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MÓDULO DE NIVELAMENTO

BÁSICO EM CONSTRUÇÃO E
MONTAGEM
NOÇÕES DE DESENHO
MECÂNICO

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NOÇÕES DE DESENHO MECÂNICO

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autorização prévia, por escrito, da Petróleo Brasileiro S.A. – PETROBRAS.

Direitos exclusivos da PETROBRAS – Petróleo Brasileiro S.A.

PINA, Suzana Angélica da S. M.


Básico em Construção e Montagem / SENAI CIMATEC. Salvador, 2008.

45 p.: 68il.

PETROBRAS – Petróleo Brasileiro S.A.

Av. Almirante Barroso, 81 – 17º andar – Centro


CEP: 20030-003 – Rio de Janeiro – RJ – Brasil

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ÍNDICE

1-DESENHO TÉCNICO......................................................................................................................................10
2-NOÇÕES DE GEOMETRIA ...........................................................................................................................13
2.1. PONTO .....................................................................................................................................................13
2.2. LINHA........................................................................................................................................................13
2.2.1. Linha Reta ........................................................................................................................................14
2.2.2. Semi-reta ..........................................................................................................................................14
2.2.3. Segmento de reta ............................................................................................................................14
2.3. PLANO ......................................................................................................................................................15
2.3.1. Ângulos .............................................................................................................................................16
2.3.2. Circunferências ................................................................................................................................18
2.3.3. Figuras Geométricas Planas..........................................................................................................21
2.4. SÓLIDOS GEOMÉTRICOS ...................................................................................................................24
2.4.1. Poliedros Regulares ........................................................................................................................26
2.4.2. Poliedros Irregulares .......................................................................................................................28
2.4.3. Sólidos de Revolução .....................................................................................................................32
2.4.4. Sólidos Planificados ........................................................................................................................37
3-Noções de Geometria Descritiva ...................................................................................................................40
3.1. REPRESENTAÇÃO PROJETIVA DE UM PONTO ............................................................................42
3.2. REPRESENTAÇÃO PROJETIVA DE UMA RETA .............................................................................43
3.3. REPRESENTAÇÃO PROJETIVA NO 1º DIEDRO .............................................................................44
BIBLIOGRAFIA ....................................................................................................................................................47

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LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1 – Representação do Ponto B e Ponto C .......................................................................................13


Figura 2.2 – (a) Linha Reta, (b) Linha curva, (c) Linha mista, (d) Linha Quebrada...................................13
Figura 2.3 – Representação da Reta r .............................................................................................................14
Figura 2.4 – Representação da Semi-reta.......................................................................................................14
Figura 2.5 – Representação do segmento de reta CD ..................................................................................14
Figura 2.6 – Representação dos planos e ß ................................................................................................15
Figura 2.7 – Representação dos planos e linhas retas nas posições horizontal, vertical e inclinada. ...15
Figura 2.8 – Representação do ângulo ............................................................................................................16
Figura 2.9 – Representação do ângulo reto ....................................................................................................16
Figura 2.10 – Representação do ângulo raso .................................................................................................16
Figura 2.11 – Representação do ângulo obtuso.............................................................................................17
Figura 2.12 – Representação do ângulo agudo..............................................................................................17
Figura 2.13 – Representação do ângulo giro completo.................................................................................17
Figura 2.14 – Representação da circunferência (a) e círculo (b) .................................................................18
Figura 2.15 – Representação do raio da circunferência................................................................................18
Figura 2.16 – Representação da corda da circunferência.............................................................................19
Figura 2.17 – Representação do diâmetro da circunferência .......................................................................19
Figura 2.18 – Representação do arco na circunferência...............................................................................19
Figura 2.19 – Representação da flecha na circunferência............................................................................20
Figura 2.20 – Representação da secante na circunferência.........................................................................20
Figura 2.21 – Representação da tangente na circunferência .......................................................................20
Figura 2.22 – Representação das figuras geométricas planas ....................................................................21
Figura 2.23 – Representação do polígono côncavo.......................................................................................21
Figura 2.24 – Representação do polígono regular .........................................................................................22
Figura 2.25 – Representação do polígono irregular.......................................................................................22
Figura 2.26 – Representação do paralelogramo (a) e trapézio (b) ..............................................................23
Figura 2.27 – Representação do polígono estrelado .....................................................................................23
Figura 2.28 – Representação da figura plana (a) e do sólido geométrico (b) ............................................24
Figura 2.29 – Divisão dos grupos de sólidos geométricos............................................................................25
Figura 2.30 – Elementos do poliedro................................................................................................................26
Figura 2.31 – Tetraedro regular.........................................................................................................................26
Figura 2.32 – Hexaedro regular.........................................................................................................................27
Figura 2.33 – Octaedro regular .........................................................................................................................27
Figura 2.34 – Dodecaedro regular ....................................................................................................................28

