Mercados com um
número bastante grande de empresa produtoras costumam apresentar esse
comportamento.

4.2 ELASTICIDADE-PREÇO DA OFERTA

O mesmo raciocínio utilizado para a demanda também se aplica à oferta, observando-


se, no entanto, que o resultado da elasticidade será positivo, pois a correlação entre
preço e quantidade ofertada é direta. Quanto maior o preço, maior a quantidade que o
empresário estará disposto a ofertar.

As elasticidades da oferta são menos difundidas que as da demanda. A elasticidade-


preço da oferta mais frequentemente estudada é a dos produtos agrícolas, sendo
inclusive apontada como a principal causa da inflação, de acordo com a chamada
corrente estruturalista.

Segundo essa tese, em países em via de desenvolvimento, a elasticidade da oferta de


produtos agrícolas seria inelástica, pouco sensível a variações de preços. Isso se deve à
estrutura fundiária na agricultura, pouco voltada a estímulos dados pela demanda (e,
portanto, de preços):

De um lado há latifúndios que estão mais preocupados com a especulação com terras
do que com a produtividade;

De outro, existem os minifúndios, que praticam uma agricultura apenas para sua
subsistência, não produzindo para o mercado.

5. ESTRUTURAS DE MERCADO

As várias formas ou estruturas de mercado dependem fundamentalmente de três


características:
a) número de empresas que compõem esse mercado;

b) tipo do produto (se as firmas fabricam produtos idênticos ou diferenciados);

c) se existem ou não barreiras à entrada (ao acesso) de novas empresas nesse


mercado.

No mercado de bens e serviços, as formas de mercado, segundo essas três


características, são as seguintes:

5.1 CONCORRÊNCIA PURA ou CONCORRÊNCIA PERFEITA

É um tipo de mercado em que há grande número de vendedores (empresas ), de tal


sorte que uma empresa, isoladamente, por ser insignificante, não afeta os níveis de
oferta de mercado e, consequentemente, o preço do produto.

Nesse tipo de mercado devem prevalecer as seguintes premissas:

• mercado atomizado, composto de grande número de empresas (número infinito de


firmas), como se fossem “átomos”;

• produtos homogêneos: não existe diferenciação entre produtos ofertados pelas


empresas concorrentes;

• não existem barreiras para o ingresso de empresas no mercado;

• transparência do mercado: todas as informações sobre lucros, preços etc. são


conhecidas por todos os participantes do mercado.

5.2 MONOPÓLIO

O mercado monopolista caracteriza-se por apresentar condições diametralmente


opostas às da concorrência perfeita.

Nele existe um único empresário (empresa) dominando inteiramente a oferta, de um


lado, e todos os consumidores, de outro. Não há, portanto, concorrência, nem produto
substituto ou concorrente. Nesse caso, ou os consumidores se submetem às condições
impostas pelo vendedor, ou simplesmente deixarão de consumir o produto.
Para que existam monopólios, deve haver barreiras que praticamente impeçam a
entrada de novas firmas (empresas) no mercado. Essas barreiras à entrada podem
advir das seguintes condições:

• Monopólio puro ou natural: ocorre quando o mercado, por suas próprias


características, exige elevado volume de capital. As empresas já instaladas operam
com grandes plantas industriais, com elevadas economias de escala e custos unitários
bastante baixos, o que possibilita a cobrança de preços relativamente baixos por seu
produto, o que acaba sendo uma grande barreira para a entrada de novos
concorrentes;

• Patentes: enquanto a patente não cai em domínio público, a empresa é a única que
detém a tecnologia apropriada para produzir aquele determinado bem;

• Controle de matérias-primas básicas: por exemplo, o controle das minas de bauxita


pelas empresas produtoras de alumínio;

• Monopólio institucional ou estatal: ocorre em setores considerados estratégicos ou


de segurança nacional, e, são protegidos pela legislação, por exemplo, energia,
comunicações, e petróleo. Isto ocorreu e ainda ocorre com muitos desses setores no
Brasil e no mundo.

