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UNIDADE 9 217
O Quadro 1 resume as abordagens da gestão ambiental empresarial:
Quadro 1 - Abordagens da gestão ambiental empresarial
CARACTERÍSTICAS ABORDAGEM DO ABORDAGEM DA ABORDAGEM
CONTROLE DA POLUIÇÃO POLUIÇÃO ESTRATÉGICA
Preocupação Cumprir legislação e Uso eficiente dos Competitividade.
Básica respostas às pressões da insumos.
comunidade.
Postura Reativa. Reativa e proativa. Reativa e proativa.
Ações Típicas Corretivas; uso de tecno- Corretivas e preven- Corretivas, preventi-
logias de remediação e fim tivas; conservação vas e antecipatórias.
de tubo; aplicações de nor- e substituição de
mas de saúde e segurança insumos; tecnologias
do trabalho. limpas.
Percepção dos Custo adicional. Redução do custo; Vantagens competi-
Empresários aumento de produti- tivas.
vidade.
Envolvimento da Esporádico. Periódico. Permanente e siste-
alta administração mático.
Áreas envolvidas Áreas geradoras da poluição. Crescente envol- Atividades ambientais
vimento de outras disseminadas pela or-
áreas, como pro- ganização; ampliação
dução, compras, das ações ambientais
desenvolvimento de para a cadeia de
produto e marketing. suprimentos.
Fonte: Barbieri (2016, p. 86).
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UNIDADE 9 219
As normas ISO 14.000 são uma família de normas que procuram estabelecer ferramentas e sistemas
para gestão ambiental de uma organização, buscam a padronização de algumas ferramentas-chave
de análise, tais como a auditoria ambiental e a análise do ciclo de vida.
A principal norma da família ISO 14.000 é a ISO 14.001, que estabelece os requisitos necessários para
implementação do Sistema de Gestão Ambiental (SGA). Ela tem por objetivo gerir a organização den-
tro de um SGA certificável, estruturado e integrado à atividade geral de gestão, buscando apresentar
requisitos que sejam aplicáveis a qualquer tipo e tamanho de organização (SEIFFERT, 2011). Segundo
Barbieri (2016), de forma sucinta, o SGA proposto deve cumprir estes requisitos:
• Política Ambiental.
• Planejamento.
• Implementação e Operação.
• Verificação e Ação Corretiva.
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No que diz respeito à Política Ambiental, é pre- portes e segmentos. É uma norma aplicável para
ciso que a alta administração defina sua política empresas que desejam:
ambiental e assegure que ela (ABNT, 2015, p. 8):
- Implantar, manter e aprimorar um sistema
“
- seja apropriada à natureza, à escala e aos im-
pactos ambientais de suas atividades, produtos
ou serviços;
- inclua o comprometimento com a melhoria
contínua e com a prevenção da poluição;
“ de gestão ambiental.
- Assegurar-se do atendimento à sua política
ambiental.
- Demonstrar tal conformidade a terceiros.
- Buscar certificação/registro de seu SGA
- inclua o comprometimento com o atendi- por uma organização externa.
mento à legislação, às normas ambientais apli- - Realizar auto-avaliação e emitir declaração
cáveis e aos demais requisitos da organização; de conformidade à norma (ROBLES JR.,
- forneça estrutura para o estabelecimento e a 2003, p. 136).
revisão dos objetivos e das metas ambientais;
- seja documentada, implementada, mantida e A primeira edição da ISO 14.001 foi no ano de
comunicada a todos os colaboradores; 1996, a segunda edição em 2004, quando se bus-
esteja disponível para o público. cou esclarecer a edição de 1996 e alinhá-la me-
lhor com a norma ISO 9.001:2000. Com isso, al-
O Sistema de Gestão Ambiental (SGA) pode ser gumas seções não modificadas em seu conteúdo
criado e implementado para alcançar diversos foram reescritas para alinhar à ISO 14.001:2004
objetivos. A norma ISO 14.001 pode ser aplicada com o formato, os termos e a diagramação da
a qualquer organização que deseja (DIAS, 2017): ISO 9.001:2000 e para aumentar a compatibi-
• Estabelecer, implementar e aprimorar um lidade entre as duas normas (SEIFFERT, 2011).