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Figura 2.35 – Icosaedro regular ........................................................................................................................28
Figura 2.36 – Prisma pentagonal (a), Prisma triangular (b) e Prisma quadrangular (c) ...........................29
Figura 2.37 – Prisma irregular ...........................................................................................................................29
Figura 2.38 – Prisma oblíquo.............................................................................................................................30
Figura 2.39 – Tronco de prisma ........................................................................................................................30
Figura 2.40 – Paralelepípedo.............................................................................................................................30
Figura 2.41 – Romboedro...................................................................................................................................31
Figura 2.42 – Pirâmide........................................................................................................................................31
Figura 2.43 – Pirâmide reta (a) e pirâmide oblíqua (b) ..................................................................................31
Figura 2.44 – Pirâmide reta de base pentagonal............................................................................................32
Figura 2.45 – Tronco de pirâmide .....................................................................................................................32
Figura 2.46 – Representação do cilindro .........................................................................................................33
Figura 2.47 – Representação do cilindro oblíquo ...........................................................................................33
Figura 2.48 – Representação do cilindro truncado.........................................................................................34
Figura 2.49 – Representação do cone .............................................................................................................34
Figura 2.50 – Representação do cone oblíquo ...............................................................................................35
Figura 2.51 – Representação do tronco de cone ...........................................................................................35
Figura 2.52 – Representação da esfera...........................................................................................................36
Figura 2.53 – Sólidos de revolução compostos ..............................................................................................36
Figura 2.54 – Composição de elementos através de sólidos geométricos ................................................37
Figura 2.55 – Planificação do Tetraedro regular.............................................................................................37
Figura 2.56 – Planificação do Hexaedro regular.............................................................................................38
Figura 2.57 – Planificação do Octaedro regular .............................................................................................38
Figura 2.58 – Planificação do Icosaedro regular ............................................................................................39
Figura 2.59 – Planificação da pirâmide reta de base hexagonal .................................................................39
Figura 3.1 – Épura – representação tridimensional (a) e bidimensional (b) ...............................................40
Figura 3.2 – Representação dos quatro diedros ou quadrantes ..................................................................41
Figura 3.3 – Representação do ponto no 1° diedro .......................................................................................42
Figura 3.4 – Representação da cota e afastamento do ponto A..................................................................42
Figura 3.5 – Representação da projeção da reta oblíqua aos semi-planos ...............................................43
Figura 3.6 – Representação da projeção da reta em posição horizontal e vertical...................................44
Figura 3.7 – Representação da projeção frontal da peça no primeiro diedro, no plano vertical .............45
Figura 3.8 – Representação das vistas em planta (a) e de perfil (b)...........................................................45
Figura 3.9 - Rebatimento no primeiro diedro...................................................................................................46

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1.1 – Nomenclatura dos Polígonos......................................................................................................22

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APRESENTAÇÃO

Este trabalho é produto de uma coleta de dados que facilita e intensifica os horizontes dos
profissionais do segmento de Petróleo e Gás, que buscam a todo o momento uma visão técnica do
processo produtivo com o qual está envolvido. No setor de petróleo, em especial, as mudanças
ocorridas nos últimos anos têm provocado a necessidade de competências que mantenham o nível de
competitividade da Petrobras. Assim, todos os prestadores de serviço vinculados à empresa deverão
estar em busca constante da qualificação profissional. Seguindo esta linha de pensamento, a
Petrobras, em parceria com o SENAI/BA, organizaram o curso em questão, cujo objetivo principal é
fornecer aos iniciantes, e, também aos já atuantes na atividade, conhecimentos teóricos e práticos
necessários à atuação profissional.

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1-DESENHO TÉCNICO

Desenhar é representar graficamente, por meio de traços, dois aspectos que toda imagem apresenta:
a forma e o volume. Captar a forma de um objeto é fixar seus diferentes elementos e definir
proporções; captar o volume é situar o objeto no espaço, definindo, a partir dos dois aspectos, a
geometria, que é um dos ramos da matemática que estuda as formas, planas e espaciais, com suas
propriedades.

O desenho técnico pode ser dividido em dois grandes grupos:


• Desenho projetivo – são os desenhos resultantes de projeções do objeto em um ou mais planos
de projeção e correspondem às vistas ortográficas e às perspectivas.
• Desenho não-projetivo – na maioria dos casos corresponde a desenhos resultantes dos
cálculos algébricos e compreendem os desenhos de gráficos, diagramas etc.

Os desenhos projetivos compreendem a maior parte dos desenhos feitos nas indústrias e alguns
exemplos de utilização são:
• Projeto de fabricação de máquinas, equipamentos e de estruturas nas indústrias de processo e de
manufatura (indústrias mecânicas, aeroespaciais, químicas, farmacêuticas, petroquímicas,
alimentícias, etc.).
• Projeto e construção de edificações com todos os seus detalhamentos elétricos, hidráulicos,
arquitetônicos, etc.
• Projeto e construção de rodovias e ferrovias mostrando detalhes de corte, aterro, drenagem, pontes,
viadutos etc.
• Projeto e montagem de unidades de processos, tubulações industriais, sistemas de tratamento e
distribuição de água, sistema de coleta e tratamento de resíduos.
• Representação de relevos topográficos e cartas náuticas.
• Desenvolvimento de produtos industriais.
• Projeto e construção de móveis e utilitários domésticos.
• Promoção de vendas com apresentação de ilustrações sobre o produto.

Pelos exemplos apresentados pode-se concluir que o desenho projetivo é utilizado em todas as
modalidades da engenharia. Como resultado das especificidades das diferentes modalidades de
engenharia, o desenho projetivo aparece com vários nomes que correspondem a alguma utilização
específica, como desenho mecânico, de máquinas, de estruturas, arquitetônico, elétrico/eletrônico e
de tubulações.

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Mesmo com nomes diferentes, as diversas formas de apresentação do desenho projetivo têm uma
mesma base, e todas seguem normas de execução que permitem suas interpretações sem
dificuldades e sem mal-entendidos.

Os desenhos não-projetivos são utilizados para representação das diversas formas de gráficos,
diagramas, esquemas, ábacos, fluxogramas, organogramas etc.

Entre as várias modalidades de desenho, incluem-se:


• Croquis e esboços – um desenho rápido, normalmente feito à mão, sem ajuda de instrumentos,
que não propriamente o lápis e o papel, feito com a intenção de discutir determinadas idéias gráficas
ou de simplesmente registrá-las. Normalmente são os primeiros desenhos feitos dentro de um
processo para se chegar a um projeto mais detalhado;
• Desenho preliminar – é a etapa posterior ao esboço, representado de forma padronizada e
normalizada para representação de peças, onde são definidos os detalhes, materiais, processos que
podem ser executados com uso de instrumentos ou no computador;
• Desenho técnico definitivo – após o desenho preliminar são acrescentadas mais informações,
de modo a ser inserido em um processo de produção, ou seja, desenhos voltados à execução.

Dentro do âmbito das engenharias o desenho é a forma universal de se apresentar um projeto ou o


detalhamento e especificação de um produto.

Para desenvolver os desenhos de elementos mecânicos é necessário entender as técnicas utilizadas


na execução dos projetos para que seja viabilizada a sua fabricação. Todo o processo de
desenvolvimento e criação dentro da engenharia está intimamente ligado à expressão gráfica.

