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Lírica e sociedade na poesia marginal brasileira

Vitor Cei
Universidade Federal de Minas Gerais

Resumo O procedimento crítico-teórico indicado


Nosso objetivo geral é identificar de que pelo pensador alemão não deve abordar a
modo a chamada poesia marginal faz uma obra literária como documento de época,
crítica da experiência política de seu tempo. subordinando a literatura ao propósito de
Na antologia 26 poetas hoje, publicada por entendimento dos mecanismos de uma so-
Heloisa Buarque de Hollanda em 1976, en- ciedade. Nas palavras de Adorno (2003, p.
contramos uma memória das tensões que 66-67): “A referência ao social não deve
ocorriam no Brasil dos anos de ditadura mi- levar para fora da obra de arte, mas sim levar
litar. Como referencial teórico, a relação en- mais fundo para dentro dela. [...] Conceitos
tre lírica e sociedade pensada por Theodor sociais não devem ser trazidos de fora às
Adorno se mostra coerente com as condições composições líricas, mas sim devem surgir
de produção dos poetas naqueles tempos de da rigorosa intuição delas mesmas”.
autoritarismo. A leitura da poesia marginal Para evitar o risco de reducionismo, o
há de apontar para as possibilidades aber- theorein, isto é, a ação de envolver e fixar
tas ao pensamento filosófico pela literatura com o olhar aquilo que se investiga, deve
brasileira contemporânea. perscrutar a dimensão social da literatura,
Palavras-chave: Adorno, autoritarismo, tendo em vista a relação entre forma literária
poesia marginal. e processo social. Na medida em que o con-
teúdo social sedimenta-se na forma da obra
Theodor W. Adorno indica que a teoria de arte, ao abordar uma individualidade, um
da literatura constantemente se articula com poema aponta elementos referentes a uma
a discussão rigorosa de problemas da vida coletividade:
política de seu tempo, atenta às conexões Uma corrente subterrânea coletiva
internas da obra literária com a realidade é o fundamento de toda lírica indi-
histórico-social na qual ela se insere. Es- vidual. Se esta visa efetivamente
crevendo após a Shoah de Auschwitz e out- o todo e não meramente uma parte
ros eventos-limite decorrentes da Segunda do privilégio, refinamento e de-
Guerra Mundial, o filósofo tinha em vista licadeza daquele que pode se dar
a crítica das experiências de violência dos ao luxo de ser delicado, então a
regimes autoritários e a crítica política da substancialidade da lírica indivi-
cultura. dual deriva essencialmente de sua
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participação nessa corrente subter- histórico, com destaque para a crítica da


rânea coletiva, pois somente ela faz opressão, permite examinar o importante im-
da linguagem o meio em que o su- pacto político da poesia marginal. Se o teor
jeito se torna mais do que apenas social da lírica revela “[...] o todo de uma so-
sujeito (Adorno, 2003, p. 77). ciedade, tomada como unidade em si mesma
contraditória [...]” (Adorno, 2003, p. 67),
Na corrente subterrânea coletiva, pas- na poesia marginal podemos encontrar uma
samos a trabalhar com uma concepção de memória das tensões que ocorriam no Brasil
sujeito necessariamente processual, incom- nos anos de ditadura militar. Nas palavras
pleta, em andamento, e por isso sempre do poeta Alex Polari (apud Salgueiro, 2002,
aquém da unidade totalizada. Em lugar p. 38): “Esses poemas são, em certa medida,
de uma totalidade subjetiva, encontramos vômitos. Evocam a clandestinidade, a tor-
uma concepção de individualidade pautada tura, a morte e a prisão. Tudo, absolutamente
na opressão de uma sociedade de conflitos. tudo neles, é vivência real, daí serem diretos
Ao invés de defender uma identidade indi- e descritivos. Servem também para reter uma
vidual, egocêntrica, Adorno mostra que a memória essencial, de outra maneira fadada
poesia lírica deve subverter a concepção bur- a se diluir”.
guesa de indivíduo e ultrapassar seus limites. Atentos ao teor testemunhal da poe-
Nesse sentido, podemos entender de que sia marginal, que entrelaça conteúdo au-
modo a lírica codifica relações de poder e tobiográfico e memória social, nós procu-
dominação, em oposição às ideologias, ins- ramos mostrar como os problemas histórico-
tituições e práticas hegemônicas. Assim, sociais pós-1964 marcam as obras da ge-
aprendemos a interpretar as obras em seu ração mimeógrafo, tornando sua lírica uma
contexto, compreendendo como elas se rela- rememoração do autoritarismo. Como diz o
cionam com as estruturas de dominação e “Reflexo condicionado”, de Antonio Carlos
com as forças de resistência, refletindo so- de Brito (2007, p. 42):
bre as possibilidades de transformação social
radical. pense rápido:
Fredric Jameson, que indica a atualidade Produto Interno Bruto
da teoria de Adorno para a compreensão das ou
transformações do mundo contemporâneo, brutal produto interno
resume o pensamento do filósofo alemão: ?
“Sigo aqui a Adorno, é claro, ao defender
a proposição de que a obra de arte regis- Rememorar os anos de chumbo é tornar
tra a lógica do desenvolvimento social, da comum a barbárie de nosso passado recente,
produção e da contradição de formas que com suas catástrofes, ruínas e cicatrizes.
são, proveitosamente, mais precisas do que E, como indica Jaime Ginzburg, ainda é
as disponíveis em outras instâncias” (Jame- necessário rememorar o período, pois há um
son, 2002, p. 168-169). esforço conservador de desprezar a memória
A concepção adorniana de lírica, funda- das vítimas do autoritarismo. Nas palavras
mentada filosoficamente como um problema do crítico:

