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USF – Guia de Consulta

2012

Pablo Moura
[Escolher a data]
Estágio de Enfermagem Comunitária - 2013

SUMÁRIO

Consulta de Planeamento Familiar ................................................................................... 3


Consulta de Vigilância Pré-Natal e Puerpério ................................................................ 15
Consultas de vigilância pré-natal .................................................................................... 23
Consulta de saúde materna – 1.º trimestre ...................................................................... 29
Medidas de prevenção primária da toxoplasmose ...................................................... 33
Consulta de saúde materna – 2.º trimestre ...................................................................... 34
Consulta de saúde materna – 3.º trimestre ...................................................................... 44
Alimentação e gravidez .................................................................................................. 51
Consultas de saúde infantil e juvenil .............................................................................. 52
1 MÊS ......................................................................................................................... 52
2 MESES..................................................................................................................... 60
3 MESES..................................................................................................................... 66
4 MESES..................................................................................................................... 68
6 MESES..................................................................................................................... 69
9 MESES..................................................................................................................... 71
12 MESES................................................................................................................... 73
15 MESES................................................................................................................... 79
18 MESES................................................................................................................... 81
2 ANOS....................................................................................................................... 83
3 ANOS....................................................................................................................... 85
5 – 6 ANOS................................................................................................................. 87
Consulta de Utentes com Hipertensão Arterial............................................................... 91
Consulta de Utente com Diabetes ................................................................................... 97
Produtos para Feridas.................................................................................................... 105
Consulta do Utente hipocoagulado ............................................................................... 118
Reacções anafiláticas e seu tratamento ......................................................................... 129

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Consulta de Planeamento Familiar

O Planeamento Familiar é um elemento basilar na prestação integrada de


cuidados em Saúde Reprodutiva. Assim, a consulta de planeamento familiar destina-se a
apoiar e a informar os indivíduos ou casais, para que estes possam planear uma gravidez
no momento mais apropriado, proporcionando-lhes a possibilidade de viverem a sua
sexualidade de forma saudável e segura.

1.1. Objetivos
 Promover a vivência da sexualidade de forma saudável e segura;
 Regular a fecundidade segundo o desejo do casal;
 Preparar para a maternidade e a paternidade responsáveis;
 Reduzir a mortalidade e a morbilidade materna, perinatal e infantil;
 Reduzir a incidência das ITS e as suas consequências, designadamente, a infertilidade;
 Melhorar a saúde e o bem-estar dos indivíduos e da família;
 Informar e aconselhar sobre a saúde sexual e reprodutiva.

1.2. População Alvo


Mulheres dos 15 até aos 54 anos e os homens, sem limite de idade inscritos na
USF Lethes. Devem ser especialmente orientadas para o planeamento familiar as
mulheres:
 Com doença crónica que contra-indique uma gravidez não programada;
 Com paridade> 4;
 Com idade inferior a 20 anos e superior a 35 anos;
 Cujo espaçamento entre duas gravidezes foi inferior a 2 anos;
 Puérperas;++
 Após a utilização de contracepção de emergência;
 Após uma interrupção da gravidez;
 Os adolescentes são considerados como alvos prioritários.

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1.3. Papel da Enfermagem


 Acolher utente/casal;
 Recolher dados clínicos relevantes e factores de risco;
 Avaliar estado geral (físico e psicológico);
 Preencher e entregar Boletim de Saúde de Planeamento Familiar;
 Monitorizar TA;
 Monitorizar IMC;
 Monitorizar Peso;
 Informar sobre os benefícios do espaçamento adequado das gravidezes;
 Esclarecer sobre as vantagens de regular a fecundidade em função da idade;
 Elucidar sobre as consequências da gravidez não desejada;
 Providenciar informação com vista à educação e promoção de saúde no âmbito da
Saúde Reprodutiva;
 Facultar informação completa, isenta e com fundamento científico sobre todos os
métodos contraceptivos;
 Permite a escolha informada de um método contraceptivo, mediante esclarecimento
objectivo, correcto e dirigido às expectativas específicas da pessoa, facilitando uma
adesão e continuidade consistentes na utilização do método escolhido;
 Funcionamento e eficácia relativa do método; forma de utilização; efeitos colaterais
comuns; riscos e benefícios para a saúde; sinais e sintomas que necessitam de avaliação
por um profissional de saúde; informação quanto ao retorno da fertilidade após a
suspensão do método; informações sobre prevenção de DST´s;
 Proceder aos respectivos registos no Boletim de Planeamento Familiar e na aplicação
informática SAPE;
 Fornecer, gratuitamente, os contraceptivos;
 Promover a adopção de estilos de vida saudáveis;
 Promover a vivência da sexualidade de forma saudável e segura;
 Ensino de auto-avaliação da mama;
 Registar o número de embalagens de contraceptivos e a data de entrega no Boletim de
Saúde Reprodutiva/Planeamento Familiar (BSR/PF).

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→ Contraceptivo oral Hormonal - Recomendações:

Contraceptivo Oral Combinado:


Iniciar preferencialmente no 1º dia do ciclo ou até ao 5.º dia da menstruação, não
necessitando, nestas circunstâncias, de outro método contraceptivo complementar. Em
casos particulares, a pílula pode ser iniciada em qualquer dia do ciclo (desde que haja a
segurança de que a mulher não está grávida), devendo ser utilizado um método
adicional nos primeiros 7 dias. Tomar o comprimido diariamente e à mesma hora,
durante 21 dias. Interromper 7 dias. Recomeçar nova embalagem.

Contraceptivo Oral com Progestagénio:


Iniciar preferencialmente no 1º dia do ciclo, ou até ao 5.º dia da menstruação,
não necessitando, nestas circunstâncias, de outro método contraceptivo complementar.
Em casos particulares, a pílula pode ser iniciada em qualquer dia do ciclo (desde que
haja a segurança de que a mulher não está grávida), devendo ser utilizado um método
adicional nos primeiros 7 dias (após 2 dias de toma do POC, já se verifica a sua acção
sobre o muco cervical). Tomar o comprimido diariamente e à mesma hora,
recomeçando uma nova embalagem, sem interrupção.
Explicar que aquando da iniciação da contracepção hormonal, a sua eficácia só
se verifica no segundo mês após a sua toma, sendo necessário no primeiro mês de
adaptação do organismo a utilização de outro método contraceptivo.
Do mesmo modo, aquando da iniciação da pílula, podem surgir alguns sintomas
como, náuseas, cefaleias ou aumento da sensibilidade mamária, mas que terão tendência
para desaparecer em alguns meses de uso, após adaptação do organismo ao novo
ambiente hormonal.
Quando ocorre o esquecimento da toma de 1 comprimido no horário habitual, se
não ultrapassar as 12 horas, convém tomá-lo de imediato, mantendo a toma
correspondente para este dia; neste caso, não é necessária contracepção suplementar.
Quando o esquecimento for além de 12 horas e não tiverem ocorrido relações sexuais, a
mulher deve tomar o comprimido que foi esquecido e continuar a tomar a pílula,
utilizando, durante 7 dias outro método associado (preservativo). Quando o
esquecimento for além de 12 horas e tiverem ocorrido relações sexuais, a mulher deve
tomar o comprimido que foi esquecido, continuar a tomar a pílula e recorrer aos

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Serviços de Saúde/Tomar Pílula Dia Seguinte, utilizando, durante 7 dias outro método
associado (preservativo).
Lembrar a mulher que a toma concomitante de um antibiótico com a pílula pode
diminuir o efeito desta, sendo aconselhável a utilização de um método de barreira
durante a toma do antibiótico e 7 dias após o seu término.

 Auto-exame da mama
→ Deve ser realizado todos os meses após o período menstrual - durante a menstruação
os seios ficam mais sensíveis, tensos e dolorosos, podendo mesmo surgir alguns
nódulos que desaparecem após a menstruação, pelo que o auto-exame da mama só deve
ocorrer após a menstruação.
→ É importante a mulher observar comparativamente as mamas em frente ao espelho,
com os braços caídos e com os braços atrás da cabeça. Qualquer alteração na superfície
(depressão ou saliência) ou rugosidade é importante.
→ A palpação deve ser realizada com os braços atrás da cabeça, com a ponta do
indicador e do dedo médio da mão oposta, desde a axila ao redor e centro da mama,
com movimentos circulares.
→ Por fim, é também importante espremer os mamilos para detectar a saída de algum
líquido.
→ A mamografia é o exame mais importante na prevenção do cancro da mama, pelo
que deve ser realizado de 2 em 2 anos entre os 40-50 anos e a partir dos 50 anos, caso
de justifique, poderá ser anual, mas deverá ser realizada pelo menos de 2 em 2 anos.
1. Compare as duas mamas, tendo em atenção a forma e o tamanho. Não é invulgar
que uma mama seja maior do que a outra. Verifique se as mamas apresentam nódulos
ou saliências; observe se houve alguma mudança no tamanho ou aspecto das mamas
(como sejam a formação de rugas ou pregas, depressões ou descamação da pele).
Verifique se os mamilos estão normais (ou, pelo contrário, se estão retraídos ou
escondidos). No mamilo, tente detectar a possível presença de nódulos, o aparecimento
de algum tipo de secreção ou perda de líquido. Observe as mesmas características mas,
agora, com os braços em diferentes posições.
2. Levante o braço esquerdo. Examine a mama esquerda com a mão direita,
pressionando com a ponta dos dedos. Palpe a mama esquerda, de forma minuciosa e
calma. Comece pela extremidade exterior, realizando movimentos circulares. Palpe toda

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a mama. Examine, também, a área próxima da axila, passando pela clavícula, bem como
a zona abaixo da mama.
3. Pressione, suavemente, o mamilo e verifique se existe algum tipo de secreção
ou perda de líquido.
4. Repita os passos 2 e 3 mas, agora, na mama direita.
5. Repita os passos 2 e 3 nas duas mamas, deitada. Deve deitar-se de costas, com o
braço sobre a cabeça e colocando uma almofada (ou uma toalha dobrada) sob o ombro
do lado da mama que vai examinar.

 Pesquisa de queixas ginecológicas (corrimentos - características, dispareunia, pruridos,


entre outras);

 Citologia:
→ A citologia consiste na colheita de células do colo do útero para realização de
análise laboratorial.
→ Informar que a realização do exame citológico deve ser iniciado entre 2 a 3
anos após inicio da actividade sexual.
→ Quando o resultado da citologia é Grau I, deve repetir citologia após 1 ano.
Se nesta altura o resultado da citologia for novamente Grau I só necessita de fazer
citologia de 3 em 3 anos, caso não exista nenhuma sintomatologia ou queixa
ginecológica. Quando a mulher faz citologia de 3 em 3 anos, caso o resultado de uma
das citologias seja Grau II, repete o esquema anterior, repetindo a citologia após 6
meses ou 1 ano, consoante indicação clínica e após dois resultados consecutivos de
citologia Grau I, faz citologia de 3 em 3 anos.
→ Explicar que os resultados do exame ficam prontos 1 mês após a realização
da citologia, sendo que caso o resultado apresente alterações, a mulher será contactada
pela USF.

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Avaliação Inicial de Enfermagem


 História Familiar / Genética
 História Social Genograma familiar (nome; naturalidade; estado
civil; escolaridade; profissão);
 Antecedentes Pessoais (patologias anteriores e actuais / cirurgias / grupo sanguíneo /
pnv)
 Antecedentes Familiares
 Antecedentes cirúrgicos
 Antecedentes Ginecológicos
i. História sexual (coitarca)
ii. Contracepção (métodos/início/tipo)
iii. Sintomas urinários
iv. Corrimentos
v. História menstrual (cataménios e interlúnios)
vi. Dismenorreia
vii. Dispareunia
viii. T.P.M
ix. Sintomas mamários
x. Sintomas intestinais
xi. Última citologia
xii. Outros exames
 Antecedentes Obstétricos
 Hábitos Farmacológicos e alergias
 Hábitos Toxicómanos
 Hábitos Alimentares (diário alimentar)

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 Exposição a agentes teratogégicos


 Exame físico

Focos de Atenção:
 Auto-vigilância (conhecimento sobre auto vigilância não demonstrado / não
adequado / Aprendizagem de Habilidades para proceder à auto - vigilância, Não
Demonstrada)
 Auto-exame da mama (demonstrado /não demonstrado)
 Uso de contraceptivos (adequado / não adequado)
 Adesão a vacinação (demonstrado / não demonstrado)
 Conhecimento sobre Sexualidade
 Menopausa

Intervenções de Enfermagem
Auto-vigilância,
 Ensinar sobre a relação entre auto - vigilância e prevenção de complicações
 Ensinar sobre auto vigilância
 Incentivar auto vigilância
 Instruir auto vigilância da mama
 Providenciar material de leitura sobre auto - vigilância
 Avaliar crenças de saúde
 Treinar a pessoa a proceder a auto – vigilância da mama
Adesão a vacinação,
 Supervisionar a adesão a vacinação
Uso de contraceptivos,
 Providenciar contraceptivos (pílula)
 Elucidar sobre as consequências da gravidez não desejada

Conhecimento sobre a Sexualidade, passiva de desenvolvimento


 Criar empatia, saber escutar e estabelecer um clima de confiança com a pessoa
 Adequar a informação em qualidade e quantidade, às necessidades da pessoa
 Esclarecer sobre regular a fecundidade em função da idade
 Educar utente para a importância da presença do homem na consulta de
planeamento familiar.

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 Avaliar o conhecimento sobre o processo de envelhecimento da mulher


 Informar sobre a menopausa
 Esclarecer e desmistificar dúvidas
 Informar sobre sinais e sintomas da menopausa

Doenças Sexualmente Transmissíveis


As Doenças Sexualmente Transmissível (conhecidas como DST) transmitem-se através
do contacto sexual, embora a relação sexual não seja a única forma de transmissão,
apenas a mais frequente. Estas doenças contraem-se por contacto uma pessoa infectada,
que pode ou não exibir sinais exteriores da doença (trata-se de um portador, uma pessoa
que está infectada, transmite a doença mas não apresenta - ainda - os sintomas).
Por o ambiente que rodeia os órgãos sexuais ou ligados ao acto sexual (vagina, pénis,
ânus, boca) ser quente e húmido, ele constitui um habitat ideal para o desenvolvimento
dos microorganismos patogénicos que provocam a doença.
Mais frequentes:

Sífilis (conhecida em alguns meios como "cancro duro")


A sífilis é uma doença venérea que tem consequências em todo o organismo.
Cerca de três semanas após o contacto sexual com uma pessoa infectada, surge uma
ferida não dolorosa, localizada nos órgãos genitais, na boca ou no ânus, conforme o tipo
da relação sexual infectante.
Simultaneamente há um aumento dos gânglios linfáticos na região afectada, que se
tornam duros e
Simultaneamente há um aumento dos gânglios linfáticos na região afectada, que se
tornam duros e geralmente não dolorosos. Na mulher, esta ferida ou ulceração pode
localizar-se na vagina ou no colo do útero e, por isso, não é visível.
Algumas semanas depois, mesmo sem tratamento, as feridas cicatrizam, mas a
infecção continua no organismo. Semanas ou meses depois, aparecem manchas no
corpo, que atingem as palmas das mãos e plantas dos pés. As manchas não dão
comichão e podem ser acompanhadas de febre, mal estar, dor de garganta e rouquidão.
Neste estado, chamado período secundário sifilítico, os sintomas podem desaparecer
sem tratamento, permanecendo no entanto a infecção.
As grávidas infectadas podem transmitir a doença ao bebé.

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Gonorreia ou blenorragia (conhecida em alguns meios como "esquentamento")

A gonorreia é causada por uma bactéria chamada Neisseria gonorrhoeae, que


pode viver nas membranas mucosas que protegem a garganta, o colo do útero, a uretra
ou o ânus.
No homem, a doença surge normalmente três dias após a infecção. Os principais
sintomas são: ardor ao urinar, corrimento amarelado ou pus no canal urinário, por vezes
com cheiro fétido. Na mulher, a infecção localiza-se habitualmente no colo do útero e
pode não provocar sintomas. Esta doença cura-se facilmente recorrendo ao tratamento
correcto.

Herpes genital
Esta doença é provocada pelo vírus Herpes simplex. A doença manifesta-se pela
sensação de queimadura, sobre as quais surgem pequenas bolhas ou vesículas que ao
fim de alguns dias rompem, ocasionando feridas que se cobrem de crostas. Após cerca
de uma a duas semanas as lesões curam sem deixar cicatrizes.
O herpes genital é doença crónica recorrente, ou seja que evolui por surtos,
sendo o intervalo entre eles variável. Há medicamentos que tratam as lesões de herpes e
prolongam os intervalos livres de doença. Não há ainda nenhum medicamento que cure
definitivamente a infecção.
O herpes não é uma doença grave embora seja incómoda quando surge com
intervalos curtos. Enquanto existirem lesões na pele ou mucosa genital há perigo de
contágio para o(a) parceiro(a), pelo que a actividade sexual deve ser suspensa.
As mulheres grávidas com história de Herpes Genital devem informar o seu
médico sobre a doença, para que sejam tomadas as medidas necessárias para que não
haja contágio do bébé durante o parto.

Hepatite B
A hepatite B é uma infecção provocada por vírus e que ataca o fígado. Este vírus
vive no sangue, na saliva, no suor, no esperma e no corrimento vaginal. Muitos casos de
hepatite resultam da partilha de agulhas e seringas infectadas, mas a transmissão sexual
é também frequente. O risco de contrair hepatite B é oito vezes superior ao de contrair
SIDA.

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A infecção pelo vírus da hepatite B pode não provocar qualquer queixa, ou


apresentar sintomas ligeiros como cansaço, náuseas e dores. Pode também dar origem a
icterícia, o que faz com que a parte branca dos olhos e a pele se tornem amarelos e a
urina fique muito escura.
A doença pode ser muito grave, até mortal. Algumas pessoas infectadas passam a ser
portadoras e transmissoras do vírus. Existe vacina contra a hepatite B.

Pediculose púbica (conhecida em alguns meios como "chatos")


Os piolhos da púbis são parasitas dos pêlos à volta da vulva, do pénis e do ânus.
Podem aparecer na roupa interior como pontos vermelhos ou acastanhados. O contágio
pode acontecer por contacto sexual ou através da roupa. Par os elimonar é aconselhável
rapar os pêlos da púbis pois tal torna mais fácil o controlo da doença, que deve ser
tratada por um médico especialista. A roupa interior e a roupa da cama deve ser lavada e
fervida.

Sinais graves de alerta


A observação de qualquer alteração estranha nos órgãos sexuais justifica uma
ida ao médico.
No caso da mulher, é alarmante notar:
 Líquidos vaginais brancos e com mau cheiro.
 Comichão ou sensação de queimadura na vulva, na vagina ou no ânus.
 Sensação de ardor ao urinar.
 Lesões na pele e mucosas dos órgãos sexuais.
 Dor na parte inferior do abdómen, sobretudo quando esta se repete com
frequência.
o No caso do homem, há que tomar medidas quando notar:
 Corrimento, tipo pus, a sair do pénis.
 Lesões na pele e mucosas dos órgãos sexuais.
 Sensação de ardor ao urinar

Expressão da sexualidade
A gravidez não impede que viva e expresse a sua sexualidade. Contudo, é
natural que nesse período, muitas vezes, lhe apeteça mais receber (e dar) mimos do que
ter relações sexuais. Transmita ao seu companheiro os seus sentimentos e procure

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conhecer os dele. Assim, podem compreender as vossas reacções e evitar mal-


entendidos.
Fazer sexo não prejudica o bebé em nenhuma fase da gravidez, pois ele
encontra-se protegido no interior do útero, mergulhado no líquido amniótico.
Poderá ser aconselhada a não ter relações sexuais no caso de surgirem algumas
complicações, como hemorragia vaginal e ameaça de parto pré-termo, por exemplo.
Lembre-se que existem infecções que podem ser transmitidas à mulher através
das relações sexuais e que podem afectar o feto ou complicar a gravidez, como é o caso
da sífilis, da hepatite e da sida, entre outras. Logo na primeira consulta ser-lhe-ão
pedidas análises para confirmar a ausência 22 dessas infecções; mas, se ter análises
negativas é bom, isso só por si não chega, pois em qualquer momento a mulher pode vir
a ser infectada, se ela, ou o futuro pai, tiverem comportamentos de risco.

Vacina tetravalente contra infecções Vacina tetravalente, recombinante, com


por vírus do Papiloma humano (HPV) adjuvante, contendo proteínas L1 do vírus do
Tipo de vacina Papiloma humano dos tipos 6, 11, 16 e 18
Prevenção de lesões genitais pré-cancerosas
(colo do útero, vulva e vagina), cancro do colo
Indicações terapêuticas do útero e verrugas genitais externas
(condiloma acuminado) com relação causal
com os genótipos 6, 11, 16 e 18 do HPV
Reacção de hipersensibilidade à substância
Contra-indicações activa ou a qualquer um dos excipientes da
vacina

• Doença aguda grave, com ou sem febre


• Trombocitopenia, diátese hemorrágica,
alterações da coagulação ou terapêutica
anticoagulante (ver “Vacinação em
Circunstâncias Especiais”)
Precauções • Gravidez - os dados existentes são
insuficientes para indicar a vacina durante a
gravidez.
• Não existem dados que suportem a
intercambialidade desta vacina com outras
contra infecções por HPV (os esquemas
devem ser cumpridos com a mesma vacina)

Conservar entre 2ºC e 8ªC. Não congelar


Conservação
Proteger da luz

0,5 mL
Dose e via de administração
Intramuscular

Local da injecção Músculo deltóide, na face externa da região

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antero-lateral do terço superior do braço direito


Pode ser administrada simultaneamente com
outras vacinas em locais anatómicos diferentes
Compatibilidade ou no mesmo membro (excepto com a BCG),
desde que as injecções sejam distanciadas
entre 2,5 a 5 cm
Não existe apresentação combinada da vacina
Vacinas combinadas
HPV tetravalente
 Considerando a possibilidade de uma resposta psicogénica à injecção, principalmente em adolescentes
com o inerente risco de síncope, reforça-se a recomendação de vacinar a jovem sentada ou deitada e de a
manter em vigilância durante 30 minutos após a vacinação.

Falsas contra-indicações às vacinas do PNV


• Reacções locais, ligeiras a moderadas, a uma dose anterior da vacina
• Doença ligeira aguda, com ou sem febre (exemplo: infecção das vias respiratórias
superiores, diarreia)
• Terapêutica antibiótica concomitante (excepto os tuberculostáticos para a BCG -
ver “Vacina BCG”)
• Imunoterapia concomitante com extractos de alergenos
• História pessoal ou familiar de alergias (exemplo: ovos, penicilina, asma, febre
dos fenos, rinite ou outras manifestações atópicas)
• Dermatoses, eczemas ou infecções cutâneas localizadas
• Doença crónica cardíaca, pulmonar, renal ou hepática
• Doenças neurológicas não evolutivas, como a paralisia cerebral
• Sindroma de Down ou outras patologias cromossómicas
• Prematuridade
• Baixo peso à nascença (< 2 000 g) (excepto para a VHB e a BCG – ver
“Vacinação em Circunstâncias Especiais”)
• Aleitamento materno
• História de icterícia neonatal
• Malnutrição
• História anterior de sarampo, parotidite epidémica, rubéola ou outra doença alvo
de uma vacina
• Exposição recente a uma doença infecciosa
• Convalescença de doença aguda

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• História familiar de reacções adversas graves à mesma vacina ou a outras vacinas


• História familiar de síndroma da morte súbita do lactente
• História familiar de convulsões

Consulta de Vigilância Pré-Natal e Puerpério

Objetivos

Os cuidados de saúde prestados à utente grávida e puérpera têm como objectivo:

 Identificar e modificar potenciais riscos comportamentais, biomédicos, e sociais á


saúde da mulher ou sua gravidez;
 Realizar às grávidas vigiadas na USF, pelo menos 6 consultas de vigilância,
excluindo a revisão do puerpério, de acordo com as normas adoptadas pela DGS;
 Avaliar bem-estar fetal e materno através de parâmetros clínicos e laboratoriais
criteriosos;
 Detectar precocemente factores de risco que possam afectar a evolução da
gravidez e o bem-estar do feto e orientar correctamente cada situação;
 Promover educação para a saúde integrando o aconselhamento e o apoio
psicossocial ao longo da vigilância periódica da gravidez;
 Detectar e tratar complicações decorrentes da gravidez e do parto;
 Orientar, apoiar e reforçar o processo de adaptação à parentalidade e o retorno à
sexualidade activa;

População Alvo

Mulheres grávidas, puérperas e recém-nascidos, inscritos nas USF Lethes.

Vigilância pré natal

• Consulta Pré Concepção;


• Devem ser efectuadas um mínimo de 6 consultas de vigilância na Unidade de
Saúde;
• Primeira consulta de gravidez o mais precoce possível e preferencialmente antes
das 12 semanas;

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• Consultas vigilância pré-natal com seguinte periocidade:

 Mensal até às 32 semanas;


 Quinzenal até às 36 semanas
 Semanal a partir das 36 semanas

• Referenciação hospitalar conforme protocolo de rastreio de anueploidias de 1º


trimestre;
• Visitação domiciliária à Puérpera / Recém-Nascido;
• Consulta de revisão de puerpério (até 42 dias após o parto).

Papel do Enfermeiro
• Acolher grávida (e acompanhante);
• Recolher dados clínicos relevantes e factores de risco;
• Avaliar estado geral (físico e psicológico);
• Entregar e preencher Boletim de Saúde da Grávida;
• Monitorizar TA;
• Monitorizar IMC (1ª consulta);
• Monitorizar Peso (actual e cálculo do aumento ponderal desde início da
gestação);
• Monitorizar urina através de fita teste;
• Incentivar a amamentação;
• Incentivar o envolvimento pai/família no processo de gravidez;
• Supervisionar e incentivar a adesão à vacinação, segundo orientações técnicas da
DGS;
• Administrar Imunoglobulina Anti-D quando prescrita;
• Providenciar informação com vista à Educação para a saúde no âmbito da Saúde
Materna;
• Providenciar informação e incentivar frequência de aulas de preparação para o
parto;
• Proceder aos ensinos/orientações de acordo com a idade gestacional;
• Proceder aos respectivos registos no Boletim de Grávida e na aplicação
informática SAPE;
• Preencher a avaliação inicial da grávida no SAPE.

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Revisão do Puerpério
• Acolher puérpera (e acompanhante);
• Avaliar estado geral;
• Informar sobre os métodos contraceptivos disponíveis (modo de actuação, grau
de eficácia, vantagens, desvantagens, contra-indicações, quando iniciar, quando
reavaliar);
• Avaliar aprendizagem, técnica e dificuldades na amamentação;
• Avaliar estado físico e psicológico da puérpera;
• Avaliar a aprendizagem do papel parental.
• Monitorizar peso, TA, IMC;
• Supervisionar e incentivar a adesão à vacinação, segundo orientações técnicas da
DGS;
• Providenciar os contraceptivos prescritos ou planear aplicação;
• Planear próxima consulta de Enfermagem de Planeamento Familiar;
• Proceder aos respectivos registos na aplicação informática SAPE.

