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NORMATIVIDADE CONTEMPORÂNEA E

DIGNIDADE DE PESSOA HUMANA


Prof. Cleide Fermentão

14/03/2019

É a proteção dos valores interiores da pessoa.


Então nesta disciplina faremos uma análise desses direitos personalíssimos, ver até onde são
protegidos e será que são invioláveis?
A consciência jurídica do mundo assemelha-se a uma árvore milenar, de cujos
galhos nodosos rebentam os densos ramos e, deles, a floração dos direitos.
Quando as flores legais emurchecem sob o implacável calor do tempo e a ventania
evolucionista e revolucionária, oriunda das carências sociais, agita as ramagens as
faz rolar para o solo poroso, onde são transformadas em adubo e absorvidas pelas
raízes poderosas e insaciáveis.
A floração é o nascimento do direito, que nasce com a necessidade social. Surge dessa forma,
surge perfeito, está protegendo uma situação, um problema social, com o passar do tempo
porem, as normas perdem a eficácia, e aí? Então surge novas normas, substituindo as que
perderam sua eficácia. São frutos de valores da sociedade, o que é valor? Aquilo que tem
importância. Então, quando falamos de valores sociais, morais, éticos, pessoais, religiosos, o
Estado está aí para normatizar.
Quando os interesses começam a se coincidir entre as pessoas, surgem as normas coletivas.
Então o direito entra como árvore milenar, existindo para proteger a sociedade. E se não está
protegida, muitas vezes nem é por falta de norma, mas por falta de aplicabilidade delas. Tendo
um estado submisso, inerte, que não consegue dirimir as desigualdades, os preconceitos (seja
contra o pobre, contra o homossexual, contra o negro). Como sejamos como adultos, precisamos
gerar flores, gerar frutos. Adubar. Não é possível que exista outra fonte, a não ser lutar por
melhores condições de vidas daqueles que amamos, ou quem sabe do país todo. Não cante
apenas em sua aldeia, mas seja ousado, pesquisar pensando que nossos artigos serão lidos por
pessoas de influências que mudarão o mundo, acatarão nossas ideias.
As gerações inquietas, sob a sua sombra espessa, foram passando, num
atropelamento irresistível e fatal, e delas resta apenas uma descolorida poeira de
tijolos cuneiformes e uns amarrotados pergaminhos e papiros, amarelados pelo
bolor dos esconderijos e dos escaninhos.
Direito é ciência, o que está nos códigos são leis. Entre o direito e a lei, fique com a justiça, fique
com o direito. A lei um dia morre, um dia o galho é seco e precisa ser cortado. Onde os cientistas
do direito nascem? Onde fluem? É para pensar, analisar, questionar o porquê que o direito ou
sociedade pensa assim? É na academia que podemos crescer.
Os direitos surgiram precisamente quando as civilizações originárias atingiram o
momento necessário às suas eclosões. Resultaram delas, do ápice cultural a que
tinham atingido, após a saturação do estado primitivo.
O homem primitivo que se tem notícia, começou a perceber sua fragilidade perante a sua própria
natureza. Uma hora os trovões, raios, chuvas, neve... Então foi criando a ideia de que havia uma
divindade com poder absoluto que determinava que era esta que enviava os “mals” sobre ele. É
o que temos até hoje na teoria da sanção. Lei do boomerang. Conservamos algumas ideias do
homem primitivo. Então o homem descobre que se unisse a outros homens, então conseguiriam
unir forçar, construir locais juntos para passarem as necessidades juntos. Foi por meio dos
problemas e sua busca para resolver isto, que o homem desenvolveu sua inteligência. Com isso
grupos foram surgindo, aumentando. E era necessário estabelecer regras de comportamento,
naturalmente.
No direito de família aprendemos que os grupos primitivos viviam um caos inicial, cuja
promiscuidade era tão grande, que não havia identidade paterna. Sabia-se apenas quem era a
mãe, e ela precisava cuidar, criar, alimentar (matriarcado).
Com o período do FERRO, os homens deixavam as mulheres e crianças nos seus grupos e iam
para outros para guerrear. Com a guerra, veio a escravidão humana. Ou seja, o grupo vencedor
tinha direito de vida e morte sobre os vencidos. Outro fato, foi trazer as mulheres dos perdedores
para os vencedores. Então neste grupo social, nasce o que primeiro entendeu-se sobre família.
As mulheres ficavam trancadas, cobertas da cabeça aos pés. E então muda-se os valores daqueles
