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Ficha de trabalho
Vejamos, então, o que nele inscreveu, mas recuemos ao início dos factos. E
lembremos o que dele nos diz Fernão Lopes, num retrato que abre a sua Chronica
de el-rei D. Pedro I, onde, dentre outros traços, destaca:
Amava muito de fazer justiça com direito. E assim como quem faz correição,
andava pelo reino, e visitada uma parte não lhe esquecia de ir vêr a
outra, em guisa que poucas vezes acabava um mez em cada logar de
estada. Foi muito mantenedor de suas leis e grande executor das
sentenças julgadas, e trabalhava-se quanto, podia das gentes não serem
gastadas por azo de demandas e prolongados pleitos. E se a Escriptura
affirma que, por o rei não fazer justiça, vem as tempestades e
tribulações sobre o povo, não se póde assim dizer d’este, cá não
achamos, em quanto reinou, que a nenhum perdoasse morte de
alguma pessoa, nem que a merecesse por outra guisa, nem lh’a
mudasse em tal pena por que pudesse escapar a vida. A toda gente era
galardoador dos serviços que lhe fizessem, e não sómente dos que
faziam a elle, mas dos que haviam feitos a seu padre, e nunca colheu a
nenhum cousa que lhe seu padre desse, mas mantinha- -a e accrescentava n’ella.1
E encerra o retrato com a afirmação:
Este rei não quiz casar: depois da morte de Dona Ignez, em sendo infante, nem
depois que reinou, lhe prove receber mulher; mas houve amigas com que dormiu,
e de nenhuma houve filhos, salvo de uma dona, natural de Galliza, que chamaram
Dona Thereza, que pariu um filho que houve nome Dom João, que foi mestre de
Aviz em Portugal e depois rei, como adiante ouvireis, o qual nasceu em Lisboa
onze dias do mez de abril, ás tres horas depois do meio dia, no primeiro anno do
seu reinado. E mandou o el-rei criar, em quanto foi pequeno, a Lourenço Martins
da Praça, um dos honrados cidadãos d’essa cidade, que morava junto com a igreja
cathedral onde chamam a praça dos Canos, e depois o deu, que o criasse, a Dom
Nuno Freire de Andrade, mestre da Cavallaria da ordem de Christo.2
1.2. Cita dois factos referidos pelo cronista como provas de amor
de D. Pedro.