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FICHA PARA CATÁLAGO - PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA

Título: Confabulando com a 6ª série: uma proposta de sequência didática com o


gênero fábula

Autor(a) Ivone Vieira Berti

Escola de Atuação Colégio Estadual Padre Pedro Canísio Henz

Município da Cascavel
Escola

Núcleo Regional de Cascavel


Educação

Orientador(a) Ms. Alcione Tereza Corbari

Instituição de Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE – Campus de


Ensino Superior Cascavel

Disciplina/Área Língua Portuguesa - Ensino Fundamental


(entrada no PDE)

Produção Didático- Unidade Didática/Sequência Didática


pedagógica

Público Alvo Alunos de 6ª série do Ensino Fundamental

Localização Colégio Estadual Padre Pedro Canísio Henz - Rua Itália, 1087

Apresentação Considerando os gêneros como termo de referência para a aprendizagem


e as dificuldades detectadas no ensino e aprendizagem de leitura no
Colégio Padre Pedro Canísio Henz, e, ainda, acreditando na importância
da leitura para a formação de cidadãos críticos e atuantes, optou-se por
propor uma Sequência Didática com o gênero Fábula. Entendeu-se ser
adequada a abordagem da fábula por se tratar de um gênero com o qual
os alunos da 6ª série já tiveram contato, o que viabilizaria a ampliação
dos conhecimentos já adquiridos. A construção do projeto proposto, tem
como objetivo promover atividades de formação leitora, por meio da
abordagem do gênero em questão. Terá como base a aplicação de
leituras críticas e reflexivas, análise linguística e produção oral e escrita
a partir de diferentes versões da fábula "A Cigarra e a Formiga" nas
turmas de 6as séries, com vistas a instrumentalizar os alunos a
reconhecer, ler e (re)produzir textos do gênero selecionado. Objetiva-se
contribuir para a ampliação de conhecimento dos estudantes acerca do
gênero em questão, a fim de que interajam com o texto na compreensão
de textos literários que possam contribuir para o desenvolvimento de sua
formação ativa e crítica na sociedade.

Palavras-chave Sequência Didática, Fábula, Atividades de Leitura, Produção e Análise


Linguística
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO

SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO

DIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL

CONFABULANDO COM A 6ª SÉRIE:


UMA PROPOSTA DE SEQUÊNCIA DIDÁTICA COM O
GÊNERO FÁBULA

Desenho: Willian Berti de Resena

PROFESSORA: IVONE VIEIRA BERTI


ivonevberti@gmail.com

ORIENTADORA: Ms. Alcione Tereza Corbari


alcione_corbari@hotmail.com

CASCAVEL - 2011
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SEQUÊNCIA DIDÁTICA DO GÊNERO


FÁBULA

APRESENTAÇÃO

Esta produção didática pedagógica será fundamentada na proposta de


Schneuwly, Noverraz e Dolz (2010, p. 82), que propõem que se trabalhem os
gêneros textuais por meio de sequência didática, que se entende por "um conjunto
de atividades escolares organizadas, de maneira sistemática, em torno de um
gênero textual oral ou escrito". Também se toma como referência a Sequência
Didática sob a coordenação de Terezinha Costa-Hübes, do Caderno Pedagógico 01
AMOP.
Pretende-se, com este trabalho, "ajudar o aluno a dominar melhor um gênero
de texto” (SCHNEUWLY; NOVERRAZ e DOLZ, 2010, p. 83), bem como ampliar
seus conhecimentos linguístico-discursivos. Dessa maneira, espera-se contribuir
para que o aluno amplie seus conhecimentos a fim de que interaja com o texto
(fábula) na compreensão de textos literários, visando à formação de leitores críticos
e atuantes. Também se espera contribuir para o aprimoramento de habilidades
linguísticas ligadas à produção escrita, conforme consta nas Diretrizes Curriculares
(PARANÁ, 2008, p. 71).
Propõem-se atividades relacionadas às práticas de leitura e produção de
texto, bem como à análise linguística. Tais práticas devem estar integradas no
processo de ensino-aprendizagem e considerar dois objetivos interligados: tentar
ultrapassar a artificialidade que se institui na sala de aula quanto ao uso da
linguagem; e possibilitar o domínio efetivo da língua padrão em suas modalidades
oral e escrita, conforme orienta João Wanderley Geraldi (1990, p. 77).
Inicialmente, na etapa de apresentação da situação, os alunos serão expostos
oralmente ao projeto de produção de um gênero a ser desenvolvido coletivamente.
Nesse contexto, se instigarão os conhecimentos prévios dos alunos acerca do
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gênero, questionando, inclusive, sobre a circulação do gênero no âmbito familiar ou


