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Disciplina: Distúrbios Neuromusculares e Ortopédicos.

Identificação da tarefa: Tarefa 4.1. Envio de arquivo.


Pontuação: 10 pontos.

Tarefa 4.1

Dentre as doenças que afetam o sistema nervoso periférico dos cães, o


botulismo é uma delas. O paciente uma fez acometido, costuma exibir uma
sintomatologia característica, cuja tetraplegia flácida com a função sensitiva
mantida e a função autonômica alterada têm sido pontos fundamentais no
diagnóstico clínico da doença, quando o clínico não tem como utilizar a técnica
de inoculação intraperitoneal do soro do paciente em camundongos.

Com base no conteúdo da disciplina e no texto complementar, disponível na


Biblioteca da disciplina, “BOTULISMO EM CÃES: REVISÃO DE LITERATURA”,
elabore uma resenha crítica sobre essa doença e os principais diagnósticos
diferenciais para tal.

O texto deve ter entre 500 e 1.000 palavras, excluídas as referências


bibliográficas.

O botulismo é uma doença neuroparalitica causada pela ingestão de alimentos


em decomposição contendo a toxina pré-formada do Clostridium botulinum,
bacilo gram positivo, anaeróbio obrigatório, formador de esporos, saprófita de
solo (SALVARANI et al, 2008).

O botulismo pode ser ocasionado por qualquer uma das sete toxinas (de A a G)
produzidas por ele. Essas toxinas bloqueiam a liberação de acetilcolina na
junção neuromuscular, resultando em paralisia flácida. Acomete principalmente
grandes animais e aves, sendo raro o acometimento de animais domésticos
(ALVES, 2013).

Em cães, a doença ocorre, geralmente, pela ingestão da toxina pré-formada do


tipo C, através de carnes deterioradas, alimentos contaminados e carniça. Após
a ingestão, as toxinas são absorvidas pelo estomago e intestino delgado
atingindo o sistema linfático e posteriormente a corrente sanguínea, migrando
até as junções neuromuscular dos nervos colinérgicos onde a doença se
manifesta (PAULA et al, 2016; SALVARANI et al, 2008).

Os sinais clínicos se manifestam após o período de incubação que nos cães


varia de 24 horas até 6 dias, dependendo da quantidade de toxina ingerida e
susceptibilidade de cada animal. Os animais acometidos apresentam paralisia
progressiva e ascendente do neurônio motor inferior, acometendo nervos
cranianos e espinhais, resultando em astenia simétrica dos membros
posteriores, ascendendo rapidamente para os membros anteriores podendo
resultar em tetraplegia, redução do tônus muscular, ausência de reflexos
espinhais, com percepção de dor intacta e sem atrofia muscular nem
hiperestesia, perda do reflexo pupilar a luz, disfonia, fraqueza facial, disfagia,
megaesôfago, constipação e retenção urinária (PAULA et al, 2016; SILVEIRA &
MARQUES, 2016).

A doença pode durar de 14 a 24 dias nos casos em que animais se recuperam,


podendo resultar em morte por paralisia da musculatura respiratória, em caos
mais graves, ou devido à infecção secundária, mesmo em casos menos graves
(PAULA et al, 2016).

O diagnóstico é baseado no histórico do animal de ingestão de comida


deteriorada e nas manifestações clínicas, os exames laboratoriais se
apresentam dentro dos valores normais de referência, salvo os casos em que
há complicações secundárias. A inoculação intraperitoneal de camundongos
com amostras de fezes, soro ou vomito do paciente é a forma de diagnostico
mais precisa de diagnostico do botulismo, porém está em desuso por não
atender as normas dos comitês de ética (PAULA et al, 2016; SILVEIRA &
MARQUES, 2016).

O diagnostico definitivo é difícil pois os níveis circulantes de toxinas são baixos


ou ausentes no material coletado e os métodos analíticos disponíveis não são
tão sensíveis (SILVEIRA & MARQUES, 2016).

Algumas doenças devem ser consideradas para um diagnostico diferencial do


botulismo, estas são: raiva que deve ser considerada em casos graves,
lembrando que esta altera o estado mental do animal e ocorre morte em um
período de até 10 dias; polirradiculoneurite aguda, com fraqueza dos músculos
da face, mandíbula e da faringe menos intensa do que no botulismo; paralisia
por carrapatos; miastenia grave; envenenamento por cobra da família Elapidae;
e intoxicação por aminoglicosídeos (ALVES, 2013).

O tratamento é inespecífico para botulismo em cães. O tratamento é baseado


na terapia de suporte do animal, pode-se utilizar antitoxina do tipo C (10000
unidades por via intramuscular, dividido em duas aplicações com intervalo de 4
horas), porém esta droga só é eficaz para a toxina circulante, que ainda não
penetrou na junção neuromuscular (ALVES, 2013).

A tetraetilamida e o hidrocloridrato de guanidina melhoram a liberação dos


neutrasmissores. O uso de antimicrobiano não possui eficácia comprovada
quando não há infecção secundaria, sendo questionada a terapia com
penicilina e metronidazol, pois a lise do C. botulinum disponibilizaria maior
quantidade de toxina (SILVEIRA & MARQUES, 2016).

Em ingestões recentes de alimentos suspeitos realiza-se esvaziamento e


lavagens estomacal (SILVEIRA & MARQUES, 2016).

Alguns cuidados de enfermagens são relevantes, como: manter o paciente em


local limpo e acolchoado, trocas de decúbito, monitorar tosse e desconforto
respiratório, compressão da bexiga, em casos em que o animal é incapaz de
urinar, realização de fisioterapia, entre outros (ALVES, 2013).

O prognóstico é favorável para cães até moderadamente acometidos e


reservados para casos graves (PAULA et al, 2016).

A prevenção da doença consiste basicamente em evitar o consumo de


alimentos crus ou deteriorados (SILVEIRA & MARQUES, 2016).

Considerações finais

O botulismo é uma intoxicação alimentar, causada por toxinas do Clostridium


botulinum que causa paralisia flácida, acomete principalmente animais de
grande porte e é bem rara em animais domésticos. A sintomatologia e
prognostico da doença está relacionado com a quantidade da toxina ingerida.
O tratamento é sintomático e a melhor forma de prevenção é a não ingestão de
alimentos crus e potencialmente deteriorados.

Referências Bibliográficas

ALVES, K. P. Botulismo em cães: uma doença da junção neuromuscular.


2013. 30f. Monografia. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Faculdade
de veterinária. Porto Alegre. 2013

PAULA, C. L. et al. Botulismo em cães: revisão de literatura. Veterinária e


zootecnia, Ribeiro/MG. 2016. Mar: 23. P. 38-48.

SALVARANI, R. S. et al. Botulismo em cães: relato de caso. Revista


científica eletrônica de medicina veterinária. Ano VI. n. 10. 2008. Disponível em:
<http://www.faef.revista.inf.br/imagens_arquivos/arquivos_destaque/muj2QEAj
XaAjoFz_2013-5-28-11-40-23.pdf> acesso em 31/01/2019.

SILVEIRA, E. & MARQUES, S. M. T. Botulismo canino: revisão. PUBVET. V.


10. N. 10. P. 754-758. 2016. Disponível em:
<file:///C:/Users/Gabriele/Downloads/botulismo-canino-revisatildeo.pdf> aceso
em: 31/01/2019.

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