5.3 OLIGOPÓLIO

O oligopólio é um tipo de estrutura de mercado que normalmente se caracteriza por


um pequeno número de empresas que dominam a oferta de mercado. É um tipo de
estrutura de mercado que pode ser definido de duas formas:

• oligopólio concentrado: pequeno número de empresas no setor, como exemplo


indústria automobilística;

• oligopólio competitivo: há um grande número de empresas, mas poucas dominam o


mercado, como exemplo indústria de bebidas.

O setor produtivo brasileiro é altamente oligopolizado, sendo possível encontrar


inúmeros exemplos: montadoras de veículos, setor de cosméticos, indústria de papel,
indústrias de bebidas, indústria química, indústria farmacêutica, dentre outras.

No oligopólio, podemos encontrar duas formas de atuação das empresas:


a) concorrem entre si, via guerra de preços ou de promoções (forma de atuação pouco
frequente);
b) formam cartéis, onde tanto as quantidades ofertadas como os preços são fixados
entre as empresas, determinando a política de preços para todas as empresas que
atuam naquele segmento de mercado.

5.4 CONCORRÊNCIA MONOPOLÍSTICA OU CONCORRÊNCIA IMPERFEITA

É uma estrutura de mercado, intermediária entre a concorrência perfeita e o


monopólio, mas que não se confunde com o oligopólio, pelas seguintes características:

• número relativamente grande de empresas produzindo um dado bem ou serviço,


com certo poder concorrencial, cada empresa produz um produto diferenciado, mas
com substitutos próximos;

• margem de manobra para fixação de preços não muito ampla, dado que os produtos
são diferenciados, e o consumidor tem opções de escolha, de acordo com sua
preferência. Como exemplo desse tipo de mercado, temos o mercado de sabonetes,
aspirinas, serviços médicos, odontológicos etc. portanto, é um modelo mais realista
que o de concorrência perfeita, que supõe produtos completamente homogêneos,
idênticos, sem diferenciação.

6. SISTEMAS DE CONTAS NACIONAIS


6.1 PRODUTO BRUTO E PRODUTO LÍQUIDO

6.2 PRODUTO INTERNO E PRODUTO NACIONAL


UNIDADE III

1. BALANÇO DE PAGAMENTOS

O balanço de pagamentos é o registro contábil de todas as transações de um país com


outros países do mundo. Assim, no balanço de pagamentos estão registradas todas as
importações que o Brasil faz de outros países, todas as exportações brasileiras, os
fretes pagos a navios estrangeiros, os empréstimos que o Brasil recebe em moeda
estrangeira, o capital das firmas estrangeiras que abrem filiais no Brasil, o capital das
firmas estrangeiras que saem do Brasil, entre outros.

Como pode-se concluir dos exemplos anteriores, no balanço de pagamentos estão


registradas todas as compras e vendas de moeda estrangeira. As compras de moedas
estrangeiras são efetivadas ou para importar mercadorias de outros países, ou para
pagar serviços prestados por estrangeiros a brasileiros, ou para que as firmas
estrangeiras possam enviar seus lucros aos países de origem, ou para pagamento de
juros de empréstimos estrangeiros, ou para pagamento de royalties e patentes a outras
nações do mundo. As vendas de moedas estrangeiras são efetivadas pelos
exportadores que receberam suas receitas em dólares pelas firmas estrangeiras que
estão montando filiais no Brasil e precisam de reais ou pelas entidades que receberam
empréstimos de outros países e precisam convertê-los em reais para realizar seus
pagamentos.

Todas as compras de moeda estrangeira são registradas no lado esquerdo do balanço


de pagamentos, isto é, são lançadas a débito. Por outro lado, todas as vendas de
moeda estrangeira são registradas no lado direito do balanço de pagamentos, isto é,
sã, lançadas a crédito.

Esquematicamente, teremos, então:

O total de compras de moeda estrangeira deve ser sempre exatamente igual ao total
de vendas de moeda estrangeira, pois, sempre que alguém está vendendo alguma
coisa, outra pessoa está comprando essa mesma coisa. Em outras palavras, o balanço
de pagamentos, assim como qualquer registro contábil , precisa estar sempre em
equilíbrio, ou seja, o montante de débitos deve sempre coincidir com o montante de
créditos, da mesma forma que qualquer registro contábil de lançamentos por partidas
dobradas.