em outra esfera social que não a escola. Pretendemos, com isso, que os estudantes
reconheçam o gênero fábula como uma construção social e cultural que tem uma
história para além dos limites escolares, bem como que o reconheçam como um
gênero literário que merece um estudo sistemático. Após essa abordagem inicial do
gênero, os alunos tomarão conhecimento sobre como se dará o trabalho em sala,
quem serão os destinatários da produção escrita e oral (teatro) e qual será o suporte
do gênero.
Após essa conversa inicial, diferentes fábulas serão apresentadas aos alunos,
com o intuito de tomar mais intimidade com o gênero. Recuperando a história do
gênero, se explicitarão as intenções que movia a produção do gênero no início de
sua história, relacionada à modalidade falada, pontuando o aspecto moral aí
envolvido. Com o objetivo de explicitar a necessidade do homem de reforçar
preceitos morais com vistas a regular a convivência humana, os dois primeiros
exercícios proporão uma relação entre fábulas e provérbios populares.
Na sequência, os conhecimentos prévios dos alunos acerca do gênero serão
sondados, para depois se explicitaram algumas curiosidades sobre a fábula. Nessa
etapa do trabalho, serão feitas atividades com o objetivo inicial de ativar o
conhecimento prévio do aluno, por meio de determinadas perguntas que tenham
relação com o que vai ser lido e com a estrutura do texto, com o objetivo de expandir
os conhecimentos acerca do gênero selecionado. Espera-se, ainda, que as
atividades instiguem os alunos a interagir com o texto, criando expectativas ou,
ainda, fazendo previsões sobre o enredo.
Após essa produção inicial, serão apresentadas aos alunos diferentes
versões da fábula A Cigarra e a Formiga produzidas por Esopo, La Fontaine e
Monteiro Lobato. Será proposta uma análise contrastiva no que diz respeito às
formas de dizer e à estrutura dos textos. Juntamente, serão exploradas as vozes
sociais presentes nos textos, considerando-se o contexto de produção, circulação e
recepção do gênero. Serão abordadas questões como autoria, intenções envolvidas,
leitores previstos etc.
Também serão explorados textos atuais que se relacionam à fábula tomada
como foco do trabalho, com vistas a explorar a dinamicidade do gênero e aspectos
culturais envolvidos na moral da fábula original. Se proporão ainda, pesquisas sobre
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o gênero selecionado na internet, na biblioteca, na família, como forma de


reconhecimento do gênero.
Em seguida, os alunos serão instigados a produzir a primeira versão do texto
escrito do gênero selecionado. A produção escrita terá três propostas diferenciadas,
dentre as quais o aluno vai selecionar a que mais o atrai: I. produção da fábula com
um final diferente do enredo tradicional; II. produção do texto a partir do foco
narrativo da Formiga; III. produção do texto a partir do foco narrativo da Cigarra.
O passo seguinte será apresentar atividades variadas que instrumentalizarão
o aluno a reconhecer, ler e reproduzir textos do gênero selecionado. Nesse
momento, serão enfocadas duas fábulas, uma escrita em prosa, outra em verso,
com o objetivo de propiciar ao aluno o reconhecimento dessas duas formas de
realização do gênero.
Por fim, após o trabalho sistematizado com o gênero e a avaliação da
professora com relação à primeira produção escrita, considerando as intervenções
feitas, os alunos produzirão a versão final da fábula e apresentarão o teatro, este
proposto como uma atividade marginal, já que aborda outro gênero, com vistas a dar
contornos de ludicidade ao projeto proposto. Os textos escritos serão expostos em
varal nos corredores do colégio, e o teatro, após a apresentação em sala, será
encenado para outras turmas do colégio.
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Professor(a),

Nesse estágio inicial, sugerimos levar para a sala de aula várias fábulas de Esopo e de Monteiro
Lobato para que os alunos tenham contato com o gênero. Algumas fábulas precisarão ser lidas
pelos alunos para a resolução dos exercícios 1 e 2.

Sugestão de bibliografia:

FÁBULAS de Esopo. [Tradução de Antônio Carlos]. Porto Alegre: L&PM, 2009.

LOBATO, Monteiro. Fábulas. São Paulo: Brasiliense, 2004

Atividades de oralidade

Professor(a),
* Antes de os alunos começarem a
Exercício 1* (EM GRUPO) responder essas questões, explique-
lhes o significado de palavras que eles
desconhecem.
Qual dos provérbios apresentados abaixo * Também sugerimos distribuir duas
se relaciona às fábulas lidas? fábulas (dos exercícios 1 e 2) para
cada grupo.
* A discussão relativa aos dois
exercícios deverá ser guiada pelo
a) "Quem desdenha quer comprar" professor.
b) "Não faça aos outros aquilo que não queres
que te façam"
c) "Quem ama o feio bonito lhe parece" Fábulas:

d) "Contra força não há argumento"  A raposa e as uvas


e) "Quem vê cara não vê coração"  A raposa e a cegonha
 O macaco e o coelho
f) "Fazei o bem, mas olhai a quem"  O lobo e o cordeiro
g) "Quem não sabe esperar, pobre há de  A cabra, o cabrito e o
lobo
acabar"  A águia que devorava
h) "Contra esperteza, esperteza e meia" os filhotes da coruja
 O homem e a cobra
i) "Quem quer colher, planta. E quem do  A mosca e a
alheio vive, um dia se engasga" formiguinha
 O ratinho, o gato e o
j) "Confiar, desconfiando" galo
 A galinha dos ovos de
ouro
 O galo que logrou a
raposa
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Exercício 2

Em geral, as fábulas são finalizadas com uma moral. Das morais dadas abaixo,
quais se relacionam com as fábulas lidas por seu grupo?

a) "Quando alguém está disposto a nos


prejudicar de nada adianta nos Fábulas:
defendermos"
 O lobo e o cordeiro
b) "O talentoso com preguiça perde para  O cão e a lebre
quem enfrenta a liça"  O leão e o rato
 A tartaruga e a lebre
c) "Os preguiçosos colhem o que merecem"  O lobo e o cão
d) "Morrer, mas com dignidade"  O mosquito e o touro
 O lobo saciado e a
e) "Quando a sorte muda, os mais fortes ovelha
têm necessidade dos mais fracos"  O lobo e o cordeiro
refugiado num templo
f) "É impossível ser feliz no infortúnio"  A gralha e a andorinha
g) "De tanto mentir, os loroteiros terminam  A águia e a tartaruga
 o leão, o lobo e a
se denunciando" raposa
h) "É assim que termina o insensato quando  A cigarra e a formiga

quer ser melhor do que o outro"


i) "Quem quer fazer o outro de vítima termina se transformando nela própria"
j) "Assim é a força da verdade, mesmo se dita a nossos inimigos"
l) "Aqui ou alhures o insignificante não causa nem o bem nem o mal a ninguém"
m) "Isto se aplica a quem tem comportamento ambíguo"

Exercício 3
Conte aos colegas as histórias lidas por seu grupo*.
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Exercício 4
Com base no texto lido, responda**:

a) Já conheciam esses textos?

b) Os textos que vocês leram são parecidos ou diferentes de outros textos que já
leram, como os Contos de Fada, por exemplo?

c) No que eles se diferem?

d) No que eles se assemelham?

e) Os textos que seu grupo leu são semelhantes ou diferentes dos textos lidos pelos
outros grupos? Justifique.

