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Apresentação
A partir da origem dos primeiros seres vivos no planeta e da evolução da microbiologia como
ciência, serão explorados a morfologia (bacteriana e viral), a nutrição e o crescimento bacteriano.
Esse estudo estará sempre contextualizado aos conhecimentos adquiridos em biologia celular e
bioquímica para células eucarióticas.
Haverá ainda o aprendizado dos mecanismos inato e adaptativo da resposta imune. Esses
mecanismos serão associados às vantagens dos diferentes tipos de imunizações, alergias e
doenças autoimunes.
Objetivos
Nesta aula, é apresentada a história da microbiologia através dos estudos da microscopia e das
descobertas mais in uentes entre os séculos XVIII e XX até a importância dos avanços da era
genômica atual.
O início da construção do planeta e a origem das células procariotas são explorados para a
apresentação das principais características dos três domínios de seres vivos. Destacam-se os eventos
de endossimbiose na evolução do metabolismo aeróbio e a eucariogênese.
Nesta aula, serão descritas as várias morfologias bacterianas e as funções dos componentes
essenciais das bactérias gram-positivas e gram-negativas, além da estrutura do vírion.
Saberemos quais as necessidades básicas para uma célula bacteriana crescer através de metabolismo
aeróbio e anaeróbio, as fases de crescimento e os mecanismos físico e químico de controle da
população microbiana.
Destaque para as propriedades da resposta imune em relação a especi cidade, diversidade, tolerância
ao próprio e memória imunológica contra diversos patógenos. As funções das células e dos órgãos
envolvidos na resposta imunológica serão apresentadas a partir de uma célula-tronco e do
desenvolvimento das células da linhagem mieloide e linfoide.
Nesta aula, a defesa inicial contra infecções é apresentada desde os mecanismos físico-químicos das
superfícies corporais até os mecanismos de quimiotaxia e fagocitose de algumas células com liberação
de citocinas in amatórias.
Iremos analisar as diferenças entre antígenos e imunógenos e como as células da imunidade inata e
especi ca utilizam diversos receptores capazes de reconhecê-los. Nesta aula, também serão
apresentadas as moléculas de classe I e II do complexo principal de histocompatibilidade.
Aprender sobre a história da microbiologia é exercitar o raciocínio cientí co. Desde a invenção das
lentes e o aperfeiçoamento dos microscópios, todas as teorias sobre a presença de vida em um
mundo invisível ao olho humano são novamente testadas através de importantes cientistas e suas
experiências.
Hoje estamos avançando rapidamente nos estudos de sequenciamento de genomas e outras
ferramentas da biologia molecular. O antigo binômio saúde e doença não contempla mais todas as
funções de muitas bactérias e vírus no nosso planeta, nos permitindo explorar muito mais as bases
da microbiologia.
Objetivos
Bactérias Leveduras
Algas Microscópicas Vírus 1
Para conseguirmos observar um vírus, um microscópio deve ter
uma capacidade de aumento de 50 mil vezes. São os chamados
microscópios eletrônicos. As bactérias, devido a seu tamanho,
podem ser observadas em microscópios óticos com aumento de
100 vezes.
Se reunirmos todas essas células e vírus, estaremos dentro da área da
Microbiologia
Essa é a ciência que estuda a sua composição. Analisa como vivem e se reproduzem
em todos os ambientes do nosso planeta, solos, nas águas doces e marinhas, assim
como no nosso corpo, nos animais e nos vegetais.
Exemplo
Não puri camos mais proteínas de bactérias. Conhecer a função de muitas proteínas nos permite
sintetizar uma molécula capaz de ligá-las especi camente a ela, bloqueando o reconhecimento em
células de animais. Trata-se da modelagem molecular. Identi car os tipos de micro-organismos no solo
é capaz de aumentar a produção agrícola. Há muitos exemplos da importância da microbiologia.
Escherichia coli
Bactéria presente no cólon. Sua forma alongada, com inúmeros
prolongamentos por toda a superfície, permite locomoção.
1735
Algumas são nomeadas segundo as
de nições de Carolus Linneaus 3, um
naturalista sueco, feitas nessa data. De
início, elas são escritas em latim, a
língua tradicional da época e que ainda
permanece nos nomes cientí cos.
1969
O ecologista Robert Whittaker foi o
primeiro a propor a classi cação de
cinco reinos para as biotas no planeta:
Animalia;
Plantae;
Fungi;
Protista;
Monera.
1977
Carl Woose e George Fox descobriram
um novo domínio: Archaea. Os dois
cientistas a rmaram que todos os
seres vivos pertencem a um dos três
grandes domínios: Archaea, bactéria e
Eucarya. Dessa forma, quando
estamos classi cando um ser vivo,
começamos com o nível ou táxon mais
abrangente na hierarquia: o domínio. Já
sabemos da existência dos três
domínios listados anteriormente.
Dentro deles, estão os reinos.
Exemplo
Vamos usar o domínio Eucarya como exemplo. Os reinos incluídos nele são Animalia, Fungi, Plantae
etc. Cada reino contém um lo cuja ordem inclui hierarquicamente:
Classe;
Ordem;
Família;
Gênero;
Veja que as características apresentadas estarão cada vez mais especi cadas e detalhadas até a
espécie.
Todos os micro-organismos são denominados pelo sistema binomial. O primeiro nome designa o
gênero e é escrito em letra maiúscula. Em seguida, vem a espécie (epíteto especí co). Ambos devem
estar em itálico; se forem manuscritos, sublinhados. Em um texto cientí co, quando o nome de um
micro-organismo já tiver sido descrito, podemos abreviar seu primeiro nome. Exemplo: E. coli.
Veja agora o exemplo da baleia jubarte.
Dominio Eukarya
Gênero: Espécie:
Megaptera Novaeangliae
{ {
Reino Animalia
{ {
grande + asa nova + Inglaterra
A escolha é uma referência às Ela foi identi cada pela primeira
Filo Chordata suas grandes nadadeiras vez na Nova Inglaterra, em 1781,
peitorais que parecem asas. por Georg Heinrich Borowsky.
Classe Mammalia
Ordem Certatiodactyka
Família Balaenopteridae
Gênero Megaptera
Espécie Megaptera
novaeangliae
A microrrevolução cientí ca
Agora você pode imaginar como a invenção do microscópio mudou completamente a maneira de o
homem ver o mundo?
Antes invisíveis - e, por isso mesmo, desconhecidas -, as bactérias acabaram provocando uma
revolução no pensamento cientí co. Isso porque, durante séculos, foram muitas as explicações para o
aparecimento de doenças e grandes epidemias, como, por exemplo, a peste negra 4.
Bactéria Yersinia Pestis | Fonte: Wikipedia <https://pt.wikipedia.org/wiki/Yersinia_pestis#/media/File:Yersinia_pestis.jpg>
Hoje sabemos que a peste negra é causada pela bactéria Yersinia pestis, presente nas
pulgas dos ratos.
Vamos ver como foi essa microrevolução?
O seu uso foi cada vez mais aperfeiçoado até 1591, quando surgiu o primeiro modelo de
microscópio inventando pelos holandeses Hans e Zacharias Janssen, pai e lho que
eram fabricantes de lentes. Ele era formado por um cilindro de metal com um sistema
de duas lentes: aumentava o tamanho dos objetos, que eram descritos em detalhes,
embora nenhum registro cientí co importante tenha surgido até essa época.
Fonte: Investigación Y Ciencia <https://www.investigacionyciencia.es/blogs/medicina-y-biologia/43/posts/los-microscopios-de-van-
leeuwenhoek-13351>
A percepção de um mundo invisível aos nossos olhos teve início em 1674 por iniciativa
do holandês Anton van Leeuwenhoek. Comerciante de tecidos muito criterioso em
relação à qualidade de suas peças, ele desejava analisar infusões de pimenta.
Leeuwenhoek fabricou mais de 400 lentes. A partir daí, decidiu fabricar o próprio
microscópio, com uma única lente, mas tão bom que permitisse uma percepção visual
até 300 vezes maior. Com seus estudos, ele a rmou existir um mundo dentro de uma
gota d´água, com vários seres em movimentos: os animálculos. Leia mais
Robert Hooke | Fonte: Wikipedia <https://sw.wikipedia.org/wiki/Picha:Robert_Hooke_1635-1703_Engineer.jpg>
As primeiras células foram descritas por Robert Hooke, lósofo naturalista inglês. Ele foi o responsável
pelas traduções dos trabalhos de Leeuwenhoek para a academia de ciências.
Mais elaborado, seu microscópio era formado por um sistema de duas lentes. Após esses estudos, ele
publicou em 1664 o livro "Microgra a, ou algumas descrições siológicas de pequenos corpos, feitas
com lentes de aumento, com observações e investigações sobre os mesmos". Suas imagens são
impressionantes, ricas em detalhes.
Microscópio utilizado por Robert Hooke e desenho de uma pulga a partir de suas observações. | Fonte: Adaptado de Hooke (1664, p. 210-211)
A descoberta mais importante de Hooke, com certeza, veio das suas observações com cortiças que ele
preparava em nas camadas.
Com o microscópio, ele as descreveu como se fossem favos de uma colmeia, uma estrutura repleta de
alvéolos vazios. Na verdade, a cortiça é um tecido de revestimento formado por estruturas já mortas.
Ele denominou cada alvéolo de cell (em inglês), ou cela. Dizemos que foi o primeiro registro de uma
célula vista no microscópio.
Desenho de Hooke sobre sua observação que levou ao termo “cell”.| Fonte: Wikipedia
<https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Cork_Micrographia_Hooke.png>
Apesar dessas descrições, as funções dos micro-organismos e o que eles faziam no planeta
caram adormecidas por muitos anos. No entanto, na segunda metade do século XIX,
algumas questões sobre a geração espontânea e a natureza das doenças infecciosas deram
um novo impulso à microbiologia.
Na época, muitos cientistas e lósofos acreditavam que algumas formas de vida poderiam surgir
espontaneamente da matéria morta e do solo úmido com estrume de vacas. Por outro lado, alguns
cientistas, como Leeuwenhoek e o italiano Francesco Redi, já excluíam essa possibilidade.
Fonte: Wikipedia
<https://pt.wikipedia.org/wiki/Francesco_Redi#/media/File:Francesco_Redi.jpg>
.
1668
Redi divulgou um estudo no qual a rmava ser impossível surgir vida
a partir de matéria inanimada.
Sua experiência cou famosa.
Vamos conhecer?
Experiência de Redi 6
Vidros com carne
Experiência de Redi com frascos contendo alimentos cobertos com gaze. | Produzido pelo aluno Borck.
Separou seis frascos, colocando em cada um vários pedaços de carne de boi e de peixe.
Com uma gaze na, cobriu três frascos, deixando o restante aberto, e cou observando o que
ocorria com o passar das horas.
O cientista percebeu que os frascos com gaze mantinham os pedaços de carne frescos, ou melhor,
sem nenhuma larva sobre as carnes, mas os frascos descobertos começaram a apresentar larvas.
Se a teoria da abiogênese a rmava que vidas poderiam surgir espontaneamente de matérias, por
que então não surgiram larvas nos dois frascos? Sabe onde as larvas apareceram?
Comentário
Mesmo assim, a teoria da geração espontânea continuou forte. Anos depois, o inglês John Needham
a rmou que, depois de aquecer um caldo nutriente (como um caldo de galinha ou de milho) e deixá-lo
esfriar, logo surgiam micro-organismos espontaneamente. Se deixarmos qualquer frasco com o mínimo
de nutrientes em contato com o ar, sabemos que os micro-organismos do ar se depositam e
contaminam. Óbvio? Nem tanto. Já pensou nas condições de estudo na época? Nos instrumentos que
eles tinham à disposição? Quando os defensores da geração espontânea eram questionados sobre o
fato de os frascos fechados não terem bichos, eles argumentavam que, nesses frascos fechados, não
existia a mesma quantidade de força vital que havia nos abertos. Por isso, nada cresceria. O que eles
chamavam de força vital é oxigênio.
Fonte: Wikipedia
<https://es.wikipedia.org/wiki/Cient%C3%ADfico#/media/File:Louis_Pasteur,_foto_av_Paul_Nadar.jpg>
.
Ao entrar na discussão sobre geração espontânea, Louis Pasteur 7 ,
cientista já renomado na época, mudou os rumos dela
completamente. Você vai entender que a sua experiência foi tão
bem planejada que todos à época a aceitaram.
Experiência com frasco em forma de pescoço de cisne
Deixou os dois frascos (o da forma de gargalo em S e o outro com gargalo normal) em repouso
para tentar observar neles algum vestígio de contaminação.
Enquanto o frasco com gargalo de cisne mantinha o caldo com aspecto límpido, o outro frasco,
aquele da abertura com acesso mais fácil ao ambiente, já apresentava sinais de contaminação
com seu caldo opaco.
Para provar que os micro-organismos do ambiente eram os responsáveis por essa
contaminação, ele quebrou a ponta do frasco em forma de pescoço de cisne e também
observou que, depois de algum tempo, ele cava contaminado como o outro frasco.
Saiba mais
A vida pro ssional de Louis Pasteur foi repleta de descobertas e inovações. Ele identi cou a
fermentação de leveduras em cervejas e vinhos, padronizou o método de esterilização chamado
pasteurização e descobriu vacinas. Entre 1880 e 1890, ele produziu as vacinas contra antraz, cólera e
raiva.
Leia o texto Vacina: sua relação com o verão e as vacas <galeria/aula1/pdf/vacina.pdf> , e conheça
sobre o início dos estudos da vacina contra cólera, é bem divertido e vale a pena ser contado.
Fonte: Pixabay <https://pixabay.com/pt/illustrations/v%C3%ADrus-doen%C3%A7a-bact%C3%A9rias-gripe-3949207/>
Fonte: Wikipedia
<https://pt.wikipedia.org/wiki/Robert_Koch#/media/File:Robert_Koch_BeW.jpg>
.
Médico alemão Robert Koch, dedicou a sua vida para identi car a
presença de micro-organismos no sangue e correlaciona-los com a
manifestação da doença.
Para Kock, muitas vezes permanecia a dúvida:
Por isso, o médico programou uma série de experiências que resultaram na Teoria dos Germes e nos
Postulados de Koch, que, em 1874, utilizavam a bactéria antraz.
Teoria dos Germes
Havia um detalhe, no entanto, que fazia toda a diferença: nessa época, Koch já utilizava meios de
crescimento em placa para observar o crescimento de colônias microbianas.
Ele coletava o sangue desses animais e os colocava nos chamados meios seletivos, ou seja, meios que
contêm substâncias que permitem o crescimento do organismo da doença, mas não de outros que
podem estar presentes.
Seus trabalhos provocaram uma evolução tão grande na área porque Koch foi capaz de
identi car o Mycobacterium tuberculosis, que provoca a tuberculose, e o Vibrio cholerae
(cólera), entre outros micro-organismos. A sua Teoria do Germe deu origem à microbiologia
médica pela enorme importância dos seus resultados.
Apesar de os postulados de Koch serem considerados extremamente valiosos, hoje sabemos que
existem micro-organismos que não crescem em culturas de laboratório e que podemos ter o modelo
animal da doença humana. No entanto, felizmente houve avanços em novas técnicas de identi cação
molecular, o que auxiliou muito nessas descobertas.
