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propostas em carta fechada; autorizar a venda antecipada dos bens
penhorados, ordenar que a venda seja efectuada no tribunal da
situação dos bens etc.).
A fase processual da venda executiva implica, por
conseguinte, a realização de actos preparatórios (v.g., avaliação dos
bens penhorados, publicitação dos anúncios; acesso aos bens
penhorados por parte de interessados na venda executiva), do acto
de transmissão propriamente dito (v.g., abertura das propostas,
deliberação sobre as propostas; aceitação da proposta) e actos
subsequentes ou, noutra perspectiva, actos de conclusão do
procedimento complexo de integração e perfeccionamento (v.g.,
cumprimento das obrigações tributárias a que a transmissão dê lugar;
emissão do título de transmissão, pedido de remição dos bens;
cancelamento dos registos dos direitos que caducam com a venda
executiva).
Tal como nas outras fases da acção executiva, a sequência
dos actos conducentes à venda é susceptível de gerar eventuais
irregularidades e, inclusivamente, nulidades processuais com
consequências desastrosas para todos os intervenientes no processo,
bem como para o agente de execução: p. ex., anulação da venda,
responsabilidade disciplinar, civil e/ou criminal do agente de
execução.
O presente “Manual de Boas Práticas” pretende apenas
iluminar e esclarecer alguns pontos específicos controvertidos do
regime jurídico aplicável à alienação executiva de bens ou direitos
penhorados em execuções comuns, relativamente aos quais se
constata existir uma total ou insuficiente falta de tratamento
jurisprudencial ou doutrinal.
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previamente seleccionados pelo Colégio da Especialidade da
Câmara dos Solicitadores.
A formulação de tais quesitos têm na sua origem, tanto a
preocupação dos actuais agentes de execução — que os
postularam precipuamente à Câmara dos Solicitadores —, na
sequência dos problemas que enfrentam no diuturno exercício da
sua actividade, quanto a preocupação do Colégio da Especialidade
em fornecer aos agentes de execução informações e
esclarecimentos sobre pontos controvertidos atinentes a esta fase da
acção executiva.
A discussão sobre tais quesitos teve lugar em duas Conferências
organizadas pela Câmara dos Solicitares, sobre a temática da venda
executiva, que tiveram lugar no grande Porto, no dia 26 de
Novembro de 2011 e em Lisboa, no dia 10 de Dezembro de 2011, em
cujos debates, para além do público, formado maioritariamente por
agentes de execução, participaram:
- O Dr. Virgínio da Costa Ribeiro, Juiz nos Juízos de Execução do
Porto;
- O Dr. Orlando Sérgio Rebelo, Juiz nos Juízos de Execução do
Porto;
- A Prof. Doutora Elizabeth Fernandez, Professora da Escola de
Direito da Universidade do Minho,;
- O Dr. Armando A. Oliveira, do Colégio da Especialidade;
- A Dra. Maria João Calado, Juíza nos Juízos de Execução de
Lisboa;
- A Dra. Ana Paula Albuquerque, Juíza nos Juízos de Execução
de Lisboa, e
- O Prof. Doutor João Paulo Remédio Marques, Professor da
Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra.
A síntese, a sistematização, o enquadramento jurídico-
dogmático e a redacção das respostas a estes quesitos foi efectuada
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pelo Prof. Doutor João Paulo Remédio Marques, com base num texto
disponibilizado pelo Colégio da Especialidade, tendo em conta os
debates e as sínteses resultantes das referidas conferências.
Por forma a contemplar todas as opiniões e por existirem
entendimentos diversos sobre algumas das respostas dadas, serão
apresentadas as posições do Dr. Juiz Virgínio da Costa Ribeiro e do Dr.
Juiz Orlando Sérgio Rebelo, respectivamente.
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II
Questionário e respostas
aos quesitos
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1. Tendo-se frustrado a venda por propostas em carta
fechada e requerendo o exequente (ou credor reclamante) a
adjudicação do bem, deve ser dada publicidade ao
requerimento de adjudicação?
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preferência, se a sua notificação tiver sido preterida (artigo 892.º, n.º
4, do CPC).
Se o valor for superior a 70% do valor base, o agente de
execução está em condições de fazer a imediata adjudicação, nos
termos da última parte do n.º 3 do artigo 877.º do CPC. É, porém,
duvidoso, se a adjudicação tem, nestes casos, que respeitar a
percentagem de 70% do valor base dos bens.
Observe-se, por outro lado, que, de harmonia com a proposta
de revisão do Código de Processo Civil — que se encontra,
atualmente, em discussão pública —, na venda por propostas em
carta fechada, prevê-se que o exequente, se estiver presente no
acto de abertura das ditas propostas, pode manifestar vontade de
adquirir os bens a vender, abrindo-se logo licitação entre si e
proponente do maior preço; se o proponente do maior preço não
estiver presente, o exequente pode cobrir a proposta daquele (artigo
893.º, n.º 5 da proposta de revisão do CPC), aplicando-se as regras
gerais de caução e depósito, sem prejuízo das regras de dispensa do
depósito aos credores do artigo 887.º (artigo 893.º, n.º 6 da proposta
de revisão do CPC).
