O uso de tirantes como ancoragens em estruturas de contenção é pratica corrente em
projetos de contenções. Entretanto, poucas são as discussões na literatura acerca da melhor forma de modelagem numérica destes elementos. Desta forma, objetiva-se neste trabalho a apresentação de resultados de um estudo numérico acerca do desempenho de tirantes instrumentados em estrutura de contenção na cidade de Natal/RN, com enfoque a diferentes abordagens para simulação destes elementos.
O uso de tirantes como ancoragens em estruturas de contenção é pratica corrente em
projetos de contenções. Entretanto, poucas são as discussões na literatura acerca da melhor forma de modelagem numérica destes elementos. Desta forma, objetiva-se neste trabalho a apresentação de resultados de um estudo numérico acerca do desempenho de tirantes instrumentados em estrutura de contenção na cidade de Natal/RN, com enfoque a diferentes abordagens para simulação destes elementos.
O uso de tirantes como ancoragens em estruturas de contenção é pratica corrente em
projetos de contenções. Entretanto, poucas são as discussões na literatura acerca da melhor forma de modelagem numérica destes elementos. Desta forma, objetiva-se neste trabalho a apresentação de resultados de um estudo numérico acerca do desempenho de tirantes instrumentados em estrutura de contenção na cidade de Natal/RN, com enfoque a diferentes abordagens para simulação destes elementos.
Considerações para Modelagem Bidimensional de Ancoragens em
Estruturas de Contenção Alex Micael Dantas de Sousa Universidade de São Paulo, São Carlos, Brasil, alex_dantas@usp.br
Yuri Daniel Jatobá Costa
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, Brasil, ydjcosta@gmail.com
Carina Maia Lins Costa
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, Brasil, cmlins@gmail.com.com
RESUMO: O uso de tirantes como ancoragens em estruturas de contenção é pratica corrente em
projetos de contenções. Entretanto, poucas são as discussões na literatura acerca da melhor forma de modelagem numérica destes elementos. Desta forma, objetiva-se neste trabalho a apresentação de resultados de um estudo numérico acerca do desempenho de tirantes instrumentados em estrutura de contenção na cidade de Natal/RN, com enfoque a diferentes abordagens para simulação destes elementos. Os dados numéricos são comparados a dados coletados em uma cortina com tirantes instrumentados com extensômetros elétricos de resistência. A melhor concordância entre resultados de campo e numéricos foi obtida com o método que simula a carga de protensão simultaneamente aplicada nas duas extremidades do trecho livre do tirante. Observa-se ainda que quanto maior o fator de espessura virtual da zona de interface menor tende a ser a concentração de tensões no trecho inicial do bulbo do tirante.
1 INTRODUÇÃO execução. Uma das formas de alcançar este
aperfeiçoamento é através do conhecimento da Tirantes podem ser compreendidos como peças magnitude e distribuição de cargas ao longo do especialmente montadas tendo como trecho ancorado do tirante, as quais são componente principal um ou mais elementos influenciadas pela interação solo-estrutura resistentes à tração, que são introduzidos no desenvolvida na interface solo-bulbo. Isto terreno por perfuração própria, nas quais, por somente é possível através da implementação de meio de injeção de calda de cimento (ou outro instrumentação específica nos tirantes em aglutinante), forma-se um bulbo de ancoragem campo, que pode ser de diferentes tipos. Li et al. que é ligado à estrutura através do elemento (1988) instalaram extensômetros de resistência resistente à tração e da cabeça do tirante (NBR elétrica ao longo de tirantes em uma estrutura de 5629, 2006, p.1). contenção do tipo parede diafragma em solos O uso de tirantes em estruturas de contenção silto-argilosos e argilo-siltosos. Briaud et al. com estacas de concreto justapostas ou (1998) instrumentaram o bulbo de tirantes com espaçadas tem se consolidado na prática de cordas vibrantes em uma parede diafragma para confecção de cortinas em solos arenosos. contenção de solo arenoso. Iten e Puzrin (2009) Entretanto, a compreensão do desempenho utilizaram para instrumentação sensores de fibra dessas estruturas demanda um maior número de óptica incorporadas ao elemento resistente a estudos experimentais em busca do tração em parede diafragma para a construção de aprimoramento dos princípios de projeto e poços em solo arenoso.
