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CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO
1.1 Conceito de Contrato. Conceito Clássico e Conceito Contemporâneo
O Contrato é tão antigo quanto a sociedade; É o ato jurídico bilateral, dependente de pelo menos
duas declarações de vontade, cujo o objetivo é a criação, a alteração ou até mesmo a extinção de
direitos e deveres de conteúdo patrimonial;
É um negócio jurídico por excelência e um ato jurídico em sentido amplo;o CC/2002 não o
conceitua (deixando tal tarefa para doutrina); Alguns autores conceituam o tema de uma maneira
pós-moderna, como Paulo Nalin que o dita como "a relação jurídica subjetiva, nucleada na
solidariedade constitucional, destinada à produção de efeitos jurídicos existenciais e patrimoniais,
não só entre os titulares subjetivos da relação, como também perante terceiros"(eficácia externa
da função social do contrato);
Maria Helena Diniz aponta dois elementos: estrutural (alteridade - dois ou mais) e funcional
(composição de interesses); tal afirmativa veda a autocontratação (que pode ser permitida no caso
de alguém expressamente autorizar outrem para tal ato); Diz-se que a alteridade continua
presente, já que há o interesse de dois ou mais indivíduos;
1.3. A Tese do Diálogo das Fontes, Diálogo entre CDC e CC/2002 em Relação aos Contratos
A real função do contrato não é atender interesses do mercado, mas sim da pessoa humana;
Contrato deve atender o mínimo para que a pessoa viva com dignidade; Tanto o CC/2002 quanto o
CDC consagram a princípiologia do contrato e não se excluem, completando-se muitas vezes;
Aproximação principiológica se dá pela elaboração de ambos sobre hedge da mesma Constituição;
são principios: o da vulnerabilidade, o da confiança, boa-fé e do equilíbrio contratual;
Claudia Lima Marques propões diálogo sistemático de coerência entre os dispositivos: a)havendo
aplicação simultânea, uma lei serve de base pra outra; b) Aplicação coordenada faz uma
complementar a outra, de forma direta; c) Diálogos de influência recíprocas sistemáticas faz com
que o consumidor sofra influências do próprio CC;
Lembra-se que as duas fontes citadas também dialogam com a CLT; também embasando-se em
princípios constitucionais;
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1.5.1. Quanto aos direitos e deveres das partes envolvidas ou quanto à presença de sinalagma
Contrato é unilateral quando apenas um dos contratantes assume deveres em face de outro, como
ura e na doação pura e simples, o mutuo, o comodato (doação modal, com modo e encargo é
contrato unilateral imperfeito);
Contrato bilateral traz uma simultânea e recíproca prestação entre credor e devedor, por isso
também se chama sinalgmático (possui sinalagma, igual prestação); casos como a compra e venda,
trocam, permuta, locação;
Contrato plurilateral possui várias pessoas como os consórcios e seguro de vida em grupo; não se
confunde a classificação em uni, bi e plurilateral de contrato com aquela de negócio jurídico, já que
contrato tem sempre mais de uma pessoa;
livre; (parte da doutrina diferencia formalidade, exigência de qualquer forma aplicada em lei, como
forma escrita, de solenidade que seria a aplicação de ato público);
2.3.1. Análise dos arts. 421 e 2035, parágrafo único, do Código Civil
Art. 421, CC: "A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do
contrato"; tem por objetivo tornar explícito, como princípio condicionador de todo o processo
hermenêutico, que a liberdade de contratar só pdoe ser exercida em consonância com os fins
sociais do contrato; Valoriza-se a equidade, razoabilidade, bom senso;
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Real função do contrato não é a segurança jurídica, mas sim atender aos interesses da pessoa
humana; a PL 699/2011 tenta mudar a redação do citado artigo para: "a liberdade contratual será
exercida nos limites da função social do contrato"; termo liberdade contratual pois ele se relaciona
com o conteúdo contratual (limitado pela função social do contrato); retira-se o "em razão" pois o
que da razão para o contrato é a autonomia privada, não a função social;
Art. 2035, Parágrafo Único, CC: "Nenhuma convenção prevalecerá se contrariar preceitos de ordem
pública, tais como os estabelecidos por este código para assegurar a função social da propriedade
e dos contratos"; Como convenção entende-se qualquer ato jurídico celebrado, negócio jurídico; os
atos celebrados antes não estão sobre à luz deste artigo, mas seus efeitos sim;