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Diagnóstico Precoce: TESTE DO PEZINHO OU TESTE DE GUTHRIE

O teste do pezinho ou teste de Guthrie, é um exame realizado entre o 3º e 7º dia de vida do


recémnascido, para diagnosticar precocemente doenças metabólicas e genéticas. Estas
doenças poderão causar alterações graves no bebé, que se não forem diagnosticadas e
tratadas poderão provocar sequelas para o resto da vida. Este exame tem este nome devido
a ser realizado no pé do recémnascido. É escolhido o calcanhar porque é uma zona rica em
vasos sanguíneos, o que permite colher o sangue necessário apenas com uma picadela.

Como se efectua o exame:

É picado a face lateral do calcanhar e colhido uma amostra de sangue. As gotas são
colhidas numa folha de papel de filtro específico para o exame e enviado ao laboratório.

O resultado demora até cerca de 10 dias. Pode ser enviado para casa dos pais ou consultado
na internet. O Kit onde vem o material da colheita, contém o site e o código para se poder
consultar o resultado na internet.

Doenças rastreadas:

- Hipotiroidismo congénito;

- Doenças hereditárias do metabolismo:

• Aminoacidopatias ;
• Fenilcetonúria (PKU) / Hiperfenilalaninemias;

A Fenilcetonúria e as Hiperfenilalaninemias são doenças hereditárias do metabolismo do


aminoácido fenilalanina.

Devido à deficiência na enzima fenilalanina hidroxilase (PAH), enzima responsável pela


metabolização da fenilalanina, este aminoácido acumula-se em quantidades tóxicas para o
organismo. O tratamento destas doenças consiste numa dieta hipoproteica restrita em
fenilalanina.

• Acidúrias Orgânicas;
• Doenças Hereditárias da ß-oxidação Mitocondrial dos Ácidos Gordos.

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Temas a Abordar:

Início da Menstruação: A maioria das mulheres que não amamentam os seus filhos
a menstruação aparece por volta da 6 a 12 semana após o parto, enquanto a volta da
menstruação para as mães que amamentam é variável. O tempo médio destas ultimas é de
3 a 6 meses, dependendo da frequência e da duração do estímulo de sucção, da quantidade
de leite retirado das mamas, e da quantidade de alimentação suplementar dada a criança.
Normalmente, o primeiro período menstrual é maior que o normal e frequentemente
anovulatório.
Contudo os ovários podem ficar funcionantes logo após o parto. Por este motivo,
mesmo não tendo a menstruação a mulher corre o risco de engravidar, sendo muito
importante uma contracepção eficaz durante o pós-parto.

Actividade Sexual: A actividade sexual deve ser iniciada após cicatrização da sutura
perineal e é importante dar algum tempo ao organismo da mulher para se recompor,
devendo a actividade sexual apenas ser iniciada após a consulta de revisão do puerpério,
momento em que é também iniciada a contracepção, por voltas das 4 a 6 semana após o
parto.
É importante informar que inicialmente as relações sexuais devem ser suaves, tendo
em vista que as regiões, vaginal e perineal, podem permanecer mais sensíveis. Além disso,
pode ser necessário usar um lubrificante, porque as alterações hormonais do período pós-
parto diminuem a lubrificação vaginal.

Inicio Contracepção: A contracepção oral hormonal deve ser iniciada a partir da


consulta de revisão do puerpério, pois a pílula interfere com a amamentação. Para as
mulheres que amamentam geralmente opta-se por uma pílula sem estrogénios, porque estes
inibem o reflexo da ocitocina – libertação do leite. Esta pílula toma-se ininterruptamente,
quando acaba um ciclo inicia-se imediatamente outro. Uma desvantagem destas pílulas é
que pode ocorrer hemorragias vaginais em intervalos irregulares durante a sua utilização,
podendo também acontecer não ter nenhuma hemorragia.

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Exercício físico: As mulheres que tiveram parto normal, podem retomar a partir de
agora o desporto/actividade física que praticavam antes do parto. As mulheres que tiveram
parto por cesariana devem iniciar apenas após 6 semanas pós-parto.

Cuidados a ter com as Mamas:


• Incentivar a utilização de um soutien de contenção, para proporcionar um bom apoio
às mamas.
• As mamas devem ser lavadas uma vez por dia, com água morna e sabão, não
aplicando este último no mamilo. Após a higiene das mamas é extremamente
importante secá-las bem e aplicar leite no mamilo e aréola, deixando-as expostas ao
ar durante alguns minutos.
• Após cada mamada é importante a aplicação de leite nas mamas.
• Evitar a utilização de perfumes e desodorizantes porque durante a amamentação
podem provocar alguma reacção no recém-nascido.
• Iniciar o auto-exame da mama.

Queixas genito-urinárias (pesquisa de possível infecção urinária).

Complicações no pós-parto:

Labilidade emocional: é normal a existência de labilidade emocional, quer pelas


alterações hormonais que a mulher se encontra a sofrer, quer pelas próprias alterações
psicossociais que se encontram a decorrer na sua vida – entrada numa nova fase do ciclo
vital. É importante que a mulher tenha um descanso adequado, procurando repartir as
tarefas com o companheiro e procurando descansar sempre que o bebe também esta a
descansar.
Hemorróides: As mulheres com tendência para hemorróides ou que já apresentassem
hemorróides antes da gravidez, poderão apresentá-las nesta fase dado o elevado esforço
realizado durante o trabalho de parto (no caso de parto normal), pelo que devem ser
aconselhadas a realização de banhos de semi-cúpio, com água tépida, à aplicação de gelo e
ao alívio da dor com um analgésico, como o ben-u-ron.
Obstipação: no caso de parto normal, a episiotomia e a presença de hemorróides tornam a
defecação mais dolorosa, existindo uma tendência para evitar evacuar. É importante

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estimular a motilidade intestinal, quer com a realização de exercício/caminhadas, quer com


uma alimentação rica em fibras (frutas - Kiwi; vegetais; pão).

Citologia: Alguns médicos fazem citologia de controlo na consulta de revisão do


puerpério, contudo, dado que o organismo ainda se está a recompor, podem surgir nos
resultados das citologias, inflamações existentes não patológicas, pelo que alguns médicos
optam por realizar citologia alguns meses após o parto.

Focos de Atenção:
• Auto-vigilância;
• Planeamento Familiar.

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Consultas de vigilância pré-natal

HISTÓRIA CLÍNICA DE ENFERMAGEM


Questões a colocar A discutir
Antecedentes Complicações Espaçamento recomendado entre
ginecológicos e durante nascimentos (> 18 meses e <59
obstétricos gravidezes meses) 1, uso de contraceptivos e
anteriores? sua interrupção
Antecedentes Condições Informar potenciais riscos de
pessoais médicas que eventual gravidez sobre doença
poderão afectar crónica em causa, dos eventuais
futuras efeitos negativos desta, ou da
gravidezes? Há terapêutica utilizada, sobre o feto
um bom controlo e das medidas que podem ser
de doenças implementadas para obviar estes
crónicas? riscos.

Hábitos Revisão dos Informar acerca do risco da


farmacológicos fármacos ingestão de medicamentos
incluindo prescritos ou não e dar
medicamentos de informação sobre opções seguras
venda livre,
suplementos e
vitaminas

História familiar/genética Avaliar risco de distúrbios


genéticos

Hábitos Avaliar consumo Reforçar a importância de


toxicómanos de tabaco, álcool e suspender o consumo antes da
drogas ilícitas concepção. Não há limites seguros
de consumo de álcool durante a
gravidez. Melhor capacidade
cognitiva em filhos de mães que
abandonam hábitos tabágicos
antes de engravidar 2
Hábitos Avaliar risco de Discutir a importância de bom
alimentares deficiências controlo ponderal. Recomendar
nutricionais (dieta exercício físico regular de
vegetariana, moderada intensidade.
intolerância á lactose,
cálcio ou ferro,
deficiência de vitamina
D)
Exposição a Avaliar a exposição Discutir a possibilidade de
agentes a teratogénicos no mudança de local/função no
teratogénicos trabalho e em casa trabalho

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Comportamen Avaliar potenciais Discutir as consequências para o


tos sexuais de riscos feto de infecções transmitidas
Risco sexualmente, durante a gravidez e
a importância de comportamentos
seguros

Exames complementares Atitude


analíticos a solicitar
Grupo sanguíneo e Factor Rh
Hemograma com plaquetas
Anticorpos de Toxoplasmose Se não imune aconselhamento
IgM e IgG
Anticorpos de Rubeola IgM e Se não imune proceder á vacinação e
IgG desaconselhar gravidez nos 3 meses após
vacinação
Anticorpos do Se não imune discutir a importância da lavagem
Citomegalovirus IgG e IgM frequente das mãos
Antigenio Hbs Se não imune proceder á vacinação de acordo
com PNV 2006 (Cn nº8/Dt/2005 de 21 de Dezembro)
VDRL
Anticorpos HIV 1 e HIV 2
Outros exames complementares analíticos a solicitar se
necessário:
Citologia cervico-vaginal (se a anterior foi efectuada há mais de um ano)
Teste de insolubilidade Para população de risco (PALOP´s)
da hemoglobina S e distritos com prevalência
aumentada de hemoglobinopatias
(Anexo III)
Doseamento de HbA2 e Se teste de insolubilidade da
Electroforese de hemoglobina S positiva (Anexo III
hemoglobinas
Vacinação Recomendações
*Vacinação anti-tetânica É desejável que cada mulher tenha 5
doses de toxoide tetânico antes de
engravidar.
Se nunca vacinada – 3 doses aos 0/6
semanas e 6/12meses.
 Se o número de doses recebidas é desconhecido ou igual ou inferior a duas, independentemente da altura
em que a vacina tenha sido administrada, deverão ser dadas duas doses, intervaladas de, pelo menos, quatro
semanas.
 Se as doses recebidas tiverem sido três, deve ser administrada uma dose. Se foram recebidas quatro ou mais
doses devera ser dada uma dose, se a última administração tiver ocorrido há mais de dez anos. A primeira
dose de vacina deve ser administrada logo no primeiro contacto ou, no caso de se prever um
acompanhamento regular da grávida, no inicio do 2º trimestre.
 A segunda dose, quando necessária, deve ser administrada ate, no máximo, duas semanas antes do parto

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Gravidez e amamentação
A vacinação durante a gravidez pode estar indicada se houver um risco elevado de infecção,
se a doença implicar um risco significativo para a mãe e/ou para o feto e se o risco de
reacções adversas à vacinação for aceitável. Se estas condições não estiverem reunidas,
qualquer vacinação deve ser adiada para depois do parto.
Quando houver indicação para vacinar durante a gravidez, deve considerar-se a
possibilidade de adiar a vacinação para o segundo ou terceiro trimestre. Se, inadvertidamente,
for administrada uma vacina que esteja contra-indicada a uma grávida, a ocorrência deve ser
declarada ao médico assistente, ao responsável pela vacinação e ao Sistema Nacional de
Farmacovigilância - INFARMED e a grávida deve ser alvo de maior vigilância para identificar
eventuais reacções adversas.

 As vacinas inactivadas são, geralmente, consideradas seguras para o feto.


 As vacinas vivas estão, geralmente, contra-indicadas durante a gravidez.

Administração de vacinas do PNV


durante a gravidez Vacina
Td Considerar
VHB administração, se
indicada
VIP Considerar
MenC administração, apenas
em situação de elevado
risco
VASPR Contra-indicadas
(a)
BCG
As mulheres com uma história vacinal desconhecida, com nenhuma, uma ou
duas doses de toxóide tetânico, devem ser vacinadas de acordo com o esquema:

(quando o primeiro contacto ocorre no primeiro trimestre da gravidez, se houver confiança


num seguimento regular da grávida, esta dose pode ser adiada para o início do 2º trimestre);

idealmente, até 2 semanas antes do parto;

-se ainda a administração de uma terceira dose, 6 a 12 meses depois da


segunda dose.

As mulheres com história vacinal desconhecida e as que não tenham nenhuma dose de
vacina contra o tétano antes da gravidez, devem ainda receber dois reforços: o primeiro 1
ano depois da 3a dose e o segundo 1 ano depois da 4ª dose.

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Nas maternidades e nos serviços de obstetrícia deve ser verificado o estado vacinal da
puérpera. Quando a mulher não estiver correctamente vacinada contra o tétano, deve ser
vacinada de imediato.
A consulta de revisão do puerpério é, também, uma oportunidade para verificar o estado
vacinal e eventual vacinação.
Vacinação da grávida contra o sarampo, a parotidite epidémica e a rubéola
A vacina VASPR está contra-indicada durante a gravidez. No entanto, não é necessário
apresentar um teste de gravidez negativo para vacinar com a VASPR.
A vacinação inadvertida com a VASPR durante a gravidez ou nos 3 meses antes de
engravidar não é motivo para interrupção da gravidez. Se esta situação ocorrer, deverá ser
declarada ao médico assistente, ao responsável pela vacinação e ao Sistema Nacional de
Farmacovigilância – INFARMED.

Situações a referenciar: Antecedentes de:


Doenças Crónicas

• DM •Abortos recorrentes (3 ou mais);


• HTA • Nados mortos
• cardiopatias, • Partos pré termo
• Patologia nefro-urológica, • ACIU
• Doença da tiroide , • Síndrome de Down
• Epilepsia, • Síndromes polimalformativos
• Patologia psiquiatrica • Defeitos de tubo neural
• Tuberculose • Atraso mental
• Asma grave ou mal • hemoglobinopatias
controlada • Doenças gestacional de trofoblasto
• Artrite reumatóide • Patologia ginecológica que possa
• Toma habitual de interferir com futuro reprodutivo
teratogénicos • Doença infecciosa
• Doença inflamatória • isoimunização de Rh
intestinal crónica • DTS
• Infecção por HIV, hepatite B • Transfusão Sanguínea
ou C, toxoplasmose, rubéola,
CMV, sifilis
• Neoplasia
• Obesidade – IMC ≥35 ou
baixo peso (IMC ≤18)

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Em todas as consultas
• Fornecer informação e a oportunidade de esclarecer duvidas e colocar questões;
• As grávidas devem ser informadas dos resultados de todas as análises e
procedimentos realizados;
• Detectar precocemente factores de risco que possam afectar a evolução da gravidez
e o bem-estar do feto e orientar correctamente cada situação;
• Questionar sobre cumprimento de cuidados alimentares, exercício físico e hábitos
de vida;
• Promover educação para a saúde com aconselhamento de estilos de vida saudáveis,
prevenção de doenças sexualmente transmissíveis;
• Investigar possíveis intercorrências;
• Esclarecer os sinais de alarme que devem motivar uma consulta médica/de
urgência;
• Realizar o registo de peso, tensão arterial e urina teste;
• Preencher o boletim de Saúde da grávida;
• Identificar grávidas com necessidade de cuidados de higiene oral (Anexo VII)

Periodicidade das consultas


Consultas vigilância pré-natal com seguinte periodicidade:
 Mensal até às 32 semanas;
 Quinzenal até às 36 semanas
 Semanal a partir das 36 semanas

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IMPORTANTE!

• Avaliar TA (Sinais de risco iminente para pré-eclampsia: TA sistólica 160/180 ou


TA diastólica> 110 mmHg;
• Urina – tira teste (bacteriúria, glicosúria, proteinúria> 3g/l ou 3+); proteinúria>
5g/urina de 24 h;
• Peso (ganho ponderal entre 10 a 12 kg)> grávido com obesidade (IMC  35 kg/m2
ou baixo peso - IMC ≤ 18 kg/m2;
• Cardiotocografia;
• Sintomas sugestivos de envolvimento multi-orgânico: cefaleias persistentes,
perturbações visuais, epigastralgias ou dor no quadrante superior direito,
hiperreflexia.
• Estado geral (enfermagem vs médico): edemas, varizes, hemorróides, medição de
AFU (nível em que se encontra o fundo uterino e sua correlação com a idade
gestacional > rastreio de hipoxia fetal > às 36 semanas pode atingir o apêndice
xifoideu) e pesquisa de foco fetal / frequência cardíaca, apresentação fetal; toque
vaginal, interpretação de CTG;
• Zaragatoa do terço inferior da vagina e do recto (pesquisa de streptococcus grupo B
– agalactiae – entre as 35 e 37 semanas;
• Preencher/registar: boletim de saúde da grávida;
• Informação / conselhos a prestar: actividade sexual, sobre o parto, analgesia,
puerpério e contracepção, amamentação e sinais de início de trabalho de parto;
Informar sobre a necessidade de comunicar à USF o nascimento do bebé para a
marcação da 1º consulta de saúde infantil que deverá realizar-se nos primeiros 15
dias;
• Identificar gravidez de risco e referenciar.

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Consulta de saúde materna – 1.º trimestre

1ª Consulta (5-12 semanas)


Parâmetros a avaliar/atender:
- 1º Preencher a Ficha Clínica de Grávida;
- Boletim de Saúde da Grávida (Peso Habitual; Estatura; Idade; Partos de Termo;
Abortos e gravidez ectópica; Filho vivos; U.M; P.P; Semanas de Gravidez)
- IMC;
- Tensão arterial;
- Exame sumário de urina - Combur;
- Perímetro abdominal;
- Hemorragia vaginal;
- Edema
- Vacina Antitetânica
- ABO / Rh+/-
Temas a abordar:
- Alimentação;
- Exercício/repouso;
- Higiene;
- Desconfortos, sendo os mais frequentes desta fase os seguintes:

Alterações mamárias, aumento da sensibilidade

Fisiologia/Etiologia:
▫ As alterações mamárias e aumento da sensibilidade das mesmas estão relacionados com
os efeitos e estimulação hormonal.
• Hipertrofia do tecido da glândula mamária;
• Aumento da vascularização;
• Aumento da proeminência dos mamilos e aréola.

Educação para o Autocuidado:


▫ Educar para a utilização de um soutien adequado e que faça uma boa contenção e
protecção das mamas;

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Estágio de Enfermagem Comunitária - 2013

▫ Educar para a lavagem das mamas com água morna e a importância de a manter bem
seca;
▫ Evitar traumatismos.

Fadiga

Fisiologia/Etiologia:
 Aumento dos níveis de estrogénios, progesterona e gonadotrofina coriónica
humana (HCG);
 Resposta psicológica da gravidez.

Educação para o Autocuidado:


 Educar para descansar em intervalos regulares durante o dia (essencialmente a
sesta), caso esta medida seja viável para a doente, tendo em conta a sua actividade
laboral;
 Aconselhar a programar mais horas de sono à noite;
 Educar/Aconselhar/Incentivar uma dieta equilibrada e saudável para prevenir a
anemia.

Náuseas/Vómitos/Enjoos matinais

Fisiologia/Etiologia:
 Alterações hormonais – HCG ou progesterona (relaxamento da parede gástrica);
 Alterações metabólicas;
 Alterações emocionais (orgulho/rejeição).

Educação para o Autocuidado:


 Educar para a importância de evitar permanecer longos períodos de estômago
vazio ou comer demasiado;
 Educar para a realização de refeições fraccionadas a horas fixas, evitando fritos,
condimentos, gorduras;
 Aconselhar a esperar cerca de 30 minutos após a refeição para ingerir líquidos;
 Educar/Aconselhar a ingestão de hidratos de carbono secos antes do levante;

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 Educar para o levante progressivo, levantar-se lentamente da posição de deitada


ou sentada;
 Educar para a limitação do contacto com cheiros activos.

Ptialismo

Fisiologia/Etiologia:

 Aumento dos níveis de estrogénios;


 Pode estar relacionado com a relutância em deglutir, causado pela presença de
náuseas.

Educação para o Autocuidado:


 Apoiar a grávida;
 Educar para a lavagem da boca com soluções adstringentes;
 Aconselhar a grávida a mascar pastilhas elásticas, por curtos períodos.

Dinâmicas psicossociais/Alterações do humor/Confusão de sentimentos


Fisiologia/Etiologia:
 Adaptações hormonais e metabólicas;
 Sentimentos acrescidos sobre o papel da mulher, sexualidade, evolução da
gravidez e alterações inerentes ao estilo de vida da utente.

Educação para o Autocuidado:


 Apoiar e tranquilizar o casal;
 Executar escuta activa;
 Incentivar o diálogo/comunicação entre o casal;
 O apoio deve ser dado no sentido de assegurar à mulher a sua atractividade,
importância, atenção, etc.
Aspectos Psicossociais
Aspectos psicológicos -1º trimestre
• Ambivalência – a grávida vai ter, ao mesmo tempo, pensamentos sobre o desejo e não
desejo da gravidez;

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Estágio de Enfermagem Comunitária - 2013

• Sentimentos de perda de controlo sobre o seu corpo – medo da gravidez e das


complicações que pode trazer;
• Sentimentos relativos à irreversibilidade do papel de mãe;
• Ambivalência física: não está doente mas sente desconfortos;
• Confirmação da gravidez (ecografia, consulta médica) – muitas vezes quando se
tratam de técnicas invasivas, sentem que estão a forçar algo que não é natural;
• Aceitação da gravidez (por ela própria e pelos outros).

RESUMO - Desconfortos do 1º trimestre:


 Aumento da quantidade de saliva – ande sempre com lenços de papel caso
necessite.
 Corrimento vaginal – realize higiene genital 2 vezes ao dia, utilize roupa interior
de algodão, evite os pensos diários, caso observe alterações neste corrimento, tais
como cor amarelada, ardor ou cheiro intenso informe o seu médico.
 Mamas tensas e sensíveis – não estimular nem usar roupas demasiado justas,
utilize um soutien que lhe forneça um bom suporte e lhe seja confortável.
 Náuseas e vómitos – coma refeições pequenas, de 3 em 3 horas, beba líquidos no
intervalo das refeições, evite comidas picantes ou muito condimentadas e grandes
tempos de jejum, se o cheiro da comida lhe for incomodativo não cozinhe, apanhe
ar fresco e faça exercícios leves como caminhar.
 Sensação de enfartamento – não se deite logo após as refeições e coma em
pequenas quantidades várias vezes ao dia.

Sinais e Sintomas de alerta


Contacte imediatamente o centro de saúde ou a urgência do hospital se durante a
gravidez tiver:
 Hemorragia vaginal;
 Perda de líquido pela vagina;
 Corrimento vaginal com prurido (comichão), ardor ou cheiro não habitual;
 Dores abdominais;
 Arrepios ou febre;
 Dor/ardor ao urinar;
 Vómitos persistentes;

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Estágio de Enfermagem Comunitária - 2013

 Dores de cabeça fortes ou contínuas;


 Perturbações da visão;
 Diminuição dos movimentos fetais.

Focos de atenção (possíveis):


- Gravidez;
- Adaptação à gravidez;
- Comportamento de adesão;

Status (possível):
- Conhecimento sobre auto-vigilância na gravidez;
- Conhecimento sobre desenvolvimento fetal;
- Conhecimento sobre hábitos de saúde na gravidez;

Medidas de prevenção primária da toxoplasmose

Todas as mulheres que não estão imunes à toxoplasmose devem cumprir


rigorosamente as seguintes medidas preventivas:
Medidas preventivas ao nível da alimentação
 Comer a carne sempre bem passada.
 Lavar sempre a louça e os utensílios de cozinha após a refeição.
 Lavar sempre as mãos após o manuseamento de carne crua e antes das refeições.
 Evitar levar as mãos aos olhos ou à boca quando se prepara a carne crua.
 Lavar sempre bem todos os alimentos crus (vegetais e fruta).
 Lavar sempre as mãos após o manuseamento de qualquer alimento cru.
 Evitar produtos lácteos não pasteurizados.

Medidas preventivas ao nível do contacto com animais e meio ambiente


 Usar luvas ao fazer jardinagem e lavar sempre as mãos após o contacto com o
solo ou areia.
 Evitar contacto com gatos.
 Limpar diariamente a liteira dos gatos.
 Usar luvas sempre que manuseie a liteira dos gatos.

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Estágio de Enfermagem Comunitária - 2013

 Lavar sempre as mãos após o manuseamento da liteira dos gatos.


 Usar água a ferver para desinfectar a liteira ou outros objectos dos gatos.
 Evitar alimentar os gatos com carnes cruas.
Note bem: se não estiver imune à toxoplasmose, deve fazer análises cada 3 meses durante a gravidez e
caso sinta febre, dores musculares ou gânglios dolorosos na região do pescoço deve recorrer ao seu
Médico de Família.

Consulta de saúde materna – 2.º trimestre

 Avaliar as necessidades da grávida/casal;


 Questionar sobre cumprimento de cuidados alimentares, exercício físico e hábitos de
vida; investigar possíveis intercorrências;
 Questionar sobre a consulta de cálculo de risco realizada no centro hospitalar.
2ª Consulta (13-16 Semanas)
3ª Consulta (17-20 Semanas)
4ª Consulta (21-24 Semanas)

Parâmetros a avaliar/atender:
- Peso;
- Tensão arterial;
- Exame sumário de urina - Combur;
- Idade – Gestação (em semanas);
- Perímetro abdominal;

Temas a abordar:
- Alimentação;
- Exercício/repouso;
- Higiene e vestuário;
- Sexualidade;
- Desconfortos, sendo os mais frequentes desta fase os seguintes:

Pigmentação acentuada da pele


▪ Fisiologia/Etiologia:
▫ Efeito hormonal – provocada pela melanotrofina.

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Estágio de Enfermagem Comunitária - 2013

▪ Educação para o Auto-cuidado:


▫ Apoiar a grávida;
▫ Aconselhar a utilização de protector solar;
▫ Informar que é inevitável e, normalmente desaparece após o parto.

Eritema plantar
Pode ser acompanhado de telangiectasias e/ou aparecimento de pequenas redes de
arteríolas dilatadas.
▪ Fisiologia/Etiologia:
▫ Predisposição genética;
▫ Aumento dos estrogénios.

▪ Educação para o Auto-cuidado:


▫ Informar que não existem meios de prevenção;
▫ Informar que desaparece no pós-parto;
▫ Educar para recorrer à equipa de saúde em caso de agravamento.

Prurido
▪ Fisiologia/Etiologia:
▫ Aumento da função de excreção da pele;
▫ Factores relacionados com o estiramento da pele.

▪ Educação para o Auto-cuidado:


▫ Informar que não existem meios de prevenção;
▫ Educar/Aconselhar a utilizar meios para minimizar a sintomatologia: banhos com
soluções calmantes ou sabonetes neutros; redução dos produtos utilizados no banho;
vestuário largo e de algodão, etc.
▫ Educar para recorrer à equipa de saúde em caso de agravamento, para confirmação do
diagnóstico.

Desejos alimentares
▪ Fisiologia/Etiologia:

35
Estágio de Enfermagem Comunitária - 2013

▫ Desconhecida;
▫ Factores culturais.

▪ Educação para o Auto-cuidado:


▫ Satisfazer os desejos, excepto os que interferem na dieta alimentar;
▫ Procurar alternativas;
▫ Apoiar e tranquilizar a grávida.

Azia / pirose
▪ Fisiologia/Etiologia:
▫ Aumento dos níveis de progesterona (relaxa a cárdia e aumento do tempo de
esvaziamento gástrico);
▫ Deslocação do estômago devido ao aumento do volume do útero.