Professor(a),

* Proponha a atividade 3 antes da correção dos exercícios 1 e 2.

** Conduza as perguntas do exercício 4 de modo a fazer com que os alunos cheguem à


observação das características do gênero fábula (conteúdo temático, forma de
organização, constituição das personagens etc.).

Também é importante rever com os alunos a estrutura da narrativa. SUGESTÃO DE


BIBLIOGRAFIA: SAVIOLI, Francisco Platão; FIORIN, José Luiz. Lição 13. In:
_____; _____. Lições de texto: Leitura e redação. 4. ed. São Paulo: Ática, 2004 (p.
191 - 206).
8

SABEM O QUE É UMA FÁBULA?

Sabemos que fábula é uma pequena narrativa que serve para ilustrar algum
vício ou alguma virtude e termina com uma lição de moral, e geralmente, tem como
personagens animais que representam, de forma alegórica, os traços de caráter
negativo ou positivo dos seres humanos.
De acordo com Irene Machado (1994, p. 57 - 76), a
fábula é uma narrativa simbólica inspirada no Bestiário*
* Bestiário: livro que
medieval. Trata-se de um gênero literário baseado na fala reúne descrições e
exemplar dos animais. Conforme explicita a autora, seu histórias de animais
reais ou imaginários
objetivo é transmitir um ensinamento; em toda fábula pode-
(MACHADO, 1994, p.
se reconhecer um diálogo entre animais – que possuem um 57).
valor simbólico e representam os defeitos, vícios e
qualidades dos seres humanos –, uma situação exemplar e
uma linha moral como conclusão (MACHADO, 1994).
Segundo a autora, a fábula incorporou um dos mais expressivos recursos da
fala cotidiana: os provérbios. Estes “trazem uma mensagem bastante precisa e
sintetizam uma experiência muito particular do indivíduo em seu meio social”
(MACHADO, 1994, p. 76).
De acordo com Nelly Novaes Coelho (1991, p. 146-147), "fábula é a narrativa
(de natureza simbólica) de uma situação vivida por animais que alude a uma
situação humana e tem por objetivo transmitir certa moralidade". Conforme Mônica
Fernandes (2001), as fábulas são tão antigas quanto as conversas dos homens.
Como foram passadas de boca em boca pelo povo, não é possível conhecer o seu
autor.
Coelho (1991) explica que a fábula nasceu no Oriente e foi reinventada no
Ocidente pelo grego Esopo (séc. VI a.C.). Séculos mais tarde, foi aperfeiçoada pelo
escravo romano Fedro (séc. I a.C.), que a enriqueceu estilisticamente. Conforme
Fernandes (2001), mais tarde, nos anos de 1600 (século XVII), o escritor francês
Jean de La Fontaine, um nome muito importante no mundo das fábulas, reescreveu
e adaptou as fábulas de Esopo, além de ter criado novas histórias.
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Muitos escritores escreveram fábulas no mundo inteiro. No Brasil, um dos


escritores mais importantes que reescreveu antigas fábulas e criou novas estórias foi
Monteiro Lobato. Seus primeiros livros dirigidos às crianças foram publicados em
1921, portanto, no século XX (FERNANDES, 2001).

SAIBA MAIS

De acordo com a ordem dos agrupamentos propostos por Schneuwly, Noverraz e Dolz
(2010, p. 102), o gênero fábula pertence ao domínio social de comunicação da cultura
literária ficcional, da ordem de narrar.

Segundo Mônica Fernandes, a princípio, as fábulas não eram contadas para crianças,
mas para adultos, como um jeito de aconselhá-los e distraí-los. Conforme a autora, “o
gênero fábula, como tantos outros gêneros narrativos, registra as experiências e o modo
de vida dos povos. É por meio das histórias que ouvimos, lidas ou contadas de boca em
boca, que aprendemos boa parte do que precisamos saber para viver em sociedade”
(FERNANDES, 2001, p. 7).
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1ª Atividade de produção escrita

1. Escolha uma das propostas abaixo a partir


da fábula "A cigarra e a formiga" e desenvolva Professor(a),
um texto em forma de verso ou prosa.* * Antes de propor essa
I. Produção da fábula com um final diferente do atividade, relembre com os
enredo tradicional; alunos a fábula "A Cigarra e
a Formiga". Também
II. Produção do texto a partir do foco narrativo da explique aos alunos que,
formiga; após a produção e refacção
do texto, este será exposto
III. Produção de texto a partir do foco narrativo da em varal no corredor da
cigarra. escola.

* As possíveis dificuldades
observadas nessa primeira
produção, caso não sejam
contempladas nas atividades
que se propõem a seguir,
devem ser trabalhadas, de
forma oral ou escrita, antes
da produção final.
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Abaixo, você vai ler um texto de Esopo. Vamos,


primeiro, conhecer um pouco desse autor.