O desenho técnico é uma ferramenta que pode ser utilizada não só para apresentar resultados como
também para soluções gráficas que podem substituir cálculos complicados. Apesar da evolução
tecnológica e dos meios disponíveis pela computação gráfica, o ensino de Desenho Técnico ainda é
imprescindível na formação de qualquer modalidade profissional, pois, além do aspecto da linguagem
gráfica que permite que as idéias concebidas por alguém sejam executadas por terceiros, o desenho
técnico desenvolve o raciocínio, senso de rigor geométrico, o espírito de iniciativa e de organização.

Assim, o aprendizado ou o exercício de qualquer modalidade profissional da área de engenharia irá


depender de uma forma ou de outra, do desenho técnico.

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O desenho tecnicamente correto transmite todas as idéias de forma e dimensões de uma peça, e
ainda fornece uma série de informações, tais como: o material de que é feita a peça, o acabamento
das suas superfícies, a tolerância de suas medidas, dentre várias outras.

O desenho técnico mecânico pode ser definido como sendo uma forma de expressão gráfica com a
finalidade da representação da forma, dimensão e posição de objetos de acordo com as diferentes
necessidades requeridas pelas diversas modalidades de engenharia (civil, elétrica, mecânica e etc.),
sempre atendendo as especificações, regras e normas voltadas à ele.

O desenho técnico mecânico de uma peça, produto ou equipamento possibilita que todos intervenham
na sua construção, mesmo que em tempos e lugares diferentes, interpretando e produzindo peças
tecnicamente iguais. Isso só é possível quando se têm estabelecido, de forma fixa e imutável, todas
as regras necessárias para que o desenho seja uma linguagem técnica própria e autêntica, e que
possa cumprir a função de transmitir ao executor da peça as idéias do desenhista.

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2-NOÇÕES DE GEOMETRIA

A palavra “geometria” vem do grego “geometrien” onde “geo” significa terra e “metrien” medida.
Geometria foi, em sua origem, a ciência de medição de terras. O historiador grego Heródoto (500
a.C.) atribuiu aos egípcios o início da geometria, mas outras civilizações antigas (babilônios, hindus,
chineses) também possuíam muitas informações geométricas.

A geometria, como já foi dito, é o ramo da matemática que estuda as formas, planas e espaciais, com
suas propriedades. E para tornar mais fácil a leitura e interpretação do desenho técnico mecânico, é
possível associar as peças a um conjunto de figuras geométricas. Mesmo os objetos mais complexos
poderão ser relacionados e definidos a partir dos elementos geométricos. As figuras geométricas
elementares são: o ponto, a linha, o plano e o sólido.

2.1. PONTO

O ponto é a figura mais básica e fundamental, pois não possui formato ou dimensão, isto é, não tem
comprimento, nem largura e nem altura. É representado por uma letra maiúscula (A, B, C...) e
determinado a partir do cruzamento de duas linhas, conforme exemplos na figura 2.1.

Figura 2.1 – Representação do Ponto B e Ponto C

2.2. LINHA

A linha pode ser um conjunto infinito de pontos dispostos sucessivamente ou o deslocamento de um


ponto em um determinado sentido, composta de uma única dimensão, o comprimento. Quanto ao
formato, podem ser reta ou retilínea, curva ou curvilínea, quebrada ou poligonal e mista, vide figura
2.2.

(a) (b) (c) (d)

Figura 2.2 – (a) Linha Reta, (b) Linha curva, (c) Linha mista, (d) Linha Quebrada

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As linhas, quanto à definição, podem ser: linha reta, linha semi-reta e segmento de reta.

2.2.1. Linha Reta

Quanto à classificação, a linha reta é limitada, não tem início nem fim, e são identificadas por uma
letra minúscula do alfabeto (a, b, c...), conforme representado na figura 2.3, a reta r:

Figura 2.3 – Representação da Reta r

2.2.2. Semi-reta

A semi-reta possui um ponto de origem e é ilimitada em um dos sentidos, conforme representado na


figura 2.4, com a origem no ponto A.

Figura 2.4 – Representação da Semi-reta

2.2.3. Segmento de reta

O segmento de reta é uma parte da reta limitada por dois pontos, tendo início e fim. Os pontos que
definem o segmento de reta são chamados extremidades. É identificado por duas letras maiúsculas
do alfabeto que identificam suas extremidades. Na figura 2.5, temos o segmento de reta CD:

Figura 2.5 – Representação do segmento de reta CD

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2.3. PLANO

O plano é identificado por uma letra do alfabeto grego, como e ß, exemplificados na figura 2.6. O
plano é formado por um conjunto de retas dispostas sucessivamente numa mesma direção ou linhas
que se deslocam no espaço em trajetória retilínea e próximas.

Figura 2.6 – Representação dos planos eß

A reta e o plano podem estar em posição vertical, horizontal ou inclinada. Um plano é vertical quando
tem pelo menos uma reta vertical; é horizontal quando todas as suas retas são horizontais. Quando
não é horizontal nem vertical, o plano é inclinado. Na figura 2.7, está a representação das posições da
reta e do plano.

Figura 2.7 – Representação dos planos e linhas retas nas posições horizontal, vertical e inclinada.

Para relacionar as retas no espaço podemos identificar quais suas posições relativas através dos
ângulos que é derivada da divisão da circunferência em 360 partes iguais. Cada parte do 1/360 foi
chamada de grau. Então, a circunferência tem 360 graus, sendo que cada grau é dividido em 60
partes iguais, chamadas minutos, logo o grau tem 60 minutos e cada minuto é dividido novamente em
mais 60 partes iguais, chamadas segundos. Logo:
• 1º (um grau) = 60’ (sessenta minutos)
• 1’ (um minuto) = 60” (sessenta segundos)

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2.3.1. Ângulos

O ângulo é a região de um plano formada a partir da abertura de duas semi-retas distintas de mesma
origem (denominada vértice do ângulo) e pode ser classificado como ângulo reto, raso, obtuso,
agudo, giro completo e côncavo. Podem ser usadas três letras, como exemplo da figura 2.8, < APB
para representar um ângulo, sendo que a letra do meio P representa o vértice, a primeira letra A
representa um ponto do primeiro segmento de reta (ou semi-reta) e a terceira letra C representa um
ponto do segundo segmento de reta (ou semi-reta). Poderia ser identificado também como < BPA, no
sentido contrário.