▪ Educação para o Auto-cuidado:


▫ Educar/Aconselhar a realização de refeições ligeiras e frequentes, isentas de gorduras e
fritos;
▫ Aconselhar a ingestão de pequenas quantidades de leite (“goles”) – alimento alcalino e
neutralizante;
▫ Aconselhar a evitar citrinos;
▫ Aconselhar a descansar com a cabeça um pouco elevada;
▫ Educar/Aconselhar a evitar deitar-se imediatamente após a refeição;
▫ Aconselhar caso persistam os sintomas a comunicar ao médico para a prescrição de
antiácidos.

Obstipação
▪ Fisiologia/Etiologia:
▫ Aumento dos níveis de progesterona;
▫ Compressão dos intestinos pelo útero;
▫ Ingestão oral de ferro.

▪ Educação para o Auto-cuidado:


▫ Educar/Aconselhar/Incentivar ingestão hídrica abundante (mais de 1,5 litros de água);

36
Estágio de Enfermagem Comunitária - 2013

▫ Educar/Aconselhar/Incentivar uma alimentação adequada (fibras1, fruta, legumes,


ameixa, etc.);
▫ Educar/Aconselhar/Incentivar para a criação de hábitos intestinais - reservar tempo para
defecar;
▫ Aconselhar caso persistam os sintomas a comunicar ao médico para a prescrição de
terapêutica adjuvante (emolientes das fezes, laxantes, etc.).

Flatulência
▪ Fisiologia/Etiologia:
▫ Aumento dos níveis de progesterona;
▫ Diminuição da motilidade gastrointestinal;
▫ Deglutição de ar.

▪ Educação para o Auto-cuidado:


▫ Aconselhar/Incentivar a mastigar bem e devagar os alimentos;
▫ Educar/Aconselhar/Incentivar uma alimentação adequada;
▫ Aconselhar/Incentivar a realização de exercício físico;
▫ Aconselhar/Incentivar a utente a procurar manter hábitos intestinais regulares.

Palpitações2
▪ Fisiologia/Etiologia:
▫ Aumento do volume de sangue e débito cardíaco;
▫ Ligeira pressão intra-torácica pela subida do diafragma, em resultado do aumento do
útero.

▪ Educação para o Auto-cuidado:


▫ Incutir calma à grávida;
▫ Aconselhar/Incentivar respiração calma e pausada;
▫ Referir ao médico, caso a utente não tolere a actividade para a realização de diagnóstico
diferencial.

1
A alimentação rica em fibras está contra-indicada em doentes com a síndrome do cólon
irritável.
2
Não devem ser acompanhadas por alterações persistentes do ritmo cardíaco.

37
Estágio de Enfermagem Comunitária - 2013

Hipotensão Ortostática
▪ Fisiologia/Etiologia:
▫ Labilidade vasomotora;
▫ Hipotensão postular provocada pelas hormonas.

▪ Educação para o Auto-cuidado:


▫ Aconselhar a evitar mudanças bruscas de posição;
▫ Educar/Aconselhar/Incentivar respiração profunda;
▫ Educar a utente para estar atenta ao exercício;
▫ Educar/Aconselhar a evitar hipoglicemias;
▫ Aconselhar a evitar grandes aglomerados de pessoas.

Leucorreia
▪ Fisiologia/Etiologia:
▫ Efeito da estimulação hormonal

▪ Educação para o Auto-cuidado:


▫ Informar que não existem meios de prevenção;
▫ Incentivar para a higiene cuidada;
▫ Educar a utente acerca dos sinais e sintomas para os quais deve estar atenta (prurido,
odor intenso ou alteração do tipo e cor);
▫ Aconselhar a não fazer irrigações vaginais sem consentimento médico.

Veias varicosas nos membros inferiores


▪ Fisiologia/Etiologia:
▫ Relaxamento da musculatura lisa da parede das veias (efeito hormonal);
▫ Dificuldade da circulação de retorno por compressão das veias ilíacas;
▫ Aumento do fluxo sanguíneo.
▪ Educação para o Auto-cuidado:
▫ Incentivar a elevação dos membros inferiores quando estiver sentada ou deitada;
▫ Aconselhar a evitar permanecer longos períodos na posição ortostática ou sentada;

38
Estágio de Enfermagem Comunitária - 2013

▫ Aconselhar a evitar cruzar as pernas (dificulta o retorno venoso);


▫ Aconselhar a evitar usar ligas elásticas;
▫ Incentivar o uso de meias elásticas e ensinar técnica de as calçar;
▫ Educar sobre os sinais e sintomas de tromboflebite (rubor, edema, dor localizada).

Veias varicosas vulvares


▪ Fisiologia/Etiologia:
▫ Relaxamento da musculatura lisa da parede das veias (efeito hormonal);
▫ Dificuldade da circulação de retorno por compressão das veias ilíacas;
▫ Aumento de fluxo sanguíneo.
▪ Educação para o Auto-cuidado:
▫ Aconselhar/Incentivar a elevação da pelve quando deitada, recorrendo a uma almofada,
por exemplo;
▫ Educar/Incentivar para uma higiene cuidada com água tépida ou fria, como forma de
prevenir o prurido ou lacerações.

Veias varicosas do recto – Hemorróidas


Agravam-se com a obstipação e no período pós parto.
▪ Fisiologia/Etiologia:
▫ Relaxamento da musculatura lisa da parede das veias (efeito hormonal);
▫ Dificuldade da circulação de retorno por aumento do útero;
▫ Aumento do fluxo sanguíneo.
▪ Educação para o Auto-cuidado:
▫ Corrigir a obstipação;
▫ Educar/Incentivar para uma higiene cuidada com água tépida ou fria, como forma de
prevenir o prurido ou lacerações;
▫ Educar para medidas a considerar em exacerbações das hemorróidas: aplicação de gelo
(caso exista indicações para a aplicação) ou semicúpios de água fria (se não houver
contra-indicação);
▫ Educar para a aplicação tópica de pomada anestésica e vasoconstritora (prescrita).

39
Estágio de Enfermagem Comunitária - 2013

Formigueiro e adormecimento dos dedos/mãos


▪ Fisiologia/Etiologia:
▫ Tracção do plexo braquial provocada pela inclinação dos ombros que a grávida adopta
na gravidez (pode ocorrer mais à noite e ao acordar);
▫ Poderá desaparecer no pós parto ou agravar aquando do transporte do bebé.
▪ Educação para o Auto-cuidado:
▫ Aconselhar/Incentivar a manter a postura, com alternância de posição

Dor do ligamento redondo (sensibilidade)


▪ Fisiologia/Etiologia:
▫ Estiramento do ligamento (aumento do útero)
▪ Educação para o Auto-cuidado:
▫ Não existe prevenção;
▫ Aconselhar/Incentivar períodos de repouso;
▫ Educar/Instruir/Treinar/Aconselhar/Incentivar mecânica corporal adequada para
prevenir o estiramento excessivo do ligamento.

Dor dorsal, lombar e sagrada/hipermobilidade das articulações


▪ Fisiologia/Etiologia:
▫ Relaxamento das articulações da sínfise púbica e sacroilíacas (efeito hormonal);
▫ Curvaturas cervical e lombar acentuadas, devido à alteração do centro de gravidade
(aumento do volume do abdómen).
▪ Educação para o Auto-cuidado:
▫ Aconselhar a adopção de uma postura correcta e atender à mecânica corporal (por
exemplo, apanhar um objecto do chão flectindo as pernas);
▫ Aconselhar o uso de uma cinta própria e calçado adequado;
▫ Aconselhar a realização de exercícios, evitando a fadiga;
▫ Aconselhar a execução de possíveis exercícios de rotação da anca;
▫ Aconselhar a aplicação de calor húmido no local doloroso;
▫ Aconselhar a dormir num colchão duro.

Focos de atenção (possíveis):


- Gravidez;

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Estágio de Enfermagem Comunitária - 2013

- Adaptação à gravidez;
- Comportamento de adesão;
Status (possível):
- Conhecimento sobre auto-vigilância na gravidez;
- Conhecimento sobre desenvolvimento fetal;
- Conhecimento sobre hábitos de saúde na gravidez;

Aspectos Psicossociais
Aspectos psicológicos – 2º trimestre
 As alterações físicas ajudam a ultrapassar a ambivalência. Adquire aparência de
grávida;
 Toma consciência de um novo ser no seu interior – movimentos fetais – bebé
imaginário;
 Reflecte sobre o seu papel de mãe - relação custos/benefícios;
 Percepção do significado de ser mãe;
 Introversão e passividade;
 Reordenação das relações e interesses;
 Eventuais alterações de humor.
 Desconfortos da Gravidez
 Aumento do abdómen – verbalize os seus sentimentos, partilhe os seus medos com
alguém da sua confiança, utilize roupa adequada à gravidez mas que seja
igualmente bonita, chamativa e foque os aspectos positivos.
 Azia – fraccione as refeições, evite alimentos fritos ou condimentados, adopte uma
posição mais direita, não se deite completamente, só com indicação médica deverá
usar anti-ácidos.
 Comichão – faça higiene com água morna, aplique creme hidratante diariamente,
cremes e produtos de higiene devem ser de pH neutro, seque a pele suavemente
sem friccionar, use roupa de algodão adequada.
 Dores de cabeça – refugie-se em ambientes calmos e com pouca luz, aplique um
pano com água fria na testa ou nuca, faça uma refeição ligeira, vá á farmácia para
avaliar a tensão arterial se os sintomas presistirem e contacte o seu médico em caso
de necessidade.

41
Estágio de Enfermagem Comunitária - 2013

 Lombalgia – faça períodos de repouso, evite estar muito tempo em pé, mantenha
uma postura correcta, evite sapatos de salto alto, ao baixar-se faça flexão das pernas
e não das costas.
 Inchaço das pernas e pés e varizes – utilize meias de descanso, quando sentada ou
deitada tenha sempre que possíveis os pés num plano mais elevado, pratique
exercício moderado, faça uma dieta pobre em sal, utilize roupa e calçado
confortáveis.
 Flatulência – mastigue os alimentos devagar, evite alimentos e bebidas
susceptíveis de provocar gases e faça exercício.
 Gengivites ou sangramento das gengivas – faça uma higiene oral correcta e
frequente pelo menos 2 vezes ao dia, utilize uma escova macia.
 Pigmentação da pele aumentada – é inevitável, pode aparecer também acne e pele
oleosa.
 Prisão de ventre e hemorróidas – ingira líquidos em grande quantidade, faça uma
alimentação rica em fibras, vá ao WC sempre que tiver vontade e não adie, não use
laxantes sem consultar o seu obstetra.
 Produção de colostro – utilize discos de aleitamento.
 Sensação de desmaio – evite estar muito tempo de pé ou realizar movimentos
bruscos principalmente quando acorda, se sentir tonta sente-se e coloque a cabeça
entre os joelhos, durma e descanse preferencialmente virada para o lado esquerdo,
evite locais muito abafados, com muita exposição solar e estar muito tempo sem
comer.

Contacte imediatamente o centro de saúde ou a urgência do hospital se durante a


gravidez tiver:
 Hemorragia vaginal;
 Perda de líquido pela vagina;
 Corrimento vaginal com prurido (comichão), ardor ou cheiro não habitual;
 Dores abdominais;
 Arrepios ou febre;
 Dor/ardor ao urinar;
 Vómitos persistentes;
 Dores de cabeça fortes ou contínuas;

42
Estágio de Enfermagem Comunitária - 2013

 Perturbações da visão;
 Diminuição dos movimentos fetais.

Exames complementares a solicitar: Notas
A realizar entre as 18-22 semanas
Se grávida ≥ 35 anos, a ecografia deverá
Ecografia de 2º trimestre
ser realizada no hospital e referenciada
através ALERT®
Diabetes Gestacional se um ou mais
valores positivos:
 0 horas, glicemia ≥ 92 mg/dl (ou ≥
Prova de PTGO com 75 g de glicose 5,1 mmol/l);
(entre as 24-28 semanas) com pelo menos  1 hora, glicemia ≥ 180 mg/dl (ou ≥
8 horas de jejum 10,0 mmol/l);
 2 horas, glicemia ≥ 153 mg/dl (ou ≥
8,5 mmol/l).

Possibilidade de assistir a aulas de


Informação a prestar preparação para o parto, importância da sua
frequência, fornecer horários.
A Referenciar

 Gravidez de risco
 Indicação para realização ecocardiograma fetal gravidezes onde se verifique:

 Causa familiar
 História familiar de cardiopatia congénita nos pais e irmãos do feto
 Risco específico de ocorrência no feto de síndrome com cardiopatia

 Causa materna
 Diabetes não gestacional; fenilcetonúria
 Doença do colagénio
 Infecção materna
 Medicação (nomeadamente, anti-convulsantes, corticosteróides, lítio)
 Exposição significativa a tóxicos teratogénicos no início da gravidez, incluindo o
álcool

 Causa fetal
 Suspeita de anomalia cardíaca no exame ecografico de rotina
 Foco hiperecogenico intracardíaco
 Arritmia fetal
 Malformações extracardíacas a

43
Estágio de Enfermagem Comunitária - 2013

 Aneuploidias
 Restrição de crescimento intra-uterino
 Alterações de líquido amniótico

Consulta de saúde materna – 3.º trimestre

 Avaliar as necessidades da grávida/casal;


 Questionar sobre cumprimento de cuidados alimentares, exercício físico e hábitos
de vida;
 Investigar possíveis intercorrências;

5ª Consulta (25-28 Semanas)


Se grávida Rh negativo com Teste -Administração de Imunoglobulina anti-D
Coombs indirecto negativo (300μg)
-Preencher e devolver impresso à
farmácia de origem e registo no Boletim
de saúde de grávida

6ª Consulta (29-32 Semanas)


7ª Consulta (33-36 Semanas)
36ª Semana (Semanalmente até ao Parto)
Solicitar pesquisa de estreptococo Zaragatoa do terço inferior da vagina e do recto
grupo B (agalacteae) (35-37 (Registar no boletim de saúde da grávida)
semanas)
Informação /Conselhos a prestar Informação sobre o parto, analgesia, puerpério,
amamentação e sinais de inicio de trabalho de
parto.
Informação sobre colheita de células estaminais
Referenciação para parto A grávida deve ser referenciada (idealmente
entre as 35 e 36 semanas) à consulta da
especialidade para avaliação e decisão de
eventual cesariana programada nos seguintes
casos: Apresentação pélvica ou outra
apresentação fetal desfavorável;
Cesarianas de repetição Placentação anormal
(placenta prévia,placenta acreta)
nformação /Conselhos a prestar Informação sobre o parto, analgesia, puerpério,
amamentação e sinais de início de trabalho de
parto.
Informar sobre a necessidade de comunicar à
USF o nascimento do bebé, para marcação da 1ª
consulte de saúde infantil que deverá realizar-se

44
Estágio de Enfermagem Comunitária - 2013

nos primeiros 15 dias.

Referenciação A partir das 40 semanas a grávida deve ser


referenciada para o SU de obstetrícia

Parâmetros a avaliar/atender:

- Peso/ganho total de peso;

- Tensão arterial;

- Exame sumário de urina;

- Idade – Gestação (em semanas);

- AFU;

- Perímetro abdominal;

- Apresentação fetal;

- Frequência cardíaca fetal (rítmica/não-rítmica);

- Edemas;

- CTG (registo da contractilidade uterina e ritmo cardíaco fetal);

- Verificar se a grávida faz o registo dos movimentos fetais (realizado a partir da 35ª
semana, durante doze horas, é efectuada uma contagem de dez movimentos e regista-se
sempre no gráfico ao fim de 10 e assim sucessivamente).

Temas a abordar:

- Alimentação;

- Exercício/repouso;

- Desconfortos, sendo os mais frequentes desta fase os seguintes:

Diminuição da amplitude respiratória/dispneia


▪ Fisiologia/Etiologia:
▫ Limitação da expansão diafragmática devido ao aumento do útero.
▪ Educação para o Autocuidado:

45
Estágio de Enfermagem Comunitária - 2013

▫ Aconselhar a evitar sobrecarregar o estômago


▫ Educar/Treinar/Supervisionar/Incentivar respiração diafragmática
▫ Promover o relaxamento
▫ Educar para a ligeira elevação da cabeceira da cama
▫ Educar para a comunicar à equipa de saúde caso os sintomas se agravem, para a
realização do diagnóstico diferencial

Edemas nos membros inferiores


Edemas muito acentuados nos membros inferiores requerem diagnóstico diferencial.
▪ Fisiologia/Etiologia:
▫ Compressão dos vasos sanguíneos;
▫ Diminuição da circulação de retorno;
▫ Extravasamento de líquido plasmático para os tecidos intersticiais.
▪ Educação para o Autocuidado:
▫ Incentivar repouso com os membros inferiores elevados;
▫ Aconselhar a evitar permanecer longos períodos de pé ou sentada;
▫ Aconselhar a evitar cruzar as pernas (dificulta o retorno venoso);
▫ Aconselhar a evitar usar ligas elásticas;
▫ Incentivar o uso de meias elásticas e ensinar técnica de as calçar.

Cãibras dos membros inferiores


▪ Fisiologia/Etiologia:
▫ Compressão dos nervos pelo aumento do útero;
▫ Níveis baixos de cálcio;
▫ Circulação periférica deficiente;
▪ Educação para o Autocuidado:
▫ Educar para a realização da dorsiflexão do pé até desfazer o espasmo muscular;
▫ Incentivar relaxamento;
▫ Referir ao médico.

Insónias
▪ Fisiologia/Etiologia:

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Estágio de Enfermagem Comunitária - 2013

▫ Motivadas por outros desconfortos: diminuição da amplitude respiratória, dorsalgias,


aumento da frequência urinária;
▫ Movimentos fetais;
▫ Excitação psíquica devido à aproximação do parto.
▪ Educação para o Autocuidado:
▫ Aconselhar a apoiar o corpo em almofadas;
▫ Aconselhar a tomar um duche morno ao deitar;
▫ Aconselhar a uma bebida quente ao deitar;
▫ Aconselhar a massagem dorsal.

Gengivite
▪ Fisiologia/Etiologia:
▫ Aumento da vascularização e proliferação do tecido conjuntivo – acção dos estrogénios.
▪ Educação para o Autocuidado:
▫ Educar para a importância da higiene oral cuidada;
▫ Educar para a importância de vigiar a cavidade oral para despiste de possíveis infecções;
▫ Educar/Aconselhar/ Incentivar alimentação equilibrada em proteínas e vegetais.

Aumento da frequência e urgência urinária


▪ Fisiologia/Etiologia:
▫ Alterações sofridas pela bexiga (causa hormonal);
▫ Capacidade vertical diminuída pelo aumento do útero e apresentação fetal.
▪ Educação para o Autocuidado:
▫ Aconselhar a restringir a ingestão de líquidos à noite;
▫ Incutir segurança (utilização de penso higiénico);
▫ Educar/Incentivar a realização de exercícios de Kegel (para fortalecer os músculos
pélvicos de forma a controlar a incontinência urinária);
▫ Educar sobre sinais/sintomas de infecção urinária;
▫ Educar a utente para referenciar à equipa de saúde se surgir algum sinal/sintoma de
infecção.

Reacções psicossociais/alterações do humor, confusão de sentimentos, ansiedade


▪ Fisiologia/Etiologia:

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Estágio de Enfermagem Comunitária - 2013

▫ Adaptações metabólicas e hormonais;


▫ Relacionado com sentimentos sobre o trabalho de parto.
▪ Educação para o Autocuidado:
▫ Incutir segurança com esclarecimento de dúvidas;
▫ Executar preparação para o parto – processo de relaxamento;
▫ Ensinar sobre cuidados a prestar ao recém-nascido;
▫ Promover o envolvimento da família, preferencialmente o cônjuge.

- O que levar para a maternidade: bebé e mãe (saber se o saco está pronto);
- Sinais de alerta do trabalho de parto;
 Nas últimas semanas poderá começar a sentir a “descida” da barriga;
 Primeiros sinais de início de trabalho de parto:
- Expulsão do Rolhão Mucoso: consiste na eliminação, pela vagina, de muco
gelatinoso, rosado ou acastanhado. A sua expulsão pode ocorrer dias ou horas antes do
parto e significa que o nascimento estará para breve.
- Rotura da Bolsa de Águas: é a saída de líquido amniótico pela vagina, devido à
rotura das membranas que envolvem o bebé. Pode sair lentamente ou de repente, em
grande quantidade. Normalmente, é claro e transparente. Nesta situação deve dirigir-se
ao hospital da sua área de residência o mais rapidamente possível.
- Contracções Uterinas Regulares: no início do trabalho de parto, as contracções são
irregulares (isto é, os intervalos não são certos) e são pouco frequentes. Começa por
sentir que a barriga fica rija, podendo não haver dor. Progressivamente, vão-se tornando
mais regulares, mais intensas e mais próximas. Quando as contracções forem regulares,
com intervalos de dez minutos, deve dirigir-se à maternidade.
- Nas últimas semanas de gravidez é comum ocorrerem contracções irregulares e
indolores, sem que isto signifique o início do trabalho de parto!
- Tipos de parto;
Aspectos a referenciar/informar
 Tipos de parto:
 Eutócico – o parto vaginal, que por sua vez poderá ser:
 Natural;
 Normal;

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Estágio de Enfermagem Comunitária - 2013

 Distócico – O parto distócico é o parto realizado com intervenções instrumentais tais


como fórceps, ventosa ou cesariana.
 Dependendo da opinião da utente relativamente ao tipo de parto que privilegia e perante
possíveis dúvidas é minha pretensão esclarecer as mesmas ou proporcionar alguma
informação relevante no domínio.

- Analgesia Epidural;
Primeiramente quero verificar se a utente sabe o que é este tipo de analgesia, ou se já
ouviu falar, posteriormente pretendo fornecer informação sistematizada sobre o assunto,
consoante o grau de interesse e percepção da utente.
Aspectos a referenciar/informar
 A Anestesia Epidural é uma técnica utilizada para o tratamento da dor no parto.
Consiste na introdução de um cateter (tubo) na coluna lombar (espinha), através do qual
é administrada a terapêutica.
 Este procedimento não é doloroso, porque antes é feita uma anestesia local da pele.
 Após a analgesia, as contracções do útero e o trabalho de parto continuam a evoluir. A
grávida está desperta, mas sem dores. Vão sendo dadas doses de analgésico,
aproximadamente de duas em duas horas, ou sempre que se julgue necessário, até o
bebé nascer. Deste modo, a grávida estará pronta a colaborar e a fazer a força necessária
para o nascimento do bebé, sem a dor incomodativa.
 Informar a utente que deverá previamente reflectir sobre a pretensão por esta
possibilidade, já que existem momentos adequados para a sua administração, de acordo
com o nível de dilatação.
- Diferentes fases do trabalho de parto;
Como nas intervenções anteriores antes de mais quero verificar se a utente já possui
alguma informação, depois pretendo fornecer informação sistematizada sobre o assunto,
de acordo com aspectos necessários a esclarecer e outros de cariz informativo.
Aspectos a referenciar/informar
 O parto é constituído por três etapas: dilatação, expulsão e dequitadura.
 Dilatação, o colo do útero, por onde o bebé passa para sair, começa a encurtar e a
dilatar até cerca de dez centímetros. As contracções tornam-se cada vez mais regulares e
próximas. É o período mais demorado do trabalho de parto, podendo demorar de 12 a
16 horas, por vezes mais, num primeiro filho. Se lhe apetecer levantar e andar, informe-

49
Estágio de Enfermagem Comunitária - 2013

se se o pode fazer. Quando estiver deitada, procure virar-se para o lado esquerdo, para
facilitar uma melhor oxigenação do feto.
 Expulsão, começa quando a dilatação estiver completa. Pode demorar de 20 a 40
minutos no primeiro filho. O feto desce ao longo da bacia e acaba por sair para o
exterior através da vagina e da vulva. Pode ser necessário efectuar um pequeno corte do
períneo (espaço entre a vagina e o ânus), para facilitar a saída do feto e evitar lesões
perineais ou do ânus.
 Dequitadura, depois do nascimento do bebé, a placenta e as membranas que
envolveram o feto saem por si (se não saírem, o médico tira-as). Deve permitir que lhe
massajem a barriga para ajudar a placenta a desprender-se do útero.
 Informar que se tiver sido necessário cortar o períneo durante o parto, há que fazer a
sutura do corte. Não vai doer porque a zona estará anestesiada.
 Informar que após o parto, deve ficar deitada de barriga para cima. Se sentir que está a
perder muito sangue, deve comunicar à Enfermeira.
Aspectos Psicossociais

Aspectos psicológicos – 3º trimestre

 Grandes alterações da sua auto imagem;


 Os desconfortos acentuam-se;
 Toma decisões relativas ao bebé: escolha do nome, do enxoval;
 A aceitação da “criança” pelos que lhe são mais queridos é fundamental;
 Necessidade de sentir que tem um lugar para si e para o seu filho depois do
parto.

Desconfortos da Gravidez

Aumento da frequêcia urinária – realize exercícios de Kegel (interromper a micção e


reiniciá-la); faça uma restrição de líquidos antes de se deitar, caso sinta dor ou ardor ao
urinar contacte o seu médico.

Caimbras – repouse, faça uma massagem, estique o pé, isto é, peça a alguém que lhe
puxe o pé na direcção da cabeça mantendo o joelho estendido, aplique calor na região
afectada.

Contracções de Braxton-Hicks – é uma preparação do útero para o parto são pouco


intensas e de curta duração, certifique-se que não é um sinal de parto, repouse e/ou
mude de posição.

Insónias – relaxe, pode pedir a alguém que lhe faça uma massagem, deite-se
confortavelmente com o apoio de almofadas, tome um copo de leite morno ou um duche

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Estágio de Enfermagem Comunitária - 2013

não muito quente antes de se deitar e se gostar de ler pode fazê-lo na cama para a ajudar
a adormecer.

Pressão na região genital e anal – repouse, faça exercícios de relaxamento.

Sensação de “falta de ar” – adopte uma postura correcta, ao dormir utilize mais
almofadas de modo a fazer uma elevação da cabeça, evite comer demasiado e encher
muito o estômago, principalmente não fume. Caso os sintomas se agravem contacte o
seu obstetra.

Contacte imediatamente o centro de saúde ou a urgência do hospital se durante a


gravidez tiver:

 Hemorragia vaginal;
 Perda de líquido pela vagina;
 Corrimento vaginal com prurido (comichão), ardor ou cheiro não habitual;
 Dores abdominais;
 Arrepios ou febre;
 Dor/ardor ao urinar;
 Vómitos persistentes;
 Dores de cabeça fortes ou contínuas;
 Perturbações da visão;
 Diminuição dos movimentos fetais.

Alimentação e gravidez

A alimentação praticada durante a gravidez é um factor importante para um bom


desenvolvimento do bebé in útero, pois é através da mãe que o feto recebe todos os
nutrientes que necessita para crescer e desenvolver-se nesta fase. No entanto não
necessita de comer por dois, mas sim de uma forma variada e equilibrada.

Qual a alimentação recomendada?


_ Alimente-se várias vezes ao dia (3 refeições principais e 3 lanches).
_ Refeições pequenas e em intervalos regulares.
_ Preferir cozidos e grelhados;
_ Preferir alimentos frescos e bem lavados.