ESOPO

Esopo foi um lendário que viveu no


século VI a.C., não se sabe ao certo o
local de seu nascimento. Nessa época, os
povos se dividiam, basicamente, em dois
grupos: os mais fortes e os mais fracos.
Como se sabe, naquela época o povo era
muito dominador, queria sempre manter o
domínio sobre o outro, demonstrando que
era o mais forte. Os escravos, naquele
tempo, eram prisioneiros de guerra.
Desenho: Silvana Laschi
Qualquer pessoa do povo vencido podia
perder sua liberdade e ser vendida e
comprada como mercadoria.
Esopo, também foi escravo, uns dizem que ele era gago, corcunda e muito
miúdo; outros, que tinha um aspecto feio. Mas, todos concordavam que ele era
muito inteligente. Foi o maior fabulista do século VI a.C. Seu bom-senso e esperteza
deixavam todos espantados. Em muitas situações, gostava de dar c onselhos,
contando suas fábulas, o que nos faz entender que, por meio da moral das fábulas,
ele tentava aconselhar as pessoas.
De tanto livrar seus senhores de embaraços com sua sabedoria, Esopo
conquistou sua liberdade. Viajou por outras terras e ganhou grande prestígio com os
reis por causa de seus conselhos dados, muitas vezes, por meio das fábulas. Em
todas as cidades pelas quais passava, era muito considerado, recebendo sempre
várias homenagens.
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Esopo morreu, mas as fábulas que contava continuaram a ser escritas e


reescritas por diversos fabulistas durante muitos anos, até serem retomadas, no
século XVII (1601-1700), pelo escritor francês Jean de La Fontaine, que também
produziu muitas fábulas de sua própria autoria.

Fonte: FERNANDES, Mônica Terezinha Ottoboni Sucar. Trabalhando com os


gêneros do discurso: narrar: fábula. São Paulo: FTD, 2001, p. 20-28.
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LEITURA E ANÁLISE DA FÁBULA DE ESOPO

A CIGARRA E A FORMIGA

Era inverno e as formigas botaram para secar os grãos


que a chuva molhara. Uma cigarra faminta lhes pediu o que
comer. Mas as formigas lhes disseram:

— Por que tu também não armazenaste tua provisão durante


o verão?

— Não tive tempo — respondeu a cigarra — , no verão eu


cantava.

As formigas completaram:

— Então agora dance.

E caíram na risada.

(ESOPO. Fábulas de Esopo, 2009, p. 161)

Desenho: Willian Berti de Resena


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Atividades escritas
Leitura e interpretação
1 O texto que você acabou de ler é uma fábula. Justifique essa afirmação,
apontando as características desse gênero.
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2. Como vimos, em geral, há, no final da fábula, uma moral. Como poderia ser
escrita essa moral?
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3. Os animais que protagonizam a história não foram escolhidos aleatoriamente. Por


que o autor escolheu a Cigarra e a Formiga e não outros animais?
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4. Como são vistas as atividades manuais e artísticas nessa história? Justifique sua
resposta.
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5. Você acha que o canto da cigarra pode ser considerado uma profissão? Por quê?
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6. Se você fosse a formiga, acolheria a cigarra ou a expulsaria sem ajudá-la?


Justifique sua resposta.
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Análise Linguística
1. Em que tempo foram usados os verbos no texto analisado?
( ) presente ( ) pretérito/passado ( ) futuro

2. O tempo em que ocorrem os fatos narrados é determinado?


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3. O narrador participa da história? Que marcas linguísticas o fizeram chegar à


resposta dessa questão?
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4. Identifique no texto:
a) a fala do narrador;

b) a fala da Formiga;

c) a fala da Cigarra.

5. Considere a fala “— Então agora dance.” O verbo, está no modo imperativo.


Dentre outras ações, esse modo verbal é usado quando se quer dar uma ordem.
Levando isso em consideração, responda: é possível, no contexto dado, que a
Cigarra tivesse usado esse modo verbal? Justifique.*
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6. Observe esse fragmento: “Uma cigarra faminta lhes pediu o que comer. Mas as
formigas lhe disseram [...]”. A que personagem(ns) se referem as palavras grifadas?
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7. Considerando o texto lido, como poderia ser interpretada a palavra "dance"?**


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8 É possível substituir no texto essa palavra por outro termo ou expressão, como “se
vire”, sem prejuízo de sentido?***
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Professor(a),

* Explore a questão 5 de modo que os alunos consigam chegar à conclusão de que, no


contexto de interação dado, a Cigarra está em uma relação de submissão, logo, não seria
adequado usar verbos no imperativo em sua fala.

** Não esqueça de trabalhar com os alunos a polissemia da palavra DANCE, no exercício


7, que é explorada no texto sob análise.

*** Na leitura e interpretação, mostre aos alunos que a palavra DANCE participa do
mesmo campo semântico de CANTAR, atividade da cigarra. Se a palavra DANCE fosse
substituída por outro termo ou expressão, essa relação não seria estabelecida, embora
ficasse garantida a mesma informação (questão 8).
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Abaixo, você vai ler um texto de La Fontaine.


Vamos primeiro conhecer um pouco desse
autor.