Figura 2.8 – Representação do ângulo

• Ângulo Reto

O ângulo reto possui uma abertura igual a 90º, conforme exemplo na figura 2.9.

Figura 2.9 – Representação do ângulo reto

• Ângulo Raso

O ângulo raso possui duas semi-retas opostas igual a 180º, conforme indicado na figura 2.10.

Figura 2.10 – Representação do ângulo raso

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• Ângulo Obtuso

O ângulo obtuso possui abertura maior que 90º e menor que 180º, representado na figura 2.11.

Figura 2.11 – Representação do ângulo obtuso

• Ângulo Agudo

O ângulo agudo possui abertura maior que 0º e menor que 90º, representado na figura 2.12.

Figura 2.12 – Representação do ângulo agudo

• Ângulo Giro Completo

O ângulo possui abertura igual a 360º, representado na figura 2.13.

Figura 2.13 – Representação do ângulo giro completo

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2.3.2. Circunferências

Circunferência, figura 2.14(a), é uma linha curva, plana, fechada, cujos pontos eqüidistam de um
ponto fixo chamado centro. O Círculo, figura 2.14(b) é toda região interna da circunferência,
sombreada na imagem abaixo, ou seja, a circunferência é o contorno do círculo:

(a) (b)

Figura 2.14 – Representação da circunferência (a) e círculo (b)

Os principais elementos da circunferência são: centro, raio, corda, diâmetro, arco, flecha, secante,
semi-circunferência e tangente.

• Elementos da circunferência

O centro da circunferência está representado pela letra O na figura 2.14. É o ponto interno que dista
igual de todos os pontos situados na circunferência.

O raio de uma circunferência (ou de um círculo) é um segmento de reta com uma extremidade no
centro da circunferência e a outra extremidade num ponto qualquer da circunferência. Na figura 2.15,
o segmento de reta MA é um raio.

Figura 2.15 – Representação do raio da circunferência

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A corda de uma circunferência é um segmento de reta cujas extremidades pertencem à
circunferência. Na figura 2.16, o segmento de reta BC é uma corda.

Figura 2.16 – Representação da corda da circunferência

O diâmetro de uma circunferência (ou de um círculo) é uma corda que passa pelo centro da
circunferência. Observamos que o diâmetro é a maior corda da circunferência. Na figura 2.17, o
segmento de reta DE é um diâmetro.

Figura 2.17 – Representação do diâmetro da circunferência

O arco é o segmento de curva da circunferência, sendo identificado por F e G na figura 2.18, os


pontos limites do arco. O arco é medido pelo ângulo central que o admite.

Figura 2.18 – Representação do arco na circunferência

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A flecha, indicada na figura 2.19, é o segmento de reta IH, originado do ponto Q correspondente ao
raio da circunferência, sendo compreendido entre o meio do arco e o meio da corda XY.

Figura 2.19 – Representação da flecha na circunferência

Uma reta é secante a uma circunferência se essa reta intercepta a circunferência em dois pontos
quaisquer, podemos dizer também que é a linha reta ( j ) que contém uma corda, representada pelo
segmento de reta WZ, na figura 2.20.

Figura 2.20 – Representação da secante na circunferência

A tangente é uma linha reta ( ) que intercepta a circunferência em um único ponto K. Este ponto é
conhecido como ponto de tangência ou ponto de contato. Na figura 2.21, o ponto K é o ponto de
tangência.

Figura 2.21 – Representação da tangente na circunferência

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2.3.3. Figuras Geométricas Planas

Uma figura qualquer é plana quando todos os seus pontos situam-se no mesmo plano. Algumas das
figuras representadas na figura 2.22 serão vistas com freqüência nos desenhos mecânicos, portanto é
importante relembrá-las:

Figura 2.22 – Representação das figuras geométricas planas

As figuras planas com três ou mais lados são chamadas polígonos, que são formados por linhas
poligonais fechadas, simples e plenas. Do grego - "poli" muitos + "gono" ângulo, de acordo com as
dimensões dos lados e ângulos podem ser classificados como côncavos, convexos (polígonos
regulares ou irregulares) e estrelados.

• Polígonos

Um polígono é côncavo quando um ou mais ângulos internos forem maiores que 180º, como
apresentado na figura 2.23.

Figura 2.23 – Representação do polígono côncavo

Um polígono é convexo quando todos os ângulos internos forem menores que 180º e se dois
quaisquer de seus vértices estão sempre de um mesmo lado de qualquer reta que contém um lado do
polígono, ou se ao ligar dois pontos contidos no polígono, o segmento resultante estará dentro da
figura.

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Os polígonos convexos podem ser regulares ou irregulares. Os polígonos regulares, representado na
figura 2.24, são figuras planas constituída por uma linha poligonal fechada com ângulos e lados
congruentes. Como exemplos, temos o triângulo eqüilátero, o quadrado, pentágono, hexágono, etc.

Figura 2.24 – Representação do polígono regular

Em função do número de lados, recebem nomes especiais, conforme tabela 1 abaixo:

Tabela 1.1 – Nomenclatura dos Polígonos

Polígonos
Nome Número de lados Nome Número de lados
triângulo 3 quadrilátero 4
pentágono 5 hexágono 6
heptágono 7 octógono 8
eneágono 9 decágono 10
hendecágono 11 dodecágono 12
tridecágono 13 tetradecágono 14
pentadecágono 15 hexadecágono 16
heptadecágono 17 octodecágono 18
eneadecágono 19 icoságono 20

Os polígonos irregulares, representado na figura 2.25, possuem os lados e ângulos diferentes. Como
exemplos, temos o triângulo isósceles, o triângulo escaleno, o retângulo, paralelogramo, losango,
trapézio e pentágono irregular.

