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A influência da qualidade do vínculo materno para o desenvolvimento emocional

da criança

Resumo

A literatura reconhece que para ocorrer uma formação saudável no sujeito é de suma

importância que se estabeleça um vínculo afetivo saudável entre mãe e criança desde

os primeiros anos de vida. Nessa perspectiva, este estudo buscou compreender de que

forma a qualidade do vínculo afetivo influencia no desenvolvimento emocional da

criança. Sendo assim, fez-se necessário identificar como a construção do vínculo, o

estilo de apego e a qualidade no vínculo oferecido a este infanto poderá interferir nesse

processo a também a relevância da vinculação positiva que contribui para esta criança

se estabelecer como um adulto saudável psiquicamente. O trabalho desenvolvido seguiu

os preceitos do estudo exploratório, por meio de uma pesquisa bibliográfica,

sendo desenvolvida a partir de material já elaborado, constituído de livros e artigos

científicos.

Palavras-chave: vínculo, desenvolvimento, materna, apego.

COLOCAR O SIGNIFICADO DO NÚMERO 1 E 2


Ao nascer uma criança está totalmente dependente de cuidados, ela recebe então
influências externas das pessoas que estão ao seu redor. Na maioria das vezes, é a mãe a
figura fundamental para o desenvolvimento físico, cognitivo e psicológico desse novo
ser. Partindo do pressuposto de que o ser humano necessita de uma estrutura psicológica
saudável para que haja a formação e a construção da sua identidade, esse primeiro
momento na vida de uma criança, é caracterizado pela completa dependência da mãe
visando um amparo absoluto em todas às áreas inclusive emocionais. Na maioria das
vezes, a mãe se encarrega de tal função, é através da segurança advinda dessa relação
afetiva que permitirá à criança a possibilidade de uma vida emocional saudável, pois as
carências afetivas primárias uma vez não compensadas podem promover
desajustamentos (Andradas, 1971).

Desde os primeiros instantes de vida o bebê emite uma série de comportamentos


evidenciando sua grande necessidade da proximidade materna. Ao ter suas necessidades
atendidas ocorre a devida construção de vínculos afetivos. Quando essa construção não
acontece, a mãe pode gerar impactos desastrosos sobre seu filho, sendo que esses
prejuízos poderão ser notórios durante o desenvolvimento infantil, chegando também a
refletir negativamente durante a juventude. Nessa fase, os resultados podem ser vistos
mediante uma série de comportamentos desajustados e desequilíbrios emocionais, tais
como insônia, roubo, comportamentos de regressão, antissocial e carência afetiva,
possibilitando inclusive o desencadeamento de uma dependência narcótica ou até
mesmo da delinquência juvenil (Winnicott, 1958).

Para que uma criança possa crescer saudável é preciso que haja o desenvolvimento
integral, este se constitui no crescimento harmônico das funções sensorial, perceptiva,
psicológica, intelectual, motora, física e da linguagem. Em geral, a criança possui uma
grande capacidade de desenvolver-se, este processo inicia-se antes mesmo do
nascimento, e será satisfatório ou não a depender da existência de fatores biológicos e
ambientais (Legarda e Miketta, 2010).
Percebendo que a relação afetiva é fundamental na relação mãe e filho, este trabalho
visa compreender de que forma a qualidade do vínculo influencia no desenvolvimento
emocional da criança.

Sabe-se que a influência materna nos primeiros anos da infância é um fator contribuinte
para o desenvolvimento emocional da criança. Vieira (1985) afirma que esse impacto se
dá devido a grande dependência do filho em relação à mãe, pois esta lhe serve como
estrutura de apego seguro, bem como na construção de bons relacionamentos
posteriores na fase adulta. É através do estabelecimento desse vínculo que o sujeito
pode se tornar um ser estável, sendo assim, faz-se necessário estudar a qualidade da
interação mãe e bebê como relevante na parte do desenvolvimento emocional infantil.
Para tanto, busca-se compreender e identificar de que forma a qualidade do
vínculo afetivo influencia no desenvolvimento emocional infantil, e como a qualidade
desse vínculo interfere no estilo de apego construído entre mãe e criança, utilizando-se
como base a análise de como ocorre a construção do desenvolvimento emocional do
infante a partir do estilo de apego. Por fim, pretende-se identificar como a vinculação
positiva contribui para o bom desenvolvimento emocional da criança.

