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- Introdução
- Megalitismo no concelho de Redondo
- Posição geográfica
- Enquadramento do conjunto megalítico
- Construção, utilização e mobiliário votivo
- Megalitismo e arte rupestre
- A Anta da Candeeira e o “buraco da alma”
- Os eremitas e as antas
- Conclusão
- Bibliografia
Introdução
O Alentejo é um território reconhecidamente rico em vestígios
arqueológicos, particularmente a partir do Neolítico, época que
teve início, nesta região, há mais de sete mil anos; no entanto,
apesar de alguns trabalhos antigos de carácter pioneiro, só nos
últimos anos e ainda muito lentamente, têm sido efetuados
trabalhos consistentes de prospeção arqueológica que permitam
ter uma ideia concreta da verdadeira dimensão dessa riqueza.
Este património sujeito a uma enorme vulnerabilidade está
confinado á inevitabilidade do desaparecimento de grande parte
do mesmo, umas vezes por causas naturais, outras devido à
intervenção do homem. Cabe a nós estudantes de arqueologia,
arqueólogos e cidadãos, difundir a existência desta riqueza
patrimonial, de modo a que desperte nas gentes um sentimento
de preservação e proteção, para que as gerações vindouras
possam ter contacto com as crenças, hábitos e mitos das origens
da nossa história como seres humanos.
Megalitismo no Concelho de Redondo
As mais antigas referências a locais arqueológicos, no concelho
do Redondo são muito anteriores ao próprio nascimento da
Arqueologia como Ciência, em meados do séc. XIX.
Nos finais do séc. XVI, mais exatamente em 1571, Frei Martinho
de S. Paulo, em carta redigida aquando da presença de D.
Sebastião no Convento de S. Paulo, na Serra d’Ossa, refere a
existência de duas antas e dos povoados onde Viriato, na sua
opinião, se teria refugiado.
Segundo alguns autores, esta é a mais antiga descrição de
monumentos megalíticos que se conhece em território
português.
Em 1877, Gabriel Pereira, ilustre investigador eborense, refere a
existência de outros monumentos arqueológicos no concelho de
Redondo. A ele se deve a identificação e publicação da Anta da
Candeeira em 1877, tal como a identificação e descrição das
antas da Quinta da Vidigueira e da Herdade das Tesouras
Este património megalítico mereceu a atenção de algumas
figuras importantes da arqueologia, como o casal Leisner e o
conceituado arqueólogo francês Émile Cartailhac.
Em 1886, Émile Cartailhac publicou Les Ages Préhistoriques de
l’Espagne et Portugal , onde concede um certo destaque à Anta
da Candeeira, que havia visitado em 1880, nesse trabalho,
recusou a hipótese de o característico orifício no esteio de
cabeceira (o “buraco da alma”) ser contemporâneo do
monumento, remetendo a sua autoria para os eremitas da Serra
d’Ossa.
No final do século passado, a Anta da Candeeira esteve no cerne
da discussão sobre a funcionalidade dos monumentos
megalíticos, pois, o referido orifício no esteio de cabeceira, era
apontado como prova cabal da sua função como simples
“choças” de pastores. Entre os grandes defensores deste último
ponto de vista, merece destaque o Padre Espanca, erudito e
estudioso regional, interessado em questões da antiguidade e
conhecedor da Anta da Candeeira, mas que refutava totalmente
a existência da Pré-História (Espanca, 1894). Nela também se
envolveu L.Vasconcelos ainda que de forma mais moderada,
claramente a favor da função funerária dos monumentos
megalíticos.
Leite de Vasconcellos deu igualmente algum destaque à Anta da
Candeeira na sua obra “Religiões da Lusitânia” onde defendeu,
ao contrário de Cartailhac, a grande antiguidade do orifício do
esteio de cabeceira, reforçando a argumentação com paralelos
extra-peninsulares.
Em 1910, Leite de Vasconcellos foi o responsável pela
classificação como “Monumento Nacional” dos três
monumentos já reconhecidos no concelho, a Anta da Candeeira,
a Anta da Quinta das Vidigueiras e a Anta 1 do Colmeeiro.
Em finais dos anos quarenta, Georg Leisner publicou na revista
“A Cidade de Évora”, em dois artigos distintos, um levantamento
bastante exaustivo sobre as Antas dos arredores de Évora , onde
são referidos alguns dos monumentos do concelho. A obra do
casal Leisner, um verdadeiro monumento no capítulo do
megalitismo peninsular, tornou-se a principal referência neste
domínio e, ainda nos nossos dias, continua a ser um manancial
imprescindível de informação sobre o mundo funerário
megalítico. Trata-se, indiscutivelmente de um repertório
metodologicamente muito avançado para a época; no entanto,
como se tem vindo a verificar em diversas áreas, como no
concelho do Redondo, o método de prospeção utilizado deve ter
sido quase exclusivamente a recolha (e confirmação) de
informação oral, procedimento que permite compreender a
exclusão de um número elevado de antas agora detetadas, pelo
facto de apresentarem escassa monumentalidade estrutural ou
de se encontrarem muito danificadas.
Nos inícios da década de 70, J.F. Ventura (1970) publica vários
locais com ocupação pré-histórica na área de Santa Suzana,
sendo atualmente dois identificados, os Velhacos e Santa Suzana.
Numa perspetiva assumidamente centrada na história da arte,
refira-se, por último, o trabalho monumental de Túlio Espanca
(Espanca, 1978) em que são feitas algumas referências a dados
arqueológicos no concelho.
Nos anos oitenta, surgiu no Redondo uma Associação de Defesa
do Património (Secção de Defesa do Património do Grupo Pró-
Amigos de Redondo), em que a arqueologia do concelho se
tornou uma das principais preocupações. Foi a primeira vez que
se desenvolveram trabalhos orientados especificamente para o
concelho de Redondo, com resultados importantes, em vários
aspetos, nomeadamente a escavação de salvamento na
necrópole das Casas, a descoberta do menir das Vinhas ou a
publicação da lápide da Capela.
Posteriormente, com os trabalhos realizados no âmbito da Carta
Arqueológica do Redondo, novos monumentos foram
identificados, fazendo ascender para o dobro o número de
monumentos megalíticos inventariados nesta área, o qual tem
vindo a ser aumentado com o registo de novas antas.
Posição geográfica
Concelho redondo
Anta da Vidigueira
Anta do colmieiro
Anta da candeeira