Alimentos recomendados nesta fase:


(os mesmos que são recomendados em todas as fases da vida)

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Estágio de Enfermagem Comunitária - 2013

¨ Ovos, carne, peixe (fornecedores de proteínas);


¨ Leite (½ L), iogurte, queijo (fornecedores de cálcio);
¨ Feijão, ervilhas, grão (fornecedores de proteínas vegetais);
¨ Vegetais e frutos (fornecedores de vitaminas e fibras);
¨ Água (cerca 1,5L por dia).

Que alimentos evitar:


¨ Doces e bolos;
¨ Café, chá, e todas as bebidas com cafeína (colas e chás frios);
¨ Bebidas alcoólicas;
¨ Bebidas com gás (pela flatulência que causam);
¨ Pouco ou nenhum sal e poucos condimentos;
¨ Mariscos (devido ao risco de gastroenterites por salmonela);
¨ Carne mal passada (por causa da toxoplasmose);
¨ Queijo fresco de leite não pasteurizado (risco de contrair doença);
¨ Evitar alimentos com edulcerantes e conservantes.

Consultas de saúde infantil e juvenil

Avaliar o crescimento físico e desenvolvimento psico-motor das crianças;


estimular a adopção de comportamentos saudáveis, como uma alimentação equilibrada,
hábitos de higiene, vida ao ar livre e em ambientes despoluídos e a gestão do stress;
promover o cumprimento do plano nacional de vacinação, a suplementação vitamínica,
a saúde oral e a prevenção de acidentes e intoxicações; A prevenção dos riscos
decorrentes da exposição solar; A prevenção das perturbações da esfera psico-afectiva;
detectar precocemente e encaminhar os desvios da normalidade; Apoiar e estimular a
função parental e promover o bem-estar familiar.

1 MÊS
I Parte

- Apresentação

- Preocupação dos Próprios

52
Estágio de Enfermagem Comunitária - 2013

(saúde/ intercorrências desde última consulta/ outras consultas/ medicação)

II Parte

- Avaliação do desenvolvimento estato-ponderal (peso/estatura/perímetro cefálico)

 O Percentil entre 5 a 85 é considerado crescimento normal.


 Se o Percentil da criança é inferior a 5 indica desnutrição, se for superior a 85
significa que a criança tem sobrepeso e se for superior a 95 significa obesidade.

- Avaliação do desenvolvimento psico-motor (reflexos e interacção com o meio)

Motricidade global
• Em decúbito ventral, levanta a cabeça de forma intermitente, no entanto se traccionado
pelas mãos ainda não tem controlo cefálico.
• Em decúbito dorsal apresenta reflexo tónico assimétrico do pescoço.
• Mantém reflexos primitivos (marcha automática, preensão palmar, etc.).
• Sentado, mantém o dorso em arco.
• Em suspensão ventral mantém cabeça erecta e membros semi-flectidos.

Motricidade fina/visão
• As mãos ainda estão muito fechadas.
• A visão é imperfeita, vendo apenas contrastes fortes e formas redondas (bola
vermelha, olho de boi, face da mãe) que segue na horizontal se colocado a 20 cm da
face e num ângulo de 90º.
• Pode apresentar estrabismo, porque o controlo dos músculos oculares é ainda pouco
eficaz.

Linguagem/audição
• Reage ao som da roca ou voz a 15 cm do ouvido, podendo parar ou olhar para a fonte
do som. Pode ainda não ter capacidade motora para virar a cabeça para a fonte sonora.

Autonomia/socialização/comportamento
• Fixa a face da mãe quando esta o alimenta.
• Sorriso social às seis semanas.
• Chora com desconforto e emite sons guturais em situações de prazer.

53
Estágio de Enfermagem Comunitária - 2013

• Já regula bem os estádios de sono/vigília e chora mas é consolável.

ALARME
• Ausência de tentativa de controlo cefálico.
• Hiper ou hipotonia (que podem ser sinais das patologias acima descritas no RN).
• Não segue a face humana ou o olho de boi ou apresenta movimentos erráticos dos
olhos.
• Não vira os olhos para o som (mesmo da voz humana), parecendo não reagir ao
mesmo.
• Dificuldade em se manter alerta com transições abruptas entre o sono e a irritabilidade,
revelando má regulação dos estádios.

Promoção para a Saúde:

• Cuidados na diarreia/hipertermia/náuseas e vómitos


• Importância do envolvimento do pai
• Aleitamento materno/alimentação
• Cólicas
• Vitamina D
• Conduta face a sinais e sintomas comuns
• A quem recorrer em situação de urgência
• Monitorização do desenvolvimento da criança
• Posição de deitar
• Prevenção de acidentes/segurança (Escolha de brinquedos, cadeirinha do
automóvel)

III Parte

- Programa Nacional de Vacinação

- Dúvidas

- Fornecimentos de folhetos informativos

- Marcação Próxima consulta/Registos

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Estágio de Enfermagem Comunitária - 2013

Os primeiros meses de vida do bebé são Assim que introduzir alimentos sólidos (ex: A intervalos regulares, vão-se acrescentando
passados no útero materno. Só uma mãe papa de farinha, puré de legumes, …), dê água outros legumes (exº cebola) e hortaliças
bem alimentada possibilita, no seu útero, ao seu bebé pelo copo ou à colher. (preferencialmente as de cor mais clara,
um bom desenvolvimento do bebé. porque são mais tenras e fáceis de digerir,
Evite o uso do biberão. Enquanto amamenta
Nos primeiros 4 a 6 meses após o como a alface, couve branca, alho-francês,
exclusivamente não há necessidade de dar vagem (feijão verde), agriões, nabiça…) Mais
nascimento, o leite materno é o alimento água, excepto se sentir que a temperatura tarde, podem-se ir introduzindo outros
mais adequado e completo. Um ganho de ambiente está muito quente, se o bebé tiver hortícolas (penca, couve-galega, …). À medida
peso correcto e a ausência de problemas diarreia (para repor as perdas) ou se as suas que se introduz um novo alimento, vai-se
digestivos indicam que o aleitamento está a fezes forem muito duras e secas. tornando o caldo mais espesso, até adquirir a
ser suficiente. consistência de um puré.
Calendário Alimentar
Quando a mãe não pode amamentar, o leite
4 - 6 Meses
materno deve ser substituído por um leite 6 - 8 Meses
 5-6 Refeições de leite materno (ou  3-4 Refeições de leite materno (ou adaptado)
artificial adaptado. Este apesar de não
possuir as vantagens do leite materno é o adaptado)  1 Refeição de papa de farinha
mais semelhante.  1 Refeição de papa de farinha sem glúten  2 Refeições com: puré de legumes + fruta
O leite de vaca é completamente (milho ou arroz)
5 - 7 Meses Aos 8 meses pode-se adicionar ao puré de
desaconselhado antes do 1º ano, porque
legumes 30g de carne magra (frango, peru,
não fornece os nutrientes nas proporções  4-5 Refeições de leite materno (ou coelho), bem cozida. Inicialmente retira-se
adequadas, não está adaptado à adaptado) esta após a cozedura para que a criança se vá
imaturidade renal nem digestiva do bebé, e  1 Refeição de papa de farinha adaptando ao sabor. Mais tarde tritura-se com
pode provocar alergias.  1 Caldo de legumes o puré. Posteriormente pode-se ir introduzindo
A diversificação alimentar não se deve carne de borrego, vaca e cabrito. O porco só
iniciar antes dos 4 meses, nem adiar para está indicado a partir dos 2 anos.
Deve-se começar por um caldo simples, feito
depois dos 6 meses. 7 - 9 Meses
com batata, cenoura, abóbora e com uns grãos 2-3 Refeições de leite materno (ou adaptado)
Há necessidades nutricionais que
de arroz bem cozido (porque é mais fácil de  1 Refeição de papa de farinha
precisam ser complementadas com outros
alimentos. A introdução de novos
digerir do que a batata; se o bebé for  1 Refeição com: puré de legumes + fruta
obstipado, isto é, tiver prisão de ventre não  1 Refeição com: carne ou peixe ou ovo +
alimentos também permite a adaptação da
coloque arroz), temperado com um pouco de batata cozida ou arroz ou massa ou açorda
criança a novos sabores, texturas e + hortícolas cozidos (ex. puré de cenoura,
consistências. azeite, adicionado no final para que não ferva,
…) + fruta.
Mas, o leite continua a ser importante, pois e sem sal.
55
é rico em proteínas e cálcio.
O intervalo entre a introdução de cada
Estágio de Enfermagem Comunitária - 2013

A gema de ovo deve ser introduzida aos 9 meses. Após os 12 Meses


Deve-se iniciar por ¼ da gema, esfarelada na sopa  Alimentação familiar
ou no prato, e ir aumentando a quantidade  Leite de crescimento ou leite vaca gordo ou
gradualmente.
meio gordo UHT (500mL)
O ovo inteiro (gema e clara) só se deve dar a partir
dos 12 meses, porque a clara contém proteínas
eventualmente causadoras de alergias. Não se deve Após o 1º ano de vida pode-se iniciar um leite de A Alimentação da
Criança no Primeiro
dar mais de 2 a 3 ovos por semana. crescimento (analisar o rótulo e escolher um que
Iogurtes ou outros derivados do leite, não tenha adição de açúcar nem de mel) ou o leite
nomeadamente queijos, só devem ser dados após
Ano de Vida
de vaca gordo ou meio gordo e UHT, pois o
os 9 meses. organismo do bebé já adquiriu a maturidade
necessária.
8 - 11 Meses
 1-2 Refeições de leite materno (ou adaptado)
 1 Refeição de papa de farinha ou 1 iogurte + É importante que o bebé continue a beber pelo
fruta menos 500 ml de leite por dia.
 2 Refeições com sopa de legumes (sem adição
de carne ou peixe, temperado com azeite) + A culinária deverá ser simples, com poucos
carne ou peixe ou ovo + batata cozida ou condimentos e pouca gordura. Devem ser evitados
farinha-de-pau ou arroz ou massa ou açorda +
os fritos e refogados, dando preferência aos
hortícolas cozidos (ex. puré de cenoura, …) +
fruta. cozidos, grelhados ou estufados, tais como
jardineiras, caldeiradas e ensopados (em lume
Aos 10 meses, deve-se introdurir o peixe, brando e com tudo em cru), temperados com ervas
inicialmente cozido à parte e misturado no puré de aromáticas (ex: salsa, orégãos, louro, …), alho,
legumes, de modo a tornar o sabor mais familiar. cebola, cebolinho.
Pescada, marmota, linguado, faneca, solha são
exemplos de peixes habitualmente bem aceites pelo
bebé. Pode utilizar peixe congelado, pois o seu Durante o primeiro ano de vida, não se deverá
valor nutricional é semelhante ao do peixe fresco. adicionar sal nem açúcar ou outros adoçantes aos
Utilize tranches ou lombos, mas verifique sempre se alimentos, visto estes já os possuírem naturalmente.
foram retiradas todas as espinhas. O mel nunca deve ser dado antes do 1º ano de vida
A partir dos 11 meses as leguminosas (feijão, grão, pois pode conter substâncias (esporos) causadoras
lentilhas, ervilhas e favas), bem demolhadas e de botulismo (doença perigosa).
cozidas, e no início esmagadas com um garfo,
Nunca se deve oferecer bebidas alcoólicas nem
podem ser administradas 2 vezes por semana e em
pequenas quantidades, acompanhadas de produtos bebidas com cafeína (ice tea, café, colas) à criança.
hortícolas ou arroz. 56
Estágio de Enfermagem Comunitária - 2013

Vacina contra a tuberculose (BCG) Vacina de bacilos vivos atenuados


Tipo de vacina Mycobacterium bovis
Prevenção de formas graves de tuberculose
Indicações terapêuticas
na criança

-nascidos com peso, à nascença,


inferior a 2 000 g

exclusão da infecção na criança)


-nascido familiar directo de
doente com suspeita ou confirmação de
imunodeficiência primária, (até exclusão de
imunodeficiência da criança)
ência celular, congénita ou
Contra-indicações
adquirida; tratamentos imunossupressores;
infecção por VIH

grave, com ou sem febre

actividade tuberculostática
ose activa; prova tuberculínica
positiva

Correcta administração intradérmica:


- seringa de 1,0 mL, graduada em
centésimas de mL
Precauções
- agulha de 25 ou 26 Gauge x 10 mm, com
bisel curto

Conservar entre 2ºC e 8ªC. Não congelar


Conservação
Proteger da luz

< 12 meses de idade: 0,05 mL


≥ 12 meses de idade: 0,1 mL
Intradérmica
Dose e via de administração A administração subcutânea da BCG
aumenta o risco de linfadenite supurativa,
podendo originar a formação de abcesso
e/ou de escara

Entre a zona superior do terço médio e o


terço superior (acima da inserção distal do
Local da injecção
músculo deltóide), na face postero-externa
do braço esquerdo

57
Estágio de Enfermagem Comunitária - 2013

Compatibilidade
Não existe apresentação combinada da
Vacinas combinadas
BCG com outra vacina
Não deverá ser administrada nenhuma vacina no mesmo braço em que foi aplicada a vacina
BCG, pelo menos, durante os 3 meses posteriores à sua administração, devido ao risco de linfadenite.

 A maioria das crianças apresenta uma reacção no local da injecção que se caracteriza,
inicialmente, pela formação de um pequeno nódulo vermelho que, gradualmente, se transforma
numa pequena vesícula. Em 2 a 4 semanas a vesícula transforma-se numa úlcera que cicatriza
em 2 a 5 meses, ficando uma cicatriz superficial com cerca de 5 mm de diâmetro. A lesão
vacinal não requer qualquer tratamento, nem devem colocar-se pensos, uma vez que cura
espontaneamente.
 A linfadenite regional (gânglios cervicais ou axilares) é uma complicação ocasional. A
linfadenite supurativa ocorre numa proporção inferior a 1/2 000 vacinados.
 Os abcessos são muito raros e podem ser devidos a sobredosagem ou injecção mais profunda
que o indicado (técnica de administração inadequada).

Monovalente contra a hepatite B (VHB) Vacina de antigénio de superfície


Tipo de vacina recombinante do vírus da hepatite B
Prevenção de infecção por vírus da hepatite
Indicações terapêuticas
B.
Reacção anafiláctica a:
- Uma dose anterior da vacina VHB,
monovalente ou combinada
Contra-indicações
- Algum dos constituintes da vacina
- Leveduras (fermento de padeiro)

-nascidos com menos de 2 000 g à


nascença (ver “Vacinação em
Circunstâncias Especiais”)

Precauções
alterações da coagulação ou terapêutica
anticoagulante (ver “Vacinação em
Circunstâncias Especiais”)

Conservação

58
Estágio de Enfermagem Comunitária - 2013

antigénio, conforme o produtor)


Dose e via de administração
antigénio, conforme o produtor)

externo, na face externa da região antero-


lateral da coxa direita
Local da injecção
sculo deltóide,
na face externa da região antero-lateral do
terço superior do braço direito

Pode ser administrada simultaneamente


com outras vacinas em locais anatómicos
Compatibilidade diferentes ou no mesmo membro (excepto
com a BCG), desde que as injecções sejam
distanciadas entre 2,5 a 5 cm
Vacinas combinadas No PNV a VHB é administrada isolada
A administração gratuita da VHB é ainda recomendada a alguns grupos de risco, conforme Normas da DGS.

Não se recomenda a determinação de marcadores serológicos, antes ou depois da vacinação com VHB, nem a
administração de doses de reforço ou revacinação completa. Um nível de anticorpos inferior ao limiar
considerado protector não significa ausência de protecção contra a doença. Esta regra não se aplica a
determinados grupos de risco, como os profissionais de saúde, os doentes hemodialisados e os indivíduos
com alterações da imunidade, conforme orientações da DGS.
 Cerca de 5% das crianças vacinadas com VHB apresentam dor, rubor e tumefacção ligeira no
local da injecção.
 Em cerca de 15% dos adultos ocorre dor e enduração no local da injecção.
 As reacções sistémicas registadas são pouco comuns e, habitualmente, regridem em 24 a 48
horas. Referem-se principalmente:
 Febre baixa, com duração de um ou dois dias, que ocorre em cerca de 1% a 6% dos
vacinados;
 Mal-estar, astenia, fadiga, artralgias, mialgias, cefaleias, náuseas, tonturas, irritabilidade.

59
Estágio de Enfermagem Comunitária - 2013

2 MESES
I Parte

- Apresentação

- Preocupação dos Próprios

(saúde/ intercorrências desde última consulta/ outras consultas/ medicação)

II Parte

- Avaliação do desenvolvimento estato-ponderal (peso/estatura/perímetro


cefálico)

- Avaliação do desenvolvimento psico-motor (reflexos e interacção com o meio)

- Promoção para a Saúde:

Cuidados na diarreia/hipertermia/náuseas e vómitos

Importância do envolvimento do pai

A quem recorrer em situação de urgência

Aleitamento materno/alimentação

Vitamina D

Conduta face a sinais e sintomas comuns

Escolha de brinquedos

Monitorização do desenvolvimento da criança

Posição de deitar

Prevenção de acidentes/segurança

III Parte

- Programa Nacional de Vacinação (verificar BCG e VHB1 e reação às vacinas)


(administrar VIP1+DTPa1+Hib1 + VHB2);

! - Alertar alteração da vacinação dos 3 MenC1;

- Dúvidas

- Fornecimentos de folhetos informativos

- Marcação Próxima consulta/Registos

60
Estágio de Enfermagem Comunitária - 2013

Quadro VII – Locais de administração das vacinas do PNV: idade <12


meses
Braço esquerdo Braço direito
BCG ---------
Coxa esquerda Coxa direita
DTPa VHB
DTPa Hib Hib
DTPa VIP VIP
DTPa HibVIP

 As vacinas de administração intramuscular nunca devem ser inoculadas no


músculo nadegueiro/glúteo;
 Antes dos 12 meses de idade, as vacinas devem ser inoculadas na coxa (excepto
a BCG) e, a partir dessa idade, na parte superior do braço;
 Nos casos em que haja necessidade pode administrar-se mais do que uma
vacina no mesmo membro, desde que as injecções sejam distanciadas entre 2,5
a 5 cm.

Vacina monovalente contra a doença Vacina de oligossacáridos ou polissacárido


invasiva por Haemophilus influenzae b capsular de Haemophilus influenzae b,
(Hib) Tipo de vacina conjugados com uma proteína bacteriana
Prevenção de doença invasiva causada por
Indicações terapêuticas
Haemophilus influenzae tipo b
Reacção anafiláctica a:
- uma dose anterior da vacina Hib,
monovalente ou combinada
Contra-indicações
- algum dos constituintes da vacina
(incluindo a proteína de conjugação)

Precauções
alterações da coagulação ou terapêutica

61
Estágio de Enfermagem Comunitária - 2013

anticoagulante (ver “Vacinação em


Circunstâncias Especiais”)

Conservação

Dose e via de administração

externo, na face externa da região antero-


lateral da coxa direita
Local da injecção

na face externa da região antero-lateral do


terço superior do braço direito

Pode ser administrada simultaneamente


com outras vacinas em locais anatómicos
Compatibilidade diferentes ou no mesmo membro (excepto
com a BCG), desde que as injecções sejam
distanciadas entre 2,5 a 5 cm
No PNV a Hib existe combinada com a
Vacinas combinadas DTPa (tetravalente DTPaHib) e com a
DTPa e a VIP (pentavalente DTPaHibVIP)
A vacina Hib monovalente será utilizada apenas para acertos de esquemas vacinais em que a
VIP e/ou a DTPa não sejam necessárias, estejam contra-indicadas ou para vacinação em
circunstâncias especiais.
As crianças que tenham tido doença invasiva por Haemophilus influenzae b, antes dos 2 anos
de idade, devem ser vacinadas com Hib, independentemente do seu estado vacinal anterior,
administrando-se o número de doses previsto para a sua idade (Quadros II, III e IIIa). A
vacinação, por prescrição médica, deve ser iniciada 1 mês após o início da doença ou, tão cedo
quanto possível, depois dessa data.

62
Estágio de Enfermagem Comunitária - 2013

As crianças que tenham tido doença invasiva por Haemophilus influenzae b, aos 2 ou
mais anos de idade, não necessitam de ser vacinadas com Hib, independentemente do seu
estado vacinal anterior uma vez que, após esta idade, a doença invasiva induz imunidade de
longa duração.

Vacina “monovalente” contra a Vacina de vírus da poliomielite inteiros e


poliomielite (VIP) Tipo de vacina inactivados (tipos 1, 2 e 3)
Prevenção da poliomielite causada por vírus
Indicações terapêuticas
dos tipos 1, 2 e 3
Reacção anafiláctica a:
- uma dose anterior de VIP, monovalente ou
Contra-indicações combinada
- algum dos constituintes da vacina

estreptomicina ou polimixina B (situações


em que é indicada a vacinação em meio
hospitalar)
Precauções
alterações da coagulação ou terapêutica
anticoagulante (ver “Vacinação em
Circunstâncias Especiais”)

Conservação

Dose e via de administração


ser administrada por via intravascular em
circunstância alguma

externo, na face externa da região antero-


lateral da coxa direita
Local da injecção
na face externa da região antero-lateral do
terço superior do braço direito

Pode ser administrada simultaneamente


com outras vacinas em locais anatómicos
Compatibilidade diferentes ou no mesmo membro (excepto
com a BCG), desde que as injecções sejam
distanciadas entre 2,5 a 5 cm

63
Estágio de Enfermagem Comunitária - 2013

No PNV a VIP existe combinada com a


Vacinas combinadas DTPa (tetravalente DTPaVIP) e com a
DTPa e a Hib (pentavalente DTPaHibVIP)

Vacina trivalente contra a difteria, o Vacina combinada trivalente, contendo:


tétano e a tosse convulsa/pertussis - toxóide diftérico adsorvido (D)
(DTPa) Tipo de vacina - toxóide tetânico adsorvido (T)
- toxóide e subunidades de Bordetella
pertussis (Pa)

Prevenção da difteria, tétano e tosse


Indicações terapêuticas
convulsa

Reacção anafiláctica a uma dose anterior ou


a algum constituinte da DTPa ou a outras
vacinas contendo um ou mais destes
Contra-indicações antigénios
Encefalopatia* de etiologia desconhecida,
nos 7 dias após administração de uma
vacina com o componente pertussis

Alterações neurológicas que predisponham


ao aparecimento de convulsões ou
deterioração neurológica, nomeadamente
encefalopatia evolutiva (precaução para o
componente pertussis) – vacinação por
decisão do médico assistente
Precauções
Trombocitopenia, diátese hemorrágica,
alterações da coagulação ou terapêutica
anticoagulante (ver “Vacinação em
Circunstâncias Especiais”)
Doença aguda grave, com ou sem febre
Outras precauções (ver texto)

Conservação Conservar entre 2ºC e 8ªC. Não congelar

Dose e via de administração 0,5 mL


Intramuscular

64
Estágio de Enfermagem Comunitária - 2013

<12 meses de idade: músculo vasto externo,


na face externa da região antero-lateral da
coxa esquerda
Local da injecção
≥12 meses de idade: músculo deltóide, na
face externa da região antero-lateral do
terço superior do braço esquerdo

Pode ser administrada simultaneamente


com outras vacinas em locais anatómicos
Compatibilidade diferentes ou no mesmo membro (excepto
com a BCG), desde que as injecções sejam
distanciadas entre 2,5 a 5 cm
No PNV a DTPa existe combinada com a
Hib (tetravalente DTPaHib), com a VIP
Vacinas combinadas
(tetravalente DTPaVIP) e com a Hib e a
VIP (pentavalente DTPaHibVIP)

As precauções adicionais incluem a ocorrência de uma ou mais das seguintes reacções após
administração de uma dose de vacina contra a tosse convulsa:
Temperatura superior a 40,5ºC nas 48 horas seguintes à vacinação que não seja devida a outra
causa identificável;
Prostração intensa, colapso ou estado semelhante a estado de choque - episódio hipotónico-
hiporeactivo nas 48 horas seguintes à vacinação;
Choro contínuo e/ou gritos persistentes incontroláveis, com duração igual ou superior a 3
horas, nas 48 horas seguintes à vacinação;
Convulsões, com ou sem febre, ocorrendo no período de 3 dias após vacinação.

Em qualquer destas situações deve ser consultado o médico assistente que decidirá se a criança
deve continuar o esquema com a DTPa ou com a Td (ver “Segurança das Vacinas – Reacções
adversas”).
Uma história de convulsões febris não relacionadas com a vacinação contra a tosse convulsa
ou história de convulsões na família, não são uma contra-indicação à DTPa. Nestes casos,
pode ser administrado, por prescrição médica, paracetamol (≈15 mg/kg/dose), na altura da
vacinação, a repetir a cada 6 horas, durante 24 horas.

65
Estágio de Enfermagem Comunitária - 2013

3 MESES
I Parte

- Apresentação

- Preocupação dos Próprios

(saúde/ intercorrências desde última consulta/ outras consultas/ medicação)

II Parte

- Avaliação do desenvolvimento estato-ponderal (peso/estatura/perímetro


cefálico)

- Avaliação do desenvolvimento psico-motor (reflexos e interacção com o meio)

Motricidade global
• Em decúbito ventral eleva a cabeça e o tronco, com apoio nos antebraços.
• Em decúbito dorsal estica as pernas e dá pontapés de forma ritmada e simétrica.
• Quando apoia os pés flecte as pernas não fazendo força para ficar de pé.
• Quando traccionado pelas mãos, mantém a cabeça erecta e rectifica a metade superior
do dorso.

Motricidade fina/visão
• Abre e fecha as mãos.
• Brinca com elas e levando-as à linha média (à boca).
• Tenta agitar objectos com a mão. Quando colocada na mão, segura a roca e leva-a para
a face e agita-a.
• Olha com interesse para faces.
• Reconhece faces e objectos familiares a pouca distância.
• A visão continua imperfeita mas segue na horizontal e na vertical o movimento da
bola vermelha.
• Ainda pode ter estrabismo, sobretudo quando se aproxima o objecto, com pestanejo de
defesa, uma vez que a convergência não está bem consolidada.

66
Estágio de Enfermagem Comunitária - 2013

Linguagem/audição
• Reage ao som, localizando a fonte sonora e virando a cabeça.
• Sorri reconhecendo a voz da mãe.
• Emite monossílabos mais variados.
• Começa a imitar alguns sons.
• Gosta do diálogo em interacção com pequenos sons de resposta. É importante a mãe
incentivar este tipo de interacção e dar tempo para obter uma resposta do bebé, para que
haja, de facto, uma comunicação entre ambos.

Autonomia/socialização/comportamento
• Sorriso social.
• Gosta de brincar com outras pessoas e pode chorar quando a brincadeira acaba.
• Mais expressivo, comunica mais com a face e o corpo.
• Faz movimentos de antecipação quando o vão pegar.
• Imita alguns movimentos e expressões faciais.

ALARME
• Não fixa nem segue objectos, nem mesmo a face humana.
• Não vira os olhos para o som (sobretudo com a voz humana).
• Não sorri.
• Não tem controlo cefálico.
• Mãos sempre fechadas, não as abrindo mesmo se estimulado o dorso da mão.
• Membros rígidos em repouso, espástico.
• Sobressalto ao menor ruído.
• Chora e grita quando se toca.
• Pobreza de movimentos.
• Mais uma vez estes sinais de alarme ajudam a detectar patologia periparto, metabólica
ou défices sensoriais graves.