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referida posição não contraria o disposto no artigo 875º, nº 4 do CPC,
segunda parte, uma vez que neste apenas se impõe que se aguarde
pela data para a abertura de propostas já designada.
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2. Inexistindo depósitos públicos e leilão eletrónico, deve
a venda dos bens móveis ser feita, em primeira mão, através
de propostas em carta fechada?
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bem, no sentido de dever ser preterida a venda por negociação
particular (alínea b) do nº 1 do artigo 906.º do CPC).
Se, porém, o exequente, o executado ou um credor
reclamante com garantia real sobre os bens a vender propuser a
venda em estabelecimento de leilão e não houver oposição dos
restantes interessados (artigo 906.º, n.º 1, alínea a), do CPC), deve
seguir-se esta modalidade de venda executiva, pois a venda pode
ser efetuada nos termos acordados entre estes sujeitos processuais,
incluindo a venda por negociação particular (artigo 904.º, alíneas a)
e b), idem)1.
A venda do bem móvel por negociação particular é imposta,
tornando-se obrigatória, quando todos estiverem de acordo nessa
modalidade de venda executiva (artigo 904.º, alíneas a) e b), idem).
A venda em leilão eletrónico deverá ser realizada quando se
frustra a venda em carta fechada, em depósito público, ou quando
o agente de execução entenda preferível à venda em por
negociação particular ou à venda por carta fechada (artigo 907.º-B
do CPC).
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Tb., neste sentido, VIRGÍNIO DA COSTA RIBEIRO, As Funções do Agente de Execução,
Coimbra, Almedina, 2011, p. 154.
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Caso opte pela venda por propostas em carta fechada,
importa decidir se esta tem lugar no tribunal (perante o Juiz) ou no
escritório do agente de execução.
Sendo a lei omissa quanto a esta, devemos apelar ao sentido
que o legislador pretendeu dar, sendo para tal relevante:
a) A venda de estabelecimento comercial (de valor superior
a 500 UC) só ocorre perante o juiz se este assim o
determinar (artigo 901.º-A do CPC);
b) A abertura de propostas em resultado de requerimento
de adjudicação (quando não se trate de imóvel ou
estabelecimento comercial de valor superior a 500 UC) é
sempre feita perante o agente de execução, que
desempenha as funções reservadas ao juiz (n.º 3 do artigo 876.º
do CPC).
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3. Se no momento da abertura de propostas, o
executado efetuar o pagamento da divida, procede-se à
abertura das propostas ou susta-se de imediato a execução?
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Parece não restar dúvidas que o pedido de liquidação de
responsabilidade suspende de imediato a execução. O legislador,
consciente de esta figura pode ser usada com carácter meramente
dilatório, só permite a sua aplicação uma única vez (n.º 4 do artigo
917.º do CPC).
Assim, surgindo este o pedido de liquidação (ou verificando o
pagamento) no acto da abertura de propostas, ou mesmo após a
publicidade da venda, deverão ser suspensas todas as diligências,
sendo certo que, com vista a não tornar absolutamente inúteis os
actos praticados, bem como a minimizar os efeitos de uma utilização
abusiva deste expediente, a diligência de abertura de propostas
deverá ser adiada até que se verifique se foi ou não pago o valor
liquidado.
As propostas que tenham sido apresentadas ficarão a
aguardar o termo do prazo, procedendo-se à abertura de propostas
caso não se venha a verificar o pagamento, ou restituindo-se estas
aos proponentes caso a execução se venha a extinguir pelo
pagamento.
De referir que nos termos do n.º 4 do artigo 893.º do CPC as
propostas apresentadas só poderão ser retiradas se a abertura for
adiada por mais de 90 dias.
Deverá, no entanto, distinguir-se consoante seja o exequente a
informar que o executado (ou alguém em seu nome) já lhe pagou,
ou seja o executado (ou outrem, em seu nome) a apresentar-se ao
agente de execução ou à Secretaria a fim de pagar o montante
exequendo.
Neste último caso, a obrigação exequenda deverá ser paga na
totalidade, bem como as custas. No primeiro caso, a execução
deverá ser sustada e deve liquidar-se a responsabilidade do
executado. Se este não pagar as custas, a venda deverá prosseguir.
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O Dr. Juiz Virgínio da Costa Ribeiro, pondera ainda que, para a
resposta a esta questão interessa considerar se o pagamento foi feito
diretamente ao exequente ou se no âmbito do processo. No primeiro
caso, junto o requerimento, observar-se-á o disposto no artigo 916º, nº
5 e 917º, nº 1: apesar de apenas estar paga a dívida exequenda, a
execução deverá ser sustada (dando-se sem efeito a venda) e
liquidar-se-á a responsabilidade do executado. No segundo caso,
aplicar-se-á o disposto no artigo 916º, nºs 1, 3 e 4: apresentando-se o
executado (ou outra pessoa) na secretaria do tribunal ou perante o
AE, para obstar à realização da venda terá o mesmo de proceder ao
pagamento da dívida e das custas, pelo que estas deverão ser
calculadas e depositadas de imediato, sem o que a venda não
deverá ser sustada.
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4. E se o executado efetuar o pagamento da dívida antes de
ser emitido o título de transmissão?
