Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Aula 09
Aula 09
AULA
Movimento em um
referencial não inercial
Meta da aula
Descrever o movimento a partir de um referencial
acelerado.
objetivos
INTRODUÇÃO Observe as fotos a seguir. Elas mostram dois furacões famosos: um deles é o
Catarina, que atingiu a costa brasileira em março de 2004; o outro é o Isabel,
que atingiu a costa americana em setembro de 2003. Você conseguiria dizer,
usando somente argumentos físicos, qual deles é o brasileiro?
Nesta aula, vamos estudar a dinâmica em referenciais não inerciais. Você já
aprendeu, no Módulo 2, Volume 2, do curso Física 1A, que a segunda lei
ur r
de Newton tem a forma simples F = ma , com a força resultante oriunda
apenas de interações, somente em referenciais inerciais. No entanto, vivemos
na superfície de um planeta que gira em torno do seu eixo e percorre uma órbita
elíptica em torno do Sol, para citar apenas os dois movimentos mais relevantes,
o que faz com que qualquer referencial fixo em relação à Terra seja um referencial
não inercial. Em um referencial não inercial aparecem as forças inerciais, assim
chamadas porque todas, a exemplo da força gravitacional, são proporcionais à
massa da partícula considerada. Nesta aula, você verá que uma dessas forças
inerciais está diretamente envolvida na existência de furacões. Também verá
que, em certas situações, como no tratamento do movimento de corpos rígidos,
pode ser conveniente trabalhar em um referencial não inercial.
236 CEDERJ
MÓDULO 1
Os argumentos contra as idéias de Aristarco eram os mais variados. Por exemplo,
9
os astrônomos gregos já haviam tentado calcular a distância do Sol e sabiam
AULA
que ela excedia dois milhões de quilômetros (um valor estimado muito baixo, a
distância é de 150 milhões de quilômetros). Diziam os oponentes de Aristarco
que, como a distância do Sol é muito grande, se a Terra se movesse num círculo
tão grande nós deveríamos ver a distribuição das estrelas no céu mudar ao longo
do ano, porque as mais próximas pareceriam se mover de uma certa extensão
contra o background daquelas mais distantes. Aristarco respondeu que as estrelas
estão todas tão distantes que uma diferença de dois milhões de quilômetros ou
três no ponto de observação é desprezível. Isto implicava, porém, que o universo
deveria ser realmente enorme, pelo menos bilhões de quilômetros de extensão, no
que poucos estavam prontos para acreditar. O modelo da Terra fixa, imóvel, foi,
mais tarde, adotado pela Igreja, tornou-se um dogma e somente mil anos depois
as idéias de Aristarco reapareceram com Copérnico.
ROTAÇÕES INFINITESIMAIS
CEDERJ 237
Mecânica | Movimento em um referencial não inercial
r
δ r = r senα δθ (9.1)
Figura 9.3: Em (a), o dado é girado de 900 primeiro em torno do eixo–z, depois, em torno do eixo–x.
Em (b), a primeira rotação de 900 é em torno do eixo–x e a segunda, em torno do eixo–z.
238 CEDERJ
MÓDULO 1
9
AULA
r
Figura 9.4: O vetor r faz um ângulo α com a direção do vetor n e é girado de um
ângulo δθ em torno dessa direção.
r uur r
δ r = δθ × r (9.2)
ou,
r r uur r
r ′ = r + δθ × r (9.3)
uur r
onde introduzimos o vetor rotação infinitesimal δθ = δθ n . Vejamos
r
agora o que acontece quando aplicamos ao vetor r duas rotações
uur uur
infinitesimais sucessivas δθ 1 e δθ 2 , não necessariamente co-lineares.
r
Sob essas operações, o vetor primeiro muda para r", onde
r r uur r
r ′ = r + δθ 1 × r (9.4)
e depois se transforma em
r r uur r
r ′′ = r ′ + δθ 2 × r ′
r uur r uur r uur r (9.5)
= r + δθ 1 × r + δθ 2 × (r + δθ 1 × r )
r uur uur r
≈ r + (δθ 1 + δθ 2 ) × r
r uur r
= r + δθ 12 × r
CEDERJ 239
Mecânica | Movimento em um referencial não inercial
também é um vetor.
r r
Se interpretarmos r" como r ( t + δ t ) na Equação (9.3), então a
r
equação do movimento de um vetor r , executando um movimento de
r
precessão em torno da origem com velocidade angular ω , é dada por
r
dr r r
= ω×r (9.7)
dt
x'2
x'1
x1
Figura 9.5: Dois referenciais com uma mesma origem O. O referencial com eixos
r
ao longo dos unitários {êi′} é inercial e o outro gira com velocidade angular ω em
relação a ele.