Promoção para a Saúde:

 Alimentação
 Vitamina D

67
Estágio de Enfermagem Comunitária - 2013

 Conduta face a sinais e sintomas comuns


 Monitorização do desenvolvimento da criança
 Prevenção de acidentes/segurança

III Parte

- Programa Nacional de Vacinação (verificar PNV)

- Alertar para alteração da vacinação dos 3 meses: MenC1 para os 12 meses.

- Dúvidas

- Fornecimentos de folhetos informativos

- Marcação Próxima consulta/Registos

4 MESES
I Parte
- Apresentação
- Preocupação dos Próprios
(saúde/ intercorrências desde última consulta/ outras consultas/ medicação)
II Parte
- Avaliação do desenvolvimento estato-ponderal (peso/estatura/perímetro cefálico)
- Avaliação do desenvolvimento psico-motor (reflexos e interacção com o meio)
- Promoção para a Saúde:
Introdução de Novos Alimentos/Água
Vitamina D
Conduta face a sinais e sintomas comuns
Monitorização do desenvolvimento da criança
Prevenção de acidentes/segurança
Creche/Ama
III Parte
- Programa Nacional de Vacinação (verificar PNV) (administrar VIP+DTPa+Hib)
- Alertar para alteração da Vacinação dos 5 meses: MenC2 para a dose única nos 12
meses.

68
Estágio de Enfermagem Comunitária - 2013

- Dúvidas
- Fornecimentos de folhetos informativos
- Marcação Próxima consulta/Registos

6 MESES
I Parte

- Apresentação

- Preocupação dos Próprios

(saúde/ intercorrências desde última consulta/ outras consultas/ medicação)

II Parte

- Avaliação do desenvolvimento estato-ponderal (peso/estatura/perímetro cefálico)

- Avaliação do desenvolvimento psico-motor (reflexos e interacção com o meio)

6 MESES
Motricidade global
• Em decúbito ventral, faz apoio nas mãos.
• Em decúbito dorsal eleva a cabeça e os membros inferiores; descobre os pés podendo
agarrá-los e levar à boca já que nesta fase há uma hipotonia transitória com grande
flexibilidade de movimentos.
• Rola e vira-se, pode já conseguir deslocar-se tipo ponteiros do relógio quando em
decúbito ventral.
• Quando tracionado pelas mãos, faz força para sentar. Pode ficar sentado sem apoio,
mas ainda não tem reacções de protecção lateral, pelo que pode cair.
• De pé faz apoio.

Motricidade fina/visão
• Faz preensão palmar, alcançando o objecto voluntariamente, transfere de uma mão
para a outra e pode já segurar dois brinquedos.
• Leva objectos à boca como forma de exploração (oral).
• Não tem noção de permanência do objecto pelo que esquece o que sai do seu campo
visual, não procurando o brinquedo que cai.

69
Estágio de Enfermagem Comunitária - 2013

• A visão é agora nítida e a convergência melhor, sendo o estrabismo raro ou


inconstante e apenas em situações extremas do olhar.
• Completa o desenvolvimento da visão cromática.
• Amadurece visão à distância e capacidade de seguir objectos.

Linguagem/audição
• Reage com localização da fonte sonora a 45 cm do ouvido.
• Vocaliza com mono e dissílabos variados, gostando de conversar e de interagir.
• Responde ao som fazendo sons.
• Reage ao seu nome e começa a perceber o «não».

Autonomia/socialização/comportamento
• Muito activo, atento e curioso, gostando do jogo social e manifestando alegria com
frequência.
• Interesse por imagens no espelho.
• Reage às expressões faciais dos outros.
• Dá os braços para o agarrarem ao colo.
• Inicia o treino da colher (papa e sopa).

ALARME
• Ausência de controlo cefálico.
• Membros inferiores rígidos, com passagem directa à posição de pé quando se tentar
sentarem, revelando espasticidade.
• Não olha nem pega em objectos, o que pode ser por défice sensorial, por falta de
interesse na exploração ou por incapacidade motora para o fazer.
• Assimetrias (usar só uma mão, por exemplo, pode ser sinal de patologia localizada
cerebral – acidente vascular cerebral ou atrofia cortical localizada pós asfixia).
• Não reage aos sons por surdez ou desinteresse.
• Não vocaliza, silencioso ou muito monocórdico.
• Desinteresse do ambiente, não estabelece contacto, apático.
• Irritabilidade, estremece sempre que é tocado.
• Estrabismo manifesto e constante.
• Persistência de reflexos primitivos.

70
Estágio de Enfermagem Comunitária - 2013

Promoção para a Saúde:

• Introdução de Novos Alimentos/Água


• Dentição e higiene Oral
• Vitamina D
• Conduta face a sinais e sintomas comuns
• Escolha de brinquedos
• Monitorização do desenvolvimento da criança
• Prevenção de acidentes/segurança
• Creche/Ama/ Reacção a estranhos

III Parte

- Programa Nacional de Vacinação (verificar PNV) (administrar: VIP3+DTPa3+Hib3 e


VHB3)

- Dúvidas

- Fornecimentos de folhetos informativos

- Marcação Próxima consulta/Registo

9 MESES
I Parte

- Apresentação

- Preocupação dos Próprios

(saúde/ intercorrências desde última consulta/ outras consultas/ medicação)

II Parte

- Avaliação do desenvolvimento estato-ponderal (peso/estatura/perímetro cefálico)

- Avaliação do desenvolvimento psico-motor (reflexos e interacção com o meio)

Motricidade global
• Fica sentado, sem apoios, por 10-15 min, uma vez que tem reacções de protecção
lateral e melhor equilíbrio.
• Põe-se de pé com apoio mas não se baixa.
• Desloca-se rastejando ou tentando gatinhar.

71
Estágio de Enfermagem Comunitária - 2013

Motricidade fina/visão
• Preensão e manipulação.
• Leva tudo à boca para exploração oral.
• Aponta com indicador, gosta de premir botões e explorar buracos.
• Faz pinça fina (apanha migalhas ou um fio da mesa).
• Atira objectos deliberadamente para o chão para ter noção do limite do seu corpo e da
profundidade do espaço.
• Procura objecto que caiu, pois já tem noção de permanência do objecto.

Linguagem/audição
• Reage de forma rápida a sons perto e longe.
• Localiza sons acima e abaixo do nível do ouvido.
• Palra com polissílabos (mamama, tatata…) e imita mais sons do adulto, sendo estes
polissílabos um sinal importante de bom prognóstico da evolução da fala.

Autonomia/socialização/comportamento
• Leva a comida à boca (bolacha, pão, massa) e apanha migalhas.
• Mastiga e, caso ainda não o faça por falta de estimulação, é fundamental reforçar a
importância de incentivar a mastigação e iniciar a manipulação da colher e do copo.
• Distingue os familiares dos estranhos (reacção ao estranho com choro) e manifesta
afecto dando «miminhos».
ALARME
• Não se senta.
• Permanece imóvel e não tenta mudar de posição.
• Assimetrias, posturais ou de movimentos.
• Estrabismo, mesmo que inconstante.
• Sem preensão palmar e não explora objectos oralmente.
• Não reage aos sons.
• Vocaliza monotonamente ou deixa de vocalizar
• Apático e sem reacção aos familiares.
• Engasga-se com facilidade.

72
Estágio de Enfermagem Comunitária - 2013

Promoção para a Saúde:

 Alimentação – principais erros alimentares e diversificação alimentar;


 Vitamina D e exposição solar;
 Dentição e escovagem dos dentes - Os primeiros dentes costumam romper por volta
dos 6-7 meses, mas quando acontece mais tarde não tem significado especial. O
bebé pode ficar rabugento e tem necessidade de friccionar as gengivas. Podem
começar a escovar os dentes duas vezes por dia;
 Hábitos intestinais e cólicas;
 Controlo dos esfíncteres;
 Relacionamento e temperamento;
 Acidentes e segurança;
 Desenvolvimento da linguagem;
 Exame físico (peso / estatura / perímetro cefálico / dentes / visão / audição /
confirmar a presença dos testículos na bolsa / fontanela anterior 12 aos 18 meses e
posterior aos 6 meses)

III Parte

- Programa Nacional de Vacinação (verificar PNV)

- Dúvidas

- Fornecimentos de folhetos informativos

- Marcação Próxima consulta/Registos

12 MESES
I Parte

- Apresentação

- Preocupação dos Próprios

(saúde/ intercorrências desde última consulta/ outras consultas/ medicação)

II Parte

- Avaliação do desenvolvimento estato-ponderal (peso/estatura/perímetro cefálico)

- Avaliação do desenvolvimento psico-motor (reflexos e interacção com o meio)

73
Estágio de Enfermagem Comunitária - 2013

Motricidade global
• Passa de decúbito dorsal a sentado.
• Tem bom equilíbrio sentado.
• Gatinha ou desloca-se rastejando ou mudando de posição.
• Põe-se de pé e baixa-se com ajuda das mãos, anda com apoio.

Motricidade fina/visão
• Explora os brinquedos de várias formas.
• Procura o objecto escondido (debaixo de um pano ou embrulhado) e abre a caixa à
procura do conteúdo.
• Tem interesse visual para perto e para longe (já vê o avião ou o passarinho).
• Bate um cubo no outro em imitação. Usa objectos de forma funcional (copo, telefone,
escova cabelo, etc.).

Linguagem/audição
• Reage rápido a sons suaves.
• Volta-se quando o chamam pelo nome.
• Compreende ordens simples («dá») e expressa o «não» com a cabeça.
• Palra muito com sons parecidos com os do adulto variando o tom (jargão) e de forma
expressiva. Tenta imitar palavras.
• Pode dizer 1 a 4 palavras ou sons, que aplica com intenção.
• Identifica, olhando, imagens quando nomeadas pelo adulto.
• Bebe pelo copo com ajuda.
• Segura a colher, mas não a usa sozinho. Come com a mão.
• Ajuda a vestir levantando os braços.
• Diz adeus, bate palminhas e imita gestos do adulto.
• Sorri ao espelho.
• Muito dependente do adulto e chora na separação.
• Tímido ou ansioso com estranhos.
• Demonstra afecto, gosta da interacção, do jogo social e da imitação do adulto.
• Completa a sua «gestação extra-uterina» ficando equiparado às crias precociais
quando nascem – anda, come, comunica - podendo a partir de agora transitar para o seu
quarto e iniciar o processo de autonomia.

74
Estágio de Enfermagem Comunitária - 2013

ALARME
• Não aguenta o peso nas pernas, por hipotonia; não se senta.
• Permanece imóvel e não tenta mudar de posição.
• Assimetrias; estrabismo.
• Não pega nos brinquedos ou fá-lo só com uma mão.
• Não faz pinça fina.

• Não responde à voz, não emite polissílabos, fica muito silencioso.


• Não brinca, nem estabelece contacto, não reage ao nome, não segue o apontar dos
pais, podendo estes ser sinais de alerta para possibilidade de perturbação da empatia, ou
seja, perturbação do espectro do autismo.
• Não mastiga – como já referido, é fundamental fazer um treino activo da mastigação e
das competências de autonomia.

Promoção para a Saúde:

Anorexia Fisiológica 2º ano de vida

Novas capacidades e aquisições – motoras, linguagem

Dentição e higiene Oral

Afirmação da Personalidade e Aprendizagem de Regras Sociais

Monitorização do desenvolvimento da criança

Prevenção de acidentes/segurança

III Parte

- Programa Nacional de Vacinação (verificar PNV) (Administrar VASPR1 e MenC1)

- Dúvidas

- Fornecimentos de folhetos informativos

- Marcação Próxima consulta/Registos

75
Estágio de Enfermagem Comunitária - 2013

Vacina monovalente contra a doença Vacina de oligossacárido ou polissacárido


invasiva por Neisseria meningitidis C capsular de Neisseria meningitidis C,
(MenC) Tipo de vacina conjugado com uma proteína bacteriana
Prevenção de doença invasiva por Neisseria
Indicações terapêuticas
meningitidis C
Hipersensibilidade a:
uma dose anterior da vacina MenC
Contra-indicações algum dos constituintes da vacina
(incluindo a proteína de conjugação)

Trombocitopenia, diátese hemorrágica,


alterações da coagulação ou terapêutica
Precauções anticoagulante (ver “Vacinação em
Circunstâncias Especiais”)
Doença aguda grave, com ou sem febre

Conservação Conservar entre 2ºC e 8ªC. Não congelar

0,5 mL
Dose e via de administração
Intramuscular

≥ 12 meses de idade: músculo deltóide, na


face externa da região antero-lateral do
terço superior do braço esquerdo
Local da injecção
< 12 meses de idade: músculo vasto
externo, na face externa da região antero-
lateral da coxa esquerda (no contexto de
vacinação pós-exposição)

76
Estágio de Enfermagem Comunitária - 2013

Pode ser administrada simultaneamente


com outras vacinas em locais anatómicos
Compatibilidade diferentes ou no mesmo membro (excepto
com a BCG), desde que as injecções sejam
distanciadas entre 2,5 a 5 cm
Vacinas combinadas No PNV a MenC é administrada isolada
 As crianças que tiveram doença invasiva por Neisseria meningitidis C, antes dos 2 anos de idade, devem
ser vacinadas com MenC, independentemente do seu estado vacinal anterior de acordo com o Quadro
XVII. Esta vacinação, por prescrição médica, deve ser iniciada 1 mês após o início da doença ou, tão
cedo quanto possível, depois desta data.
 As crianças imunocompetentes que tiveram doença invasiva por Neisseria meningitidis C, aos 2 ou mais
anos de idade, não necessitam de ser vacinadas com MenC, independentemente do seu estado vacinal
anterior, uma vez que, após esta idade, a doença invasiva provoca imunidade de longa duração.

Vacina trivalente contra o sarampo, a Vacina combinada trivalente contendo vírus


parotidite epidémica e a rubéola vivos atenuados do sarampo, da parotidite
(VASPR) Tipo de vacina epidémica e da rubéola
Prevenção do sarampo, parotidite epidémica
Indicações terapêuticas
e rubéola

da vacina, à neomicina, à gelatina ou a


outros componentes da vacina

Circunstâncias Especiais”)

Contra-indicações
trombocitopénica na sequência de uma dose
anterior da vacina

adquirida (ver “Vacinação em


Circunstâncias Especiais”)

“Vacinação em Circunstâncias Especiais”)

vacinação
Precauções
adquiridas (incluindo infecção por VIH),
não graves - pode ser administrada, por
prescrição médica (ver “Vacinação em
Circunstâncias Especiais”)

77
Estágio de Enfermagem Comunitária - 2013

não é contra-indicação* (situações em que é


indicada a vacinação em meio hospitalar -
ver “Segurança das Vacinas”)

imunoglobulinas (ver “Vacinação em


Circunstâncias Especiais”)

trombocitopénica idiopática

temporária à prova tuberculínica

Conservação

Dose e via de administração

vasto externo, na face externa da região


antero-lateral da coxa direita
Local da injecção
face externa da região antero-lateral do
terço superior do braço direito

com outras vacinas em locais anatómicos


diferentes ou no mesmo membro (excepto
com a BCG), desde que as injecções sejam
Compatibilidade distanciadas entre 2,5 e 5 cm

vivas não for simultânea deve respeitar-se


um intervalo mínimo de 4 semanas entre
vacinas

No PNV a VASPR é administrada apenas


Vacinas combinadas
nesta combinação
O desconhecimento da alergia às proteínas do ovo por ainda não ter sido introduzido ovo na
dieta, não constitui uma contra-indicação nem precaução à administração da VASPR
No âmbito do PNV, todos os indivíduos até aos 18 anos de idade (exclusive), sem registo de
vacinação contra o sarampo (VAS ou VASPR) e sem história credível de doença devem receber
sempre 2 doses de VASPR, de acordo com o esquema recomendado ou com u intervalo mínimo

78
Estágio de Enfermagem Comunitária - 2013

de 4 semanas. Assim deverão estar vacinadas com pelo menos uma dose de vacina contra a
rubéola e a parotidite e duas doses de vacina contra o sarampo (VAS/VASPR).
As adolescentes e as mulheres em idade fértil devem ser previamente inquiridas sobre uma
eventual gravidez antes da vacinação com a VASPR (ver “Vacinação em Circunstâncias
Especiais - Gravidez e Amamentação”).
Não é necessária a determinação prévia de anticorpos contra a rubéola para vacinar com a
VASPR8.

A VASPR pode ser administrada a indivíduos que já tenham tido uma das três doenças
(sarampo, parotidite epidémica ou rubéola) ou que tenham sido vacinados com qualquer
dos seus componentes isolados.

As mulheres devem ser informadas do risco teórico de malformações no feto se estiverem


grávidas no momento da vacinação com VASPR ou se engravidarem no período de 3 meses
após esta vacina, devido, principalmente, à componente contra a rubéola;

- A vacinação inadvertida com a VASPR durante a gravidez ou nos 3 meses antes de engravidar
não é motivo para interrupção da gravidez. Se aquela situação ocorrer, deverá ser declarada ao
médico assistente, ao responsável pela vacinação e ao Sistema Nacional de Farmacovigilância -
INFARMED.

- As puérperas não imunizadas ou cujo estado imunitário contra a rubéola e ou sarampo seja
desconhecido devem ser vacinadas com uma dose de VASPR ainda na maternidade ou na
consulta de revisão do puerpério, mesmo que tenham recebido recentemente imunoglobulinas
(ex. anti-a), não se perdendo assim oportunidades de vacinação (ver “Vacinação em
Circunstâncias Especiais – Terapêutica com produtos contendo imunoglobulinas”).

15 MESES
I Parte

- Apresentação

- Preocupação dos Próprios

(saúde/ intercorrências desde última consulta/ outras consultas/ medicação)

II Parte

- Avaliação do desenvolvimento estato-ponderal (peso/estatura/perímetro cefálico)

79
Estágio de Enfermagem Comunitária - 2013

- Avaliação do desenvolvimento psico-motor (reflexos e interacção com o meio)

Motricidade global
• Começa a dominar a marcha, ainda de base alargada. Pode ainda andar só com apoio,
já que a marcha autónoma pode surgir entre os 9 e os 18 meses, sendo mais importante
a noção de que a criança se desloca de alguma forma.

Motricidade fina/cognição não verbal


• Começa a definir a lateralidade dominante, usando mais uma mão, mas utilizando a
outra como mão de apoio.
• Segura o lápis como se fosse escrever.
• Empilha dois cubos, rola a bola.
• Põe e tira objectos de recipientes.

Linguagem/raciocínio prático
• Tem 4-5 palavras mas compreende muito mais e identifica objectos a pedido.
• Olha para o que os pais apontam, iniciando uma atenção conjunta e triangulando o
olhar com os pais e objectos.
• Aponta para pedir (proto-imperativo) e depois para mostrar (proto-declarativo), como
forma de interacção social.
• Tenta cantar, gosta de música e de ver o livro de imagens.

Autonomia/socialização/comportamento
• Bebe pelo copo e usa a colher.
• Procura a independência e tem noção de território e de posse. É a altura em que foge
aos pais e começa a fazer birras.
• Reage à frustração com atitudes primitivas: grita, arranha, morde.
ALARME
• Ausência de tentativa de se deslocar ou de explorar o ambiente.
• Exploração dos objectos ainda prioritariamente oral.
• Não faz sons variados e polissílabos, não tenta imitar o som do adulto.
• Não faz pinça fina e não usa funcionalmente os objectos.

80
Estágio de Enfermagem Comunitária - 2013

• Não aponta ou tenta usar o gesto como suporte da comunicação.


• Não cumpre ordens simples.

Promoção para a Saúde:

 Alimentação
 Anorexia Fisiológica 2º ano de vida
 Dentição e higiene Oral
 Personalidade e Regras Sociais, Birras e Negativismo
 Estilos de vida saudáveis (brincar, passear, dormir)

III Parte

- Programa Nacional de Vacinação (verificar PNV) (informar sobre vacinação dos 18


meses Hib4 e DTPa4)

- Dúvidas

- Fornecimentos de folhetos informativos

- Marcação Próxima consulta/Registos

18 MESES
I Parte

- Apresentação

- Preocupação dos Próprios

(saúde/ intercorrências desde última consulta/ outras consultas/ medicação)

II Parte

- Avaliação do desenvolvimento estato-ponderal (peso/estatura/perímetro cefálico)

- Avaliação do desenvolvimento psico-motor (reflexos e interacção com o meio)

Motricidade global
• Anda bem, recua, baixa-se e apanha um brinquedo do chão e dá uma corrida pequena.
• Sobe escadas com apoio.

Motricidade fina/cognição não verbal


• Tem a lateralidade mais definida, faz rabiscos no papel, empilha três cubos.

81
Estágio de Enfermagem Comunitária - 2013

• Olha para o livro e volta páginas, com mais interesse no conteúdo.


• Faz puzzle de três peças com formas simples, com noção de forma e cor.

Linguagem/raciocínio prático
• Usa 6-26 palavras reconhecíveis e compreende muito mais.
• Mostra três partes do corpo e mostra os sapatos a pedido.
• Identifica objectos de uso corrente e nomeia alguns (bola, carro).
• Usa o gesto para comunicar, aponta, mostra e partilha.

Autonomia/socialização
• Bebe pelo copo sem entornar, segurando-o com ambas as mãos.
• Usa a colher entornando pouco.
• Descalça sapatos e peúgas.
• Não gosta que lhe peguem, demonstrando independência crescente, mas quer muita
atenção. Alguns comportamentos de desafio.
• Ansiedade de separação, que tem um pico por volta dos 18 meses e depois abranda de
novo.
• Imita actividades domésticas, inicia o jogo simbólico.
• Imita o comportamento dos outros.
• Mais noção do seu «eu» e mais excitado com a companhia de crianças, iniciando a
socialização.
ALARME
• Não se põe de pé, anda em pontas; não anda; assimetrias.
• Não faz pinça fina, atira objectos ou leva-os sistematicamente à boca, não
apresentando uso funcional.
• Ausência de resposta à voz, não vocaliza espontaneamente, não tem a palavras
perceptíveis.
• Não se interessa pelo que o rodeia, não estabelece contacto
e não apresenta intencionalidade comunicativa.
• Não cumpre ordens.

Promoção para a Saúde:

• Anorexia Fisiológica 2º ano


• Alimentação / prevenção de erros alimentares

82
Estágio de Enfermagem Comunitária - 2013

• Dentição e higiene Oral


• Temperamento e relacionamento: independência / ansiedade de separação,
terrores nocturnos
• Monitorização do desenvolvimento da criança
• Prevenção de acidentes/segurança
• Desmame do Biberão
• Calçado
• Brincar / Desenhar / Hábitos de Televisão / Ritual de ir para a cama

III Parte

- Programa Nacional de Vacinação (verificar PNV) (administrar DTPa4+Hib4)

- Dúvidas

- Fornecimentos de folhetos informativos

- Marcação Próxima consulta/Registos

2 ANOS
I Parte

- Apresentação

- Preocupação dos Próprios

(saúde/ intercorrências desde última consulta/ outras consultas/ medicação)

II Parte

- Avaliação do desenvolvimento estato-ponderal (peso/estatura/perímetro cefálico)

- Avaliação do desenvolvimento psico-motor (reflexos e interacção com o meio)

Motricidade global
• Corre bem, chuta a bola, salta a pés juntos, sobe e desce degraus.

Motricidade fina/cognição não verbal


• Lateralidade mais definida, usa mais uma mão.
• Constrói torres de seis cubos.
• Imita rabisco circular.
• Coordena as duas mãos, deitando água de um para outro recipiente.

83
Estágio de Enfermagem Comunitária - 2013

• Vê o livro, passando página a página.


• Tem noção de cores e formas e sabe seleccionar por grupos iguais.
• Desenrosca a tampa da garrafa.

Linguagem/raciocínio prático
• Diz o primeiro nome.
• Faz monólogos enquanto brinca.
• Diz holofrases (já tá e dá cá) e junta palavras (mãe rua, quero papa).
• Identifica muitos objectos e pessoas e nomeia alguns objectos.
• Segue ordens simples.
• Repete palavras que ouviu.

Autonomia/socialização/comportamento
• Inicia treino dos esfíncteres diurno.
• Pede brinquedos; ainda faz jogo paralelo mas gosta de interagir. Pede alimentos à
mesa, come bem com a colher e bebe pelo copo sem entornar.
• Ajuda a vestir, põe o chapéu e calça sapatos e identifica várias partes do corpo.
• Imita comportamento dos adultos e outras crianças. Tem jogo imitativo - em que imita
acções dos outros - e jogo simbólico - em que usa objectos fingindo ser algo diferente
ou recria personagens.
• Gosta de brincar com outros mas é muito possessivo e com independência crescente.
• Começa a testar limites e regras parentais, é desafiante e faz birras.
• É importante perceber a vinculação, a estruturação parental e as rotinas que estão
implementadas em relação à alimentação, sono, higiene, controlo de birras, para dar
estratégias aos pais e evitar agravamento dos problemas no futuro.
ALARME
• Não anda ou anda sistematicamente em pontas, o que pode ser um sinal de hipertonia
distal dos membros inferiores ou alertar para aspectos comportamentais (por ser uma
estereotipia).
• Deita objectos fora e não constrói nada.
• Não parece compreender o que lhe dizem.
• Não tem palavras inteligíveis.
• Não procura imitar, não se interessa pelo meio e pelas pessoas e não tenta interagir.

84
Estágio de Enfermagem Comunitária - 2013

• Não aponta, não pede, não mostra.


• Birras desajustada em frequência e intensidade ou sem motivos aparentes.
- Promoção para a Saúde:

• Alimentação/prevenção de erros alimentares


• Dentição e higiene Oral
• Controlo dos esfincteres
• Aprendizagens de hábitos de higiene, regras e rotinas na vida diária
• Desmame da chupeta
• Brincar e Desenhar, estimular a criatividade / Hábitos de Televisão / Ritual de ir
para a cama
• Roupa e calçados adequados
• Prevenção de acidentes/segurança

III Parte

- Programa Nacional de Vacinação (verificar PNV)

- Dúvidas

- Fornecimentos de folhetos informativos

- Marcação Próxima consulta/Registos

3 ANOS
I Parte

- Apresentação

- Preocupação dos Próprios

(saúde/ intercorrências desde última consulta/ outras consultas/ medicação)

II Parte

- Avaliação do desenvolvimento estato-ponderal (peso/estatura/perímetro cefálico)

- Avaliação do desenvolvimento psico-motor (reflexos e interacção com o meio)

Motricidade global
• Tem equilíbrio momentâneo num pé.
• Salta a pés juntos e sobe degraus alternando o pé.
• Anda em bicos de pés de forma voluntária.

85
Estágio de Enfermagem Comunitária - 2013

• Corre, chuta a bola e pedala o triciclo.

Motricidade fina/cognição não verbal


• Faz torre de oito cubos, imita a ponte de três cubos.
• Enfia contas, enrosca e tenta cortar com tesoura.
• Imita a cruz e copia o círculo (ainda incompleto).
• Selecciona por cores e faz puzzles tendo noção de forma e de tamanho.
• É importante que conclua as tarefas, embora o tempo de concentração seja muito curto
(5-10 min).