Muitos alegam incosntitucionalidade da aplicação deste artigo nos efeitos (torna-se ineficaz, total
ou parcialmente) de negócios celebrados anteriormente (art. 5º, XXXVI, CF/88) mas isso não é
verificado já que a retroatividade é justificada, motivada, em prol da proteção dos preceitos de
ordem pública;
Função social do contrato é matéria de ordem pública, espécie do gênero função social da
propriedade lato sensu; Por isso, defende-se que o art. 2.035 consagra o princípio da
retroatividade justificada ou motivada; constatando-se a costumeira influência das normas de
ordem pública sobre os institutos privados;
Luiz Edson Fachin defende a possibilidade de inadimplemento contratual por desrespeito à função
social do contrato; Segundo ele há plena possibilidade de ser anular, juridicamente, negócio
celebrado antes da vigência da atual codificação, desde que o contrato ainda esteja gerando
efeitos;
O art. 2.035 é de extrema importância pois prevê expressamente que a função social dos contratos
é preceito de ordem pública; e tem em seu bojo o princípio da retroatividade motivada ou
justificada;
2.3.3. Dispositivos do Código de Defesa do Consumidor e do Código Civil de 2002 consagrados noa
função social dos contratos
É forçoso interpretar o contrato como uma bolha ou corrente que aprisiona as partes; a função
social seria a agulha ou chave, que liberta;
Nota-se os arts. 39 e 51 do CDC que reveem, respectivamente, as práticas abusivas, que podem
gerar a modificação da avença ou a sua invalidade, cessando seus efeitos; O art. 51 traz a
possibilidade de uma cláusula tida como abusiva declarar a nulidade do negócio (totalmente
antenado com a intervenção estatal dos contratos e um Direito pós-moderno);
O art. 51 do CDC traz um rol de 16 incisos exemplificativos (não taxativos) do que tornaria a
nulidade absoluta do contrato (atenuação de responsabilidade por vícios; transferência de
responsabilidade para terceiros; estabelecimento de obrigações abusivas, entre outros); as
cláusulas abusivas que colocam o consumidor em desvantagem, contrariando a boa-fé;
Exemplo seria o seguro saúde que limita os dias de internação do paciente, tal cláusula foi fruto de
análise da súmula 302 do STJ, que confere nulidade absoluta para ela; A ação que visa reconhecer
a nulidade absoluta não é cabível de prescrição e decadência, já que envolve ordem pública; ]
O CC/2002 possui normas que afastam o caráter absoluto da força obrigatória do contrato e
procuram analisar os negócios celebrados em comunhão; o Art. 108 (Reconhece a proteção dos
vulneráveis colocando necessidade de escritura pública somente para imóveis acima de 30
salários);
Art.157 (Possibilidade de anubilidade dos contratos quando estiver presente a lesão, novo vício do
negócio jurídico); art. 170 (Possibilita a conversão do contrato nulo, desde que preenchidos
requisitos apontados no comando legal - contrato de compra e venda de imóvel nula, por ausência
de escritura em contrato preliminar de compra e venda); art. 406 (limitar taxa de juros - relação
direta com função social); art. 413 (adequa a fixação de multa ao contexto social, afastando o
enriquecimento sem causa e, prevendo o dever do juiz - o controle de cláusula penal é um dos
melhores exemplos da eficácia interna da função social do contrato); A redução da cláusula penal
preserva a função social do contrato na medida em que afasta o desequilíbrio contratual e seu u
como instrumento de enriquecimento sem causa;
Nos contratos de adesão nota-se os arts. 423 e 424 do CC (para alguns traz o princípio da
equivalência material, para outros a equivalência material é algo dentro da função social dos
contratos);
O art. 423 diz: Quando houver no contrato de adesão cláusulas ambíguas ou contraditórias, dever-
se-á adotar a interpretação mais favorável ao aderente; Ex: se tiver duas formas de pagamento,
prevalecerá mais interessante para o aderente; a PL 699/2011 quer mudar a redação do citado
artigo, incluindo a definição do que seria contrato de adesão;
Art. 424, CC diz: "Nos contratos de adesão, são nulas de pleno direito às cláusulas que estipulem a
renúncia antecipada do aderente a direito resultante da natureza do negócio"; O que seria o
direito resultante da natureza do negócio? O primeiro exemplo seria a cláusula de eleição de foro
(se é de adesão o aderente ficaria impedido de demandar ou ser demandado em seu domicílio) - o
Art. 112 do CPC (antigo) diz ser nula a eleição de foro em contrato de adesão; A Locação pode
assumir forma de contrato de adesão e ter uma cláusula de não indenização de benfeitorias