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A realização simulações numéricas, projetados em monobarras de 32 mm de devidamente validadas através de dados diâmetro, com comprimento de 10 m, sendo 6 m coletados em campo, constitui uma importante de comprimento livre e 4 m referente ao trecho ferramenta, pois possibilita a realização de ancorado. estudos abrangentes sobre o comportamento de Os tirantes são espaçados 2,80 m entre eixos contenções, os quais complementam os e inclinados 30° em relação à horizontal. resultados de campo. No entanto, atenção extra deve ser dada aos detalhes da modelagem numérica, visto que interferem diretamente no resultado final. Domingues (2011) contribuiu com a descrição da importância do faseamento construtivo na representação do problema numérico de estruturas de contenção em solos arenosos. Josefino et al. (2009) apresentaram um estudo englobando nove formas de simulação numérica para tirantes em solos argilosos e arenosos, que variam desde a consideração de forças Figura 1. Configuração do Trecho de Cortina Instrumentado. concentradas aplicadas apenas no paramento, à modelagem do bulbo de tirantes por Em projeto, foram especificadas cargas de discretização de elementos de barras na malha de trabalho de 220 kN e carga de incorporação de elementos finitos. A forma de modelagem da 180 kN. As barras utilizada possuem diâmetro de ancoragem é um dos mais importantes aspectos 32 mm e carga de escoamento de 400 kN. A dos estudos numéricos de contenções. Tabela 1 apresenta as características mecânicas Nesta vertente, o trabalho visa contribuir com das barras de tirante utilizadas. Apresenta-se uma discussão acerca das diferentes abordagens ainda a sequência de cargas dos ensaios de de modelagem numérica de tirantes de uma recebimento tipo D aplicados aos tirantes (NBR contenção com estacas espaçadas construída em 5629,2006) na Tabela 2. areia. As análises são embasadas em resultados de campo, coletados em uma contenção Tabela 1. Características das Barras Utilizada. construída em solo arenoso, cujos tirantes foram Diâmetro (mm) 32 instrumentados para obtenção de cargas. Tensão de escoamento (kN/m²) 500.000 Tensão de ruptura (kN/m²) 550.000 Carga de escoamento (kN) 400 2 METODOLOGIA Carga de ruptura (kN) 440 Módulo de elasticidade (kN/m²) 210.000.000 Área de seção transversal (mm²) 804 2.1 Descrição da Estrutura de Contenção Instrumentada Tabela 2. Sequência de cargas aplicadas no ensaio de recebimento. Este estudo foi aplicado a uma cortina de estacas Ensaio de Recebimento espaçadas, com uma linha de tirantes. Carregamento Descarregamento Recarregamento Carga (kN) Carga (kN) Carga (kN) O paramento de estacas foi executado por F0 38,5 1,2 x Ft 264 F0 38,5 escavação a seco com trado mecânico de 300 0,3 x Ft 66 1,0 x Ft 220 0,3 x Ft 66 mm de diâmetro. As estacas possuem, em sua 0,6 x Ft 132 0,8 x Ft 176 0,6 x Ft 132 maioria, comprimento de 8 m, espaçadas 400 0,8 x Ft 176 0,6 x Ft 132 0,8 x Ft 176 mm entre eixos. 1,0 x Ft 220 0,3 x Ft 66 1,0 x Ft 220 Cinco estacas foram confeccionadas com 12 1,2 x Ft 264 F0 38,5 - - m para apoio dos pilares. A Figura 1 apresenta Onde: F0 = carga inicial do ensaio de recebimento. Ft = uma vista frontal da cortina em análise. Os carga de trabalho prevista. elementos resistentes à tração dos tirantes foram
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Na segunda etapa foi executado um corte de 2.3 Instrumentação dos Tirantes 2,88 m à frente da contenção para, em seguida, executar a laje do primeiro pavimento (terceira No trecho da estrutura de contenção em análise, etapa) que se apoiava na viga de coroamento da instrumentou-se um tirante, como indicado na contenção. Por fim, foram executados e Fig. 1. A instrumentação do tirante permitiu incorporados os tirantes previstos em projeto. aferir o seu desempenho em termos de distribuição de carga ao longo do trecho ancorado durante o ensaio de recebimento e após a incorporação. Para instrumentação do tirante foram utilizados extensômetros de resistência elétrica (strain gages). Foram utilizadas três barras instrumentadas com extensômetros ao longo do trecho ancorado do tirante, como ilustrado na Figura 4.