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e) Existe uma consequência quando o pedido de
liquidação é feito “após a venda”, no caso “a liquidação tem
de abranger também os créditos reclamados para serem
pagos pelo produto desses bens” (artigo 917.º, n.º 2 CPC).
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arrestando os bens suficientes para garantir o pagamento do valor
em dívida).
Não se esqueça., igualmente, que este auto de abertura e
aceitação da proposta permite logo efetuar o registo provisório da
transmissão (artigos 48.º, n.º 2, e 92.º, n.º 1, alínea h), ambos do
Código do Registo Predial), impedindo uma transmissão “paralela”
em sede de execução fiscal. O título de transmissão permite, por
outro lado, efetuar a conversão do registo provisório no registo
definitivo da aquisição.
Além de que este auto de abertura e aceitação de proposta
serve de título executivo pela dívida do preço em falta e pelas
despesas resultantes do seu não pagamento.
Vale isto por dizer que os momentos subsequentes à aceitação
da proposta são, quanto muito, momentos extrínsecos de um
procedimento complexo de alienação executiva. Mas o depósito do
preço é aquele momento que marca a data em que os bens são
adjudicados ao proponente ou ao preferente (artigo 900.º, n.º 1, do
CPC), ainda que o título de transmissão somente seja emitido após o
pagamento dos impostos s que houver lugar.
Sendo assim — ao ser concebido que o pagamento voluntário
da obrigação exequenda e as custas, num momento em que os bens
já se encontram vendidos (ou seja, após a aceitação de alguma
proposta ou exercício do direito de preferência) — aplicar-se-á o
disposto no n.º 2 do artigo 917.º do CPC: a liquidação abrange as
custas e os créditos reclamados para serem pagos pelo produto dos
bens vendidos. Nesta outra perspetiva não se susta a execução. Faz-
se a referida liquidação e emite-se o título de transmissão. Quer dizer:
nesta outra maneira de ver o problema o agente de execução não
deve restituir ao proponente (ou ao preferente) os montantes que
tenham sido por este entregues.
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5. Na venda por propostas em carta fechada verifica-se que
a proposta mais alta não vem acompanhada do valor devido
(cheque ou garantia bancária). Deve ser concedido prazo para o
proponente juntar o pagamento?
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consumação da proposta apresentada (que a reforma de 1995/96
havia eliminado)”2 .
A apresentação (juntamente com a proposta) da caução
mostra-se assim um requisito indispensável, não devendo assim ser
aceite qualquer proposta que a apresente, não devendo sequer
fazer-se constar da ata qual o valor proposta, mas tão só a indicação
do proponente e dos motivos da rejeição da proposta (o
proponente, não estando presente no acto da abertura), terá
necessariamente que também ser notificado da decisão.
Todavia, se todos os interessados estiverem presentes e
ninguém suscitar a questão — ou se todos concordarem em aceitar
assim a proposta —, julga-se que não haverá nulidade processual,
conforme decorre (“ … a totalidade ou a parte do preço em falta” —
o itálico é nosso)3. No mais, admite-se que, nesta hipótese, o juiz
suspenda a diligência por um curto período (p. ex., uma hora),
permitindo que o proponente ou preferente diligenciem a junção do
cheque em falta ou a constituição imediata da garantia bancária.
Observe-se que, tendo sido aceite alguma proposta, o
proponente é notificado para, no prazo de quinze dias, depositar o
preço devido.
Quando o depósito não seja realizado nesse prazo, ou bem
que: (a) a secretaria procede à liquidação da responsabilidade do
proponente, é ordenado o arresto de bens deste e ele é executado
no próprio processo, conferindo-se, assim, ao tribunal um meio mais
célere para a cobrança do que é devido; ou bem que (b) o tribunal,
ouvidos os interessados, determina que a venda fique sem efeito e
que se realize nova venda, à qual não é admitido o proponente
2
Conferir Acórdão do Tribunal da Relação de Guimarães proc. n.º 2206/04.4TBFAF-D.G1
(http://www.dgsi.pt/jtrg.nsf/0/9b89dd07b9e54c93802575f40038eef3?OpenDocument)
3
No mesmo sentido, VIRGÍNIO DA COSTA RIBEIRO, As Funções do Agente de Execução, cit.,
2011, p. 155.
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relapso, que fica responsável por cobrir a diferença do preço e por
pagar as despesas que originou4.
Por conseguinte, a ineficácia da venda executiva não decorre
automaticamente da falta de depósito do preço no prazo legal de
quinze dias5.
Não pode, porém, adotar-se tertio genus, não previsto na lei,
qual seja a de rejeitar uma proposta que já havia sido aceite e
aceitar outra, sem audição dos interessados na venda6.
A proposta de revisão do CPC — que está, atualmente, em
discussão pública — determina, porém, no proposto n.º 1 do artigo
897.º, que “os proponentes devem juntar obrigatoriamente com a sua
proposta, como caução, um cheque visado, à ordem do agente de
execução ou, nos casos em que as diligências de execução são
realizadas por oficial de justiça, da secretaria, no montante
correspondente a 5% do valor anunciado ou garantia bancária no
mesmo valor” — o itálico é nosso.