grupos. Nasce o que conhecemos como PÁTRIO PODER.
Este poder se fortaleceu de tal forma, que o PAI começa a ter poder sobre as mulheres, filhos,
escravos, animais, etc. E naturalmente foram retirando da mulher toda e qualquer autoridade
sobre o filho. Então do matriarcado para o patriarcado, a mãe continuou cuidando e zelando,
mas a autoridade era absolutamente do pai.
Em relação aos costumes da época, que não eram escritas, mas que antes disso durou muitos
anos, era ditada pela tradição. Era o pai que contava ao filho toda a história com fidelidade da
sua família, do grupo, etc. Posteriormente o filho passava para seu filho e assim por diante. Então
nasce a tradição. Sem sinais de escrita, vez ou outra, desenhos em grutas. Havia comunicação, a
palavra falada, porém não a palavra escrita, sinais, de forma a ficar registrado.
Por muitas e muitas civilizações o direito e a religião andaram juntas. A religião foi uma das
principais opressoras e hoje a religiosidade ainda é. Hegel diz que o lado espiritual do ser humano
que é a consciência. Como profundo é a consciência. O que é certo ou não? Ou que é justo ou
não? Sartre defende a ideia do existencialismo, e diz que somos construídos todos os dias, ou
seja, pode acontecer uma transformação dentro de nós mediante várias coisas, seja uma música,
filme, uma nuvem sobre nossas cabeças, etc. Vamos aprendendo...
Não foram os deuses que ditaram os direitos pelas bocas dos predestinados. Para
o seu tempo, foi prudente e lógico o anúncio da outorga divina. Porém, chegou o
dia em que o direito perdeu o caráter teológico e falou, em Roma, pela boca dos
tribunos. Júpiter presidia do Olimpo, ao destino do Lácio, mas não ditava leis por
intermédio das sibilas.
As primeiras leis começaram a ser ditas que eram de Deus porque nenhum súdito acataria que
um homem fosse ditador desta forma. Seria muito mais fácil dizer que foi alguma divindade que
mesmo mandou ao homem. P.ex. código de Hamurabi, trata de direito de vizinhança, direitos de
vizinhança, direito civil. Ou os 10 mandamentos de Moisés.
Mais tarde, Rousseau em seu livro Contrato Social, narra questões do Estado, e o homem
segundo ele, como não podiam falar todos ao mesmo tempo, designaram pessoas para
representar todos... Nasce então a figura do Estado, do grupo social, de política.
A conduta legal do mundo se processou sob o modelo Justiniano e cada povo
adotou uma lei, na equivalência de seus direitos e de seus deveres. Com a
caminhada dos séculos os processos elaborativos e normativos se modificaram,
até atingirem os recintos parlamentares, onde nem sempre chegam os ecos das
necessidades sociais.
O imperador JURTINIANO foi um dos maiores e mais influentes IMPERADORES
ROMANOS para a História do Direito. Não há como negar que o Direito Ocidental,
que não seguiu o modelo anglo-saxão tem boa parte, senão integralmente, de seu
conteúdo inspirado no DIREITO ROMANO.
No DIREITO PÁTRIO, muito do que nossa sociedade se tornou e vem tornando, é
devido ao Direito Romano e, sem dúvidas, às compilações elaboradas a mando do
imperador Justiniano. Tais compilações se deram no século VI e foram elaboradas
a partir de documentos escritos entre os anos de 150aC a 284dC, quando Roma se
encontrava em seu pleno desenvolvimento jurídico e cultural.
Os DIREITOS CUNEIFORMES: conjunto de direitos da maior parte dos povos do
Próximo Oriente da antiguidade que se serviram de um processo de escrita,
ideográfico, em forma de cunha ou de prego. Esses povos desenvolveram
civilizações aparentadas, difundida pela língua arcádica como língua diplomática
e como língua culta. Há sistemas jurídicos de periódicos e de regiões diferentes.
Os grandes Códigos dos direitos cuneiformes:
a) O mais antigo código conhecido é o de UR-NAMMU, da 3ª dinastia de UR, cerca
de 2040 antes de Cristo.
b) O monumento jurídico mais importante da antiguidade antes de Roma é o
Código de HAMMURABI, Rei da Babilônia (1726-1686)
c) O Direito Hebraico – os hebreus eram nômades. Atravessaram a Palestina na
época de Hamurabi, ficaram no Egito, retornaram à Palestina (êxodo) e se
instalaram entre os Hititas e os Egípcios. O Direito é dado por Deus ao povo.
A análise do direito sob o olhar dos acontecimentos históricos visa fazer
compreender como é que o direito atual se formou e desenvolveu.