Linguagem/raciocínio prático
• Sabe o nome e apelido e o sexo.
• Pergunta, canta, define objectos pelo uso.
• Usa frases de 3 a 5 palavras, com advérbios e adjectivos.
• Vocabulário extenso mas que pode ser incompreensível para estranhos e ter defeitos
de articulação e imaturidades na fala.
• Conhece o dinheiro, tem noção de maior, compara tamanhos e repete três dígitos
(memória verbal imediata).

Autonomia/socialização/comportamento
• Usa a casa de banho sozinho, mas pode não controlar a micção durante a noite.
• Come com colher e garfo.
• Desabotoa botões (ainda não abotoa).
• Tem jogo imaginativo e partilha a brincadeira com os outros; pode ter um amigo
imaginário ou brincadeiras com fantasia.
• Adquire noção de ironia, faz «palhaçadas» e é muito social, embora possa variar com
o temperamento de cada criança.
• As birras são mais intencionais, surgem os terrores nocturnos, os medos e fobias
porque tem mais noção do ambiente e dos perigos.
• Muito egocêntrico e incapaz de adiar a recompensa ou de esperar a sua vez.
• Já consegue estar separado dos pais sem grande ansiedade e tem alguma dificuldade
em lidar com alterações na rotina.

86
Estágio de Enfermagem Comunitária - 2013

ALARME
• Anda sistematicamente em pontas.
• Mantém flapping dos braços quando excitado. Este comportamento pode ser normal
até esta idade, desde que seja isolado e não associado a outras estereotipias, mas deve
desaparecer a partir dos três anos.
• Não parece compreender o que lhe dizem, não junta duas palavras.
• Não usa funcionalmente os objectos e não tenta fazer algo construtivo ou criativo.
• Não tenta interagir com os outros, não socializa, não mostra, não partilha, não pede.
• Não usa o gesto como suporte da comunicação no caso de dificuldades na expressão
verbal.
Promoção para a Saúde:

Alimentação adequada

Dentição e higiene Oral

Temperamento – Negativismo, birras, ciúmes, rivalidade

Relacionamento com outras crianças

Desenvolvimento cognitivo

Descoberta do sexo

Brincar e Desenhar, estimular a criatividade / Hábitos de Televisão / Ritual de ir para a


cama

Prevenção de acidentes/segurança

III Parte

- Programa Nacional de Vacinação (verificar PNV)

- Dúvidas

- Fornecimentos de folhetos informativos

- Marcação Próxima consulta/Registos

5 – 6 ANOS
I Parte

- Apresentação

87
Estágio de Enfermagem Comunitária - 2013

- Preocupação dos Próprios

(saúde/ intercorrências desde última consulta/ outras consultas/ medicação)

II Parte

- Avaliação do desenvolvimento estato-ponderal (peso/estatura/tensão


artéria/dentes/coração/postura/visão/audição/linguagem)

- Avaliação do desenvolvimento psico-motor (reflexos e interacção com o meio)

5 ANOS
Motricidade global
• Corre e chuta a bola, sobe e desce escadas e tem grande agilidade e autonomia.
• Atira bola ao ar e apanha.

Motricidade fina/cognição não verbal


• Desenha com mais detalhes a figura humana, faz uma casa e formas variadas, desenha
o triângulo.
• Recorta bem com tesoura.
• Faz construções mais elaboradas e tem noção de padrões e sequências.

Linguagem/raciocínio prático
• Discurso fluente podendo ter pequenas incorrecções articulatórias ou sigmatismo que
devem tentar ser corrigidos antes de iniciar a escola (nesta fase já há boa colaboração da
criança).
• Grande aumento de vocabulário, com definição de opostos, materiais, noções
temporais e de velocidade.
• Usa frases de 5 palavras e com tempos verbais, embora por vezes com algumas
incorrecções gramaticais.
• Conta até 15 e conhece as moedas.

Autonomia/socialização
• Lava-se, veste-se e despe-se sem ajuda. Come com faca e garfo.
• É autónomo na casa de banho.
• Escolhe os amigos, gosta de lhes agradar e por vezes tenta imitá-los.
• Gosta de dançar, cantar e fazer teatro e já é capaz de ficar sozinho com os amigos ou
em casa de vizinhos.

88
Estágio de Enfermagem Comunitária - 2013

• Distingue a fantasia da realidade.


• Compreende as regras do jogo.
• Concentração aumenta (15-20 min).
6 ANOS

• Bate a bola e apanha, atira ao ar e apanha.


• Saltita e salta bem ao «pé coxinho».
Motricidade fina/cognição não verbal
• Desenha a figura humana e a casa com pormenor, escreve letras e alguns números,
escreve o seu nome.
• No caso de ainda não ter lateralidade bem definida (pode só se completar por volta dos
sete anos) pode cometer erros visuoespaciais e desenhar letras em espelho e ainda não
ter a noção das regras de escrita (sequência da esquerda para a direita, que as letras
devem ficar todas juntas e as palavras separadas por espaços, etc.), o que deve ser
corrigido e ensinado activamente. Não são indicadores de dislexia, nem de necessidade
de correcção visual.
• Faz encaixes complexos e construções criativas e replica formas sem modelo.
Linguagem/raciocínio prático
• Fala bem, com vocabulário rico, palavras descritivas e partículas de ligação; boa
sintaxe. Gosta de ajudar e sabe fazer tarefas de forma autónoma.
• Faz adições simples contando pelos dedos e tem memória de cinco dígitos.
• Tem um amigo preferido, interesses mais específicos e atenção dirigida (30-50 min),
estando apto a iniciar a escola.
ALARME (dos 4 aos 6 anos)
• Hiperactivo e agitado, ou distraído e com dificuldades de concentração, que não vai
melhorando ao longo deste período podem ser indicadores de Perturbação de
Hiperactividade e Défice de Atenção, se não houver um aumento progressivo do tempo
de atenção.
• Comportamento muito difícil, o positivo e desafiante que não é controlável pelos pais
justifica uma referenciação.
• Problemas de interacção social, associados ou não a comportamentos repetitivos e
estereotipados e dificuldades na comunicação e empatia, que podem ser sinal de
perturbação do espectro do autismo ou Síndrome de Asperger.

89
Estágio de Enfermagem Comunitária - 2013

• Linguagem incompreensível aos quatro anos, não conseguindo descrever uma figura,
ou com substituições fonéticas e erros articulatórios presentes aos cinco ou seis anos,
necessitam avaliação e intervenção.
• A criança com dificuldade na aprendizagem das letras ou que na escola (aos sete anos)
não aprende a ler pode ter uma dislexia e deverá também ser referenciada.
• Suspeita de défices auditivos e visuais mais ligeiros que devem sempre ser vigiados e
detectados, sobretudo em crianças com problemas do desenvolvimento. Se por um lado
é feito o rastreio de otoemissões ao nascer e nas diferentes etapas se foi avaliando a
audição e visão, no caso de haver suspeitas de défices devem sempre ser avaliados e
orientados por um oftalmologista ou otorrinolaringologista ou pedido audiograma e
timpanograma e um rastreio da visão.
- Promoção para a Saúde:

• Alimentação adequada/prevenção de erros alimentares


• Higiene Oral
• Hábitos de vida saudáveis
• Preparação para entrada na escola, prevenção de insucesso escolar, postura na
escola e no estudo
• Regras e rotinas de vida
• Desenvolvimento cognitivo, lateralidade
• Prevenção de acidentes/segurança – caminhos para a escola, transporte escolar
• Estimular a criatividade / Hábitos de Televisão

III Parte

- Programa Nacional de Vacinação (verificar PNV, administrar VIP4, DTPa5, VASPR2

- Dúvidas

- Fornecimentos de folhetos informativos

- Marcação Próxima consulta/Registos

90
Estágio de Enfermagem Comunitária - 2013

Consulta de Utentes com Hipertensão Arterial

O que é a Hipertensão Arterial (HTA)?

A Hipertensão Arterial consiste numa subida persistente dos valores da pressão arterial
(pressão que o sangue provoca nas artérias, que é influenciada pela resistência
periférica, débito cardíaco e contracções cardíacas).

O diagnóstico de hipertensão arterial (HTA) define-se, em medição de consultório,


como a elevação persistente, em várias medições e em diferentes ocasiões, da pressão
arterial sistólica (PAS) igual ou superior a 140 mmHg e/ou da pressão arterial diastólica
(PAD) igual ou superior a 90 mmHg, conforme quadro:

Definição e classificação dos níveis da Pressão Arterial sistólica Pressão Arterial diastólica
pressão arterial em adultos (idade igual (mmHg) (mmHg)
ou superior a 18 anos) Categoria - 1
Ótima <120 e <80
Normal 120-129 e/ou 80-84
Normal-Alta - 2 130-139 e/ou 85-89
Hipertensão arterial (HTA) - 3 140-159 e/ou 90-99
Grau 1 (HTA ligeira) 160-179 e/ou 100-109
Grau 2 (HTA moderada) ≥180 e/ou ≥110
Grau 3 (HTA grave)
Hipertensão Sistólica isolada (HSi) - 4 ≥ 140 e <90
1 - Esta classificação é válida para adultos com 18 ou mais anos de idade que não tomem fármacos anti-
hipertensores e não apresentem nenhum processo patológico agudo concomitante. Quando as pressões
arteriais sistólica e diastólica estejam em diferentes categorias considera-se a categoria do valor mais
elevado.
2 - As pessoas com pressão arterial normal-alta têm risco cardiovascular mais elevado comparativamente
às que apresentam uma pressão arterial ótima (risco relativo de 2.5 na mulher e 1.6 no homem).
3 - Valores médios de duas medições, realizadas em pelo menos três consultas, após a deteção inicial de
valores elevados de pressão arterial.
4 - A HSi classifica-se também em graus de 1 a 3, segundo os seus valores de pressão arterial sistólica e
com idênticos escalões aos da hipertensão arterial.

 Para o diagnóstico de hipertensão arterial, é necessário que a pressão arterial se


mantenha elevada nas medições realizadas em, pelo menos, duas diferentes consultas,
com um intervalo mínimo entre elas de uma semana.
 Em cada consulta deve medir-se a pressão arterial, pelo menos, duas vezes, com um
intervalo mínimo, entre elas, de dois minutos, sendo registadas no processo clínico as
médias aritméticas da pressão arterial sistólica e da pressão arterial diastólica.

FACTORES DE RISCO

91
Estágio de Enfermagem Comunitária - 2013

excesso de sal (Na+ aumenta a retenção de água – e aumento do volume


sanguíneo);

 O sal, ou sal de cozinha, quimicamente designado por cloreto de sódio (NaCl) é constituído por dois
+
minerais: o sódio e o cloro. O sódio (Na ) é um nutriente essencial ao organismo, sendo o sal a
maior fonte deste mineral na dieta. No entanto, verifica-se que o consumo excessivo,
particularmente de sódio, apresenta inúmeras consequências (ex. aumento do risco de
aparecimento de cancro e sobrecarga do funcionamento renal).
 Uma das principais consequências, a longo prazo, do consumo excessivo de sal é a hipertensão
arterial (HTA). Esta patologia pode ser definida como valores de pressão arterial maiores ou iguais a
140/90 mm Hg em medições repetidas. Sendo que os valores óptimos de tensão arterial para
adultos são de, aproximadamente, 120/80 mm Hg.
 De acordo com um relatório publicado em 2003 pela Organização Mundial de Saúde (OMS), o ideal
seria um consumo máximo de 5 g diárias de sal (aproximadamente uma colher de chá), num total de
2 g de sódio.
 Os bebés não devem consumir alimentos com adição de sal, sendo ainda de referir que as
recomendações para a ingestão de sal nas crianças são muito inferiores às recomendadas para os
adultos.

O quadro seguinte ilustra as quantidades de sódio e sal recomendadas para diversas faixas etárias:

Idade Quantidade Objectivo de ingestão média de sal (g/dia)


Recomendada

Sódio (g/dia) Sal (g/d) Objectivo de ingestão


2
0-6 meses* 0,242 0,6 <1
2
7-12 meses* 0,334 0,84 1

1-3 anos 0,500 1,28 2

4-6 anos 0,700 1,80 3

7-10 anos 1,200 3,06 5

11-14 anos 1,600 4,08 6


3
Adultos* 1,900 5,00 6

Tabela adaptada do Scientific Advisory Committee on Nutrition, Salt and Health, 2003.
*2 As quantidades recomendadas para as crianças com idade de 0-6 meses
representam uma média das quantidades recomendadas para os grupos de 0-3 e 3-6
meses de idade; as quantidades recomendadas para as crianças de 7-12 meses
representam uma média das quantidades recomendadas para os grupos de 7-9 e 10-
12 meses de idade.
*3 As quantidades recomendadas para os adultos foram obtidas a partir das
recomendações da OMS.

92
Estágio de Enfermagem Comunitária - 2013

Nota: É de salientar que a última coluna da tabela representa o objectivo de ingestão


que se pretende atingir e não um nível ideal, ou óptimo de consumo.

Ao contrário do que se possa pensar, a maior parte do sal consumido, no dia a dia, é
proveniente não tanto das refeições cozinhadas em casa, mas sim dos alimentos pré-
preparados comprados fora de casa.

Mesmo utilizando pequenas porções de sal para cozinhar e não adicionando sal
fino (sal de mesa) aos pratos confeccionados, em caso de consumo de uma grande
quantidade de alimentos pré-preparados, já cozinhados ou prontos a comer (ex. sopas
instantâneas, fumados, enchidos, enlatados, caldos de carne, molhos pré-preparados,
manteigas com sal, batatas fritas de pacote, entre outros) está, provavelmente, a
consumir-se uma quantidade de sal superior à recomendada. Desta forma, os
alimentos pré-preparados contribuem para cerca de 80% da ingestão de sal.

À semelhança do que acontece na vida adulta, o sal é de extrema importância também


na infância já que a redução da sua ingestão na infância pode levar à redução do risco
de problemas cardíacos, nomeadamente ataques cardíacos e falência cardíaca em
idade adulta.

Durante os primeiros meses de vida a criança tem um contacto muito ténue com o sal,
isto porque tanto o leite materno, como as fórmulas contêm sal em quantidades muito
reduzidas. O leite materno contém, no início da lactação, cerca de 0,160 g de sódio
(0,4 g de sal), passando a aproximadamente 0,120 g de sódio (0,3 g de sal) no
período final de lactação. Os reduzidos níveis de sal são uma vantagem para o bebé
que, comparativamente, a um indivíduo adulto apresenta uma menor capacidade de
excreção de sódio.

Contudo, uma vez que a criança comece a comer um vasto leque de alimentos, a sua
ingestão de sal aumenta rapidamente, ocorrendo um ajuste dos seus receptores de
sabor às elevadas concentrações do mesmo nos alimentos. Desta forma, a criança
desenvolve um gosto por alimentos salgados, o que resulta muitas vezes num
consumo de sal em quantidades superiores às verificadas em adultos.

A pressão arterial das crianças é inferior à dos adultos, porém não existem valores
estabelecidos para o diagnóstico de hipertensão arterial nas faixas etárias mais
jovens.

Sabe-se que o peso corporal e a excreção de sódio estão directamente associados à


pressão arterial sistólica, sendo que crianças obesas apresentam uma pressão arterial
sistólica mais elevada que crianças não obesas para a mesma excreção de sódio.
Sugerindo-se, desta forma, a existência de uma ligeira disfunção renal em crianças
obesas.

Crianças com parentes próximos (primeiro grau) hipertensos apresentam uma maior
probabilidade de desenvolvimento de hipertensão arterial.

93
Estágio de Enfermagem Comunitária - 2013

Quanto mais precoce for a exposição da criança a elevados níveis de sódio, maior
será a probabilidade da mesma desenvolver tensão arterial elevada em idade adulta.
Estudos realizados indicam que crianças alimentadas a leito materno apresentam
menor probabilidade de HTA, comparativamente a crianças alimentadas,
exclusivamente, a formulações lácteas. E que numa intervenção de apenas seis
meses é possível encontrar diferenças, em termos de pressão arterial, em bebés que
seguem uma alimentação com baixo teor de sódio (0,1 g) e bebés com alimentação de
teor de sódio normal (0,3 g).

São, de facto, necessários mais estudos que se foquem no impacto do sal ao nível da
pressão arterial em crianças, já que muitos dos trabalhos realizados são de difícil
interpretação devido a questões metodológicas.

Para que a criança cresça saudável podem e devem ser seguidos alguns conselhos,
tais como: não comprar alimentos dirigidos às crianças, com elevadas quantidades de
sal, não cozinhar com sal e não permitir que as crianças adicionem sal ao seu prato ou
a outros alimentos que vão consumir.

Devem, também, ser controlados outros factores como o estilo de vida e a prática de
actividade física, de forma a prevenir a obesidade e outras patologias que possam
promover um futuro quadro de hipertensão.

MANIFESTAÇÕES DE HTA

A HTA é geralmente assintomática nas primeiras fases, mas com o evoluir da doença
apresenta os seguintes sinais e sintomas:

94
Estágio de Enfermagem Comunitária - 2013

-cordial/precardialgia;

Complicações tardias da HTA

Insuficiência
Cardíaca Congestiva; Acidentes Vasculares Cerebrais e Consequente Isquémia
Cerebral.

a perfusão diminui, o
glomérulo é privado do abastecimento sanguíneo, podendo surgir uma situação de
insuficiência renal.

que dá dor) - Gangrena (necrose dos tecidos) - amputação;

- cegueira.

Prevenção e Gestão da Doença – Estilos de Vida Saudável

- Hábitos Alcoolicos / Tabágicos

- Hábitos Alimentares

- Hábitos de Eliminação

- Hábitos de Higiene

- Hábitos de Sono e Repouso

- Importância da consulta periódica

- Importância da prática de exercicio fisico

- Importância da realização de meios complementares de diagnóstico médico

- Importância da gestão adequada da medicação

95
Estágio de Enfermagem Comunitária - 2013

A adopção de um estilo de vida saudável proporciona geralmente uma descida


significativa da pressão arterial, que pode ser suficiente para baixar até valores
tensionais normais. As vantagens que advêm de não ser, nestes casos, necessário
recorrerem a medicamentos (ou ser possível reduzir a sua quantidade) são por demais
evidentes para necessitarem de ser enumeradas.

- Reduzir o consumo de sal. A diminuição do consumo de sal reduz a pressão arterial


em grande número dos hipertensos. Esta redução pode ser efectuada, não adicionando
sal (ou reduzindo gradualmente a sua quantidade) quer durante a confecção dos
alimentos, quer à mesa, evitando ainda ingerir alimentos salgados.

- Reduzir a ingestão de alimentos ricos em gordura e realizar controlo periódico dos


níveis de colestrol e triglicéridos.

- Exercício físico. Através de uma prática física regular pode-se reduzir


significativamente a pressão arterial. O exercício escolhido deve compreender
movimentos cíclicos (marcha, corrida, natação, dança). Os hipertensos devem evitar
esforços acentuados que aumentam a pressão arterial.

96
Estágio de Enfermagem Comunitária - 2013

Consulta de Utente com Diabetes

O que é a Diabetes?

Desordem metabólica de etiologia múltipla, caracterizada por:

 Hiperglicemia crónica que resulta de:

Afecção que assenta num defeito da formação dos mecanismos de reserva e utilização
de alimentos, isto é, nos mecanismos de gestão de energia:

o dos lípidos

O diagnóstico de diabetes
É feito com base nos seguintes parâmetros e valores para plasma venoso na população
em geral:
a) Glicemia de jejum ≥ 126 mg/dl (ou ≥ 7,0 mmol/l); ou
b) Sintomas clássicos + glicemia ocasional ≥ 200 mg/dl (ou ≥ 11,1 mmol/l); ou
c) Glicemia ≥ 200 mg/dl (ou ≥ 11,1 mmol/l) às 2 horas, na prova de tolerância à glicose
oral (PTGO) com 75g de glicose; ou
d) Hemoglobina glicada A1c (HbA1c) ≥ 6,5%.

O diagnóstico da diabetes gestacional


faz‐se com base nos seguintes valores para plasma venoso:
a) Glicemia de jejum, a realizar na 1.ª consulta de gravidez, ≥ 92 mg/dl e < 126 mg/dl
(ou ≥ 5,1 e < 7,0 mmol/l);
b) Se glicemia de jejum < 92 mg/dl, realiza‐se PTGO com 75 g de glicose, às 24‐28
semanas de gestação. É critério para diagnóstico de diabetes gestacional, a confirmação
de um ou mais valores:

97
Estágio de Enfermagem Comunitária - 2013

 Às 0 horas, glicemia ≥ 92 mg/dl (ou ≥ 5,1 mmol/l);


 À 1 hora, glicemia ≥ 180 mg/dl (ou ≥ 10,0 mmol/l);
 Às 2 horas, glicemia ≥ 153 mg/dl (ou ≥ 8,5 mmol/l).
6. A classificação da diabetes estabelece a existência de quatro tipos clínicos,
etiologicamente distintos:
a) Diabetes tipo 1;
b) Diabetes tipo 2;
c) Diabetes gestacional;
d) Outros tipos específicos de diabetes.

Tipo 1

- casos atribuídos a processos auto-imunes em que há destruição


das células ß e propensão para a cetoacidose – presença de Ac anti-descarboxilase do
ácido glutâmico ou contra as células dos ilhéus ou contra a insulina – secreção de
insulina diminuída ou inexistente.

não imunológica ou ideopática - casos que resultam da destruição das células ß


dos ilhéus pancreáticos e estão predispostos a terem cetoacidose, sem etiologia e
patogénese conhecida.

 A diabetes tipo 1 resulta da destruição das células ß dos ilhéus de Langerhans do


pâncreas, com insulinopenia absoluta, passando a insulinoterapia a ser indispensável
para assegurar a sobrevivência. Na maioria dos casos, a destruição das células dá‐se
por um mecanismo autoimune, pelo que se denomina diabetes tipo 1 auto‐imune.
Nalguns casos não se consegue documentar a existência do processo imunológico,
passando nestes casos a ser denominarse por diabetes tipo 1 idiopática.
 A diabetes tipo 1 corresponde a 5‐10% de todos os casos de diabetes e é, em regra,
mais comum na infância e adolescência.
 Quando a destruição da célula ß é súbita, a cetoacidose é muitas vezes a primeira
manifestação da diabetes tipo 1.

Tipo 2

Forma mais comum, que resulta de distúrbios na acção e secreção da insulina, podendo
qualquer uma delas ser predominante, quase sempre acompanhada de insulino-
resistência. Causada por: secreção de insulina deficiente e/ou insuficiente para

98
Estágio de Enfermagem Comunitária - 2013

compensar a resistência à insulina; secreção deficiente de insulina que mantém acção


normal.

 A diabetes tipo 2 é a forma mais frequente de diabetes, resultando da existência de


insulinopenia relativa, com maior ou menor grau de insulinorresistência. Corresponde a
cerca de 90% de todos os casos de diabetes e, muitas vezes, está associada a
obesidade, principalmente abdominal, a hipertensão arterial e a dislipidemia.
 Os outros tipos específicos de diabetes correspondem a situações em que a
diabetes é consequência de um processo etiopatogénico identificado, como:
 Defeitos genéticos da célula ß;
 Defeitos genéticos na acção da insulina;
 Doenças do pâncreas exócrino;
 Endocrinopatias diversas;
 Diabetes induzida por químicos ou fármacos.

Factores de Risco

Idade> 45 anos

– provoca e agrava a resistência periférica à insulina por diminuição dos


receptores periféricos

actividade física

99
Estágio de Enfermagem Comunitária - 2013

Complicações da Diabetes

Cérebro e
circilação
Olhos
cerebral (avc)
(retinopatia)

Coração e circilação
coronária (doença
coronária)

Rim
(Nefropatia)

Sistema
Nervoso
Periférico
Membros (Neuropatia)
Inferiores
(Doença Vascular
Periférica)
Pé diabético
(ulceração e
amputação)

Agudas

Hipoglicémia

Crónicas ou Tardias

– retinopatia, nefropatia e neuropatia

– macroangiopatia – Doença das Artérias Coronárias, Acidente


Vascular

Cerebral e circulação periférica

– Pé diabético

– Disfunção sexual, Aumento da probabilidade de infecção

100
Estágio de Enfermagem Comunitária - 2013

Prevenção e Gestão da Doença – Estilos de Vida Saudável

- Hábitos Alcoolicos / Tabágicos

- Hábitos Alimentares

- Hábitos de Eliminação

- Hábitos de Higiene / Sono e Repouso

- Importância da consulta periódica

- Importância da prática de exercicio fisico

- Importância da realização de meios complementares de diagnóstico médico

- Importância da gestão adequada da medicação

Sinais e sintomas: Hiper e Hipoglicémia

Hipoglicémia

Etiologia:

Excesso de insulina ou doses inadequadas de ADO

ção SC)

Sintomatologia:

101
Estágio de Enfermagem Comunitária - 2013

- Sudorese Intensa/ Palidez

- Fome/ Astenia Súbita

- Tremores/ Palpitações/ Taquicardia

- Ansiedade/Nervosismo/ Confusão Mental

Como proceder em caso de Hipoglicémia?

nsação após exercício

tratamento imediato

– pacotes
de açúcar, rebuçados.

igos, colegas de trabalho acerca dos sinais, sintomas e


tratamento

Hiperglicémia

Etiologia:

Nos portadores de diabetes ela acontece, de forma geral, pela insuficiência do


tratamento medicamentoso para a alimentação e atividades diárias do paciente.

Outras causas podem ser:

gripes ou infecções em geral;

102
Estágio de Enfermagem Comunitária - 2013

Sintomatologia:

iva, acompanhada de emagrecimento

Alimentação

Educação da
Pessoa,
englobada a
autovigilância e
o autocontrolo
da diabetes

Medicação
Exercício físico (antidiabéticos
e/ou insulina).

Tratamento da Diabetes

Cuidados aos Pés (Pé Diabético)

103
Estágio de Enfermagem Comunitária - 2013

Relacionado com neuropatia periférica, arteriopatia dos MI e susceptibilidade às


infecções – risco acrescido nas pessoas com antecedentes de úlceras nos pés e
deformações dos pés.

para ver se há zonas de cor diferente, bolhas, fissuras, calosidades, inchaço... Se não lhe
é possível fazê-lo, por dificuldade na posição, use um espelho e se tem dificuldade de
visão peça auxílio a outra pessoa;

 Lave os Pés todos os dias, durante 2 ou 3 minutos, usando sabonete neutro e água
tépida (verifique sempre a temperatura da água) e não os “ponha de molho”. Seque-
os muito bem, em particular nas zonas entre os dedos. Aplique um creme hidratante
na planta e no dorso, (não entre os dedos), massajando bem;

-a em linha recta de
um lado para o outro.

apertem nas pernas.

escalço, de forma a evitar lesões ou alterações na pele.

lareiras ou outras fontes de calor.

ntro
deles.

ou em que se exerça pressão excessiva. Os sapatos fechados protegem mais os pés, quer
de “batidas ou topadas” quer de pedras ou areias.

alicidas nem outros produtos semelhantes.

-pomes de forma suave, mas não use limas, lixas ou


objectos de corte, que possam irritar a pele.

104
Estágio de Enfermagem Comunitária - 2013

Cuidados aos Olhos

- Ir anualmente ao oftalmologista;

- Estar atento a possíveis alterações da visão e, caso ocorram, consultar o


médico.