Desse modo, apresentado, o balanço de pagamentos não fornece nenhuma


informação sobre o comércio internacional de uma nação. Na realidade, para Do lado
esquerdo – Débito Do lado direito - Crédito Compra de moeda estrangeira Venda de
moeda estrangeira que essas informações possam ser obtidas, é necessário subdividir
o balanço
de pagamentos em algumas categorias mais importantes. Geralmente, ele é dividido
em três grandes categorias relativas a três tipos de transações. Em primeiro lugar,
existe a chamada balança comercial, que registra todas as exportações de mercadorias
brasileiras e todas as importações de mercadorias do resto do mundo. Depois, existe a
chamada balança de serviços, que registra o montante pago pelo Brasil por serviços
prestados por estrangeiros, como serviços de transportes, serviços de assistência
técnica, os juros que o Brasil paga pelos empréstimos fornecidos por outras nações do
mundo, bem como os lucros remetidos pelas multinacionais aqui localizadas. Registra
também os recebimentos do Brasil por serviços prestados a estrangeiros. Dessa forma,
o balanço de pagamentos poderia ser representado como na Tabela a seguir:
A balança comercial e a balança de serviços, consideradas conjuntamente, formam a
chamada balança de transações correntes, a qual não registra os capitais das firmas
estrangeiras que entram e saem do Brasil, os empréstimos que o Brasil recebe de
entidades e nações internacionais, e outros. Todas essas transações que não se
referem à produção e venda de serviços ou bens, ou seja, todas as transações que não
se referem à produção corrente são registradas na terceira divisão do balanço de
pagamentos, a balança de capitais. Nessa balança, são registrados o capital das firmas
estrangeiras que ingressam no país, o capital estrangeiro que ingressa sob a forma de
empréstimos, os empréstimos de outros governos ao Brasil, os empréstimos do FMI,
entre outros.

Apesar de termos afirmado que o balanço de pagamentos está sempre em equilíbrio,


isto não significa de forma alguma que as diversas divisões do balanço de pagamentos
também estejam em equilíbrio; não é necessário que o montante de importações
brasileiras seja igual ao de exportações brasileiras, e que o montante de renda de
serviços pago aos brasileiros seja igual ao de serviços pago a estrangeiros, ou que o
montante de capital que ingressou no país seja igual ao que abandonou o país. O que
afirmamos é que a soma dos débitos das três balanças, conjuntamente, deve ser igual
à soma dos créditos das três balanças conjuntamente.

Um exemplo auxiliará na compreensão desse fato. Suponhamos que o Brasil tenha


exportado $ 15 bilhões durante um determinado ano, que neste mesmo ano tenha
importado $ 17 bilhões e que os serviços prestados pelo Brasil chegassem ao montante
de $ 3 bilhões, ao passo que os serviços de transporte e de juros devidos aos
estrangeiros fossem elevados a $ 5 bilhões. Neste caso, teríamos a situação mostrada
na Tabela abaixo.
Como afirmamos que o balanço de pagamentos está sempre em equilíbrio, isto é, que
sempre o montante de dólares recebidos precisa ser exatamente igual ao montante de
dólares pagos, o saldo devedor de $ 4 bilhões precisa ser coberto de alguma forma. Se
o Brasil importou $17 bilhões e pagou $ 5 bilhões de transportes, precisa de $ 22
bilhões para cobrir seus pagamentos. Recebeu pelas exportações $ 15 bilhões e pelos
serviços $ 3 bilhões, tendo um montante de $ 18 bilhões. Mas, para pagar $ 22 bilhões,
faltam ainda $ 4 bilhões.

Suponha que algumas firmas estrangeiras tenham ingressado no país e para isto
tenham vendido $ 1 bilhão em troca de reais para realizar suas compras no Brasil.
Faltam, mesmo assim, $ 3 bilhões. Uma das formas de cobertura desta diferença
poderia ser por meio de um empréstimo do FMl de, digamos, $ 1 bilhão. Outra forma
poderia ser por meio da venda de dólares que o governo possuísse em reserva
exatamente para essas situações. E, finalmente, $ 1 bilhão restante deveria ser obtido
por empréstimos tomados pelas firmas brasileiras no mercado financeiro internacional.