DIREITO DA ANTIGUIDADE
Os mais antigos documentos escritos de natureza jurídica apareceram cerca do
ano 3000 antes da nossa era, por um lado Egípcio, por outro na Mesopotâmia. Os
povos que conheceram as primeiras formulações do direito:
1) Os sumérios (primeiro povo a habitar a região da Mesopotâmia, o atual Iraque,
compreendida entre os rios Tigre e Eufrates
2) Acadianos (tribo de nômades que vieram do deserto da Síria, chegaram a
Mesopotâmia por volta de 2550aC, enquanto este território estava dominado
pelos sumérios.
3) Hititas (povo indo europeu, que no segundo milênio a.C. fundaram um poderoso
império na Anatól Central (atual Turquia), região próxima da Mesopotâmia.
4) Assírios (povo guerreiro, rude e camponês, possuíam a justiça baseada no código
de Hamurabi, estabelecido no século XVIII a.C.)
5) Hebreus (situados no Egito, Mesopotâmia, registraram na Bíblia o seu livro
religioso, um conjunto de preceitos morais e jurídicos que foram perpetuados,
influenciando o direito canônico, direito escrito pela Igreja Católica e o direito
muçulmano. A Lei de Moisés está registrada nos cinco primeiros livros da Bíblia,
chamado de PENTATEUCO. (O Direito de família que temos hoje vem muito do
Direito Canônico.)
Em Roma, na época da república e no tempo do império, foi feito a síntese de todos
os direitos da antiguidade, criando nos primeiros séculos de nossa era um sistema
jurídico num nível inigualável até então.
Recapitulando:
Despatrimonialização do Direito - Pietro Permogiele // traz a importância que existe na
preocupação com a pessoa humana, protege a propriedade, o trabalho? Sim. Mas porque o
centro é a pessoa humana. Tudo gira em torno da pessoa humana.
O Direito a vida: a proteção a vida, vem desde o ventre materno, até a velhice.
O Direito a liberdade: não só de ir e vir, liberdade de crença, liberdade política, liberdade positiva,
liberdade exterior, interior... Personalíssimo. O ser humano é um universo de sonhos, de
expectativas, de frustrações, de tantas coisas interiores. Por isso o homem é o centro do direito.

