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QUESTÃO 1.
Doença: enfermidade ou estado clínico, independentemente de origem ou fonte, que represente ou possa representar um
dano significativo para os seres humanos;
Agravo: qualquer dano à integridade física, mental e social dos indivíduos provocado por circunstâncias nocivas, como
acidentes, intoxicações, abuso de drogas, e lesões auto ou heteroinfligidas;
b) A sífilis congênita é uma das doenças que compõe a Lista de Notificação Compulsória. Procure no Guia de
Vigilância Epidemiológica da SVS/MS a definição de caso, características epidemiológicas e medidas de controle
individuais e coletivas para essa doença.
Toda criança ou aborto ou natimorto de mãe com evidência clínica para sífilis e/ou com sorologia não-treponêmica
reagente para sífilis com qualquer titulação, na ausência de teste confirmatório treponêmico, realizada no pré-natal ou no
momento do parto ou curetagem que não tenha sido tratada ou recebido tratamento inadequado;
Todo indivíduo com menos de 13 anos com as seguintes evidências sorológicas: ❯ titulações ascendentes (testes não-
treponêmicos); e/ou ❯ testes não-treponêmicos reagentes após 6 meses de idade (exceto em situação de seguimento
terapêutico); e/ou ❯ testes treponêmicos reagentes após 18 meses de idade; e/ou títulos em teste não-treponêmico maiores
que os da mãe.
Todo indivíduo com menos de 13 anos com teste não-treponêmico reagente e evidência clínica ou liquórica ou
radiológica de sífilis congênita;
Toda situação de evidência de T. pallidum em placenta ou cordão umbilical e/ou amostra de lesão, biópsia ou autópsia
de criança, aborto ou natimorto.
2. Características epidemiológicas
Doença de notificação compulsória, com subdiagnóstico e a subnotificação ainda são elevados, observando-se um
incremento de casos notificados nos últimos oito anos, Os maiores coeficientes de incidência são encontrados na região
Sudeste, principalmente nos estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo, o que pode refletir a intensidade dos esforços para
detectar e notificar a doença. Em relação às mães, 74% estão na faixa etária de 20 a 39 anos; mais de 40% dos casos com
escolaridade informada têm de 1 a 3 anos de estudo; aproximadamente 70% dos casos notificados fizeram pré-natal e cerca
de 50% realizaram 4 ou mais consultas e tiveram diagnóstico de sífilis durante a gravidez. As crianças se apresentavam
assintomáticas ao nascimento em 75% das notificações onde consta a informação.
3. Medidas de controle
Realizar o Diagnóstico precoce em mulheres em idade reprodutiva e seus parceiros; realizar o teste VDRL em
mulheres que manifestem a intenção de engravidar; Tratamento imediato dos casos diagnosticados em mulheres e seus
parceiros; Durante a gravidez realizar o teste VDRL no primeiro trimestre da gravidez, ou na primeira consulta, e outro no
início do terceiro trimestre; Realizar educação em saúde, abordando sobre práticas sexuais seguras, execução integral do
pré-natal, informações sobre a prevenção das DST e garantir o direito a uma assistência médica humanizada e de qualidade
A notificação deve ser feita pelo preenchimento e envio da ficha de notificação e investigação epidemiológica de caso de
sífilis congênita, que deve ser preenchida pelo médico ou outro profissional de saúde no exercício de sua função.
b) Consulte o fluxograma de Dengue e descreva as condutas necessárias individuais e coletivas que não foram tomadas
Educação em saúde, educação de comunidades e profissionais, tratamento focal, tratamento por UBV e eliminação dos
criadouros.
QUESTÃO 3.
A situação epidemiológica de agravos infecciosos de interesse para a saúde pública são apresentados abaixo, para as 17
metrópoles do país, a partir do ano 2000. De modo a esclarecer o papel atual das doenças infecciosas no contexto da saúde
urbana brasileira, interprete brevemente as figuras a seguir:
Figura 1 - "Taxa de casos de AIDS (por 100 mil hab/ano) registrados no Sinan, declarados no SIM e registrados no
Siscel/Siclom, taxa de casos de AIDS (por 100 mil hab/ano) em menores de 5 anos e taxa de mortalidade
por aids em metrópoles brasileiras (2002-2014). Fonte: http://sage.saude.gov.br/
Apesar da taxa de incidência de AIDS não ter se alterado com o passar dos anos, vê-se que a taxa entre menores de 5 anos
encontra-se zerada no ano de 2014, evidenciando que as medidas de prevenção da transmissão vertical estão mais intensas
e isso impacta na taxa de mortalidade geral por AIDS.
