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Inteligência emocional
SÁBADO
Para Tara, uma fonte de sabedoria emocional
SUMARIO
O Desafio de Aristóteles 9
Primeira Parte
O Cérebro Emocional 17
Segunda Parte
4. Conhece-te a Ti Mesmo 69
5. Escravos da Paixão 81
6. A Aptidão-Mestra 109
Terceira Parte
Quinta Parte
Notas 387
Agradecimentos 418
O Desafio de Aristóteles
Qualquer um pode zangar-se — isso é fácil. Mas zangar-se
com a pessoa certa, na justa medida, no momento certo, pela
razão certa e da maneira certa — isso não é fácil.
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DANIEL GOLEMAN
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a uma velocidade cada vez maior, em que o egoísmo, a violência e a
mesquinhez de espírito parecem querer desalojar o bem das nossas
vidas em comunidade. Aqui o argumento a favor da importância da
inteligência emocional assenta na ligação entre sentimento, carácter
e instintos morais. Há cada vez mais provas de que as posições
éticas fundamentais que tomamos na vida decorrem de capacidades
emocionais subjacentes. Para começar, o impulso é o meio através
do qual a emoção se exprime; a semente de todo o impulso é um
sentimento que quer traduzir-se em acção. Aqueles que estão à
mercê do impulso — aos quais falta o autocontrolo — sofrem de
uma deficiência moral: a capacidade de controlar o impulso é a base
da vontade e do carácter. Do mesmo modo, a raiz do altruísmo reside
na empatia, na capacidade de ler as emoções dos outros; quem é
incapaz de sentir as necessidades ou o desespero de outra pessoa, não
pode_amar. E se há duas atitudes morais que os nossos tempos exigem,
são precisamente estas, autodomínio e compaixão.
A NOSSA JORNADA
13
A seguinte grande escala na nossa jornada será, na Segunda
Parte deste livro, para ver o papel que os elementos neurológicos
desempenham nesse «jeito de viver» a que chamamos inteligência
emocional: ser capaz, por exemplo, de dominar um impulso emocional;
ler os sentimentos mais íntimos de outra pessoa; saber gerir
as nossas relações — como Aristóteles disse, essa rara capacidade
de «zangar-se com a pessoa certa, na justa medida, no momento
certo, pela razão certa e da maneira certa». (O leitor que não se
sinta atraído pelos pormenores neurológicos poderá querer passar
directamente para esta secção.)
14
A informação porventura mais perturbadora contida neste livro
é a que decorre de um inquérito conduzido junto de pais e professores
e que evidencia uma tendência mundial da actual geração de
crianças para serem mais emocionalmente perturbadas que as da
anterior: mais solitárias e deprimidas, mais violentas e indisciplinadas,
mais nervosas e preocupadas, mais impulsivas e agressivas.
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Primeira Parte
O Cérebro Emocional
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desejos nos assuntos humanos. Esse poder é extraordinário: só um
amor poderosíssimo — a necessidade de salvar um filho querido —
pode levar um pai a dominar o impulso de sobrevivência pessoal.
Visto com o intelecto, poderá argumentar-se que o sacrifício dos
Chauncey foi irracional; visto com o coração, era a única escolha
possível.
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um milhão de anos; os últimos 10.000 — apesar de terem assistido
à rápida ascensão da civilização humana e à explosão da população
de cinco milhões para cinco biliões — quase não deixaram marca
nas nossas matrizes biológicas para a vida emocionai.
22
nós. A própria raiz da palavra emoção é motere, o verbo latino
«mover», mais o prefixo «e-» para dar «mover para», sugerindo que
a tendência para agir está implícita em todas as emoções. O facto
de que as emoções conduzem à acção torna-se perfeitamente óbvio
quando observamos animais ou crianças: é só entre os adultos «civilizados»
que tantas vezes encontramos essa grande anomalia no
reino animal: emoções — impulsos básicos para agir — divorciadas
da óbvia reacção.6
• com a ira, o sangue flui para as mãos, tornando mais fácil pegar
numa arma ou bater num inimigo; o ritmo cardíaco aumenta e
uma descarga de hormonas como a adrenalina, gera uma onda de
energia suficientemente forte para permitir uma acção vigorosa.
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INTELIGÊNCIA EMOCIONAL
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INTELIGÊNCIA EMOCIONAL
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Anatomia de um
«Sequestro» Emocional
A vida é uma comédia para aqueles que pensam e uma tragédia
para aqueles que sentem.
HORACE WALPOLE
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INTELIGÊNCIA EMOCIONAL
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O DETONADOR NEURONAL
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A SENTINELA EMOCIONAL
O que foi que o fez saltar para a água antes de saber porquê?