necessárias (o art. 35 da Lei de Locações permite tal cláusula no contrato, sem citar adesão) - Se o
contrato de adesão, será nula a renúncia já que comando legal reconhece esse direito do aderente;
Por último nota-se o contrato de fiança, onde o fiador tem o benefício de ordem ou de excussão
(outros são demandados primeiro) e dele pode abrir mão, não sendo por meio do contrato de
adesão, em decorrência da aplicação do 424;
Percebe-se a relação direta entre a função social dos contratos e a proteção ao aderente; Nota-se
ainda o art. 425 (reconhece o poder imaginativo da pessoa humana na criação de novas figuras
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contratuais e o art. 426 (limita a liberdade contratual no que tange ao conteúdo do negócio -
contrato de herança não pode se dar em pessoa viva);
Nota-a ainda que o contrato pode ser perfeitamente equilibrado entre as partes mas se revele
ruim para a sociedade, como o caso de dano ambiental; Lucas Abreu Barroso fala da função
ambiental do contrato ("Possibilitam ainda a oposição de terceiros aos contratos cujo o objeto
importe em prejuízo para o meio ambiente, o que se dará por intermédio de atuação para tais fins
administrativa - pelo Estado - ou judicialmente - pelos particulares, seus substitutos ou pelo
próprio Estado -;
2.5.2. O princípio da boa-fé objetiva ou boa-fé contratual, Análise do art. 422 do Código Civil
Art. 422, CC: "os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em
sua execução, os princípios da probidade e da boa-fé"; Boa-fé objetiva está dentro de um princípio
geral (boa-fé) que deve ser preenchido pelo aplicador do direito caso a caso;
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o art. 5º, XIV da CF assegura a todos direito à informação, inclusive no plano contratual; Encontra-
se a boa-fé objetiva fundamentada na função social da propriedade, prevista nos arts. 5º, XXII, XXIII
e 170, III da CF/88.
A boa-fé objetiva é um prefeito de ordem pública; o Art. 167 § 2º do CC consagra a inoponibilidade
do ato simulado (nulo) contra terceiros portadores de boa-fé; Arrisca-se a enunciar a boa-fé
objetiva sendo: boa fé subjetiva (intenção) + probidade (lealdade);
Surge dúvidas sobre a aplicação do referido artigo na fase pré-contratual (O PL699/2011 busca
incluir expressamente a necessidade de boa fé em tal fase); Atualmente é possível aplicar a boa-fé
na fase pré contratual, tendo o caso do tomates como seu precursor (Uma empresa distribua
sementes para os agricultores com a promessa de comprar os tomates depois; uma certa vez, não
se comprou os tomates e os agricultores entraram com ação indenizatória por quebra da boa-fé;
Agricultores venceram);
o CC/02 atenta para a necessidade de observância dos chamados deveres anexos ou de proteção;
Um caso famoso é o de Zeca Pagodinho (Era garoto propaganda da Nova Schin com slogan
'Experimenta'; Foi pra Brahma com a canção 'Experimentei e não gostei' - foi condenado a pagar
R$ 960000 pela quegra de contrato e o mesmo valor - depois diminuido para metade pelo TJ - pela
canção atentar contra a boa-fé objetiva;
Súmula 308 do STJ: "A hipoteca firmada na entre a construtora e o agente financeiro, anterior ou
posterior à celebração a promessa de compra e venda não tem eficácia perante os adquirentes do
imóvel" - Exemplo de boa-fé objetiva pois era comum a construtora pegar financiamento com o
banco para construir o prédio, colocando o próprio prédio como garantia, mas ao não pagar não
podem aqueles que adquiriram de boa-fé serem responsabilizados pelo feito;
Na fase pós contratual um exemplo é o de uma fornecedora que vende 120 vestidos para dada
boutique; Liquidado este contrato vende-os para a boutique ao lado; Mesmo que o contrato tenha
sido celebrado perfeitamente o adquirente não agiu com boa-fé na fase pós-contratual; Mesmo
raciocínio se dá quando não se retira o nome daquele que pagou o inadimplemento na lista de
inadimplentes (Objeto do Informativo n. 501 do STJ que traz prazo pra retirada do nome);
boa-fé objetiva depositada na formação do contrato; A contradição pode se dar por fato contra a
conduta inicial, quebra da legítima confiança, comportamento contradiório em sí ou num possível
dano da contradição; o STJ tem uma conhecida decisão de um marido que fez negócio sem outorga
uxória, a mulher após disse que reconheceu tácitamente a venda 17 anos depois pretendeu-se a
nulidade de negócio (como dizia o CC/16) o que foi afastado juridicamente por comportamento
contraditório entre sí; Outro exemplo é o caso da empresa que administra cartão de crédito que
