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CACHOEIRA-BA
2018
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CACHOEIRA-BA
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2018
A FUNÇÃO DO TEMPLO/SANTUÁRIO CELESTIAL EM APOCALIPSE 11:19 E
SUA CORRESPONDÊNCIA COM O SANTUÁRIO TERRESTRE1
RESUMO
Este trabalho analisou a função do Santuário Celestial em Apocalipse 11:19, traçando
um paralelo do Juízo Investigativo com a descrição do Dia da Expiação em Levítico
16. Em primeira instância, foi revisado o contexto histórico da perícope em Apocalipse
e sua relação com o seu correspondente no Antigo Testamento. A seguir foi realizada
uma análise exegética, com foco na questão literária do livro do Apocalipse,
entendendo qual o contexto em que essa perícope foi escrita e qual a ideia que João
intentou transmitir aos seus leitores através de pesquisa em diversos teóricos. Foram
analisadas as palavras “Arca da Aliança” e sua repetição no Antigo Testamento, e
quais os momentos em que aparecem a mesma expressão relacionada ao tema
proposto. Na conclusão, constatamos que certamente o acontecimento descrito em
Apocalipse 11:19 é o Dia da Expiação/Juízo Investigativo, que Cristo Jesus é o Sumo
Sacerdote que ministra agora no Santuário Celestial, figura do qual pediu a Moisés
que fizesse na Terra.
ABSTRACHT
This work examined the function of the Heavenly Sanctuary in Revelation 11:19,
drawing a parallel from the Investigative Judgment with the description of the Day of
Atonement in Leviticus 16.
In the first instance, the historical context of the pericope in Revelation and its
relationship with its correspondent in the Old Testament were reviewed. An exegetical
analysis was then carried out focusing on the literary question of the book of
Revelation, understanding the context in which this period was written and the idea
that John would like to pass to his readers through research in various theorists. The
words "Ark of the Covenant" and its repetition in the Old Testament were analyzed,
and the moments in which the same expression related to the proposed theme
appears. We conclude by believing that indeed the event described in Revelation 11:19
is the Day of Atonement / Investigative Judgment and that Christ Jesus is the High
Priest who now ministers in the Heavenly Sanctuary, a figure of which he asked Moses
to do on earth.
INTRODUÇÃO
Καὶ ἠνοίγη ὁ ναὸς τοῦ θεοῦ ὁ ἐν τῷ οὐρανῷ, καὶ ὤφθη ἡ κιβωτὸς τῆς διαθήκης αὐτοῦ ἐν
τῷ ναῷ αὐτοῦ· καὶ ἐγένοντο ἀστραπαὶ καὶ φωναὶ καὶ βρονταὶ καὶ σεισμὸς καὶ χάλαζα μεγάλη.
E foi aberto o templo do Deus no céu, e foi vista a arca da aliança do Senhor no
templo dEle. E houve relâmpagos e vozes e trovões e granizo tremendo.
3 CONTEXTO HISTÓRICO
Alguns eruditos comentam que não teria sido João, o apóstolo, a escrever essa
obra, e sim João, o presbítero; como relatado na Bíblia Arqueológica:”
Alguns também acreditam que o nome João descrito nas escrituras seria um
pseudônimo, pois era muito utilizado em obras apocalípticas judaicas no início da era
cristã. Agora, se no apocalipse também houvesse um pseudônimo, seria esperado
que o autor se intitulasse como um apóstolo. Mas a simples declaração do autor de
que seu nome é João, “irmão vosso” (Ap 1:9; cf. a referência de Pedro a Paulo, em
2Pe 3:15), testemunha que ele estava usando seu nome verdadeiro (NICHOL, 2014).