1900
Fonte: Wikipedia
1950
Fonte: Wikipedia
<https://wikipedia.com>
1960
Comentário
Após 300 anos de estudo, a microbiologia nos fornece inúmeras ferramentas para que possamos
controlar epidemias e o próprio planeta. Exemplos temos muitos: desde a biorremediação, que é o uso
de bactérias para recuperar águas contaminadas por petróleo e solos com herbicidas, até a alça
microbiana. A teoria sobre a alça foi descoberta há poucas décadas: as bactérias nos sedimentos
marinhos promovem o uxo de carbono para as cadeias tró cas superiores. Dessa forma, elas mantêm
a química do planeta. Fantástico, não acha?
Atividade
1) (Unirio - RJ) Lineu, em 1735, publicou um trabalho no qual apresentava um plano para classi cação
de seres vivos. Nele, estavam propostos o emprego de palavras latinas e o uso de categorias de
classi cação hierarquizadas. Deve-se também a Lineu a regra de nomenclatura binominal para
identi car cada organismo. Nessa regra, entre outras recomendações, ca estabelecido que devemos
escrever:
2) Apesar da visualização dos animáculos e das experiências de cientistas como Redi, muitos
pesquisadores na época acreditavam que micro-organismos poderiam surgir de material não vivo. Um
deles é Needham, considerado um defensor da geração espontânea. Ele provou que, em caldos fervidos
(e, portanto, estéreis), cresciam micro-organismos. Explique qual foi o erro da sua experiência que o fez
acreditar que micro-organismos cresceriam de caldos nutritivos fervidos?
3) Depois de vários testes, Louis Pasteur pôde nalmente comprovar que não existiam formas de vida
pequenas a partir de matérias não vivas. Explique qual foi a parte da experiência de Pasteur que,
comparada a outros cientistas, excluiu a ideia de geração espontânea?
Notas
Vírus 1
Ao contrário dos demais microrganismos, não são células, embora estejam incluídos nesse grupo pela
sua dimensão.
Existem algumas exceções. Megavirus, Mimivirus e Pandoravirus podem ser vistos no microscópio
óptico. Isso mesmo: o Mimivirus identi cado em 2003 é chamado de vírus gigante. Por que será? De
qualquer forma, esses tipos de vírus estão presentes na água doce e nos mares do Chile e Austrália.
Como infectam amebas, não discutiremos muito sobre eles.
Diagnóstico 2
Carolus Linneaus 3
Considerado o pai da taxonomia, parte da ciência que dá os nomes e classi ca os seres vivos. Apesar
de ter também agrupado matérias não vivas, como os minerais, a taxonomia hoje em dia só é utilizada
para os seres vivos.
Peste Negra 4
A peste negra também foi chamada peste bubônica por provocar inchaços ou bulbos nas glândulas
linfáticas. Ela assolou a Europa no século XIV, mas teve início na China, um país dominante nas
transações comerciais da época. De lá, essa doença foi capaz de alcançar o velho continente. Como a
Europa da Idade Média poderia explicar a origem de algo tão devastador? Sob forte in uência católica, a
população entendeu a doença como um castigo divino. Existem relatos da época relacionando a
passagem do cometa Halley à má sorte e ao início dessa epidemia.
Objetos 5
Experiência de Redi 6
As conclusões de Redi vieram de um experimento controlado. Na ciência, toda experiência deve ter
controles para eliminar a presença de outras variáveis. A presença da gaze foi o seu controle.
Louis Pasteur 7
Foi um gigante para a microbiologia. Atuou principalmente como químico e microbiologista. Conta a
história que uma vez Pasteur foi convidado por industriais para explicar as di culdades com a produção
de álcool durante a fermentação de beterrabas. Ele começou a estudar a fermentação alcoólica,
identi cando que o álcool só poderia ser produzido por um organismo. A partir disso, Pasteur foi um
oponente poderoso da geração espontânea. O cientista explicou que seres microscópicos estavam no
ambiente e, ao se depositarem, cresciam e estragavam os alimentos.
S8
Leia mais
O comerciante também divulgou o que via em células do sangue, bras musculares, espermatozoides e
bactérias. Anton van Leeuwenhoek também a rmou que carunchos (inseto da família do cupim e do
besouro) não surgiam espontaneamente a partir de grãos de trigo, mas se desenvolviam a partir de
ovos diminutos. Essa observação é um marco para o início do movimento contra a geração espontânea
que vamos ver um pouco mais adiante.
Referências
MADIGAN, M. T.; MARTINKO, J. M.; BENDER, K. S.; B., D. H.; STAHL, D. A. Microbiologia de Brock. Porto
Alegre: Artmed, 2016.
TORTORA, G. J.; FUNKE, B. R.; CASE, C. L. Microbiologia. 12. ed. Porto Alegre: Artmed, 2016.
Próximos aula
Biorremediação <https://www.youtube.com/watch?v=U11VKFTpO_Q>
Nesta aula, os eventos que deram origem ao planeta serão o ponto de partida para conhecer a
evolução dos primeirosmodelos de células. Mesmo não sendo possível obter um modelo dedigno
dessa era, os estudos de sequenciamento de RNA ribossômico sugerem que o último ancestral
comum (designado pela sigla LUCA - last universal common ancestor) era um procarionte anaeróbio
de ambiente marinho.
Objetivos
Inúmeros estudos que explicam a origem do planeta descrevem que tudo começou a partir de uma
poeira nebulosa e dos gases liberados por uma estrela supernova originada a partir da explosão de uma
estrela antiga. O sol teve origem no centro dessa nuvem: compactado, ele libertaria enorme quantidade
de luz e energia através de ssão nuclear.
Os materiais que permaneceram nessa nuvem começaram a se agregar graças às inúmeras colisões e
também à própria atração gravitacional, aumentando, assim, o volume original dos planetas do sistema
solar. Na Terra, a energia liberada durante esse processo transformou inicialmente o planeta em uma
massa de magma extremamente quente, que ainda receberia massas vindas do espaço. Esse ambiente
inóspito deve ter durado 500 milhões de anos.
As colisões de cometas e asteroides glaciais com os gases vulcânicos vindos do interior do planeta
geraram, conforme o esperado, muitos vapores, mas esse fenômeno constante acabou gerando um
esfriamento da superfície terrestre.
Depois de um longo período, nalmente a condensação desse vapor d´água transformou o acúmulo de
água em dois oceanos primitivos, algo em torno de 4,4 a 4,3 bilhões de anos.
Essas evidências começaram a surgir a partir de estudos com microfósseis encontrados no Canadá e
na Austrália. Rochas com idades entre 3,5 e 3,7 bilhões de anos contêm formações microbianas
denominadas estromatólitos 1. Para garantir que se trata de microfósseis, são procurados nessas
rochas traços das seguintes matérias orgânicas preservadas:
Gra te
Carbonato
Apatita
Microfósseis analisados em rochas no Canadá explicam a origem da vida no planeta. | Fonte: National Geographic
<https://www.nationalgeographic.com.es/ciencia/actualidad/indicios-vida-microbiana-unas-rocas-australia-hace-3480-millones-anos_11497> / CNN
<https://edition.cnn.com/videos/world/2017/03/01/earths-oldest-fossils.cnn>
Fonte: Pixabay
Primeira hipótese
O início da vida no planeta ocorreu no leito do fundo dos oceanos, em fendas bem abaixo da superfície
recobertas com ferro e outros compostos catalíticos localizados em fontes hidrotermais. Em contato
com as águas frias dos oceanos, essas superfícies formaram precipitados 2 que funcionariam como
catalisadores para a formação de ligações. Essas ligações originaram:
Aminoácidos
Peptídeos simples
Açúcares
Bases nigtrogenadas
Atenção
Fonte: Pixabay
Segunda hipótese
Sugere que a primeira célula autorreplicante teria surgido nas bacias marinhas mais rasas a partir de
um caldo primordial rico em compostos orgânicos e inorgânicos.
A única dúvida para atestar essa hipótese é que a superfície da Terra nesse período era constantemente
bombardeada por meteoros, apresentando muitas utuações na temperatura com essas tempestades.
Como esse ambiente poderia manter o modelo de célula?
Inicialmente, você precisa saber que o oxigênio surgiu no planeta somente depois da evolução da
fotossíntese oxigênica (fotossíntese formadora de oxigênio) com as cianobactérias 3. Portanto, o
metabolismo seria totalmente anaeróbio, sem a participação de oxigênio.
Os cientistas acreditam que essa célula (LUCA) teria surgido há 4,25 bilhões de anos nos ventos
quentes hidrotermais do nordeste do Oceano Pací co como uma célula anaeróbica e autótrofa 4. Ela
dependia de hidrogênio, dióxido de carbono (CO2) e nitrogênio para formar compostos orgânicos, como
amônia.
Teoria LUCA
Em 1984, o biólogo evolucionista Jim Lake (Universidade
da Califórnia, em Los Angeles) propôs uma árvore de dois
domínios.
Tipos de células
Eucariota Procariota 6
Mais complexo e evoluído, ele surgiu depois do Ser vivo estruturalmente mais simples, pois não
procarioto. possui organelas com membranas.
Animais.
Fonte: Freepik <https://www.freepik.com/free-photo/3d-abstract-medical-background-with-virus-cells-dna-strands_4007390.htm>
Comentário
A prova disso é que tanto a mitocôndria como o cloroplasto possuem DNA circular próprio e
ribossomos. São provas indiscutíveis de que eles foram seres vivos. O mais interessante é que alguns
antibióticos que atuam em bactérias livres acabam atacando também a mitocôndria.
Bactéria
Fonte: Freepik <https://pixabay.com/pt/illustrations/bact%C3%A9rias-m%C3%A9dica-biologia-sa%C3%BAde-3662695/>
Distribuição
Organização
Nutrição
Provém de compostos produzidos por organismos vivos ou mortos, embora bactérias também
produzam a sua fonte de energia (fotossintéticas).
Reprodução
Tipo de energia;
Temperatura.
Gram-negativas
De todos os seus los, destacam-se as proteobactérias, bactérias com uma enorme diversidade
morfológica e metabólica.
Orofaringe;
Tuberculose;
Tétano;
Outras infecções.
Comentário
Os los cianobactérias e procloró tas são responsáveis pela síntese de oxigênio na Terra. Já bactérias
hipertermó las de rami cação precoce são capazes de crescer em temperaturas de 90°C.
Archaea
Fonte: Wikipedia <https://en.wikipedia.org/wiki/Bacteria#/media/File:EscherichiaColi_NIAID.jpg>
Bactéria altamente especializada em resistir a temperaturas altas ou muito baixas nos ambientes com
concentrações elevadas de sal e valores extremos de pH. Sua capacidade de adaptação evita a
desnaturação das suas proteínas e impede o rompimento celular.
Exemplo
Eukarya
Fonte: Pixabay <https://pixabay.com/pt/illustrations/v%C3%ADrus-microsc%C3%B3pio-infec%C3%A7%C3%A3o-doen%C3%A7a-4030721/>
Possui enorme diversidade de organismos. Sua relação logenética foi construída com base no RNA
ribossômico (rRNA), que, em eucariotos, é altamente conservado e mantém relações com os outros
domínios. O registro logenético do domínio eukarya data de 2 bilhões de anos, quando ocorreu o maior
acúmulo de oxigênio na atmosfera e a camada de ozônio permitiu o aumento do número de habitats
disponíveis para a colonização.
Nas últimas décadas, os estudos de ecologia microbiana molecular evidenciaram que a maioria dos
micro-organismos presentes em um habitat jamais foi cultivado. A evolução de técnicas de
identi cação de sequências genômicas permite criar chips de 1 a 2 centímetros disponíveis para análise
de amostras de DNA de vários organismos. Esses microarranjos se compõem, na verdade, de 5.000 a
6.000 genes que podem hibridizar com amostras-teste e veri car a presença de determinado gene.
Algas e fungos
Atenção
Líquen sobre um tronco de árvore. | Fonte: Wikipedia Atuam em mutualismo com outros seres
<https://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADquen#/media/File:Parasita_na_arvore_050806_REFON_2.jpg>
fototró cos, como algas ou cianobactérias
(produtores primários). Esses seres dão a cor ao
líquen por possuírem compostos carotenoides. Já
o fungo confere proteção ao sistema.
Vírus
Apesar de haver uma certa lógica em sua exclusão da evolução dos domínios – vírus não são
considerados formas de vida 13. E isso é o ponto de saída da virologia molecular para estudar os traços
evolutivos dos vírus.
Duas hipóteses (progressiva e regressiva) a rmam que os vírus surgiram depois das células. Será
mesmo? Não tenha certeza disso. Alguns estudos genéticos têm mostrado que os vírus existiram em
um mundo pré-celular como unidades de autorreplicação e que eram mais complexos e organizados.
Como já aprendemos que existiram moléculas de RNA com atividade enzimática no mundo pré-celular,
talvez essas moléculas tivessem a capacidade de infectar as primeiras células.
Comentário
Em 2001, Takemura e seus colaboradores estudaram a pressão evolutiva dos vírus nas células
procariotas. Os estudiosos a rmaram que vírus grandes de genoma DNA entraram em células
procariotas por um evento de endossimbiose, tornando-se permanentes na célula e impulsionando a
formação de um núcleo primitivo.
Independentemente das teorias, a virologia é um campo de estudos fascinante que nos faz cada vez
mais acreditar que o conceito simplista de vírus como entidade parasitária não corresponde ao seu
papel no planeta.
Atividade
1. Caracterize metabolicamente o último ancestral comum (LUCA).
2. Assinale as opções que representam os três domínios de vida:
Notas
Estromatólitos 1
Precipitados 2
Cianobactérias 3
Trata-se, portanto, de células - e isso nos faz compreender que não foram as cianobactérias os
primeiros seres vivos como até então se supunha.
Autótrofa 4
Em resumo, eles chegaram a identi car 355 genes ancestrais, mostrando que bactérias e arqueas são
derivadas logeneticamente da LUCA e que, depois, surgiu um novo ramo, de onde derivavam os
eucariotos.
Procariota 6
Mesmo local 7
Incorporação 8
Hipertermó las 9
Fototró cos 10
Fotossintetizadores 11
A importância deles na reciclagem de matéria orgânica é signi cativa: fungos, que se nutrem de matéria
em decomposição,são os principais agentes de biodegradação na natureza.
Patógenos 12
Vida 13
Vírus comportam-se como tal dentro de células durante a replicação do seu genoma.
Mimivirus 14
O Mimivirus é um vírus gigante, volumoso, com genoma de 1,2 milhão de pares de base e que não
demonstra ser totalmente dependente da célula hospedeira para se replicar. Alguns virologistas
a rmam que ele seria um descendente de ancestrais mais complexos.
Mimivirus, vírus de genoma DNA cujo ancestral foi responsável pela pressão evolutiva de células eucariotas. | Fonte: Wikipedia
Referências
<https://en.wikipedia.org/wiki/Mimivirus#/media/File:Mimivirus_svg.svg>
JEREW, B. Synthetic fuel from carbon dioxide by tweaking 'Pyrococcus Furiosus' bacteria. In: The green
optimistic. 28 mar. 2013. Disponível em: https://www.greenoptimistic.com/synthetic-fuel-pyrococcus-
furiosus-20130328/#.XG1IROhKgdV. Acesso em: 20 fev. 2019.
WEISS, M. C. et al. The physiology and habitat of the last universal common ancestor. In: Nature
microbiology. v. 1. 25 jul. 2016. Disponível em: https://www.nature.com/articles/nmicrobiol2016116.
Acesso em: 20 fev. 2019.