4
No mesmo sentido, cfr. T EIXEIRA DE SOUSA, Miguel, Acção Executiva Singular, Lisboa,
Lex, 1998, p. 371.
5
Cfr. o acórdão da Relação do Porto, de 1/6/2006, proferido no processo n.º 0632700,
disponível in http:// www.dgsi.pt.
6
Neste sentido, veja-se, também, o acórdão da Relação do Porto, de 6/12/2011 (F ERNANDO
SAMÕES), proc. n.º 4486/05.9TBSTS-A.P1, in http://www.dgsi.pt.
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de acordo com o estabelecido no artigo 897º, nº 2 (notificar o
proponente para proceder ao depósito no prazo de 15 dias) ou 898º.
(aceitar outra proposta, dar sem efeito a venda ou liquidar a
responsabilidade do proponente).
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6. Após a abertura de propostas, o proponente vem declarar que
pretende que o título de transmissão seja emitido a favor de uma terceira
entidade. Pode o agente de execução aceitar este pedido?
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Refira-se que, face ao teor do n.º 1 do artigo 8.º do Código do Imposto Municipal sobre as
Transmissões Onerosas de Imóveis (CIMT) — nos termos do qual “são ainda isentas do IMT as
aquisições de imóveis por instituições de crédito ou por sociedades comerciais cujo capital seja
directa ou indirectamente por aquelas dominado, em processo de execução movido por essas
instituições ou por outro credor, bem como efectuadas em processo de falência ou de insolvência e
ainda, as que derivem de actos de dação em cumprimento, desde que, em qualquer caso, se destinem
à realização de créditos resultantes de empréstimos feitos ou fianças prestadas” —, é o juiz do
processo executivo a entidade competente a quem compete declarar a isenção de IMT por parte do
adquirente de imóvel que dela goze, nos termos dos arts. 8.º, n.º 1, e 10.º, n.º 6, alínea b), do referido
Código do Imposto Municipal sobre as Transmissões Onerosas de Imóveis (CIMT), pois que "o
tribunal competente para a acção é também competente para conhecer dos incidentes que nela se
levantem" (artigo 96.º, n.º 1, do CPC) — neste sentido, veja-se o acórdão do Supremo Tribunal de
Justiça, de 26/01/2006 (ARAÚJO DE BARROS), proc. n.º 05B3448, in: http://www.dgsi.pt.
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Coloque-se por hipótese o falecimento do proponente. O direito em causa transmite-se aos
herdeiros e pode mesmo ser objecto de partilha.
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Sendo requerida a emissão do título de transmissão a favor de
pessoa diversa do proponente, deverá o agente de execução
notificar as partes do respectivo pedido, bem assim notificar os
proponentes para comprovarem a liquidação das obrigações fiscais,
designadamente pela transmissão do direito, em moldes idênticos
aos aplicáveis à transmissão de posição em contrato de promessa de
compra e venda.
As coisas passam-se da mesma forma à luz de uma outra
perspetiva dogmática de ver a questão. Vale dizer, se for entendido
que o proponente já é o adquirente após a aceitação da proposta,
por maioria de razão (a fortiori) poderá ser emitido o título de
transmissão a favor de uma outra pessoa indicada por esse
proponente.
Isto dito para além dos casos de ocorrência do falecimento ou
da reorganização societária (p. ex., fusões, cisões, constituição de
Sociedade Gestora de Participação Social em favor de quem o
proponente pede que seja emitido o título de transmissão) do
adquirente, ocorrida entre a data da aceitação da proposta e a
data da emissão do título de transmissão. Pois, também nesses casos
parece perfeitamente justificável que este título seja emitido em favor
dos adquirentes inter vivos ou mortis causa do proponente ou
preferente. Veja-se o “lugar paralelo” do artigo 56.º, n. 1, do CPC,
sendo certo que o título executivo for subscrito por alguém que não
irá ser o concreto executado.
Por outro lado, se a venda for efetuada por negociação
particular, nada parece obstar a que o agente de execução ou a
pessoa que ficar incumbida de a realizar, — incluindo um media dor
oficial na venda de imóveis (art.º 905.º, n.ºs 1, 2 e 3 do CPC) —
combine com o potencial adquirente que este se reserva na
faculdade de designar uma outra pessoa que assuma a sua posição
contratual, como se o contrato tivesse celebrado com esta última
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(contrato para pessoa a nomear: artigo 452.º e segs. do Código Civil;
sendo que, após a designação pelo proposto, efetuada no
convencionado ou prazo de cinco dias subsequentes à celebração
da compra e venda) os efeitos da venda processam-se como se a
pessoa nomeada fosse o contraente originário, adquirindo este
nomeado todos os direitos e obrigações emergentes do contrato.
E nada também afasta a possibilidade de a pessoa
encarregada de realizar a venda combinar com o proposto
adquirente que o negócio é feito em nome de pessoa que
posteriormente será designada: neste caso, a venda só produzirá
efeitos em relação à pessoa prevista se esta a ratificar ou se o
interveniente (proposto adquirente) tiver poderes de representação.