21/03/2019

OS GRANDES SISTEMAS JURÍDICOS


a) Os direitos romanistas: os direitos de maior parte dos países da Europa ocidental
pertencem a um conjunto de sistemas jurídicos que se chama de DIREITOS ROMANISTAS,
em virtude de influência exercida pelo DIREITO ROMANO sobre a sua formação.
b) Família romano-germânica: os anglo-saxões chamam-lhe o CIVIL LAW SYSTEM, (direitos
italiano, espanhol, português e grego, alemão, austríaco, suíço e outros);
c) O COMMON LAW: O sistema do Common Law nasceu na Inglaterra, por ação dos tribunais
reais na Baixa Idade Média (séc. XIII e XV); é um direito elaborado por juízes; a fonte
principal do direito é a jurisprudência, o precedente judiciário. Tornou-se o sistema de
todos os países que foram dominados e colonizados pela Inglaterra: País de Gales, Irlanda,
EUA (salvo Luisiana), o Canadá (Salvo Quebec), a Austrália, a Nova Zelândia, a Índia e
vários países africanos.
Obs: o ativismo do judiciário se dá pela ausência de normas, por um judiciário a quem das
necessidades legislativas do país. Uma evolução social, científica, não acompanhada pelo
legislativo. A norma existe para que o direito exista para que o ser humano seja protegido.
Quando uma norma fica para trás, problemas começam a surgir nas portas do judiciário, e estes
precisam buscas nas normas, nos princípios constitucionais, nas decisões, nos princípios, nos
costumes. Um exemplo bem claro é o Direito de Família: evoluiu, mas a legislação não.
Com o reconhecimento da União Estável pela CF e a quantidade de casais homoafetivos
existentes sem normas para protege-los. Eram reconhecidos como sociedade em fato, sem
reconhecimento legal. Então bate no judiciário inúmeros casos então o STF reconhece a União
Estável entre pessoas do mesmo sexo, entidade familiar. Depois o CNJ aceita o casamento civil
de pessoas do mesmo sexto.
d) OS DIREITOS DOS PAÍSES SOCIALISTAS DE TENDÊNCIA COMUNISTA: Nasceu na Rússia
depois da revolução de 1917, baseado numa nova doutrina filosófica e política: O
MARXISMO-LENINISMO. O Direito da União Soviética foi um sistema revolucionário de
direito que visou alterar fundamentos da sociedade pela coletivização dos meios de
produção. Foi instaurada uma sociedade comunista, na qual não haveria nem Estado e
nem direito nas relações sociais. Para isso houve uma ditadura do proletariado-surgindo
um DIREITO SOCIALISTA.
e) DIREITO MULÇUMANO: é o direito de um grupo religioso, e não o direito de um povo ou
de um pais. É um sistema no qual a distinção entre direito e religião é quase nula: são os
chamados geralmente direitos religiosos. O direito mulçumano é aquele da comunidade
de fieis que professam a religião islâmica, regras derivadas ao Alcorão. Essas regras dizem
respeito às relações sociais como jurídicas, de caráter moral ou religioso.
Obs.: Alá é o guardião da ordem moral.
O Direito muçulmano é uma das faces da religião (teologia e “CHÂR’IA”) é a lei revelada,
E o FIGH é a ciência dos direitos e dos deveres dos homens, das recompensas e das penas
espirituais. Os mulçumanos concebem a ciência do direito como uma arvore: as quatro
fontes são as raízes, a Lei revelada é o tronco, os ramos constituem as soluções especiais
deduzidas da Lei revelada.
Na concepção do século X, o FIGH (lei) era imutável, nada podia modifica-lo. Atualmente
o FIGH é flexível e permite certa adaptação à evolução política e social do mundo
muçulmano. O Direito muçulmano estabelece liberdade aos homens como chefes da
família-contratos-direito comercial.
Os Estados muçulmanos promulgaram códigos inspirados no direito europeu, exemplo a
Turquia, e seu Código Civil, baseado no Código Civil da Suíça. O que se manteve foi a
organização da família.
f) DIREITO INDU: é o direito da comunidade brâmane, também chamada de hinduísta. É
aplicado na Índia e partes do Sudeste Asiático. A religião indu impõe aos seus fieis uma
concepção de mundo e das relações sociais, baseado na existência de castas. Os princípios
religiosos substituem as normas jurídicas.
O Direito indu é o direito da comunidade hinduística: da comunidade de religião
bramânica. Comunidade com mais de 500 milhões de membros, quase todos vivendo na
Índia. O Direito INDU é um direito religioso e tradicional. Não se confunde com o direito
indiano, que é o direito territorial da Índia, constituído por leis.
O DHARMA é o conjunto das regras que o homem deve seguir em razão de sua condição
na sociedade, sendo regras de ordem moral, direito de religião, de ritual ou de civilidade.
Tem 3 fontes:
 VEDA (conhecimento, todo o saber, todas as verdades religiosas ou morais);
 A TRADIÇÃO (foram escritos inúmeros livros, os dharmasastra, tratados escritos
em sânscrito clássico – regras de conduta – literatura tradicional inju. O mais
célere é o MANUSMRTI, ou memória de Manu, chamada erradamente de Código
de Manu. Foi escrito em 200aC e 200dC – 5.400 versículos, em 12 livros.
 COSTUME (fonte do direito pelos hindus, é a principal fonte do direito positivo
hindu, porque completa os preceitos dos textos sagrados, número infinito de
costumes, diferentes de região para outra, de uma casta para outra.
No direito indu as regras foram reveladas pelas divindades, estão escritas em livros
sagrados; consagra a desigualdade social: cada homem tem seu lugar na sociedade,
pois pertence a uma sociedade, definitiva na hierarquia social.