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Estudos da origem da vida no planeta – microfósseis
<http://www.enigmasdouniverso.com/cientistas-encontraram-evidencias-mais-antigas-de-vida-na-
terra-na-australia/>
Objetivos
Essas perguntas são lançadas para que, no decorrer da aula, você possa associar os processos
seletivos para evolução dos seres vivos.
Observe na gura quantas estruturas estão presentes em uma bactéria típica. Repare também que
algumas dessas estruturas (presentes nas células humanas, como as mitocôndrias) estão ausentes.
Isso ocorre porque este modelo é uma versão mais simples de célula, embora todas as suas estruturas
satisfaçam completamente as suas adaptações nos mais variados ambientes.
Forma celular
Coco Bacilo
Forma ovalada ou esférica. Mais achatada, parecendo um cilindro
Espirilo
Mais comprida e torcida em um eixo central
Organização
Após se dividirem, muitas bactérias se mantêm organizadas em arranjos ou agrupamentos. Elas podem
formar:
Diplococos (duplas)
Longas cadeias
Cachos
Em alguns casos, esses agrupamentos podem apresentar uma forma geométrica, um cubo
tridimensional composto de oito (Sarcina) ou quatro bactérias (Tétrade).
Tamanho da célula
É da ordem de micrômetros.
1 0,001
micrômetro
= centímetro
As bactérias 2 apresentam de
0,2 a 700
micrômetros
Membrana Citoplasmática
De aparência oleosa - e não uida, como se pensava antes -, a membrana serve para
garantir a barreira de permeabilidade e ancorar muitas proteínas de transporte e
reações enzimáticas.
Hidrofílica: Dupla camada de fosfolipídios voltada para os meios internos e externos em contato
com o solvente;
As moléculas pequenas e hidrofóbicas atravessam com facilidade a membrana por simples difusão,
mas, se forem maiores e com carga (polares), elas precisarão do auxílio de proteínas transportadores.
Essas proteínas são transmembrana: atravessam os dois lados da membrana para transportar íons e
substâncias de várias maneiras (observe a gura).
(Fonte: Shutterstock)
Exemplo
A água é transportada por proteínas aquaporinas, como a proteína AqpZ da bactéria Escherichia
coli.
Célula procariota
A célula procariota exporta enzimas – chamadas de exoenzimas, como amilase e celulase - para
produzir a glicose que será transportada pela célula. Em algumas bactérias patogênicas, como
Salmonella, Shigella e Escherichia, existe um sistema de secreção que, em humanos, provoca a perda
de eletrólitos, provocando infecções intestinais.
O citoplasma da célula procariota é formado por 80% de água, contendo íons, proteínas enzimáticas,
lipídeos e carboidratos. Estão presentes nesse citoplasma ribossomos, DNA e corpos de inclusão ou
grânulos.
Saiba mais
A membrana plasmática de procariotos possui uma enzima chamada de ATPase ou F1F0. Para os
organismos que utilizam oxigênio (aeróbios), ela é o local de síntese de ATP e de manutenção de um
potencial elétrico. Essa enzima é tão importante que sua estrutura é praticamente conservada em todos
os domínios de vida no planeta. Nos organismos estritamente anaeróbios, que não crescem na
presença de oxigênio, a ATPase mantém a força próton motiva, mas sem gerar ATP.
Observe na imagem que o agelo está inserido
em um local da membrana da bactéria por onde
atravessam muitos íons H+.
(Fonte: Shutterstock)
Glicocálice
Acima da parede celular, ancoram-se algumas estruturas externas com função de proteção, locomoção
e troca de material genético, entre outras. Todas as bactérias apresentam uma camada viscosa externa
à parede celular chamada de glicocálice. Ela é formada por um ou vários tipos de açúcar, além de
aminoácidos como a glicina. Há dois tipos de camada:
1 2
Fímbrias e Pili
Ainda na superfície da célula bacteriana, há estas duas
estruturas formadas por proteínas:
Fímbrias
Estruturas mais longas, lamentosas, que possuem forte adesão a superfícies e auxiliam na
xação e formação do bio lme.
Pili
Flagelos
São estruturas formadas pela proteína agelina,
que funciona em movimentos como uma hélice
de barco com gasto de energia.
Anfítricas Perítricas
Nas duas extremidades da célula. Por todo o corpo da célula.
O movimento pode ocorrer por taxia, ou seja, ele é provocado pela presença de substâncias
consideradas atrativas ou repelentes. Na ausência desse gradiente químico, a bactéria
apresenta um movimento agelar aleatório, mas, a partir do reconhecimento da substância,
ela inicia movimentos mais amplos, menos oscilantes e direcionados. Se a concentração
começar a diminuir, a bactéria lentamente interrompe o seu movimento e reorienta a sua
direção. Esses movimentos são chamados de quimiotaxia.
A bactéria consegue monitorar o ambiente utilizando, na membrana plasmática, proteínas sensoriais
denominadas MCP. Através delas, a bactéria percebe a presença de maltose (atrativo) e de metais
pesados, como níquel (repelente). Os movimentos também podem ocorrer em resposta à presença de
luz (fototaxia) e oxigênio (aerotaxia).
Grânulos
Onde ocorre o armazenamento de substâncias. Há reservatórios de carbono, ferro, enxofre, fosfato
inorgânico, fosfolipídios e ácidos nucléicos que variam conforme o gênero e a espécie.
Magnetossomo
Algumas células o possuem. Magnetossomos funcionam como uma bússola respondendo a um
campo magnético. Não se sabe ao certo como eles operam, mas uma hipótese é de que sejam
responsáveis pela orientação das bactérias marinhas para os sedimentos no fundo do mar onde podem
se alimentar.
Saiba mais
Em áreas impactadas por derrame de petróleo, aumenta muito a quantidade de bactérias no sedimento,
pois elas se alimentam de hidrocarboneto. O planeta controla 7 seus desastres - e o nome disso é
biorremediação.
Bio lme
É a associação de vários tipos de micro-
organismos sobre uma superfície, como dentes,
válvulas cardíacas e próteses anatômicas. Além
de impedir o reconhecimento das células
fagocitárias do nosso sistema de defesa, essa
ecologia microbiana, no caso dos dentes, cria um
ambiente propício para a formação da cárie.
Endósporo
As bactérias em condições críticas para sobrevivência, como carência nutricional 8 , levam à formação
do endósporo 9 em um processo denominado esporulação.
Internamente: Várias capas formadas por proteínas especí cas do endósporo e um córtex
contendo peptideoglicano.
O cerne contém, além da membrana citoplasmática, o citoplasma de aspecto
gelatinoso com DNA, ribossomos e outros constituintes essenciais para a célula. Não
possui água devido à presença de ácido picolínico e cálcio, importante para a
manutenção da fase latente.
Parede Celular
Com o transporte de solutos para o interior da bactéria, a tendência seria um aumento na pressão
interna, levando ao risco de rompimento. Para evitar que isso ocorra, as bactérias possuem uma
estrutura rígida denominada parede celular. Localizada acima da membrana citoplasmática, ela é
importante para manter o ambiente interno protegido de alterações do meio.
Saiba mais
A enzima lisozima produzida pelas glândulas lacrimais e salivares cliva a ligação entre o NAG e o NAM.
Com isso, a bactéria não consegue manter intacta a sua estrutura, transformando-se em protoplasto.
O autor dessa descoberta (Alexander Fleming) percebeu que não havia crescimento de bactérias se a
cultura estivesse contaminada por bolor. Com a sua descoberta, começou a era dos antibióticos.
Micoplasmas
Patógenos que não possuem parede celular,
substituindo-o por uma membrana citoplasmática
bem rígida rica em esteróis.
Dependendo dos constituintes da parede celular, as bactérias são divididas em dois grupos: Gram 10 -
Negativas e Gram-positivas. Em contato com álcool, as bactérias não têm cor.
Gram-positivas
Acima, podemos ver o resultado da adição do corante Fucsina em bactérias Gram-positivas: coloração
nal roxa.
A parede celular pode apresentar aproximadamente 20 camadas (mais espessas que as poucas
camadas de Gram-negativas). Além disso, elas também possuem ácidos teicóico e lipoteicóico ligados
à membrana citoplasmática.
Estas bactérias podem ter diferentes organizações e formas:
Gram-negativas
(Fonte: Shutterstock)
Nas bactérias Gram-negativas, o vermelho é a coloração nal após adição do corante Fucsina.
Na parede celular, está presente o ácido diaminopimélico. Além disso, ele possui uma membrana
externa acima dos peptidoglicanos. Na gura abaixo, repare no LPS (lipopolissacarídeo) 11 ,
considerado uma das toxinas mais agressivas para o homem.
(Fonte: Shutterstock)
A morfologia do vírus
Na verdade, ela é denominada vírion, que é partícula infecciosa viral. Os vírus estão em todos os
ambientes do planeta e em todos os seres vivos, inclusive em bactérias. Em procariotos, eles auxiliam
na transferência de genes, embora participem também da manutenção do ciclo de matéria nos
oceanos.
Como de nimos os vírus? Parasitas intracelulares?
A resposta é sim. No entanto, devemos ter cuidado, pois também existem bactérias intracelulares,
como Chlamydia e Ricketsia.
Vírus são de nidos como estruturas subcelulares, de replicação intracelular, cuja função básica é a
replicação e ampli cação do seu genoma. Podemos, assim, diferenciá-los das bactérias.
Estrutura
Formada por uma superfície de proteínas em
arranjos geométricos bem de nidos chamados de
capsômeros. O conjunto de capsômeros forma o
capsídeo 13 .
Classi cação
De acordo com a morfologia viral, os vírus são classi cados em:
Icosaedro Helicoidal
Lembra uma gura geométrica de 20 faces. Semelhante a um cilindro.
Complexos
Misto de helicoidal e icosaédrico, como o
vírus da gripe.
A divisão na classi cação dos vírus distribui-se em sete grupos de acordo com o genoma viral do tipo
DNA ou RNA disposto em uma ta simples ou ta dupla de ácido nucléico.
Nas células humanas, não existem duas tas de RNA. Por isso, quando a célula detectar
esse material genético, ela irá responder imediatamente para ativar a defesa imunológica.
Penetração;
Desnudamento do capsídeo;
Replicação do genoma;
Síntese de proteínas;
Montagem do capsídeo para que ele possa Ciclo de replicação do HIV. Este vírus RNA será inserido no DNA da
célula hospedeira. Para isso, ele transformará o RNA em DNA utilizando a
sair. enzima transcriptase reversa. (Fonte: Shutterstock)
Infecção
As infecções provocadas pelos vírus podem ser:
Atenção
Alguns vírus podem ser responsáveis por tumores, como alguns tipos de HPV.
Essa visão geral dos vírus nos ajuda a entender que eles são mais complexos do que imaginamos e que
estão ativamente em processo de evolução. Convido você a ler um pouco mais sobre os vírus marinhos
para entender que eles não existem somente para nos provocar doenças.
Atividade
1 - A forma bacteriana mais comum é a esférica. O termo microbiológico que descreve essa forma é:
a) Cocos
b) Bacilos
c) Diplococos
d) Espirilo
2 - O gênero Streptococcus pode ser rapidamente identi cado, pois as bactérias apresentam a forma de:
a) Permitir à bactéria produzir uma série de esporos para serem espalhados no ambiente.
b) Auxiliar a bactéria para se diferenciar em fases de crescimento mais rápidas.
c) Permitir que a bactéria sobreviva em condições de ausência de oxigênio.
d) Permitir que a bactéria sobreviva em períodos longos de calor e desidratação.
6 - Um vírus do tipo RNA utiliza qual local para se replicar dentro da célula?
a) Parede celular
b) Núcleo
c) Mitocôndria
d) Matriz citoplasmática
7 - Qual das opções a seguir é um exemplo de vírus que provoca uma infecção crônica no paciente?
a) Vírus da Hepatite B.
b) Vírus da herpes simples.
c) Vírus varicella-zoster.
d) Vírus influenza.
Notas
Deslocamento 1
Na gura 1, temos o agelo, prolongamento em uma das extremidades da bactéria que lhe garante o
movimento.
Bactérias2
Uma exceção é a Thiomargarita: ela apresenta 750 micrômetros de comprimento e está localizada em
sedimentos dos oceanos.
DNA3
Mutações4
A explicação para as mutações está no tipo de genoma das bactérias: o haploide (uma cópia dos seus
genes). Nossas células são diploides. Por isso, houve nelas uma mutação que será passada adiante,
fato muito vantajoso para a sua resistência e evolução.
Cápsula5
Flagelos6
Controla7
As cianobactérias, produtoras de oxigênio no planeta, possuem vesículas de gás que lhes permitem
utuar nas colunas d’água de lagos e oceanos. Já as bactérias dos gêneros Bacillus e Clostridium são
especializadas na formação de endósporos.
Carência nutricional8
Restrição no fornecimento de nutrientes necessários ao desenvolvimento vegetativo, como carbono ou
nitrogênio.
Endósporo9
Gram10
O termo Gram é uma referência ao médico dinamarquês Hans Christian Joachim Gram por conta de
sua metodologia desenvolvida em 1882. Ao trabalhar com Carl Friedlander em um hospital de Berlim
observando amostras de pulmão, Gram identi cou o bacilo causador da doença febre tifoide vermelha
(Corynebacterium diphtheriae). Esse método é exclusivo para a bacteriologia, não sendo utilizado em
arqueas.
Nas suas experiências, Gram percebeu que a mistura de cristal violeta e iodo tornava as bactérias roxas
ao microscópio, pois essa mistura era insolúvel deixando-as assim por muito tempo. No entanto ao
gotejar álcool sobre essas bactérias roxas, Gram rapidamente percebeu que algumas perdiam a cor
enquanto outras não.
LPS (lipopolissacarídeo)11
Na verdade, o LPS, por ser produzido no interior das células de microrganismos e não ser secretada
para o meio externo, é considerado uma endotoxina.
Essa substância é considerada tóxica para nós por estimular uma resposta imunológica muito forte,
podendo fazer com que o hospedeiro entre em choque hipovolêmico.
Sua pressão arterial é capaz de ser tão reduzida que o levaria à morte. Se essas bactérias alcançarem a
circulação sanguínea, chamada de bacteremia, pode haver ainda bastante vasodilatação, febre e um
quadro realmente bem agressivo.
Capsídeo13
Há vírus contendo mais de um capsídeo. É o caso do rotavírus, que provoca diarreia em adultos e
crianças.
membrana fosfolipídica14
Essas membranas fazem parte da célula hospedeira e são retiradas no momento da saída da partícula
viral por um mecanismo de brotamento.
Referências
ERICKSON, H. How bacterial division might cheat turgor pressure – a uni ed mechanism of septal
division in gram-positive and gram-negative bacteria. In: Bioassays. v. 39. n. 8. 2017.
MADIGAN, M. T. et al. Microbiologia de Brock. 14. ed. Porto Alegre: Artmed, 2016.
ROMANIUK, J. A. H.; CEGELSKI, L. Peptidoglycan and teichoic acid levels and alterations in S. aureus by
cell-wall and whole-cell nuclear magnetic resonance. In: Biochemistry. v. 57. n. 26. jul. 2018.
TORTORA, G. J.; FUNKE, B. R.; CASE, C. L. Microbiologia. 12. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017.
Próxima aula
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Nesta aula, você reconhecerá que muitas reações de síntese e produção de moléculas de ATP
encontradas em células procarióticas estão adaptadas a micro-organismos eucarióticos e
organismos pluricelulares.
Por isso, conhecer os fatores e as condições de crescimento auxilia no cultivo de células no
laboratório e no conhecimento das nossas próprias células. A biotecnologia pode ser considerada a
aplicação direta desses conhecimentos.