LA FONTAINE

Jean de La Fontaine, que viveu entre


1621 e 1695, foi um escritor francês. Em sua
época, a França era um país muito
importante por suas realizações culturais. No
início do século XVII, muitos homens
achavam que a razão e as ações dignas,
guiadas pela honestidade, a justiça, a
bondade, eram as coisas mais importantes,
Desenho: Willian Berti de Resena
exemplos a serem seguidos.
Alguns dos grandes pensadores da época começaram a questionar se os
valores e as atitudes mostrados nas histórias eram realmente seguidos no dia a dia
e observaram que a história do bem que sempre vencia não acontecia na vida real.
Por causa disso, La Fontaine começou a contar outras histórias, criticando o
modo de vida da sociedade, utilizando as fábulas para denunciar as misérias e as
injustiças de sua época.
Como naquela época as coisas não podiam ser ditas claramente, por causa
dos poderosos, La Fontaine contava suas fábulas nos salões da corte para divertir,
muitas vezes criticando com ironia o
comportamento daqueles que o ouviam. “Utilizar ironia é expressar-se
La Fontaine iniciou sua carreira de dizendo o contrário daquilo que
se está pensando”
escritor em 1650, escrevendo peças de
(FERNANDES, 2001, p. 28).
teatro, o mais importante gênero de sua
época. Em seguida, dedicou-se à poesia.
La Fontaine publicou madrigais, baladas, epístolas em que mistura poesia e prosa.
Entretanto, apesar da variedade dessas formas ou gêneros "nobres" que lhe
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valeram na época a fama de escritor, o autor se imortalizou com a forma literária


popular, então considerada "menor": a fábula.
Todos os poemas narrativos de La Fontaine se imortalizaram como fábulas na
história da literatura e passaram a ser repetidos de geração em geração, até hoje,
porque o fabulista revela sua peculiaridade ao apresentar breves relatos que
divertem e instruem, expondo uma situação que se encerra como uma lição de
moral.

Fontes:

ALVES, Luiza Maria Leite Machado. Leitura de fábulas e escrita: um percurso de


subjetivação ética do aluno-professor. Dissertação (Mestrado). Universidade de
Taubaté. Taubaté, 2007. (p. 28) Disponível em: <http://www.unitau.br/cursos/
posgraduacao/mestrado/linguistica-aplicada/dissertacoes-2/dissertacoes-2007>.
Acesso em: 18 jul. 2011.

FERNANDES, Mônica Terezinha Ottoboni Sucar. Trabalhando com os gêneros do


discurso: narrar: fábula. São Paulo: FTD, 2001 (p. 28).

SAIBA MAIS

Foi com Jean de La Fontaine que as fábulas tornaram-se mais famosas porque ele as
escreveu em versos, pois, na época, era costume declamá-las às pessoas, geralmente da
alta sociedade, que se reuniam para ouvi-las (AMOP, 2007, p. 70).
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LEITURA E ANÁLISE DA FÁBULA DE LA FONTAINE*

A Cigarra e a formiga

Tendo a cigarra em cantigas


Folgado todo o verão
Achou-se em penúria extrema
Na tormentosa estação.

Não lhe restando migalha


Que trincasse, a tagarela
Foi valer-se da formiga,
Que morava perto dela.

Rogou-lhe que lhe emprestasse,


Pois tinha riqueza e brio,
Algum grão com que manter-se
Té voltar o aceso estio.

"Amiga, — diz a cigarra —


Prometo, à fé d'animal,
Pagar-vos antes de agôsto
Os juros e o principal."

A formiga nunca empresta, Desenho: Silvana Laschi


Nunca dá, por isso junta:
"No verão em que lidavas?"
À pedinte ela pergunta.

Responde a outra: "Eu cantava


Noite e dia, a tôda hora.
— Oh! bravo! torna a formiga;
Cantavas? Pois dança agora!"

Atividades escritas
Fonte: "Fábulas de La Fontaine". Tradução: Bocage. Edições Melhoramentos. VIII -
1970, p.57-58.

* Professor(a),

Não esqueça, de explorar com os alunos as palavras desconhecidas. Também aborde


alguns conhecimentos extralinguísticos necessários à interpretação, como, por exemplo, o
que significa “juros” e “principal” e o fato de, na Europa, agosto ser o início do verão.
Atividades Escritas
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Leitura e Interpretação
1. A história é a mesma da versão anterior
Professor(a),
(A Cigarra e a Formiga – Esopo)?
____________________________________ * Explore a questão 4 na
interpretação do texto. Proceda de
____________________________________ modo a levar os alunos a perceber que
____________________________________ se trata de estratégia retórica, usada
____________________________________ pela Cigarra com a intenção de
sensibilizar e convencer a Formiga a
lhe emprestar comida.
2. O formato do texto é igual ou diferente em
** Na questão 1 da análise
relação ao texto de Esopo? Quais são as linguística, faça um rastreamento de
características que os assemelham ou os todas as referências feitas às duas
diferem? personagens. Observe com os alunos
que Esopo usa termos mais “neutros”
____________________________________ (As formigas, uma cigarra, lhes, lhe).
____________________________________ Já La Fontaine usa termos mais
____________________________________ “neutros” para se referir à Formiga
(A formiga, ela, lhe), mas, para se
____________________________________ referir à Cigarra, usa também
expressões que revelam avaliação
3. Qual é a “tormentosa estação”? Como depreciativa (como “a tagarela”, "a
pedinte” e “a outra”).
você chegou a essa conclusão?
*** Na questão 2 da análise
____________________________________
linguística, mostre aos alunos que
____________________________________ essa substituição é possível no
____________________________________ sentido de se tratar do mesmo
referente. Porém, essa troca desfaz a
____________________________________
rima, descaracterizando o texto
____________________________________ produzido por La Fontaine; nesse
____________________________________ sentido, a troca não é indicada.