mantinha prática de aceitar pagamento atrasado e, do nada não aceita mais; Outro exemplo é
quando duas partes resolvem certa obrigação, a máxima é utilizada para afastar da
jurisdicionalidade questões superadas na transação das partes;
O duty to mitigate the loss ou mitigação do prejuízo pelo próprio credor trata da impossibilidade
do credor agravar o próprio prejuízo; exemplo: num contrato de locação de imóvel urbano em que
houve inadimplemento, deve o locador ingressar o quanto antes com ação de despejo, não
permitindo assim que a dívida assuma valores excessivos; Há exemplo de normas no contrato de
seguro, como por exemplo a 769 que diz que o segurado deve informar logo que saiba, incidente
que possa agravar consideravelmente o risco coberto, outro é o 771 que diz o dever, também de
informar em caso de sinistro;
Há relação direto do duty to mitigate the loss com o stop loss; este segundo fixa o ponto de
encerramento de uma operação financeira com o propósito de parar ou até de evitar determinada
perda; Assim, a galta de observância do referido pacto permite a responsabilização da instituição
por prejuízos do investidor;
Reputar-se-á celebrado o contrato no lugar que foi proposto; se tiver contraproposta, no segundo
lugar; o CC 2002 adotou a teoria da expedição como regra e a teoria da recepção como secundária;
A revisão judicial de suma importância na atual realidade dos negócios; este autor tem defendido
que a extinção do contrato deve ser a ultima ratio, o último caminho a ser percorrido (isso vem de
acordo com o princípio da conservação contratual, ligado à função social dos contratos);
Deve ser estudado de acordo com a perspectiva do CC e do CDC já que a revisão judicial por fato
superveniente é diferente em cada diploma;
Poucos casos vem sendo enquadrados como imprevisíveis pelos tribunais já que eles entendem
que aquilo que de mercado, o meio que envolve o contrato e na sociedade pós-moderna quase
tudo é previsivel; Alvaro Vilaça diz que se não for minimizado o conceito de magnitude poder-se-á
estagnar o instituto para o mundo da fantasia;
Outro ponto de destaque é o art. 478 que menciona a necessidade de existência de eventos
imprevisíveis e extraordinário, o que será necessário provar para o magistrado optar pela revisão;
O art. 480 diz que somente incidirá naqueles casos em que, a parte requer extinção e o magistrado
faz opção pela revisão, aplicando o princípio da conservação;
Enunciado n. 17 da IJDC: "a interpretação da expressão 'motivos imprevisíveis' constante no art.
317 do CC, deve abarcar tanto causas de desproporção não previstas como também causas
previsíveis, mas de resultado imprevisível";
Deve-se entender também como motivos imprevisíveis os fatos supervenientes alheios à vontade
das partes e à sua atuação culposa; O aderente, que tem proteção no CC somente terá revisão de
contrato se provar a existência fatos imprevisíveis (Para Tartuce vai contra a função social); A
proteção não se dá aos consumidores necessariamente, mas sim a parte mais fraca;
Súmula 380 do STJ diz que "A simples propositura da ação de revisão de contrato não inibe a
caracterização de mora do autor"; Encargos e parcelas indevidas ou abusivas impede a
caracterização de mora; Realizado o pagamento, de forma judcial ou não o credor deve recebê-lo
sob pena de cair no duty mitigate the loss;
É possível verificar a revisão do contrato por fatos anteriores à celebração como lesão ou vício no
negócio; Prevê o art, 171, II que a lesão gera anulabilidade do negócio (prazo de 4 anos); Enunciado
149 do CJF/STJ: "Em atenção ao princípio de conservação dos contratos, a verificação da lesão
deverá conduzir sempre que possível, à revisão judicial do negócio jurídico e não sua anulação,
sendo dever do magistrado incitar os contratantes a seguir regras do art. 157 § 2º; O princípio da
conservação é um dos mais importantes na atualidade;
5.1. Introdução
Um dos principais efeitos relacionados com os contratos refere-se aos vícios contratuais
(redibitórios) e em relação à evicção (perda da coisa diante de fato superveniente); Nota-se que
estes vícios citados não confundem-se com vícios de vontade (erro, dolo, coação, estado de perigo
e lesão) ou vícios sociais (simulação e fraude contra credores);
5.4. A Evicção
Evicção é uma perda da coisa diante de uma decisão judicial ou de um ato administrativo que a
atribui a um terceiro; pode haver de maneira total ou parcial (arts; 447 a 457 do CC); O STJ tem
entendi que a evicção pode estar presente em casos de apreensão administrativa - a mesma corte