240 CEDERJ
MÓDULO 1
Um segundo referencial, com a mesma origem O e eixos
9
{ } r
coordenados êi , gira com velocidade angular ω . Visto do referencial
AULA
inercial, os vetores unitários êi estão se movendo segundo as equações
deˆ i r
= ω × eˆ i , i = 1, 2, 3. (9.8)
dt
r
Seja A um vetor qualquer. Podemos decompô-lo em termos de
r
suas componentes Ai = A ⋅ eˆ i no sistema girante
r 3
A = ∑ Ai eˆ i (9.9)
i =1
r
ou, em termos de suas componentes Ai′ = A ⋅ eˆ i′ no sistema inercial fixo,
r 3
A = ∑ Ai′ eˆ i′ (9.10)
i =1
porque neste sistema os unitários eˆ′i são fixos. Mas, usando a Equação
(9.9), temos também que
r
dA 3
dA 3
deˆ
= ∑ i eˆ i + ∑ Ai i (9.12)
dt i = 1 dt i =1 dt
CEDERJ 241
Mecânica | Movimento em um referencial não inercial
r r r
r′ = R + r (9.16)
r r r
r ’ = R +localiza
onde o vetor r a origem do sistema girante no sistema fixo.
Para o observador no sistema fixo,
r r r
dr ′ dR dr
= +
(9.17)
dt f dt f dt f
r
Figura 9.6: A partícula em P tem vetor posição r"no referencial inercial
r r com origem
r r
em O’ e vetor posição r no referencial girante com origem emr ’O.
= R +é ro vetor posição
da origem do referencial girante em relação ao referencial inercial.
242 CEDERJ
MÓDULO 1
de modo que, usando a Equação (9.14),
9
r r r
AULA
dr ′ dR dr r r
= + +ω×r (9.18)
dt f dt f dt r
r r r r
d2r d2R d2r r r dω r r r r
2 = 2 + 2 + 2ω × v + × r + ω × (ω × r ) (9.21)
dt f dt f dt r dt
r r
d2 r
Fr ≡ m 2 (9.22)
dt r
r
r d2R r r r r r r
= F − m 2 − mω& × r − 2mω × v − mω × (ω × r )
dt f
r
O primeiro termo F é a soma das forças atuando sobre a partícula,
medida no referencial inercial fixo. Essa força resultante pode ser relacio-
nada com a interação da partícula com sua vizinhança. Já os outros termos
aparecem devido ao fato de o movimento estar sendo observado de um
referencial não inercial. Note que todos eles são proporcionais à massa
inercial da partícula e por isso são chamados forças inerciais. O termo
&&r
− mRf vem da aceleração da origem do sistema girante em relação ao
r
sistema original inercial. O termo −2 mω × vr , chamado força de Coriolis,
se anula a menos que a partícula se mova no referencial girante ao longo
r
de uma direção diferente daquela de ω . Em contraste, a força centrífuga
r r r
− m ω × (ω × r ) atua mesmo numa partícula estacionária. Finalmente, a
r r
contribuição − m (dω / dt) × r , chamada força de Euler, ocorre somente
para um referencial com aceleração angular.