Figura 2. Seção da Cortina Instrumentada.
2.2 Características do Subsolo
A Figura 3 ilustra a estratigrafia do terreno para
o trecho de contenção estudado. Nas sondagens não foi identificada a presença do lençol freático. O subsolo é composto por três camadas distintas, Figura 4. Configuração do Tirante Instrumentado. sendo a primeira uma areia fina e média, fofa, que se estende até o nível de -3,6 m. 2.4 Modelagens do Solo e do Paramento A segunda camada é composta por uma areia de graduação semelhante, mas com traços de Para este estudo foi utilizado o programa Plaxis argila e de compacidade mais compacta, 2D, que é um código baseado no método dos estendendo-se até o nível de -11 m. elementos finitos para a modelagem numérica de problemas geotécnicos. No software são adotados elementos triangulares de 15 nós para avaliação de tensões e deformações do solo. Para a modelagem da estrutura de contenção em métodos bidimensionais utilizam-se os elementos de placa, cujos principais parâmetros de entrada são a rigidez flexional (EI), a rigidez axial (EA) e o momento fletor resistente. Em modelos elastoplásticos pode-se simular a formação de rótulas plásticas. Os modelos permitem a incorporação de interfaces para melhor simular a interação solo-estrutura da Figura 3. Estratigrafia do Terreno. placa com o solo, sendo os parâmetros como ângulo de atrito e adesão na interface geralmente A camada posterior é composta por uma areia diferentes dos valores de ângulo de atrito e argilosa compacta à muito compacta. De acordo coesão do solo. com o Sistema Unificado de Classificação dos O modelo constitutivo utilizado para a Solos (SUCS), a camada 1 é classificada como modelagem do solo foi o Hardening Soil Model areia mal graduada (SP) e a camada 2 é (HSM), que permite incorporar um número classificada como areia argilosa (SC).
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maior de parâmetros em relação ao modelo de 2.5 Modelagem dos Tirantes Mohr Coulomb. O HSM é um modelo hiperbólico para a simulação do comportamento A Figura 5 apresenta uma vista global do modelo elastoplástico do solo. Neste modelo, são numérico estudado. A Figura 6 apresenta as utilizados os seguintes parâmetros de resistência diferentes formas de modelagem dos tirantes e variação volumétrica do solo: ângulo de atrito estudadas, sendo algumas formas abordadas por efetivo (φ´), coesão efetiva (𝑐´) e ângulo de Josefino et al. (2009) e outros incorporadas neste dilatância (𝜓). A rigidez do solo é descrita no trabalho. modelo por três parâmetros: o módulo de A Figura 6a representa o modelo (F), que deformabilidade secante em carregamento simula o tirante apenas como uma força triaxial para 50% da máxima tensão desviadora concentrada representativa da protensão na (E50 ), módulo de deformabilidade em cortina. A Figura 6b representa o modelo recarregamento triaxial (Eur ) e módulo de (FA), que simula o tirante como um elemento de deformabilidade ao carregamento eodométrico barra ligado a um elemento de ancoragem (Eod). indeslocável. A Figura 6c representa o modelo A Tabela 3 apresenta os parâmetros utilizados na (FN), que simula o tirante apenas como um modelagem numérica. Na Tabela 5 𝛾 e 𝛾𝑠𝑎𝑡 são elemento de barra carregada na extremidade o peso específico aparente natural e saturado do vinculada à cortina. A Figura 6d representa o solo, respectivamente, 𝑚 é coeficiente de ajuste modelo (F2N), que simula o tirante através de da curva tensão deformação e Ri é o fator de cargas aplicadas tanto no paramento como no nó redução de interface. representativo da ancoragem do tirante. A Figura 6e representa o modelo (FSB), que simula o Tabela 3. Parâmetros adotados no modelo numérico. tirante como um elemento de barra (trecho livre) Parâmetro Camada 1 Camada 2 vinculado a uma geogrelha (a geogrelha é a γ (KN/m³) 18 18 forma que o Plaxis considera o bulbo), mas com γsat (KN/m³) 20 20 a carga aplicada apenas na extremidade ′ c (KPa) 1 1 vinculada à cortina. A Figura 6f representa o ′ ϕ (°) 30,1 28,5 modelo (FSB-IN), semelhante ao modelo (FSB), ψ (°) 0 0 mas que incorpora uma região de interface entre ν 0,332 0,343 o elemento de bulbo e o solo. A Figura 6g E50 (MPa) 20 38 representa o modelo (F2SB), semelhante ao Eoed (MPa) 32 40 modelo (FSB), mas com a carga aplicada nas Eur (MPa) 55 76 duas extremidades do elemento de barra. A M 0,5 0,5 Figura 6h representa o modelo (F2SB-IN), Ri 0,5 0,9 semelhante ao modelo (F2SB), mas com uma região de interface entre o elemento de bulbo e o As demais variáveis foram definidas solo. A Figura 6i representa o modelo (FPD), que anteriormente. 