entendeu que não é necessário o trânsito em julgado para o exercício desse direito (No mesmo
passo vai o informativo 519 da corte que diz que desde que haja efetiva ou iminente perda da
posse ou da propriedade é possível evicção e não mera cogitação da perda ou limitação do direito;
O art. 447 diz que a garantia legal em relação à essa perda da coisa, objeto do negócio, que atinge
contrato bilaterais mesmo que tenha sido adquirido em hasta pública; O arrematante evicto
poderá ir a juízo em face do executado, a fim de buscar o preço que pagou pela coisa mais perdas e
danos; Subsidiariamente reconhecida a responsabilidade do exequente;
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São elementos subjetivos da evicção: O alienante (transferiu a coisa viciada de forma onerosa) O
evicto, adquirente ou evencido (perdeu a coisa adquirida) e o evictor ou evecente (teve decisão
judicial ou administrativa em seu favor;
art. 199, II diz que não corre prescrição enquanto pendente ação de evicção; A responsabilidade da
execução é legal, mas o contrato pode reforça-la (com limite de dobro do valor da causa); A
exclusão da responsabilidade pode ocorrer de maneira expressa, mas os produtos dela dependem
do conhecimento do adquirente;
Washington de Barros Monteiro diz: a) Clausula expressa de exclusão de garantia + conhecimento
da evicção pelo evicto -> isenção total de qualquer responsabilidade por parte do alienante; b)
Cláusula expressa - ciência específica de risco por parte do adquirente -> responsabilidade pelo
preço pago; c) Cláusula expressa de exclusão de garantia sem que o adquirente haja assumido o
risco da avicção de quem foi informado -> direito de reaver o preço que desembolsou;
Não havendo a referida cláusula a responsabilidade do alienante será plena devendo-se pagar
(450, CC): preço pago, frutos se tiver a restituir, indenização pelas possíveis despesas e custas
judiciais; O preço da coisa decorre do valor na época da perda; O alienante responsabilização ainda
que a coisa esteja deteriorada ou perdida - se não consagrar dolo de adquirente (450, 451 e 454);
Se o evicto tiver auferido vantagem da deteriorização e não tiver sido condenado a pagar tais
valores ao evictor, o valor dessas vantagens deferirá ser deduzido da quantia pleiteada pelo
alienante; Benfeitorias não abonadas ao evicto pelo evictor deverão ser pagas para o alienante; se
o alienante prestou benfeitorias ele não tem direito;
No caso de perda parcial se ela for considerável poderá o evicto optar pela recisão e a restituição
da parte do preço correspondente ao desfalque, se for não considerável poderá pleitear perdas e
danos; o problema é determinar o que é considerável: geralmente é aquilo maior que metade do
valor da coisa - mas pode também ser medido na essência;
art. 456 diz que: "para exercer o direito que da evicção lhe resulta, o adquirente notificará do litígio
o alienante imediato, ou qualquer dos anteriores, quando e como lhe determinarem as leis do
processo"; Mas os tribunais tem entendido que essa denunciação não é obrigatória, assim
também entende o enunciado 434 da V Jornada de Direito Civil;
Enunciado 29 do CJF/STJ na I JDC diz: "A interpretação do art. 456 do novo Código Civil permite ao
evicto a denunciação direta de qualquer dos responsáveis pelo vício"; Trata-se da denunciação per
saltum que traz mais opções de demanda ao evicto prejudicado, dando-lhe efetividade no direito
material;
O art. 456, parágrafo único diz: "Não atendendo o alientante à denunciação da lide, e sendo
manifesta a procedência da evicção, pode o adquirente deixar de oferecer contestação ou usar de
recursos; o 457 diz: "Não pode o adquirente demandar pela evicção se sabia que a coias alheia era
1litigiosa";
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6.1. Introdução
Contrato tem um ciclo de existência: nasce do mútuo consentimento, produz e feito e morre com o
cumprimento de prestações (quitação); Mas o contrato pode ser extinto antes de seu
cumprimento, ou no decurso deste;
Por causas anteriores, com nulidade e anulabilidade e posteriores à sua celebração como resilição
e resolução; CC, arts. 472 a 480; 4 formas básicas: Normal, Fatos anteriores, posteriores e morte;
quase todo cumprido, não caberá a sua extinção, apenas efeitos jurídicos; cumprimento relevante
é observado casuisticamente e dispositivo visa a conservação do negócio jurídico);
A resolução por inexecução involuntária acontece por fato alheio a vontade como caso fortuito
