residente e domiciliado, Salvador-Bahia, por seu advogado infrafirmado, regularmente constituído pelo instrumento de mandato em anexo, com escritório na Av. Tancredo Neves, 176-236, Sala 911, Caminho das Árvores, Salvador-Bahia, vem perante V.Sa., apresentar sua DEFESA ADMINISTRATIVA acerca da notificação de instauração de processo administrativo n° XXXXXXXXXXXXX, perante esta entidade, pelos fatos e fundamentos a seguir delineados.
I. DA TEMPESTIVIDADE
Inicialmente, cumpre destacar que a presente defesa encontra-se
tempestiva, tendo em vista a sua apresentação enquadrada no prazo destacado em Lei.
Isto porque, o defendente foi notificado através de AR (Aviso de
Recebimento) no dia XX.12.2015, tendo o prazo de 30 (Trinta dias) para apresentar sua defesa.
Portanto, não há o que se falar em intempestividade na apresentação da
supra. II. DOS FATOS
Conforme consta da notificação em anexo, o referido procedimento
administrativo foi instaurado em virtude da totalização de 21 pontos no prontuário de habilitação do requerente, e decorrente das autuações abaixo relacionadas:
1. PLACA XXX XXXX: Art. 230, IX. 15/11/2011. 5 pontos
2. PLACA XXX XXXX: Art. 181, XVIII. 09/12/2011. 4 pontos (em locais e horários proibidos especificamente pela sinalização (placa - Proibido Estacionar) 3. PLACA XXX XXXX: Art. 207. 29/12/2011. 5 pontos (Executar operação de conversão à direita ou à esquerda em locais proibidos pela sinalização )
4. PLACA XXX XXXX: Art. 162, I. 25/02/2012.
Com efeito, o requerente ficou surpreso ao ser notificado pelo DETRAN
de que, contra si havia sido instaurado o Procedimento Administrativo supra citado, para Suspensão de seu Direito de Dirigir, em virtude de tal pontuação em seu prontuário de habilitação, referente às autuações das infrações relacionadas acima.
No entanto, conforme se comprovará a seguir, o defendente não era o
condutor do veículo autuado com placa policial XXX XXXX, conforme se comprovará a seguir, de modo que não pode lhe ser imputada penalidade a qual não deu causa.
Em que pese o fato do mencionado veículo encontrar-se á época
licenciado em seu nome, o defendente não era o condutor no momento das infrações, uma vez que este veículo era utilizado com maior freqüência pela sua filha/mâe/Pai/amigo Fulano da Silva, com carteira de habilitação em anexo.
Ora, mesmo que a presunção das penalidades recaia sobre o
proprietário do veículo, tal presunção não é absoluta, mormente se tratando da condução de veículos que, como se sabe, se dá entre várias pessoas dentro do mesmo círculo familiar. Foi o que aconteceu neste caso em comento, sendo que a Sra. Fulana Silva era a principal condutora do veículo à época das infrações, inclusive no momento das autuações descritas acima.
Deste modo, o que se concluiu é que não pode ser imputada ao
defendente uma responsabilidade que não possui, sendo que neste momento está a indicar perante V.Sa., a verdadeira responsável pelas infrações.
Portanto, as referidas infrações devem recair sobre o verdadeiro
condutor do veículo, que é o responsável pelas mesmas, não podendo o defendente ser penalizado com a suspensão do seu direito de dirigir em decorrência das mesmas.
III. DO DIREITO
III - a) Da ocorrência da prescrição
Aqui, insta esclarecer que a notificação em anexo trata de hipótese de
prescrição, uma vez que os pontos aplicados prescrevem em 12 meses, sendo que a pena de cassação da carteira de motorista, com base no dispositivo indicado, é para o acúmulo de pontos neste período.
Ou seja, não pode a Administração Pública com o decorrer dos anos
pretender a punição do defendente, sendo que tal comportamento violaria frontalmente a segurança jurídica do nosso ordenamento jurídico pátrio, que veda a possibilidade de aplicação de penas sem termo final.
Vale ressaltar que o veículo já foi inclusive vendido,não se encontrando
mais na propriedade do requerente.
Assim, o que se requer é a extinção do processo administrativo em
questão.
b) Da Aferição dos medidores de velocidade
Como dito alhures, a autora da presente peça sempre se mostrou correta nos seus cumprimentos enquanto cidadã, fato que estranhou de forma clara as infrações emitidas pelo DETRAN-BA.
Neste ensejo, mui respeitosamente desconhece tais infrações bem como
questiona o rigor e o primor dos aparelhos medidores de velocidade.
Diante disto, é sabido que o Órgão em questão tem de demonstrar a
regularidade do estado de manutenção do equipamento controlador eletrônico de velocidade.
Não o tendo feito, é incabível a aplicação de qualquer penalidade já que
não se pode aferir a regularidade e precisão da medição feita pelo aparelho.
Por conta disto, vejamos o que dispõe a Resolução 396/2011 do
CONTRAN:
Art. 3° O medidor de velocidade de veículos deve observar os
seguintes requisitos: III - ser verificado pelo INMETRO ou entidade por ele delegada, obrigatoriamente com periodicidade máxima de 12 (doze) meses e, eventualmente, conforme determina a legislação metrológica em vigência.