4. Analise porque a Cigarra usa o termo “Amiga” e a expressão “à fé d´animal”


quando dirige-se à Formiga?*
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
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Análise Linguística
1. Compare os dois textos lidos no que se refere às palavras que fazem referência à
Cigarra e a Formiga. Podemos dizer que, no texto de La Fontaine, o narrador avalia
negativamente a Cigarra. Justifique essa afirmação.**
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

2. Observe a estrofe abaixo:


"Não lhe restando migalha
Que trincasse, a tagarela
Foi valer-se da formiga,
Que morava perto dela".
Nesse texto, podemos substituir “a tagarela” por “a Cigarra”? Justifique.***
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

3. No verso “Rogou-lhe que lhe emprestasse”, a que personagem(ns) se referem os


dois pronomes LHE?
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___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

4. Em que tempo verbal a história é narrada?


___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

5. O tempo em que ocorrem os fatos narrados é determinado?


___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
22

6. O narrador participa da história? Que marcas linguísticas o fizeram chegar à


resposta dessa questão?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

RELEITURA DA FÁBULA “A CIGARRA E A


FORMIGA” – versão moderna

Abaixo, você vai ler uma versão moderna da fábula que está estudando.

A cigarra e a formiga

Era uma vez uma formiguinha e uma cigarra que eram muito
amigas.
Durante todo o outono, a formiguinha trabalhou sem parar,
a fim de armazenar comida para o período de inverno. Não
aproveitou nada do sol, da brisa suave do fim da tarde, nem da
conversa com as amigas. Só vivia para o trabalho!
Enquanto isso, a cigarra não desperdiçou um minuto sequer:
cantou durante todo o outono, dançou, aproveitou os tempos
livres, sem se preocupar muito com o inverno que estava
chegando.
Então, passados alguns dias, começou a esfriar. Era o
inverno que estava batendo à porta.
A formiguinha, exausta, entrou na sua singela e
aconchegante toca, repleta de comida. Entretanto, alguém
chamava pelo seu nome do lado de fora da toca e, quando abriu
23

a porta, ficou surpresa: era a sua amiga cigarra, que estava


vestida com um maravilhoso casaco de lã e com uma mala e uma
guitarra nas mãos.
— Olá, amiga! — cumprimentou a cigarra. — Vou passar o
inverno em Paris. Será que você podia cuidar da minha toca?
— Claro! Mas o que aconteceu para você ir para Paris?
A cigarra respondeu-lhe:
— Imagine você que, na semana passada, eu estava cantando
num restaurante e um produtor gostou tanto da minha voz que
fechei um contrato de seis meses para fazer espetáculos em
Paris. A propósito, amiga, deseja algo de lá?
A formiguinha respondeu:
— Desejo, sim. Se você encontrar por lá um tal de La
Fontaine, que escreveu a nossa história, mande-o tomar banho
em urtigas...

Fonte:
<http://web.educom.pt/pr1305/inverno_cigarra_formiga2.htm>,
com adaptações.

Atividades escritas

Leitura e Interpretação
1) Compare essa versão com as de Esopo e La Fontaine, observando como o
trabalho artístico é visto em cada texto.
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
24

2) Essa versão da história não poderia ser


Professor(a),
contada na época da La Fontaine e
Esopo. Justifique essa afirmação. * * Guie a discussão da questão 2, de
modo a conduzir o aluno à
_________________________________
observação de que a valorização da
_________________________________ atividade artística como trabalho é
_________________________________ relativamente recente em nossa
história.
_________________________________
_________________________________

3) Sugira uma moral para essa nova versão.


___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

Análise linguística
s.m. Palavra que descreve,
qualifica ou caracteriza o ser
ou objeto designado pelo
substantivo (exemplos: mar
Considerando as Fábulas de Esopo e de La Fontaine, de
violento, pessoa triste, céu
um lado, e a piada, de outro, complete os quadros abaixo. azul). (Fonte: <http://www.
dicio.com.br/adjetivo/>)

1. Use adjetivos que representem a visão que se tem do


trabalho manual e artístico nos textos lidos:

Tipo de trabalho Fábulas de Esopo e de Releitura da Fábula


La Fontaine

MANUAL

ARTÍSTICO
25

2. Agora, use adjetivos que representem a visão que se tem da Cigarra e da


Formiga a partir dos textos lidos.

Personagem Fábulas de Esopo e de Releitura da Fábula


La Fontaine

CIGARRA

FORMIGA

Agora, leia o texto abaixo, parte da crônica A Carreira do momento, de autoria


de Carlos Eduardo Novaes, publicado em 1987.

A Carreira do momento
Carlos Eduardo Novaes

No passado, um garotão de quinze, dezesseis, dezessete anos


da classe média carioca que pretendesse abandonar os estudos
para se dedicar à música era logo encaminhado a um psiquiatra
ou ameaçado de colégio interno. Hoje, não há família da zona
sul do Rio de Janeiro que não tenha um representante tocando
num dos milhares de conjuntos de rock que se debatem para
chegar às paradas de sucesso. Atualmente no Rio forma-se um
conjunto de rock a cada meia hora.
Lembro-me na adolescência do meu
amigo Bebeto que sob a influência dos * Profissional da música
desde a adolescência, Bill
bill halleys* da vida decidiu parar Haley passou por diversos
os estudos para se entregar de corpo estilos musicais como
country, jazz, blues, polka e
e alma ao ofício de tocar bateria. música tirolesa. (Fonte:
Quando anunciou a novidade em casa, a <http://whiplash.net/materi
as/biografias/038583billhale
mãe pediu os sais, a avó verificou se y.html>)
ele estava com febre e o pai cortou-
lhe a mesada.
26

— Ficou maluco, menino? Você vai tratar é de estudar — disse


o pai de dedo em riste. — Estou pagando seu colégio para você
ter uma profissão decente: médico, engenheiro, advogado...
Baterista! Onde já se viu?
— Por que não, pai?
— Porque isso é coisa de juventude transviada!
[...]