(evento totalmente imprevisível) força maior (previsível, mas inevitável); a outra parte não poderá
pleitear perdas e danos; Só haverá responsabilidade: a) mora do devedor, a não ser por ausência
de culpa; b) previsão contratual (cláusula de assunção convencional); Casos previstos judicialmente
(art. 583, comodante responderá pelo dano);
A cláusula resolutiva tácita decorre da lei e gera resolução em decorrência de evento futuro e
incerto, geralmente relacionado ao inadimplemento (condição); Depende de interpretação (Ex:
exceção de contrato não cumprido - uma parte pode exigir da outra se cumprir a sua); Art. 477
prevê quebra antecipada do contrato por inadimplemento antecipado (se uma parte perceber que
há risco real e efetivo, demonstrado pela realidade fática, que a outra parte não cumpra a
obrigação);
A última é a resolução por imprevisibilidade e onerosidade excessiva: Poderá ocorrer resolução em
decorrência de um evento extraordinário e imprevisível que dificulte e adimplemento - deve ser
interpretada a imprevisibilidade não somente em relação ao fato, mas também as consequências
que ele produz; (Enunciado 366, IV JDC: fato extraordinário é aquele que não está coberto
objetivamente pelos riscos próprios da contratação); O juiz pode modificar o contrato e não
resolvê-lo desde que ouvidas todas as partes; o art. 480 diz que se aos obrigações couberem a
apenas uma das partes, não há equilibrio e pode-se pleitear redução; Maior parta da doutrina
entende ser possível revisão de contratos unilaterais puros (Tatuce entende que não pela
inexistência de sinalgma); A frustação por fim de contrato (aluga casa pro carnaval, governo proíbe
festa - contrato cumprido) não se confunde com a impossibilidade de prestação por onerosidade
excessiva; A resilição bilateral é feita por um novo negócio (com mesmas sonelidades, se
necessário);
A resolução unilateral é possível, de acordo com art. 47 em hipóteses excepcionais (na locação,
prestação de serviços, mandato, comodato, depósito, doação, fiança); são 4 modos: a)Denúncia
vazia e cheia (locação de coisa móvel ou imóvel regida pela Lei de locações, Findo o prazo extingue-
se o contrato - necessária notificação; alguns casos cabível em caso de inadimplemento); b)
Revogação: quebra de confiança; cabe revogação por parte do mandante, depositante, doador; c)
Renúncia: também por quebra de confiança; mas cabe ao mandatário, depositário e donatário; d)
exoneração por ato unilateral: o fiador pode, previsto no art. 835 revogar; terá eficácia plena
depois de 60 dais; Diante da natureza do contrato, se uma parte fez investimentos consideráveis a
resilição unilateral só ser possível transcorrido o prazo compatível com a natureza e o vulto dos
investimento (parte autora pede continuidade compulsória do contrato); Lembrando que resilição
e resolução são espécies de recisão;
7.3. A estrutura sinalagmática e os efeitos da compra e venda. A questão dos riscos e das
despesas advindas do contrato
Compra e venda é uma relação complexa, com as partes sendo credoras e devedoras enter sí;
Quanto ao risco da coisa: o vendedor; pelo preço: comprador; despesas de transporte: vendedor,
em regra; escritura: comprador, em regra;
490 diz que em relação as despesas pode haver previsão em sentido contrário no instrumento
contratual; 491 diz que não sendo a venda de crédito o vendedor não é obrigado a entregar a coisa
antes de receber o preço;
não havendo estipulação em contrário a coisa se entrega onde celebra o contrato (art. 493); Se a
coisa for entrega por ordem do comprador em outro lugar ele assume a culpa, por ordem do
devedor, ele assume a culpa; art. 495 diz que antes da tradição o comprador cair em insolvência
poderá o devedor sobrestar a cosia da entrega de contrato;
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7.4.4. Da venda de bens em condomínio ou venda de coisa comum - o direito de prelação legal do
condômino (art. 504 do CC)
O condômino, enquanto pender o estado de indivisão da coisa, não poderá vender a sua parte a
estranho, se o outro condômino a quiser, em igualdade de condições; divide-se os bens em
condomínio: pró indiviso (não existe separação física, cada um tem uma fração ideal) e pró diviso
(apesar de estar em condomínio, cada um tem uma parcela fisicamente separada - neste caso o
aviso é dispensável);
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Prelação legal ou preempção legal é o direito de preferência do condômino sobre a venda de bem
indivisível; Tartuce entende que a ação é de ajudicação e a jurisprudência adota assim; Tento em