Figura 2 - Taxa de incidência e letalidade de leptospirose em metrópoles brasileiras (2001-2015). Fonte:
http://sage.saude.gov.br/
Com o passar dos anos a taxa de incidência da leptospirose sofre oscilações, porém, quanto à taxa de letalidade percebe-se
que a partir de 2013 apresenta aumento, evidenciando que as medidas de diagnóstico e tratamento da doença estão aquém
do esperado, levando os indivíduos com a doença a morrerem mais.
Figura 3 - Taxa de incidência de tuberculose (todas as formas), tuberculose bacilífera e taxa de mortalidade associada à
tuberculose em metrópoles brasileiras (2001-2013). Fonte: http://sage.saude.gov.br/
Vê-se que com o passar dos anos a taxa geral de incidência de tuberculose vem diminuindo, contudo a taxa de incidência
de tuberculose bacilifera mantém praticamente estável e a taxa de mortalidade apresenta baixa redução, evidenciando que
são necessários maiores esforços para a prevenção, notificação e tratamento da população, evitando que os acometidos
venham a óbito.
QUESTÃO 4.
1
UMA DOENÇA EPIDÊMICA NA CAROLINA DO SUL
1- Adaptado de: Centers for Disease Control and Prevention CDC/EIS – Summer Course,
1992. Material Didático Traduzido do Depart. De Epidemiologia a Fac. De Saúde Pública
da USP, por Eliseu Alves Waldman com a colaboração da Dra. Chang C.S. Wadman.
Copyright© 1999 da tradução em português: Faculdade de Saúde Pública da
INTRODUÇÃO
Durante anos, os médicos da região rural do Sudeste dos Estados Unidos da América (EUA) notificaram a
ocorrência de uma doença até então desconhecida. Dado que a notificação deste agravo era obrigatória somente em
um Estado, onde os serviços médicos eram limitados, as informações relativas à sua incidência eram irregulares.
ANTECEDENTES
A doença em questão, embora de fácil diagnóstico em clínicas locais, ficou na época como de etiologia a esclarecer.
A sua patogênese, modo de transmissão, imunidade, fatores ambientais e repercussão social constituíram matéria de
controvérsia, tendo sido elaboradas várias teorias quanto à natureza da doença.
Com o objetivo de determinar a amplitude e relevância da doença foi encaminhado um questionário a todos os
médicos de oito Estados do Sudeste dos EUA. O impresso solicitava que os profissionais informassem o número de
casos examinados nos últimos 5 anos.
Apenas 25% deles responderam a solicitação, mas como resultado dessas informações o número de casos
conhecidos elevou-se de 622 para 7017, no período considerado.
No ano seguinte, um epidemiologista do Serviço de Saúde Pública dos EUA foi designado para investigar a
epidemia. Após algumas observações preliminares, iniciou uma investigação de campo para determinar a extensão e
a natureza da doença.
INVESTIGAÇÃO
A pesquisa foi realizada em 5 municípios da Região Noroeste do Estado da Carolina do Sul, onde a doença se mostrava
mais freqüente. A área da pesquisa incluiu 24 vilarejos, com população de
500 a 1500 habitantes, que apresentavam grandes diferenças quanto ao saneamento: uns dispunham de suprimento de
água, outros de sistema de esgoto, alguns de ambos os serviços e em outros tantos de nenhum deles. O inquérito se
restringiu a um grupo étnico e incluía primariamente assalariado e suas famílias.
Em cada vilarejo foram realizadas duas visitas por semana, para cada família incluída na investigação, durante um ano,
com o objetivo de detectar casos. Foram registrados os nomes, idade, sexo e estado civil de cada membro da família. A
ocorrência da doença era determinada pelo exame clínico e história. Cabia aos responsáveis pelo estudo, profissionais
experientes no diagnóstico da doença, o exame de casos duvidosos.