Os ingleses dominaram a Índia a partir de 1857 – Rainha Vitória da Inglaterra,


imperatriz das Índias. O governo inglês favoreceu a formação do direito indiano,
comum a toda a população da Índia, pela legislação e pela organização da Justiça; a
partir do século XIX, surgiram juízes ingleses assistidos pelos PUNDITs (homens
versados na religião), surgindo o COMMON LAW Inglês.
Os ingleses tentaram introduzir uma moral europeia na Índia por via legislativa:
- Lei 1829: proibir queimar as viúvas
- Lei 1834: abolir a escravatura
- Lei 1850: aboliu a degradação resultante da exclusão da casta;
Depois de 1857 o governo britânico codificou o direito na Índia. Porém se tratou de
normas do povo indiano, embora alguns assuntos foram discutidos e aceitos. Mesmo
sendo feitos pelos ingleses, as normas eram unicamente indianas e respeitadas.
Em 1947 a República Indiana tornou-se independente, a sua constituição foi votada
em 1950; 80% da população mantem os costumes tradicionais e o direito tradicional.
g) O DIREITO CHINÊS: a história da China remonta a trinta séculos antes da era atual. Os
povos chineses da Mongólia, e se instalaram no Vale no Rio Amarelo. No sec. XII antes de
Cristo – regime feudal – desenvolvendo uma classe privilegiada, composta por guerreiros
e letrados. No século VI-IV aC viveram os homens que influenciaram a religião e o
pensamento chinês: Lao Tse, Confúcio e Mencio.
Império Antigo século III a.C – a China transformou-se em vasto império centralizado. Após
é dividido em vários reinos e sofreu várias invasões. Iniciando um novo período feudal.
Na China o direito tinha um papel secundário na vida social, o essencial era o “li”. Ou seja,
regras de convivência, e de decência, que impunham um comportamento em harmonia
com a “ordem natural das coisas”. Ideia nascida de CONFÚCIO (Sec. VI a.C), manteve-se
até o início do sec. XX). A partir de 1958, assiste-se ao desenvolvimento de uma nova
concepção ligada ao comunismo. A ideia de mediação veio de Confúcio. A palavra chave
é de harmonia entre as pessoas.
O “li” é a noção que se aproxima da nossa noção de direito (rito, mora), o conjunto de
regras de convivência e de bom comportamento que se impôs ao homem honesto. Uma
forma de código moral. – ordem moral – orem natural para o homem “basta respeitar
essa ordem natural.
O homem tem deveres em relação aos seus semelhantes e à sociedade. Cinco relações
estabelecidas por CONFÚCIO: (submissão aos superiores): 1) o jovem ao velho; 2) o filho
ao pai; 3) a esposa ao esposo; 4) o amigo ao amigo; 5) o súdito ao príncipe.
A BASE da organização social é a família. O chefe da família é o homem mais idoso
(patriarcado) – autoridade sobre todos os membros (piedade filial e culto dos
antepassados).