A resposta, muito provavelmente, é: a amígdala.
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INTELIGÊNCIA EMOCIONAL
RESPOSTA «LUTAR-OU-FUGIR»:
Aumento de batida cardíaca e da pressão
sanguínea. Preparação dos grandes músculos
para uma acção rápida.
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INTELIGÊNCIA EMOCIONAL
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INTELIGÊNCIA EMOCIONAL
ha desencadeada uma vez mais, anos volvidos, pelo fedor que lhe
assalta as narinas quando, ao abrir a porta de um armário, descobre
que o filho escondeu lá dentro uma fralda suja. Basta que um ou
dois elementos isolados de uma situação sejam semelhantes aos de
um perigo passado para que a amígdala dispare a sua proclamação
de emergência. O problema é que, juntamente com estas recordações
emocionalmente significativas que têm o poder de desencadear
a resposta de crise, podem vir igualmente algumas maneiras
desadequadas de reagir.
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INTELIGÊNCIA EMOCIONAL
O GESTOR EMOCIONAL
rial que sai do tálamo, recordemo-lo, não vai para a amígdala, mas
para o neocórtex e para os seus muitos centros encarregados de
registar e decifrar o que está a ser percebido; essa informação, e a
nossa resposta, é coordenada pelos lóbulos pré-frontais, a sede das
acções planeadas e organizadas tendo em vista um objectivo,
incluindo as emocionais. No neocórtex, uma série de circuitos sequenciais
registam e analisam a informação, integram-na e, através
dos lóbulos pré-frontais, orquestram uma reacção. Se, ao longo do
processo, se torna necessária uma resposta emocional, os lóbulos
pré-frontais ditam-na, trabalhando em coordenação com a amígdala
e outros circuitos do cérebro emocional.
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INTELIGÊNCIA EMOCIONAL
São provas como esta que levam o Dr. Damásio à posição contra-intuitiva
de que os sentimentos são tipicamente indispensáveis
para a tomada de decisões racionais; eles apontam-nos para a
direcção correcta, onde a lógica pura pode ser mais útil. Enquanto
o mundo nos confronta tão frequentemente com uma intratável
variedade de escolhas (como investir as nossas poupanças?, com
quem casar?), a aprendizagem emocional que a vida nos proporcionou
(como a recordação de um investimento desastroso, ou de uma
rotura dolorosa) envia sinais que facilitam a decisão ao eliminarem
algumas opções e destacarem outras logo à partida. Deste modo,
considera o Dr. Damásio, o cérebro emocional está tão envolvido
no raciocínio como o cérebro racional.
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Segunda Parte
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tem a respeito das decisões que são obrigadas a tomar, desde com
quem casar a que emprego aceitar.
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Conhece-te a Ti Mesmo
Conta um velho conto japonês que, certo dia, um aguerrido
amurai desafiou um mestre de zen a explicar-lhe os conceitos de Céu
e Inferno. Mas o monge respondeu-lhe, trocista: «Não passas de um
estúpido e eu não posso perder tempo com gente da tua laia!»
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O APAIXONADO E O INDIFERENTE
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O tumor de Elliot, que lhe crescia mesmo por detrás da testa, tinha
o tamanho de uma laranja pequena; a cirurgia removeu-o
completamente. Embora a operação tenha sido considerada um
êxito, depois dela as pessoas que o conheciam começaram a dizer
que Elliot já não era Elliot — sofrera uma mudança de personalidade
drástica. Outrora um advogado bem sucedido, Elliot tornou-se
incapaz de se manter num lugar. A mulher deixou-o. Tendo desba76
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SONDANDO O INCONSCIENTE
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Escravos da Paixão
Tufaste (...)
Como a ti (...).
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mau estado de espírito deve ser mudado; há, descobriu Tice, os «pu- :
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dizem que nunca tentam modificar o seu estado de espírito, uma vez
que, na sua maneira de ver, todas as emoções são «naturais» e
devem ser vividas tal como se apresentam, por muito deprimentes
que sejam. E depois há aqueles que procuram periodicamente pôrse
de mau humor por razões pragmáticas: médicos que precisam de
um ar sombrio para dar uma má notícia a um doente; activistas
sociais que alimentam a sua raiva contra a injustiça para poderem
combatê-la mais eficazmente; inclusivamente um jovem que disse
acumular fúria para melhor ajudar o irmão mais novo a enfrentar os
«rufiões» do recreio. E algumas pessoas que eram positivamente
maquiavélicas na maneira como manipulavam os estados de espírito:
veja-se o caso dos cobradores de contas que se enfureciam propositadamente
de modo a serem mais firmes com os caloteiros.3
Mas, exceptuando estes raros cultores do desagradável, a maior parte
das pessoas queixava-se de estar à mercê dos seus humores. A capacidade
das pessoas de sacudir a má disposição revelou-se, segundo
Tice, decididamente irregular.
