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O que é isso?
O termo Depressão pode significar um sintoma que faz parte de inúmeros
distúrbios emocionais sem ser exclusivo de nenhum deles, pode significar uma
síndrome traduzida por muitos e variáveis sintomas somáticos ou ainda, pode
significar uma doença, caracterizada por alterações afetivas.
O público está certo ao estranhar a constante e abusiva presença desta tal
Depressão em quase tudo que diz respeito aos transtornos emocionais, e os
psiquiatras não estão menos certos ao procurarem descobrir uma ponta de
Depressão em quase tudo que lhes aparece pela frente.
Do ponto de vista clínico, seria extremamente fácil e cômodo se a Depressão
fosse caracterizada, exclusivamente, por um rebaixamento do humor com
manifestação de tristeza, choro, abatimento moral, desinteresse, e tudo aquilo que
sabemos ter uma pessoa deprimida.
Fosse assim tão típico e característico, até o amigo íntimo, o vizinho ou o
dono da bar da esquina poderiam diagnosticá-la. A parte trabalhosa da psiquiatria está
no diagnóstico dos muitos casos de Depressão atípica, incaracterística ou mascarada,
bem como, perceber traços depressivos em outras patologias emocionais, como por
exemplo, nos casos de Pânico, Fobia, etc.
A sintomatologia depressiva é muito variada e diferente entre as diferentes
pessoas. Para entender melhor essa diversidade de sintomas depressivos, imagina-se
que, entre as pessoas, a Depressão seria como uma bebedeira geral, onde cada
pessoa alcoolizada ficasse de um jeito; uns alegres, outros tristes, irritados,
engraçados, dorminhocos, libertinos.. O que todos teriam em comum seria o fato de
estarem sob efeito do álcool, estariam todos tontos, com os reflexos diminuídos, etc.
Mas a atitude geral em resposta ao alcoolismo, cada um estaria de um jeito, de seu
jeito. Diante da Depressão também; cada personalidade se manifestará de uma
maneira.
A psicopatologia recomenda como válida a existência de três sintomas
depressivos básicos, os quais dão origem a variadíssimas manifestações de sintomas.
Essa tríade da Depressão seria:
1 - Sofrimento Moral,
2 - Inibição Global e,
3 - Estreitamento Vivencial.
Compete à sensibilidade do observador, relacionar um sentimento, um
comportamento, um pensamento ou sentimento, como a expressão individual de um
desses três sintomas básicos, como sendo a expressão pessoal e adequada da
personalidade de cada um diante da Depressão (veja mais sobre esses sintomas em
Afetividade, na seção Depressão)
Depressão com Ansiedade ou Ansiedade com Depressão?
Hipotimia ou Depressão
Depressão - Tipos
Para utilidade do leitor leigo é importante saber que o paciente com Depressão
pode ser entendido de 2 maneiras: ou ele É deprimido ou ele ESTÁ deprimido.
Antigamente quendo a pessoa estava deprimida, isso é, estava com depressão
geralmente ocasionada por uma vivência traumática, dizia-se que ele tinha uma
Depressão Reativa, ou Exógena. Quando, ao contrário, o paciente era deprimido, ou
seja, já tinha tido outras crises depressivas anteriores, com ou sem motivo
desencadeante, dizia-se que tinha uma Depressão Endógena.
Hoje em dia a classificação das Depressões é mais sofisticada, sendo
minuciosamente abordada pelas duas classificações mais conhecidas; a Classificação
Internacional de Doenças, 10a. Revisão (CID.10) e o Manual Diagnóstico e Estatístico de
Transtornos Mentais 4ª revisão, da American Psychiatry Association (DSM.IV).
A Depressão, genericamente considerada, está classificada dentro dos
Transtornos Afetivos. Segundo a CID.10, Transtornos Afetivos são aqueles nos quais
a perturbação fundamental é uma alteração do humor ou afeto, como uma
Depressão (com ou sem ansiedade associada) ou uma Euforia. Esta alteração do
humor em geral se acompanha de uma modificação do nível global de atividade, e a
maioria dos episódios destes transtornos tendem a ser recorrentes e pode estar
relacionada com situações ou fatos estressantes.
O DSM.IV classifica a Depressão dentro dos Transtornos do Humor e também
baseia a classificação nos episódios depressivos. Na prática clínica sugerimos,
didaticamente, que a Depressão seja considerada de duas maneiras: Típica e Atípica.
As Depressões Típicas seriam aquelas que se apresentam através dos Episódios
Depressivos, consoante às classificações internacionais (DSM.IV e CID.10) e Depressões
Atípicas aquelas que se manifestam predominantemente através de sintomas
ansiosos (Pânico, Fobia . .) e somáticos.
Saber se um estado depressivo típico é Leve, Moderado ou Grave é apenas
uma questão da intensidade com a qual se apresentam os Episódios Depressivos.
Saber também se o momento depressivo é uma ocorrência única na vida da pessoa
ou, ao contrário, se ele se repete, dependerá da freqüência com que se apresentam
esses Episódios Depressivos.
Como se vê, o que define o tipo da Depressão são as características dos
Episódios Depressivos. Assim, para saber se a Depressão em pauta é simplesmente
um quadro depressivo ou se é uma fase depressiva do Transtorno Afetivo Bipolar,
é necessário saber se os Episódios Depressivos são uma ocorrência única no curso
da doença ou se coexistem com Episódios de Euforia.
Na Depressão, embora o juízo crítico esteja freqüentemente conservado, as
vivências do paciente são suportadas com grande sofrimento e com perspectivas
pessimistas. A interpretação da realidade assume caráter alterado, de acordo com a
intensidade da Depressão: poderá simplesmente se apresentar como idéias falsas,
nos casos mais leves ou, nos casos mais graves como delírio franco.
Na psicomotricidade do deprimido percebemos inibição geral das funções,
lentidão, pobreza da fala e dos movimentos, ombros caídos e andar com sacrifício,
desleixo nos cuidados com a higiene pessoal, abandono de si próprio. Nos casos mais
graves podemos ter posturas de negativismo, como se a pessoa estivesse numa
espécie de catatonia (apatia intensa e até paralisação psicomotora.
Alguns deprimidos podem salientar apenas sintomas somáticos (físicos) ao
invés de sentimentos de tristeza, como por exemplo, dores vagas e imprecisas,
tonturas, cólicas, falta de ar, e outras queixas somatomorfas. Para estes, talvez, seja
mais fácil comunicar sua aflição e desespero através dos órgãos que do discurso.
Também em crianças e adolescentes a depressão pode dissimular-se sob a forma
de um humor irritável ou rabugento, ao invés de triste e abatido.
Outros pacientes podem apresentar irritabilidade aumentada, como por
exemplo, crises de raiva, explosividade, sentimentos exagerados de frustração,
tendência para responder a eventos com ataques de ira ou culpando os outros. O
que encontramos mais freqüentemente nos distúrbios depressivos são sintomas
atrelados predominantemente à afetividade, normalmente sem severo prejuízo da
crítica.
A perda de interesse ou do prazer está quase sempre presente em algum
grau. Os pacientes podem relatar menor interesse por passatempos, não se
importam mais com coisas antes importantes, enfim, falta-lhes prazer para atividades
anteriormente consideradas agradáveis, incluindo a atividade sexual.
Aproximadamente 50% dos pacientes com Distúrbio Depressivo Maior têm
seu primeiro Episódio Depressivo antes dos 40 anos e a maioria destes surtos não
tratados duram de 6 a 13 meses. Tratados, a maioria dos episódios dura cerca de 3
meses.
Episódio Depressivo