Dessa forma, portanto, estaria o balanço de pagamentos em equilíbrio. O superávit da


balança de capitais se compensa pelo déficit do balanço de transações correntes, como
não poderia deixar de ser, pois o montante de dólares pagos pelo Brasil precisava ser
exatamente igual ao montante de dólares recebidos pelo Brasil.

Cabem, agora, algumas explicações adicionais sobre o significado do saldo devedor da


balança de transações correntes, apresentado no exemplo anterior. Em primeiro lugar.
é muito comum falar em desequilíbrio no balanço de pagamentos ou em saldo
negativo desse saldo. Como ficou demonstrado, não pode existir desequilíbrio no
balanço de pagamentos, já que o montante de recebimentos é igual ao de
pagamentos. O que acontece é que na prática, por saldo devedor do balanço de
pagamentos quer se referir a saldo devedor na balança de transações correntes ou na
balança de capitais e não no balanço de pagamentos como um todo.
Em segundo lugar, é preciso compreender o significado do saldo negativo na balança
de transações correntes. Suponha que, no exemplo anterior, as relações apresentadas
se referissem somente ao comércio entre o Brasil e os Estados Unidos. Nesse caso, o
Brasil teria produzido um total de $18 bilhões ($15 bilhões de exportação e $ 3 bilhões
de serviços), isto é, teria auferido uma renda de $18 bilhões no comércio internacional.
Em troca dessa produção, entretanto, o Brasil recebeu $ 22 bilhões, isto é, $ 4 bilhões a
mais. Os Estados Unidos, por outro lado, produziram $ 22 bilhões e receberam
somente $18 bilhões, isto é, $ 4 bilhões a menos. Esses $ 4 bilhões de diferença são
renda dos Estados Unidos colocada à disposição da economia brasileira. É um
montante de renda que não foi consumido nos Estados Unidos, isto é, foi poupado,
mas que foi transferido para o Brasil. Trata-se, portanto, de uma transferência de
poupanças dos Estados Unidos para o Brasil.

Esse mesmo raciocínio pode ser explicado para as relações comerciais do Brasil com
todas as nações do mundo. Se houver um saldo negativo na balança de transações
correntes, trata-se de uma transferência de poupanças do resto do mundo para o
Brasil.

Em terceiro lugar, é necessário compreender como se relaciona o balanço de


pagamentos com as contas nacionais, analisadas na seção de macroeconomia. É
preciso lembrar que, quando medimos o produto nacional de uma nação, estamos
medindo a produção corrente de bens e serviços. Assim, a venda de uma casa
produzida há dois anos não entra no cômputo do produto. Analogamente, em relação
ao balanço de pagamentos, não são incluídos os itens que se referem à produção de
bens e serviços ou de renda relativa a períodos anteriores. Só deve ser incluída a
produção corrente de bens e serviços exportados. Se uma firma estrangeira, por
exemplo, transfere seu capital, isto é, suas máquinas para o Brasil, essa operação não
deve ser considerada no PIB, pois se trata da produção de anos passados. Se o Brasil
contrai empréstimos, estes não devem ser incluídos no PIB, pois não se trata de
produção. Conclusão: só devem ser incluídas no cômputo do PIE as transações
correntes e não as transações de capital, já que o PIE mede o produto corrente de uma
nação.

Formalmente, o PIB é definido como:


PIB = C+I+ G+X-M, em que:

C = montante de bens consumidos;


I = montante de investimentos;
G = despesas governamentais;
X = exportações;
M = importações.

A diferença de X - M é exatamente o saldo positivo ou negativo da balança de


transações correntes.
Agora pode-se dar uma nova explicação para o significado do saldo negativo na balança
de transações correntes. A condição de equilíbrio em macroeconomia é:

Demanda agregada = RN ou C+I+G+X-M=C+S+T, em que S é a poupança agregada, e T o


nível de arrecadação do governo.

Cortando C, vem:
I + G + X - M = S + T ou I = S + (T - G) + (M - Xl.
M - X é o saldo negativo da balança de transações correntes que é somado à poupança
interna (privada e pública), permitindo, portanto, um investimento maior.