ANATOMIA DA RAIVA
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A «onda» de raiva
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— Põe isso onde estava! — Mais forte, desta vez, num torn mais
zangado.
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-educado (também neste caso fazendo uma avaliação que seria supostamente
utilizada na consideração da sua candidatura a um
emprego), faziam-no com uma alegria feroz. Mas, numa outra versão
da experiência, um segundo «cúmplice» entrava na sala depois
de os voluntários terem sido provocados mas antes de terem tido
mais elevados, deixa de fazer efeito por causa daquilo a que chama _^B.
pena!», ou mesmo com «as mais fortes vulgaridades que a língua in- ||^^^|
Deixar arrefecer
Uma vez, quando tinha 13 anos, num ataque de fúria, saí de
casa prometendo nunca mais lá voltar. Estava um belo dia
de Verão, e eu afastei-me para bastante longe, caminhando por
belos caminhos orlados de flores, até que, pouco a pouco, a beleza
e a tranquilidade foram-me acalmando, e passadas algumas horas
regressei a casa, arrependido e quase derretido. Desde esse dia,
quando me zango, faço a mesma coisa, sempre que posso e, quanto
a mim, é a melhor cura.
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INTELIGÊNCIA EMOCIONAL
Tice descobriu que dar vazão à ira é uma das piores maneiras
de acalmar: as explosões de fúria aumentam tipicamente o estado
de excitação do cérebro, deixando a pessoa a sentir-se mais zangada,
e não menos. Tice descobriu que quando as pessoas lhe falavam
das vezes que tinham desabafado a sua ira contra a pessoa que
a provocara, o resultado líquido era prolongar esse estado de espírito,
e não eliminá-lo. Muito mais eficaz era quando as pessoas
primeiro se deixavam arrefecer, e só depois, já de uma maneira
mais construtiva e positiva, confrontavam o seu oponente para
resolver a discussão. Como certa vez ouvi Chogyam Trungpa, um
professor tibetano, responder quando lhe perguntaram qual era a
melhor maneira de lidar com a ira: «Não a suprimir. Mas não agir
levado por ela.»
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Talvez não consiga fazer isto como deve ser. Talvez isto saia tão
artificial que não dê qualquer indicação a respeito da realidade, e
nós temos de chegar à realidade... Porque se não chegarmos à realidade,
não poderei curar-me. E se não conseguir curar-me nunca
poderei ser feliz.12
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O trabalho de preocupar-se
Tinha-se mudado do Midwest para Los Angeles, atraída por
um lugar numa editora. Mas pouco depois a editora foi comprada
por uma outra maior, e ela viu-se sem emprego. Fez-se então escritora
em regime livre, mas, dada a irregularidade do mercado, tão
depressa se encontrava assoberbada de trabalho como sem dinheiro
para pagar a renda. Muitas vezes tinha de racionar os telefonemas,
e pela primeira vez na sua vida via-se sem um seguro de saúde.
Esta falta de segurança era particularmente perturbadora: deu por
si a imaginar cenários catastróficos em termos de saúde, cada dor
de cabeça era sinal de um tumor no cérebro, via-se envolvida em
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sensação de os meus processos mentais serem engolfados por uma
vaga tóxica e incontrolável que obliterava toda e qualquer resposta
agradável às experiências da vida». Há ainda os efeitos físicos:
insónia, uma apatia de zombie, «uma espécie de dormência, uma
fraqueza, mas muito especialmente uma estranha fragilidade», juntamente
com uma «inquieta agitação». Há a perda do prazer: «A comida,
como tudo o mais que tivesse a ver com sensações, era cornpletamente
desprovida de sabor.» Finalmente, havia o fim de toda
a esperança à medida que «o nevoeiro cinzento do horror» se
transformava num desespero tão palpável que era como uma dor física,
uma dor tão insuportável que só o suicídio parecia ser a
solução.
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Os levantadores do moral
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que estivesse ainda em piores condições («Não estou tão mal como
isso. Pelo menos consigo andar»); aqueles que se comparavam com
as pessoas saudáveis eram os que se sentiam mais deprimidos.18 Estas
comparações para baixo são surpreendentemente animadoras: de
súbito, o que se nos afigurava absolutamente terrívêTdeixa de pare-N
cer assim tão mau como isso.