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A memória da ditadura militar do suportável, apontando para as dificul-


brasileira se impõe como um pro- dades de produzir um depoimento desse tipo.
blema fundamental para a crítica Recordar o passado de opressão envolve uma
literária. Em um país em que mútua necessidade e dificuldade de comu-
as heranças conservadoras são mo- nicar a barbárie: “Para o sobrevivente, a
numentais, e as dificuldades para narração combina memória e esquecimento”
esclarecer o passado são consoli- (Seligmann-Silva, 2003, p. 53). O poeta
dadas e reforçadas, o papel de es- Luiz Olavo Fontes (2007, p. 172), concorda:
critores, cineastas, músicos, artis-
não tenho nada comigo
tas plásticos, atores e dançarinos
só o medo
pode corresponder a uma neces-
e medo não é coisa que se diga
sidade histórica. Enquanto ins-
tituições e arquivos ainda encer- Seja dedicando seus poemas à morte ou à
ram mistérios fundamentais sobre vida, com humor ou com medo, os poetas
o passado recente, o pensamento marginais nos oferecem um diagnóstico de
criativo pode procurar modos de seu tempo. Em tal diagnose, é possível iden-
mediar o contato da sociedade con- tificar que, no sufoco da ditadura, a geração
sigo mesma, trazendo consciência mimeógrafo não buscava o caminho da liber-
responsável a respeito do que ocor- dade na luta armada, como agiam os guerri-
reu (Ginzburg, 2007, p. 43-44). lheiros, tampouco na emancipação racional,
como defendem os filósofos e intelectuais
A antologia 26 poetas hoje, publicada por herdeiros do esclarecimento.
Heloisa Buarque de Hollanda em 1976, com Se os adeptos da guerrilha urbana acre-
a participação de Antonio Carlos de Brito, ditavam que o autoritarismo do Estado só
Torquato Neto, Luiz Olavo Fontes, dentre poderia ser combatido com mais violência,
outros, é marcada pelo caráter traumático das para os filósofos iluministas a instauração de
experiências coletivas de violência política, um tribunal da razão seria o processo a partir
nos permitindo reelaborar as heranças do do qual se venceria as trevas da ignorância e
autoritarismo. Todavia, segundo Márcio da barbárie. Os poetas marginais, no sufoco
Seligmann-Silva, a tarefa de rememorar a da ditadura, seguiram um terceiro caminho,
catástrofe é árdua e ambígua, pois envolve o o do desbunde.
confronto com as feridas abertas pelo trauma Desbunde era o nome que os militantes
e a tentativa de sua superação. Ao mesmo de esquerda davam para a atitude da turma
tempo em que há necessidade de lembrar e da contracultura, o pessoal que usava dro-
comunicar, na maioria das vezes aquilo que gas, escutava rock, lia os poetas beat, fazia
se rememora é o incomunicável, a morte — filmes em Super-8, não cortava os cabelos e
“[...] o indizível por excelência, que a toda preferia fumar maconha a pegar em armas
hora tentamos dizer [...]” (Seligmann-Silva, ou se engajar em partidos políticos. Con-
2003, p. 52). tra as atitudes beligerantes do sistema, ações
O mal-estar físico e emocional provocado pacíficas e irreverentes. Segundo Wilberth
pelo trauma leva a uma tensão no limite Salgueiro:

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Ponto final da viagem contracul- Os 26 poetas dos anos 1970, imbuídos


tural iniciada pela geração beat, de desbunde, do espírito rebelde, lúdico e
passando pelos hippies, a galera libertino dos inconformados daquele tempo,
do desbunde aprontou mil e umas. formam uma tradição literária anticonven-
Radical como o seu avesso (cen- cional, cujos traços recorrentes podemos de-
sura & repressão), o desbunde – linear: coloquialismo, espontaneidade, bre-
ainda que, dizem, por linhas tor- vidade, força crítica do humor, poetização
tas – colocou em xeque valores do relato cotidiano, anotação do momento
poderosos como a racionalidade, a político, libertação das repressões políticas e
autoridade, a propriedade, o beli- morais. Oscilando entre o tom melancólico
cismo (ε o beletrismo) e pontificou e o eufórico, ironizam os costumes e crenças
outros como o prazer, o lúdico, o dominantes, disparando chistes contra os
comunitário. A liberação do corpo valores mais prezados pelo conservadorismo
tange não só o sexual, mas a moda, da época.
os gestos, as drogas – o compor- A geração mimeógrafo queria recuperar
tamento e o cotidiano, em geral o espírito antiburguês do modernismo de
(Salgueiro, 2002, p. 30). 1922. Críticos do progresso industrial incon-
seqüente, “Eles imprimiam e financiavam
Heloísa Buarque de Hollanda (2004) con-
seus próprios livros, vendendo-os em porta
corda que o desbunde, longe de ser uma
de cinemas, bares e teatros, buscando sensi-
simples alienação naqueles anos de chumbo,
bilizar o leitor mais jovem para uma expe-
foi uma atitude intempestiva e marginal que
riência artística que não possuía equivalente
transgredia as normas sociais e políticas en-
industrial” (Simon, 1999, p. 33).
tão vigentes. Na procura de uma nova forma
Segundo Hollanda (2007b, p. 261), a poe-
de pensar o mundo, o desbunde tornava-
sia marginal, aparentemente “ingênua e des-
se uma perspectiva capaz de romper com a
compromissada”, não foi “recebida pacifi-
razão instrumental característica tanto da di-
camente”. Não bastava a censura prévia,
reita quanto da esquerda. Exemplar é o poe-
instaurada no Brasil desde 26 de janeiro de
ma “Zum e metafísica”, de Carlos Saldanha
1970, que vigiava todo o tecido social e os
(2007, p. 31):
espaços públicos. A censura também vinha
“Porque ó Venerável, existe o mal?” da universidade, da imprensa, de críticos e
Indaga o ressentido Bacamarte. autores que consideravam a obra marginal
“poesia ruim”, ou nem a considerava poesia.
“Eu é que sei?”, brada Malaquias,
De acordo com o historiador Mar-
“Porque não é o mundo
em forma de livro cos Napolitano (2004), o regime militar
com ilustrações sem sépia, brasileiro, assim como as outras ditaduras
ou hachurado grosso, latino-americanas, concentrou suas forças no
ou escrito em papel de arroz? controle e esvaziamento político do espaço
Enfim, vamos parar público, com o intuito de garantir a paz so-
com perguntas tolas cial a partir da desmobilização política da
e vá me buscar uma cerveja”. sociedade. Se a violência policial, legal ou

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ilegal, era sistemática e utilizada contra ini- e guerra psicológica contra as instituições
migos e críticos mais ferrenhos do regime, democráticas e cristãs, acabava por gerar
a vigilância sobre a sociedade civil também uma lógica da suspeita. Ao incorporar essa
era constante. Vigiada, rotulada e esnobada, lógica, os milhares de agentes envolvidos,
a poesia marginal era vista com suspeição a fossem funcionários públicos ou delatores
priori. Nas palavras de Torquato Neto (2007, cooptados, passavam a ver a esfera da cul-
p. 60-61): tura com suspeição a priori, pois o meio
artístico seria o local em que os comunistas
Agora não se fala mais e subversivos estariam particularmente infil-
toda palavra guarda uma cidade
trados, procurando fomentar a revolta na so-
e qualquer gesto é o fim
ciedade. Diante da truculência do Estado
do seu início;
de exceção, Francisco Alvim (2007, p. 16)
Agora não se fala nada estampou em seu rosto “o riso amarelo do
e tudo é transparente em cada forma medo”:
qualquer palavra é um gesto
e em sua orla Brandindo um espadim
os pássaros de sempre cantam do melhor aço de Toledo
nos hospícios. ele irrompeu pela Academia
Você não tem que me dizer Cabeças rolam por toda parte
o número de mundo deste mundo é preciso defender o pão de nossos fi-
não tem que me mostrar lhos
a outra face respeitar a autoridade
face ao fim de tudo: O atualíssimo evangelho dos discur-
só tem que me dizer sos
o nome da república do fundo diz que um deus nos fez desiguais
o sim do fim
do fim de tudo O recrudescimento da ditadura foi acom-
e o tem do tempo vindo; panhado por um período de intenso desen-
volvimento econômico, que a propaganda do
não tem que me mostrar
regime militar logo tratou de chamar de “mi-
a outra mesma face ao outro mundo
lagre brasileiro”. O acelerado desenvolvi-
não se fala, não é permitido:
mudar de idéia. é proibido. mento dos meios de comunicação de massa,
não se permite nunca mais olhares da propaganda e da indústria cultural como
tensões de cismas crises e outros tem- um todo facilitou o controle espiritual da
pos. população. Nas palavras de Leila Miccolis
está vetado qualquer movimento. (2007, p. 245), em “três números de má-
gica”:
Conforme Napolitano (2004), a obsessão
pela vigilância como forma de prevenir a a- O espetáculo começa:
tuação “subversiva”, sobretudo naquilo que faço sair da cartola
os manuais da Doutrina de Segurança Na- televisão a cores,
cional chamavam de propaganda subversiva automóveis,