Leiam o texto originail de Carlos Eduardo Novaes no livro Português: idéias e


linguagens: 7ª série, de DELMANTO, Dileta; CASTRO, Maria da Conceição. 12. ed.
reform. São Paulo: Saraiva, 2005, p. 104-106.

Discussão sobre o texto


Leitura e interpretação
Discuta com os colegas e responda:

1) Conforme mostra o autor, os tempos mudaram; a visão que se tem do trabalho


artístico, especialmente em relação à música, também. Considerando o recorte do
texto dado acima, podemos dizer que a visão que se tinha, no passado, do trabalho
artístico se aproxima mais daquela retratada nas fábulas de Esopo e La Fontaine ou
na versão moderna? Justifique sua resposta.
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
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2) Pergunte a seus pais e/ou avós como o trabalho artístico era visto, em geral, na
época em que eram adolescentes. Escreva o relato deles no espaço abaixo.*
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Professor(a),

* Na aula seguinte, peça para que os alunos comentem oralmente as respostas dadas
pelos pais/avós.
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Abaixo, você vai ler textos de Monteiro Lobato.


Vamos, primeiro, conhecer um pouco mais
sobre esse autor.

MONTEIRO LOBATO

José Bento Marcondes Monteiro


Lobato foi um escritor brasileiro que
escreveu tanto para adultos como para
crianças, por volta dos anos 1920-1940.
Suas histórias infantis, porém, é que o
tornaram famoso. Como o Sítio do
Picapau Amarelo.
Entre muitos outros, ele escreveu
um livro chamado Fábulas, no qual recria
e reconta fábulas de Esopo, de La
Fontaine, além de contar suas próprias Desenho: Willian Berti de Resena
fábulas. Nele, a turma do sítio está
presente, fazendo comentários sobre as
fábulas.
Em quase todos seus livros infantis, Lobato preocupou-se em preparar as
crianças para a vida em sociedade e fez isso misturando fatos que acontecem na
vida real à fantasia do mundo das histórias.
Monteiro Lobato utilizou as fábulas como forma de criticar e denunciar
injustiças e tiranias, mostrando às crianças a vida como ela é. E com suas fábulas
alertava: é melhor ser esperto (no sentido de ser inteligente), porque o forte sempre
vence.

Fonte: FERNANDES, Mônica Terezinha Ottoboni Sucar. Trabalhando com os


gêneros do discurso: narrar: fábula. São Paulo: FTD, 2001 (p. 33-35).
29

Após ler os fragmentos de Monteiro lobato


abaixo, termine as histórias:

A CIGARRA E AS FORMIGAS Professor(a),

Monteiro Lobato Após a produção, incentive os alunos a ler o


texto produzido para os colegas.
Observe como as formigas e a cigarra,
Obs.: Essa atividade não deve ser tomada
são caracterizadas nos dois fragmentos
como a produção central, haja vista que os
abaixo e conclua a história. Não se alunos precisarão apenas propor um final
esqueça de finalizar com a moral da para a fábula de Monteiro Lobato.
história.
Sugestão de outros textos: Vídeo A Cigarra
e a Formiga. Disponível em:
<http://www.youtube.com/watch?v=9v8
VjXkhZdo>.

TEXTO I - A FORMIGA BOA

Houve uma jovem cigarra que tinha o costume de chiar ao


pé dum formigueiro. Só parava quando cansadinha; e seu
divertimento então era observar as formigas na eterna faina
de abastecer as tulhas.
Mas o bom tempo afinal passou e vieram as chuvas.[...]A
pobre cigarra, sem abrigo em seu galhinho seco e metida em
grandes apuros, deliberou socorrer-se de alguém. [...]. Lá se
dirigiu para o formigueiro. Bateu ─ tique, tique, tique [...]

(Fragmento retirado do livro Fábulas de Monteiro Lobato,


2004, p.7)
30

Desenho do texto a Formiga Boa: Silvana Laschi

TEXTO II- A FORMIGA MÁ

Já houve, entretanto, uma formiga má que não soube


compreender a cigarra e com dureza a repeliu de sua porta.
Foi isso na Europa, em pleno inverno, [...]. A
cigarra, como de costume, havia cantado sem parar o estio
inteiro, e o inverno veio encontrá-la desprovida de tudo,
sem casa onde abrigar-se, nem folhinhas que comesse.
Desesperada, bateu a porta da formiga e implorou [...]

(Fragmento retirado do livro Fábulas de Monteiro Lobato,


2004, p.8)
31

Desenho do texto a Formiga Má: Silvana Laschi

Leiam os textos originais de Monteiro Lobato no livro Fábulas de Monteiro Lobato,


editora brasiliense, São Paulo, 2004, p. 7-8.

PRODUÇÃO ESCRITA – VERSÃO FINAL

Agora, releia a primeira versão do texto de que você produziu em resposta a uma
das atividades de produção apresentadas na página 10 e analise-a, conforme as
questões abaixo. Se a resposta de alguma das questões for não ou parcialmente
(PAR.) significa que o texto precisará ser readequado, considerando o gênero
fábula.
32

ROTEIRO DE AVALIAÇÃO

SIM NÃO PAR.

1. O título é adequado ao texto?

2. Se acrescentou novas personagens em sua versão,


estas são típicas de uma fábula?

3. As personagens são caracterizadas?

4. Usou a pontuação correta para destacar a fala das


personagens?

5. Contou a história usando o tempo verbal passado?

6. As ações, o modo de pensar e os sentimentos das


personagens são tipicamente humanos?

7. A moral é condizente com a história?

Fonte: AMOP, Associação dos Municípios do Paraná. Sequência Didática: uma proposta
de ensino de Língua Portuguesa para as séries iniciais. Organizadora: Terezinha da
Conceição Costa-Hübes. Cascavel: Assoeste, 2007. Caderno 01. Com adaptações.