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7. Tendo o exequente requerido a adjudicação do bem e feita a
devida publicidade, verificou-se que não foram apresentadas propostas
de valor superior. No entanto, o exequente não apresenta os
comprovativos de liquidação das obrigações fiscais nem efetua o
pagamento das custas. Como deve atuar o agente de execução?
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Pode, no mais, admitir-se que, em sede de venda por
negociação particular, mesmo que a lei não exija a forma escrita,
esta externação das declarações de vontade deve ser observada,
cabendo a elaboração de documento particular.
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8. Estando pendente oposição podem prosseguir-se as diligências
de venda?
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A Comissão de Revisão do Processo Civil propôs a modificação
dos n.ºs 3 e 4 do artigo 693.º-A, nos termos que seguem:
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prestação de caução, aplicando-se, devidamente adaptado, o n.º 3
do artigo 818.º e os n.os 3 e 4 do artigo 693.º- A”.
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9. Estando a execução baseada em sentença não transitada em
julgado (pendente de recurso com efeitos meramente devolutivos),
podem prosseguir-se com as diligências de venda?
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Se ao recurso da sentença proferida, tivesse sido atribuído
efeito suspensivo, a sentença proferida não constituiria título
executivo, não podendo propor-se ação executiva por inexistência
de um pressupostos específicos da ação executiva – cf. artigo 47.º n.º
1, do CPC.
O Dr. Juiz Virgínio da Costa Ribeiro, considera que a resposta a
esta questão é idêntica à da resposta anterior (1.8). Porém, importa
distinguir as diligências destinadas à venda daquelas que têm por
finalidade proceder à adjudicação, uma vez que esta, constituindo
um meio de pagamento (cfr. artigo 872º), executando-se sentença
ainda em recurso ou estando pendente oposição à execução, não
deverá ser efetuada, sobrestando-se na prática do ato até que a
sentença exequenda transite em julgado ou seja proferida sentença
no apenso de oposição, transitada em julgado, a não ser que o
adjudicatário preste caução nos termos já referidos.
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10. Tratando-se de uma execução movida exclusivamente contra
um dos cônjuges, tendo sido penhorado um imóvel bem comum do casal
e não tendo sido requerida a separação de meações, o produto da venda
é dividido entre o processo e o cônjuge não executado?
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nesse processo destinado à separação de bens comuns, reclamar
contra a escolha efetuada (artigo 1406.º, n.º 1, alínea c), do CPC).
Porém, extinta a execução (p. ex., por causa do pagamento
da obrigação exequenda), deve extinguir-se, por inutilidade
superveniente da lide, o processo de inventário dirigido à separação
dos bens comuns, já que cessa o motivo de tutela dos interesses
jurídicos do cônjuge do executado, no que tange à proteção da sua
meação nos bens comuns9.
Na verdade, se o cônjuge do executado não tiver requerido a
separação dos bens comuns, nem apresentado certidão de ação
pendente, a execução prossegue sobre os bens comuns penhorados
(artigo 825.º, n.º 4 do CPC), pois que é ónus do cônjuge do
executado “salvar” a sua metade nos bens comuns precisamente
através do processo “paralelo” de separação de meações.
9
Tb., neste sentido, veja-se o acórdão da Relação de Coimbra, de 23/11/2010 (GREGÓRIO
SILVA JESUS), proc. n.º 825/05.0TBOHP-A.C1, in http://www.dgsi.pt.
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11. Tendo sido declarada a insolvência de um dos cônjuges e
encontrando-se penhorado um bem comum, deve o agente de execução
prosseguir com a venda do bem penhorado?
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Se houver outros executados não declarados insolventes, a
execução prossegue contra estes. Com efeito, o artigo 88.º, n.º 1, do
CIRE esclarece que a declaração de insolvência (artigo 36.º, idem)
determina a suspensão de quaisquer diligências executivas ou
providências requeridas pelos credores (artigo 47.º, ibidem) que
atinjam bens integrantes da massa insolvente (artigo 46.º, ibidem) e
também impede a instauração ou prosseguimento de qualquer
execução intentada pelos credores da insolvência.
Assim se vê que esta declaração não impede o
prosseguimento da execução relativamente aos restantes
executados não atingidos pela declaração de insolvência10. Isto
pode ser importante relativamente às diligências de venda (ou
adjudicação) de certos bens na ação executiva, que não são
atingidos pela apreensão para a massa da insolvência; ou, por
exemplo, quando se questiona se a execução prossegue contra os
avalistas do executado que tiver sido declarado insolvente.
Se, por outro lado, ambos os cônjuges forem executados o
agente de execução pode identificar, localizar, penhorar e transmitir
os bens próprios do cônjuge executado que não tenha sido
declarado insolvente.
Observe-se, no entanto que o artigo 870.° do CPC pretende
apenas impedir os pagamentos, e não os demais actos (p. ex.,
penhoras, citações, vendas, etc.).
Se a venda do bem penhorado foi efetuada antes do pedido
de insolvência do executado e da respetiva declaração de
insolvência, já tendo o comprador na venda executiva depositado o
valor que ofereceu pelo bem, cumpre apenas suspender os
pagamentos a realizar à conta de tal depósito.