vista a boa-fé objetiva o depósito deve ser integral para que a parte preterida exercite seu direito;
A jurisprudência vem adotando a contagem de 180 dias a partir da ciência inequívoca da venda;
art. 504 traz a ordem de preferência dos condôminos: I - tem preferência o condônimo que tiver
benfeitorias de maior valor; II - Falta de benfeitorias, o dono do quinhão maior; III - Falta de
benfeitorias e quinhão igual: aquele que depositar primeiro;
7.5.1. Venda por amostra, por protótipos ou por modelos (art. 484 do CC)
A amostra é a reprodução perfeita e corpórea de uma coisa determinada; Protótipo é o primeiro
exemplar de cuma coisa criada e Modelo constitui uma reprodução exemplificativa; Se a venda
tiver como objeto bens móveis e se realizar por amostra, protótipos ou modelos há uma presunção
que serão entregues conforma a qualidade prometida; caso a entrega não ocorra conforma
pactuado aplicar-se-ão as regras de vício redibitório;
Não ocorre o aperfeiçoamento do negócio até a tradição. com a qualidade esperada; Caso não
tenha a qualidade o negócio pode ser desfeito;
7.5.3. Venda por medida, por extensão ou ad mensuram (art. 500 do CC)
Na compra e venda de bem imóvel, poderão as partes estipular o preço por medida e extensão;
admite-se em regra, uma variação de área de até 1/20, 5%; havendo uma variação superior ao
tolerável estará presente o vicio, podendo o comprador prejudicado exigir: a) complementação da
área; b) abatimento proporcional do preço; c) resolução do contrato;
Deve-se aplicar o princípio da conservação contratual (resolução é ultima ratio); Se, em vez de
houver uma área em excesso o vendedor poderá ingressar com ação para provar que tinha
motivos justos para ignorar a medida (enriquecimento sem causa) - pode-se pedir completar o
valor ou devolver o excesso de área;
O prazo para o ingresso é de um ano contado do registro do título; Se a venda for realizada ad
corpus, com coisa certa e determinada, não caberão os pedidos aqui descritos, eventualmente
formulados pelo suposto comprador ou vendedor;
coletiva, ou seja, a venda na qual as coisas vendidas constituem um todo só, como no caso da
parelha de cavalo ou par de sapatos (vício de um pode gerar depreciação coletiva);
A ação cabível para reaver a Ação cabível para reaver a Ação cabível para reaver a
coisa é busca e apreensão, coisa móvel é a busca e coisa é a ação de busca e
prevista no CPC, não cave apreensão prevista no apreensão, conforme o art. 3º
prisão civil. Decreto-lei 911/69. Não cabe § 15 do Decreto-lei 911/96,
prisão, segundo decisão incluído pela lei 13043/14. Não
recente de STF e STJ. cabe prisão civil.
prazo do contrato o consignante terá duas opções: a)cobar o prelo da estima ou b)ingressa com
ação de restituição de posse; Se a conclusão for a de que a obrigação do consignatário é
facultativa, havendo apenas o dever de pagar o preço de estima e uma faculdade quanto à
devolução da coisa, o consignante, não poderá fazer uso da ação de reintegração de posse;
Art. 253 diz que na obrigação alternativa, se uma das duas prestações não puder ser objeto de
obrigação ou se uma delas se tornar inexequível, subsistirá o débito quanto a outra; O art. 535 diz
que o consignatário não se exonera da obrigação de pagar o preço se a restituição da coisa na sua
integralidade não for possível; Tal similaridade apenas reforça o caráter alternativo, para Tartuce;
doações puramente remuneratórias (art. 564, I); III - As doações remuneratórias de serviços feitos
ao ascendente não estão sujeitas a colação;
Essa cláusula não constitui inalienabilidade do bem, mas a doutrina tradicional entende que
falecendo o donatário o bem volta ao doador (posicionamento que deve mudar);
Art. 569 diz que são obrigações legais do locatário: a) Servir-se da coisa; b) Pagar pontualmente o
aluguel; c) Levar ao conhecimento do locador esbulho; d)) Restituir a coisa quando finda a locação;
Se a locação for estipulada em prazo fixo, antes do seu vencimento não poderá o locador reaver a
coisa alugada a não ser que indeniza o locatário; Somente poderá devolver a coisa pagando a
multa prevista no contrato, proporcionalmente ao tempo que restar;
A multa ser proporcional ao tempo que restar deve-se a função social do contrato e caso a multa
seja muita onerosa o juiz deve reduzi-la; O art. 572 diz: "Será facultado ao juiz fixá-lo em vases
razoáveis"; O art. 413 diz: "penalidade deve ser reduzida"; Há uma divergência entre a faculdade
e/ou o dever do juiz em acertar a pena, Tartuce acompanha o dever para imóveis urbanos sendo o