CEDERJ 243
Mecânica | Movimento em um referencial não inercial
2π
ωST = ≈ 1, 99 × 10−7 s −1
τ ST
freqüência angular
2π
ωT = ≈ 7, 29 × 10−5 s −1
τT
r r
na Terra tem uma velocidade angular ωST + ωT que podemos tomar
r
como constante, desprezando assim o termo contendo dω / dt na
r
Equação (9.22). (Na verdade, ωT não é constante, devido à precessão dos
equinócios, um movimento muito lento do eixo de rotação da Terra com
um período de cerca de 25 mil anos). A Equação (9.22) então fica
r r
d2r r d2R r r r r r r r
m 2 = F − m 2 − 2m (ωST + ωT ) × v − m (ωST + ωT ) × (9.23)
(ωST + ωT ) × r
dt T dt S
r r r r r r r
− 2m (ωST + ωT ) × v − m (ωST + ωT ) × (ωST + ωT ) × r
S
244 CEDERJ
MÓDULO 1
r
onde Fr inclui a força gravitacional do Sol, a força gravitacional
9
da Terra e qualquer outra força que possa estar atuando sobre a
AULA
partícula considerada. Podemos, ainda em relação à Equação (9.22),
observar que:
(i) como MT ≈ 5, 98 × 1024 kg e MS ≈ 1, 99 × 10 kg , temos que
30
( MT / MS )( RS / RT )
2
≈ 1, 66 × 103
2
dt S
(iii) os efeitos da rotação da Terra em torno do Sol são de
ordem ωST / ωT ≈ 2, 73 × 10 em relação aos efeitos provocados pela
−3
r GMT m r
Fg = − r (9.25)
r3
A DIREÇÃO VERTICAL
GM T m r r r r r
0=− r + F ′ − mω × (ω × r ) (9.26)
r3
CEDERJ 245
Mecânica | Movimento em um referencial não inercial
ou
r r
F ′ + mge = 0 (9.27)
onde
r GM r r r r
g e = − 3 T r − ω × (ω × r ) (9.28)
r
r 1
ge = − (GMT RT−2 − ω 2 RT sen2θ ) rˆ + sen2θ ω 2 RTθˆ (9.29)
2
r r
F ’+ mge = 0
r r r r
− m ω × (ω × r ) r r − m ω × (ω × r )
− m ω × (ω × r )
r
θ r mg
mg
r
mge
r
mge
Figura 9.7: O que determinamos com o fio de prumo como sendo a direção vertical
é, na verdade, a direção do vetor resultante da soma da força gravitacional mais a
força centrífuga. O desenho no centro ilustra o fio de prumo em equilíbrio.
246 CEDERJ
MÓDULO 1
QUEDA LIVRE
9
AULA
Consideremos uma partícula de massa m em queda livre e vamos
r
desprezar a resistência do ar. Neste caso, F ′ = 0 e, usando a Equação
(9.28), podemos escrever a Equação (9.24) como
r r r r
mr&& = mge − 2mω × r& (9.30)
r r
Como esta equação vetorial depende somente de r& e &&
r , ela
pode ser resolvida em qualquer referencial fixo na Terra que seja mais
conveniente. Vamos escolher o referencial indicado na Figura 9.8. Nele,
o vetor unitário î aponta para o sul, ĵ para o leste e k̂ para cima. Como
vimos, k̂ não está exatamente na direção vertical (a direção local do fio
de prumo) devido à aceleração centrífuga. Mas este efeito é de segunda
ordem em ω e desprezível para o presente problema. Assim, vamos fazer
r r
ge ≈ g = − gkˆ e reter somente termos lineares em ω.