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e imóveis no Leme uma forma de transgressão moral que tem


a pagar em 180 prestações. função político-social, uma vez que exerce
Depois te serro ao meio no caixão, uma crítica corrosiva às estruturas culturais
para salvar-te a seguir: e morais da sociedade brasileira.
surges inteiro e pareces tão ileso A tematização de opções sexuais dife-
que nem dá para notar a castração. rentes, escandalosas, prazeres vergonhosos,
Por último me cubro – abracadabra! – devassidão, é mais um modo que os poetas
e volto aos tempos de menina,
encontraram para denunciar o falso mora-
tirando da vagina objetos contun-
lismo da sociedade conservadora, que se
dentes
que fizeram a minha vida
choca com o sexo e o palavrão, mas per-
e o meu hímem complacentes. manece indiferente diante de tortura, cen-
sura, violência urbana, miséria, corrupção,
A sedução do consumo iludiu a popu- guerras e outras barbáries. Contra a sel-
lação com a promessa de ascensão social. vageria, Roberto Schwarz (2007b, p. 90)
Adorno e Horkheimer (1985) já diziam que apresenta um “conto de fadas”: “O ratão
o progresso econômico e a elevação do transformara-se num príncipe de pau duro. A
padrão de vida das classes médias aumen- bocetinha falante de Cinderela babava pelos
tam a impotência das massas, que se vêem bigodes”.
anuladas em face dos poderes econômicos Nessa atmosfera de violência e vigilância,
das classes dominantes. No nosso caso, os poetas marginais apresentavam modos ir-
as classes médias, no marasmo, trocavam reverentes de agir e pensar, transvalorando
a liberdade pelo acesso às mercadorias do os valores dominantes. Seus poemas estimu-
“milagre econômico” da ditadura: geladeira, lam o olhar para temas tabus não abordados
TV a cores, eletrodomésticos, carro do ano, abertamente pela sociedade brasileira con-
casa de praia. Fechando os olhos para servadora. Nas palavras de Adorno:
o autoritarismo, permaneciam ineptas para
perceber as possibilidades de resistência e [...] o poema enuncia o sonho
mudança. Nas palavras do poeta Roberto de um mundo em que essa situa-
Schwarz (2007a, p. 85): ção seria diferente. A idiossincra-
sia do espírito lírico contra a pre-
A esperança posta num bonito salário potência das coisas é uma forma
corações veteranos de reação à coisificação do mundo,
à dominação das mercadorias so-
Este vale de lágrimas. Estes píncaros bre os homens, que se propagou
de merda. desde o início da Era Moderna e
que, desde a Revolução Industrial,
desdobrou-se em força dominante
O uso de palavras chulas, de baixo calão, da vida (Adorno, 2003, p. 69).
“[...] aparece como dialeto cotidiano natu-
ralizado e, não raro, como desfecho lírico” A partir da concepção adorniana de
(Hollanda, 2007a p. 12). A obscenidade é lírica, fundamentada filosoficamente como

