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GRAMÁTICA FUNCIONAL

(slide 1) O ponto de vista teórico (p. 165-169)

• Para DeLancey (2001), o funcionalismo moderno, de certa forma, é uma retomada de


concepções anteriores a Saussure, que enfoca fenômenos tanto sincrônicos como
diacrônicos e que entende a estrutura linguística considerando imperativos psicológicos,
cognitivos e funcionais.

(slide 2) Reação à Teoria Gerativa:


• Sociolinguística
• Linguística Textual
• Análise do Discurso
• Análise da Conversação
• Funcionalismo

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(slide 3) Motivação comum a todas as perspectivas funcionalistas:

• A explicação linguística deve ser buscada na relação entre linguagem e uso, ou na


linguagem em uso no contexto social, o que torna obrigatório explicar o fenômeno
linguístico com base nas relações que contraem falante, ouvinte e a pressuposta
informação pragmática de ambos.
• Assim, o compromisso do funcionalismo é descrever a linguagem não como um fim em si
mesma, mas como um requisito pragmático da interação verbal.
• O pragmático é, então, o componente mais abrangente, dentro do qual se estudam a
sintaxe e a semântica.

(slide 4) Função pode designar as relações:


• entre uma forma e outra (função interna)
• entre uma forma e seu significado (função semântica)
• entre o sistema de formas e seu contexto (função externa)

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(slide 5) Adequação explanatória:
1- Adequação pragmática: Como a GF é uma teoria pragmática da linguagem, tendo a
interação verbal como objeto de análise, segundo esse princípio, a GF deve revelar as
propriedades das expressões linguísticas em relação à descrição das regras que regem a
interação verbal.
2- Adequação psicológica: A GF deve relacionar-se o mais próximo possível com modelos
psicológicos a respeito do processamento linguístico, ou seja, ao modo como os falantes
constroem e formulam expressões linguísticas (modelos de produção) e ao modo como o
ouvinte processa e interpreta expressões linguísticas (modelos de compreensão).
3- Adequação tipológica: A GF deve ser capaz de fornecer gramáticas a quaisquer línguas,
levando em conta as similaridades e as diferenças entre os sistemas linguísticos.

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(Slide 6) Capacidades humanas:

• Capacidade linguística: produzir e interpretar corretamente expressões linguísticas;


• Capacidade epistêmica: construir, manter e explorar uma base de conhecimento organizado;
• Capacidade lógica: derivar conhecimentos adicionais por meio de regras de raciocínio;
• Capacidade perceptual: perceber seu ambiente, derivar conhecimento a partir de percepções e usar esse
conhecimento na produção e na interpretação de expressões linguísticas;
• Capacidade social: saber como dizer algo em uma situação comunicativa particular.

(Slide 7) Sistemas de regras envolvidos na análise linguística

• as regras que governam a constituição das expressões linguísticas (semânticas, sintáticas, morfológicas e
fonológicas);
• as regras que governam padrões de interação verbal em que essas expressões linguísticas são usadas
(pragmáticas).

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(slide 8) Temas relevantes do funcionalismo

A perspectiva funcional da sentença


O estatuto informacional: noções de dado e novo
O conceito de tópico
Classificação tipológica das línguas
Ponto de vista e fluxo de atenção
Transitividade e relevância discursiva
Estrutura argumental preferida (EAP) e fluxo de informação

(slide 9) A perspectiva funcional da sentença


• Weil distingue entre movimento de ideias expresso pela ordem de palavras e movimento sintático expresso pela
desinência.
• A sentença contém o ponto de partida (a noção inicial) e o objetivo do discurso,

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– sendo o primeiro ponto de encontro entre falante e ouvinte, e
– o segundo informação que deve ser partilhada com o ouvinte: o movimento da noção inicial em direção ao
objetivo do discurso revela o movimento da mente. (p. 177)
(slide 10) De acordo com Ilari (2004), a partir dos estudos de Mathesius, a Escola Linguística de Praga desenvolveu a
chamada Perspectiva Funcional da Sentença.
• Mathesius sugere que o dinamismo comunicativo (DC) se distribui de maneira desigual nos enunciados que
efetivamente são utilizados para fins de comunicação e assim chegou à ideia de que os enunciados comportam
tipicamente uma parte menos dinâmica – o tema – e uma parte mais dinâmica – o rema.
• Essas duas funções são autônomas em relação ao sujeito e ao predicado. (p. 69-70)

(slide 11) O estatuto informacional: noções de dado e novo

• Dado ou informação velha:


Conhecimento que o falante assume estar na consciência do ouvinte no momento da enunciação.
• Novo ou informação nova:
Informação que o falante acredita estar introduzindo na consciência do ouvinte com o que diz.