Para Nichol (2014, p. 791), João é identificado várias vezes como sendo João. o
apóstolo, em Ap. 1:1, 4, 9; 21:2; 22:8. Outra evidência de que o autor de Apocalipse é
mesmo o apóstolo de Cristo é a existência de paralelos com o evangelho de João. Na
Bíblia de Estudo Andrews (2015), comenta-se que, embora a Bíblia não revele quem
era esse “João”, a maior parte das fontes históricas antigas o identifica com o João
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dos evangelhos, irmão de Tiago, filho de Zebedeu e discípulo de Cristo (Mt 4:21, 22;
Mc 3:17; 10:35-41; Lc 9:28; Jo 13:23-25; 18:15-17). Tal identificação é apoiada por
evidências no próprio livro do Apocalipse, que contém muitos paralelos de linguagem
com o evangelho de João.
O livro é escrito enquanto o apóstolo João está exilado na ilha de Patmos,
localizada na costa de Éfeso, no mar Egeu, em tempo de perseguição, onde as
autoridades romanas usavam essa ilha como lugar de exílio. Provavelmente, João
estava sendo obrigado a realizar trabalhos forçados. Alguns cristãos, nessa época, já
estavam mortos e outros aprisionados por sua fé. Estava estabelecer-se, naquele
contexto, o culto obrigatório ao imperador romano.
Essa ilha foi onde João teve visões de Deus a respeito de como seria
estabelecido o reino de Deus na Terra, e também, o livro do Apocalipse seria a
revelação do livro profético de Daniel. Por isso ambos os livros devem ser estudados
juntos.
João era bem conhecido na região da Ásia Menor por conta de suas viagens em
busca de espalhar o evangelho que Cristo lhe confiara. João endereça seus escritos
às sete igrejas da Ásia menor, que foram repreendidas e incentivadas de acordo com
as condições que apresentavam. São as igrejas: Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira,
Sardes, Filadélfia e Laodiceia.
A data do livro do Apocalipse diverge entre os eruditos modernos onde
especulam se a escrita será atribuída em uma data anterior, durante o reinado de Nero
(54 – 68 d.C.) ou de Vespasiano (69 – 79 d.C.), ou ainda uma data posterior no fim do
reinado de Domiciano (81 – 96 d. C.). Nichol (2014, p. 796) firma que, em geral, os
eruditos que preferem a data anterior, identificam a perseguição mencionada nas
cartas às sete igrejas com a que os cristãos sofreram durante o governo de Nero (64
d.C.) ou de Vespasiano, embora não seja claro até que ponto este último perseguiu a
igreja.
O livro do Apocalipse sugere alguns temas específicos para que a compreensão
seja ainda mais acessível ao leitor. Os temas abaixo são sugeridos pela Bíblia
Arqueológica (2013), é que ‘Deus está no controle’, ou seja, as visões de João
penetram a barreira que separa o reino celestial do mundo terreno e revelam a
realidade do céu, que triunfará sobre a ilusão terrena. O segundo tema proposto é que
‘Jesus voltará’, ou seja, a volta de Cristo nos leva à libertação que será precedida de
vários acontecimentos catastróficos, como desastres naturais, guerras entre as
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nações, eventos cósmicos sobrenaturais; por isso, temos que estudar o livro do
Apocalipse olhando para o futuro, onde o justo será recompensado e o maligno será
julgado e destruído. Por fim, o terceiro tema sugerido é a salvação para todos que a
receberem, ou seja, essa salvação não é exclusiva e sim inclusiva para todo língua e
nação, toda raça e cor.
Reynolds (2016, p.101) defende que “o conflito cósmico entre Cristo e Satanás
é o tema fundamental de Apocalipse.” Ellen White (2013, p. 585) escreve que
no Apocalipse todos os livros da Bíblia se encontram e se cumprem. Ali está o
complemento do livro de Daniel. O primeiro é uma profecia; o outro uma revelação.
“No livro de apocalipse, lemos acerca de uma obra especial que Deus deseja que Seu
povo faça nestes últimos dias” (WHITE, 2012, p. 113).
Informação importante de se relatar sobre o livro de Apocalipse é que o seu
material em toda sua extensão, é composto de alusões ao Antigo Testamento.
Identificar esses símbolos é crucial para a compreensão de sua mensagem.