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A AptidãoMestra
Só uma vez na minha vida me senti paralisado pelo medo. A ocasião
foi um exame de Cálculo durante o meu primeiro ano na
universidade, um exame para o qual conseguira pura e simplesmente
não estudar. Ainda recordo bem a sala onde entrei naquela
manhã de Primavera, com uma premonição de desgraça a pesar-me
no coração. Tinha estado naquela sala de conferências para muitas
aulas. Naquela manhã, porém, nada vi através das janelas, e nem
sequer olhei à minha volta. A minha visão reduziu-se ao espaço de
soalho directamente à minha frente, enquanto me encaminhava
para uma carteira perto da porta. Quando abri a capa azul da pasta
que continha a prova, tinha o coração a bater-me loucamente nos
ouvidos, sentia o gosto a ansiedade na boca do estômago.
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maior parte dos pais americanos está disposta a aceitar as áreas fracas
dlTcriança e a destacar as fortes, para os asiáticos a atitude é que
se as coisas não estão a correr Isem, a resposta é estudar mais tempo
à noite, e se mesmo assim não correm bem, há que levantar-se mais
cedo e estudar também de manhã. Acreditam que qualquer criança
pode ter êxito nos estudos, desde que faça o esforço adequado.» Em
resumo, uma forte ética de trabalho traduz-se em mais motivação,
mais zelo e mais persistência — numa vantagem emocional.
Imagine que tem quatro anos, e que alguém lhe fazia a seguinte
proposta: se esperar que o seu interlocutor acabe de fazer certa coisa
que tem de tazer, poderá comerjdois rebuçados. Se não conseguir esperar,
comerá apenas um, mas recebê-lo-á imediatamente. É um
desafio sem dúvida capaz de pôr à prova a alma de qualquer criança
de quatro anos, um microcosmo da eterna batalha entre o impulso
e_aj;ontenção, o id e o ego, o desejo e o autocontrolo, a gratificação e
o adiamento^Quaj_dgstas escolhas a criança faz constitui um teste
muito revelador^oferece-nos uma leitura rápida não apenas do seu
carácter, mas também da trajectória que provavelmente seguirá
^através cia vida.
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Quem assim fala é uma mulher que está sob terapia para um problema
de ansiedade; esta mulher tem consciência de que a sua
preocupação está a impedi-la de viver a vida como gostaria.11 Mas
quando chega a altura de tomar uma simples decisão, como ir ou
não ver o filho jogar futebol, o espírito enche-se-lhe de pensamentos
de desgraça. Não é livre de escolher; as preocupações subjugamlhe
a razão.
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Seria de esperar que tarefas tão exigentes requeressem mais activi- ^^^^J
dade cortical, e não menos. Mas uma das chaves do fluxo é que só ]|é ^^^^J
cortical, com um gasto mínimo de energia mental. Isto faz sentido, , :! ^^^^J
em fluxo: dominar os gestos de uma tarefa, seja ela física como o aipi- :l ^^^^H
ço que aqueles que estão a ser aprendidos, ou aqueles que são ainda •’tfBj ^^^^|
muito difíceis. Do mesmo modo, quando o cérebro trabalha de uma ...J^H ^^^^1
tarefa. Neste estado, o mais difícil dos trabalhos pode parecer refres- Jl
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APRENDIZAGEM E FLUXO.
UM NOVO MODELO DE ENSINO
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As Raízes da Empatia
Voltemos a Gary, o brilhante mas alexitímico cirurgião que tanto
perturba a noiva, Ellen, ao ignorar não só os seus próprios
sentimentos, mas também os dela. Como à maior parte do alexitímicos,
falta-lhe empatia, além da capacidade de introspecção. Se
Ellen lhe dizia que se sentia em baixo, Gary não sabia consolá-la;
se ela lhe falava de amor, ele mudava de assunto. Gary tecia críticas
«construtivas» às coisas que Ellen fazia, sem se aperceber de que
essas críticas a faziam sentir-se atacada, e não ajudada.
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que aquelas que revelavam uma aptidão especial para ler sentimentos
através de pistas não-verbais eram igualmente as mais populares
nas respectivas escolas, as emocionalmente mais estáveis.3 Também
se saíam melhor em termos académicos, muito embora, em média,
o seu QI não fosse superior ao das outras crianças menos hábeis a
ler mensagens não-verbais — sugerindo talvez que dominar esta
aptidão empática facilita o êxito escolar (ou simplesmente faz que
os professores gostem mais desses alunos).