Para que não exista qualquer tipo de dubiedade, segue o entendimento
da jurisprudência pátria:
RECURSO INOMINADO. NULIDADE DE MULTA DE
TRÂNSITO. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DA REALIZAÇÃO DE AFERIÇÃO TÉCNICA DOS RADARES . RESOLUÇÃO 146/2006 QUE EXIGE A APROVAÇÃO PELO INMETRO E REALIZAÇÃO A CADA 12 MESES. SENTENÇA MANTIDA POR SEUS PRÓPRIOS E JURÍDICOS FUNDAMENTOS. ARTIGO 46, LEI 9.099/95 Recurso conhecido e desprovido. (TJPR - 1ª Turma Recursal - 000990012.2012.8.16.0019/0 - Ponta Grossa - Rel.: ANA PAULA KALED ACCIOLY RODRIGUES DA COSTA - - J. 20.09.2013) (Grifos Nossos) Também neste sentido:
PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ 1ª. TURMA
RECURSAL Estado do Paraná APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO ORDINÁRIA. MULTAS DE TRÂNSITO. APARELHOS DE MEDIÇÃO ELETRÔNICA DE VELOCIDADE (LOMBADAS ELETRÔNICAS). APROVAÇÃO E VERIFICAÇÃO ANUAL PELO INMETRO OU ENTIDADE POR ESTE CREDENCIADA. NECESSIDADE. AUSÊNCIA , NA HIPÓTESE, DE DOCUMENTOS COMPROBATÓRIOS DO ATENDIMENTO DE TAIS REQUISITOS. DECRETAÇÃO DE INVALIDADE DOS AUTOS DE INFRAÇÃO QUE SE IMPÕE . PROCESSO ADMINISTRATIVO DE SUSPENSÃO DO DIREITO DE DIRIGIR. NULIDADE. DECORRÊNCIA LÓGICA. CONHECIMENTO E IMPROVIMENTO DO RECURSO. (TJ-RN - AC: 5705 RN 2008.000570-5, Relator: Des. Cláudio Santos, Data de Julgamento: 27/05/2008, 2ª Câmara Cível) (Grifos Nossos)
Diante do exposto V.Sa., parece notório a ausência de fatos que
comprovam a atitude ilícita da defendente, não havendo o que se discutir, sendo incabível a aplicação de penalidade administrativa.
Como consequência lógica, diante da impossibilidade de ser avaliado de
maneira correta a velocidade em que transitava o recorrido, não pode lhe pode ser imputado qualquer ônus.
II.b) Da transferência da pontuação para o verdadeiro condutor do
veículo – Infrações sem abordagens.
Pela eventualidade, na remota hipótese de ser superado o tópico
anterior, requer, desde logo, a transferência destes pontos para o real condutor. Aqui, vale salientar que as infrações registradas, especificamente as infrações “1.PLACA JPW XXXX: Art. 181, XVIII. 09/12/2011. 4 pontos” e “PLACA JPW XXXX: Art. 207. 29/12/2011. 5 pontos”, foram registradas sem a abordagem do condutor.
Assim, não pode haver a presunção absoluta, como requer a
administração, de que o condutor era o seu proprietário. Na presente hipótese, e conforme restou comprovado, a conduta era a fila do defendente, não podendo o mesmo receber esta pontualidade.
Caso contrário, estar-se-ia diante de uma flagrante violação do devido
processo legal, que também deve ser assegurado no âmbito do processo administrativo, pois a penalidade estaria sendo aplicada a quem não deu causa.
Importante frisar que não pode ocorrer uma banalização na aplicação da
pena de suspensão do direito de dirigir. Está é uma penalidade grave, que deve dirigir-se aos casos determinados pela legislação e não de forma indiscriminada.
Neste sentido dispõe o art. 261, § 1o do CTB:
Art. 261. A penalidade de suspensão do direito de dirigir será
aplicada, nos casos previstos neste Código, pelo prazo mínimo de um mês até o máximo de um ano e, no caso de reincidência no período de doze meses, pelo prazo mínimo de seis meses até o máximo de dois anos, segundo critérios estabelecidos pelo CONTRAN.
§ 1o Além dos casos previstos em outros artigos deste
Código e excetuados aqueles especificados no art. 263, a suspensão do direito de dirigir será aplicada quando o infrator atingir, no período de 12 (doze) meses, a contagem de 20 (vinte) pontos, conforme pontuação indicada no art. 259. (Redação dada pela Lei nº 12.547, de 2011)
Destarte, na presente hipótese verifica-se que o requerente não atingiu a
quantidade de pontos que pudesse ensejar a sua suspensão, haja vista que, como mencionado alhures não conduzia o veículo de placa policial JPW 4885, devendo as pontuações com referência a este veículo serem excluídas do seu registro. Ademais, cumpre ressaltar que o requerente jamais teve a sua carteira suspensa, sempre cumprindo devidamente com os seus deveres, possuindo carteira de habilitação há mais de XX anos!!
Por fim, imperioso ressaltar o quanto disposto no art. 265, do CTB, a
seguir transcrito:
Art. 265. As penalidades de suspensão do direito de dirigir
e de cassação do documento de habilitação serão aplicadas por decisão fundamentada da autoridade de trânsito competente, em processo administrativo, assegurado ao infrator amplo direito de defesa.
Destarte, cotejando tal dispositivo à luz da narração fática acima
exposta, não há como se conceber a aplicação da pretendida suspensão ao defendente.
Isto porque, exercendo o seu direito constitucional de contraditório e
ampla defesa, o defendente logrou êxito em afastar as infrações registradas nos termos de n° P001379972 e P001409591, não havendo, consequentemente, subsídio para ensejar a suspensão do seu direito de dirigir.
III. DOS PEDIDOS
Assim, diante do que foi exposto acima e demonstrado o fundamento
legal que isenta o defendente da responsabilidade de tais autuações, REQUER a esta autoridade que, após apreciada a presente DEFESA, ao julgá-la, se digne decidir pela sua procedência e, assim, determinada a exclusão da pontuação das mencionadas autuações de infrações do prontuário do defendente e o arquivamento do procedimento administrativo em tela.