Muitos países em desenvolvimento apresentam saldo negativo na balança de


transações correntes. Normalmente, esses países têm um volume de poupanças
pequeno, já que sua renda é pequena, e complementam a poupança interna com saldo
negativo na balança de transações correntes. Isso não significa que o saldo negativo
seja sempre favorável ao país subdesenvolvido: se o saldo negativo for compensado
pela entrada de capitais estrangeiros que venham a montar firmas no Brasil, por
exemplo, mais tarde serão remetidos os lucros dessas firmas para o país de origem.
Isso não constitui um problema muito grave no balanço de pagamentos, pois, se
houver escassez de divisas para a remessa dos lucros, quem pagará taxas de câmbio
mais elevadas serão as próprias firmas. Se o saldo negativo for coberto por
empréstimos, a situação pode ser mais prejudicial, pois os juros desse empréstimo
podem se tornar elevados, agravando num período posterior a situação da balança de
transações correntes.

Se essa situação for muito delicada, podem ser contraídos empréstimos a juros muito
altos e prazos muito curtos, o que fatalmente agravará a situação no ano seguinte.
De qualquer forma, um saldo negativo na balança de transações correntes representa
uma transferência de poupanças do resto do mundo para o Brasil. Além disso, é
necessário considerar custos desta transferência e suas consequências na situação do
balanço de pagamentos nos anos seguintes.

2. A TAXA DE CÂMBIO

Taxa de câmbio é o preço de uma unidade monetária de uma moeda em unidades


monetárias de outra moeda.
A taxa de câmbio pode ser definida em termos directos (ao incerto) ou em termos
indirectos (ao certo). A taxa de câmbio está definida em termos directos quando
exprime o preço de uma unidade monetária estrangeira em unidades monetárias de
moeda nacional (exemplo: a taxa de câmbio USD/EUR está definida de forma directa
para os habitantes da zona euro; ou está definida de forma indirecta para os
habitantes dos EUA).
A taxa de câmbio está definida de forma indirecta quando exprime o preço de uma
unidade monetária de moeda nacional em unidades monetárias de moeda estrangeira
(exemplo: taxa de câmbio EUR/USD está definida em termos indirectos para os
habitantes da zona euro, pois exprime o preço de 1 unidade monetária nacional, o
euro, em unidades monetárias de moeda estrangeira, o dólar).
A taxa de câmbio reflete, assim, o custo de uma moeda em relação a outra, dividindo-
se em taxa de venda e taxa de compra. Pensando sempre do ponto de vista do banco
(ou outro agente autorizado a operar pelo Banco Central), a taxa de venda é o preço
que o banco cobra para vender a moeda estrangeira (a um importador, por exemplo),
enquanto a taxa de compra reflete o preço que o banco aceita pagar pela moeda
estrangeira que lhe é ofertada (por um exportador, por exemplo).
Portanto, o câmbio é uma das variáveis mais importantes da macroeconomia,
sobretudo no que se refere ao comércio internacional. Quando se deseja negociar
ativos de um país para outro, quase invariavelmente temos de mudar a unidade de
conta do valor desses ativos – da moeda doméstica para a moeda estrangeira. Nesse
sentido, pode-se definir a taxa de câmbio de um país como o número de unidades de
moeda de um país necessário para se comprar uma unidade de moeda de outro país.
Em outras palavras, é o preço de uma moeda em termos de outra.

2.1 DIVISAS
A moeda transacionada no mercado de câmbio é chamada de divisas, geralmente
emitida por países de economia forte como Estados Unidos ou da Comunidade
Européia. O FMI possui a sua própria divisa chamada de Direito Especial de Saque
(DES). As moedas do ponto de vista estritamente cambial são classificadas em
"conversíveis" (tipicamente são as divisas), inconversíveis (tais como as moedas dos
países sul-americanos) e escritural ou de convênio (usada entre países de moedas
inconversíveis ou sem reservas internacionais, geralmente tendo o dólar como valor de
referência - chamando-se nesse caso de dólar-convênio).

2.2 ARRANJOS DE CÂMBIO


Existe uma variedade bastante ampla de diferentes arranjos de câmbio adotados pelos
países ao longo da história. Todos esses arranjos podem ser agrupados em dois
segmentos básicos: regimes cambiais fixos ou flutuantes. A diferença básica entre
esses dois regimes é que, enquanto no caso dos câmbios fixos a taxa de câmbio é
definida pelas autoridades monetárias nacionais, em câmbios flutuantes essa mesma
taxa é formada no mercado cambial através dos movimentos de oferta e demanda por
ativos em moeda estrangeira.