CORRIGIDO - COMPARAR

Etapas do Desenvolvimento Emocional

A fase do desenvolvimento que abarca a idade entre 0 e 6 anos, tem sido alvo dos
debates entre profissionais que introduzem sobre esse assunto, sendo esta fase a base
para compreender o ser humano passível de traumas, conflitos internos e
atitudes. Autores defendem essa fase como primordial, na qual a criança arquitetará
uma base que a favorecerá por toda a existência (Volpi, 2006). Conforme a
criança cresce ela se desenvolve, registrando na memória suas experiências, sendo essas
boas ou ruins.

De acordo com Leloup (1998) citado por Volpi e Volpi (2006) as etapas de
desenvolvimento representam período de passagem que levam ao agrupamento de
experiências vividas. Cada etapa é marcada por acontecimentos particulares que desde o
início trazem consigo, na bagagem genética da célula, valores biofisiológicos,
emocionais, afetuosos e intelectuais. O corpo armazena todos os fatos vividos durante a
vida, sobretudo aqueles acontecidos na primeira infância, quando as formas que acham
para se defender ainda são hipotéticas. Esses episódios, quando estressantes e
traumáticos, muitas vezes deixam no corpo marcas profundas e irreversíveis.

Etapa de Sustentação

Como cita Volpi e Volpi (2006) apud Reich (1987), essa primeira etapa do
desenvolvimento acontece logo na fecundação, levando por todo o tempo do
aleitamento materno. Sendo o primeiro contato iniciado no útero onde o bebê se
desenvolve fisicamente e emocionalmente. Esse contato não acontece unicamente de
forma fisiológica, mas também de afeto entre mãe e bebê em concepção. Nessa primeira
etapa, o bebê passa por três fases, sendo essas: a segmentação, embrionária e fetal. A
fase da segmentação dá-se início a partir da fecundação como sendo o início da vida se
estendendo até o momento em que o embrião se fixa no endométrio, por volta do quinto
ao sétimo mês de gestação, nesse momento o zigoto se divide em várias células. Na fase
embrionária a uma predominância biológica endócrina, onde a célula prossegue a se
multiplicar para formar o embrião. Nesse período,  qualquer situação tomada pela mãe
como estressante é capaz de ativar os mecanismos endócrinos maternos e interferir no
desenvolvimento físico e energético do bebê, às vezes afetando a sustentação, uma
situação que pode ser sentida pelo bebê como uma ameaça de aborto e até mesmo
provocar a alteração das informações genéticas. Se não ocorrer um aborto, ou alteração
genética, esse estresse ficará armazenado na memória, resultando posteriormente na
possibilidade de gerar sérios comprometimentos de ordem física, energética e/ou
emocional de acordo com Navarro (1996) citado por Volpi e Volpi (2006).  

Na fase fetal, o início do seu processo ocorre no terceiro mês de gestação estendendo-se
até o nascimento, até o décimo primeiro dia de vida. Com a completa formação da
placenta, a energia que o bebê recebe vem da própria mãe, através do cordão umbilical.
Também nessa fase ocorre a formação do cérebro e do sistema neurovegetativo.
Porém, nem todas as crianças que passam pelas mesmas situações terão os mesmos
comprometimentos, porque tudo irá depender da etapa em que ocorreu o estresse, da sua
intensidade, da constância entre outros fatores. Nesse período, o bebê já reage a
estímulos auditivos, luminosos, gustativos, táteis e até mesmo olfativos na visão de
Piontelli citado por Volpi e Volpi (2006).

Etapa de Incorporação

A etapa da Incorporação tem seu princípio após o nascimento e tem sua conclusão com
o desmame, possivelmente no nono mês com a chegada dos dentes e introdução da
comida mais pastosa. Durante essa etapa o bebê se liga a mãe através do seio, iniciando
pelo bico do seio que está disponível, sentindo prazer através do leite, distinguindo o
perfume da mãe, sendo que esta mãe encontra-se pronta para amamentá-lo, sendo esta
receptível no contato com o bebê assim como foi embrulhado na vida uterina. Não
devemos esquecer que “a pele é a ponte sensível do contato com o mundo... É o nosso
órgão mais extenso, é o nosso código mais intenso, um lar de profundas memórias”
como cita Volpi e Volpi (2006) apud Leloup (1998). Um fato importante é que uma
mãe agitada e preocupada joga na corrente sanguínea a bile, um líquido presente na
vesícula biliar, que chegando ao leite o deixa com um sabor amargo. É por isso que
muitas crianças não querem ser amamentadas ao seio. Outro fato considerável é que o
bebê é capaz de regular sua vontade de comer, sendo comprovado por meio do choro,
balbucios e agitação. De acordo a necessidade da criança o seu organismo se manifesta,
reagindo com precisão. Assim como existe a precisão de o bebê ser desmamado do seio
materno, o mesmo deve acontecer em relação ao colo e a saída do quarto dos pais.
Também é nesta etapa que se insere os limites que não devem ser introduzidos antes e
nem depois,  sendo esses limites imprescindíveis.  