Objetivos
Não existe desperdício nos sistemas biológicos. Por isso, muitas dessas reações estão conectadas
com outras vias de reação para fornecer mais de uma ação para a célula. O conjunto dessas reações é
denominado metabolismo. Uma reação que gera a quebra de uma molécula maior, como, por exemplo,
um polissacarídeo, automaticamente vai estar acoplada com uma reação de construção de alguma
estrutura.
1 2
Quebra Síntese
Catabólicas ou degradativas 1 . Anabólicas ou biossintéticas.
Dica
Lembre-se das reações que precisam de uma entrada de energia: as endergônicas. São elas que
utilizam o ATP, rompendo essa última ligação covalente para fornecer a energia de ligação para a
síntese de alguma molécula.
Síntese e clivagem da molécula de ATP. | Fonte: Shutterstock
2. Com o auxílio de uma enzima ATPase 2 : cujo rendimento de moléculas de ATP é bem superior.
Glicólise
A melhor forma de compreender o conceito de catabolismo é explorar uma de suas principais vias
metabólicas: a glicólise 3
1. Fermentação;
Ambos começam a partir do mesmo ponto: glicólise. Trata-se de uma via metabólica com várias
reações que transformam um carboidrato de seis carbonos em duas moléculas de três carbonos, o
ácido pirúvico. Nas onze reações que levam à formação de ácido pirúvico, são produzidas duas
moléculas de:
2. NADH.
Fase preparatória
Duas moléculas de ATP são utilizadas para que a glicose se reestruture e se transforme em
gliceraldeído 3-fosfato (GP) e diidroxiacetona-fosfato (DHAP). A DHAP é convertida em
gliceraldeído 3-fosfato. São as etapas 1 a 5.
Há a oxidação dessas moléculas em duas moléculas de ácido pirúvico com ganho nal de duas
moléculas de ATP.
Visão geral das reações da glicólise. | Fonte: Shutterstok
Se o micro-organismo é aeróbio, o ácido pirúvico será guiado para reações que transferem
elétrons até o oxigênio. Se o micro-organismo é anaeróbio, no lugar do oxigênio entra outra
molécula, como, por exemplo, o íon nitrato (NO3-) no gênero Pseudomonas 4 .
Ciclo de Krebs
A etapa seguinte à da glicólise é o ciclo do ácido cítrico ou ciclo de Krebs. Nele, o ácido pirúvico reage
com a coenzima A (CoA), perdendo 1C e formando acetil-CoA. O oxaloacetato, um composto renovável
do ciclo de Krebs, reage com o acetil-CoA, formando o ácido cítrico e liberando a coenzima A, que será
utilizada novamente. São 10 reações que recuperam ao nal o oxaloacetato, gerando, a cada entrada de
molécula de ácido cítrico, a liberação de:
1 2
3 4
O ciclo de Krebs, na verdade, é uma encruzilhada metabólica que gera produtos utilizados
pela bactéria para os mais variados ns. E uma das funções mais importante dessa etapa é
a saída das coenzimas reduzidas NADH e FADH2 para entregar esses elétrons a um sistema
de moléculas carreadoras.
Veja a sequência das reações do ciclo de Krebs na gura a seguir e con rme se o mais importante é
mesmo a geração de energia pelo ATP. Parece que não. Há dez reações e produção de duas moléculas
de ATP.
Micro-organismos anaeróbios
Não existem todas as reações do ciclo de Krebs porque eles não possuem todos os aceptores dos
aeróbios. Isso faz com que esses micro-organismos produzam menos energia, o que explica seu
crescimento ser mais lento que o dos aeróbios.
Organismos fermentadores
Não há o ciclo de Krebs nem a cadeia de transporte de elétrons. Grande parte da energia ca na
estrutura da molécula nal (álcool ou lactato), gerando somente uma ou duas moléculas de ATP.
Fermentação lática
Fermentação alcoólica
Já a produz duas moléculas de acetaldeído e duas de CO2 do ácido pirúvico. O acetaldeído vai dar
origem ao etanol. Dois exemplos: a levedura Saccharomyces cervisae, que serve para a produção de
álcool e bebidas, e o CO2, para o crescimento do pão. Segundo bons padeiros italianos, a
lievitazione (fermentação do pão) deve levar no mínimo oito horas. Repare como a massa dobra de
tamanho, cando bem fofa e volumosa. A fermentação, há muito tempo, é estudada e controlada.
Exemplos: seleção de uvas, tempo de fermentação dos vinhos 5 e extrato de malte para as
cervejas.
Fonte: Shutterstock
1) Fonte de energia:
1 2
2) Fonte de carbono:
Clique nos botões para ver as informações.
Autotró cos
Termo signi ca alimentação própria. São todos aqueles que utilizam CO2.
A combinação dessas duas classi cações (fonte de energia e fonte de carbono) dá origem a quatro
seres vivos:
Fotoautotró cos
Fotoheterotró cos
Quimioautotró cos
Quimioheterotró cos
3) Temperatura
Temperatura mínima que funciona como barreira: abaixo dela, não é possível ele se dividir. Já a
temperatura máxima acabaria desnaturando suas proteínas, levando o micro-organismo à morte.
Fonte: Shutterstock.
HÁ EXCEÇÕES
Existem micro-organismos adaptados para viver em ambientes que a maioria dos seres vivos não
suportaria. São os micro-organismos extremó los. Eles vivem, por exemplo, em zonas vulcânicas ou
hidrotermais marinhas do planeta.
Vamos conhece-los?
Temperaturas baixas
Comentário
Ambos podem crescer em ambientes refrigerados sendo responsáveis pela deterioração da carne,
frango e peixe.
Termó los: são os que habitam o solo e águas termais com temperatura ótima entre 50 e
60 °C.
Termó los extremos, ou hipertermó los: temperatura ainda mais elevada, próxima a 80ºC,
como as arquibactérias. Habitam as águas quentes ricas em enxofre perto do vulcão.
4) PH
O pH é uma escala logarítmica da concentração de H+ livres. Seu excesso interfere na estrutura das
proteínas, desnaturando-as 8 . Por isso, ele é um fator químico importante de ser observado nos meios
de cultivo para células eucarióticas e procarióticas.
A maioria dos micro-organismos cresce em ambientes numa faixa de pH que varia
entre 6,5 e 7,5.
Vamos ver a classi cação dos micro-organismo de acordo com a taxa de PH?
Acidó los
São conhecidos pela resistência a ambientes extremos para a maioria dos micro-organismos.
aparecem em vários gêneros Archaea.
Neutró los
Alcalinó los
A indústria utiliza as lipases e proteases produzidas por eles para sabão em pó. Já deve estar
reconhecendo na prateleira do supermercado aquela marca pioneira nesse uso, não é?
Outras formas de crescimento
- Sal
Haló los são micro-organismos que crescem bem na água do mar, rica em cloreto de sódio. Eles
dividem-se em:
Atenção
Existem também os halotolerantes, micro-organismos que podem viver com certa redução de
moléculas de água.
- Açúcar
Micro-organismos que vivem em ambientes ricos em açúcar são chamados de osmó los.
- Ambiente seco
Organismos xeró los são aqueles que vivem em ambientes extremamente secos por falta de água.
- Oxigênio
Já sabemos que alguns utilizam o oxigênio como aceptor nal na respiração celular para a produção de
ATP, enquanto outros micro-organismos preferem outro tipo de aceptor nal.
Na realidade, esta classi cação (utilizar ou não o oxigênio) seria muito simples frente à enorme
diversidade de organismos no nosso planeta. Por isso mesmo, existe uma escala de utilização de
oxigênio que divide os micro-organismos em:
Microaeró lo (sobrevive com pouco oxigênio);
Tolerante.
Atenção
Repare que o oxigênio molecular reage com elétrons, produzindo o ânion superóxido (O-2). A presença
do elétron não pareado é tóxico porque ele é capaz de interagir com elétrons de outro elemento químico,
alterando proteínas e outros alvos celulares. Assim, a ação da enzima superóxido dismutase devolve o
oxigênio molecular, embora também produza o peróxido de hidrogênio. Além disso, a enzima catalase
transforma H2O2 em produtos que serão aproveitados pela bactéria.
Exemplo
O teste da catalase é um teste bioquímico muito comum no laboratório de bacteriologia. Mesmo sem
conhecê-lo, você já deve ter observado surgirem bolhas na pele com feridas ao aplicarmos água
oxigenada no local. Essas bolhas são do oxigênio liberado pela ação da catalase.
Portanto, micro-organismos anaeróbios obrigatórios não possuem esse sistema
detox, enquanto anaeróbios aerotolerantes possuem a enzima superóxido dismutase.
Fonte: Shutterstock
O fósforo também é necessário para a síntese de ácidos nucléicos, bases nitrogenadas e nucleosídeos.
E o enxofre é utilizado para os aminoácidos cisteína e metionina.
Outras exigências para o crescimento são os elementos traço como ferro, zinco, manganês, magnésio,
cobalto, cloro, sódio e cobre que atuam como coenzimas e cofatores igualmente em todos os seres
vivos e são necessários em baixa concentração.
Os micronutrientes são fatores de crescimento pois são importantes para a composição de várias
proteínas, estruturas celulares entre outras funções celulares. A exigência desses fatores varia muito, e
em alguns microrganismos, como os Lactobacillus, as concentrações são até maiores que em
humanos.
Em seguida, a população irá realizar múltiplas divisões até a redução dos nutrientes tornar impossível
seu crescimento, levando-a à morte. Essas etapas ou fases de crescimento microbiano são divididas
em:
Clique nos botões para ver as informações.
Lag
A primeira fase é de adaptação. As células quase não se dividem, ativando vários genes
necessários para metabolizar os constituintes adquiridos do meio ou para a síntese de novos
compostos.
Esta fase de latência pode durar horas ou até mesmo dias dependendo de:
Meio de cultura;
Quando ocorrem as divisões celulares com o tempo de geração constante. O tempo de geração é
o período necessário para uma célula se duplicar.
Como os nutrientes estão em excesso nesta fase, as células se dividem bastante de acordo com
seu(s):
Metabolismo;
Meio de cultura;
Estacionária
Fase também caracterizada pelo crescimento microbiano, embora, ao mesmo tempo, se observe
um aumento no número de células mortas. O esgotamento de nutrientes do meio de cultivo leva
ao acúmulo de resíduos. Por isso, o pH do meio torna-se ácido, causando danos para as células.
Declínio
Se for crescente, a situação descrita no item acima leva à morte da população de bactérias
quando todos os recursos forem consumidos.
Observe o grá co a seguir:
Perceba no grá co da fugira, o aumento dos valores de densidade ótica à direita. De um valor
aproximado de 0,13 de turbidez, a fase exponencial eleva o valor em seis vezes. A medida da turbidez é
um recurso laboratorial de fácil veri cação do crescimento de bactérias em meio líquido. Ao crescerem,
as bactérias tornam os frascos mais turvos; com isso, a luz atravessa com menos intensidade do que
antes, fornecendo os valores de densidade ótica. A curva de crescimento só poderá ser observada em
experiência se não houver nenhuma interferência. Exemplos: repor os nutrientes consumidos ou acertar
o pH do meio de cultura.
Curva de crescimento típica de uma população de bactérias. | Fonte: (MADIGAN et al., 2016)
Exemplo
Para controle de populações microbianas há algumas ações que podemos utilizar. Como por exemplo:
Controle físico: como: uso de chama em objetos contaminados, calor seco e úmido, radiações gama e
ultravioleta e ltração.
Atividade
1. Com relação ao metabolismo de seres vivos, assinale a opção que represente, respectivamente, a
síntese de moléculas complexas a partir de formas mais simples e a construção das moléculas
complexas:
a) Anabolismo e catabolismo.
b) Metabolismo aeróbio e anaeróbio.
c) Fase log e declínio.
d) Catabolismo e anabolismo.
e) Fase lag e log.
2. Micro-organismos aeróbios toleram a presença de oxigênio porque possuem uma enzima chamada:
a) ATPase
b) NADH
c) Oxigenase
d) Superóxido dismutase.
e) Cadeia transportadora de elétrons.
Notas
degradativas 1
Nas reações degradativas, muitas vezes são utilizadas moléculas de água para quebrar essas ligações.
Trata-se da chamada hidrólise.
ATPase2
No processo com a ATPase, algumas enzimas desidrogenases especí cas retiram prótons e elétrons,
transferindo-os para coenzimas do tipo NAD+ ou FAD+. Elas os encaminham para uma série de
aceptores numa cadeia de transporte de elétrons até o oxigênio ou outro tipo de aceptor nal. A cada H+
transportado, a enzima ATPase presente na membrana citoplasmática é ativada, promovendo a ligação
entre ADP e o fosfato inorgânico (Pi).
glicólise3
Pseudomonas4
Essas bactérias reduzem o nitrato a nitrito (NO2-), oxido nitroso (N2O) ou gás CO2.
Provavelmente, você deve lembrar que, na primeira aula, Louis Pasteur de niu o chamado Efeito
Pasteur. Ele viu que o número de micro-organismos presentes nas uvas amassadas aumentou logo no
início desse processo, mas, com a redução da concentração de oxigênio, eles começavam a produzir
etanol. Ele associou o fermento à concentração de oxigênio: quanto mais oxigênio, menos etanol. É o
que hoje se faz nos tonéis de vinho, não permitindo a entrada de oxigênio para não reduzir a
fermentação. Somos grandes produtores de álcool a partir do açúcar da cana pelo controle do mesmo
processo.
psicró los6
25 e 40 °C7
Para as bactérias patogênicas a temperatura ótima de crescimento é 37 °C, igual ou próxima a dos
animais que colonizam.
desnaturando-as8
Por essa razão também que a maioria dos alimentos ácidos são protegidos da deterioração por
microrganismos.
Referências
TORTORA, G. J.; FUNKE, B. R.; CASE, C. L.Microbiologia. Porto Alegre: Artmed, 2010.
MADIGAN, M. T.; MARTINKO, J. M.; BENDER, K. S.; B., D. H.; STAHL, D. A. Microbiologia de Brock. Porto
Alegre: Artmed, 2016.
Próxima aula
Explore mais
Sugestões de vídeo:
Nesta aula, conheceremos os mecanismos patogênicos e saberemos por que a transferência de
genes em micróbios é fundamental para a consciência das medidas de ações individuais
preventivas.
Objetivos
Não é verdade: a maioria dos micro-organismos não é patogênica ao homem. Eles conseguem manter
relações bené cas com várias espécies de animais.
A simbiose é uma relação a longo prazo entre dois organismos de espécies distintas.
Essa relação pode ser bené ca ou não para ambos os indivíduos envolvidos.
Comensalismo
É quando uma das espécies se bene cia dessa relação sem causar danos à outra.
Exemplo
É o caso das bactérias localizadas na rizosfera, a zona das raízes das plantas, que se bene ciam dos
produtos do metabolismo das plantas.
Protocooperação
Relação bilateral em que ambas se bene ciam. No entanto, essa associação não é obrigatória, ou
seja, cada espécie pode viver separadamente.
Mutualismo
No mutualismo microbiano, o fungo está associado a alga ou bactéria, que atua como produtor
primário, enquanto ele fornece um anteparo e proteção.
Dessa forma, dois organismos distintos se bene ciam e dependem dessa relação, ou seja, só
conseguem viver na presença do outro.