É importante conhecer o conceito de mercado de câmbio e relembrar o de política


cambial, também ligados ao câmbio:

Mercado de câmbio é o ambiente (físico ou virtual, pois as trocas de moeda podem ser
feitas também por meio eletrônico, sem a presença física dos participantes) onde se
realizam as operações de câmbio entre os agentes autorizados pelo Banco Central
(bancos, corretoras e distribuidoras) e entre esses e seus clientes.

Política cambial é o conjunto de medidas e ações do governo que influem no


comportamento do mercado de câmbio e da taxa de câmbio.

2.3 REGIMES CAMBIAIS


Fixos: valor de divisas pré-fixado pelo Banco Central por tempo indeterminado. Essa
medida geralmente é irrealista e só possui chance de funcionar em países sem
inflação.Há um tipo de fixação conhecida em inglês como dirty-floating na qual não há
pré-fixações mas intervenções sem mostrar ao mercado as metas cambiais da
autoridade cambial. As autoridades brasileiras tentaram durante muitos anos, a partir
de 1968, o sistema de minidesvalorização cambial (Crawling peg), tentando frear a
especulação no mercado de câmbio em função da aceleração dainflação que duraria
até a década de 1990. A fixação usa indicadores de desvalorização cambial tais como o
Índice Geral de Preços (IGP, Brasil) ou o Wholesale Price Index (Estados Unidos) para
estabelecer os valores da taxa de câmbio. Outro indicador observado informalmente
durante muitos anos no Brasil foi o do chamado mercado paralelo (black).

Flexíveis ou Flutuantes: quando seu valor é determinado no mercado de divisas através


de interação das forças de oferta e demanda. É chamado de "Câmbio Livre" ou clean
floating quando há plena liberdade de variação da taxa de câmbio, determinada pelas
forças de mercado. Há paises que adotam ou adotaram a flutuação por faixas, um tipo
de câmbio administrado (managed floating), quando a flutuação é livre dentro de uma
faixa de valores (crawling band) estabelecida. A adoção desse sistema entre países que
comercializam entre si visa impedir a overshooting-effect, aceleração da flutuação
cambial para beneficiar exportações em detrimento das de outros países.

Flutuação o valor da taxa de câmbio no mercado se alterará à medida que haja


mudança em outras variáves que influenciam a demanda e a oferta de divisas.

UNIDADE IV

1. A MOEDA: CONCEITO E FUNÇÕES

Moeda é o meio pelo qual são efetuadas as transações monetárias. É todo ativo que
constitua forma imediata de solver débitos, com aceitabilidade geral e disponibilidade
imediata, e que confere ao seu titular um direito de saque sobre o produto social.
É importante perceber que existem diferentes definições de “moeda”:(i) o dinheiro,
que constitui as notas (geralmente em papel);(ii) a moeda (a peça metálica);(iii) a
moeda bancária ou escritural, admitidas em circulação; e,(iv) a moeda no sentido mais
amplo, que significa o dinheiro em circulação, a moeda nacional. Em geral, a moeda é
emitida e controlada pelo governo do país, que é o único que pode fixar e controlar
seu valor. O dinheiro está associado a transações de baixo valor; a moeda (no sentido
aqui tratado), por sua vez, tem uma definição mais abrangente, já que engloba,
mesmo no seu agregado mais líquido (M1), não só o dinheiro, mas também o valor
depositado em contas correntes.

A moeda tem diversas funções reconhecidas, que justificam o desejo de as pessoas a


reterem (demanda):

• Meio de troca: A moeda é o instrumento intermediário de aceitação geral, para


ser recebido em contrapartida da cessão de um bem e entregue na aquisição de
outro bem (troca indireta em vez de troca direta). Isto significa que a moeda serve
para solver débitos e é um meio de pagamento geral.
• Unidade de conta: Permite contabilizar ou exprimir numericamente os ativos e
os passivos, os haveres e as dívidas.