Etapa de Produção

 Tal etapa tem seu ápice com o desmame se estendendo ate o terceiro ano,
podendo acontecer ate um pouco antes. Durante essa fase, a energia da criança está
diretamente voltada à construção de pensamentos, de gestos, de brincadeiras, de jogos,
de relacionamentos, entre outros. Sucede o desenvolvimento da autoconsciência,
permitindo desenvolver a capacidade de avançar os eventos. Não gosta de receber ajuda
ao descobrir o mundo, durante essa etapa a curiosidade é bastante elevada.
Segundo Wallon (1994), o estágio impulsivo emocional inicia no primeiro ano de vida
e está ligado fortemente à emoção e a afetividade com as pessoas e a interação com o
meio.  Wallon (1994),  afirma também que o estágio sensório-motor, que se estende até
o terceiro ano, se volta para exploração sensória motora do
mundo físico (Wallon, 1994). Outra descrição ocorrida nessa etapa é a evolução do
brincar que sucede se forma simples e repetitiva. De acordo Volpi e Volpi (2006, p
6) “É comum o surgimento de amigos imaginários, principalmente em primogênitos e
filhos únicos. Mas isso não é motivo de preocupação porque a criança também já é
capaz de distinguir a fantasia da realidade.”

Etapa de Identificação

Volpi e Volpi (2006) também declara que, a partir do quarto ano de vida a criança está
apta a fazer identificações, esta etapa se desdobra até o final do quinto ano,
quando surge então à descoberta dos genitais e a criança passa a distinguir a diferença
entre menino e menina e a ter um conceito seguro quanto ao sexo que pertence. A partir
daí, surgem às interrogações quanto as genitais dos pais e tudo que tem relação a isso.
Essa etapa se caracteriza também pelos momentos de individualidade. Onde passa a
querer brincar sozinha, não quer mais ficar no colo dos pais, quer desmontar os
brinquedos para montar de outra forma, etc. Aos poucos, aprende a compartilhar, os
pais saem do campo principal, prosseguindo então seu desenvolvimento emocional com
a busca do campo social, dos amigos. Portanto, é através da interação da criança e
mãe que possibilitará a resposta para suas interrogações bem como a identificação com
seu sexo.

Etapa de Estruturação e Formação do Caráter

 Essa fase é marcada dos cinco anos até a puberdade e inicio da adolescência. Durante
essa etapa, a formação de caráter se completa, como cita Volpi e Volpi (2006) apud
Reich (1995). O desenvolvimento neste período depende das oportunidades que lhes
forem oferecidas, aonde o indivíduo vai se constituindo como ser humano, portanto, é
indispensável valorizar todos os estímulos possíveis, principalmente o motor para que
as crianças desenvolvam tais habilidades desde os primeiros meses de vida e que serão
fundamentais para um crescimento saudável. Segundo Piaget (1971), o conhecimento
não pode ser concebido como algo predeterminado desde o nascimento (inatismo), nem
como resultado do simples registro de percepções e informações (empirismo).
Resulta justamente das ações e interação do sujeito com o ambiente onde vive para ele o
conhecimento é uma construção que vai sendo elaborado desde a infância através de
interações do sujeito com os objetos que procura conhecer, sejam eles do mundo físico
ou cultural, (Piaget, 1971).

Cabe amarrar o final das fases com os objetivos propostos pela pesquisa

O Processo De Construção Da Vinculação Mãe e Criança

Desde a mais tenra idade a criança recebe influência das pessoas que a cercam, pois a
mesma depende totalmente de auxílios externos a fim de satisfazer suas necessidades
biológicas e psicológicas.