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na cabeça, mas ele afasta-se (...) O bebé acalma-se, mas Jenny continua
a parecer preocupada. Continua a levar-lhe brinquedos e a
fazer-lhe festas na cabeça e nos ombros.6
Sara tinha vinte e cinto anos quando deu à luz dois gémeos,
Mark e Fred. Achava Mark mais parecido com ela, e Fred mais
parecido com o pai. Esta convicção pode ter estado na origem da
importante mais subtil diferença na maneira como tratava cada um
dos rapazes. Quando tinham apenas três meses, Sara tentava frequentemente
captar o olhar de Fred, e quando ele lhe voltava a
cara, ela insistia, ao que Fred respondia desviando ainda mais enfaticamente
o olhar. Se ela afastava os olhos, Fred olhava para ela, e
o ciclo de procura e aversão recomeçava — tendo muitas vezes como
resultado provocar na criança ataques de choro. Mas com Mark,
Sara praticamente nunca tentava impor o contacto visual, como
fazia com Fred. Em vez disso, Mark podia desviar os olhos sempre
que queria, sem que a mãe insistisse.
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as pessoas, como fazia com a mãe quando tinha três meses, baixan- |
um sorriso de vitória.
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OS CUSTOS DA DESSINTONIA
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A FISIOLOGIA DA EMPATIA
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Uma das maneiras mais sinistras através das quais esta ausência
de empatia se manifesta foi descoberta por acaso num estudo sobre
os piores casos de violência doméstica. A investigação revelou uma
anomalia fisiológica em muitos dos maridos mais agressivos, que
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As Artes Sociais
Como tantas vezes acontece quando se tem cinco anos e irmãos
mais novos, Len tinha perdido completamente a paciência comjay,
o seu irmão de dois anos e meio, que estava a armar a maior das
confusões com as peças de Lego com que ambos brincavam.
Deixando-se dominar pela irritação, Len prega uma valente dentada
em Jay, que desata a chorar. A mãe, ao ouvir os gritos doloridos
do mais novo, vem lá de dentro e ralha com Len, ordenando-lhe
que arrume na caixa os pomos da discórdia, ou seja, as peças de
Lego. Face àquilo que lhe parece sem a mínima dúvida uma gravíssima
injustiça, Len põe-se a chorar por sua vez. Ainda zangada, a
mãe recusa-se a consolá-lo.
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— Queres um estalo?
— Não!
— Então acaba com isso, se fazes favor — diz a mãe com firmeza,
se bem que já um pouco exasperada.
— Estou a tentar.
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terra que separavam os campos de arroz uns dos outros, surgiu uma |
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Não havia dúvida de que Cecil era brilhante; tinha uma licenciatura
universitária em línguas estrangeiras e era um excelente tradutor.
Mas havia aspectos cruciais em que se revelava completamente
inepto. Parecia faltarem-lhe as mais simples aptidões sociais.
Baralhava-se na mais vulgar das conversas e gaguejava até para dar
os bons-dias; em suma, parecia incapaz do mais rotineiro contacto
social. Uma vez que a sua falta de graça social se tornava ainda mais
patente quando se encontrava na presença de mulheres, Cecil procurou
um terapeuta, perguntando a si mesmo se não teria «tendências
homossexuais de uma natureza subjacente», como dizia, embora
não acreditasse muito nisso.
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«ODIAMOS-TE»: A MARGEM
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— Eh!
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— Chega aqui.
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mentos que vão a caminho do desastre; em 85 por cento dos casos,
é o marido que se remete ao silêncio em resposta a uma esposa que
o ataca com críticas e desdém.’4 Como resposta habitual, esta técnica
é devastadora para a saúde da relação, corta toda e qualquer possibilidade
de chegar a um acordo.
PENSAMENTOS TÓXICOS
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Terá algum problema no emprego?» Esta é uma visão que não classifica
o marido (ou o casamento) como irremediavelmente defeituoso
e irrecuperável. Em vez disso, vê aquele mau momento como
o resultado de circunstâncias que podem mudar. A primeira atitude
provoca o conflito permanente; a segunda apazigua.
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A BOA DISCUSSÃO
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O que mais notavelmente falta nos casais que acabam por divorciar-se
é a existência de tentativas por parte de qualquer dos parceiros
para fazer baixar a tensão. A presença ou a ausência de maneiras
de colmatar a ruptura constitui uma diferença crucial entre
as discussões dos casais que têm um casamento saudável e aqueles
que acabam por se divorciar.25 Os mecanismos de reparação que
impedem uma discussão de transformar-se numa tremenda explosão
são coisas simples, como tentar manter o debate dentro de certos
limites, mostrar empatia e reduzir a tensão. Estes movimentos básicos
são como um termostato emocional, impedindo que os sentimentos
expostos aqueçam excessivamente e dominem a capacidade
de os parceiros se limitarem à questão presente.
