Ginestal Machado
Escola Básica 1 dos Leões - Biblioteca Escolar (Pólo 3)
«A cada encontro, constato que uma vida desabrochou, tão imprevísivel quanto a forma de uma nuvem».
(1)
Este texto pretende ser um comentário à reflexão/provocação do colega Artur Dagge sobre os efeitos
potencialmente preversos da apliacação do MAABE.
A genialidade, aos que a têm, pode ser sempre evidenciada nas actividades que promoverem. O
trabalho global da BE, a sua qualidade, aquilo que oferece, os serviços que promove, os recursos que
disponibiliza aos seus utilizadores pode ser medido, tem de ser medido, pelo impacto que resulta ou não
em aprendizagens significativas.
Concordo com o colega quando refere que a obtenção das evidências é uma dificuldade, uma ansiedade
pelo envolvimento que é necessário construir, mas não creio que ela vá limitar a capacidade de ouvir um
aluno, ou de o apoiar numa actividade. Isso só poderia acontecer se a avaliação for vista como um
processo absoluto, uma conquista, uma bandeira onde o desafio da curiosidade ou a alegria de 2
compreender são marginais. Aqui, ao contrário do modelo de avaliação dos docentes, existem critérios
objectivos, existe uma credibilização dos processos e podem ser realmente aferidos os impactos de várias
acções no que foram as capacitações para a organização da informação pelos alunos.
O MAABE não é exclusivamente um processo burocrático. Sem ele as Bibliotecas perdem muita da
justificação para se sustentarem no mundo e na visão de sociedade que se foi construindo. Ele é em certa
medida uma resposta ao contrário, dessa ideia de que a escola tem de reflectir sobre os processos que
operacionaliza. Não sofisticamente, como o modelo de avaliação dos docentes propunha. Mas na forma e
no conteúdo de que é preciso fazer uma quadratura de um círculo (2): o de dar respostas a um mundo
global, incerto, onde o factor crise, a perda de identidade das instituições é notória num mundo global,
onde ainda em cada aldeia é importante e essencial que cada um mantenha as suas carcterístias e formas
culturais. É o apelo à criatividade e à imaginação.
Esta é uma forma exigente, intensa, muito trabalhosa de envolver a escola na reflexão do que faz. Tal
como em cada processo de avaliação requer ponderação, equilíbrio e uma dinâmica nas estruturas, na
criação de princípios que permitam uma real reflexão sobre a aprendizagem. É um dos caminhos para
poder individualizar os conjuntos educacionais, num tempo, num País, que ainda insiste em padronizar
tudo a a partir de Lisboa. Se a cada comunidade for dada a possibilidade de construir a sua Biblioteca
escolar, a sua forma de aprender, de organizar informação, de intervir criticamente, então esta é uma
ferramenta e uma opção pedagógica que às disciplinas e aos seus fechados programas nunca foram dadas.
E é verdade que a formação dos indivíduos é a sua mais-valia enquanto cidadãos, não no sentido que a
propaganda gosta de oficializar, mas na consistência para criar ideias novas a desafios constantes. Na
consistência de despertarmos do pensamento mágico que impede o olhar livre para a descoberta e
compreensão crítica do mundo.
Enfim, foi o que me se ofereceu dizer nesta hora, já um pouco tardia.