Exemplo
A relação simbiótica na qual uma das espécies é bene ciada enquanto a outra é prejudicada é o
Parasitismo.
Atenção
Infectividade
Atenção
Isso não signi ca necessariamente a aparição de uma doença. Muitos micro-organismos que
conseguem penetrar no hospedeiro são eliminados pelo sistema imunológico sem que ele apresente
sinais de qualquer doença.
A infectividade é quanti cada pela ID50, dose necessária para infectar 50% da população.
Patogenicidade
Capacidade de gerar uma doença grave ou letal. Isso é medido pela LD50, dose letal que
corresponde à necessária para matar 50% da população.
Atenção
Troca Genética
Recombinação
As bactérias realizam recombinações que favorecem a aquisição de uma nova característica. É um
processo horizontal que depende de mecanismos intercelulares de transformação, transdução e
conjugação.
Os plasmídeos e transposons são elementos genéticos transferidos pela conjugação de duas bactérias
por meio de pili. O gene é duplicado, enquanto uma cópia é transferida para a bactéria receptora.
Mecanismo de transferência de genes entre bactérias por meio de
conjugação. | Fonte: Shutterstock
A transdução depende da transferência com o auxílio de bacteriófagos, que são vírus bacterianos.
Os genes que serão transferidos são localizados no genoma em trechos denominados ilhas
de patogenicidade 4 .
Fonte: Shutterstock
Para um micro-organismo ter sucesso no processo infeccioso, ele
precisará de:
Longas cadeias;
Trato respiratório
O micro-organismo pode estar na cavidade nasal e na boca ou alcançar a mucosa através de
perdigotos, aquilo que expelimos quando falamos, e partículas de pó.
Atenção
No caso de Infecções virais, talheres e objetos de uso pessoal também podem transmitir. Por isso, é
muito importante higienizar as mãos para evitar o contato quando estiver infectado.
Algumas doenças com origem bacteriana: tuberculose
(Mycobacterium tuberculosis), pneumonia (Streptococcus
pneumoniae), resfriado comum (rinovírus), vírus sincicial
respiratório em crianças com menos de dois anos de idade
e sarampo.
Micro-organismos que desenvolvem doenças no trato
respiratório inferior. | Fonte : Shutterstock
Trato gastrointestinal
Para acessá-lo, os micro-organismos precisam ultrapassar a barreira química natural do ácido clorídrico
estomacal e as enzimas liberadas pela bile e pelo intestino delgado. Como muitas são proteases, elas
atuam sobre as proteínas da superfície do patógeno, inativando-o.
Ultrapassam esses obstáculos, entre outros, os vírus da hepatite A e rotavírus e as bactérias do gênero
Shigella que provocam a disenteria bacteriana. Esses patógenos são transmitidos por via fecal-oral
através de:
Contato pessoal Ingestão de água
Consumo de alimentos
contaminados
Comentário
Após o ciclo de divisão e destruição do epitélio absortivo, os patógenos são liberados nas fezes,
podendo contaminar a água (caso de esgoto aberto) que será consumida ou utilizada por outro
indivíduo. Também é importante manter a limpeza das mãos nesse tipo de transmissão. Nas
rotaviroses, é comum que mãos contendo partículas virais propiciem a autoinoculação ou a
transmissão através do adulto cuidador.
Transmissão sexual
Depende do contato com as mucosas integradas ou abrasão. As chamadas infecções sexualmente
transmissíveis (ISTs)5 são monitoradas nos boletins epidemiológicos da Secretaria de Vigilância em
Saúde para que sejam programadas ações de prevenção e tratamento nas unidades de atenção básica
dos municípios.
Atenção
Tem chamado a atenção o número de casos de sí lis nos últimos anos. Esta doença (ou qualquer IST)
facilita a transmissão sexual do HIV. Além disso, a transmissão da sí lis durante a gestação pode
provocar cegueira, pneumonia, de ciência mental e surdez, entre outras sequelas, no bebê.
Pele
Formada por uma camada rígida e espessa de células mortas, ela com certeza protege o corpo de
infecções. Além disso, a superfície da pele está sujeita à desidratação - e isso não favorece o
crescimento abundante de micro-organismos. A maioria dos micro-organismos está associada a
glândulas sudoríparas e folículos pilosos, fatores que levam à multiplicação deles.
Entradas pela pele normalmente ocorrem por pequenos cortes acidentais e cateteres que fornecem um
meio para as bactérias terem acesso aos tecidos mais profundos.
Na via parenteral6 , o agente patogênico alcança a circulação quando as barreiras forem rompidas.
Ocorre em:
Infecções;
Ferimentos;
Cortes profundos;
Exemplo
A bactéria Staphylococcus aureus pertence à microbiota e penetra na pele através de rupturas nela. Já
alguns fungos, como o Trichophyton mentagrophytes, causador da tinea, se alimentam de queratina,
causando o aparecimento de manchas na pele.
Perceba que a porta de entrada nada mais é do que uma escolha evolutiva com base nas
vantagens que esse ambiente pode fornecer ao micro-organismo em termos de acesso a
tecidos especí cos e possibilidade de nutrição. No caso de vírus, são células que devem
possuir componentes disponíveis para a replicação viral.
A Streptococcus mutans possui a enzima glicosiltransferase para converter a glicose presente no açúcar da
dieta em um polissacarídeo bem aderente (dextrana) que se xa na superfície dos dentes.
Após a fímbria da Actinomycetos, uma outra bactéria, se ligar ao glicocálice de Streptococcus mutans,
gradativamente vai sendo formado um consórcio de bactérias e seus produtos chamado de bio lme.
Cepas de Escherichia coli enteropatogênica também utilizam adesinas para regiões especí cas do
intestino delgado. A aderência das bactérias promove uma resposta da célula hospedeira que leva à sua
endocitose.
O micro-organismo é engolfado pelo fato de as bactérias possuírem uma proteína de superfície (invasina)
que causa um rearranjo nos lamentos de actina do citoesqueleto no local do contato.
Ainda manipulando os lamentos de actina a seu favor, as bactérias do gênero Shigella e Listeria são
capazes de organizar esses lamentos em uma das suas extremidades, provocando propulsão pelo
citoplasma. Quando alcançarem as junções entre as células, elas usarão a caderina dessas junções para
passar de uma célula para outra.
Atenção
Os vírus, por sua vez, não possuem adesinas, e sim outras proteínas localizadas na superfície do
capsídeo que são especí cas do tecido alvo. Os receptores virais, entre outros exemplos, são:
Ácido siálico (para o vírus in uenza);
Agora que você provavelmente já está impressionado com a capacidade das bactérias de manipular as
células do hospedeiro, repare o que elas podem fazer para utilizar os nutrientes.
O ferro é muito importante para a maioria das
bactérias, mas temos muito pouco ferro livre na
circulação.
Toxina
A maior parte dos danos causados por bactérias ocorre pela ação de toxinas. Essas proteínas são
consideradas os principais fatores de patogenicidade 8 .
Exotoxinas
Exemplo
Além da associação do nome da toxina com a doença, muitas estão associadas ao tecido alvo, como,
por exemplo:
Como não é secretada pela bactéria, o LPS ca livre quando a bactéria morrer ou em objetos
contaminados.
Seu efeito é sobre macrófagos, as células fagocitárias de defesa, que, ao processar os restos
bacterianos, libera muitos fatores que provocam no hospedeiro um quadro clinico de calafrios,
febre, fraqueza generalizada e choque.
O uso de antibióticos contra essas infecções pode provocar sintomas de febre e aparente piora,
mas são esperados e transitórios.
Essas endotoxinas também ativam os fatores de coagulação do sangue. Isso gera o aparecimento
de pequenos coágulos que obstruem os capilares, levando à morte do tecido, uma condição
denominada Coagulação Intravascular Disseminada. No entanto, essa condição grave pode
também aparecer na presença da toxina esta locócica.
Exotoxinas e endotoxinas.
Superantígenos
Muitas proteínas bacterianas são chamadas de superantígenos. O superlativo no nome já dá uma dica
de que é algo grave.
Essas proteínas bacterianas são perigosas porque possuem um sítio de ligação nos linfócitos T, um tipo
de célula especial que organiza e regula a resposta imunológica.
Linfócitos ativados dessa forma iniciam a produção de muitas proteínas citocinas para
ativar outras células da resposta imunológica. Essa situação é muito grave. O sistema imune
provoca muitos efeitos malé cos ao hospedeiro, como febre, náusea, vômito, diarreia,
choque e até morte.
Exemplo
As mais bem conhecidas são as toxinas esta locócicas da intoxicação alimentar que provocam a
síndrome do choque tóxico.
Sua natureza química impede a fagocitose, processo no qual algumas células engolfam e destroem os
micro-organismos.
Exemplo
Klebsiella pneumoniae;
Haemophilus in uenzae 9 .
A presença de cápsula normalmente está associada à cepa patogênica, mas pode-se encontrá-la
também em bactérias não patogênicas. A defesa imune contra elas depende da presença de anticorpos
que atuam como uma ponte entre a bactéria e o fagócito.
Enzimas
Como você já deve ter percebido, são muitas as estratégias dessas bactérias para permanecer no
hospedeiro. Assim como a presença de uma cápsula controla o mecanismo de fagocitose, algumas
bactérias produzem enzimas que degradam anticorpos.
Exemplo
São as proteases IgA, que destroem o principal anticorpo de mucosas. Daremos dois exemplos dessas
bactérias: Neisseria gonorrhoeae (gonorreia) e Neisseria meningitidis (agente causador da meningite).
Outros fatores de virulência são as exoenzimas. A coagulase produzida por algumas bactérias do
gênero Staphylococcus está envolvida na formação dos abscessos das infecções de pele.
Ela converte o brinogênio em brina, formando uma estrutura sólida que impede o acesso de células
de defesa.
Já a hialuronidase é secretada por estreptococos e hidrolisa o ácido hialurônico, que une as células do
tecido conjuntivo, permitindo o acesso a tecidos mais profundos.
Outra enzima é a estreptoquinase produzida por Streptococcus pyogenes, que degrada a brina dos
coágulos. Sua ação é tão e caz que a indústria farmacêutica padronizou o seu uso em infartos
produzidos por obstrução das artérias coronárias.
Fonte: Shutterstock
Variação antigênica
Uma das características mais comuns entre todos os patógenos que infectam o homem é a variação
genética.
Exemplo
Vírus: In uenza e o HIV (apesar de muitos vírus com genoma RNA possuírem tal capacidade);
Bactérias: Streptococcus pneumoniae (possui 84 variações de cápsulas) e Neisseria gonorrhoeae (44
variantes ilustram a dimensão que as variabilidades antigênicas têm sobre o homem).
Com esta aula, você naliza os conhecimentos básicos sobre microbiologia desde a diversidade dos
micro-organismos presentes no planeta e no homem até os mecanismos que podem propiciar o
aparecimento de doenças.
A partir da próxima aula, iremos ministrar as informações sobre a resposta imunológica e quais
mecanismos de defesa serão ativados para eliminação de patógenos.
Atividade
1. Em relação ao tipo de relação simbiótica entre espécies, assinale a opção que representa uma
interação na qual uma espécie é bene ciada sem, no entanto, provocar qualquer dano à outra:
a) Parasitismo
b) Simbiótica benéfica
c) Comensalismo
d) Parasitismo facultativo
e) Oportunista
2. A presença de algumas cepas de Escherichia coli produtoras de vitamina K na microbiota intestinal é
um bom exemplo de que tipo de interação?
a) Oportunista
b) Mutualismo
c) Simbiótica
d) Parasitismo
e) Comensalismo
3. A diferença entre patogenicidade e virulência pode ser identi cada na seguinte opção:
4. Assinale um componente presente em algumas células bacterianas que impede a ação dos
fagócitos.
a) Lipopolissacarídeo
b) Cápsula
c) Fímbrias
d) Pili
e) Protease IgA
Notas
oportunistas1
Com certeza, você já leu sobre as infecções oportunistas em pacientes que desenvolvem AIDS. São
infecções provocadas por organismos de baixa virulência em indivíduos saudáveis, mas tornam-se
graves nos pacientes imunosuprimidos pelo HIV.
Outro exemplo é a bactéria Pseudomonas aeruginosa, que infecta vítimas de queimaduras.
cepa bacteriana2
Em bacteriologia, cepas são variações dentro de uma espécie. Algumas cepas são consideradas mais
virulentas que outras. Todas derivam de um mesmo ancestral, retendo as principais características
morfológicas ou siológicas. Cepa é o mesmo que estirpe.
enterotoxinas3
toxinas produzidas por diversos microrganismos que agem no intestino, causando principalmente dores
abdominais, diarreias e vômitos. É uma das causas de intoxicação alimentar.
patogenicidade4
O conceito de ilha de patogenicidade foi introduzido na década de 1990 para estudar a virulência de
amostras da Escherichia coli produtora de hemolisina.
Essa proteína promove a lise de eritrócitos e do epitélio intestinal, provocando o processo diarreico.
Hoje, com as técnicas de sequenciamento de genes, muitas ilhas de patogenicidade são identi cadas,
auxiliando tanto no entendimento dos mecanismos de lesão como na produção de vacinas.
HIV;
HPV;
Herpes genital;
Sí lis;
Clamídia;
Gonorreia.
Via parenteral6
ferro7
Está associado a proteínas transportadoras de ferro, como a lactoferrina e a transferrina, ou faz parte
da hemoglobina.
fatores de patogenicidade8
O nome é intoxicação porque muitas doenças são provocadas pelo efeito das toxinas - e não da
bactéria.
Haemophilus in uenzae9
Responsável pela pneumonia e meningite, daí a enorme importância da vacina Hib em crianças por elas
serem naturalmente mais suscetíveis a esse fator de virulência.
Referências
HACKER, J. et al. Deletions of chromosomal regions coding for mbriae and hemolysin occur in vitro
and in vivo in various extraintestinal Escherichia coli. In: Microbial pathogenesis. n. 8. 1990. p. 213-225.
MADIGAN, M. T. et al. Microbiologia de Brock. 14. ed. Porto Alegre: Artmed, 2016.
Próxima aula
Sistema imunológico: a não reação natural contra nossas estruturas;
Explore mais
Sob a perspectiva dos pro ssionais de saúde, conheceremos nesta aula os princípios que regem a
resposta imunológica no hospedeiro e que servem de base para as soluções na promoção de
saúde, prevenções e inovações tecnológicas.
Objetivos
1. Prevenção de doenças;
Com exceção dos micro-organismos mais evoluídos, esses objetivos são sempre alcançados com
sucesso.
Em situações especiais, o sistema imunológico pode prejudicar as células do hospedeiro, como nas
doenças in amatórias, alergias e doenças autoimunes.
1. Diversas células;
3. Seus órgãos especializados, que servem de produção e sítio de ativação de muitas células.
É relativamente fácil imaginar que qualquer falha nesse sistema possa comprometer o hospedeiro e
possivelmente levá-lo à morte.
Exemplo
Um exemplo desse desequilíbrio é a infecção pelo vírus da imunode ciência adquirida (AIDS). Como as
células alvo são os linfócitos T e os macrófagos, o paciente gradativamente perde a capacidade de
responder a qualquer tipo de patógeno, mesmo aqueles de baixa virulência. Infelizmente, com o
aparecimento da AIDS, muitas funções das células T foram descobertas simplesmente porque a sua
ausência evidenciava o papel central dessas células no controle de doenças infecciosas e tumores.
O sistema imune é dividido em dois tipos de imunidade caracterizados por respostas diferentes:
imunidade inata ou natural e imunidade adquirida ou adaptativa.