𝑐 ′ foi adotada igual a 1 kPa para simula a carga de protensão como um evitar erros no processamento do programa. deslocamento prescrito na extremidade do A Tabela 4 apresenta os parâmetros adotados tirante vinculada ao bulbo. A Figura 6j para a estrutura. FEV é o fator de espessura representa o modelo (FPD-IN), que é semelhante virtual na zona de interface. ao anterior, mas incorpora uma região de interface entre o elemento de bulbo e o solo. Tabela 4. Parâmetros Calibrados da Estrutura. Elemento Parâmetro Unidade EA EI 𝜈 FEV Contenção 4,52 𝑥 106 2,53 𝑥 106 0,2 0,1 Pilares 1,0 𝑥 106 1,5 𝑥 106 0,2 - 7 Laje 1,0 𝑥 10 2,0 𝑥 106 0,2 - Fundação 1,0 𝑥 1012 1,0 𝑥 1012 0,2 - Tirante 1,7 x 105 - - - Bulbo 3,0 x 104 - - 0,1 Figura 5. Modelo numérico desenvolvido. Sem escala, Obs.: EA e EI em KNm; e FEV = adimensional. dimensões em m.
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contribuições deste trabalho em relação ao anterior. Para garantir a representatividade dos resultados das simulações numéricas incorporou-se a sequência da execução da cortina no modelo numérico. As etapas de a) b) modelagem são: (1) geração do campo de tensões iniciais no maciço; (2) implantação da contenção; (3) escavação até a cota -2,88m; (4) construção da estrutura adjacente; (5) construção da laje; (6) construção da linha de tirantes e (7) protensão dos tirantes.
c) d) 3 RESULTADOS E ANÁLISE
3.1 Previsão da Distribuição de Carga no
Tirante por Diferentes Abordagens IN Os únicos modelos que permitem avaliar a e) f) distribuição de carga no trecho ancorado do tirante são o FS2B, FS2B-IN, FPD e FPD-IN, sendo portanto tratados com maior detalhe. Os demais modelos, embora não permitam avaliar a distribuição de carga nos tirantes, podem ser IN utilizados para avaliar deslocamentos g) h) horizontais da cortina, bem como tensões horizontais no solo e esforços solicitantes na cortina. A Figura 7 apresenta os resultados da previsão de distribuição de carga no trecho ancorado dos tirantes. IN
apresentarem elementos representativos do bulbo do tirante, não permitem a avaliação da distribuição de carga no tirante e, portanto, não serão aprofundados neste trabalho. Entretanto servem para estudar o comportamento da Figura 7. Previsão de distribuição de carga no trecho contenção em termos de deslocamentos ancorado dos tirantes por diferentes abordagens. horizontais da cortina. Os modelos supracitados, assim como o Na Figura 7 Nx é o esforço normal na seção e (FSB) e (F2SB) são descritos no trabalho de L/Lb é a posição da seção no trecho ancorado Josefino et al. (2009), sendo os modelos (FSB- normalizada pelo comprimento do bulbo do IN), (F2SB-IN), (FPD) e (FPD-IN) tirante. São apresentados em conjunto os dados
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experimentais coletados do monitoramento da interface, onde L/Lb é a posição no bulbo contenção em campo (Exp). normalizado pelo comprimento do bulbo (4 m) e Observa-se, na Figura 7, que o modelo F2SB Nx é a força normal na seção do bulbo. e F2SB-IN apresentaram melhor concordância Da Figura 9 observa-se uma tendência de com a curva experimental. Este resultado está suavização da distribuição de cargas no trecho coerente com o esperado, uma vez que nos inicial do bulbo com consequente aumento da modelos FPD e FPD-IN necessitam ser avaliados solicitação no trecho posterior do tirante quais deslocamentos prescritos devem ser conforme aumenta-se o FEV da zona de aplicados no bulbo dos tirantes para melhor interface. Comenta-se ainda que para este estudo simular a carga de protensão. Neste caso foi o melhor ajuste dos modelos numéricos com os aplicado o valor do deslocamento permanente, resultados experimentais foi obtido com o valor Dp, após ensaio de recebimento dos tirantes, de FEV igual a 0,1. igual a 3,49 mm.