LaRondelle escrevendo sobre o conteúdo do livro do Apocalipse informa-nos:
Nenhum livro se baseia tão fortemente no AT como o Apocalipse. Ele está
imerso na teologia e na profecia do AT. A menos que compreendamos e
apreciemos esse fato, não perceberemos plenamente o significado do livro.
João deve grande parte de sua teologia, vocabulário e simbolismo ao AT,
embora sempre seja profundamente cristocêntrico (LARONDELLE, 1997, p.
35)
Em apocalipse 11:19, João relata ter visto o santuário de Deus aberto no céu.
O móvel que João enxerga nesse momento é a arca da aliança/concerto (Ex. 25:10-
22; 37:1; 40:1-3, 20-21; Nm 7:89; 10:33-36; 17:1-11). Enquanto ele observa a arca,
sobrevêm relâmpagos, vozes, trovões e grande saraivada, representando a presença
divina (Apocalipse 4: 5; 8: 5; 16:18; cf. Êx 19: 16-19; 20:18; Deut. 5: 22-23).
No Antigo Testamento, Deus pediu a Moisés que fizesse um santuário onde ele
pudesse habitar no meio do povo (Ex. 25:8), e lhe deu todos os detalhes para que se
fizesse conforme o modelo que foi visto no céu (Hb. 8:5). A vontade de Deus era estar
perto de sua criação caída e, então, restaurar cada um deles ao plano inicial. Por isso,
Deus deixou todas as medidas, materiais, formas, dimensões, posturas e manejos a
serem realizadas na construção do Templo/Santuário terrestre.
O santuário ordenado por Deus era formado de seis móveis, sendo eles: o altar
de sacrifício (Ex. 27:1-8) e pia (Ex. 29:17-21) que ficavam do lado de fora do templo,
num lugar determinado no pátio do templo; o altar de incenso (Ex. 30:1-10), mesa dos
pães (Ex. 25:23-30) e candelabro (Ex. 25:31-40) se localizavam dentro do santuário
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4 CONTEXTO LITERÁRIO
3 Essa estrutura quiástica está mais detalhada no livro da série ‘santuário e profecias
coerente, fidedigno e sempre presente para seus fiéis durante esta era de
adversidade para eles (HOLBROOK, 2017, p. 59).
Stefanovic (2013, p. 367) explica que Apocalipse 12:1 começa uma visão
completamente nova no livro. Nós observamos que a visão das sete trombetas foi
concluída com a abertura do lugar mais sagrado do templo celestial. A abertura do
lugar santíssimo permitiu a João ver "a arca da aliança em seu templo" (11:19). A
aparência da arca da aliança aqui parece ser muito significativa, porque foi pela arca
da aliança, no lugar mais sagrado do templo do Antigo Testamento, que o rolo da
aliança foi armazenado (cf. Deuteronômio 31: 24). -26). No contexto do livro de
Apocalipse, o rolo de sete selos tem todas as características do livro do pacto do Velho
Testamento que foi armazenado pela arca da aliança (Deuteronômio 31: 9, 24-26).
Isso sugere que a aparição da arca no santuário celestial, no início da seção
completamente nova do Apocalipse, tem algo a ver com a revelação do conteúdo do
rolo selado de Apocalipse 5, o livro da aliança eterna de Deus. Apenas uma parte do
rolo selado foi revelada a João em Apocalipse 10 na forma simbólica do pequeno rolo.
Nessa nova visão, a aparência da arca da aliança é evidentemente ligada à revelação
de uma porção do pergaminho lacrado por causa de sua aparência e é acompanhado
por relâmpagos, vozes, trovões, um terremoto e grande granizo. Esses fenômenos
também acompanharam a entrega da lei no Monte Sinai (Êx 19: 16-19; 20:18,
Deuteronômio 5: 22-23). Aqui temos um anúncio da revelação dos planos de Deus
com relação ao futuro retratado na maneira de dar a lei no Sinai. Portanto, é muito
apropriado entender a segunda metade do Apocalipse (capítulos 12-22: 5) como a
revelação do que foi retratado simbolicamente no pequeno rolo de Apocalipse 10.
