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FUNDAÇÃO EDUCACIONAL UNIFICADA CAMPOGRANDENSE – FEUC

FACULDADES INTEGRADAS CAMPOGRANDESES – FIC

EDUARDO HENRIQUE MAXIMIANO DA SILVA – 7º PERÍODO (LITERATURA)


DANIELLE MENESES CARNEIRO CORRÊA – 7º PERÍODO (LITERATURA)

CODA´s Brasileiros: Libras e Português em zona de contato

RIO DE JANEIRO/ RJ
2016.
EDUARDO HENRIQUE MAXIMIANO DA SILVA – 7º PERÍODO (LITERATURA)
DANIELLE MENESES CARNEIRO CORRÊA – 7º PERÍODO (LITERATURA)

CODA´s Brasileiros: Libras e Português em zona de contato

Pesquisa submetida à professora Maria José das


Faculdades Integradas Campo-Grandenses
(FIC), mantidas pela Fundação Educacional
Unificada Campograndense (FEUC), como parte
dos requisitos necessários à aprovação na
disciplina Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS.

RIO DE JANEIRO/RJ
2016.
1 – A ZONA DE CONTATO

CODA’s significa, em língua inglesa, Child of Deaf Adults, Inc. Os CODA’s são
pessoas ouvintes de pais surdos que dentro da sociedade brasileira e/ ou
estrangeira sofrem um bloqueio por vários motivos impostos pela língua da maioria,
cultura, aspectos políticos e sociológicos que são impostos para o surdo sem que
ele possua a oportunidade de optar, como é comum para a maioria dos ouvintes.
Essa imposição vem desde o período Colonial brasileiro, onde no período de
colonização os índios não possuíam uma oportunidade de escolha e foram
obrigados a aprender a cultura e a língua do colonizador e, ao primeiro contato,
foram tidos como filhos do demônio por não possuírem a crença do português que
veio para roubar a terra que já tinha dono. E em pleno século XX e XXI essa
característica de impor e obrigar o diferente a fazer algo, vem se perpetuando até
esses séculos.
Os CODA’s possuem uma língua primeira que a Libras, pois o primeiro
contato, visto que são educados pelos pais surdos, é com a Libras e, por
conseguinte, a imposição do português como língua de contato para com os demais
da população. De acordo com as autoras do artigo que fizeram uma entrevista com
CODA’s brasileiros todos em sua maioria sofreram uma espécie de preconceito por
terem como primeira língua o português e, normalmente como o inglês, a pessoa irá
gagueijar para pronunciar algumas palavras, frases, orações e períodos. O inglês
que é colocado como língua diferencial, tanto para contato com estrangeiros como
para ofertas de emprego, para os ouvintes e não há o preconceito, porque haverá
com os CODA’s e com seus pais que nasceram com a surdez? Uma pergunta
complexa requer uma resposta complexa. Não há diferença entre ouvintes e surdos
muitos menos com os CODA’s; são pessoas normais que levam uma vida normal
como todo o mundo.
Como qualquer língua, há seus pontos positivos e negativos. As autoras do
artigo afirmam que em um ambiente escolar, por exemplo, num reunião de
responsáveis, o aluno CODA não levará os seus pais surdos para reunião, pelo
contrário, ele irá e levará as informações para seus pais surdos para que fiquem
cientes de toda a situação escolar. Também em um ambiente social, o CODA não
poderá levar uma vida de criança, pois seus pais surdos irão manter uma vida social
ativa com os ouvintes que precisarão de alguém que interprete o que os surdos
estão falando e esses intérpretes são os CODA’s. Há também a educação dos filhos
onde o irmão CODA terá a responsabilidade de educar o outro irmão que pode ser
um CODA ou não; ele poderá entender os pais e se relacionar com eles através dos
gestos e pode negar e sentir-se envergonhado por essa situação que a sociedade
impõe aos surdos que vivem à margem da sociedade, não porque querem e sim
porque a sociedade os obriga a viver a margem por não terem como “estabelecer
comunicação”. É importante frisar que os surdos são capazes de estabelecer
comunicação, pois esta se dá quando a mensagem é recebida pelo receptor,
portanto são capazes de manter um ambiente dialogal com os outros.
No contexto social, como já fora dito, existe um preconceito pela maioria da
massa popular ainda mais se o surdo e o CODA forem de classes humildes. Sendo
assim, não possuem recurso de uma “cura” (nos colóquios equivocados da classe
alta) e levam a vida criando neologismos para estabelecer o diálogo. Já nas classes
altas, esse tipo de pessoas são tidas como doentes e sua “deficiência” (que também
no campo semântico possui um sentido equivocado) não possui cura e são
colocadas às beiras da sociedade. Pouquíssimas pessoas abraçam a surdez dos
filhos, netos sobrinhos, amigos etc e tentam manter, criando e estabelecendo
conceitos e simbologias, uma proposta de conversa para os ouvintes conseguirem
captar a mensagem e os surdos saibam o que os ouvintes estão tentando falar.
O português e a Libras entram em contato quando o CODA entra para um
ambiente escolar obrigados por seus pais surdos, por crerem que os estudos os
levará para um status social um pouco mais elevado, e lá verificam que a escola
está completamente despreparada para receber um aluno surdo e CODA. A língua
imposta sempre será a do colonizador. Para um CODA aprender o português, ele
terá que lançar mão de mecanismos próprios e até mesmo inéditos para poder
entender e absorver a língua obrigatória da sociedade que lhe é colocada para
estudo, análise e aplicação.
Em sua maioria, as escolas não tem uma preparação para receber esses
alunos que virão todos os anos. Os diretores, coordenadores, professores e demais
funcionários da escola (pública e particular) não terão uma preparação ou um curso
de qualificação para entender o mundo dos surdos e dos CODA’s. Em uma reunião
de responsáveis, a responsabilidade recai completamente nas costas de um CODA,
pois ele terá de decodificar todas as informações para aos pais que são surdos.
Em suma, a sociedade precisa rever seus conceitos em relação a essa massa
que vive a margem, não por obrigação e, sim por uma necessidade pela exclusão e,
muitas vezes, por um martírio que será lembrado por toda a vida.
2- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

QUADROS, Ronice Muller, GLADIS, Perlin. Estudos Surdos II. (Org.) Rio de Janeiro:
Petrópolis, 2007.

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