SGA.
• Assegurar sua conformidade com a Polí-
tica Ambiental. ISO 14.001:2015
• Demonstrar conformidade com essa
norma ao fazer uma autodeclaração ou Após onze anos da publicação da última revisão
autoafirmação; buscar confirmação da da norma ISO 14.001 (em 2004), no segundo
sua conformidade por partes interessa- semestre de 2015, ocorreu o lançamento oficial
das na organização; buscar confirmação da ISO 14.001:2015, que estabelece os requisitos
de sua autodeclaração por meio de uma para implementação e certificação do Sistema de
organização externa; buscar certificação Gestão Ambiental (SGA). Essa nova versão teve
ou registro de seu SGA por uma organi- várias modificações que ocorreram para adaptar
zação externa. a norma de acordo com a estrutura do Anexo SL,
que tem por intuito criar uma estrutura padrão
A ISO 14.001 pode ser implementada e aplica- para todas as normas que orientam a implanta-
da por qualquer tipo de organização de todos os ção e a certificação dos sistemas de gestão.
Dessa maneira, de acordo com a A Figura 2 apresenta a estrutura da norma ISO 14.001:2015 inte-
ABNT (2015), a nova estrutura grada ao ciclo PDCA:
da ISO 14.001, também propos-
ta no anexo SL, é:
• Introdução.
• Escopo.
• Referência normativa.
• Termos e definições.
• Contexto da organização.
• Liderança.
• Planejamento.
• Apoio.
• Operação.
• Avaliação de desempe-
nho.
• Melhoria.
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Quadro 3 - Estrutura da Norma ISO 14.001:2015
0. Introdução
1. Escopo
2. Referências normativas
3. Termos e definições
4. Contexto da organização
4.1 Entendendo a organização e seu contexto
4.2 Entendendo as necessidades e as expectativas de partes interessadas.
4.3 Determinando o escopo do sistema de gestão ambiental (SGA).
4.4 Sistema de Gestão Ambiental
5. Liderança
5.1 Liderança e comprometimento
5.2 Política ambiental
5.3 Papéis, responsabilidades e autoridades organizacionais
6. Planejamento
6.1 Ações para abordar riscos e oportunidades
6.1.1 Generalidades
6.1.2 Aspectos ambientais
6.1.3 Requisitos legais e outros requisitos
6.1.4 Planejamento das ações
PLANEJAR
6.2 Objetivos ambientais e planejamento para alcançá-los
6.2.1 Objetivos ambientais
6.2.2 Planejamento de ações para alcançar os objetivos ambientais
7. Apoio
7.1 Recursos
7.2 Competência
7.3 Conscientização
7.4 Comunicação
7.4.1 Generalidades
7.4.2 Comunicação interna
7.4.3 Comunicação externa
7.5 Informação documentada
7.5.1 Generalidades
7.5.2 Criando e atualizando
7.5.3 Controle de informação documentada
Quanto aos tipos, as auditorias ambientais po- A auditoria Sistema de Gestão Ambiental
dem ser: de conformidade legal, due diligence, (SGA): é aquela auditoria realizada em orga-
auditoria pós-acidente, auditoria de fornecedor nizações que possuem ou estejam implemen-
e auditoria focada em questões específicas, que tando um SGA, de acordo com a ISO 14001.
serão especificadas a seguir. Ela é utilizada para determinar se as atividades
A auditoria de conformidade legal tem por de gestão ambiental da organização estão em
intuito verificar o cumprimento da legislação am- conformidade com a documentação do sistema
biental e correlata aplicável à organização. É pos- e se as práticas são implementadas de acordo
sível que incluam avaliações de diferentes origens, com o planejamento ambiental e com a políti-
tais como: exigências legais atuais ou futuras, nor- ca ambiental da organização. Essas auditorias
mas e diretrizes dos setores industriais, políticas podem ser de quatro tipos, segundo Pugliesi e
ambientais e normas internas, melhores práticas Moraes (2014):
ambientais e outros (PUGLIESI; MORAES, 2014). • Auditoria pré-certificação ou auditoria
A auditoria due diligence (devido cuidado) inicial: tem por objetivo ajustar o sistema
tem um caráter reativo, uma vez que as primeiras antes da auditoria de certificação e não é
normas legais quase sempre eram do tipo coman- obrigatória.
do e controle (BARBIEIRI, 2016). Seu principal • Auditoria de certificação: obrigatória
intuito é evitar assumir responsabilidades por ris- em processos de certificação do SGA, o
cos ambientais em potencial ou por algum tipo de resultado é a recomendação, ou não, da
passivo ambiental (PUGLIESI; MORAES, 2014). certificação do sistema.
