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Resumo: Este trabalho mostra a automação de um requisitos de erro máximo admissível e da incerteza
processo de calibração usando o programa LabView®, de medição. Na Figura 1 está representado um
buscando a melhoria do procedimento atual de exemplo de calibração pelo método indireto.
calibração do padrão de pressão Onneken.
O uso do programa auxilia no aumento da
produtividade e a eficiência dos laboratórios da
DIMEL, onde alguns passos do processo atual foram
reduzidos ou eliminados.
Palavras chave: Calibração, Esfigmomanômetro,
Metrologia Legal.
1. INTRODUÇÃO
Com a da crescente demanda por serviços e ensaios
de alta qualidade e a custos reduzidos, os laboratórios
encontram-se em um ponto de transição importante:
de achar soluções que possam assegurar a redução
dos custos e a confiabilidade dos processos.
As organizações atualmente vivem este contexto e Fig. 1. Exemplo de calibração pelo método indireto
afirmam que um dos caminhos que ajudam para a
O valor da pressão a ser aplicada ao sistema de
redução significativa de custos e da exatidão da
medição em cada ponto de verificação é ajustado no
medição de um instrumento é a automação de seus
padrão Onneken e lido no padrão de referência Hüber.
processos, eliminando ou minimizando erros,
Tendo como principal vantagem é da não necessidade
desperdícios, reduzindo tempo da calibração, emissão
de se avaliar as subdivisões da escala do padrão
automática de relatórios ou certificados e minimizando
Onneken e, consequentemente, reduzindo ou
custos em geral.
eliminando a contribuição da incerteza do operador.
Este trabalho tem por objetivo discutir a automação do Na Tabela 1 encontram-se as características técnicas
processo de calibração do padrão de pressão de ambos, padrão Onneken e de referência Hüber.
Onneken: possíveis fontes de erros e incertezas,
Hüber
níveis de automação entre outros. Fabricante Onneken
Instrumente
Modelo OM 631.000 S PRF 3220-2405
2. METODOLOGIA Faixa nominal 0 a 300mmHg 0 a 400mmHg1
Valor de uma
0,2mmHg 0,01mmHg
divisão
2.1. Procedimento Atual de Calibração Resolução 0,03% VFE 2
0,01% VFE
O padrão de referência pode ser uma grandeza com Tab. 1. Características dos padrões
um valor conhecido ou sistema de medição com
exatidão muito melhor que a do sistema de medição a
calibrar.
O procedimento atual se baseia no método indireto, 1
Esta é uma faixa especial. A faixa nominal é de 0 a
cujo padrão de referência Hüber satisfaz aos 1.250mmHg.
Segundo a referência [6], para manômetros de classe (subrotinas), interligados por fios, onde cada cor
0,1, deve-se fazer a calibração em, no mínimo, 10 representa o fluxo de diversos tipos de dados (strings,
pontos de verificação em toda escala. escalares, vetores, matrizes etc.). Na Figura 2 é
apresentada uma rotina em LabView® e uma no
Na prática [10], adotou-se 13 pontos de verificação
ambiente tradicional.
partindo do 0mmHg, com incrementos de 25mmHg.
Realiza-se dois ciclos de medição, sendo cada ciclo é
feita uma seqüência de carga e, após 5 minutos, uma
de descarga, resultando em 52 pontos de verificação.
Com esses dados já registrados, é confeccionado um
Certificado de Calibração onde são informados os
seguintes parâmetros:
• Histerese;
• Erro sistemático máximo;
• Dispersão média; e
• Incerteza de medição. Fig. 2. Comparação entre os ambientes LabView® e
tradicional
No procedimento descrito anteriormente, os seguintes
problemas ou dificuldades foram observados: O painel de controle do programa apresenta uma
• O tempo gasto na calibração, utilizando apenas interface for windows, sendo facilmente construída
um técnico pode afetar os resultados de alguns com ferramentas gráficas pré-desenvolvidas como
parâmetros; tabelas, gráficos, indicadores, controles, leds entre
• O registro inicial dos dados anotados em papel, outros. A Figura 3 mostra as interfaces de entradas de
podendo acarretar alguns erros de anotação; dados dos dois padrões.
• A digitação dos dados para emissão do certificado A
ou a dificuldade de reconhecimento da caligrafia
do técnico que realizou a calibração podem
acarretar erros de digitação;
• A experiência do técnico no manuseio do padrão
Onneken determina a agilidade do mesmo;
• A utilização de dois técnicos reduz o tempo de
calibração, porém onera a mesma; e
• A constituição física do próprio padrão Onneken
por não possuir saída analógica.
onde:
Ip = incerteza do padrão Hüber;
∆Hob = histerese do padrão Onneken;
∆Lob = resolução do padrão Onneken;
Rob = reprodutibilidade do padrão Onneken;
∆Tob = temperatura sobre o padrão Onneken;
B Sob = sensibilidade do padrão Onneken; e
Eob = erro do padrão Onneken.