Segundo Vieira (1985), nessa relação com as pessoas há sempre uma figura mais
próxima que se ocupa em desempenhar as principais tarefas, a qual se
denomina cuidador.

Essa função na maioria das vezes é ocupada pela mãe, não se restringindo apenas a essa,
pois a criança pode estabelecer vínculos com qualquer outra pessoa que a substitui. Na
relação cuidador x bebê ocorre a construção de vínculos afetivos ou apego, que
influenciará no desenvolvimento psíquico da criança. Fonseca (2010) afirma que é de
grande importância a construção de vínculos entre mãe e criança, e que esse processo
inicia-se desde a gestação. Para esse autor, expressões de gestos afetuosos da genitora
tais como a fala e o toque na barriga, podem contribuir na construção da identidade do
bebê.

Dessa forma, é imprescindível que o recém-nascido possa contar com uma mãe sempre
solícita, pronta a satisfazer suas necessidades. Somente assim que a criança aprende, de
maneira rápida e eficiente, que alguma ação de sua parte faz diferença no que diz
respeito à eliminação de estados de tensão. Ela aprende a controlar seu ambiente, a
tomar iniciativas para sair de situações desconfortáveis (Vieira, 1985, p. 16).

Para Marocco e Borges (2007), o bebê poderá ser impactado de forma positiva ou
negativa, vai depender da proximidade e da segurança disponibilizada pelo cuidador
primário. É através da existência do vínculo afetivo que o infante sente-se seguro, por
outro lado na ausência desse vínculo os sentimentos são de abandono e medo. Vieira
(1985) ressalta que o bebê inseguro tende a ser mais quieto e chora menos, dando uma
aparente impressão de que está satisfeito, no entanto, a necessidade de afeição persiste,
essa apatia é porque ele simplesmente aprendeu que não é correspondido ao solicitar
auxílio.

Qualidade no Vínculo

Gutierrez, Castro e Pontes (2011) apontam que o termo vínculo tem sua origem no latim
"vinculum", que significa uma união com características duradouras. De igual maneira,
provém da mesma raiz que a palavra "vinco", que se refere a alguma forma de ligação
entre partes que se unem e que são inseparáveis, embora permaneçam delimitadas entre
si. Vínculo também significa um estado mental que pode ser expresso através de
diversos modelos e abordagens.

A qualidade no vínculo entre mãe e filho é um dos aspectos mais importantes no


desenvolvimento emocional de uma criança, nessa perspectiva White citado por Santos
(2000) aponta que os mais ternos laços terrenos são os que há entre uma mãe e seu
filho. Percebemos que a maneira que o filho é acalentado, aconchegado e
alimentado revelam um profundo significado na vida de cada criança, dessa forma uma
vez vínculos fortalecidos este sujeito estará em segurança em diversos momentos de
conflitos em sua vida.

Gutierrez, Castro e Pontes (2011) citam Bowlby (2006) e Winnicott (1998) que estes
destacam que as experiências infantis são fundamentais no processo de configuração e
estabelecimento de vínculos afetivos futuros, e assim nesse direcionamento a mãe que
faz dessas experiências existam com fortes vínculos ou não.

Autores como Winnicot (1957) e John Bowlby (1990) salientam a reciprocidade afetiva
entre mãe e filho e a degradação do vínculo como uma fragmentação do ser, a qual
podem gerar sérios prejuízos para saúde mental da criança. Nesse sentido, entende-se
que se este vínculo não for também bem estruturado terá este sujeito grandes
possibilidades de fragmentação na sua personalidade, e possivelmente uma psique
patológica, nesses termos percebemos a importância de se constituir laços afetivos com
qualidade e intensidade, por parte da maternidade.
O colo físico e emocional é também outro fator relevante para a qualidade no vínculo
materno, visto ser através deste que a criança sente-se aconchegado é este a
representação da base de uma matriz de segurança e confiança na vida. Dessa
maneira, Santos (2000) aponta através do cuidado como o corpo, do respeito ao próprio
ritmo, e da satisfação de suas necessidades psicoemocionais atendidas à mãe ensina à
criança a noção de si mesma e essa interação é à base do surgimento da autoestima da
criança, necessária para um bom desenvolvimento da personalidade.