r r r
Seja r (0) = hk a posição inicial da partícula e seja r& (0) = v(0) = 0
Como queremos reter somente termos lineares em ω , vamos escrever a
r r r r
solução do nosso problema como r (t) = r0 (t) + r1 (t) , onde r0 (t) descreve
r r r
t) = r0 (t) e+ r1 (t) incorpora as
a trajetória numa Terra que não estivesser (girando
r
pequenas correções proporcionais a ω. É evidente que r0 (t) satisfaz a
equação
r r
r0 = g = − gkˆ
&& (9.31)
CEDERJ 247
Mecânica | Movimento em um referencial não inercial
que integrando dá
r 1 ^
r0 (t) = (h − gt 2 )k (9.32)
2
r r
Substituindo r0 + r1 na Equação (9.30) e expandindo até primeira
ordem em ω, obtemos
r r r
&& r r
r1 = g − 2ω × r&0
r0 + && (9.33)
r r
A solução desta equação com a condição inicial r1 (0) = r&1 (0) = 0 é
r 1r r 1 ^
r1 (t) = − ω × gt 3 = ω gt 3 senθ j (9.35)
3 3
π
onde o ângulo polar θ = − λ é a co-latitude. Juntando as Equações
2
(9.32) e (9.35), temos, para a trajetória total
r 1 ^ 1 ^
r (t) = (h − gt 2 ) k + gωt 3sen θ j (9.36)
2 3
248 CEDERJ
MÓDULO 1
EFEITOS DA FORÇA DE CORIOLIS SOBRE O MOVIMENTO
9
HORIZONTAL
AULA
Considere uma partícula na co-latitude θ, movendo-se com uma
r
= v (cos
velocidade horizontal v que faz um senφ jφ) com o eixo dos x no sistema
φ i +ângulo
de referência da Figura 9.8. Mais especificamente, neste referencial
r ^ ^ r ^ ^
temos v = v (cos φ i + senφ j ) e ω = ω (cosθ k − senθ i ) . Efetuando o
produto vetorial destes dois vetores, encontramos, para a força
de Coriolis
r r
Fcoriolis = −2mω × v
( ^
= 2mω v cosθ senφ i − cosθ cos φ j^ + senθ senφ k
^
) (9.38)
CEDERJ 249
Mecânica | Movimento em um referencial não inercial
O PÊNDULO DE FOUCAULT
r r
Figura 9.10: (a) Plano ∏ definido pelos vetores T e g.; (b) diagrama mostrando os
vetores envolvidos no problema.
250 CEDERJ
MÓDULO 1
r r
onde T ée agtensão
. na corda. Estamos na Equação (9.39), considerando
9
r r r r r r
ge ≈ g . Note que os dois vetores
T e g. e T edefinem
g. o plano ∏ no qual
AULA
r r
o pêndulo se moveria na ausência da aceleração de Coriolis −2ω × r& .
A força de Coriolis tem uma componente na direção perpendicular ao
plano ∏ que, mesmo sendo pequena, muda a natureza do movimento,
já que seu efeito não é contrabalançado por nenhuma outra força.
Vamos determinar a velocidade angular de precessão do plano do
pêndulo por meio do seguinte artifício: tentaremos encontrar um novo
referencial girando em torno do eixo vertical que passa pelo ponto de
suporte do pêndulo com uma velocidade angular Ω escolhida de tal
modo que a componente da força de Coriolis que causa a precessão
seja nula, ou seja, nesse novo referencial, um observador apenas vê o
pêndulo executar o movimento de vaivém no plano vertical. Aplicando
a Equação (9.14), temos
r r
dr
=
dr ˆ r
+ Ωk × r (9.40)
dt T dt Ω
r r r
d2r d2r 2 ˆ ˆ × rr) + 2Ωkˆ × dr
2 = 2 + Ω k × (k
dt T dt Ω dt Ω (9.41)
r
onde ( dr dt )Ω representa a derivada temporal em relação ao novo
referencial. Substituindo esses resultados na Equação (9.39), ficamos
com
r r r r
d2r r T r dr ˆ r 2 ˆ ˆ r ˆ dr
2 = g + − 2ω × + Ωk × r − Ω k × (k × r ) − 2Ωk ×
dt Ω m dt Ω dt Ω
r r
r T
m
r r
( ) r r
( dr
= g + − 2Ωω × kˆ × r − Ω2 kˆ × (kˆ × r ) − 2 ω + Ωk̂ ×
dt Ω
)
(9.42)
r r r r r r rr r
Finalmente, usando a identidade vetorial a × (b × c) = b (a ⋅ c) − c (a ⋅ b) ,
reescrevemos esta equação como
r r r
d2r
dt Ω
r T
m
r r
( 2 ˆ r ˆ
) ( )
ˆ r Ω2 rr − 2 ωr + k̂Ω × dr
2 = g + − 2Ωω ⋅ r + Ω k ⋅ r k + 2Ωk ⋅ ω + (9.43)
dt Ω
( )
r r
T
(
r r r
) ( r r r
) (
dr
+ − 2Ωω ⋅ r + Ω2 kˆ ⋅ r kˆ + 2Ωkˆ ⋅ ω + Ω2 r − 2 ω + k̂Ω ×
m
)
dt Ω
CEDERJ 251
Mecânica | Movimento em um referencial não inercial
r
kˆ ⋅ (ω + kˆ Ω) = 0 (9.44)
π
Ω = ω cos − λ = ω senλ (9.45)
2
RESUMO
Uma rotação finita, embora tenha módulo, direção e sentido, não pode ser
representada por um vetor porque a adição de duas rotações finitas não é
comutativa. Já a adição de rotações infinitesimais é comutativa, e estas são
vetores. Como conseqüência, a velocidade angular também é um vetor.