Como vimos, o pequeno rolo de Apocalipse 10 contém apenas uma porção do rolo de
sete selos de Apocalipse 5, como se aplica aos eventos finais da história da Terra. Em
sua Providência, Deus achou importante divulgar o conteúdo do pequeno pergaminho
ao seu povo do tempo do fim para ajudá-lo a se preparar para os eventos que estão
prestes a acontecer na Terra no tempo do fim.
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5 ARCA DA ALIANÇA
A Arca da Aliança (no Hebraico: הברית ארון- aróhn habberíth; Grego: κιβωτὸς
τῆς διαθήκης kibotós tes diathékes") é descrita na Bíblia como o objeto em que as
tábuas dos Dez Mandamentos e outros objetos sagrados teriam sido guardadas,
como também veículo de comunicação entre Deus e seu povo escolhido (Hb 9:5).
A expressão Arca da Aliança é utilizada muitas vezes no Antigo Testamento. Em
alguns versos a arca da aliança está em movimento, pois quando o acampamento dos
israelitas se movia, a arca ia à frente (Nm 10:33-36; Js 3:14-17; 4:18; 6:1-7; 1Sm 4:2-
11; 7:1-2; 1Rs 8:1-11) e o povo seguia demonstrando Deus guiando Seu povo.
Sua origem e montagem, segundo o livro do Êxodo, foi orientada por Moisés,
que por instruções divinas indicou seu tamanho e forma. Nela foram guardadas as
duas tábuas da lei, a vara de Arão e uma porção do maná. Essas três coisas
representavam a aliança de Deus com o povo de Israel. Para os judeus, a Arca não
era só uma representação, mas a própria presença de Deus. Em Êxodo 25:10-31, é
relatado como ela deveria ser feita, a mando de Deus. A arca era feita de madeira de
acácia, revestida de ouro puro por dentro e por fora, com 70 cm de altura por 70 cm
de largura e 110 cm de comprimento, com 4 argolas para ser transportada.
Sobre a tampa, chamada propiciatório, "o Kapporeth", foi esculpida uma peça
em ouro, formada por dois querubins de frente um para o outro, cujas asas cobriam e
formavam uma só peça (Êx. 25,10-21; 37,7-9). De acordo com o relato do verso
22, Deus se fazia presente no propiciatório no meio dos dois Querubins de ouro em
uma presença misteriosa que os Judeus chamavam Shekinah, ou presença de Deus.
Ellen White, comentando sobre a arca, declara:
um deles, com uma asa estendida para o alto, cobre o propiciatório, enquanto
a outra asa se dobra sobre o corpo, em sinal de reverência e humildade
(WHITE, 2014, p. 153).
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
ANDERSON, Roy. Revelações do Apocalipse. 1. ed. Tatuí: Casa Publicadora
Brasileira, 1988
LADD, George. Apocalipse: Introdução e comentário. 1. Ed. São Paulo: Vida Nova,
2008.
REIS, Emilson dos; FESTA, Sérgio R.; FOLLIS, Rodrigo (Org.). Princípios do fim: o
Apocalipse à luz do Antigo Testamento. 1. ed. Engenheiro Coelho: UNASPRESS,
2016. v. 4.
DOUKHAN, Jacques B. Secretos del Apocalipsis. 1. ed. Buenos Aires: ACES, 2007
EMILSON DOS REIS (Brasil) (Org.). Princípios do Fim: O apocalipse à luz do Antigo
Testamento. Engenheiro Coelho: Unaspress, 2016. (Volume 4).
SNAITH, Norman Henry. Bíblia Hebraica. Londres: The British and Foreign Bible
Society, 1966.
WHITE, Ellen G. Cristo em seu santuário. Tradução de Carlos Alberto Trezza. 6. ed.
São Paulo, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2002