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um problema histórico, procuramos exami- ratura I. Trad. Jorge de Almeida. São


nar os poemas presentes na antologia 26 poe- Paulo: Duas Cidades; Ed. 34.
tas hoje como obras dotadas de importante
impacto político. O teor testemunhal dos ALVIM, Francisco. “O riso amarelo do
textos traz à reflexão os problemas políticos, medo”, in HOLLANDA, Heloisa Buar-
existenciais e socioculturais que animaram que de (org.). 26 poetas hoje. Rio de
os anos de chumbo, num questionamento das Janeiro: Aeroplano, 2007.
conexões entre produção cultural e vida so- BRITO, Antonio Carlos de (2007). “Re-
cial, detectando, ampliando e registrando os flexo condicionado”, in HOLLANDA,
problemas do nosso país. Heloisa Buarque de (org.). 26 poetas
Para que a poesia cumpra sua função hoje. Rio de Janeiro: Aeroplano,
de resistência à hostilidade do con-
texto histórico-social, a interface CHACAL (2007). “Rápido e rasteiro”,
filosofia/literatura tem muito que fazer. in HOLLANDA, Heloisa Buarque de
Com as possibilidades abertas ao pensa- (org.). 26 poetas hoje. Rio de Janeiro:
mento filosófico pela poesia marginal, a Aeroplano.
crítica literária pode ser um contraponto ao
autoritarismo e à indigência intelectual que FONTES, Luiz Olavo (2007). “Pro-
até hoje predomina. priedade privada” in HOLLANDA,
Nesse sentido, o sucesso da investigação Heloisa Buarque de (org.). 26 poetas
implica que o fim deste artigo signifique um hoje. Rio de Janeiro: Aeroplano.
recomeço: o da tarefa de pensar os para- GINZBURG, Jaime (2007). “Memória da
doxos da formação social brasileira em diá- ditadura em Caio Fernando Abreu e
logo com os poetas que em suas obras in- Luís Fernando Veríssimo”, O eixo e a
terpretaram e pensaram o seu tempo. Es- roda, Belo Horizonte, v. 15, p. 43-54.
peramos que cada leitura conduza a outros
desdobramentos possíveis, apontando para HOLLANDA, Heloisa Buarque de (2004).
novos problemas e questões do múltiplo Impressões de viagem: CPC, vanguarda
de nossa experiência cultural. “Rápido e e desbunde: 1960/1970. Rio de Janeiro:
rasteiro”, concluo com Chacal (2007, p. Aeroplano.
218):
—. Introdução. In: —. 26 poetas hoje. Rio
vai ter uma festa de Janeiro: Aeroplano, 2007a.
que eu vou dançar
até o sapato pedir pra parar. —. Posfácio. In: —. 26 poetas hoje. Rio
aí eu paro, tiro o sapato de Janeiro: Aeroplano, 2007b.
e danço o resto da vida
HORKHEIMER, Max; ADORNO,
Theodor (1985). Dialética do esclare-
Bibliografia
cimento: fragmentos filosóficos. Trad.
ADORNO, Theodor (2003). “Palestra so- Guido Antonio de Almeida. Rio de
bre lírica e sociedade”, Notas de lite- Janeiro: Jorge Zahar.

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JAMESON, Fredric (2002). Pós- —. “Conto de fadas”, in HOLLANDA,


modernismo: a lógica cultural do Heloisa Buarque de (org.). 26 poetas
capitalismo tardio. Trad. Maria Elisa hoje. Rio de Janeiro: Aeroplano.
Cevasco. São Paulo: Ática.
SIMON, Iumna Maria (1999). “Consi-
MICCOLIS, Leila (2007). “Três números derações sobre a poesia brasileira em
de mágica”, in HOLLANDA, Heloisa fim de século”, Novos Estudos CE-
Buarque de (org.). 26 poetas hoje. Rio BRAP, São Paulo, n. 55, p. 27-36.
de Janeiro: Aeroplano,.

NAPOLITANO, Marcos (2004). “A


MPB sob suspeita: a censura musical
vista pela ótica dos serviços de vigi-
lância política (1968-1971)”, Revista
Brasileira de História, São Paulo, v. 24,
n. 47, p. 103-126.

NETO, Torquato (2007). [sem título],


in HOLLANDA, Heloisa Buarque de
(org.). 26 poetas hoje. Rio de Janeiro:
Aeroplano.

SALDANHA, Carlos (2007). Zum e


metafísica, in HOLLANDA, Heloisa
Buarque de (org.). 26 poetas hoje. Rio
de Janeiro: Aeroplano,.

SALGUEIRO, Wilberth (2002). Forças &


Formas: aspectos da poesia brasileira
contemporânea (dos anos 70 aos 90).
Vitória: EDUFES.

SELIGMANN-SILVA, Márcio (2003). A-


presentação da questão, in História,
memória, literatura: o testemunho na
era das catástrofes. Campinas: Editora
da Unicamp.

SCHWARZ, Roberto (2007a). “Ulisses”,


in HOLLANDA, Heloisa Buarque de
(org.). 26 poetas hoje. Rio de Janeiro:
Aeroplano.

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