Figura 2.25 – Representação do polígono irregular

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Do latim - "quadri" quatro + "latus" lados. Os quadriláteros são polígonos que têm quatro lados, quatro
vértices, quatro ângulos e duas diagonais. São quadriláteros, os paralelogramos e os trapézios,
representados na figura 2.26.

(a) (b)

Figura 2.26 – Representação do paralelogramo (a) e trapézio (b)

Do latim - "parallelogrammum", do grego -"parallelógrammon" é um quadrilátero, cujos lados opostos


são paralelos e congruentes e os ângulos opostos também são congruentes. São paralelogramos: o
quadrado, o retângulo, o losango e o paralelogramo propriamente dito.

Do latim - "trapeziu", do grego - "trapézion", mesa. É um quadrilátero que tem dois lados paralelos que
são as bases do trapézio.

Um polígono é estrelado quando os seus ângulos são alternativamente salientes a reentrantes, e seus
lados pertencem a uma linha quebrada contínua e fechada. Na figura 2.27 apresentamos dois
exemplos de polígonos estrelados.

Figura 2.27 – Representação do polígono estrelado

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2.4. SÓLIDOS GEOMÉTRICOS

Sólidos geométricos são corpos padrões com formas definidas e que podem ser comparadas pela
semelhança de suas formas com objetos que nos cercam. (JANUÁRIO, 2006)

O conhecimento dos sólidos geométricos permitirá melhor entendimento na leitura e interpretação de


desenhos mecânicos, pois muitos componentes podem ser relacionados e gerados a partir da
combinação de elementos sólidos básicos ou parte deles.

As figuras geométricas planas estão situadas em apenas um plano e os sólidos geométricos são
formados pelos pontos das figuras geométricas situadas em diferentes planos. Conforme exemplo da
figura 2.28.

(a) (b)

Figura 2.28 – Representação da figura plana (a) e do sólido geométrico (b)

Os sólidos geométricos possuem três dimensões: comprimento, largura e altura. Para estudo, os
sólidos são divididos em grupos de poliedros e sólidos de revolução. Os poliedros são classificados
como regulares ou irregulares e os principais sólidos de revolução são: o cilindro, o cone, a esfera e a
elipsóide.

Os poliedros são sólidos geométricos limitados por superfícies planas e os sólidos de revolução
formados pela rotação de figuras planas em torno de um eixo.

Dentre os sólidos geométricos limitados por superfícies planas, estudaremos os poliedros regulares,
os quais são formados por polígonos regulares iguais entre si e todos os ângulos também são iguais,
os quais compreendem cinco sólidos: o tetraedro, o hexaedro (cubo), o octaedro, o dodecaedro e o
icosaedro.

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Os poliedros irregulares dividem-se em dois grandes grupos: os prismas e as pirâmides, que podem
ser reto, oblíquo ou regular.

Dentre os sólidos geométricos limitados por superfícies curvas, estudaremos o cilindro, o cone e a
esfera, que são também chamados de sólidos de revolução. As figuras planas que formam os sólidos
de revolução são: o triângulo, o retângulo e semicírculo.

No esquema da figura 2.29, apresentamos a estrutura de divisão dos grupos de sólidos geométricos,
de modo a facilitar a compreensão dos elementos geométricos.

SÓLIDOS GEOMÉTRICOS

POLIEDRO SÓLIDOS DE REVOLUÇÃO

REGULARES IRREGULARES CONE CILINDRO ESFERA

Tetraedro (4) Prisma Reto Reto


• Reto
Hexaedro (6)

Octaedro (8) • Oblíquo


Oblíquo Oblíquo

Dodecaedro (12)
• Regular
Icosaedro (20)
Pirâmide
• Reto

• Oblíquo

• Regular

Figura 2.29 – Divisão dos grupos de sólidos geométricos

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2.4.1. Poliedros Regulares

Os poliedros são formados por vários elementos, conforme figura 2.30, onde é especificado cada
elemento em um hexaedro. Para o desenho técnico é muito importante essa identificação.

Arestas

Vértices

Faces

Base

Figura 2.30 – Elementos do poliedro

Os poliedros regulares são apenas cinco, conforme estudo feito pelo matemático Euclides de
Alexandria: Tetraedro, Hexaedro, Octaedro, Dodecaedro e Icosaedro.

• Tetraedro regular

É o poliedro composto por quatro triângulos eqüiláteros, representado na figura 2.31. “Tetra”
corresponde a quatro e “edro” a face.

Figura 2.31 – Tetraedro regular

26
• Hexaedro regular

É o poliedro composto de seis faces iguais ao quadrado, representado na figura 2.32. “Hexa”
corresponde a seis e “edro” a face.

Figura 2.32 – Hexaedro regular

• Octaedro regular

É o poliedro composto por oito faces iguais ao triângulo eqüilátero Pode ser compreendido como
sendo duas pirâmides unidas pela base quadrada, representado na figura 2.33.

Figura 2.33 – Octaedro regular

27
• Dodecaedro regular

É o poliedro regular formado por doze faces iguais de pentágonos regulares. “Dode” corresponde a
doze e “edro” a face, representado na figura 2.34.

Figura 2.34 – Dodecaedro regular

• Icosaedro regular

É o poliedro regular formado por 20 faces de triângulos eqüiláteros. “Dode” corresponde a doze e
“edro” a face, representado na figura 2.35.

Figura 2.35 – Icosaedro regular

2.4.2. Poliedros Irregulares

Os poliedros irregulares dividem-se em dois grupos: os prismas e as pirâmides. Podem ser


caracterizados como poliedros que não admitem lei de geração que o caracterize com perfeição.

28
• Prismas

Um prisma é todo poliedro formado por uma face superior e uma face inferior, paralelas e congruentes
(também chamadas de bases), ligadas por arestas. Pode também ser visto como a figura gerada por
um polígono qualquer que se desloca segundo uma reta.

As laterais de um prisma são paralelogramos. A nomenclatura do prisma é dada de acordo com os


polígonos das bases, por exemplo, se a base é formada por um hexágono, então o prisma é
hexagonal; se a base é quadrada, o prisma é quadrangular, etc. Podem ser classificados como retos
ou oblíquos.