Na maioria das vezes, o bom desenvolvimento da saúde mental da criança está


muito ligado à figura materna, conforme esta vai crescendo e suas necessidades de
interação são atendidas, este conceito vai sendo ampliado. Ao fazer contato com outras
pessoas, desenvolve com qualidade sua psique e seus vínculos são fortalecidos. Dessa
forma, para a criança ter saúde mental faz-se necessário, que ela desfrute de uma relação
harmoniosa com a mãe, e os demais membros da família, pela qual trará prazer tanto
para a mãe quanto para o filho Bowlby (2006).

Para Legarda e Miketa (2010), as experiências vivenciadas pela criança constituem-


se num banco de suma importância que demonstra a qualidade dos vínculos afetivos
entre ela e seu cuidador. Além disso, afirmam também que existem períodos da infância
que são considerados como críticos para o desenvolvimento, ou seja, trata-se de
momentos chaves para o amadurecimento do indivíduo no qual a ausência, presença ou
pouca qualidade dos estímulos físicos e ambientais podem desviar ou alterar o curso
normal do desenvolvimento.

Santos (2000 p.92) OBSERVAÇÃO: SE CITA A PÁGINA A CITAÇÃO É DIRETA E


NECESSITA DE ASPAS. VERIFICAR diz que para estes autores a mãe funciona como
auxiliadora para esse ser que é apenas sentimento, sensação e desejo; a
criança mal enxerga e não fala. Portanto, as primeiras imagens que a criança tem de si
são aquelas que veem espelhadas no olhar da sua mãe, ou no toque dela. Se a mãe olha
ou toca de uma maneira suave, carinhosa, amável, o infante sente-se amado e desejado.
Essas imagens transmitiram a criança, que a vida faz sentido e que ela é muito
importante para sua mãe e consequentemente para os demais membros da casa, pois não
é o que se faz com ela, mas é como acontece essa relação que vai dar a sensação de
aceitação e segurança que ela é amada como é.
A Contribuição Materna para o Desenvolvimento Integral da Criança

A figura materna é considerada como a maior fonte de afeto e estímulo para o


desenvolvimento integral da criança. Normalmente a mãe acalenta, canta e acaricia seu
filho, este por sua vez emite respostas positivas através do seu olhar e comportamentos
que demonstram seu bem estar. Episódios aparentemente simples como esse permitem a
formação e o fortalecimento dos vínculos afetivos na visão
de Legarda e Miketta (2010).

Estudos realizados pelo psicólogo dinamarquês Eric Erikson (1987) citado


por Legarda e Miketta (2010), evidenciaram que o primeiro ano de vida é essencial para
que uma criança possa acreditar ou não no mundo. Sendo assim, esses
autores concluíram que, as crianças que se sentem aceitas são otimistas e tendem a
confiar em si mesmas e nos demais.

Segundo John Bowlby (2006), déficits na formação de vínculos afetivos mãe-filho


durante o primeiro ano de vida prejudicam a organização das funções afetivas,
perceptivas e cognitivas, este autor ressalta ainda que os processos intelectuais
relacionados com a linguagem, o pensamento abstrato e outras funções simbólicas são
os mais afetados.

A Teoria do Apego

As notas sobre a ansiedade de separação dos cuidadores de crianças logo na primeira


infância levaram o psicanalista John Bowlby a pesquisar quais as implicações do
cuidado materno nos primeiros anos de vida das crianças.

A falta de afeto e de estímulos produzem desordens da organização cerebral, se o


bebê não é suficientemente acariciado, não há estimulação necessária para estimular
interconexões neurais e o processo de mielinização. A ausência de contato e de
estímulos perturbam os processos de maturação do sistema nervoso.

O comportamento de apego é uma classe especial de comportamento, com dinâmica


distinta do comportamento alimentar ou sexual, é uma conduta universal, o sistema de
apego é desenvolvido em mamíferos por que os seus jovens são imaturos. As vantagens
é que podemos aprender a se adaptar ao meio e a desvantagem é sermos
emocionalmente vulneráveis. O sistema de apego é ativado para poder manter o contato
após o nascimento por meio de comportamentos de protesto como o chorar, buscar,
bater... quando a mãe se separa (Rygaard, 2008).

Os comportamentos de apego se referem a um conjunto de condutas inatas exibidas elo


bebê, que promovem a manutenção ou o estabelecimento de proximidade com sua
principal figura provedora de cuidados, a mãe, na maioria das vezes. O repertório
comportamental do comportamento de apego inclui chorar, estabelecer contato visual,
agarrar-se, aconchegar-se e sorrir (Bowlby, 1990).