3.2 Previsão do Ensaio de Recebimento
O modelo F2SB-IN foi escolhido para a previsão
das cargas no tirante e para as análises paramétricas abordadas no item 3.3. Na Figura 8 apresentam-se os resultados obtidos numericamente via modelo F2SB-IN e experimentalmente para a distribuição de carga no trecho ancorado dos tirantes durante o ensaio de recebimento. A partir dos dados apresentados observa-se que quanto maior a magnitude das cargas envolvida menor é a aproximação com os dados obtidos experimentalmente. Figura 9. Relação da distribuição de carga no bulbo do tirante de acordo com o FEV.
A Figura 10 apresenta os resultados da
distribuição de carga no trecho ancorado dos tirantes com a variação do Ri, que representa o fator de aderência entre o solo e o bulbo no modelo F2SB-IN.
Figura 8. Distribuição de carga durante o ensaio de
recebimento.
3.3 Análises Paramétricas
Devido a melhor aproximação obtida no modelo
F2SB-IN, prossegue-se com este modelo em um Figura 10. Relação da distribuição de carga no bulbo do estudo paramétrico. A Figura 9 apresenta os tirante com o Ri. resultados do estudo paramétrico envolvendo o fator de espessura virtual (FEV) da zona de Da Figura 10 observa-se que quanto o maior
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o fator Ri maior é a concentração de tensões do forma exponencial com concentração de tensões tirante em seu trecho inicial, aproximando-se a em seu trecho inicial. Esta constatação é distribuição ao longo do tirante de uma curva importante no sentido do desenvolvimento de exponencial. Verificou-se da análise que quanto formulações que permitam predizer o maior o fator Ri melhor é o ajuste do modelo comportamento dos tirantes para diferentes numérico com o resultado obtido cargas de trabalho, o que poderia induzir a experimentalmente. projetos mais econômicos e confiáveis. Para o modelo de simulação dos tirantes através de deslocamentos prescritos no início do trecho ancorado e com zona de interface (FPD- IN), procedeu-se uma análise com vistas a relacionar a forma de distribuição de cargas no trecho ancorado de acordo com o deslocamento aplicado (PD), o qual foi relacionado ao deslocamento permanente obtido experimentalmente nos ensaios de recebimento (Dp). Os resultados desta análise estão apresentados na Figura 11. Observa-se da Figura 11 que quanto maior o valor do deslocamento prescrito maior tende a ser a distribuição de tensões no trecho inicial do bulbo. Comenta-se ainda que valores de Figura 12. Influência da carga de ancoragem dos tirantes deslocamento prescrito entre 0,5 Dp e 1,0Dp na distribuição de carga no trecho ancorado. tendem a apresentar melhor ajuste com a curva obtida experimentalmente. 3.4 Efeito da Laje de Travamento na Distribuição de Cargas no Tirante
No que diz respeito as diferentes concepções de
estruturas de contenção, fez-se um estudo acerca da influência de incorporação de uma laje de travamento, bastante comum em projetos na distribuição de carga dos tirantes. Na prática incorre que quando incorporadas lajes de travamento ou escoramento para as estruturas de contenção, os tirantes apresentariam menor solicitação pela maior rigidez da estrutura de escoramento. Entretanto, verificou-se na Figura 13 que o modelo numérico não apresentou alívio de carga nos Figura 11. Relação da distribuição de carga no bulbo do tirantes pela incorporação da laje. Pelo contrário, tirante com o valor do Deslocamento Prescrito (PD). devido aos maiores deslocamentos da contenção desenvolvidos pela estrutura de contenção na Efetuou-se uma