Se você imaginar o desenvolvimento de uma doença numa linha do tempo, principalmente se for o
primeiro contato com o patógeno, poderá ver que, já nas primeiras horas, entram em ação mecanismos
simples e muito e cientes.
Presentes mesmo no indivíduo sadio, eles tentam controlar a entrada de micro-
organismos, como as barreiras epiteliais, e peptídeos antibióticos presentes no
epitélio.
O fato de muitos micro-organismos patogênicos possuírem enzimas que permitem a sua penetração
em tecidos e na circulação faz com que entrem em ação fagócitos, células dendríticas, Natural Killer e
proteínas do sistema complemento. Todos esses componentes reconhecem esses micro-organismos e
tentam reduzir o número de patógenos.
No caso dos fagócitos, eles possuem receptores que reconhecem estruturas comuns a grupos de
patógenos. Um exemplo é o reconhecimento do componente LPS de parede celular Gram-negativa ou o
ácido teicoico de Gram-positiva.
Além da eliminação dos patógenos, outra função muito importante da resposta imune inata é a
ativação da resposta imune adquirida. E não é por acaso que muitos agentes patogênicos possuem
mecanismos para escapar da resposta imune inata.
Imunidade adquirida
A imunidade adquirida é representada pelos linfócitos 2 e pela proteína anticorpo. Esses componentes
reconhecem uma variedade muito maior de estruturas do que aqueles da imunidade inata. Podem
inclusive reconhecer estruturas não infecciosas.
Linfócitos são células muito especializadas: elas se dividem após sua ativação e se
diferenciam das outras células por realizarem ações muito especí cas contra o
antígeno (qualquer substância reconhecida por linfócitos).
As ações da imunidade adquirida são divididas em imunidade humoral e imunidade celular. Isso
signi ca que, dependendo da presença do micro-organismo (intracelular ou extracelular), serão ativados
os mecanismos mais competentes para a sua eliminação.
Imunidade humoral
A atividade humoral é ativada quando forem
necessários mecanismos de defesas contra
micro-organismos extracelulares - como ocorre
na maioria das doenças bacterianas - e
precisarmos de apoio na circulação. Ela é
mediada por anticorpos produzidos pelos
linfócitos B ativados.
Recobrir os micro-organismos;
Atenção
Outra diferença entre as células B e T é em relação ao tipo de estrutura química dos antígenos que eles
reconhecem. Os linfócitos B podem reconhecer proteínas, lipídeos, carboidratos e ácidos nucleicos,
enquanto a maioria dos linfócitos T só reconhece proteínas.
Ao nal dessa linha do tempo, que mostra o desenvolvimento de uma doença, o hospedeiro terá ativado
muitas células e anticorpos que irão promover a sua recuperação. Essa resposta ativa é chamada de
imunidade ativa.
Quando isso não acontece, como nos casos em que não existe tempo hábil para a elaboração da
resposta imunológica e a proteção não dura muito tempo, é necessário alcançar o estado imune pela
transferência de anticorpos. Isso se chama imunidade passiva. Um bom exemplo é a transferência de
anticorpos durante a amamentação de recém-nascidos, cujo sistema imunológico ainda não é capaz de
responder a muitos patógenos e precisam de proteção.
Memória
A propriedade anterior é muito importante nas infecções persistentes e recorrentes, pois cada
encontro gera mais linfócitos de memória. Essa resposta posterior é chamada de resposta
imunológica secundária.
Atenção
É fácil entender que o sistema imunológico existe para nos proteger de agentes infecciosos, mas é
fundamental que isso não seja estimulado por moléculas e estruturas presentes no nosso corpo.
A ausência de autorreatividade contra antígenos próprios é uma condição importante durante o
desenvolvimento dos linfócitos. Se eles desenvolverem receptores com a nidade por estruturas
próprias, deverão ser eliminados nos órgãos geradores. A permanência desses clones de linfócitos
autorreativos leva ao aparecimento de doenças autoimunes, como vitiligo e lúpus eritematoso.
Toda resposta imunológica especí ca possui etapas bem de nidas. Vamos entender cada uma delas a
seguir:
Clique nos botões para ver as informações.
Fase de reconhecimento
Antígeno;
A partir do reconhecimento desses sinais, inicia a fase clonal. O linfócito - ou melhor, o clone dos
linfócitos selecionados – entra em sucessivas divisões para aumentar o número de células
especí cas contra esse patógeno.
Fase efetora
Fase de declínio
Com a redução do número de patógenos e outros fatores, muitos linfócitos morrem por apoptose.
Isso garante que sempre tenhamos um número viável de linfócitos no nosso corpo.
Alguns deles são insensíveis ao estímulo de apoptose e permanecem em estado de repouso por
muitos anos até serem rapidamente ativados se o mesmo patógeno entrar no organismo. São
conhecidos como células de memória.
Células e órgãos do sistema imunológico
Agora que o panorama da resposta imunológica já foi apresentado, o passo seguinte nesta aula será o
de conhecer algumas células e órgãos que compõem o sistema imunológico.
As células da imunidade inata serão descritas detalhadamente na aula sobre imunidade inata.
Para que a resposta imunológica seja ativada, são necessárias três células:
Conforme vimos anteriormente, linfócitos são células muito especializadas, consideradas mediadoras
da imunidade adquirida.
Essas células possuem as funções de ativar macrófagos para que aumentem a capacidade de
destruição de micro-organismos ingeridos e neutró los para a in amação. Elas são produtoras de
muitas citocinas que propiciam a proliferação de linfócitos T e B.
1 2
Linfócitos T Linfócitos B
Importantes na imunidade celular. Importantes para a imunidade humoral.
Os Linfócitos T
subdividem-se em:
Linfócito T auxiliar
Possui o receptor para antígeno TCRαβ e um correceptor CD4 5 na sua superfície entre várias
moléculas de sinalização;
Linfócito T citotóxico
Linfócito T regulador
Importante para o controle da resposta imunológica, esta célula, apesar de possuir CD4, funciona
suprimindo a resposta imunológica.
Os Linfócitos B
Os linfócitos B possuem anticorpos na sua superfície como receptor de antígeno chamados de BCR ou
imunoglobulina de superfície. Quando ativadas, essas células se diferenciam em plasmócitos, que
secretam anticorpos para desempenhar muitas funções da resposta imunológica.
Atenção
Linfonodos
Órgãos encapsulados formado por nódulos e distribuídos ao longo dos vasos linfáticos do corpo. A
circulação linfática contém muitas substâncias originadas do epitélio e dos tecidos. As células
apresentadoras de antígeno localizadas nos linfonodos reconhecem os antígenos de patógenos que
passam pelos linfonodos e os capturam, tornando-se ativadas.
Baço
Órgão ricamente vascularizado. Por esse motivo, pode receber antígenos vindos da circulação. Os
linfócitos T se localizam na bainha linfoide periarteriolar que circunda as arteríolas, enquanto os linfócitos
B estão em folículos.
Células do Sistema imunológico da
pele. | Fonte: Shutterstock
No intestino delgado, existe a célula M cuja especialidade é transportar os antígenos do lúmen para os
tecidos linfoides. Nesses locais, muitos linfócitos são de memória.
O grande desa o nesses locais é ativar a resposta imunológica contra antígenos que entram nos epitélios
sem, no entanto, reagir contra a nossa microbiota. Isso só será possível com o auxílio de células T
reguladoras e as células dendríticas que suprimem esse ataque.
Órgãos linfoides geradores ou centrais
Trata-se da medula e do timo, locais onde ocorre a geração dos linfócitos. Durante o desenvolvimento
embrionário e fetal, esta função é respectivamente do saco vitelino e do fígado fetal.
Timo
Órgão localizado no mediastino dividido em vários
lóbulos, cada um com uma região córtex e uma
medula. Os timócitos são células imaturas em
proliferação, mantendo contato através de suas
membranas com várias células acessórias, como
as nurse 7 . Serão, após esse processo,
chamados de TH ou Tc. As células nurse
disparam o sinal apoptótico para timócitos cujos
receptores apresentarem alta a nidade por
proteínas próprias.
A vinda de precursores da medula óssea para o timo ocorre pela liberação de hormônios, como a
timulina e a timopoietina, que são produzidos pelo epitélio tímico, sugerindo um papel de atração nas
células precursoras de LT. A entrada e saída de células pelo timo ocorre através das vênulas endoteliais
altas ou HEV, que aderem fortemente aos timócitos e também protegem o ambiente tímico.
Medula
Os precursores de linfócitos B se desenvolvem até
se tornarem maduros com seus receptores BCR.
Ao redor dessas células, as células do estroma
produzem muitas moléculas de adesão e
citocinas que propiciam o seu desenvolvimento.
Aqui todas as etapas de desenvolvimento da
célula B também serão avaliadas, podendo sofrer
a seleção positiva e negativa.
Desenvolvimento dos linfócitos T e B nos órgãos linfoides geradores e circulação nos órgãos linfoides periféricos. | Fonte: (ABBAS; LICHTMAN,
2014)
Os linfócitos maduros e virgens saem da medula e do timo, entrando na circulação e nos órgãos
linfoides periféricos, onde podem encontrar o antígeno para o qual possuam receptores especí cos. Ao
ocorrer a seleção clonal, essas células entram em proliferação e se diferenciam em células efetoras e
de memória.
Os linfócitos virgens circulam preferencialmente para entrar nos órgãos periféricos, enquanto as células
efetoras, já ativadas, se deslocam para o local da infecção.
Atividade
1. Assinale, na ordem, um componente da imunidade inata e da adaptativa:
2. Quando a rmamos que a capacidade diferenciada de recombinar os genes que dão origem às
proteínas de reconhecimento é exclusiva de linfócitos, nos referimos à:
a) Memória
b) Especialização
c) Autorreatividade
d) Especificidade
e) Fagocitose
3. Assinale a opção que se destina somente aos órgãos linfoides periféricos:
4. Trata-se dos Linfócitos que não possuem TCR e atuam na eliminação de células infectadas. Esta
de nição está associada à qual célula?
a) TCD4
b) NK
c) TCD8
d) Células dendríticas
e) Células imunes
Notas
tumores1
Linfócitos2
São células muito especializadas: elas se dividem após sua ativação e se diferenciam das outras células
por realizarem ações muito especí cas contra o antígeno (qualquer substância reconhecida por
linfócitos).
clones3
Na década de 1950, a teoria da seleção clonal a rmou que já possuíamos clones de linfócitos
especí cos antes do encontro com o antígeno. Esta substância seleciona um clone - entre um milhão
deles - que será ativado para participar dessa eliminação. Isso ocorre porque essas células possuem
uma capacidade diferenciada de recombinar os genes que dão origem às proteínas de reconhecimento.
Portanto, cada recombinação gera um tipo de receptor especí co diferente na superfície dessas células.
células efetoras4
correceptor CD45
Detalhes desta etapa você vai aprender mais tarde durante a ativação dos linfócitos.
Antígenos6
Nurse7
Leia Mais
Os linfócitos T e B ocupam regiões especí cas dentro do linfonodo, sendo o córtex a região dos
linfócitos B que se organizam em folículos e abaixo, na região paracortical, os linfócitos T. É muito
importante a aproximação dessas populações, pois o T ativado irá ativar algumas funções importantes
no linfócito B. Se a célula B responder à presença de um antígeno, a sua morfologia muda para o
aspecto de uma célula bem volumosa e rica em retículo endoplasmático rugosa chamada de
plasmócito. Essas células produtoras de anticorpos estão nos chamados centros germinativos, que são
os antigos folículos com células B ativadas.
Referências
ABBAS, A. K.; LICHTMAN, A. H. Imunologia básica. 4. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014.
ABBAS, A.; LICHTMAN, A. H.; PILLAI, S. Imunologia celular e molecular. 9. ed. Rio de Janeiro: Elsevier,
2019.
BENJAMINI, E.; COICO, R.; SUNSHINE, G. Imunologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002.
Próxima aula
Explore mais
Assista ao vídeo:
Nesta aula, você aprenderá sobre a primeira linha de defesa em humanos e qual o curso dessa
ativação.
Objetivos
Antes de começarmos a estudar esses mecanismos, vamos aprender em linhas gerais algumas
características da resposta imunológica inata.
Características gerais da resposta imunológica
inata
Sabe aquela vermelhidão, dolorida e inchada que surge quando cortamos a nossa pele?
Ao romper esse epitélio, os micro-organismos serão reconhecidos por fagócitos 1 do tipo macrófagos
e células dendríticas que iniciam a in amação.
Atenção
O mecanismo inato de defesa sempre responde da mesma forma nos encontros com o micro-
organismo, enquanto o sistema imunológico adaptativo responde de forma cada vez mais e caz a cada
encontro. Isso é porque não temos células de memória no sistema imunológico inato.
O sistema imunológico inato reconhece estruturas comuns a diversas classes de micro-organismos:
Existe um receptor para todas as bactérias Gram-negativas O sistema reconhece, por exemplo, a
molécula lipopolissacarídeo de parede celular Gram-negativa e a molécula peptideoglicano, e há um
receptor para esses componentes. Repare que são componentes comuns e não especí cos de uma
determinada espécie. Isso também ocorre com um vírus: a presença de material genético RNA dupla
ta faz com que a célula reconheça e responda à presença dele.
Comentário
Nas células necróticas ou danosas, essas células utilizam outro receptor: o padrão molecular de dano
(DAMP).
Como já foi dito neste curso, a imunidade inata também é responsável pela remoção de células e pelo
reparo do tecido.
Veja a diferença entre a imundade inata e adquirida em relação aos receptores de reconhecimento
padrão:
Exemplo
Já é do seu conhecimento que muitos micro-organismos utilizam como porta de entrada o epitélio da
pele e os tratos gastrintestinal e respiratório, seja por, respectivamente, contato, ingestão ou inalação.
Nosso epitélio possui um conjunto de barreiras físicas e químicas de controle. De início, ele é contínuo,
di cultando a passagem de qualquer micro-organismo. Além disso, esse tecido:
Um exemplo da importância das defensinas é na Doença de Chron, que leva a uma in amação grave
nos intestinos, uma mutação faz com que elas não sejam produzidas em quantidade su ciente, cando
o paciente debilitado sem essa defesa natural.
1 2
TLR-4 TLR-5
Reconhece o lipopolissacarídeo Reconhece a proteína agelina que compõe o
agelo de bactérias
Exemplo
Além da sua função na defesa do hospedeiro, hoje se acredita que possa estar envolvido na ativação da
in amação de três doenças:
Gota;
Aterosclerose;
Durante a resposta imunológica inata e adaptativa, as células são ativadas pela presença de micro-
organismos e outros tipos de antígeno que as façam mudar de estado.
No entanto, a intensidade da resposta, e por que não dizer o seu desfecho, depende
muito de proteínas chamadas de citocinas.
Vamos entender as funções básicas de citocinas, pois o seu conhecimento nos auxiliará na
compreensão das etapas das respostas imunológicas do hospedeiro.
Citocinas são polipeptídios produzidos por células que provocam reações de regulação nas
respostas in amatórias e imunológicas. Suas funções são claramente associadas a
resistência às infecções, embora elas também atuem no reparo e no desenvolvimento de
linhagens celulares hematopoiéticas.
Essas reações são um evento rápido e autolimitado. Muitas dessas ações provocam a síntese de outras
citocinas como um efeito em cascata, provocando ao m uma série de reações celulares.
