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Entenda o caso
Em fevereiro do ano passado foi a público a informação de que a Squadra estava “short” em IRB,
ou seja, apostava na queda dos papéis. Em novembro de 2019, a gestora carioca diz ter enviado à
companhia uma primeira comunicação em que já apontava não concordar com efeitos não
recorrentes nos balanços divulgados.
O IRB respondeu aos questionamentos da gestora no final daquele mês, mas as respostas não foram
consideradas satisfatórias. Em 2 de fevereiro deste ano, a Squadra enviou uma nova comunicação a
seus clientes e ao IRB, mais detalhada, mantendo seu ponto de vista sobre efeitos que não estavam
sendo considerados de forma correta, em sua avaliação, nos demonstrativos da companhia.
A exposição da carta fez os papéis da companhia caírem até 15% no pregão de 3 de fevereiro. Ao
longo da semana passada, as ações continuaram caindo, embora algumas casas de análise tenham se
posicionado a favor do IRB e questionado as alegações da Squadra.
O valor de mercado do IRB passou de R$ 41,74 bilhões no pregão anterior à primeira carta da
Squadra sobre a companhia em 2020, em 31 de janeiro, para R$ 37,97 bilhões na segunda-feira
seguinte à divulgação do conteúdo, dia 3 de fevereiro. No final da semana passada, na sexta-feira 7
de fevereiro, a companhia já estava valendo R$ 36,81 bilhões.
Com a forte desvalorização na sessão de hoje, o valor de mercado do IRB despencou para R$
30,897 bilhões. A companhia perdeu mais de R$ 10 bilhões em valor de mercado somente neste
mês, diante das alegações da Squadra.
Em nota enviada na semana passada, o IRB se defendeu e disse que não há fundamento nas
alegações da gestora carioca. A companhia afirmou que sua perfomance financeira e seu earnings
power está fielmente retratado nas referidas demonstrações. Além disso, reforçou que as suas
demonstrações contábeis são auditadas internamente e externamente pela empresa PwC.
“A companhia informa ainda que está avaliando com seus assessores legais, as medidas cabíveis a
serem tomadas neste cenário, onde o emissor da carta tem interesse econômico diametralmente
conflitante com os interesses da companhia”, informou em nota o IRB.
Em janeiro, as ações do IRB acumularam ganho de 15,1%, ficando entre as cinco maiores altas do
Ibovespa no primeiro mês do ano. Os papéis já devolveram bem mais do que o desempenho
positivo visto no primeiro mês de 2020.
Sob revisão
A XP Investimentos divulgou hoje um relatório no qual coloca sua cobertura de IRB sob revisão,
“dada a alta incerteza gerada pela falta de esclarecimentos por parte da empresa.” Segundo o
analista Marcel Campos, ainda não há esclarecimentos suficientes por parte da companhia para que
a XP pudesse reavaliar os questionamentos levantados pela Squadra.
“Segundo o documento da gestora, muitas das análises envolvem interações com reguladores
(locais e estrangeiros), além da interpretação independente de dados contábeis. Dessa forma, dada a
falta de visibilidade, estamos colocando nossa cobertura das ações do IRB sob revisão”, disse.
“Nossa recomendação anterior e estimativas não são mais válidas a partir da publicação desse
relatório. A empresa atualmente encontra-se em período de silêncio, em função da divulgação dos
resultados do quarto trimestre de 2019. Nossa expectativa, entretanto, é de que maiores
esclarecimentos sejam compartilhados com o mercado na divulgação. Até então, investidores
devem esperar volatilidade no curto prazo, conforme o mercado continue a assimilar as
informações.”