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Acalmar-se
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Autoconvicção desintoxicante
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Ela: Claro que estou a gritar... Não ouviste uma palavra do que
eu disse. Não me ligas nenhuma!
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Praticar
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Gerir com Coração
Melburn McBroom era um chefe dominador, com um feito que
intimidava quando com ele trabalhavam. O facto não mereceria talvez
qualquer comentário especial se Mr. McBroom trabalhasse num
escritório ou numa fábrica. Mas Mr. McBroom era piloto comercial.
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Este estudo foi feito nos anos 70, quando o meio dos negócios
era muito diferente. A minha convicção é de que tais atitudes estão
ultrapassadas, são um luxo de outros tempos; uma nova realidade
competitiva veio dar uma importância crescente à inteligência
emocional, tanto no local de trabalho como no mercado. Tal como
Shoshona Zuboff, uma psicóloga de Harvard Business School, me
observou, «as empresas passaram ao longo deste século por uma
revolução radical, e com ela veio uma correspondente transformação
da paisagem emocional. Houve um longo período de domínio
administrativo da hierarquia empresarial em que o chefe duro,
manipulador, capaz de todos os truques foi recompensado. Mas essa
hierarquia rígida começou a desmoronar-se nos anos 80, sob as
pressões conjuntas da globalização e das tecnologias da informação.
O homem da selva simboliza aquilo que a empresa foi; o virtuoso
das relações interpessoais representa o futuro».3
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tá a fazer tudo mal» feita num torn sarcástico, duro e zangado, que
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A arte da crítica
Consideremos a alternativa.
Uma crítica bem feita pode ser uma das mensagens mais proveitosas
que um gestor pode emitir. Por exemplo, o que o vice-presidente
sarcástico devia ter dito ao engenheiro — mas não disse —
era qualquer coisa no género: «A maior dificuldade nesta fase é que
o seu plano demorará demasiado tempo a concretizar e fará subir os
custos. Gostaria que pensasse melhor na sua proposta, sobretudo
nas especificações do software, para ver se consegue descobrir uma
maneira de fazer o trabalho mais rapidamente.» Este tipo de mensagem
tem precisamente o efeito oposto ao de uma crítica destrutiva:
em vez de criar impotência, fúria e rebelião, contém a esperança
de se conseguir fazer melhor e sugere o início de um plano para
atingir esse objectivo.
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As raízes do preconceito
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Mente e Medicina
«Quem lhe ensinou tudo isto, Doutor!»
A resposta veio, pronta:
«O sofrimento.»
A MENTE DO CORPO:
A IMPORTÂNCIA DAS EMOÇÕES PARA A SAÚDE
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co; a ira parece ser a emoção que mais mal faz ao coração. Ao contarem
os incidentes que os tinham perturbado, os pacientes afirmavam
que o nível de ira que sentiam na altura era cerca de metade
do que tinham sentido durante a ocorrência propriamente dita, o
que sugere que os seus corações tinham sido muito mais gravemente
afectados quando o caso se dera.
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Estes passos são um começo. Mas para que a medicina possa ampliar
a sua visão de modo a abarcar o impacte das emoções, é primeiro
preciso que duas importantes implicações das descobertas
científicas sejam levadas a sério:
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Quarta Parte
Janelas de Oportunidade
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O Crisol da Família
É uma pequena tragédia familiar. Cari e Ann estão a ensinar a
filha, Leslie, que tem apenas cinco anos, a brincar com um novo
jogo de vídeo. Mas quando Leslie começa a aprender, a ânsia dos
pais em «ajudá-la» parece só servir para complicar as coisas. Ordens
contraditórias voam em todas as direcções.
— Pára! Pára!
E a mãe grita-lhe:
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nenhum dos pais, ninguém, para ser mais exacto, quer saber dos
seus sentimentos.1 Quando momentos como este se repetem vezes
sem conta ao longo da infância, transmitem algumas das mais fundamentais
mensagens emocionais — lições que podem determinar
o curso de uma vida. A vida familiar é a nossa primeira escola para
a aprendizagem emocional; neste caldeirão de intimidade aprendemos
como sentirmo-nos a respeito de nós próprios e como os outros
reagirão aos nossos sentimentos; o que pensar a respeito desses sentimentos
e que escolhas temos ao nosso dispor para reagir; como ler
e exprimir esperanças e medos. Esta aprendizagem emocional funciona
não só através das coisas que os pais dizem e fazem directamente
às crianças, mas também dos modelos que oferecem no modo
como lidam com os seus próprios sentimentos e com aqueles que
passam entre marido e mulher. Alguns pais são professores emocionais
muito dotados; outros são péssimos.