análise paramétrica incorporação da laje, houve leve aumento na envolvendo a carga de protensão, objetivando carga solicitantes dos tirantes. avaliar se a forma de distribuição de carga nas Este comportamento, apesar de contrário ao ancoragens obedecia a um padrão identificável. esperado em teoria, é coerente com as medições Os resultados estão apresentados na Figura 12. de deslocamentos horizontais da estrutura de Para a carga incorporada no ensaio (180kN) contenção apresentada por Santos (2013). obteve-se boa concordância com o observado Oliveira (2014) sugeriu este aumento de experimentalmente. Do exposto na Figura 12 deslocamentos pode ser atribuído a deformações observa-se que a distribuição de carga no trecho da laje que geraram momentos fletores na região ancorado dos tirantes tende a obedecer uma
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de engastamento com a cortina. REFERÊNCIAS
Briaud, J. L.; Griffin, A. Y.; Soto, A.; Suroor, A.; Park, H.
(1998). Long-term behavior of ground anchors and tieback walls. Texas Transportation Institute. Report 1391-1. Texas. Domingues, E.C. (2011). Análise da importância do faseamento construtivo no comportamento de contenção flexível. Dissertação de Mestrado. Universidade Nova de Lisboa. Iten, M.; Puzrin, A.M. (2009). Monitoring of stress distribution along a ground anchor using BOTGA. Proc. SPIE, Vol. 7647. Josefino, C. M. J. S.; Guerra, N. M. C.; Fernandes, M. M. (2009) Modelação de Ancoragens nas Análises 2D por Elementos Finitos de Cortinas de Contenção: A questão da simulação do pré-esforço. Revista Figura 13. Influência da incorporação da laje na Geotecnia n° 117, pp. 3-31. distribuição de carga dos tirantes. Li, J.C.; Yao, H.L.; Shi, L.P.; Shy, B. I. (1988). Behavior of Ground Anchors for Taipai Sendimentary Soils. Proc. Second International Conference on Case Histories in Geotechnical Engineering, St Louis, n° 4 CONCLUSÕES 6.73. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS O trabalho trata de diferentes formas da TÉCNICAS. NBR 5629: Execução de Tirantes modelagem bidimensional de ancoragens em Ancorados no Terreno. Rio de Janeiro, 2006. tirantes e analisa a distribuição de carga no Oliveira, L. H. B.; Costa, Y. D. J.; Santos, F. A.; Costa, C. M. L. (2014). Acompanhamento de deslocamentos trecho ancorado destes, comparando os horizontais de uma cortina de estacas espaçadas resultados à valores obtidos experimentalmente. atirantada. XVII Congresso Brasileiro de Mecânica O método de modelagem que considera as dos Solos e Engenharia Geotécnica, Goiânia/GO, cargas aplicadas nas duas extremidades do Brasil, 8 p. trecho livre e com uma fina região de interface Santos, F. A. (2013). Avaliação do desempenho de uma cortina de estacas espaçadas, atirantada em areia. entre o bulbo e o solo (F2SB-IN) apresentou Dissertação de Mestrado. Universidade Federal do Rio melhor previsão dos dados observados Grande do Norte, Natal/RN, Brasil, 163 p. experimentalmente para a distribuição de cargas no trecho ancorado dos tirantes. Métodos que consideram os deslocamentos prescritos na extremidade do bulbo (FPD e FPD-IN) precisam de dados iniciais acerca do deslocamento permanente previsto em ensaio de recebimento para melhor predizer a distribuição de cargas no trecho ancorado. Das análises paramétricas observa-se que quanto menor o fator de espessura virtual da zona de interface maior tende a ser a distribuição de carga no trecho inicial do bulbo. O comportamento contrário é observado quando maior é o fator de aderência entre o solo e o bulbo (Ri).