Professor, após a nova versão do texto, faça uma leitura cuidadosa observando
se os alunos adequaram o texto conforme o roteiro dado acima e, ainda, outras
questões não contempladas nesse roteiro de auto-avaliação. Após sua
intervenção, proponha nova reescrita do texto, se necessário. Se há laboratório

de informática no Colégio, a última versão poderá ser digitada pelos próprios


alunos. Também podem ser feitas ilustrações dos textos.
33

CIRCULAÇÃO DO GÊNERO

Professor, publique o resultado no corredor do Colégio para que alunos de

outras salas também possam ler os textos produzidos.

Sugerimos, ainda, como produção oral, teatro da história original e/ou das
histórias produzidas pelos alunos, que também pode ser apresentado para

outras turmas.

SUGESTÕES DE LEITURAS E ATIVIDADES COMPLEMENTARES


(VÍDEOS e JOGOS)

LEITURAS

http://pt.wikipedia.org/wiki/Esopo

http://asfabulasdeesopo.blogspot.com/2009/04/cigarra-e-formiga.html

http://web.educom.pt/pr1305/fabulas.htm

http://pt.wikipedia.org/wiki/A_Cigarra_e_a_Formiga

http://dyrcene.blogspot.com/2009/06/fabula-de-esopo-cigarra-e-formiga-num.html

http://www.fernandodannemann.recantodasletras.com.br/visualizar.php?idt=104099

http://www.qdivertido.com.br/verconto.php?codigo=9
34

VÍDEOS E JOGOS

http://sitededicas.uol.com.br/cfab.htm

http://criancas.uol.com.br/historias/fabulas/

http://www.portalis.co.pt/fabulas-de-esopo/

http://www.youtube.com/watch?v=9v8VjXkhZdo

http://www.youtube.com/watch?v=IVjZLu-yYLI

http://videos.sapo.pt/4AOz52GYa6ILC0FghcC9

http://www.videolog.tv/video.php?id=209143

http://www.youtube.com/watch?v=b7sNbYhszGk

REFERÊNCIAS

ALVES, Luiza Maria Leite Machado. Leitura de fábulas e escrita: um percurso de


subjetivação ética do aluno-professor. Dissertação (Mestrado). Universidade de
Taubaté. Taubaté, 2007. Disponível em: <http://www.unitau.br/cursos/
posgraduacao/mestrado/linguistica-aplicada/dissertacoes-2/dissertacoes-2007>.
Acesso em: 18 jul. 2011.

AMOP, Associação dos Municípios do Paraná. Sequência Didática: uma proposta


de ensino de Língua Portuguesa para as séries iniciais. Organizadora: Terezinha da
Conceição Costa-Hübes. Cascavel: Assoeste, 2007. Caderno 01.

COELHO, Nely Novaes. Literatura Infantil: teoria, análise, didática. 5. ed. São
Paulo: Ática, 1991.

DOLZ, Joaquim; NOVERRAZ, Michele; SCHNEWLY, Bernard. Sequências didáticas


para o oral e a escrita: apresentação de um procedimento. In: DOLZ, Joaquim;
SCHNEWLY, Bernard; et al. Gêneros orais e escritos na escola. [Trad. e Org.
Roxane Rojo e Glais Sales Cordeiro]. 2. ed. Campinas: Mercado de Letras, 2010, p.
81-108.

ESOPO, 550 a.C. Fábulas de Esopo. [Trad. Antônio Carlos Vianna]. Porto Alegre:
L&PM, 2009.
35

FERNANDES, Mônica Teresinha Ottoboni Sucar. Trabalhando com os gêneros do


discurso: narrar: fábula. São Paulo: FTD, 2001.

FIORIN, José Luiz; SAVIOLI, Francisco Platão. Lições de texto: leitura e redação.
4. ed. São Paulo: Ática, 2004.

GERALDI, João Wanderley (Org.). O texto na sala de aula. 5. ed. Cascavel:


Assoeste, 1990.

LA FONTAINE. A cigarra e a formiga. In: ______. Fábulas de La Fontaine. [Trad.


Bocage et al.]. São Paulo: Melhoramentos, 1970, p. 57-58.

LOBATO, Monteiro. Fábulas. São Paulo: Brasiliense, 2004.

MACHADO, Irene A. Literatura e Redação. São Paulo: Scipione, 1994.

NOVAES, Carlos Eduardo. A Carreira do momento. In: DELMANTO, Dileta;


CASTRO, Maria da Conceição. Português: idéias e linguagens: 7ª série. 12. ed.
reform. São Paulo: Saraiva, 2005, p. 104-106.

PARANÁ. Diretrizes Curriculares da Educação Básica: Língua Portuguesa.


SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DO PARANÁ. Curitiba: SEED, 2008.

SITES CONSULTADOS

DICIONÁRIO Onlaine de Português. Adjetivo. Disponível em:


<http://www.dicio.com.br/adjetivo/>. Acesso em: 18 jul. 2011.

BILL HALEY. Biografia. Disponível em: <http://whiplash.net/materias/


biografias/038583-billhaley.html>. Acesso em: 18 jul. 2011.

A CIGARRA E A FORMIGA. Releitura da Fábula. Disponível em:


<http://web.educom.pt/pr1305/inverno_cigarra_formiga2.htm>. Acesso em: 18 jul.
2011.

A CIGARRA E A FORMIGA. Releitura. Disponível em: <http://www.youtube.com/


watch?v=9v8VjXkhZdo>. Acesso em: 19 jul. 2011.

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