MORA, José Ferrater. Dicionário de filosofia. Publicações Dom Quixote: Lisboa -
Portugal, 1978. (Tradução de António José Massano e Manuel Palmeirim).
De acordo com Ferrater (1978, p. 8), Aristóteles acreditava que o ato se
realizava mediante a articulação da matéria e da forma de um ente que precisasse de ultrapassar uma situação de privação para exercer-se enquanto potência, num devir cuja ação definirá o ser da potência. O ato, para o Estagirita, é a atualização de uma causa eficiente presente na natureza de um ente. A mudança não seria, dessa maneira, como em Platão, para quem trata-se apenas de aparência ilusória, sombra do ser necessariamente perene; mas sim uma atualização de uma potência prévia, que são princípios complementares do ser. No seu pensamento acerca da física, o ato é a potência atualizada em movimento; na metafísica, o ato é a substância formal atualizada pela matéria.
Para os filósofos escolásticos, como São Tomás de Aquino, enquanto a potência é
definida pelo ato, este não pode ser definido por aquele, porque, enquanto potência, este reside em possibilidade de ser ou declinar.