2
O valor de I A é obtido do maior valor da coluna
Fig. 4. Interfaces da planilha e da saída de dados D.Pad, na Média das Medições, apresentada na
Figura 4-B, sendo calculado por:
Uma das principais estruturas elaboradas no
programa, mostrada na Figura 5, é a rotina de 2 2
I = σ +σ2 +σ2 +σ2 (5)
validação de dados. Esta estrutura while loop A Seq1c Seq1d Seq 2c Seq 2d
acontece tanta vezes quanto forem necessárias até se
obter o parâmetro de parada que é o formato da string E propõe-se que a incerteza da medição, para o
enviada, que representa uma leitura estável fornecida processo automatizado, da calibração do padrão
pelo padrão de referência Hüber. Esta string segue um Onneken seja dada por:
formato onde é fornecida a grandeza lida, seguida da
unidade mmHg. Se durante a aquisição dos dados I = σ2 +σ2 +σ2 +σ2 + I2 (6)
M Seq1c Seq1d Seq 2c Seq 2d B
houver qualquer instabilidade no circuito pneumático,
em um ponto de verificação, a rotina despreza o dado onde:
atual.
σ Seq
2
1c , σ Seq1d :
2
variância da 1ª seqüência na pressão
2.2.2. Determinação da incerteza da medição crescente (c) e decrescente (d); e
A estimativa da incerteza da medição do padrão de
pressão Onneken seguiu a metodologia do Guia para σ Seq
2
2 c , σ Seq 2 d :
2
variância do 2ª seqüência na pressão
a Expressão da Incerteza de Medição [7]. A incerteza
crescente (c) e decrescente (d).
3. RESULTADOS [3] NATIONAL INSTRUMENTS, Manual do LabView® 6.1
Professional Edition, 2002.
A apresentação dos resultados obtidos podem ser
vistos na Figura 4 em ambas as interfaces de saída de [4] NATIONAL INSTRUMENTS, Manual do Report
dados. Nelas são calculadas as médias das medições, Generation for LabView® , 2002.
o desvio-padrão e os demais parâmetros já [5] CHAGAS DA SILVA, Mônica; SALVINO DA SILVA,
mencionados. Marcos A., Análise da Contribuição de Cada Fonte de
Incerteza na Calibração do Padrão de Trabalho
Verificou-se também que o tempo do processo de Onneken, METROSUL – Curitiba – PR; 2002.
calibração automatizado até a emissão do certificado
sofreu uma redução significativa da ordem de 40 a [6] FLESCH, Carlos Alberto; Apostila de Metrologia e
Eletrônica Básica para Experimentação; Ed.
50%. Neste caso, o fator tempo fica dependendo da
Universidade Federal de Santa Catarina, Julho 1998.
experiência do técnico no manuseio do padrão
Onneken. [7] BIPM, International Bureau of Weights and Measures;
IEC, International Eletromechanical Commission;
Além da redução do tempo da calibração, uma das IFCC, International Federation of Clinical Chemistry;
vantagens é a diminuição de erros na emissão do ISO, International Organization for Standardization;
certificado discutidas anteriormente ou a interferência IUPAC, International Union of Pure and Applied
do técnico no mesmo. Chemistry; IUPAP, International Union of Pure and
Applied Physics; OIML, Organização Internacional de
Metrologia Legal; Guia para a Expressão da Incerteza
de Medição; 2ª. Ed. [Rio de Janeiro], Agosto-1998.
4. CONCLUSÕES
[8] ONNEKEN; Operating Instructions Onneken-Calibrator
Através desse trabalho, pode-se afirmar que a Type OM 631.000 S.
automação do padrão de pressão Onneken pôde
melhorar a produtividade, o tempo de realização e a [9] HÜBER INSTRUMENTE, Operating Instructions
Pressure-Transfer-Standards Types PRF/PHF
qualidade dos serviços prestados pelo Laboratório de
3000/6000; 1994.
Pressão da Diretoria de Metrologia Legal. O projeto
deste sistema automatizado contribuiu para o [10] AZEREDO, Ronaldo Nunes de; SALVINO DA SILVA,
aperfeiçoamento dos técnicos. Marcos A., Determinação da Incerteza de Medição na
Calibração do Padrão de Pressão Onneken,
ENQUALAB – São Paulo – SP; 2003
AGRADECIMENTOS
A todos aqueles que de alguma forma contribuíram
para a realização desse trabalho, através da
Autor:
orientação e compartilhamento de conhecimentos, do
apoio e da motivação e amizade. Engenheiro Mecatrônico, MSc
Marcos Antonio Salvino da Silva
Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade
REFERÊNCIAS Industrial – INMETRO
[1] INMETRO, Portaria INMETRO n.º 24, de 22 de Diretoria de Metrologia Legal – DIMEL
fevereiro de 1996, que a Regulamentação Técnica
Metrológica sobre Esfigmomanômetros Aneróides de Av. Nossa Senhora das Graças, 50 – Xerém
Medição Não-Invasiva, Rio de Janeiro – RJ. CEP.: 25250-020 – Duque de Caxias – R.J. – Brasil
[2] VUOLO, José Henrique, Fundamentos da Teoria dos Tel: 55 21 2679-9169; Fax: 55 21 2679-1761
Erros, São Paulo: Edgard Blücher, 1998. e-mail: masalvino@inmetro.gov.br