10
Também, neste sentido, veja-se o acórdão da Relação de Coimbra, de 9/11/2010 (JOSÉ
EUSÉBIO ALMEIDA), proc. n.º 4651/07.4TBVIS-B.C1, in http://www.dgsi.pt.
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Além disso, a suspensão da execução, nos termos do artigo
870.° do CPC, não suspende a entrega do bem comprado,
contrariamente ao que ocorria antes da reforma de 1995/1996, aí
onde a então redação do n.º 2 do artigo 870.º mandava suspender
toda a execução: atualmente, faz-se mister, isso sim, proceder-se à
emissão do título de transmissão do imóvel cuja venda teve lugar11.
Isto porque a emissão deste título de transmissão é uma mera
formalidade, que culmina o processo de transmissão da propriedade,
mas não é com essa emissão que se conclui a venda12.
11
Neste sentido, veja-se, igualmente, o acórdão da Relação do Porto, de 18/10/2011 (MÁRCIA
PORTELA), proc. n.º 4010/07.9YYPRT.P1, in http://www.dgsi.pt.
12
Para AMÂNCIO FERREIRA, Curso e Processo de Execução, 11.ª, Coimbra, Almedina, 2009,
p. 399: “São assim as vendas sobre que nos debruçamos de classificar como vendas sujeitas a
condição suspensiva do pagamento do preço. Realizada a compra, defere-se a aquisição para o
momento da satisfação do preço”. Já, porém, LEBRE DE FREITAS/ RIBEIRO MENDES, Código de
Processo Civil Anotado, Coimbra Editora, vol. III, Coimbra, Coimbra Editora, 2003, p. 582, após
sublinharem que a venda não fica concluída com a aceitação da proposta em carta fechada, referem
que: “…o depósito do preço não constitui uma simples condicio juris (condição de eficácia dum
negócio já perfeito), mas um elemento constitutivo da venda executiva por propostas em carta
fechada. Até ele ter lugar, o proponente está ligado ao tribunal por um contrato preliminar (…)
constituído com os elementos já verificados da fatispecie complexa do contrato definitivo em
formação, com eficácia semelhante à do contrato-promessa e, como e, susceptível de execução
específica (art. 898-1) ou de resolução com perda valor da caução prestada (art. 897-1), a título de
indemnização (art. 898-3). Só com a conclusão da venda se produzem os efeitos desta (art . 824 CC)”.
No sentido em que a aceitação de alguma proposta, para produzir os efeitos concretizadores do
negócio, tem que ser formalizada por um despacho judicial de adjudicação, o qual só deverá ser
proferido depois de se mostrar integralmente pago o preço e satisfeitas as obrigações inerentes à
transmissão, conforme determina o artigo 900.º, veja-se o acórdão do Supremo Tribunal de Justiça, de
23/09/2004 (FERREIRA GIRÃO), proc.n.º 04B2283, in http://www.dgsi.pt.; no mesmo sentido, cfr.,
também, o acórdão do STJ, de 14/4/99, in: Colectânea de Jurisprudência, Acórdãos do STJ, ano VII,
1999, Tomo II, p. 51).
No sentido, porém, de que o contrato se acha concluído com a aceitação da proposta, ficando
a transmissão da propriedade condicionada ao pagamento do preço e cumprimento das obrigações
fiscais se pronunciou REMÉDIO MARQUES, J. P., Curso de Processo Executivo Comum à Face do
Código Revisto, Coimbra, Almedina, 2000, p. 404. Se tal não suceder, a venda fica “sem efeito”
(artigo 898.º, n.º 1, alínea a), do CPC), o que significa que esta ocorreu, conquanto não tenha sido
passado o título de transmissão, e que, posteriormente, pode ser resolvida pelo agente de execução, se
não for efectuado o depósito do preço — não se trata de uma situação de caducidade da venda (como
pretende LOPES DO REGO, Comentários ao Código de Processo Civil, Coimbra, Almedina, 1999,
anotação I ao artigo 898), pois este efeito decorre automaticamente da lei, uma verificado o
condicionalismo nela previstas, o que não acontece nestes casos, já que se atribui ao agente de
execução o poder de decidir torná-la “sem efeito”.
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Porém, não é líquido que o proponente na venda executiva
possa adquirir a propriedade do bem, se a declaração de
insolvência for emitida antes da passagem do título de transmissão (id
est, se a declaração de insolvência for posterior ao pagamento do
preço e ao cumprimento das obrigações fiscais a que a venda
executiva tenha dado lugar). Pois pode suceder que o tribunal da
execução suspenda a instância e remeta todos os interessados e os
bens penhorados (e cujo domínio ainda não se tenha transferido
para os proponentes) para os autos da insolvência.
Isto só não será assim no caso da compra e venda sem
entrega, em que já tenha ocorrido a transmissão da propriedade (na
ação executiva): no caso de insolvência do vendedor (in casu, do
executado), mesmo que o contrato não esteja cumprido, o
administrador da insolvência não pode recusar o cumprimento
(artigo 105.º, n.º 1, alínea a), do CIRE, na sequência das diretrizes
constantes do artigo 3.º do Regulamento (CE) n.º 1346/2000, do
Conselho, de 29 de Maio, relativo aos processos de insolvência, o
qual determina, expressamente, que o direito de um terceiro a
reivindicar um bem nunca é afetado pelos processos de insolvência.