572 aplicado somente em locações que seguem a codificação privada;
Art. 4º da LL diz que" durante o prazo estipulado para duração do contrato, não poderá o locador
reaver o imóvel alugado. O locatário, todavia, poderá devolvê-lo pagando a multa pactuada,
proporcionalmente ao período de cumprimento do contrato ou, na sua falta, a que for
judicialmente estipulada" - diálogo de fontes 413, CC art. 4º LL;
A locação cessará de pleno direito com o término do prazo estipulado e independentemente de
qualquer notificação ou aviso; Findo o prazo da locação e, sem oposição do locador, o locatário lá
permanecer, compreende-se que houve prorrogação com prazo indeterminado;
Sendo alienada a coisa, o novo propietário não será obrigado a respeitar o contrato a não ser na
sua vigência ou com cláusula de vigência no caso de alienação; Morrendo o locador ou locatário,
transfere-se a locação para herdeiros; Quanto as benfeitorias se pagará as necessárias e úteis
autorizadas, lembrando que a Súmula 158 do STF permite a renúncia à indenização de benfeitorias
no contrato;
10.3. Locação de urbano residencial ou não residencial. Estudo da lei de locação (Lei 8.245/91) e
das alterações incluídas pela lei 12.112/09
10.3.1. Introdução
Lei de Locação constitui um microssistema jurídico que regulamente locação de imóveis urbanos
residenciais e não residenciais; Objetivo no inicio era liberação do mercado, construção de imóveis
para locação e aceleração da prestação jurisdicional; Não é uma norma protetiva do locatário, mas
as inovações mais protegem o locador e o fiador; CC tem aplicação subsidiária;
Critério utilizada para diferenciação entre rural e urbano é a destinação: urbano (residência,
indústria, comérico) e rural (agricultura, pecuária);
art. 1º da LL diz que a norma não terá incidência nos casos de locação de imóveis: a)Públicos ou
bens que integram o patrimônio público (Lei de Licitações); b) Vagas autônomas de garagem ou
espaços destinados a veículos (podem entrar na LL como acessórios que seguem principal, sozinho
aplica-se CC); c) Espaços publicitários e outdoors (CC); d) Locação de espaços em hotéis residência,
flat (CC ou CDC); e) Arrendamento Mercantil - leasing (Lei n. 6.099/74 e Lei n. 11.649/08);
Entende-se majoritariamente a não subsunção de imóveis urbanos ao CDC; Tartuce alega que caso
o locador seja um profissional nessa atividade isso pode ser caracterizado; e o locatário pode ser
um consumidor por equiparação ou bystander;
Art. 3º diz que se o contrato for celebrado com prazo superior a 10 anos, haverá necessidade de
outorga uxória, caso não haja o cônjuge não responde depois disso; José Fernando Simão defende
que ela é dispensada em caso de separação absoluta; não aplica-se a união estável
Durante o prazo convencionado não poderá o locador reaver o imóvel alugado; Frise-se ainda que
a Lei n. 12.744/12, que trata da locação nos contratos de construção ajustada ("built-to-suit"),
introduziu outra alteração no comando ao estabelecer que a redução da multa não é cabível em
tais contratos, valorizando a autonomia privada;
Ação para reaver é despejo e NÃO reintegração de posse; Essa ação de despejo não
necessariamente será proposta pelo proprietário, o usufrutuário tem legitimidade (exemplo); LL
especifica as hipóteses nas quais é exigida a prova das propriedades para o ajuizamento da ação de
despejo; nos demais casos atenta-se a natureza pessoal;
art. 6º da LL dispõe que o locatário poderá denunciar a locação por prazo indeterminado a
qualquer tempo, mediante aviso por escrito ao locador; No que concerne ao aluguel, enuncia o art.
17 da LL que é livre a sua convenção, vedada estipulação em moeda estrangeira; O aluguel não
pode ser cobrado antecipadamente salvo na locação por temporada ou ausência de garantias (art.
20, LL); o índice e periodicidade dos reajustes são previstos na legislação específica; Não pode se
configurar onerosidade excessiva;
O aluguel da sublocação não poderá exceder o da locação (art. 21, LL) exceto a feita para
habitações coletivas multifamiliares (máximo o dobro); Ação de despejo deve ser proposta pelo
adquirente do imóvel, tendo igual direito o promissário comprador e promissário cessionário;
Art. 9º da LL diz os casos gerais que geram denúncia cheia, motivada, cabíveis no contrato: a)
Mútuo acordo descumprido; b) Prática de infração contratual; c) falta de pagamento de aluguéis;
d) Realizações de reparos urgentes determinados pelo poder público; art. 7º diz que também
elenca como extinção a extinção do usufruto ou do fideicomisso (prazo de 90 dias para denúncia);