O prisma reto regular possui suas arestas laterais perpendiculares às bases. Suas bases são
formadas por polígonos regulares, como representado na figura 2.36.

(a) (b) (c)


Figura 2.36 – Prisma pentagonal (a), Prisma triangular (b) e Prisma quadrangular (c)

A altura de um prisma é a distância entre as duas bases. Num prisma reto, cada aresta lateral é igual
à altura.

O prisma reto irregular é formado pelas bases de um polígono irregular, representado na figura 2.37.
Possui arestas laterais diferentes. A superfície total é igual à superfície lateral somada com as
superfícies das bases.

Figura 2.37 – Prisma irregular

29
Os prismas oblíquos possuem arestas oblíquas aos planos das bases. As arestas laterais têm a
mesma medida e as faces laterais não são retangulares, conforme figura 2.38.

Figura 2.38 – Prisma oblíquo

Quando seccionamos um prisma por um plano não paralelo aos planos das bases, a região espacial
localizada dentro do prisma, acima da base inferior e abaixo do plano seccionante é denominado
tronco de prisma, representado na figura 2.39.

Figura 2.39 – Tronco de prisma

Existem ainda os prismas especiais que podem ser os paralelepípedos (ortoedro) e o romboedro.

O paralelepípedo é todo prisma reto e regular cujas faces e bases são paralelogramos, conforme
exemplo na figura 2.40.

Figura 2.40 – Paralelepípedo

30
O romboedro é o paralelepípedo oblíquo cujas faces e bases são iguais e tem forma de um losango,
conforme exemplo na figura 2.41.

Figura 2.41 – Romboedro

• Pirâmides

É o sólido geométrico que tem por base um polígono qualquer cujas faces laterais são triângulos que
convergem para um ponto comum. Este ponto é o vértice da pirâmide e o eixo é a linha que une o
centro da base ao ápice da pirâmide, representado na figura 2.42.

Vértice Eixo
Faces
triangulares

Base
quadrangular

Figura 2.42 – Pirâmide

As pirâmides possuem o nome conforme o polígono da base. Se a base é um triângulo, a pirâmide é


triangular, se a base for um heptágono, a pirâmide é heptagonal. Podem ser retas ou oblíquas, onde
as pirâmides retas possuem eixo perpendicular à base e as pirâmides oblíquas, apresentam o eixo
oblíquo à base, conforme exemplos da figura 2.43.

(a) (b)
Figura 2.43 – Pirâmide reta (a) e pirâmide oblíqua (b)

31
A pirâmide regular, além de ser reta, possui a base formada por um polígono regular. Conforme o
exemplo da figura 2.44, onde está representada uma pirâmide regular de base formada por um
pentágono regular.

Figura 2.44 – Pirâmide reta de base pentagonal

A pirâmide pentagonal tem cinco faces laterais triangulares, dez arestas, cinco vértices de base e um
eixo principal.

As pirâmides podem ser truncadas quando seccionadas por um plano secante paralelo ou oblíquo à
base. Na figura 2.45, está representada uma pirâmide de base pentagonal com secção paralela à
base.

Figura 2.45 – Tronco de pirâmide

2.4.3. Sólidos de Revolução

O sólido de revolução é o corpo gerado por uma superfície plana, que pode ser um triângulo, um
retângulo ou semicírculo, girando em torno de um eixo que está situado no mesmo plano, e que não
corta a figura geratriz. O cilindro, o cone e a esfera são os principais sólidos de revolução.

32
• Cilindro

O cilindro é um sólido geométrico, limitado lateralmente por uma superfície curva. Podemos imaginar
o cilindro como resultado da rotação de um retângulo ou de um quadrado em torno de um eixo que
passa por um de seus lados.

A figura plana que dá origem ao sólido de revolução chama-se figura geradora e a linha que gira ao
redor do eixo formando a superfície de revolução é chamada linha geratriz, conforme representado na
figura 2.46.
Eixo
Figura
geratriz

Linha
geratriz

Figura 2.46 – Representação do cilindro

Os elementos do cilindro são: eixo, retângulo que gira em torno do eixo, bases circulares inferior e
superior, altura do cilindro, diâmetro do cilindro, superfície lateral e raio do cilindro que corresponde ao
menor lado da figura geratriz.

O cilindro pode ser oblíquo quando o eixo não está perpendicular à base, como representado na
figura 2.47.

Figura 2.47 – Representação do cilindro oblíquo

33
O cilindro é truncado quando cortado transversalmente por um plano oblíquo à base, como
representado na figura 2.48.

Figura 2.48 – Representação do cilindro truncado

• Cone

O cone é um sólido geométrico, limitado lateralmente por uma superfície curva. O cone é o resultado
da rotação de um triângulo retângulo em torno de um eixo que passa por um dos catetos do triângulo
retângulo. A hipotenusa L é a geratriz ou a lateral do cone; durante o movimento, este lado gera a
superfície lateral do cone. O outro lado R do triângulo gerador é o raio do cone; ele gera o círculo que
serve de base ao sólido. A base é perpendicular ao eixo, como mostra a figura 2.49.

Eixo

Figura
geratriz

L Linha
geratriz

Figura 2.49 – Representação do cone

34
O cone é oblíquo quando o eixo não está perpendicular à base, como representado na figura 2.50.

Figura 2.50 – Representação do cone oblíquo

O cone é truncado quando cortado transversalmente por um plano paralelo ou oblíquo à base, como
representado na figura 2.51.
Eixo

A D

B C

Figura 2.51 – Representação do tronco de cone

O tronco de cone de revolução de bases paralelas também pode ser gerado pelo trapézio retângulo
ABCD girando em torno do lado AB, que é perpendicular às bases. AB é a altura, e CD a geratriz.

• Esfera

A esfera é um sólido geométrico limitado por uma superfície esférica de revolução que tem todos os
pontos igualmente distantes de um ponto interior chamado centro. A superfície esférica é resultado da
revolução de uma semicircunferência em torno do diâmetro.