A segunda lei de Newton, para um observador em um referencial não inercial
cuja origem está acelerada em relação a um referencial inercial e que também
gira com velocidade instantânea ω em relação ao mesmo referencial inercial, tem
a forma complicada r
r d2r
Fr ≡ m 2
dt r
r
r d2R r r r r r r
= F − m 2 − mω& × r − 2mω × v − mω × (ω × r )
dt f
r
Fr é a resultante das forças oriundas das interações da partícula de massa m com
sua vizinhança. Os outros termos, todos proporcionais a m, são as chamadas
&&r
forças inerciais: o termo − mRf vem da aceleração da origem do sistema girante
r
em relação ao sistema original inercial. O termo −2m ω × vr , chamado força de
Coriolis, se anula a menos que a partícula se mova no referencial girante ao
r r r
× (ω .×Em
−ωde
longo de uma direção diferente daquela r ) contraste, a força centrífuga
r r r
− mω × (ω × r ) atua mesmo numa partícula estacionária. Finalmente, a contribuição
r r
− m (dω / dt) × r , chamada força de Euler, ocorre somente para um referencial
com aceleração angular.
252 CEDERJ
MÓDULO 1
9
A Terra é um referencial não inercial, principalmente em virtude do seu movimento
AULA
de rotação. Embora a aceleração centrífuga e a aceleração de Coriolis sejam
pequenas em comparação com a aceleração gravitacional, seus efeitos em
movimentos de longa duração ou de grande escala são consideráveis.
PROBLEMAS
onde Vc é o potencial
1 r r2 1
Vc = − ω × r = − ω 2 r 2 sen2θ
2 2
CEDERJ 253
Mecânica | Movimento em um referencial não inercial
4 8h3
ω cos λ
3 g
SOLUÇÕES
r
9.1. Fazendo ω = ω k̂ , então temos, em coordenadas polares (com
unitários rˆ, θˆ, φˆ )
r ^
ω = ω (r^ cosθ − θ senθ )
e
r
r = rr^ˆ
254 CEDERJ
MÓDULO 1
r r
Assim, ω × r = ω rφˆ senθ e
9
AULA
r r r
− m ω × (ω × r ) = − mω 2 r(r^cosθ − θ^senθ ) × φ^senθ
^
= mω 2 r (sen2θ r^ + senθ cosθθ )
r ∂ 1 ∂ 1 ∂
∇ = eˆ r + eˆθ + eˆϕ
∂r r ∂θ r senθ ∂ϕ
1
Se Vc = − ω 2 r 2 sen2θ , então,
2
r ∂ 1 ∂ 1 2 2 2
− m∇Vc = m eˆ r + eˆθ ω r sen θ
∂r r ∂θ 2
2 2 ˆ
= mω r(sen θ rˆ + senθ cosθθ )
r
onde r0 (t) descreve a trajetória numa Terra que não estivesse girando e
r
r1 (t) incorpora as pequenas correções proporcionais a ω. É evidente que
r
a trajetória não perturbada r0 (t) é dada por
r 1 ^ ^
r0 (t) = − gt 2 k + v0 (cos α ^j + sen α k) t
2
O projétil retorna ao solo depois de um tempo τ 0 = 2v0 senα / g .