Decisivo é, por conseguinte, saber quando é que, no âmbito de um
processo executivo pendente, se opera a transmissão da
propriedade do bem penhorado em benefício do proponente cuja
proposta foi aceita.
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12. Notificadas as partes para se pronunciarem quanto à venda, a
quem devem ser dirigidas as respostas a tal notificação?
13
Cfr., recentemente, neste sentido, o acórdão da Relação de Guimarães, de 29/11/2011
(JORGE TEIXEIRA), proc. n.º 98/06.8TBAVV-B.G1, in http://www.dgsi.pt.
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153.º, n.º 1, todos do CPC), sob pena de aquela ser sanada nos 10
dias posteriores à data em que dela teve conhecimento14.
14
Neste sentido, cf., igualmente, o acórdão da Relação de Coimbra, de 15/03/2011 (FALCÃO
DE MAGALHÃES), proc. n.º 3113/03.3TBLRA-C.C1, in http://www.dgsi.pt.
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notificações para que as partes possam tempestivamente apresentar
reclamações quanto à decisão tomada pelo agente de execução
em sede de venda – vide art.º 153º, ex vi art.º 466º, nº 1, do CPC.
Destaca ainda que, em sede de venda, o que o legislador
pretende é que seja garantida a publicidade da venda e de forma a
que possam ficar os potenciais interessados esclarecidos sobre o bem
a vender, seu valor e ainda o seu estado.
Essa omissão ou deficiência na publicitação da venda pode
mesmo, posteriormente, conduzir à anulação da venda por erro
sobre a coisa transmitida, na veste de desconformidade com o que
tiver sido anunciado – vide art.º 908º, do CPC.
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13. Requerendo o exequente a adjudicação de um bem
penhorado, antes do agente de execução ter tomado a decisão da venda,
deve de imediato ser marcado dia e hora para abertura de propostas?
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Dispõe a alínea a) do nº 3 do artigo 886ºA do CPC que o valor base
dos bens a vender é “Igual ao seu valor patrimonial tributário, nos
termos de avaliação efetuada há menos de três anos”. Seria legítimo
ultrapassar este princípio pelo simples facto de ser requerida a
adjudicação? Certamente que não.
Assim, sendo requerida a adjudicação antes de tomada a
decisão da venda, o agente de execução, depois de terminado o
prazo para audição das partes, deverá tomar a sua decisão,
efetuando a publicidade do requerimento de adjudicação, se e só se
não contrariar os pressupostos quanto ao valor base e eventual
constituição de lotes. O valor base dos bens já deve encontrar-se
fixado. Se assim for, deverá logo designar-se dia para a abertura das
propostas.
Caberá às partes, não se conformando com a decisão do
agente de execução, reclamar para o Juiz.
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14. Devem os executados que não sejam proprietários dos bens
penhorados ser notificados para se pronunciarem quanto à venda e
podem estes reclamar da decisão?
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seja razoável, suscetível de permitir a estes interessados o exercício do
direito de audição sobre a venda.
Alguns destes executados não proprietários dos bens a vender
devem, inclusivamente, ficar salvos de reclamar da decisão do
agente de execução respeitante à modalidade da venda, ao valor
base dos bens a vender ou sobre a oportunidade de vender outro
bem penhorado. Na verdade, alguns destes executados, pese
embora não sejam os proprietários do bem penhorado (ou titulares,
por exemplo, de outro direito real de gozo menor sobre este), podem
ficar prejudicados com a oportunidade dos bens a bens a vender,
modalidade da venda ou, sobretudo, o valor base dos bens a
vender, pois que a definição destas circunstâncias pode implicar a
penhora e alienação de bens destes executados. Por exemplo, a
fixação de um valor base alegadamente baixo dos bens do devedor
principal pode importar a penhora e/ou venda dos bens do fiador,
uma vez constatada a insuficiência dos bens do devedor principal ou
excutido, desse modo, os seu património.
Surpreendem-se, inclusivamente, situações particulares em que
o cônjuge executado deve ser notificado da decisão sobre a venda
de bem próprio do outro cônjuge, também executado.
De facto, se o artigo 864.º, n.º 3, alínea a), do CPC, manda citar
o cônjuge do executado quando a penhora tenha recaído sobre
bens imóveis ou estabelecimento comercial que o executado não
possa alienar livremente, por maioria de razão (a fortiori) —
adquirindo este cônjuge do executado um estatuto processual cujas
faculdades jurídicas são idênticas às do executado (artigo 864.º-A, n.º
1, parte final, do CPC) —, o cônjuge executado deve ser notificado
da decisão sobre a venda de bens próprios do outro executado
(subsidiariamente penhorados, uma vez que a execução terá
seguido o regime das dívidas da responsabilidade de ambos os
cônjuges), que este outro não possa alienar livremente.
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Por exemplo, se ambos, casados sob o regime de comunhão
de adquiridos ou comunhão geral, são executados e for,
subsidiariamente, penhorado um imóvel próprio de um deles cfr. o
artigo 1682.º-A, n.º 1, alínea a), do Código Civil, o outro deve ser
notificado para se pronunciar quanto à venda e reclamar desta
decisão do agente de execução.