Toda secção plana de uma esfera é um círculo cujo centro é a intersecção do plano secante com o
diâmetro da esfera perpendicular a ele. Se o plano passa pelo centro da esfera, a secção será um
círculo máximo; e nos demais casos, a cortará segundo um círculo menor, podendo ser reduzido a um
ponto no caso do plano ser tangente à esfera.

35
Considerando o eixo de giro r perpendicular ao plano horizontal, todo círculo máximo que passar pelo
eixo será um meridiano e o círculo menor perpendicular a ele, um paralelo, conforme ilustrado na
figura 2.52.

A secção que o plano horizontal produz na esfera será um paralelo por se tratar de um plano
perpendicular ao eixo.

A secção que o plano vertical produz na esfera será um meridiano por se tratar de um plano que
passa pelo eixo.

Eixo

Plano vert.
Meridiano

O
R

Plano hor.
Paralelo

Figura 2.52 – Representação da esfera

Os elementos da esfera são: o centro, o semicírculo gerador, o diâmetro e o raio (R). O plano secante
à esfera sempre resultará num círculo.

Além dos sólidos de revolução apresentados, a união de alguns elementos podem gerar diversas
formas diferentes para compor o desenho de peças, conforme exemplos da figura 2.53.

Figura 2.53 – Sólidos de revolução compostos

36
As relações entre as formas geométricas e as formas de alguns objetos da área da mecânica são
evidentes e imediatas. Alguns elementos, ao serem decompostos em partes mais simples, podem ser
relacionados com alguns sólidos geométricos já estudados, conforme exemplos da figura 2.54.

Rebite Porca

Figura 2.54 – Composição de elementos através de sólidos geométricos

O rebite pode ser composto pela junção de uma secção da esfera com um cilindro e a porca é gerada
por um prisma hexagonal vazado, sendo que a parte retirada corresponde a um cilindro.

2.4.4. Sólidos Planificados

A construção de um modelo concreto do sólido geométrico pode ser obtida a partir de uma
planificação do referido sólido, seguida de cortes, dobraduras e colagens adequadas. Sua construção
é possível através de cartolina, acetato ou folha de plástico rígido, que são bons materiais para este
efeito. A seguir alguns exemplos de planificação de sólidos geométricos.

• Tetraedro regular – composto de quatro faces iguais ao triângulo eqüilátero. Possui quatro
vértices e seis arestas, representado na figura 2.55.

Figura 2.55 – Planificação do Tetraedro regular

37
• Hexaedro regular – composto de seis faces quadradas. Possui oito vértices e doze arestas,
representado na figura 2.56.

Figura 2.56 – Planificação do Hexaedro regular

• Octaedro regular – composto de oito faces iguais ao triângulo eqüilátero. Possui seis vértices e
doze arestas, representado na figura 2.57.

Figura 2.57 – Planificação do Octaedro regular

38
• Icosaedro regular – composto de vinte faces iguais ao triângulo eqüilátero. Possui doze vértices e
trinta arestas, representado na figura 2.58.

Figura 2.58 – Planificação do Icosaedro regular

• Pirâmide reta de base hexagonal – composto de uma base hexagonal, seis faces, doze arestas,
seis vértices de base e eixo, conforme representado na figura 2.59.

Figura 2.59 – Planificação da pirâmide reta de base hexagonal

39
3-Noções de Geometria Descritiva

Geometria descritiva é o ramo da matemática aplicada que tem como objetivo representar figuras
sobre um plano, de modo que, com o auxílio da geometria plana, seja possível representar, com
precisão, os objetos que têm três dimensões (comprimento, largura e altura).

A geometria descritiva serve como base teórica para o desenho técnico. Permite a construção de
vistas auxiliares, cortes, rebatimentos, interseções de planos e sólidos e obtenção da verdadeira
grandeza de cada face do objeto através dos métodos descritivos, além de construção de protótipos
do objeto representado.

Gaspar Monge, matemático francês, desenvolveu métodos de representação gráfica que


possibilitavam transmitir a idéia dos objetos de forma completa, correta e precisa. Esse método, que
passou a ser conhecido como método mongeano, é usado na geometria descritiva e seus princípios
constituem a base do desenho técnico, conforme exemplo da figura 3.1.

Linha de terra

(a) (b)
Figura 3.1 – Épura – representação tridimensional (a) e bidimensional (b)

A geometria descritiva utiliza a épura para representar com precisão o volume de um objeto, sendo
uma técnica de representação geométrica bidimensional para formas tridimensionais. A imagem do
objeto é projetada em um plano por linhas de fuga ortogonais, a chamada projeção ortogonal. A
projeção pode ser dada nos planos principais da épura ou em planos auxiliares. Após a projeção, as

40
imagens são rebatidas para o plano do "papel", formando as vistas do objeto. Observa-se que as
vistas são alinhadas entre si, no qual uma pessoa pode perceber sua posição relativa.

As projeções sobre os dois planos bissetores dispostos ortogonalmente representam as projeções


horizontal e vertical do objeto, por meio de pontos correlacionados nos dois planos. As coordenadas
dos pontos projetados, chamadas de abscissa, cota e afastamento, são marcados entre os planos e a
linha de terra (intersecção entre os planos) para identificar onde o ponto de fato se localiza no objeto.

Os dois planos do sistema projetivo formam quatro ângulos cuja abertura é variável, mas para o
método de estudo da geometria descritiva, é adotado sempre a intersecção ortogonal, isto é planos
perpendiculares formando ângulos de 90°. Os planos bissetores são planos bissetrizes do ângulo
diedro, formando ângulos de 45°. Os planos (alfa) e ß (beta) formam os diedros ou quadrantes que
são numerados no sentido anti-horário, como representado na figura 3.2.

SPFS

90°
ß
SPHP SPHA

SPFI

Figura 3.2 – Representação dos quatro diedros ou quadrantes

Os dois planos perpendiculares, ao serem divididos ao meio, obtém-se quatro semi-planos,


denominados de:

- Semi-plano Frontal Superior - SPFS


- Semi-plano Frontal Inferior - SPFI
- Semi-plano Horizontal Anterior - SPHA
- Semi-plano Horizontal Posterior - SPHP

41
3.1. REPRESENTAÇÃO PROJETIVA DE UM PONTO

Em relação aos planos ortogonais de projeção, um ponto pode estar no espaço, no bissetor, no
SPFS, no SPHA, ou na linha de terra, conforme representado na figura 3.3.