Atenção
Fica claro que todas as células alvo possuem receptores para citocinas e que ocorre um efeito
ampli cador dessas ações durante a resposta, pois muitas células aumentam o número de receptores
em suas membranas. Elas representam mensagens químicas com os mais variados objetivos
identi cáveis a cada caso.
Fonte: Shutterstock
São células residentes no tecido conjuntivo e em vários órgãos do corpo. Eles representam a
diferenciação de monócitos sanguíneos, ou seja, são dois estágios da mesma linhagem celular
conhecida como sistema fagocitário mononuclear.
1 2
Citocinas quimioatrativas 8
Já dissemos que a IL-1 induz a febre pela resposta do hipotálamo, mas o TNF também realiza essa
ação. Junto com a interleucina-6, essas citocinas atuam também nas células do fígado para a produção
de várias proteínas chamadas reagentes da fase aguda. Exemplos: a proteína C-reativa e o brinogênio.
Atenção
Quando ocorrer uma infecção bacteriana grave e disseminada pelo corpo, poderá acontecer o chamado
choque séptico. Seus sinais clínicos incluem:
Hipotensão arterial;
CÉLULAS DENDRÍTICAS
Nas infecções virais, um subconjunto de células dendríticas e, em menor escala, outras células
infectadas produz o IFN tipo 1, que inibe a replicação viral e evita a disseminação da infecção para
células sadias.
A vida média do neutró lo é de 8 horas; por isso, eles não oferecem uma defesa por muito
tempo.
Natural Killer
Uma célula que se destaca em infecções virais
logo no início da resposta é a natural killer (ou
exterminadora natural).
No entanto, ela não possui o receptor TCR na sua superfície, utilizando um receptor NKG2D que
reconhece as moléculas classe I do MHC que pertencem ao complexo principal de
histocompatibilidade.
Um outro receptor de ativação da NK é o CD16, mas ele será utilizado mais à frente na resposta quando
já existirem anticorpos ligados às células. A NK reconhece anticorpos sobre células e também provoca
a morte. Esse fenômeno é chamado de citotoxicidade celular dependente de anticorpo (ADCC, do
inglês antibody-dependent cellular cytotoxicity).
Em relação a citocinas, já vimos que macrófagos
produzem a interleucina-12, que atua na NK a
estimulando a produzir a interferon-γ. A IFN-γ, por
sua vez, estimula os macrófagos a se tornarem
mais efetivos na morte de micro-organismos
fagocitados. Propicia a ativação da célula NK o
interferon tipo 1 (IFN tipo 1) produzido por
dendríticas e macrófagos que ingerem células
mortas com vírus.
Sistema complemento
Outro participante importante da imunidade inata. O sistema complemento é composto de um conjunto
de proteínas circulantes e também ligadas à membrana para estimular a:
Degranulação de mastócitos;
Via alternativa
Começa com o depósito de C3 sobre a parede celular de bactérias. Com a participação dos fatores
B e D, essa proteína dá origem a dois fragmentos:
Quimioatrativo para neutró los e monócitos, o fragmento C3a acaba promovendo o recrutamento
desses leucócitos para o local da lesão. Já o fragmento C3b é reconhecido pelas células
fagocitárias que possuírem o receptor chamado CR1. Ele atua na opsonização (estímulo à
fagocitose). A molécula responsável por isso chama-se opsonina. Com o C3b, os micro-
organismos são rapidamente destruídos pelos fagócitos.
Via da lectina
Começa quando o carboidrato manose (presente nas glicoproteínas de superfície dos micro-
organismos) for reconhecido por uma proteína plasmática ligante de carboidrato, a lectina ligante
de manose (MBL). Os componentes dessa via são os mesmos da via clássica de ativação que
ocorre na presença de anticorpos. Aqui também serão produzidos os fragmentos C3a e C3b.
A continuação da cascata de ativação propicia a clivagem da proteína C5 com o fragmento C5a,
apresentando a mesma função de C3a como quimioatrativo. O fragmento C5b, ancorado na
parede celular da bactéria, inicia a ligação das proteínas nais C6, C7, C8 e C9 em um evento que
se chama complexo de ataque à membrana ( MAC 10 ).
Vias de ativação e produtos do sistema complemento. Fonte: (ABBAS; LICHTMAN, 2014)
Fonte: Shutterstock
A nal, quem começa a in amação?
Quando um patógeno alcançar o tecido subepitelial, ele será reconhecido pelos macrófagos residentes
que utilizarem PAMP ou DAMP. Em resposta, essas células produzirão TNF e IL-1, que agem no
endotélio de vênulas próximas ao local de infecção. O endotélio agora começará a expressar as
moléculas de adesão E-selectina e P-selectina, que são da família selectina.
Os neutró los e os monócitos circulantes possuem na superfície carboidratos que se ligam fracamente
às selectinas. Inicialmente, os neutró los se juntam ao endotélio, mas o uxo de sangue não deixa essa
ligação ser rme e a célula se solta. Mais adiante, estabelece-se uma nova junção; assim, os leucócitos
seguem em rolamento ao longo do vaso.
Os leucócitos também possuem outro conjunto de moléculas de adesão chamadas de integrinas. Elas
estão presentes normalmente em baixa a nidade nos leucócitos inativos. Sob efeito das quimiocinas
produzidas pelos macrófagos e também pelas células endoteliais, essas integrinas ganham mais
a nidade pelos ligantes presentes no endotélio. Ao mesmo tempo, a TNF e a IL-1 produzidas pelo
macrófago estimulam o endotélio a expressar os ligantes para as integrinas.
Com isso, o rolamento diminui e o citoesqueleto dos leucócitos é reorganizado, enquanto as células se
espalham na superfície endotelial. Em minutos, as quimiocinas C3a e C5a do sistema complemento
estimulam a motilidade dos leucócitos que passarem através da parede do vaso, seguindo um
gradiente de concentração desses quimioatrativos, até chegarem ao local da infecção.
Os capilares tornam-se mais permeáveis nesse processo atiçado pelo TNF. Muitas proteínas, como as
do sistema complemento e até do anticorpo, saem dos vasos e entram no local da lesão. Isso acelera a
eliminação, pois elas auxiliam os fagócitos. Você se lembra da opsonização?
ROS são extremamente tóxicos para os micro-organismos que estão no fagolisossoma. Outra enzima, a
óxido nítrico sintase induzida (iNOS), metaboliza o aminoácido arginina em óxido nítrico (ON). As
enzimas proteases lisossômicas são essas substâncias microbicidas que destroem os micro-
organismos. Os neutró los ativados também liberam os conteúdos de grânulos microbicidas.
Como já foi visto neste curso, os neutró los têm vida curta: ao morrerem, liberam suas proteínas
nucleares, as histonas que se tornam proteínas antimicrobianas. Essas proteínas, que fazem parte das
redes extracelulares de neutró los ( NETs 12 ), servem para matar bactérias e fungos.
Apesar de a in amação ser um processo dirigido contra micro-organismos, a liberação dos
intermediários reativos do oxigênio e de algumas enzimas acaba provocando lesões nos
tecidos do hospedeiro.
Como podemos imaginar, em um processo evolutivo alguns micro-organismos evoluíram para resistir a
essa destruição. Eles podem escapar da vesícula fagocítica e entrar no citoplasma livre do ataque de
ROS (ou óxido nítrico), como a Listeria monocytogenes, que provoca a meningite. Na tuberculose, essa
micobactéria possui uma enzima que impede a fusão da vesícula com o lisossoma.
Esta aula foi o primeiro passo no conhecimento das etapas de ativação e eliminação de patógenos na
espécie humana desde mecanismos muito simples localizados na superfície corporal até a organização
de uma rede de células e citocinas. Ficou claro para você que a in amação é um processo bem
complexo. Poderíamos dizer que ele também é dinâmico, pois os mecanismos de escape dos micro-
organismos provavelmente desencadearão novas alternativas para as nossas defesas.
Atividade
1 - Assinale a única opção que não representa a resposta imunológica inata:
a) Especificidade
b) Fagocitose
c) Quimioatração de neutrófilos
d) Citotoxicidade
e) Memória imunológica
2 - (Fiocruz - Médico alergista e imunologista - 2010) A resposta inata funciona como uma primeira linha
de defesa contra diferentes tipos de infecção. Sobre a imunidade inata, assinale a a rmativa incorreta:
3 - O sistema complemento é um conjunto de proteínas que atua durante todo o curso da resposta
imunológica no hospedeiro. Em relação à função do fragmento C3b na resposta imunológica, assinale a
opção correta:
4 - Qual das opções representa a citocina responsável por estimular as células natural killer durante a
resposta imunológica inata?
a) Interleucina-1
b) Fator de necrose tumoral
c) Interleucina-6
d) Interleucina-12
e) Interleucina-2
5 - De na in amação.
6 - Durante as fases da in amação, os neutró los reagem à presença de moléculas de adesão na
superfície do endotélio. Em um primeiro momento, a força do uxo de sangue não permite que a ligação
entre endotélio e neutró lo seja forte o su ciente para a manter. Observamos então o fenômeno de
rolamento, cuja molécula responsável nessa etapa é:
a) Selectina
b) Integrina
c) Fator de necrose tumoral
d) Opsonina
e) Quimioatraente
Notas
Fagócitos 1
Fagócitos são leucócitos (conhecidos como glóbulos brancos) do sangue atuantes na defesa do
organismo, ingerindo (fagocitose) partículas e micro-organismo estranhos no corpo.
A fagocitose é a ingestão de partículas com mais de 0,5 µm de diâmetro depois de serem ativados
estes três receptores: de reconhecimento padrão, para anticorpos e para fragmentos do complemento.
Clones 2
Temos muitos clones com receptores diferentes: esse número é da ordem do bilhão.
reconhece o lipídeo microbiano apresentado pela molécula CD1 das células apresentadoras de
antígenos.
TLR 4
A ação autócrina provoca seu efeito na mesma célula de origem. Um exemplo é a interleucina-2
produzida por linfócitos recém-ativados, estimulando sua proliferação.
parácrina 6
Podemos usar a IL-1b como um modelo de ação endócrina. Ela foi liberada por células no sítio da lesão
e na circulação. O hipotálamo possui receptores para o IL- 1b, que, em resposta, altera a temperatura
corporal – o que chamamos de febre.
TNF 7
Citocinas quimioatrativas 8
como a interleucina-8, que atua recrutando neutró los e monócitos para os locais de infecção.
Mastócito 9
Mastócitos são células contendo grânulos de histamina e outros componentes que contribuem para a
in amação e podem ser também encontrados em processos alérgicos.
MAC 10
ROS 11
NETs 12
ABBAS, A. K.; LICHTMAN, A. H. Imunologia básica. 4. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014.
ABBAS, A.; LICHTMAN, A. H.; PILLAI, S. Imunologia celular e molecular. 9. ed. Rio de Janeiro: Elsevier,
2019.
BENJAMINI, E.; COICO, R.; SUNSHINE, G. Imunologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002.
TORTORA, G. J.; FUNKE, B. R.; CASE, C. L. Microbiologia. Porto Alegre: Artmed, 2012.
Próxima aula
Explore mais
Micro-organismos – fagocitose; <https://www.youtube.com/watch?v=PHJxwBvfwgY>
Para o sistema imunológico nem todo antígeno é capaz de ativar a resposta imunológica.
Veremos nesta aula que, para a resposta especí ca se desenvolver, é fundamental o papel das
moléculas MHC na apresentação de antígenos aos linfócitos T.
Objetivos
Em vários momentos nas últimas aulas, você compreendeu que a resposta imunológica adaptativa tem
início quando os antígenos são reconhecidos pelos receptores especí cos dos linfócitos, TCR do
linfócito T e BCR do linfócito B.
Estranheza
Tamanho
Não existe uma de nição concreta do tamanho ideal, mas quanto maior for a molécula, mais
imunogênica ela é considerada.
Composição química
Degradabilidade
É a facilidade dos antígenos serem fagocitados. Como isso é importante para a apresentação
antigênica, o fato de serem fragmentados é um bom fator para a ativação das células T. Esse
processo dá origem aos determinantes antigênicos que serão reconhecidos pelos receptores de
linfócitos T. Para os linfócitos TCD4, o tamanho do epítopo varia entre 12 e 20 resíduos de
aminoácidos. Já para os linfócitos T CD8, vai de 8 a 9 resíduos de aminoácidos.
Lembre-se de que o determinante antigênico ou epítopo é a região de ligação com o
receptor antigênico. Por isso, usamos também esse nome para a ligação com os
anticorpos. Nesse caso, os anticorpos interagem livremente com o antígeno.
Mecanismo de reconhecimento do anticorpo ao antígeno. Cada tipo de anticorpo liga-se apenas a um antígeno específico. A interação está
ocorrendo nas regiões de paratopo e epítopo. Fonte: shutterstock
Agora que entendemos que um antígeno possui vários epitopos devemos perceber também
que nem todos interagem com a mesma intensidade aos receptores das células imunes. Os
que interagem com maior a nidade com o receptor, comparado a outros, é denominado
epitopo imunodominantes e podem induzir uma resposta imunológica forte.
Epitopos lineares
Epitopos conformacionais
São formados pela estrutura tridimensional das proteínas ou dobras dos polissacarídeos. A molécula
de anticorpo interage com pontos de contato nessa estrutura tridimensional.
Identificação de epítopo linear e epítopo conformacional na
estrutura de uma proteína antigênica. Fonte: BENJAMINI, COICO e
SUNSHINE, 2002.
Além disso, os antígenos são classi cados de acordo com a participação, ou não, das células T:
Clique nos botões para ver as informações.
Antígenos T-independente
São antígenos reconhecidos diretamente pelos linfócitos B. Uma característica comum nesse tipo
de antígeno é a sua estrutura química formada por unidades repetitivas, como os polissacarídeos.
Esses antígenos também são mais resistentes à degradação, podendo car mais tempo no
organismo.
Muitos clones diferentes de células B são ativados por esse antígeno, o que é chamado de
ativação policlonal.
Antígenos T-dependentes
São aqueles que não estimulam diretamente a produção de anticorpos e precisam da participação
de TH.
Proteínas são antígenos T dependentes capturados pelas células dendríticas, chamadas de
apresentadoras de antígeno (em inglês Antigen Presenting Cell).
Além das células dendríticas, macrófagos e linfócito B são também APCs. No caso do linfócito B, a
sua participação como APC ocorre em uma condição especial durante a sua ativação e produção
de anticorpos. Essas células possuem em comum uma proteína chamada de MHC classe II.
Fonte: Shutterstock
Linfócitos B
Os receptores BCR, também chamados de imunoglobulinas de superfície dos linfócitos B, reconhecem
antígenos de proteínas, polissacarídeos, lipídeos e ácidos nucleicos que estão presentes na circulação
ou que pertencem à estrutura de um patógeno.
Linfócitos T
São capazes de reconhecer peptídeos dos antígenos proteicos, ou seja, os receptores antigênicos
dessas células reconhecem somente proteínas.
Além disso, o reconhecimento e a ativação de linfócitos T devem ser realizados com o auxílio de células
denominadas células apresentadoras de antígeno. Para isso, elas possuem um grupo de proteínas na
membrana chamado de Proteínas do Complexo Principal de Histocompatibilidade (MHC).1 .
Proteínas do Complexo Principal de Histocompatibilidade (MHC)
As moléculas MHC são proteínas presentes em todas as células do nosso corpo. Possuem várias
funções siológicas e sua principal característica é uma fenda formada na sua estrutura que permite se
ligar a peptídeos de antígenos para ativar o linfócito T.