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• Auditoria de manutenção: é realizada, As auditorias focadas em questões ambien-
semestral ou anualmente, entre a auditoria tais, para Barbieri (2016), são específicas e utili-
de certificação e a recertificação. zadas para detectar problemas e oportunidades
• Auditoria de recertificação: ocorre três em áreas ou atividades, a saber:
anos após a auditoria de certificação para • Fontes de controle de poluição.
renovação do certificado, apresenta maior • Uso de energia.
nível de exigência, pois busca a consolida- • Pesquisas e desenvolvimento.
ção do SGA no período avaliado. • Uso, armazenagem, manuseio, transporte
de produtos controlados.
A auditoria pós-acidente tem por objetivo • Subprodutos e desperdícios.
verificar se os procedimentos para evitar emer- • Sítios contaminados.
gências ou acidentes ambientais foram seguidos • Estações de tratamento de águas residuárias.
de acordo com normas e manuais apropriados • Reformas e manutenções de prédios e ins-
(BARBIERI, 2016). talações.
A auditoria de fornecedor é utilizada em • Panes, acidentes e medidas de emergência.
processos de seleção e avaliação de fornecedores. • Saúde ocupacional e segurança do trabalho.
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um organismo indica as características perti- • Contribuir para eliminar as barreiras
nentes de um produto, processo ou serviço, ou técnicas.
as características particulares de um organismo • Papel importante nos processos de pro-
ou pessoa, em lista apropriada e disponível ao dução e distribuição, podendo facilitar o
público (ABNT, 2015). comércio internacional.
O SGA pode ser certificado por organizações • Aumentar a visibilidade no mercado na-
que estão relacionadas com ele em seu ambiente cional e internacional.
de negócio, por exemplo, bancos, clientes e outros • Facilitar o acompanhamento da legislação
agentes financeiros. Também é possível que a orga- e busca da conformidade legal.
nização cliente avalie o SGA dos seus fornecedores • Simplificar e uniformizar procedimentos
(DIAS, 2017). Barbieri (2016) analisa que, em situa- administrativos e operacionais.
ções práticas, a preferência das organizações são cer- • Consolidar a credibilidade junto a clientes,
tificações de terceira parte por empresas acreditadas. fornecedores e colaboradores.
O Organismo de Certificação Credenciado
(OCC) tem que atender a critérios previamente No que diz respeito às dificuldades que as orga-
estabelecidos em documentos normativos esta- nizações têm para a certificação pela ISO 14.001,
belecidos pelo órgão governamental competente. Barbieri (2016) apresenta as seguintes:
Cada país tem esquemas próprios para acreditar e • Alto custo que representa para micro e pe-
controlar as atividades de certificação de terceira quenas empresas.
parte, embora haja amplo esforço internacional • Desprendimento de capital para a área am-
para harmonizar critérios e procedimentos, tendo biental.
à frente a ISO, a International Electrotechnical • Relacionamento com os órgãos ambientais.
Commision (IEC) e o International Accreditation • Estruturação do setor ambiental na em-
Forum (IAF) (DIAS, 2017). presa.