Figura 3.3 – Representação do ponto no 1° diedro

O ponto A localizado no espaço, se projeta no semi-plano frontal superior e horizontal anterior. A


projeção é marcada por uma distância, que no sentido vertical, refere-se à cota e no plano horizontal,
refere-se ao afastamento. Na figura 3.4, a cota e o afastamento são projetados nos semi-planos e ao
serem rebatidos, obtém-se a épura. A cota e o afastamento são as coordenadas descritivas do ponto
em épura. A linha que os une denomina-se linha de chamada, que é perpendicular à linha de terra
(LT).

LT

Figura 3.4 – Representação da cota e afastamento do ponto A

42
3.2. REPRESENTAÇÃO PROJETIVA DE UMA RETA

A reta também pode estar posicionada conforme as localizações apresentadas pelo ponto, sendo que
possui algumas características em relação às dimensões que serão vistas com mais detalhes para
que seja possível entender as projeções referentes aos segmentos de retas, pois serão definidos dois
pontos limitantes para o estudo, em posição vertical, oblíqua e horizontal.

Após Monge ter sistematizado a geometria descritiva, foi acrescentado por Gino Loria um terceiro
plano de projeção para melhor localização de objetos no espaço. Este terceiro plano de projeção,
denominado plano lateral, é perpendicular aos planos Horizontal e Vertical de projeção. O plano
lateral fornecerá uma terceira projeção do objeto, apresentado na figura 3.5.

A A A

A
B B
B
B
B
B A

Figura 3.5 – Representação da projeção da reta oblíqua aos semi-planos

O plano lateral é rebatido sobre o plano vertical e a projeção da reta é representada em verdadeira
grandeza, o que não seria possível, caso tivesse sido projetada apenas nos semi planos frontal e
horizontal.

Existem diversas condições de representação projetiva da reta e podem ser adotadas as mesmas
regras para cada situação, sempre buscando relacionar os pontos a cada plano e definindo as
distâncias de cota e afastamento de cada elemento.

Para exemplificar mais algumas situações, quando a reta está paralela ao plano horizontal, a projeção
no plano vertical é apenas um ponto e quando está paralela ao plano vertical, a projeção no plano
horizontal é um ponto, como representado na figura 3.6.

43
Figura 3.6 – Representação da projeção da reta em posição horizontal e vertical

A partir desse método, é possível adotar como exemplo a projeção de sólidos e posteriormente, o
sistema de projeção de vistas de peças mecânicas.

3.3. REPRESENTAÇÃO PROJETIVA NO 1º DIEDRO

Como em todos outros países, existe no Brasil uma associação (ABNT) que estabelece, fundamenta
e recomenda as normas do desenho técnico mecânico.

Existem, ainda outras normas que regulam a elaboração dos desenhos com a finalidade de atender a
uma determinada modalidade de engenharia. Como por exemplo: a NBR 6409, que normaliza a
execução dos desenhos em Engenharia Elétrica; a NBR 7191 normaliza desenhos para obras de
concreto simples ou armado; NBR 11534, que normaliza a representação de engrenagens em
Desenho Técnico Mecânico.

44
As normas técnicas apresentam as projeções ortogonais de objetos no 1º e 3º diedro, sendo que no
Brasil é adotada a projeção no 1º diedro, cuja característica é o objeto estar entre o observador e o
plano, como o apresentado na figura 3.7.

Para a geração de desenhos no primeiro diedro é usado apenas o plano vertical superior e o
horizontal anterior (chamado comumente de plano vertical e plano horizontal, respectivamente).

Figura 3.7 – Representação da projeção frontal da peça no primeiro diedro, no plano vertical

Assim, na figura 3.8, o objeto está entre o observador (leitor) e o plano vertical (papel), obedecendo,
então, a regra para o primeiro diedro. Mas para a representação dessa peça ser completamente
entendida, bidimensionalmente, são necessárias mais duas vistas: uma da parte superior e outra de
uma das partes laterais. Isso é, devido à intenção de serem representadas corretamente todas as
dimensões da peça e as suas características, sem quaisquer chances de haverem equívocos durante
a leitura e interpretação do desenho.

(a) (b)
Figura 3.8 – Representação das vistas em planta (a) e de perfil (b).

45
Para a representação do objeto no primeiro diedro, gerando a vista de topo ou em planta, é feito o
rebatimento (projeção) do que era visto pelo observador por cima da peça e do que era visto pelo lado
esquerdo num plano auxiliar, de perfil, como representado na figura 3.9.

Figura 3.9 - Rebatimento no primeiro diedro

O desenho de uma peça deve apresentar uma quantidade suficiente de vistas para que sua
compreensão seja perfeita. Uma peça, por mais simples que seja, é representada em desenho por
suas vistas, que são as imagens obtidas através de projeções feitas em posições determinadas.

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BIBLIOGRAFIA

ABNT. NBR10067 – Princípios Gerais de Representação em Desenho Técnico

JANUÁRIO, Antônio Jaime. Desenho Geométrico. 2ª ed.-Florianópolis: Ed. Da UFSC, 2006. 347p. ISBN: 85-328-
0177-3

LACOURT, Helena. Noções e Fundamentos de Geometria Descritiva. Rio de Janeiro: Ed. Guanabara Koogan
S.A., 1995. 340p. ISBN: 85-277-0340-8.

Disponível em: http://www.faac.unesp.br/pesquisa/hypergeo/monge.htm. Acesso em: 06/05/08

Disponível em: http://descritiva.no.sapo.pt/apontamentos.htm. Acesso em: 06/05/08

Disponível em: http://www2.ucg.br/design/da2/solidosgeometricos.pdf. Acesso em: 06/05/08.

Telecurso 2000. Biblioteca Virtual.


Disponível em:
www.bibvirt.futuro.usp.br/textos/tem_outros/cursprofissionalizante/tc2000/des_tecnico/des_tecnico.html

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