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• Ser desdenhoso, não mostrar respeito por aquilo que a criança sente.
Estes pais são tipicamente severos, duros tanto nas criticas como
nos castigos. Podem, por exemplo, proibir à criança qualquer
sinal de zanga, e castigarem-na ao mais pequeno indício de
irratibilidade. Estes são os pais que gritam furiosamente à criança
que está a tentar contar o seu lado da história: «E não me
respondas!»
Para que os pais possam ser treinadores eficazes a este nível, têm
eles próprios de ter um conhecimento razoável dos rudimentos da
inteligência emocional. Uma das lições emocionais básicas para
uma criança é, por exemplo, como distinguir entre sentimentos; um
pai que não consiga identificar, digamos, a sua própria tristeza, não
poderá ajudar o filho a compreender a diferença entre estar triste
por ter sofrido uma perda, estar triste num filme triste, e a tristeza
que sentimos quando acontece alguma coisa má a alguém de quem
gostamos. Para além desta distinção, há outros conhecimentos mais
sofisticados, como o de que a ira é tantas vezes provocada pelo facto
de nos sentirmos magoados.
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UM bom COMEÇO
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tempo passa, vão ficando ainda mais para trás, tornando-se cada vez
mais desencorajadas, ressentidas, perturbadas e perturbadoras.
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Trauma e
Reaprendizagem Emocional
Som Chit, uma refugiada cambojana, recusou quando os três filhos
lhe pediram que lhes comprasse espingardas automáticas AK47
de brinquedo. Os três garotos — de seis, nove e onze anos —
queriam as espingardas para uma brincadeira que costumavam fazer
na escola e se chamava Purdy. No jogo, Purdy, o mau, usa uma
espingarda automática para matar um grupo de crianças, após o que
se suicida. Por vezes, no entanto, as crianças modificam o fim da
brincadeira: são elas quem mata Purdy.
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Uma mulher que foi assaltada por um indivíduo que entrou com ela
num elevador e a obrigou, à ponta de faca, a sair num andar desocupado,
recusou-se durante semanas a entrar não só num elevador,
mas também numa carruagem de metropolitano ou outro qualquer
espaço fechado onde pudesse sentir-se encurralada; saiu a correr do
banco quando viu um homem levar a mão ao bolso do casaco, como
o seu assaltante tinha feito.
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de que serei atingido pela próxima rajada e sei que you morrer.
Tenho as mãos geladas, mas o suor escorre-me de todo o corpo.
Sinto os cabelos eriçarem-se-me na nuca. Não consigo respirar e o
; coração bate-me com força. Sinto um cheiro húmido, sulfuroso.
Subitamente, vejo o que resta do meu amigo Troy... numa bandeja
de bambu, enviada ao nosso acampamento pelo Vietcong... O
próximo relâmpago e o trovão que se segue fazem-me dar um salto
tão grande que caio no chão.3
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o chão debaixo dos seus pés. Agora, meses mais tarde, recuperara
quase completamente do pânico que a dominara durante os primeiros
dias que se tinham seguido, quando o bater de uma porta era o
suficiente para a pôr a tremer de medo. O único sintoma que perdurava
era a incapacidade de dormir, um problema que só surgia
quando o marido não estava em casa — como acontecera na noite
do terramoto.
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neráveis do que outros animais que não passaram por essa experiência
às modificações cerebrais provocadas pelo trauma (o que sugere
a necessidade urgente de tratar as crianças com SPT). Parece ser
esta a razão por que, quando expostas à mesma catástrofe, umas pessoas
desenvolvem SPT e outras não: a amígdala destas últimas já
está predisposta para encontrar perigos, e quando a vida lhes apresenta
novamente um perigo real, o seu alarme soa mais alto.
REAPRENDIZAGEM EMOCIONAL
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Cinco anos mais tarde, Terr viu o rapto ser reencenado nas
brincadeiras das vítimas. As raparigas, por exemplo, brincavam aos
raptos com as suas bonecas Barbie. Uma menina, que detestara sentir
na pele a urina das outras crianças quando todas se tinham refugiado
a monte num canto, cheias de terror, lavava a sua Barbie
vezes sem conta. Outra brincava à Barbie Viajante, um jogo em que
a Barbie viajava para um sítio qualquer — não importava qual —
e regressava em segurança, que era o objectivo do jogo. O preferido
de uma terceira garota era um cenário em que a boneca era enfiada
num buraco e sufocava.
to de cinco anos que foi raptado juntamente com a mãe pelo examante
desta. O homem levou-os para um quarto de motel, onde
ordenou à criança que se escondesse debaixo de uma manta enquanto
espancava a mãe até à morte. O rapaz estava, compreensivelmente,
relutante em falar a Eth sobre o que ouvira e vira enquanto
estava tapado pela manta. Por isso Eth pediu-lhe que fizesse
um desenho — um desenho qualquer.