A acreditação consiste no reconhecimento for-
mal por parte do órgão governamental competente
de um organismo, pessoa ou organização que aten-
de aos requisitos previamente definidos por leis e
regulamentos para realizar atividades específicas de
modo confiável. Um desses requisitos é a indepen- Veja a reportagem do portal GoingGreen
dência dos organismos acreditados, o que impede sobre Savona, na Itália. Essa cidade recebeu,
que eles sejam contratados para auxiliar a organiza- recentemente, o selo LEED para cidades
ção em relação ao objeto da certificação, com vistas sustentáveis, tornando-se a terceira cidade no
a facilitar a avaliação da conformidade (ONA, 2017, mundo a possuir essa certificação. Uma cidade
on-line)1. Os principais objetivos de certificar um inteira pode receber um selo de certificação
SGA pela ISO 14.001 são (DIAS, 2017): ambiental? O que foi feito em termos de gestão
• Uma organização que tem um SGA imple- ambiental para alcançar esse importante alvo?
mentado e certificado poderá equilibrar e Disponível em: http://goinggreen.com.
integrar interesses econômicos e ambien- br/2018/05/24/leed-for-cities-savona-na-italia-
tais e alcançar vantagens competitivas sig- conquista-certificacao/.
nificativas.
Os custos de prevenção estão associados a ações para evitar problemas ambientais futuros. Os custos
de avaliação consistem nas ações para verificar como a organização está em relação aos cumprimentos
das normas legais. Os custos de falhas internas estão relacionados às ações para controle de impactos
ambientais, já os custos de falhas externas relacionam-se às ações para controlar, reparar e mitigar
impactos produzidos fora da empresa (DIAS, 2017).
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Ecoeficiência • Reconhecerem a diversidade inerente a
cada negócio.
A ecoeficiência tem por intuito o uso mais eficien- • Apoiarem o benchmarking e monitorarem
te de matérias-primas e energia, com o objetivo a evolução do desempenho.
de reduzir os custos econômicos, os impactos • Serem claramente definidos, mensuráveis,
ambientais e os riscos de acidente, melhorando a transparentes e verificáveis.
relação da organização com as partes interessa- • Serem compreensíveis e significativos para
das (DIAS, 2017). Assim, uma empresa torna-se as várias partes interessadas.
ecoeficiente para Barbieri (2016) quando: • Basearem-se em uma avaliação geral da
• Reduz o consumo de materiais com bens atividade da empresa, dos produtos e dos
e serviços. serviços, concentrando-se, principalmen-
• Reduz o consumo de energia com bens e te, nas áreas controladas diretamente pela
serviços. gestão.
• Reduz a dispersão de substâncias tóxicas. • Levarem em consideração questões rele-
• Intensifica a reciclagem de materiais. vantes e significativas, relacionadas com
• Maximiza o uso sustentável dos recursos as atividades da empresa, a montante (ex.:
naturais. fornecedores) e a jusante (ex.: utilização do
• Prolonga a durabilidade dos produtos. produto) (BARBIERI, 2016).
• Agrega valor aos bens e serviços.
A P+L e a Ecoeficiência são modelos de gestão
A ecoeficiência é baseada na ideia de que a redução que têm muitas semelhanças entre si. Contudo,
de materiais e energia, ao longo do sistema pro- a reciclagem interna e externa é muito valoriza-
dutivo, aumenta a competitividade da empresa ao da pela ecoeficiência, diferentemente da P+L, na
mesmo tempo que reduz as pressões sobre o meio qual essa reciclagem é uma opção de segundo e
ambiente (DIAS, 2017). A ecoeficiência está rela- terceiro nível.
cionada a três importantes objetivos (DIAS, 2017):
• Redução do consumo de recursos.
• Redução no impacto na natureza. Projeto para o Meio Ambiente
• Aumento de produtividade ou do valor do
produto. É um modelo de gestão focado na fase de con-
cepção dos produtos e em seus respectivos pro-
Os princípios para a definição e para a utilização cessos de produção, distribuição e utilização,
dos indicadores de ecoeficiência estão apresen- também denominado ecodesign, que busca in-
tados a seguir: tegrar um conjunto de atividades e disciplinas
• Serem relevantes e significativos na prote- que, historicamente, sempre foi tratado separa-
ção do meio ambiente e da saúde humana damente tanto em termos operacionais quan-
e/ou na melhoria da qualidade de vida. to estratégicos, como saúde e segurança dos
• Fornecerem informação aos tomadores trabalhadores e consumidores, conservação de
de decisão, com o objetivo de melhorar o recursos, prevenção de acidentes e gestão de
desempenho da organização. resíduos (DIAS, 2017).
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CONCLUSÃO