Base Segura do Comportamento de apego

O termo “base segura”, no contexto da teoria do apego, refere-se à confiança que o


indivíduo tem numa figura particular, protetora e de apoio, que está disponível e é
acessível, e a partir da qual se pode fazer uma exploração coparticipada. O
comportamento de apego será eliciado quando o bebê estiver assustado, cansado, com
fome ou sob estresse, levando-o a emitir sinais que podem desencadear a aproximação e
a motivação do cuidador. O comportamento de apego traz segurança e o conforto e
possibilita o desenvolvimento- a partir da principal figura de apego do comportamento
de exploração, apego, diferentemente de comportamento de apego, é um tipo de vínculo
afetivo. Quando uma pessoa está apegada ela tem um sentimento especial de segurança
e conforto na presença do outro e pode usar o outro como uma “base segura” a partir da
qual explora o resto do mundo.

Segundo J. Bowlby, 1990 existem quatro fases de apego:

- Pré-apego: 0-6 semana- o bebê prefere estímulos humanos (rosto), ele não reconhece
ainda a figura do cuidador, somente reconhece a voz e o cheiro de sua mãe, não há
qualquer apego.

- Formação do apego: 6 semanas a 6/8 meses- ele prefere pessoas com as quais está
familiarizada, no entanto recusa estranhos, possui uma privilegiada interação com a
mãe, sorrindo, chorando e produzindo vocalizações diferenciais na presença dessa.
- Apego bem definido: 6/8 meses a 18 meses- quando a figura de apego se afasta e
produz a ansiedade de separação, medo do desconhecido, buscando refúgio na figura de
apego, a criança sabe que a mãe continua a existir mesmo que não com ele.

- Formação de uma relação reciproca: 18 a 24 meses- a interação com figuras de apego


evolui graças às novas capacidades mentais e linguísticas adquiridas pela criança.

Bowlby (1989) afirma que existem boas provas de que, num contexto familiar, a
maioria dos bebês de cerca de três meses de idade já responde à mãe de um modo
diferente em comparação com outras pessoas. Quando vê sua mãe, um bebê desta idade
sorrirá e vocalizará mais prontamente e a seguirá com os olhos por mais tempo do que
quando vê qualquer outra pessoa. Portanto, a discriminação perceptual está presente.
Entretanto, será difícil afirmar que existe comportamento de apego enquanto não houver
provas evidentes de que o bebê não só reconhece a mãe, mas também tende a se
comportar de modo a manter a proximidade com ela. O comportamento de apego
manifesta-se pelos três meses, tornando-se nitidamente presente por volta dos seis
meses de idade da criança e, em regra, prossegue até a puberdade.

Segundo Bowlby (1989) até a década de 50 a formação e manutenção dos vínculos


sustentavam-se na necessidade de satisfazer certos impulsos, como a alimentação na
infância e o sexo na vida adulta. Em contrapartida, esse autor postulou que existe nos
bebês uma propensão inata para o contato com um ser humano, o que implica na
“necessidade” de um objeto independente do alimento, tão primária
quanto a “necessidade” de alimento e conforto, alicerçando sua teoria no relato de farta
pesquisa empírica. Para Bowlby, a teoria do apego foi desenvolvida como uma variante
da teoria das relações objetais.

Na figura de apego a relação acontece de forma estreita e com forte vínculo de


segurança, sendo como uma base segura, dando ao indivíduo força de explorar o
mundo. Para Bowlby (1988-1989) a teoria do apego é de igual importância para a
sobrevivência como a alimentação e o sexo, como a teoria freudiana postula.