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15. Como se procede à venda de um crédito litigioso?
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O Dr. Juiz Virgínio da Costa Ribeiro, considera que a
adjudicação ou transmissão de um crédito ou direito litigioso efetua-
se nos termos gerais (artigo 858º), devendo na publicitação da venda
fazer-se alusão a esse facto.
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16. Pode-se proceder à venda de produtos contrafeitos (por
exemplo vestuário)?
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voltem a ser introduzidos nos circuitos comerciais ou para que lhes
seja dada outra finalidade.
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no Código da Propriedade Industrial revestem uma natureza
semipúblico.
Se o titular (ou o licenciado) do direito de autor ou de direito de
propriedade industrial (v.g., patente, marca, desenho ou modelo)
tiver instaurado uma ação civil destinada a fazer reconhecer a
ilicitude da conduta e a peticionar uma indemnização ou perdas e
danos, o juiz pode fixar medidas relativas ao destino dos bens (artigo
338.º-M, n.º 1, do Código da Propriedade Industrial), o que pode
conflituar com o destino dos bens apreendidos na execução.
Se ocorrer queixa-crime e os bens em violação destes direitos
intelectuais e industriais forem apreendidos no quadro dessa ação
penal, a penhora na ação executiva comum somente deverá ser
efetuada (ou mantida) se e quando o titular do direito ofendido der o
seu consentimento expresso para que tais bens voltem a ser
introduzidos nos circuitos comerciais.
Repare-se, por outro lado, que a norma do artigo 330.º do
Código da Propriedade Industrial não é aplicável aos ilícitos
contraordenacionais ocorridos neste domínio. Este regime da
declaração de perda a favor do Estado encontra-se, na verdade,
restringida aos ilícitos criminais. Ora, só o artigo 22.º do Regime Geral
das Contraordenações (decreto-lei n.º 433/82, de 27 de Outubro)
determina, em certos casos, a perda dos objetos ou mercadorias a
favor do Estado (ou seja, quando tais objetos representem, pela sua
natureza ou pelas circunstâncias do caso, grave perigo para a
comunidade ou exista sério risco da sua utilização para a prática de
um crime ou de outra contraordenação).
Assim, notificado o titular do direito intelectual ou industrial, este
poderá vir a declarar que não se opõe a que tais bens penhorados
sejam vendidos; regime que, por maioria de razão, deve ser aplicado
ao caso de os bens penhorados constituírem ilícito
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contraordenacional, na falta de uma norma idêntica constante do
regime geral das contraordenações.
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17. Encontrando-se, sobre um bem imóvel, pendente um registo
de ação que coloca em causa o direito de propriedade do executado,
pode o bem ser vendido?
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promitente-comprador (ou do reivindicante), da ação de execução
específica (ou da ação de revindicação).
Tão logo que estas ações sejam julgadas procedentes, deve
entender-se que as sentenças delas resultantes são oponíveis a
terceiros desde o momento do registo provisório destas ações
declarativas: todos os actos posteriores a este registo praticado pelo
promitente-comprador (ou pelo reivindicante) são inoponíveis em
relação ao promitente-comprador (ou ao reivindicante). Se este
promitente-comprador (ou o reivindicante), estando já pendente
ação de execução específica (ou de reivindicação), vierem a
deduzir embargos de terceiro contra uma penhora que tenha
atingido, no ínterim, o objeto do contrato prometido (ou da aquisição
não registada pelo terceiro), deve entender-se que os embargos de
terceiro têm fundamento legal. Assim, feita a prova de que esta ação
de execução específica (ou de reivindicação) se encontra pendente
(causa prejudicial), os embargos de terceiro (causa dependente)
devem ser recebidos e deve ser ordenada a suspensão da instância
a que dizem respeito.
Se, por outro lado, o direito do contrato-promessa estiver
dotado de eficácia real, este terceiro é titular, desde o registo da
cláusula que atribui eficácia real ao contrato-promessa, de um direito
que é insuscetível de ser inviabilizado por qualquer alienação ou
oneração do bem, maxime, a sua penhora. Isto independentemente
do exercício de uma ação de execução específica. Não obstante
esta última circunstância, o bem poderá ser vendido, contanto que
se faça esta advertência no anúncio da alienação, qual seja a de
que existe um registo sobre o referido bem que é oponível erga
omnes, e que o adquirente poderá ser obrigado a restituir o bem a
esse terceiro (ou a entregar-lhe, novamente, a soma correspondente
ao preço pago ao agente de execução, caso o terceiro assim o
admita.
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O Dr. Juiz Virgínio da Costa Ribeiro, entende que se trata de um
caso de venda de um direito litigioso. Nada obsta a que se proceda
à venda de imóvel com registo de ação anterior ao registo da
penhora. Porém, atendendo à prioridade do registo, se a ação foi
julgada procedente, os seus efeitos retroagem à data do registo,
fazendo desaparecer os registos posteriores que forem incompatíveis
e ficando a venda sem efeito, nos termos do artigo 909º, nº 1, alínea
d).
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