A justiça é administrada segundo o “li” pelos chefes de família e de clã; evita-se o processo
– desonra a paz social – procura-se a conciliação, a solução negociada que acomode as
partes.
Para Confúcio o “li” era suficiente para manter a ordem – governo pelos homens; porém
foi necessário criar leis, o povo reivindicou leis penais severas, o “fa” – isso no século III
antes da nossa era. E diziam: a natureza do homem é fundamentalmente má e egoísta,
os conflitos entre os homens são inevitáveis por isso ele deve submeter a leis severas e
cruéis – para intimidar.
O “fa” era um direito do Estado absoluto e geral que se impunha a todos – igualdade de
todos perante a lei – luta contra classes privilegiadas. É o governo pelas leis – oposto ao
governo pelos homens “li”.

28/03/2019

O DIREITO JAPONES
O direito japonês modelou-se sobre o da China no período de 600 a 850 da nossa era
(sistema chinês do “fa” o imperador governava com repartição periódica dos arrozais.
Sistema legalista igualitário. De 850 a 1868 – dominou o feudalismo, semelhante ao da
Europa Ocidental, e o sistema jurídico continuou a ser influenciado pela China. Desde
1868, o direito japonês ocidentalizou-se. É um país budista.

A vida política e social baseada na obediência do inferior ao superior (filho ao pai, mulher
ao marido, e outras). O Japão ficou voluntariamente fechado a influência estrangeira até
1868, o único porto aberto ao comércio internacional era Nagasaki. Após, com influência
da Europa, foram elaborados códigos – alguns de acordo com o modelo francês, e o
Código Civil de 1898, modelo alemão.

O DIREITO GREGO
O sistema jurídico da Grécia antiga é uma fonte histórica dos direitos da Europa ocidental.
Os gregos não foram grandes juristas, não construíram uma ciência do direito,
mantiveram-se como as leis cuneiformes e as transmitiram aos Romanos. Os gregos
foram os grandes pensadores políticos e filosóficos da antiguidade. Elaboraram uma
ciência política.1

Os gregos criaram muitos direitos. Cada cidade tinha o seu próprio direito. Atenas
(escritos literários), as fontes escritas são raras, poucos textos que permitem o estudo do
direito grego são: as epopeias de Homero, discursos da época do direito ateniense
(Demóstenes e de Iseu);

O direito privado grego conhecido é o de Atenas (permitia ao cidadão dispor livremente


de sua pessoa e dos seus bens). O poder paternal era limitado, pela maioridade o filho
deixa de ser submisso ao pai, porém, em relação às filhas estar permanecem sempre sob
a tutela do pai e depois do marido.

Jean Jacques Rosseau – O contrato social / Origem das desigualdades sociais


Montesquieu / O espírito da Lei

DECLARAÇÃO DOS DIREITOS DO HOMEM E DO CIDADÃO


Montesquieu influenciou os constituintes franceses por meio de “De L’esprit des lois”
tendo sido escolhido como seu mestre, pois considerou com horror os regimes despóticos,
nos capítulos VIII e IX do seu famoso livro. As chamadas “ideias geniais” dos filósofos da
época, não exercem nenhum despotismo, por meio das multidões que enodoaram de
sangue as páginas da Revolução Francesa.

A nação inteira, por todos os seus poros sociais, aspirava, de fato, por uma transformação
política, a estabelecer-se num nível de liberdade e de igualdade, porém, sem os
desmandos e as violências que culminaram no saturnismo dos próprios revolucionários.

1789 – Fruto desta revolução nasceu o DIREITO À LIBERDADE.

AS CODIFICAÇÕES DAS LEIS

Com o advento da idade moderna um dos objetivos foi tornar o direito ema lgo material
e formal. Assim foi que AFONSO X, no meio do século XIII, ordenou a feitura das
compilações o Fuero Real e a Ley de Siete Partidas, que foram o direito ibérico.

1
HANNAH ARRENDET – Filme / A condição da pessoa humana
A Suécia uniu suas leis e costumes num estatuto geral conhecido como Código Cristiano.
Em Portugal foi criada as Ordenações Afonsinas, atualizadas e substituídas em 1521 pelas
Ordenações Manuelinas.