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(slide 12) O conceito de tópico

Para Chafe (1976), existem três tipos de tópico:


• Tópico do inglês – é um foco de contraste colocado no início da oração.
Ex.: ... isso mui/muitos no interior fazem assim...
(DID-SP-18: 831)
 Tópico do caddo – construções de duplo sujeito.
Ex.: o Nelson ele saiu dos transportes...
(D2-SP-360: 837)
• Tópico do chinês – tem como função estabelecer um esquema espacial, temporal ou individual dentro do qual a
predicação principal se mantém, de modo a limitar-lhe a aplicabilidade a certo domínio restrito.
Ex.: Filme, eu gosto mais de comédia
(DID-SP-234: 05)

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(slide 13)
SUJEITO TÓPICO
nem sempre é definido sempre é definido
há sempre alguma restrição selecional não necessita ser argumento de verbo
vinculada ao verbo
é possível predizer que sujeito pode ocorrer não é possível predizer
com determinado verbo
pode não ter papel semântico (no português, tem sempre um papel funcional
os sujeitos sempre têm papel semântico). Ex.:
It’s rainning.
concordância com o verbo rara concordância, já que é independente em relação ao predicado
nem sempre se manifesta no início da manifesta-se no início da sentença
sentença (línguas OVS, posição final, e VSO,
posição medial)
papel proeminente em processos gramaticais não desempenha papel proeminente em processos gramaticais
(reflexivização, passivização)

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Diferença entre sujeito e tópico (slide 14)

(slide 15) Classificação tipológica das línguas:


• Línguas com proeminência de sujeito (línguas indo-européias)
• Línguas com proeminência de tópico (chinês)
• Línguas com proeminência de tópico e de sujeito (japonês)
• Línguas sem proeminência de tópico e de sujeito (tagalog)

(slide 16) Ponto de vista do fluxo de atenção:


• Chafe (1976) coloca o conceito de empatia ou ponto de vista como mais um fenômeno de empacotamento, uma
vez que sua base cognitiva está ligada ao fato de as pessoas serem capazes de imaginar-se vendo o mundo por meio
dos olhos dos outros, bem como do seu próprio ponto de vista. (p. 187)
• O fluxo de atenção determina a ordenação natural dos SNs, que são apresentados na sequência desejada pelo
falante para que o ouvinte atente para eles. (p. 188)
(slide 17) Transistividade e relevância discursiva
• Hopper e Thompson (1980) consideram que há uma alta correlação entre relevo discursivo e o grau de
transitividade da sentença, uma vez que o pensamento e a comunicação humana registram o universo individual
como uma hierarquia de graus de centralidade/perifericidade a fim de facilitar tanto a representação interna
quanto sua exteriorização para as pessoas.

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• Os usuários da língua constroem, assim, as sentenças de acordo com seus objetivos comunicativos e com sua
percepção das necessidades do ouvinte.
• Ou seja, em qualquer situação de fala, algumas partes do que se diz são mais relevantes que outras, destacam-se de
um fundo que lhes dá sustentação. (p. 189-190)
(slide 18) Figura e fundo
• Fundo:
Parte do discurso que lhe dá sustentação e não contribui imediata e crucialmente para os objetivos do falante, mas
apenas sustenta, amplia ou comenta o aspecto principal.
• Figura:
Material que fornece os pontos principais do discurso.

(slide 19) Estrutura Argumental Preferida e Fluxo de Informação


• Du Bois (1987) considera que há fatores pragmáticos que motivam ligações entre sujeitos de verbos intransitivos (S)
e de verbos transitivos (A) e fatores semânticos que ligam (S) ao objeto de verbo transitivo (O), mas as ligações mais
poderosas entre esses últimos se referem ao fluxo de informação. (p. 193)

Regras propostas por Dubois


• (1) Regra de um único argumento novo, que diz “evite mais de um argumento novo por oração”.
• (2) Regra de A dado, que determina “evite A novo”.

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Desse modo há, no discurso, no máximo um referente novo por oração nuclear e essa única menção aparece tipicamente
no papel de S ou de O, mas não no de A, que se relaciona à continuidade tópica para Givón.

(slide 20) Consideações finais


• “(...) [do exposto] ficam duas idéias muito claras: a primeira é a de que, embora importante, a sintaxe não é, para
nenhum enfoque funcional, um componente autônomo que possa conter todas as explicações possíveis para todas
as formas de organização da linguagem; a segunda, que não se desvincula da primeira, é a de que, justamente por
não ser autônoma, a sintaxe depende crucialmente das dimensões semântica e pragmática da linguagem. (p. 214)

Referências

PEZATTI, E.G. O funcionalismo em linguística. In: MUSSALIN, F.; BENTES, A.C. Introdução à linguística: domínios e fronteiras.
São Paulo: Cortez, 2004. p. 165-218.

ILARI, R. O estruturalismo linguístico: alguns caminhos. In: MUSSALIM, F.; BENTES, A.C. Introdução à linguística:
fundamentos epistemológicos. São Paulo: Cortez, 2004. p. 53-92.

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