Esta função da moeda suscita a distinção entre preço absoluto e preço relativo.
O preço absoluto é a quantidade de moeda necessária para se obter uma
unidade de um bem, ou seja, é o valor expresso em moeda. O preço relativo
exige que se considere dois preços absolutos, uma vez que é definido como um
quociente. Assim, P1 e P2 designam os preços absolutos dos bens 1 e 2,
respectivamente. P1/P2 é o preço relativo do bem 1 expresso em unidades do
bem 2. Ou seja, é a quantidade de unidades do bem 2 a pagar por cada unidade
do bem 1.

• Reserva de valor: A moeda pode ser utilizada para acumulação de poder


aquisitivo, a usar no futuro. Assim, tem subjacente o pressuposto de que um
encaixe monetário pode ser utilizado no futuro. Isto porque pode não haver
sincronia entre os fluxos da despesa e das receitas, por motivos de precaução
ou de natureza psicológica. A moeda não é o único ativo a desempenhar esta
função; o ouro, as ações, as obras de arte e mesmo os imóveis também são
reservas de valor. A grande diferença entre a moeda e as outras reservas de
valor está na possibilidade de mobilização imediata do poder de compra
(maior liquidez), enquanto os outros ativos têm de ser transformados em
moeda antes de serem trocados por outro bem.

Sachs e Larrain (2000) observam ainda que, em períodos de alta inflação, a


moeda deixa de ser utilizada como reserva de valor, mas, em outros casos
(embora haja ativos tão seguros quanto a moeda mas que rendem juros), ela é
preferida como reserva de valor por alguns grupos (especialmente aqueles que
realizam atividades ilegais), pois mantém o anonimato de seu dono - ao
contrário, por exemplo, dos depósitos a prazo, que podem ser facilmente
rastreados.

2. OS AGREGADOS MONETÁRIOS

É difícil definir moeda. Por razões práticas, os economistas chegaram a uma


classificação dos diversos tipos de moeda e “quase moeda”, de acordo com a
satisfação dos requisitos de suas principais funções (meio de troca, unidade de conta e
reserva de valor) e com sua liquidez.

3. O BANCO CENTRAL

Um banco central é uma entidade independente ou ligada ao Estado cuja função é


gerir a política econômica, ou seja, garantir a estabilidade e o poder de compra
da moeda de cada país e do sistema financeiro como um todo. Além disso tem como
objetivo definir as políticas monetárias (taxa de juros ecâmbio, entre outras) e aquelas
que regulamentam o sistema financeiro local. O banco faz isso interferindo mais ou
menos no mercado financeiro, vendendo papéis do tesouro, regulando juros e
avaliando os riscos econômicos para o país.
4. OS COEFICIENTES dE COMPORTAMTENTO E O MULTIPLICADOR DOS MEIOS DE
PAGAMENTO.

O Multiplicador Monetário (α) é uma variável que indica, dada a base monetária, o
volume de meios de pagamento que está circulando na economia num determinado
momento. Sintetiza o mecanismo de multiplicação da base monetária através do
processo de criação de moeda escritural pelos bancos comerciais. É divulgado
mensalmente pelo Banco Central.

Os bancos comerciais, ao receberem os depósitos à vista, devolvem uma parte dos


mesmos ao público mediante concessão de empréstimos. Isso é possível porque os
bancos estão cientes de que o público não utiliza o total depositado de uma única vez
e por isso fornecem meios de pagamentos em um nível superior aos encaixes em
moeda corrente. A partir desta operação, os bancos multiplicam a quantidade de
moeda corrente e geram maior liquidez à economia, tendo em vista que os meios de
pagamento são ativos plenamente líquidos e, portanto, apresentam poder de compra
imediatamente disponível.

UNIDADE V

CAPÍTULO 5 - INFLAÇÃO

1. TIPOS DE INFLAÇÃO
2. PRINCIPAIS ÍNDICES DE PREÇOS NO BRASIL
2.1 - IBGE (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA)
3. AS DISTORÇÕES E AS CONSEGUÊNCIAS DAS ALTAS TAXAS DE INFLAÇÃO
UNIDADE VI

CAPÍTULO 6 - POLÍTICAS ECONÔMICAS

1. POLÍTICA MONETÁRIA
1.1 Depósitos Compulsórios

1.2 Operações de Mercado Aberto


1.3 REGIME DE METAS PARA INFLAÇÃO
1.4 Comitê de Política Monetária (COPOM)
1.5 Formação de taxa de juros
2. Política fiscal
3. Política cambial
3.1 Câmbio fixo

3.2 Taxa de câmbio Fixa

3.3 Taxa de câmbio flutuante

3.4 Flutuação suja

3.5 Bandas cambiais


3.6 Currency board
UNIDADE VII

Capítulo 7 - sistema financeiro nacional.