Ainsworth MD, Blehar MC, Waters E. e Wall S. (1978) discípula de John Bowlby,
criou uma metodologia chamada de Situação Estranha para classificar os tipos de apego
que a criança tem para com a mãe, foi evidenciado que nos primeiros anos de vida o
modelo de apego que um indivíduo desenvolve durante a primeira infância é
profundamente influenciado pela maneira como os cuidadores primários (pais ou
pessoas substitutas) o tratam, além de estar ligado a fatores temperamentais e genéticos,
conforme Ainsworth a técnica desenvolvida Situação Estranha (comportamento e
reações das crianças de 12-14 meses) é um procedimento que foi elaborado
especialmente para este fim. Consiste, resumidamente, em uma série de sete episódios
em laboratório: a criança, inicialmente, está com a mãe, depois, com a mãe e um
estranho, sozinha com o estranho, reunida à mãe; sozinha; e, depois, de novo, reunida
com o estranho; e, então, com a mãe. O estabelecimento dos distintos padrões de apego
vai depender, em grande parte, da sensitividade materna às necessidades infantis, assim
como, a capacidade da criança de usar a mãe como base segura, a partir da qual explora
o mundo e para onde retorna em situação de perigo ou
angústia. Ainsworth et al (1978) sugeriu que as reações das crianças a essa situação
poderiam ser classificadas em:

- Seguramente apegada: quando ameaçada, a criança busca ajuda na mãe, separa-se com
facilidade, é consolada sem dificuldades pela mãe, prefere a mãe a estranha.

- Inseguramente apegada (desinteressada/evitante): a criança evita o contato com a mãe,


não inicia a interação, não tem preferência nem pela mãe nem pela estranha.

- Resistente/ambivalente: a criança explora pouco o ambiente e fica desconfiada da


estranha, separa-se com dificuldade da mãe, mas não se consola com facilidade, evita e
busca a mãe em momentos diferentes.

Aspectos que Podem Afetar a Formação dos Vínculos Afetivos

Legarda e Miketta (2010) pontuam três fatores de risco encontrados na criança, na


mãe e no ambiente que podem afetar a formação dos vínculos afetivos. Dificulta essa
formação de vínculos quando a criança tem um temperamento difícil, é prematura e
apresenta problemas alimentares; na mãe as dificuldades nesse sentido estão
relacionadas ao fato de ficar grávida com frequência e a depender de
sua idade; finalizando, raramente formam-se vínculos em ambientes familiares onde
há mau trato infantil. Não se desconsidera a existência de outros fatores que também
podem colocar em risco a formação de vínculos afetivos, no entanto limitaremos
nesses por serem mais relevantes.
Considerações Finais

A construção do vínculo entre mãe e filho, é entendida como algo fundamental para se
obter um sujeito estável. Podemos assim compreender que a figura materna é
considerada como a maior fonte de afeto e estímulo para o desenvolvimento integral da
criança. É por meio do acalento, do toque, o cuidado, o abraço, o canto, o olhar que
percebemos a vinculação positiva da mãe para com o filho, este por sua vez ao receber
este estímulo, emite respostas positivas através do seu olhar e comportamentos que
demonstrem seu bem-estar. Neste prisma, constatou-se que o vínculo materno é
construído a partir da relação estabelecida entre mãe e filho nos primeiros anos de vida
e estende-se até a primeira infância, e que uma vez bem estabelecido é em suma de
grande relevância para tornar-se uma pessoa feliz, bem sucedida emocionalmente e
saudável psiquicamente. No que se refere a qualidade do vínculo, percebeu-se que esta
se dá devido a doação de afeto a criança, dando tanto colo físico como emocional com
terno carinho e afago, atendendo o bebe em suas necessidades físicas tanto quanto
emocional e a forma, o momento da necessidade o pronta disposição em exercer a
maternidade possibilita em grau de grande importância a qualidade do vínculo e ainda
como ela atende a estas necessidades, promove esta qualidade, a qual fortalece cada vez
mais o vínculo entre mãe e filho.

Quanto ao estilo de apego, constatou-se que o tipo de apego seguro é o mais apropriado
para proteger o sujeito de traumas psíquicos, bem como de insegurança e instabilidade
emocional grande parte responsável para se estabelecer uma pessoa segura de si e de
serias consequências psicossociais.

Nossa pesquisa deteve-se em buscar fontes que revelassem esses aspectos de grande
relevância enquanto a construção do vínculo, a qualidade deste e o estilo de apego para
relação mãe e criança, elementos fundamentais na vida de um sujeito, com isto permitiu
analisar este amplo conceito da vinculação afetiva da mãe para com o filho, e ainda
importância da mesma na primeira fase da vida, o que irá refletir por toda a vida. Este
estudo buscou ainda apreciar conteúdos que trouxessem veemência sobre o assunto
abordado, bem como sempre atentos a confiabilidade dos autores, e sempre atentos a
responder a problemática em questão.
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