A velocidade do projétil é
r
r&0 = − gtkˆ + v0 (cos α jˆ + senα kˆ )
CEDERJ 255
Mecânica | Movimento em um referencial não inercial
t3 t2
y1 (t) = 2ω senθ g − v0 senα
6 2
256 CEDERJ
MÓDULO 1
No instante τ0 em que o projétil toca o solo,
9
AULA
(2v0 senα )3 (2v0 senα )2
y1 (τ 0 ) = 2ω senθ 2
− v0 senα
3g g2
3
4 v
= − ω 02 sen3α senθ
3 g
∆R = y0 (τ 0 ) + y1 (τ 0 ) + δ y0 − R
4 v3 2v ω cos2 α senθ
= − ω 02 sen3α senθ + R 0
3 g g
4v03 1
= 2
ω senα senθ cos2 α − sen3α
g 3
Usando que
v0 = Rg / 2senα cos α
encontramos, finalmente,
1/2
2R3 1
∆R = ω senθ [(cotα ) − (tan α ) ]
1/2 3/ 2
g 3
CEDERJ 257
Mecânica | Movimento em um referencial não inercial
258 CEDERJ
MÓDULO 1
9.4. Queremos encontrar a aceleração total do ponto P na borda
9
do pneu fazendo um ângulo θ com a direção do movimento.
AULA
Vamos aplicar a Equação (9.22). Dividindo todos os termos por m e
passando os termos com sinal negativo para o lado esquerdo, ficamos com
r &&r r r r r r r r r
af = Rf + ar + ω& × r + ω × (ω × r ) + 2ω × vr
r
onde af é a aceleração no sistema de referência fixo no laboratório,
r&&
Rf é a aceleração do centro do pneu no sistema de referência fixo
&&r ˆ ), ωr& é a velocidade angular instantânea no
f = ai
no laboratório ( R
r
sistema de referência fixo no laboratório, ω& é a aceleração angular
r
( ω& = α = a / r ), é a aceleração do ponto P no sistema girante
(ar = 0) e vr é a velocidade do ponto P no sistema girante.
r
af = aiˆ + (−α kˆ ) × R(cosθ iˆ + senθ jˆ)+( − ωkˆ ) × [( − ωkˆ ) × R(cosθ iˆ + sen
nθ jˆ)]
= aiˆ − α R(cosθ jˆ − senθ iˆ) + ω 2 Rkˆ × (cosθ jˆ − senθ iˆ)
= aiˆ − α R(cosθ jˆ − senθ iˆ) − ω 2 R(cosθ iˆ + senθ jˆ)
= (a + α R senθ − ω 2 R cosθ ) iˆ − (α R cosθ + ω 2 R senθ )jˆ
v2 v2
= [a (1 + senθ ) − cosθ ] iˆ + [a cosθ + senθ ] jˆ
R R
r
O módulo de af é
r 2 v2 v2
af = [a(1 + senθ ) − cosθ ]2 + [a cosθ + senθ ]2
R R
4 2
v v
= 2a2 (1 + senθ ) + 2 − 2a cosθ
R R
CEDERJ 259
Mecânica | Movimento em um referencial não inercial
o que dá
aR
tan θ0 = −
v2
O que implica
v2 aR
cosθ0 = − e senθ0 =
(aR)2 + v 4 (aR)2 + v 4
r 2
(Calcule a derivada segunda de af e verifique que esta é a solução
r
que dá um máximo.) Substituindo esses resultados em af , obtemos
r aR v2 v2 v2 v2 aR
afmax = [a(1 + )− (− )]i^ + [a(− )+ ]j^
(aR) + v
2 4 R (aR)2 + v 4 (aR)2 + v 4 R (aR) + v
2 4
4 2
1 v /(aR)
= (a + a +a )i^
1 + v /(aR)
4 2
1 + v 4 /(aR)2
= a(1 + 1 + v 4 /(aR)2 )i^
260 CEDERJ
MÓDULO 1
9.5. Como antes, vamos considerar a velocidade do projétil na
9
situação hipotética de que a Terra não estivesse girando
AULA
r ^
v (t) = (v0 − gt) k
2 3
1 2v 1 2v
y = −2ω cos λ[ v0 0 − g 0 ]
2 g 6 g
4 v3 4 (2 gh)3 / 2
= − ω cos λ 02 = − ω cos λ
3 g 3 g2
ou,
4 8h3
y = − ω cos λ
3 g
para o oeste.
CEDERJ 261