Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Efeitos Colaterais: Entre os efeitos colaterais provocados pelos neurolépticos, o mais estudado é
o chamado Impregnação Neuroléptica ou Síndrome Extrapiramidal. Essa situação é o resultado
da ação do medicamento na via nigro-estriatal, onde parece haver um balanço entre as atividades
dopaminérgicas e colinérgicas. Desta forma, o bloqueio dos receptores dopaminérgicos provocará
uma supremacia da atividade colinérgica e, conseqüentemente, uma liberação dos sintomas ditos
extra-piramidais. Estes efeitos colaterais, com origem no Sistema Nervoso Central, podem ser
divididos em cinco tipos:
1-Reação Distônica Agúda: Este sintoma extrapiramidal ocorre com freqüência nas primeiras 48
horas de uso de antipsicóticos, portanto, é uma das primeiras manifestações de impregnação pelo
neuroléptico.
Clinicamente se observam movimentos espasmódicos da musculatura do pescoço, boca, língua e
às vezes um tipo crise oculógira, quando os olhos são forçadamente desviados para cima. A
possibilidade dessa Reação Distônica deve estar sempre presente nas hipóteses de diagnóstico
em pronto-socorros, para diferenciá-la dos problemas neurológicos circulatórios.
O tratamento desse efeito colateral é feito à base de anticolinérgicos injetáveis intramusculares
(Biperideno – Akineton®, por exemplo), e são sempre eficazes em poucos minutos.
4-Discinesia Tardia: Como o próprio nome diz, a Discinesia Tardia aparece após o uso crônico
de antipsicóticos (geralmente após 2 anos). Clinicamente é caracterizada por movimentos
involuntários, principalmente da musculatura oro-língua-facial, ocorrendo protusão da língua com
movimentos de varredura látero-lateral, acompanhados de movimentos sincrônicos da mandíbula.
O tronco, os ombros e os membros também podem apresentar movimentos discinéticos.
A Discinesia Tardia não responde a nenhum tratamento conhecido, embora em alguns casos
possa ser suprimida com a readministração do antipsicótico ou, paradoxalmente, aumentando-se
a dose anteriormente utilizada. Procedimento questionável do ponto de vista médico.
É importante sublinhar que, embora alguns estudos mostrem uma correlação entre o uso de
antipsicóticos e esta síndrome, ainda não existem provas conclusivas da participação direta
destes medicamentos na etiologia do quadro discinético. Alguns autores afirmam que a Discinesia
Tardia é própria de alguns tipos de esquizofrenia mais deteriorantes.
Tem sido menos frequente a Discinesia Tardia depois do advento dos Antipsicóticos Atípicos ou de
última geração.
5-Síndrome Neuroléptica Maligna: Trata-se de uma forma raríssima de toxicidade provocada pelos
neurolépticos. É uma reação adversa dependente mais do agente agredido que do agente
agressor, tal como uma espécie de hipersensibilidade à droga. Clinicamente se observa um grave
distúrbio extrapiramidal acompanhado por intensa hipertermia (de origem central) e distúrbios
autonômicos. A Síndrome Neuroléptica Malígna leva a óbito numa proporção de 20 a 30% dos
casos. Os elementos fisiopatológicos desta síndrome são objeto de preocupação de
pesquisadores e não há, até o momento, nenhuma conclusão sobre o assunto, nem se pode
garantir, com certeza, ser realmente uma conseqüência dos neurolépticos.
Além dos efeitos adversos dos neurolépticos tradicionais sobre o Sistema Nervoso Central, são
observados reflexos de sua utilização em nível sistêmico. São seis as principais ocorrências
colaterais:
5-Oftalmológicos: Embora raras, duas síndromes oftálmicas podem ser descritas com a
utilização dos antipsicóticos tradicionais. A primeira pode ocorrer com uso da Clorpromazina em
altas doses, e é conseqüência do depósito de pigmentos no cristalino. A segunda, com o uso de
altas doses de Tioridazina, causando uma retinopatia pigmentosa.