Produtos para Feridas

Carboximetilcelulose Sódica

Descrição do Produto
Os pensos deste grupo são também designados por hidrofibras. O seu elemento
constituinte é a carboximetilcelulose sódica com um baixo grau de carboximetilação.
Tem como característica ser muito pouco solúvel em meio aquoso e ter uma elevada
capacidade de retenção de água (1). Existe comercializada uma hidrofibra com prata
iónica.

Mecanismo de Acção e Indicação Major


Em contacto com o exsudado da ferida, a carboximetilcelulose sofre um processo de
hidratação transformando-se lentamente em gel (2). A absorção do exsudado ocorre
verticalmente e sem expansão lateral prevenindo a maceração dos tecidos adjacentes. A
sua capacidade de absorção de exsudado pode ir até um máximo de trinta vezes o seu
peso.
Este penso promove a angiogénese e o desbridamento autolítico da ferida, pois ocorre
de uma forma natural no organismo, sendo referido como autolítico por absorção do
exsudado (2'3). A absorção vertical do exsudado reduz a maceração na pele circundante
Os pensos que têm prata libertam-na progressivamente para o leito da ferida, de acordo
com a velocidade de absorção de exsudado. A prata tem acção antimicrobiana.
A carboximetilcelulose mostrou ser efectiva em feridas agudas (5"6) e feridas crónicas
muito exsudativas (7) e a sua capacidade de remoção com relativa ausência de dor é uma
vantagem (8). A carboximetilcelulose com prata está indicada em feridas infectadas com
muito exsudado.

Contra-indicações
A carboximetilcelulose não deve ser utilizada em feridas com reduzida produção de
exsudado nem aplicadas em indivíduos com conhecida sensibilidade aos seus
constituintes.

105
Estágio de Enfermagem Comunitária - 2013

Efeitos Secundários
Não estão descritos efeitos secundários.

Questões Práticas
Sendo a absorção de exsudado vertical e não migrando este dentro do penso, quando é
aplicado para além da margem da ferida não existe risco de maceração, existindo
mesmo protecção da pele peri-lesional.
Outra propriedade importante é que ao absorver exsudado e gelificar o penso forma um
gel coeso e por isso, se utilizado em locas de menores dimensões ou zonas fistulosas, é
mais fácil de remover na totalidade e de forma íntegra.
Como não têm rebordo adesivo, a carboximetilcelulose é fixada com a ajuda de um
penso secundário. Este, deve manter o ambiente húmido ideal para a cicatrização pelo
que o uso das compressas é desaconselhado, sendo a única excepção as úlceras venosas
onde se esteja a aplicar terapia compressiva. A opção pelo penso secundário varia de
acordo com algumas características da ferida:
Em feridas planas a opção vai ser por um penso que mantenha o equilíbrio da humidade
evitando o deslizar do penso, por ex. uma espuma;
Em feridas cavitárias a opção pode ser a utilização de uma película de filme
transparente, um hidrocolóide ou até mesmo uma espuma.
Apesar de não serem visíveis a olho nu, a carboximetilcelulose deixa resíduos no leito
da ferida. Estes devem ser removidos mediante uma adequada irrigação com uma
solução de limpeza (água ou soro fisiológico).
Se houver uma inadequada selecção do penso e a ferida não for suficientemente
exsudativa, o penso não gelifica e adere ao leito da ferida tornando traumática a sua
remoção mesmo com irrigação.

Carvão Activado

Descrição do Produto
Os pensos de carvão activado são constituídos por uma membrana, que pode ser de
viscose e rayon não aderente e permeável, que envolve uma camada central de
compressa de tecido não tecido impregnada com carvão activado (1). Alguns destes
pensos têm na sua constituição carboximetilcelulose, alginato, espumas e prata(1).

Mecanismo de Acção e Indicação Major


O carvão activado é uma substância com elevada capacidade de adsorção de vários
tipos de compostos (2). Quando colocado sobre uma ferida com odor intenso tem a

106
Estágio de Enfermagem Comunitária - 2013

capacidade de adsorver ácidos gordos voláteis e aminas que se libertam do metabolismo


de bactérias anaeróbias (l'3). Os pensos de carvão activado com substâncias como o
alginato, a carboximetilcelulose e espuma têm grande capacidade de absorção do
excesso de exsudado (1). Os pensos com carvão activado e prata têm também acção
bactericida.
Os pensos que têm carvão activado na sua constituição são usados em feridas com odor
intenso, podendo este estar relacionado com um aumento da actividade microbiana. Por
este motivo é necessário descartar a hipótese de existir um processo de infecção. O
penso com carvão activado simples apenas adsorve as moléculas que estão na origem do
mau odor e não combate o processo infeccioso. Quando este penso tem associada a
prata, a indicação é para feridas infectadas.

Contra-indicações
Os pensos com carvão activado não devem ser aplicados em indivíduos com conhecida
sensibilidade aos seus constituintes. Também, não devem ser cortados, sob o perigo de
ocorrer a precipitação do carvão no leito da ferida e, consequentemente, a descoloração
do mesmo, o que impedirá uma avaliação correcta da fase de cicatrização da mesma, e a
avaliação de possíveis reacções de sensibilidade. Os pensos com carvão activado não
devem ser colocados em feridas secas ou necrosadas.

Efeitos Secundários
Não estão descritos efeitos secundários.

Questões Práticas
O penso de carvão activado pode ser usado directamente no leito da ferida (penso
primário), mas também pode ser utilizado como penso secundário sobre um penso de
preenchimento.
Quando utilizado como penso primário, deve-se ter o cuidado de perceber se há
referência a dor local. Esta, muitas vezes, está relacionada com a adesão do penso ao
leito da ferida. Para ser evitada recomenda-se a utilização de compressas não aderentes,
como penso primário, como sejam as de silicone, entre outras.
A mudança do penso vai depender da rapidez com que o penso de carvão fica molhado,
isto porque quando em contacto com o exsudado as suas propriedades de adsorção do
odor diminuem e, assim sendo, a mudança do penso torna-se necessária(4). A
conjugação com um material que retenha a humidade e a afaste do carvão, irá melhorar
o desempenho do mesmo.

Colagenase

Descrição do Produto

107
Estágio de Enfermagem Comunitária - 2013

O produto existente no mercado português encontra-se na forma galénica de pomada,


sendo que 1gr. da mesma contém 0,6 unidades de colagenase clostridiopeptidase A e
outras e como excipientes parafina líquida e vaselina branca (1).

Mecanismo de Acção e Indicação Major


A colagenase é um agente desbridante enzimático que se liga a um tipo de proteína, o
colagénio (2). É activa num intervalo de pH que se aproxima ao pH da pele integra, entre
o 6 e 8 ('1). Na sua activação é essencial a humidade, preferencialmente o exsudado da
própria ferida.
A colagenase, quando aplicada, é absorvida pelo leito da ferida, até ao ponto de iniciar a
quebra das fibras de colagénio, que prendem o tecido necrótico à ferida (2). Funciona do
"fundo para o topo", isto é necessita de chegar ao tecido viável no fundo do leito da
ferida, onde vai desbridar o colagénio, que liga o tecido necrótico ao leito da ferida(2).
A colagenase está indicada no desbridamento de tecidos mortos ricos em fibrina.

Contra-indicações
A colagenase não deve ser aplicada em indivíduos com conhecida sensibilidade aos
seus constituintes.

Efeitos Secundários
No início do tratamento pode surgir dor e ardor local resultante da activação da fase
inflamatória, porém tal raramente obriga a suspender o tratamento. Em casos isolados
podem manifestar-se irritações locais.

Questões Práticas
Por vezes há necessidade de efectuar alguns cortes, com bisturi, em linhas cruzadas na
placa de necrose. Este procedimento vai permitir a mais rápida penetração do produto.
Quando as quantidades de produto a utilizar são reduzidas e de forma a não existir
desperdício pode passar-se para uma seringa a quantidade de colagenase que se pensa
utilizar. Este procedimento deve ser efectuado em bancada de trabalho longe do
ambiente do doente. A aplicação na ferida será efectuada através da seringa com a ajuda
do seu êmbolo.
De forma a potenciar a actividade das enzimas, deve utilizar-se como penso secundário
um material que mantenha o ambiente húmido (por exemplo o hidrocolóide ou a
película transparente, entre outros).
A pele circundante deve ser cuidadosamente vigiada e se necessário deve ser utilizado
um produto barreira, porque a colagenase potencia a resposta inflamatória o que leva a
um aumento da produção de exsudado.
Alguns detergentes e iões metálicos (ex. prata e zinco) inactivam a colagenase. Assim,
deve ser evitado o uso de substâncias contendo prata com a colagenase, como por
exemplo a sulfadiazina de prata entre outros (4). Também deve ser evitado o uso de
soluções de limpeza que acidifiquem o meio ou que tenham na constituição iões
metálicos (4).

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Estágio de Enfermagem Comunitária - 2013

Hidrocolóides

Descrição do produto
Os hidrocolóides apresentam-se sob a forma de pensos ou pastas e são constituídos, na
generalidade, por uma mistura de gelatina, pectina e carboximetilcelulose (1 . As
apresentações em pensos para feridas superficiais têm uma película externa
impermeável de poliuretano e as pastas têm um suporte base de poliéster, goma ou
excipientes gordos (1'2). Alguns hidrocolóides têm, ainda, na sua constituição uma
elevada concentração de alginato (l'2).

Mecanismo de Acção e Indicação Major


A carboximetilcelulose confere ao penso capacidade moderada de absorção de exsudado
e forma com este um gel que mantém o leito da ferida húmido. A existência de
humidade/água desencadeia mecanismos de desbridamento autolítico e a diminuição da
dor local por diminuição da temperatura no leito da ferida.
Os hidrocolóides com um elevado teor de alginato têm maior capacidade de retenção de
exsudado. A camada externa de poliuretano confere ao penso a capacidade de efectuar
trocas gasosas com o exterior, nomeadamente de vapor de água e oxigénio, mas não
permite a passagem de fluidos e bactérias, quer do leito da ferida para o exterior, quer
no sentido inverso.
Os hidrocolóides são utilizados em feridas com tecido de granulação ou epitelização
que apresentam moderado ou pouco exsudado e como penso secundário de outros,
nomeadamente do hidrogel.

Contra-indicações
Os hidrocolóides não devem ser aplicados em indivíduos com conhecida sensibilidade
aos seus constituintes. Não se recomenda a utilização destes materiais em feridas muito
exsudativas e em feridas infectadas, em particular por bactérias anaeróbias.
A sua remoção pode causar traumatismo na pele circundante friável e a sua mudança
frequente pode levar a irritação da pele. Assim, não está recomendada a sua utilização

109
Estágio de Enfermagem Comunitária - 2013

em quebras cutâneas, isto porque podem causar lesão na pele se não forem removidos
de forma apropriada.

Efeitos secundários
Existem relatos de hipergranulação quando existe um uso prolongado de hidrocolóides
o que pode levar à necessidade de descontinuação da sua utilização (4). Nestes casos
pode ser uma opção a utilização de um penso mais permeável às trocas gasosas.

Questões práticas
Aplicação e remoção de um penso de hidrocolóide:
1. Aquecer o hidrocolóide entre as mãos 3-5 minutos de forma a tornar o penso
maleável/adaptável(3)
2. Após aplicar o penso no local, utilizar o calor das mãos para o selar no local<3)
3. O penso deve ser aplicado de modo a ficar para lá da margem da ferida a uma
distância de 2-3cm (), tentando-se evitar a fuga do gel recém-formado localmente (no
centro do penso como uma bolha)
4. Na remoção, se for um hidrocolóide extra-fino, este soltar-se-à da pele por
estiramento (exercer força puxando as pontas do penso do centro para fora, o que o vai
obrigar a enrugar), se for um penso mais espesso a sua remoção deve ser feita por
enrolamento do mesmo sobre si.
Em contacto com a humidade as pontas do penso têm tendência a enrolar sobre si
mesmo, sendo útil a utilização de adesivo em moldura (apenas nas pontas do penso) de
forma a evitar esta ocorrência.
Os hidrocolóides durante a absorção de exsudado formam um gel, com uma coloração
amarelada e um cheiro desagradável característico que não deve ser confundido com
infecção (5'6).

Hidrogeles

Descrição do Produto
Os hidrogeles são geles amorfos constituídos, na sua generalidade, por uma rede
polimérica sintética impregnada de água (1). A rede de polímeros costuma ser
constituída por substâncias estruturais do gel que podem ser a carboximetilcelulose, o
alginato ou goma xantana, por agentes hidratantes como o propilenoglicol e o glicerol e
por substâncias gelatinosas como a pectina.
A concentração de água varia entre os 70% a 96% da constituição total do penso,
existindo algumas variações em que a água é substituída por cloreto de sódio isotónico
110
Estágio de Enfermagem Comunitária - 2013

ou hipertónico (20%) ou por glicerina (2). Também está comercializado, embora com
utilização restrita, um hidrogel que tem na sua constituição 0,75% a 0,8% de
metronidazol(2).
Os hidrogeles têm duas formas de apresentação: a bisnaga, com água ou cloreto sódio e
o penso, com ou sem rebordo adesivo, com glicerina, água ou cloreto sódio isotónico.
Nestes últimos, a face externa do apósito, que não entra em contacto com o leito da
ferida é, geralmente, transparente.

Mecanismo de Acção e Indicação Major


Hidrogeles em bisnaga
Os hidrogeles hidratam os tecidos necrosados por cedência de água/cloreto sódio
hipertónico cuja libertação é regulada pelos restantes constituintes do gel. O elevado
teor de água/cloreto sódio hipertónico no leito da ferida estimula a migração e produção
de enzimas proteolíticas que ajudam o processo de desbridamento autolítico. O
ambiente húmido também estimula a angiogénese e a granulação dos tecidos, para além
de diminuir a sensação de inflamação e de dor local, por diminuição da temperatura
superficial do leito da ferida.
Os hidrogeles são permeáveis ao vapor de água e oxigénio mas, a sua permeabilidade
aos fluidos e às bactérias vai depender do tipo de penso secundário utilizado. Os
hidrogeles que têm na sua constituição concentrações mais elevadas de polímeros
insolúveis, como a carboximetilcelulose e o alginato, têm capacidade de retenção de
exsudado e são mais espessos (1).
Os hidrogeles estão indicados na hidratação dos tecidos secos necrosados o que
estimula o desbridamento do tecido desvitalizado.
O metronizadol é um antibiótico utilizado por via sistémica em infecções por
microorganismos anaeróbios. A utilização do gel com metronizadol está limitada a
feridas tumorais com muito exsudado e com odor intenso(3).
Hidrogeles com/sem rebordo adesivo
Estes pensos gelificados libertam alguma água/cloreto sódio para o leito da ferida,
mantêm o ambiente húmido e têm alguma capacidade de retenção de exsudado.
Apresentam como grandes vantagens, proporcionar uma sensação de frescura e ausência
dfl dor relacionadas com o facto de existir hidratação das terminações nervosas e ser
possível a visualização da evolução do processo de cicatrização por serem pensos
transparentes.
A face externa permite a passagem de vapor de água, oxigénio e dióxido de carbono
mas não permite a passagem de bactérias e fluidos exteriores à ferida.
Estes pensos são mais utilizados em feridas com tecido de granulação e epitelização ou
com pouco exsudado e em feridas com tecidos friáveis.

Contra-indicações

111
Estágio de Enfermagem Comunitária - 2013

Os hidrogeles não devem ser aplicados em indivíduos com conhecida sensibilidade aos
seus constituintes.

Efeitos Secundários
Não estão descritos efeitos secundários.

Questões Práticas
Hidrogeles em bisnaga
Associado à utilização do hidrogel deve ser utilizado um penso secundário que permita
as trocas gasosas, seja impermeável às bactérias e evite absorver o gel ou mesmo
permitir a sua evaporação (4). Desta forma, as opções mais adequadas são as películas de
filme transparente (5) e os hidrocolóides, materiais que não têm como função primária
absorver o exsudado.
Quando as quantidades de produto a utilizar são reduzidas e de forma a não existir
desperdício pode passar-se para uma seringa a quantidade de hidrogel que se pensa
utilizar. Este procedimento deve ser efectuado em bancada de trabalho longe do
ambiente do doente. A aplicação na ferida será efectuada através da seringa com a ajuda
do seu êmbolo.
Por vezes há necessidade de efectuar alguns cortes, com o bisturi, em linhas cruzadas na
placa de necrose. Esta intervenção vai permitir a mais rápida penetração do produto e
consequente hidratação dos tecidos.
A sua utilização em feridas com exsudado é desnecessária e pode ser inclusivamente
contraproducente pois pode levar à maceração dos bordos e da pele circundante, por
mau contato

Iodo

Descrição do produto
O lodo é um elemento não metálico que não se encontra livre na natureza. Devido às
suas propriedades antissépticas pode ser usado no tratamento de feridas infectadas,
desde que incluído em formas galénicas que permitam a sua libertação constante e em
níveis terapêuticos.
Actualmente, existem dois tipos de pensos que libertam iodo de forma controlada e
contínua: um, constituído por uma rede de cadexómero que liberta o iodo outro,
constituído por uma compressa de viscose impregnada em polietilenoglicol, que liberta
um iodóforo (iodopovidona), que por sua vez liberta o iodo para o leito da ferida.

112
Estágio de Enfermagem Comunitária - 2013

O cadexómero de iodo é constituído por uma matriz hidrofílica de amido modificado


(ladexómero), na qual o iodo se encontra aprisionado e existe na formulação de pasta e
de grânulos. A pasta apresenta-se em doses unitárias revestidas por uma gaze de
poliéster e lg de pasta contém 600 mg de cadexómero de iodo, nos quais 9mg
correspondem a iodo (0,9% de iodo activo) e os restantes 591mg correspondem ao
cadexómero. Os grânulos são constituídos por microesferas de diâmetro variável entre
0.1 - 0,3 mm. O cadexómero sendo um composto de amido é biodegradável por
amilases, habitualmente presentes no exsudado da ferida (1).
A compressa não aderente está impregnada com uma base de polietilenoglicol que
contem iodopovidona a 10% correspondente a 1% de iodo

Mecanismo de Acção e Indicação Major


O iodo quando livre e ionizado tem propriedades bactericidas por ligação irreversível às
proteínas e oxidação do protoplasma bacteriano. É activo contra bactérias, fungos,
protozoários, vírus e alguns esporos e é mais activo em meio ácido. O iodo tende a ser
inactivado pela matéria orgânica presente no leito da ferida.
Cadexómero
O cadexómero de iodo em contacto com o exsudado da ferida absorve-o e liberta
simultaneamente e lentamente o iodo . Cerca de 1 grama de cadexómero de iodo pode
absorver até 7 ml de fluído (2). O cadexómero de iodo está indicado para o tratamento de
feridas infectadas com exsudado.
Compressa impregnada
A compressa impregnada, na presença de exsudado, liberta a iodopovidona que por sua
vez liberta o iodo elementar que se ioniza. Este penso está indicado no tratamento de
feridas infectadas. A grande diferença entre os produtos à base de iodopovidona e os
produtos de cadexómero de iodo é que os primeiros libertam e utilizam o iodo de forma
muito rápida, enquanto os últimos libertam o iodo de forma sustentada ao longo do
tempo (4).

Contra indicações
O iodo não deve ser usado em algumas situações, das quais se destacam conhecida
sensibilidade ao produto, distúrbios renais ou da tiróide, doença de Hashimoto, bócio
nodular não tóxico, em crianças com idade inferior a dois anos, grávidas e mães a
amamentar, antes e após a utilização de radiofármacos com iodo, em casos de dermatite
herpetiforme de Duhring, em doentes a fazer lítio, em feridas profundas ulceradas e em
lesões ou queimaduras extensas.

Efeitos secundários
A sua utilização deve ser monitorizada em doentes com alteração da função renal ou
antecedentes clínicos de perturbações tiroideias.

Questões práticas
Cadexómero

113
Estágio de Enfermagem Comunitária - 2013

Sempre que se muda o penso devem remover-se os resíduos remanescentes do produto


na superfície da ferida com fluxo de solução salina ou água. Uma aplicação única, não
deve exceder 50g de produto e a quantidade total semanal não deve exceder os 150g(1,5).
A duração do tratamento não deve ser superior a 3 meses em cada um dos ciclos de
tratamento (1-5).
Compressa impregnada
A compressa é alaranjada e a sua descoloração indica que a iodopovidona se libertou
integralmente e que o penso deve ser mudado. Como o polietilenoglicol é solúvel na
água a sua remoção é muito fácil.
Os pensos de iodo precisam de um penso secundário (por exemplo uma espuma) que
não deixe resíduos no leito da ferida.

Maltodextrina

Descrição do produto
Os pensos com maltodextrina apresentam-se sob a forma de gel ou pó, tendo este último
nu sua constituição ácido ascórbico a 1% (1).
A maltodextrina é um hidrato de carbono composto por maltose e dextrose que provém
da decomposição do amido de milho (2).

Mecanismo de acção
A função principal da maltodextrina é fornecer ao leito da ferida os nutrientes
necessários para que o processo de cicatrização ocorra rapidamente. A apresentação em
pó, que é hidrofílica, quando em contacto com o exsudado da ferida forma um gel que
lidere aos tecidos e protege o leito da ferida da desidratação (1).
A diminuição do pH proporcionada pelo ácido ascórbico limita o crescimento de
microorganismos (1).

Contra-indicações
Os pensos com maltodextrina não devem ser aplicado em indivíduos com conhecida
sensibilidade aos seus constituintes. Deve-se monitorizar a sua aplicação nos doentes
diabéticos através dos valores da glicemia.

Efeitos Secundários
Não são conhecidos quaisquer efeito secundário ou reacção alérgica à maltodextrina.

114
Estágio de Enfermagem Comunitária - 2013

Questões Práticas
A utilização da maltodextrina tem de ser associada a um penso secundário que
mantenha um ambiente húmido. A sua aplicação deve abranger todo o leito da ferida
numa camada de 0,5 cm (1).
Quando as quantidades de produto a utilizar são reduzidas e de forma a não existir
desperdício pode passar-se para uma seringa a quantidade de gel de maltodextrina que
se pensa utilizar. Este procedimento deve ser efectuado em bancada de trabalho longe
do ambiente do doente. A aplicação na ferida será efectuada através da seringa com a
ajuda do seu êmbolo.

Podem aparecer pontos de granulação dispersos após aplicações sucessivas de


maltodextrina. Essa ocorrência é considerada normal e deve-se à acumulação da mesma
em alguns pontos de aplicação não necessitando de qualquer tipo de acção correctiva.

Prata

Descrição do Produto
A prata, 47° elemento da tabela periódica é inerte se pura, no entanto em soluções
concentradas de ácidos, origina sais iónicos com propriedades antimicrobianas.
Os pensos contendo prata, existentes no nosso mercado, são variados e caracterizam-se
por serem não aderentes, terem matriz variável e integrarem a prata. Esta pode estar sob
a forma iónica, nanocristalina ou de sulfadiazina argêntica(1).
Existem no mercado várias apresentações que combinam diversos produtos com prata
como por exemplo carvão activado, silicone, carboximetilcelulose sódica, alginatos ou
espumas (1).

Mecanismo de Acção e Indicação Major


A prata ionizada interage com os grupos tiol das proteínas bacterianas, promovendo a
alteração da sua conformação, altera o transporte de electrões na membrana bacteriana e
interfere no mecanismo de divisão celular destes microorganismos, por fixação ao Adn.
A prata tem um largo espectro de acção, existindo estudos que a documentam activa
contra Staphyloccocus aureus incluindo o MRSA, Pseudomonas aeruginosa;
Streptocoocus Beta-hemolitico, Proteus vulgaris, Escherichia coli, Proteus mirabilis,

115
Estágio de Enfermagem Comunitária - 2013

Bacteroides fragilis, Staphylocoocus epidermidis, Bacterioides subtilis, Klebsiela


pneumoniae, Cândida albicans, Escherichia coli, entre outros.
Os pensos contendo prata podem libertá-la de forma constante ao longo do tempo, em
doses eficazes e sem absorção sistémica da mesma ou podem mantê-la adsorvida no
penso, mas activa.
A prata evita a formação de biofilmes u) e apresenta propriedades anti-inflamatórias ao
diminuir a actividade das metaloproteinases <3). A resistência à prata é rara uma vez que
os seus alvos ao nível das bactérias são vários. A existência de um microorganismo
resistente implicaria múltiplas mutações bacterianas (4).
Os pensos contendo prata e carvão activado combinam o poder adsorvente do carvão
com o poder antimicrobiano da prata. Os de prata com silicone, carboximetilcelulose
sódica, alginatos ou espumas associam a capacidade de absorção do exsudado à acção
antimicrobiana.
A prata utiliza-se na ferida infectada.

Contra-indicações
Alergia à prata ou a qualquer um dos componentes do penso em que esta substância se
inclui.

Questões práticas
A utilização prolongada do penso com prata deve ser sempre avaliada. Se o número de
iões prata for muito superior ao número de bactérias presentes no leito da ferida, a prata
pode ter um feito tóxico noutras células como fibroblastos e células epiteliais (4).
Verificou-se, em alguns casos, um atraso no processo de re-epitelialização em feridas
tratadas durante 12 dias com penso de prata quando comparado com penso sem
antiséptico. Ao fim de duas semanas de utilização da prata não existir evolução positiva
no processo de cicatrização da ferida deve fazer-se uma re-avaliação do doente e
ponderar-se a sua alteração.

SUCRALFATO

Descrição do Produto
Trata-se do 1-octassulfato de sacarose, um complexo de sulfato de alumínio e sacarose
estruturalmente relacionado com a heparina, mas sem exibir a actividade anticoagulante
que caracteriza esta molécula. O sucralfato existe comercializado na forma de gel.

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Estágio de Enfermagem Comunitária - 2013

Mecanismo de Acção
O gel contendo sucralfato, ao contactar com o epitélio danificado forma uma barreira
protectora que cobre a úlcera mantendo o ambiente húmido necessário à cicatrização.
Estimula o factor de crescimento epitelial (FCE), activa os miofibroblastos e os factores
vasculares e protege os factores de crescimento dos fibroblastos com consequente
activação da angiogénese. Como resultado destes acontecimentos, o processo de
cicatrização é acelerado
Este composto não é metabolizado pelo organismo e está indicado como adjuvante no
tratamento de lesões não infectadas de índole diversa, como feridas, queimaduras,
úlceras de pressão, úlceras vasculares e úlceras diabéticas como estimulante da
cicatrização. Em hemorroidectomias, constatou-se que o sucralfato tópico diminuía
significativamente a dor nos dias 7 e 17, assim como promovia cicatrização mais rápida
que o placebo (3).

Contra-indicações
O sucralfato não deve ser aplicado em indivíduos com conhecida sensibilidade aos seus
constituintes. Durante a gravidez ou aleitamento deve ser consultado o médico
assistente antes de iniciar o tratamento.

Efeitos Secundários
Não são conhecidos quaisquer efeitos secundários ou reacções alérgicas ao sucralfato.

Questões Práticas
O sucralfato tem indicação para ser aplicado diariamente.
Quando as quantidades de produto a utilizar são reduzidas e de forma a não existir
desperdício pode passar-se para uma seringa a quantidade de gel de sucralfato que se
pensa utilizar. Este procedimento deve ser efectuado em bancada de trabalho longe do
ambiente do doente. A aplicação na ferida será efectuada através da seringa com a ajuda
do seu êmbolo.
A camada de gel deve cobrir toda a ferida sendo necessário a aplicação de um penso
secundário.