Com a unificação das duas coroas na Península Ibérica, o rei espanhol empreendeu, pela
reforma do código geral lusitano, um esforço harmonizador com a nação portuguesa, ao
mesmo tempo em que perseguiu outro objetivo, o abrandamento da influência canônica,
exacerbada à época de Dom Sebastião. Editaram-se para Portugal, em 1603, as
Ordenações e Leis do Reino, ou Ordenações Filipinas, que foram revalidadas pela
Restauração Portuguesa em 1640, e no que toca ao Brasil, revalidadas pela
Independência, em 1822, e só desativadas em 1917, quando passou a viger o Código Civil.

Os juízes são chamados a aplicar o direito aos casos concretos, a dirimir conflitos que
surgem entre os indivíduos e grupos; para aplicar o direito, o juiz deve, evidentemente,
realizar um trabalho prévio de interpretação das normas jurídicas...”

DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS – 1948


Fruto da segunda guerra mundial // Dignidade Humana

O Estado tem o dever de dar a pessoa desenvolvimento físico e psíquico. Ele tem a obrigação de
zelar pelo cidadão.

04/04/2019

BREVE HISTÓRICO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS


Os Direitos Humanos na antiguidade não tinham a mesma conotação que têm nos dias atuais. O
conceito de dignidade humana surgiu na antiguidade greco-romana e derivava somente da
posição social que o indivíduo ocupa na “polis”.
No Direito dos Hebreus: no AT a perspectiva era de que a dignidade do indivíduo, enquanto ser
humano, provinha da ideia dele ser filho de Deus e representar a imagem deste, “E Deus fez o
homem a sua imagem e semelhança”
O NT completou essa ideia de homem relacionando-se com a ideia de salvação por intermédio
do Cristo. É certo que o cristianismo dulcificou o direito com a mudança de comportamento dos
convertidos.
A Lei de Moisés e a Lei do Talião não respeitavam a vida humana, a escravidão era vista como
necessária, entre outras situações de desigualdade social. Naquele período, não havia direitos a
proteger o homem, nada se compara aos atuais direitos fundamentais.

O Homem nasceu livre, e se encontra em toda a parte sob ferros. Acredita-se de tal modo sonhos
dos outros, que não deixa de ser seu escravo. J.J Rousseau
“Se não considerasse apenas a força e o seu resultado diria: enquanto um povo é constrangido a
obedecer e obedece, agem bem; mas logo que possa sacudir o jugo, e o sacode, procede melhor,
porque, ao recobrar a liberdade pelo mesmo direito com que lha arrebataram, ou vê nele
justificativa para retomá-la, ou não servia para que lha tirassem.” J.J Rousseau

TEORIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS

Os Direitos Fundamentais resultam de um movimento de constitucionalização que começou nos