1. Estrutura do Sistema Financeiro Nacional

1.1 Subsistema normativo


1.2 Subsistema de intermediação
1.3 Entidades especiais.
1.4 Outros intermediários, auxiliares financeiros e participantes do
mercado
Referências Bibliográfica:
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PAULANI, Leda Maria; BRAGA, Márcio Bobik. A Nova Contabilidade Social. São Paulo: Saraiva,
2001.
Hino Nacional Hino do Estado do Ceará

Ouviram do Ipiranga as margens plácidas Poesia de Thomaz Lopes


De um povo heróico o brado retumbante, Música de Alberto Nepomuceno
E o sol da liberdade, em raios fúlgidos, Terra do sol, do amor, terra da luz!
Brilhou no céu da pátria nesse instante. Soa o clarim que tua glória conta!
Terra, o teu nome a fama aos céus remonta
Se o penhor dessa igualdade Em clarão que seduz!
Conseguimos conquistar com braço forte, Nome que brilha esplêndido luzeiro
Em teu seio, ó liberdade, Nos fulvos braços de ouro do cruzeiro!
Desafia o nosso peito a própria morte!
Mudem-se em flor as pedras dos caminhos!
Ó Pátria amada, Chuvas de prata rolem das estrelas...
Idolatrada, E despertando, deslumbrada, ao vê-las
Salve! Salve! Ressoa a voz dos ninhos...
Há de florar nas rosas e nos cravos
Brasil, um sonho intenso, um raio vívido Rubros o sangue ardente dos escravos.
De amor e de esperança à terra desce, Seja teu verbo a voz do coração,
Se em teu formoso céu, risonho e límpido, Verbo de paz e amor do Sul ao Norte!
A imagem do Cruzeiro resplandece. Ruja teu peito em luta contra a morte,
Acordando a amplidão.
Gigante pela própria natureza, Peito que deu alívio a quem sofria
És belo, és forte, impávido colosso, E foi o sol iluminando o dia!
E o teu futuro espelha essa grandeza.
Tua jangada afoita enfune o pano!
Terra adorada, Vento feliz conduza a vela ousada!
Entre outras mil, Que importa que no seu barco seja um nada
És tu, Brasil, Na vastidão do oceano,
Ó Pátria amada! Se à proa vão heróis e marinheiros
Dos filhos deste solo és mãe gentil, E vão no peito corações guerreiros?
Pátria amada,Brasil!
Se, nós te amamos, em aventuras e mágoas!
Porque esse chão que embebe a água dos rios
Deitado eternamente em berço esplêndido, Há de florar em meses, nos estios
Ao som do mar e à luz do céu profundo, E bosques, pelas águas!
Fulguras, ó Brasil, florão da América, Selvas e rios, serras e florestas
Iluminado ao sol do Novo Mundo! Brotem no solo em rumorosas festas!
Abra-se ao vento o teu pendão natal
Do que a terra, mais garrida, Sobre as revoltas águas dos teus mares!
Teus risonhos, lindos campos têm mais flores; E desfraldado diga aos céus e aos mares
"Nossos bosques têm mais vida", A vitória imortal!
"Nossa vida" no teu seio "mais amores." Que foi de sangue, em guerras leais e francas,
E foi na paz da cor das hóstias brancas!
Ó Pátria amada,
Idolatrada,
Salve! Salve!

Brasil, de amor eterno seja símbolo


O lábaro que ostentas estrelado,
E diga o verde-louro dessa flâmula
- "Paz no futuro e glória no passado."

Mas, se ergues da justiça a clava forte,


Verás que um filho teu não foge à luta,
Nem teme, quem te adora, a própria morte.

Terra adorada,
Entre outras mil,
És tu, Brasil,
Ó Pátria amada!
Dos filhos deste solo és mãe gentil,
Pátria amada, Brasil!

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