117
Estágio de Enfermagem Comunitária - 2013

Consulta do Utente hipocoagulado

A terapêutica anticoagulante oral (ACO) apresenta características especiais que


fazem com que seja necessário controlo da sua dose e uma contínua monitorização
clínica.
Os medicamentos utilizados na prevenção e tratamento das alterações
tromboembólicas denominam-se anticoagulantes. Eles previnem a formação de
trombos, sem os reabsorver.
Os dois tipos de anticoagulantes usados com maior frequência são as heparinas
parentéricas e a varfarina (Varfine®) ou o acenocumarol (Sintrom®), ambos por via
oral.
Tanto o Varfine® como o Sintrom® são medicamentos que actuam interferindo
na síntese hepática dos factores de coagulação dependentes da vitamina K. Daí serem
chamados Antagonistas da Vitamina K (AVK). Estes medicamentos existem há várias
décadas.
Apesar de uma melhor definição das zonas terapêuticas e de uma maior
padronização da monitorização laboratorial, estes medicamentos não estão isentos de
complicações, nomeadamente hemorrágicas e tromboembólicas, devido a:
• Dose diária muito variável em cada indivíduo;
• Curta separação entre a dose insuficiente e excessiva, por isso o aumento ou a redução
deve ser prudente;
• Interferências com outros medicamentos;
• Possíveis complicações hemorrágicas apesar de um bom controlo;
• Necessidade de controlos analíticos frequentes: um controlo inadequado não só faz
com que a terapêutica seja ineficaz na prevenção da doença tromboembólica, como
pode gerar complicações graves e mortais.
Deste modo torna-se fundamental a sua monitorização, através da determinação
do tempo de protrombina (TP) expresso em INR (International Normalized Ratio ou
Razão Normalizada Internacional).
Tradicionalmente estes doentes eram seguidos em meio hospitalar, facto
justificado pelos riscos envolvidos nas doenças tromboembólicas e devido a
necessidade de praticar testes de controlo.

118
Estágio de Enfermagem Comunitária - 2013

Recentemente tem sido demonstrado que existem vantagens no seguimento clínico da


terapêutica anticoagulante por parte dos médicos e enfermeiros dos Cuidados de Saúde
Primários. O aparecimento dos coagulómetros portáteis veio facilitar esta prática.

Os benéficos para os utentes são consideráveis:

-Aumenta o grau de conforto dos utentes, em termos de transporte, evitando


deslocações a grande distância e facilitando o acesso aos idosos e pessoas com
mobilidade reduzida;

- Diminuição do tempo de espera pelo resultado de INR;

-Técnica de recolha de amostra menos agressiva e mais rápida;

-redução de custos diretos e indiretos associados ao tratamento via anticoagulação oral;

-Aproxima a medicina geral e familiar dos utentes, reforçando a relação e confiança dos
utentes com o médico e enfermeiro de familia;

-Maximizar a eficiência global do sistema de saúde, ao diminuir o recurso aos cuidados


de saúde secundários (hospital) e evita a massificação hospitalar;

Objectivos

 Promover comportamentos de adesão ao regime terapêutico (AO);


 Prevenir complicações associadas a descontrolo do INR;
 Incentivar adesão ao regime terapêutico (alimentação, medicação, etc.);
 Incentivar a auto-vigilância de sinais e sintomas associados a complicações;
 Aumentar a % de doentes hipocoagulados controlados;
 Melhorar a prestação de cuidados de saúde aos doentes hipocoagulados

FISIOLOGIA DA COAGULAÇÃO SANGUÍNEA E MECANISMO DE ACÇÃO DOS AVK

119
Estágio de Enfermagem Comunitária - 2013

O sistema hemostático é constituído por um endotélio vascular íntegro (parede


interna dos vasos sanguíneos) e a presença na corrente sanguínea de plaquetas e factores
de coagulação. A sua principal função é manter a fluidez do sangue em equilíbrio
hemodinâmico. É necessário um completo equilíbrio entre os mecanismos de
coagulação ou de formação de fibrina e os mecanismos fibrinolíticos ou de destruição
da fibrina.

O coágulo de fibrina é o resultado final da activação do sistema hemostático no


qual se distinguem três fases ligadas entre si: vascular (contracção vascular), plaquetária
(formação da rede plaquetária, libertação de factores que aumentam a contracção
vascular e a aderência plaquetária e início da coagulação plasmática) e a participação
factorial.

A coagulação resulta da interacção de certas proteínas plasmáticas denominados


factores de coagulação, cujo objectivo final é a formação de fibrina. Este sistema está
regulado por uma série de enzimas inibidoras/promotoras da coagulação/fibrinólise,
como por exemplo: antitrombina-III, proteína C, proteína S, entre outras.

As fases vasculares e piquetarias constituem a hemostase primária, que pode reparar um


vaso se for uma pequena lesão. Se não for suficiente, entra em funcionamento a
coagulação plasmática ou hemostase secundária criando-se uma rede de fibrina que
consolida o rolhão plaquetário, sendo no final destruído pelo sistema fibrinolítico e
coberta a lesão da parede vascular pelo endotélio.

Os AVK utilizam-se na profilaxia primária e secundária da doença tromboembólicas.


Não participam nas tromboses agudas, já que não têm acção imediata, nem actuam
sobre a fibrina já formada.

Mecanismos de acção: inibem a síntese de factores da coagulação vitamina K-


dependentes: factores II, VII, IX e X, assim como das proteínas anticoagulantes;
proteínas C e S. O mecanismo correcto passa pela inibição da passagem de epóxido
vitamina K (inactivo) a vitamina K reduzida (hidroquinona), que é a forma activa. Esta
é o cofactor necessário para a carboxilação dos factores de coagulação, necessária para a
sua ligação ao Cálcio.

120
Estágio de Enfermagem Comunitária - 2013

A diminuição dos factores funcionais no plasma depende da semi-vida de cada


um: factor VII e proteína C (6 horas), IX (24 horas), X (30- 40 horas) e II (60 horas).

Após a ingestão, a absorção do AVK dá-se no intestino delgado. Ambos


Varfine® e Sintrom® passam a barreira placentária e também para o leite materno, em
pequena quantidade. São metabolizados no fígado, transformando-se em derivados não
anticoagulantes, eliminados depois pelos rins.

O Varfine® tem semi-vida de 50 horas, início de acção de 36-48 horas e o INR


terapêutico é obtido após 4-5 dias de toma. O Sintrom® tem semi-vida de 24 horas,
início de acção de 36-48 horas e o INR terapêutico é obtido após 1-5 dias de toma.

121
Estágio de Enfermagem Comunitária - 2013

INTERACÇÕES E EFEITOS SECUNDÁRIOS

As interacções medicamentosas são uma das causas mais frequentes de alteração da


resposta aos AVK. Na Tabela seguinte pode-se ver os medicamentos utilizados em CSP

que com mais frequência afectam os doentes (em maiúsculas, os mais importantes):

Quadro 1- Interacções com anticoagualantes orais e recomendações para cada grupo terapeutico

122
Estágio de Enfermagem Comunitária - 2013

Existem também os factores não medicamentosos: dieta, álcool, doenças hepáticas e


renais, hipermetabolismo (febre, hipertiroidismo), idade avançada, insuficiência
cardíaca (sobretudo depois dos tratamentos, ao diminuir a congestão hepática),
alterações na absorção intestinal, infecções e tumores.

Vários alimentos que podem interferir com os AVK. Os seguintes são ricos em vitamina
K: feijão seco, bróculos, couve, couve-flor, grão-de-bico, gema de ovo, fígado de vaca,
porco e galinha, óleo de soja, ervilhas secas, algas, sementes de soja, espinafres, nabos e
pão de trigo.

Certos alimentos diminuem a absorção da varfarina: agar, algina, aloé vera,


ruibarbo, pão de arroz, café de cevada, óleo de ricínio, entre outros. Os suplementos
dietéticos à base de gingko, camomila, alho unha de gato e pau d’arco potenciam a
acção dos AVK. Os suplementos à base de chá verde, co-enzima Q10, ginseng, soja e
hipericão/erva de S. João inibem os AVK.

O efeito secundário mais frequente é a hemorragia, com incidência de 2 a 15%


dos hipocoagulados, sendo mais frequente nos primeiros 3 meses de tratamento. Cerca
de 3% destas hemorragias são graves e 1% delas são mortais.

A hemorragia intracraniana é a mais grave; as gastrointestinais e urinárias são as mais


frequentes.

Efeitos adversos raros:

• Hipersensibilidade;

•Intolerância gastrointestinal, durante a toma;

• Osteoporose;

• Teratogenicidade mais frequente quando inferior a 12 semanas de gestação (abortos,


hemorragias, hipoplasia nasal, alterações epifisiárias e do SNC). Semanas antes do
parto: hemorragia fetal e placentária;

• Necrose hemorrágica da pele (em doentes com falta de proteína C ou S) aparece entre
o terceiro e o décimo dia do início do AVK. Afecta as zonas com abundante tecido

123
Estágio de Enfermagem Comunitária - 2013

celular subcutâneo (mamas, nádegas, coxas), com maior frequência nas mulheres.
Deve-se a uma trombose na microcirculação cutânea.

INDICAÇÕES PARA ANTICOAGULAÇÃO ORAL

As indicações dos AO são:

• Tratamento da trombose venosa profunda;

• Prevenção primária e secundária do tromboembolismo venoso em doentes com


insuficiência cardíaca congestiva, imobilização prolongada, neoplasias do pulmão e do
aparelho digestivo, doentes com idade superior a 40 anos sujeitos a cirurgia ortopédica,
abdominal, pélvica ou torácica;

• Prevenção de embolismo sistémico em doentes com próteses valvulares cardíacas ou


FA (fibrilhação auricular); TVP (trombose venosa profunda); TEP (tromboembolismo
pulmonar); EAM (enfarte agudo do miocárdio); ICC (insuficiência cardíaca
congestiva).

Os níveis de anticoagulação recomendados para cada uma das indicações têm sido
revistos várias vezes. A tabela seguinte representa os intervalos de INR recomendados
pelo American College of Chest Physicians em 2005.

124
Estágio de Enfermagem Comunitária - 2013

Quadro 1- Níveis de INR recomedendados consoante a situação clínica / Fonte: “A anticoagulação oral para cuidados de saúde
primários”

CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO E CONTRA-INDICAÇÕES

São critérios de exclusão da Consulta de Hipocoagulação:


•A suspensão do tratamento com AVK ao utente;
•A necessidade de investigar a trombofilia do utente;
•A existência de variabilidade de resultados de INR dependente de poli-medicação ou
intervenções cirúrgicas, ou perante um diagnóstico complexo com grande risco
tromboembólico;

125
Estágio de Enfermagem Comunitária - 2013

•Fase inicial da anticoagulação do utente, até que seja encontrada a dose que o mantém
no intervalo desejado;
● Mulheres que desejem engravidar
• Surgimento de conta indicação ao tratamento com anticoagulantes, conforme tabela
seguinte:
Contra indicações
Diátase hemorrágica
Hemorragia activa, incluindo úlcera sangrante, neoplasias ulceradas ou
retinopatia hemorrágica;
Absolutas
Hemorragia intracraniana prévia ou risco (tumores, cirurgia);
Aneurisma intracerebral; Aneurisma dissecante;
Hipertensão grave não controlável (Tensão diastólica> 120).
Doenças hepáticas ou renais graves;
Coagulopatias;
Cirurgia recente do Sistema Nervosa Central ou oftalmológico;
História anterior de hemorragias com anticoagulantes orais;
Relativas Úlcera activa;
Alcoolismo;
Alterações do estado mental; falta de colaboração;
Gravidez;
Pericardite com derrame, endocardite bacteriana.
Quadro 3- Contra-indacações à hipocoagulação nticoagualantes orais e recomendações
para cada grupo terapeutico

ARTICULAÇÃO COM O HOSPITAL DE REFERÊNCIA


A articulação com o hospital de referência é feita no serviço de hemoterapia
através de telefonema e/ou envio de utente em situação de descompensação não
possível de controlar em ambulatório ou em casos de complicações

PERIODICIDADE DAS CONSULTAS


Início do tratamento:
● A dose inicial deverá ser de 4mg de Acenocumarol ou de 5mg de varfine (doses
menores em pessoas idosas, mal nutridas, com insuficiência hepática ou renal).

126
Estágio de Enfermagem Comunitária - 2013

● Posteriormente devem-se realizar controlos frequentes (não antes de 4 dias) com ajuste
de doses consoante o INR, semanal durante 2 semanas até existir estabilidade do INR
● Deverá realizar-se um controlo na semana seguinte a qualquer alta hospitalar para
avaliar a influência da resposta da AO às mudanças da dieta, atividade física ou a
possibilidade de consumo de tabaco ou de álcool.
Uma vez encontrada a dose que mantém o doente no nível desejado, a periodicidade do
controlo analítico pode ser de 4 a 6 semanas, ajustando conforme o doente. Contudo, se
surgir algum sinal de alarme (ex. hemorragia), ou outra situação que possa influenciar o
resultado do teste, ex: diarreias prolongadas, toma de novos medicamentos, suspensão
da medicação habitual, etc. Deve-se monitorizar o INR.
Dado que as modificações nas doses não se reflectem no INR até pelo menos 36 horas,
os ajustes realizados aos doentes que estão fora do intervalo terapêutico devem basear-
se na dose total semanal, e não se deve realizar um controlo analítico até pelo menos 4
dias depois da mudança da dose, pelo que nestas situações fazem-se sempre 6 a 8 dias
posteriores.

PROCEDIMENTOS CLÍNICOS
Enfermeiro
1ª Consulta
● Avaliação inicial;
● Gestão do regime terapêutico;
● Monitorizar sangue através de INR;
● Registar no programa Hytgold;
● Educação para a saúde ajustada a cada utente;
● Documentar informação no Sistema de informação utilizado na USF (SAPE).
Consultas seguintes:
● Gestão do regime terapêutico;
● Monitorizar sangue através de INR;
● Registar no programa Hytgold;
● Educação para a saúde ajustada a cada utente;
● Documentar informação no Sistema de informação utilizado na USF (SAPE).
Aspectos a ter em consideração na Educação para a saúde dos utentes e famílias:
● Indicação da prescrição dos AO e duração do tratamento;

127
Estágio de Enfermagem Comunitária - 2013

● Horário da toma da terapêutica e necessidade de estrito cumprimento;


● Monitorização através do INR;
● Fatores que podem interagir com AO: mudanças na dieta (alimentos com alto contéudo
em vitamina K) atividade física, doenças concomitantes;
● Efeitos da ingestão do álcool;
● Efeitos do AAS e anti-inflamatórios não esteróides;
● Evitar os desportos de contacto, nos quais se podem produzir traumatismos;
● Consultar o médico perante quedas, feridas ou hemorragias;
● Consultar o médico antes do inicio ou fim de qualquer medicação;
● Consultar o médico antes de ir ao dentista ou outra cirurgia;
● Se pretende engravidar aconselhar-se com o seu médico;
● Utilizar um diário com o resultado do INR e a dose até ao próximo controlo.
● Atitude e modificações de dose perante um doente fora do intervalo terapêutico -
(quando este é um INR entre 2 e 3)
● As principais complicações do tratamento com anticoagulante são as hemorragias. A
sua ocorrência está principalmente relacionada com a dose de anticoagulante (INR
demasiado alto) e interações com outros fatores.

128
Estágio de Enfermagem Comunitária - 2013

Reacções anafiláticas e seu tratamento

Embora muito raramente, a administração de qualquer medicamento, incluindo


as vacinas, pode provocar reacções adversas graves, nomeadamente reacções
anafilácticas.
A reacção anafiláctica é uma reacção alérgica aguda potencialmente perigosa
para a vida devido à possibilidade de rápida evolução para obstrução da via aérea
(edema laríngeo), dificuldade respiratória (broncospasmo) e choque (vasodilatação
aguda e perda de fluidos devido a aumento da permeabilidade capilar), associados a
alterações cutâneas e mucosas. Embora extremamente rara, pode estar relacionada com
qualquer dos componentes de uma vacina. Com as medidas e terapêuticas adequadas o
prognóstico global é bom, com uma letalidade inferior a 1%.
A prevenção é a melhor abordagem pelo que deve ser antecipada uma eventual
ocorrência.
Os indivíduos atópicos têm maior risco de reacção anafiláctica mas a atopia não
é considerada uma contra-indicação à vacinação.
Antes da administração de qualquer vacina, deve ser aplicado um questionário
dirigido que inclua:

insectos ou répteis;

vacinas e alergias específicas a leveduras (VHB), a gelatinas e ao ovo (VASPR) e a


antibióticos (VASPR e VIP) ou a outros componentes das vacinas.

É essencial o conhecimento do folheto informativo e do RCM das vacinas, a fim


de se verificar a sua composição, de forma a detectar possíveis contra-
indicações/precauções à vacinação.
Dada a gravidade de algumas doenças alvo do PNV (ex. tétano), se houver
história de reacção anafiláctica ou reacção de hipersensibilidade grave a uma dose
anterior da vacina ou a algum componente vacinal, deve haver referenciação a uma
consulta de imunoalergologia. Se disponível, poderá ser adquirida uma vacina
alternativa que não contenha o referido componente. Nestas situações a eventual
administração da vacina deve ser sempre feita em meio hospitalar.
Uma história de reacção anafiláctica ao ovo não implica uma reacção anafiláctica às
vacinas produzidas em culturas celulares de embrião de galinha, como é o caso das
vacinas VASPR. Nestes casos, apesar de uma reacção anafiláctica ser improvável,
recomenda-se que a vacina seja administrada em meio hospitalar. As reacções
anafilácticas surgem, geralmente, pouco tempo após o contacto com o alergeno, sendo
tanto mais graves quanto mais precoces, pelo que as pessoas vacinadas deverão
permanecer sob observação durante 30 minutos após a administração de qualquer vacina.

Diagnóstico da reacção anafilática


As reacções anafilática progridem rapidamente, atingindo geralmente vários
aparelhos e sistemas.

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Estágio de Enfermagem Comunitária - 2013

Os cuidados pré-hospitalares na abordagem do doente com reacção anafilática devem


obedecer a uma lógica sequencial estruturada “ABCDE”, do inglês: Airway, Breathing,
Circulation, Disability e Exposition:
Airways (A)
A via aérea está em risco ou pode já estar obstruída. Há estridor, disfonia/rouquidão,
dificuldade em engolir e edema da língua. Pode haver sinais de insuficiência respiratória
devido a edema laríngeo ou de outros tecidos moles.
Breathing (B)
Pode haver espirros, tosse, dispneia, pieira, cianose e alteração do estado de consciência
pela hipoxia. A insuficiência respiratória pode também ser causada pelo broncospasmo.
Circulation (C)
A vasodilatação causa hipotensão e taquicardia (pulso rápido e fraco) arritmia e
diminuição do nível de consciência. Há uma hipovolémia relativa, aumento da
permeabilidade capilar com extravasamento de fluidos intravasculares e choque.
Disability (D)
O compromisso neurológico pode estar presente com irritabilidade seguida de prostração.
Exposition (E)
Na pele podem surgir rubor, palidez, sudorese, eritema, prurido, urticária, lacrimejo,
congestão nasal e facial ou angioedema (edema da face, dos lábios ou de outra parte do
corpo). Pode ainda ocorrer edema ou exantema urticariforme no local da injecção.
 Deve ser dada particular atenção às manifestações que podem colocar a vida em
perigo, com particular atenção aos sinais e sintomas de compromisso das vias aéreas
e de colapso cardiovascular iminente.
 O sinal indicador de compromisso cardiovascular é o Tempo de Preenchimento
Capilar (TPC).
 O Tempo de Preenchimento Capilar (TPC) é um sinal precoce e fiável da situação
cardiovascular. Avalia-se através da compressão da pele, com o dedo, na região
anterior do esterno durante 5 segundos, retirando de seguida o dedo e medindo o
tempo de preenchimento capilar (recoloração da pele). Valores de TPC até 2
segundos são normais. Acima deste valor, na maioria das situações, existe
compromisso cardiovascular.
 A hipotensão é um sinal de gravidade que pode preceder o aparecimento de
paragem cardíaca.

Equipamento mínimo e medicamentos necessários para tratamento da anafilaxia


(obrigatório em todos os serviços de vacinação):

1. Adrenalina a 1:1 000 (1 mg/mL)

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Estágio de Enfermagem Comunitária - 2013

2. Oxigénio – máscaras com reservatório (O2 a 100%) e cânulas de Guedel (vários


tamanhos) e debitómetro a 15 L/m

3. Insufladores auto-insufláveis (250 mL, 500 mL e 1 500 mL) com reservatório,


máscaras faciais transparentes (circulares e anatómicas, de vários tamanhos)

4. Mini-nebulizador com máscara e tubo

5. Soro fisiológico (EV)

6. Broncodilatadores – salbutamol (solução respiratória)

7. Corticosteróides– metilprednisolona (IM/EV) e prednisolona (PO)

8. Anti-histaminico – clemastina (IM)

9. Esfigmomanómetro normal (com braçadeiras para crianças)

10. Estetoscópio

11. Equipamento para intubação endotraqueal: laringoscópio, pilhas, lâminas rectas e


curvas, pinça de Magil, tubos traqueais (com e sem balão), fita de nastro.

12. Nebulizador

Procedimentos a adoptar em caso de anafilaxia

Imediatamente após os primeiros sinais e sintomas suspeitos de reacção


anafiláctica, devem ser executados os procedimentos adiante descritos nos pontos 1 a
11. Os procedimentos de 1 a 5 devem ser executados simultaneamente.

Assim que possível, deve ser obtido acesso endovenoso (As recomendações
internacionais para o tratamento do doente em choque preconizam que se deve
introduzir uma via intra-óssea, se o acesso endovenoso não é for possível em 60
segundos. No entanto, a aplicação desta técnica tem como pressupostos a existência de
material adequado e o prévio treino específico na sua aplicação. Na ausência destes
pressupostos e na presença de uma situação de impossibilidade de acesso venoso em
indivíduos com instabilidade cardiovascular deve repetir-se a dose de adrenalina IM e
insistir na obtenção do acesso venoso até chegada de ajuda especializada)

Globalmente, a administração precoce da adrenalina intra-muscular (IM) é a etapa


mais importante e prioritária na abordagem da anafilaxia mesmo se as outras medidas
não puderem ser completamente executadas.

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Estágio de Enfermagem Comunitária - 2013

A adrenalina IM deve ser administrada na face anterolateral do terço médio da coxa.

1. Pedir ajuda e telefonar para o 112 para transporte do doente para o Serviço de
Urgência mais próximo.

2. Deitar o doente com os pés elevados (posição de Trendelenburg, porque há


necessidade de restaurar rapidamente a volémia); a posição supina pode ser fatal por
aumentar o depósito sanguíneo nos membros inferiores. Nos doentes com dificuldade
respiratória deve optar-se pela posição sentada, com elevação dos membros inferiores.
Algumas crianças com dificuldade respiratória preferem estar sentadas ao colo.

Utilizar uma “abordagem ABCDE” e tratar os problemas potencialmente fatais à


medida que surgem.

3. Manter as vias aéreas permeáveis, usando um tubo de Guedel, se necessário.

4. Administrar O2 por máscara, com reservatório a 15 L/min ou, na sua falta, por cânula
nasal até 6 L/min.

5. Administrar adrenalina aquosa a 1:1 000 (1 mg/mL), na dose de 0,01 mL/kg


(máximo 0,5 mL), por via intramuscular (Existe disponível epinefrina em solução injectável, sob a
apresentação de auto-injector para administração de emergência (IM) com a designação comercial Anapen

0,15mg/0,3ml (para crianças com peso entre 10Kg e 30 Kg) Anapen 0,3mg/0,3ml (para peso superior a 30Kg). na
face anterolateral da coxa (Actualmente preconiza-se a administração na coxa (músculo vasto lateral) porque
os níveis séricos atingidos são superiores aos obtidos após injecção no deltóide) . Repetir após 5 minutos se
não houver melhoria clínica.

6. Se se mantiverem os sinais de obstrução das vias aéreas, que não responderam à


administração parentérica de adrenalina, administrar aerosol com broncodilatadores
(salbutamol em 0,03 mL/kg até à dose máxima de 1mL) ou adrenalina a 1:1 000 (1
mg/mL) (diluir 1 mL em 4 mL de soro fisiológico).

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Estágio de Enfermagem Comunitária - 2013

7. Monitorizar o Tempo de Preenchimento Capilar (TPC), a frequência cardíaca e a


pressão arterial. Registar as medições efectuadas, devendo essa informação
acompanhar o doente na sua transferência para o Serviço de Urgência.

Iniciar perfusão endovenosa de soro fisiológico (20 mL/kg na criança), para reposição
da volémia.

9. Se a pressão arterial continuar a baixar e não responder à administração de


adrenalina:

- Iniciar perfusão endovenosa de adrenalina a 1:1 000 (1 mg/mL), na dose de 0,1-


5,0g/kg/min. Diluir 0,3 mg de adrenalina por kg de peso corporal em 50 mL de soro
fisiológico e administrar, em perfusão EV, a 1 mL/hora (o que corresponde a
0,1g/kg/min).

10. Administrar metilprednisolona se reacções graves ou recorrentes:


Dose:
Crianças – 2 mg/Kg/dose (máximo 60 mg/dose), IM/EV ou em perfusão, diluída em
soro fisiológico ou glicosado a 5%, seguida de 1-2 mg/Kg/dia EV administrada,
repartidamente, a cada 6 horas.
Alternativamente, pode administrar-se prednisolona 2mg/Kg, via oral, em dose única
diária.
Adulto - 30 mg/kg EV durante 5 minutos se dose total <250 mg e durante 30 minutos se
superior a 250 mg. Repetir cada 4 a 6 horas até 48 horas.
11. Administrar anti-histamínico - Os anti-histamínicos devem ser continuados 3 dias
para além do desaparecimento dos sintomas, devido à eventualidade de uma resposta
retardada ou bifásica (p.ex. Clemastina), como tratamento de segunda linha.
Clemastina (2ml = 2mg)
Dose: Crianças - 0,0125 mg/Kg/dose de 12/12 horas IM/EV
Adultos - 1 ampola (2mg) de 12/12 horas IM/EV
 Os indivíduos com sinais e sintomas respiratórios deverão ser observados em meio
hospitalar durante 6 a 8 horas. Os indivíduos que tiveram choque anafiláctico devem
permanecer em observação hospitalar durante 24 horas.

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Estágio de Enfermagem Comunitária - 2013

Dose de adrenalina a 1:1 000 IM


por idade, para tratamento de
anafilaxia Idade (a) Dose (mg) Dose (mL)
<6 Meses 0,01 Mg/Kg/dose 0,01 mL/Kg/dose
≥6 Meses a <6 anos 0,15 0,15
≥6 Anos a <12 anos 0,3 0,3
≥12 Anos (b) 0,5 0,5

a) As doses para crianças com idades não expressas no quadro devem ser aproximadas às referidas para a idade
mais próxima.
b) Para reacções moderadas, pode ser considerada uma dose de 0,3 mL.

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