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E RECUPERAÇÃO DO TRAUMA
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emocional aprende mais uma vez que a vida não tem necessariamente
de ser vista como uma emergência prestes a acontecer.
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O Temperamento Não E Fatalidade
Falamos em alterar padrões emocionais que foram aprendidos.
Mas o que dizer daquelas respostas que nos são ditadas pela nossa
herança genética? Que tal mudar as reacções habituais daqueles que
por natureza são, digamos, altamente voláteis ou dolorosamente
tímidas? Esta área do registo emocional cai sob a alçada do temperamento,
o pano de fundo de sentimentos que caracteriza a nossa
disposição básica. O temperamento pode ser definido em termos
dos estados de espírito que tipificam a nossa vida emocional. Em
certa medida, todos nós temos uma área emocional favorita deste
tipo; o temperamento é uma característica inata, faz parte da lotaria
genética que tão determinante se revela no desenrolar da vida.
Todos os pais sabem disto: logo a partir do momento em que nasce,
uma criança pode ser calma e sossegada, ou agitada e difícil. A questão
está em saber se esta estrutura emocional geneticamente determinada
pode ser modificada pela experiência. A biologia fixa para
sempre o nosso destino emocional, ou pode uma criança inatamente
tímida transformar-se num adulto mais confiante?
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A NEUROQUIMICA DA TIMIDEZ
Uma pista precoce para se saber qual destes padrões uma criança
herdou é o modo como se comporta quando bebé, se é ou não difícil
e irritável, como reage na presença de alguma coisa ou de alguém
que não conheça. Enquanto cerca de uma em cinco crianças
cai na categona dos tímidos, duas em cinco têm um temperamento
ousado — pelo menos à nascença.
Nos anos 1920, quando ainda era uma jovem, a minha tia June
deixou a sua casa em Kansas City e aventurou-se sozinha até Xangai,
naqueles tempos uma viagem perigosa para uma mulher solitária.
Aí, june conheceu e casou com um detective da polícia colonial
daquele centro internacional de comércio e intriga. Quando os
japoneses capturaram Xangai, no início da Segunda Guerra Mundial,
a minha tia e o marido foram internados no campo de prisioneiros
descrito no livro e filme O Império do Sol. Depois de sobreviverem
cinco horríveis anos no campo de concentração, tinham
literalmente perdido tudo o que possuíam. Sem um centavo, foram
ambos repatriados para a Colúmbia Britânica.
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pessoa pode ser classificada com base nos padrões das suas ondas
cerebrais como tendo tendência para um ou outro tipo, afirma
Davidson. O contraste de temperamento entre o triste e o alegre
revela-se de muitas maneiras diferentes, grandes e pequenas. Por
exemplo, numa determinada experiência os voluntários viam uma
série de pequenos filmes. Alguns eram divertidos — um gorila a
tomar banho, um cachorrinho a brincar. Outros, como um filme
de um curso de enfermagem que mostrava os pormenores mais
sanguinolentos de uma operação, eram francamente perturbadores.
Os tristonhos, os que registavam maior actividade no
hemisfério direito, achavam os filmes alegres apenas medianamente
divertidos, mas reagiam à sangueira da operação com medo e
nojo muito intensos. Os do grupo dos alegres tinham reacções mínimas
às imagens da operação, mas ficavam deliciados com os filmes
divertidos.
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JANELAS CRUCIAIS
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Quinta Parte
Literacia Emocional
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O Preço da Iliteracia Emocional
Começou como um vulgar desentendimento, mas depressa deu
para o torto. Ian Moore e Tyrone Sinkler, dois alunos da Jefferson
High School, em Brooklyn, tinham-se travado de razões com um
colega, Khalil Sumpter, de quinze anos. Depois começaram a implicar
sistematicamente com ele, fazendo ameaças. Até que a situação
explodiu.
MAL-ESTAR EMOCIONAL
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DOMESTICAR A AGRESSÃO
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crianças, era três vezes mais provável ouvi-las admitir que tinham
batido em alguém que não lhes fizera qualquer mal, ou praticado
furtos em lojas, ou usado uma arma numa luta, ou roubado um
carro, ou terem-se embriagado — tudo isto antes de atingirem os
catorze anos de idade.16