primórdios do século XVIII. Encontram-se incorporados ao patrimônio comum da humanidade e
foram reconhecidos internacionalmente a partir da DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS DO
HOMEM da ONU de 1948.
Os Direitos Fundamentais têm contribuído para o progresso moral da sociedade, pois são direitos
inerentes à pessoa humana, pré-existentes ao ordenamento jurídico, visto que decorrem da
própria natureza do homem. Portanto, são indispensáveis e necessárias para assegurar a todos
uma existência livre, digna e igualitária.
Eles possuem várias expressões: direitos do homem, naturais, individuais, humanos, liberdades
fundamentais, etc.
O primeiro passo para a análise da diferença entre DIREITOS HUMANOS e DIREITOS
FUNDAMENTAIS é trazer a lume quem são os destinatários de sua proteção. Adotado esse fator
de diferenciação, não ficaria clara a separação entre direitos humanos e fundamentais,
permanecendo a zona de penumbra originalmente existente, pois nos dois casos o destinatário
da proteção é a pessoa humana.
O termo DIREITOS FUNDAMENTAIS se aplica para aqueles direitos da pessoa humana
reconhecidos e positivados na esfera do direito constitucional positivo de determinado Estado.
Direitos Humanos estão na esfera internacional.
Direitos Fundamentais estão na CF/88
Os Direitos HUMANOS são aquelas garantias inerentes à existência da pessoa, albergados como
verdadeiros PARA TODOS OS ESTADOS e positivados nos diversos instrumentos de Direito
Internacional Público, mas que por fatores instrumentais não possuem aplicação simplificada e
acessível a todas as pessoas.
Os DIREITOS FUNDAMENTAIS são constituídos por regras e princípios positivados
constitucionalmente, cujo rol não está limitado aos dos direitos humanos, e visam garantir a
existência digna (ainda que minimamente) da pessoa, tendo sua eficácia assegurada pelos
tribunais internos.
Os DIREITOD FUNDAMENTAIS do homem estão relacionados a PRINCÍPIOS que resumem a
concepção do mundo, e informam a ideologia política de cada ordenamento jurídico para
designar no direito positivo, aquelas prerrogativas e instituições que ele concretiza em garantias.
Princípios são AXIOMAS. Aquele que nasce espontaneamente no seio da sociedade. Os princípios
são considerados como base, fundamento, alicerce.
A CF/88 elencou um rol de direitos fundamentais e atribuiu a eles aplicação imediata, conforme
disposição expressa do artigo 5º, $1º: “AS NORMAS DEFINIDORAS DOS DIREITOS E GARANTIAS
FUNDAMENTAIS TEM APLICAÇÃO IMEDIATA”. Isso quer dizer que esses dispositivos, desde a entrada
em vigor da Constituição, produzem, ou podem produzir, todos os seus efeitos essências.
Para José Afonso da Silva: os Direitos Fundamentais do homem são situações jurídicas sem as
quais a pessoa humana não se realiza, não convive e, às vezes, nem mesmo sobrevive; Direitos
Fundamentais do homem no sentido de que a todos, por igual, devem ser não apenas
formalmente reconhecidas, mas concreta e materialmente efetivados. Do homem não como o
macho da espécie, mas no sentido de pessoa humana.
Ao nascer, os direitos fundamentais já estão inseridos nos atributos do cidadão, por isso, afirmar
que são “INERENTES A PESSOA HUMANA”. Eles representam, quer direta ou indiretamente, UMA
LIMITAÇÃO AO PODER DO ESTADO, não impedindo que este atue, mas delineando a sua ação.
Os DIREITOS HUMANOS e FUNDAMENTAIS não são ilimitados, ou seja, eles garantem uma
vivência harmônica às pessoas, mas não são absolutos. Existe um limite para o exercício de tais
direitos, não podendo invadir o limite do exercício da liberdade do outro. Exemplo: direito à
intimidade e à privacidade.
Marcelo Andrade Cattoni de Oliveira: “o direito deverá englobar os princípios aos quais os
indivíduos devem estar submetidos, quando pretendem orientar a vida social através do direito.
Deverá, portanto, englobar os princípios q tornem possível o processo de legitimação de direitos.
Tais princípios serão os chamados direitos fundamentais. Os direitos fundamentais exprimem as
condições de possibilidade de um consenso racional acerca da institucionalização das normas do
agir”.
Luiz Eduardo de Toleto Coelho: O princípio da DPH é de suma importância para as pretensões
públicas subjetivas constitucionais. Não há dúvida que os direitos fundamentais (...) são
influenciados e tocados pelo primado da DPH. Os direitos fundamentais e o princípio da dph
aplicados às relações privadas. P. 218.
José Afonso da Silva: “a DPH é um valor supremo que atrai o conteúdo de todos os direitos
fundamentais do homem, desde o direito à vida”
Ingo Wolgang Sarlet: “na dignidade da pessoa humana, do qual seriam concretizações, constata-
se que os direitos e garantias fundamentais podem ser reconduzidos de alguma forma à noção
de dignidade da pessoa humana, já que todos remontam à ideia de proteção e desenvolvimento
das pessoas”

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