Conhecer as características da doença/agravo, sua incidência média mensal, definir os limites superior e inferior -
frequências máxima e mínima esperadas e daí avaliar se a situação configura-se como epidemia.
Tabela 1 - Casos da doença por mês de início dos sintomas, nos 24 vilarejos pesquisados durante um ano
(população total 22653 habitantes)
Janeiro 0 0
Fevereiro 4 0,2
Março 28 1,2
Agosto 57 2,5
Setembro 28 1,3
Outubro 14 0,6
Novembro 0 0
Dezembro 0 0
4.4 Interprete o Gráfico da Taxa de incidência em cada faixa etária, por sexo.
A doença apresenta incidência elevada até os 14 anos de idade de maneira semelhante em homens e mulheres. Maior
incidência no sexo feminino, entre as mulheres adultas, com idades entre 20-54 anos. Posteriormente a ocorrência do
evento é semelhante em homens e mulheres de 50 a 59 anos. E sendo mais incidente entre os homens mais velhos com
60 a 70 anos.
Tabela 2 - Incidência da doença entre as mulheres conforme o estado civil e idade.
Mulheres Casadas Mulheres Solteiras
Nº de Taxa Nº de Taxa
Idade(anos) Populaçã o Populaçã o
caso por caso por
S 1000 s 1000
16-29 1905 89 46, 1487 16 10,7
7
30-49 1684 98 58, 141 4 28,4
2
50+ 387 4 10, 26 0 0
3
Total 3976 191 48, 1654 20 12,1
0
Tabela 4 - População e número de domicílios afetados pela doença durante o período de 9 meses em 7 vilarejos.
4399
População Total
População em domicílios afetados 424
c) Qual é o risco de outras pessoas de uma mesma família que já teve um caso, virem também a adoecer? TAXA de
ataque secundária
38 / (424-77) = 10,9%
d) Qual o número médio de pessoas por domicílios afetados e dos domicílios não afetados.
Famílias afetadas: 424/77 = 5,5
Famílias não afetadas 3975/721 = 5,5
O tamanho da família não tem associação com a taxa de ataque.
Os investigadores analisaram a incidência da doença por nível socioeconômico: os dados estão na Tabela 5.
Tabela 5 - Incidência da doença por nível socioeconômico nos vilarejos* pesquisados durante 1 ano.
Nível socioeconômico das famílias
Casos População Taxa por 1000
b) De uma maneira geral, quais fatores relacionados com o baixo nível socioeconômico podem ter influenciado a
ocorrência da doença?
Nível de educação em saúde; menor acesso aos serviços de saúde; mais baixas condições de saneamento básico; condições
desfavoráveis de moradia, os quais podem afetar maior proliferação de vetores, maior vulnerabilidade às doenças e menor
acesso aos serviços de saúde.
Os investigadores também realizaram avaliações das condições sanitárias. Cada vilarejo foi considerado como uma
unidade, tendo sido analisadas as taxas referentes à qualidade das condições de higiene, suprimento de água e destino
das excretas.
Figura 1- Relação da taxa de incidência de uma doença desconhecida e cobertura de saneamento básico de 24
vilarejos, Carolina do Sul. Casos por 1000 hab.
4.11 Assinale a probabilidade da doença estudada ser Infecciosa ou Carencial, de acordo com as características
epidemiológicas descritas.
A doença em investigação era a pelagra, doença desconhecida nos Estados Unidos da América até 1907, embora
mortes esporádicas tenham sido relatadas em 1889 e 1902.
Em junho de 1914, Goldberger publicou seu primeiro relatório com dados obtidos do asilo de Milledgeville, na
Geórgia, onde observou uma diferença significante na dieta e hábitos dos pacientes, se comparados com os sadios,
especialmente no que se refere ao consumo de carne e leite.
Em 1915, Goldberger institui um programa de suplementação alimentar em dois orfanatos de Mississipi que haviam
apresentado uma prevalência da pelagra de 47%. Como resultado, não ocorreu nenhum caso nos anos seguintes entre
os 103 internados.
Também em 1915, Goldberger visitou a Penitenciária Rankin no Estado do Mississipi, onde nenhum caso de pelagra
havia sido relatado. Conseguiu induzir a pelagra após 5 meses e meio, em 6 dos 11 funcionários, com o uso de
dieta sem carne, leite ou vegetais frescos.