Essa ligação entre a proteína MHC e o peptídeo ocorre ainda dentro da célula APC 2 e o complexo é
deslocado até a membrana plasmática da célula. Dessa forma, o TCR 3 faz contato com a proteína
MHC, por meio de vários aminoácidos do peptídeo antigênico, e também com alguns aminoácidos da
célula apresentadora.
O contato com a proteína MHC é chamado de restrição MHC, e isso ocorre para que a célula T possa
responder ao antígeno que foi mostrado por um componente próprio do organismo.
Interação entre a molécula TCR e classe II do MHC. Fonte: Adaptado de BENJAMINI, COICO e SUNSHINE, 2002.
Comentário
O lugar dos genes das proteínas MHC ─ lócus gênico ─ é no cromossomo 6 em humanos e recebe o
nome HLA 5 – antígenos leucocitários humanos. O equivalente ao MHC humano em camundongos
está no cromossomo 17 e chama-se H2.
Essas proteínas são determinantes para a aceitação ou rejeição de enxertos entre
indivíduos e, por isso, recebem o nome de antígenos leucocitários, sendo capazes de
estimular a produção de anticorpos no indivíduo receptor do tecido ou órgão
transplantado 6 .
Em todas as espécies, o lócus do MHC contém dois conjuntos de genes altamente polimór cos,
chamados de genes do MHC classe I e classe II, que codi cam as moléculas do MHC classes I e II nas
quais há os peptídeos às células T.
Existem também os genes do MHC classe III que expressam proteínas do sistema complemento, além
de algumas citocinas da in amação, mas que não participam da apresentação antigênica que vamos
aprender.
Moléculas de classe I
São expressas pelos genes HLA-A, HLA-B e HLA-C. Se combinarmos os 3 genes da mãe e os 3
genes do pai vamos ter 6 moléculas diferentes para a classe I. Quanta diversidade não?
Moléculas de classe II
Já vimos que as moléculas de MHC se ligam a peptídeos, mas sempre a um peptídeo por vez. A ligação
com o peptídeo ocorre durante a síntese da molécula MHC no interior da célula.
Dessa forma, a molécula MHC vai para a superfície sempre com uma “carga” ou peptídeo acoplado a
ela em uma fenda formada no arranjo dessas moléculas.
Moléculas de classe I
É formada por uma cadeia a ligada de forma não covalente a uma cadeia β – microglobulina.
Sua fenda é formada pelos domínios 9 a1 e a2 na sua região amino-terminal 10 .
Essa fenda possui um assoalho, que cabe um peptídeo de 8 a 11 aminoácidos, e paredes. É no
assoalho da fenda que o peptídeo se liga à proteína do MHC, pela interação com um ou dois
aminoácidos do peptídeo. O polimor smo das moléculas MHC é na região da fenda que se liga
aos peptídeos.
Por outro lado, o domínio a3 ao lado é sempre constante e a sua função é interagir com o
coreceptor CD8 do linfócito Tc, os linfócitos com função citotóxica.
Com isso, as células TCD8 só podem interagir com peptídeos associados a moléculas de classe I.
Como as moléculas de classe I estão presentes em todas as células nucleadas, concluímos que
qualquer célula que apresente peptídeos antigênicos via classe I será alvo da ação da célula T
citotóxica, certo?
Isso mesmo, qualquer alteração funcional de uma célula, seja por vírus ou proteínas aberrantes
como tumores, será identi cada e destruída por um linfócito citotóxico. O mecanismo para a
apresentação antigênica vamos ver mais adiante.
Molécula de classe II
Possui uma estrutura formada por cadeia a e uma cadeia β, e os domínios a1 e β1 unidos
formam a fenda da molécula classe II. Essa fenda comporta um peptídeo de 10 a 30 resíduos de
aminoácidos.
Para a molécula de classe II o domínio β2 não é polimór co e é o local de ligação com o
correceptor CD4 do linfócito TH. Da mesma forma que concluímos com CD8, a célula TH só
Estrutura das proteínas classe I e II do MHC. Fonte: ALBERTS, 2008.
poderá interagir com células que possuem moléculas de classe II.
As moléculas de classe II estão presentes em células apresentadoras de antígenos, APC (Antigen
Presenting Cell). As APCs mais especializadas são as células dendríticas, que estão espalhadas
pelo epitélio e tecido subepitelial e também em áreas ricas em linfócito T nos órgãos linfoides
periféricos. São as células dendríticas as responsáveis pela ativação dos linfócitos virgens,
levando à expansão clonal das células T. As outras APCs são os macrófagos e linfócitos B, e
funcionam ativando novamente os linfócitos efetores e de memória.
Fendas formadas pelas moléculas de classe I e classe II vistas de cima
com os peptídeos acoplados. Fonte: ABBAS, LICHTMAN e PILLAI, 2019.
Papel da dendrítica e moléculas classe II do MHC na ativação de
células T virgens
No entanto, a ativação dos linfócitos virgens ocorre somente no interior de algum órgão linfoide
periférico e com a participação das células dendríticas.
1
Nesse estado de ativação, ocorrem, também, alterações fenotípicas que levam a sua migração e
mudança de função. Elas perdem a adesão ao epitélio e passam a produzir um receptor de quimiocina
11 chamado CCR7.
Com isso, elas são direcionadas até os linfonodos e, no trajeto 12 , amadurecem e se tornam células
capazes de estimular os linfócitos T, ou seja, apresentadoras de antígenos. Elas aumentam o número de
moléculas MHC ligadas a peptídeos na sua superfície e também outras moléculas coestimuladoras
importantes para ativar de maneira completa o linfócito virgem.
A molécula de classe II formada é direcionada ao endossoma e, no seu interior, uma proteína DM faz a
troca do CLIP pelo peptídeo antigênico. Nesse momento, é ancorado na fenda o peptídeo antigênico
que apresentar alta a nidade pela fenda, entre tantos peptídeos produzidos durante a degradação. Esse
complexo da molécula MHC e peptídeo antigênico segue para a superfície da célula. Por essa razão, é
chamada de apresentação antigênica.
Captura e apresentação antigênica de células dendríticas. Fonte: ABBAS, LICHTMAN e PILLAI, 2019.
O resto você já sabe:
O linfócito T que possuir receptor de antígeno (TCR) capaz de reconhecer o antígeno, entre muitos que
fazem contato, entrará em ativação.
Lembre-se também da necessidade de contato entre CD4 e a região b2 da molécula de classe II. O
reconhecimento do peptídeo pela célula TCD4 (helper) no contexto do MHC classe II, próprio, é
chamada de restrição do MHC ao próprio.
Se, por acaso, a molécula classe II não encontrar o peptídeo, ela será degradada no endossoma.
Apresentação antigênica via moléculas de classe II do MHC. Fonte: ABBAS, LICHTMAN e PILLAI, 2019.
A primeira etapa desse processo é a ligação covalente dessa proteína antigênica a uma proteína da
célula hospedeira chamada Ubiquitina (Ub).
Repare na gura que a molécula classe I está localizada bem próxima de onde os peptídeos são
transferidos. A ligação com o peptídeo antigênico é facilitada pela presença da Tapasina na membrana
do RE.
Apresentação antigênica via moléculas de classe I do MHC. Fonte: ABBAS, LICHTMAN e PILLAI, 2019.
Da mesma forma que você entendeu a ligação de alta a nidade com a molécula de classe II, para a
classe I também ocorre a seleção do peptídeo antigênico que apresentar maior a nidade na interação
com a fenda.
Os peptídeos que se ligam às moléculas MHC para serem apresentados são denominados peptídeos
imunodominantes. Em seguida, o complexo classe I – peptídeo antigênico segue para a superfície para
a apresentação antigênica.
A célula TCD8 que possuir receptor especi co para esse peptídeo antigênico, e também ligar a região
a3 da molécula classe I, será capaz de eliminar a célula alvo através da liberação de perforina e
granzima dos seus granulos, promovendo a apoptose.
No entanto você provavelmente deve estar perguntando quem ativou a célula TCD8 virgem. A nal,
até aqui foi mostrada a sua função citotóxica, não é mesmo?
A célula responsável pela ativação da TCD8 virgem é a célula dendrítica. Além de realizar o
processamento de proteínas antigênicas e apresentar via moléculas de classe II, elas também são
capazes de transferir peptídeos para se ligarem a moléculas de classe I.
Esse mecanismo é chamado de apresentação cruzada e somente as células dendríticas são capazes
de realizá-la. Repare que elas não estão infectadas, elas são especializadas para o acoplamento tanto
para as proteínas de classe II como de classe I.
Já as Tc amadurecem produzindo seus grânulos e se tornam as CTL ─ Células Efetoras Citolíticas. Isso
é importante como um mecanismo de proteção para que essas células só possam destruir os seus
alvos quando forem efetivamente ativadas.
Para as células TCD8, o reconhecimento do peptídeo no contexto do MHC próprio, classe I, é chamado
de restrição do MHC ao próprio.
Vimos nesta aula que a apresentação antigênica por meio de ligações com moléculas MHC
permitem que as células T virgens possam ser ativadas no contexto ideal por uma célula própria.
Além disso, estudamos que diferentes mecanismos de processamento antigênico permitem que
possamos responder à presença de micro-organismos extracelulares e intracelulares.
Isso, com absoluta certeza, é um marco evolutivo para a permanência de muitas espécies no
planeta!
Atividade
1 - Assinale um exemplo de antígeno T-independente:
a) Proteína
b) Glicoproteína
c) Polissacarídeo
d) Peptídeo antigênico
e) Glicose
a) Ligação ao peptídeo.
b) Apresentação via moléculas próprias classe I e classe II.
c) Reconhecimento de anticorpos.
d) Amadurecimento das células dendríticas.
e) Apresentação via moléculas de classe I.
a) Retículo endoplasmático
b) Golgi
c) Membrana plasmática
d) Citosol
e) Vesícula endocítica
4 - Para evitar que peptídeos originados do reticulo endoplasmático se liguem a fenda da molécula de
classe II, é necessário a presença de:
a) CLIP
b) TAP
c) Ubiquitina
d) Tapasina
e) B2 microglobulina
Notas
célula APC 2
TCR 3
Receptores de células T.
NK/T 4
HLA 5
O Brasil é referência mundial na área de transplantes e possuir o maior sistema público de transplantes
do mundo, cando atrás apenas dos Estados Unidos.
codominante 7
Genes Haplótipo 8
Conjunto de alelos presentes em cada cromossomo, por exemplo um indivíduo é HLA-A1, HLA-B5
sempre o gene seguido de um número.
Domínios 9
Em relação a proteína é uma região com uma função especi ca. Dessa forma, a1 e a2 formam juntas a
fenda cuja função é ancorar o peptídeo microbiano.
amino-terminal 10
Quimiocina 11
Quimiocinas são citocinas quimioatrativas que promovem a migração de leucócitos, e nesse caso esse
receptor responde a substâncias liberadas pela zona de célula T nos linfonodos.
Trajeto 12
No caso de antígenos presentes na circulação linfática as células dendríticas do baço, o mecanismo de
apresentação será o mesmo.
TAP 13
ABBAS, A.; LICHTMAN, A. H.; PILLAI, S. Imunologia celular e molecular. 9. ed. Rio de Janeiro: Elsevier,
2019.
ALBERTS, B. Biologia molecular da célula. Porto Alegre: Artmed, 2008.
BALESTIERI, F. M. P. Imunologia. São Paulo: Manole, 2009.
MALE, D. et al. Imunologia. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014.
Próxima aula
Explore mais
Nesta aula, estudaremos a imunidade mediada por células, realizada pelos linfócitos T. Além disso,
veremos que a imunidade humoral é uma subdivisão da imunidade adquirida em que a resposta
imunológica é realizada por moléculas existentes no sangue: os famosos anticorpos.
Perceberemos que antígenos diferentes estimulam respostas diferentes para otimizar a resposta
imunológica. E quem comanda isso é a célula TH e suas citocinas.
Objetivos
É possível também ter infecções nas quais alguns microrganismos, como as bactérias, sobrevivem no
interior dessas vesículas. A tuberculose é um exemplo disso.
Esse complexo reconhece outro complexo da célula apresentadora, que está a sua frente. Ela possui o
peptídeo que está em exposição localizado em uma fenda da molécula MHC.
O linfócito TH, que possui CD4 na sua superfície, interage com uma região da molécula MHC classe II
fora da fenda de apresentação.
O mesmo procedimento ocorrerá se for um linfócito TCD8. Porém, neste caso, reconhecerá uma região
da molécula classe I do MHC.
Também há moléculas de adesão, como a LFA-1, que garantem a permanência e a ativação do linfócito
junto da célula apresentadora.
Além dos componentes mostrados na membrana do linfócito, o sinal da sua ativação existe pela
presença de um conjunto de moléculas denominado CD3.
Essas cadeias polipeptídicas possuem uma cadeia intracitoplasmática maior do que TCR, e passível de
reações bioquímicas que levam à ativação do linfócito.
A célula TCD8 necessita dos sinais enviados pela TCD4 (auxiliar) para entrar em ativação e se tornar a
célula T citotóxica (CTL).
Isso é e ciente pois garante que a proteção desse tipo de célula não seja ativada à toa.
Contudo, essa dependência também se torna um risco, pois na infecção pelo vírus HIV, por
exemplo, as células alvo são macrófagos e TH, mas, como a TH está reduzida, não existe
CTL, que seria uma boa saída para matar as células infectadas pelo HIV.
A região de contato entre essa a célula T e a APC ca totalmente concentrada com os todos
componentes para reconhecimento de antígeno e ativação da T. Esse momento é chamado de sinapse
imunológica.
A partir desse momento, ocorrem sinalizações intracelulares bioquímicas por meio da ativação de
proteínas que estavam inativas.
Várias delas estão fosforiladas e são ativadas migrando para o núcleo da célula, estimulando o DNA
para a síntese de um RNA mensageiro para uma determinada proteína. Por isso, são chamadas de
fatores de transcrição.
Moléculas NFAT
É o caso da molécula NFAT que está na célula T em repouso. A ação de uma fosfatase faz com
que ela perca o fosfato ligado à sua estrutura.
No estado ativo, ela migra para o núcleo da célula T. Sua ação é ativar o gene para a Interleucina -2,
que é chamado de fator de crescimento de célula T.
Moléculas NFkB
A primeira citocina a ser produzida é a Interleucina –2, entre 1 a 2 horas após a ativação. Além da IL-2, é
produzido também o receptor completo para IL-2 na membrana.
Dessa forma, uma célula T virgem não poderia entrar em mitoses a não ser pela ativação antigênica.
Lembrando que a Il-2 estimula a sobrevivência e a proliferação dessas células signi cativamente.
Interessante que o linfócito TCD8 não produz IL-2 mas responde bem à IL-2 vinda da TH, assumindo
que o controle é da TH.
Essas células podem aumentar em até mil vezes o número
inicial de linfócitos, mas as TH não se dividem tanto como
as TCD8.
A TCD4 efetora secreta um grupo variável de citocinas que ativam outras células efetoras. Por isso, não
há a necessidade de tantas células TCD4 se compararmos à TCD8.
A diferenciação celular ocorre entre 3 a 4 dias e essas células efetoras deixam os órgãos linfoides
periféricos e a maioria segue para o local da infecção onde TCD4 e TCD8 possuem funções diferentes.
As células TCD4 no entanto permanecem nos órgãos linfoides e migram para os folículos ou centros
linfoides, auxiliando na ativação dos linfócitos B.
Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online
Atenção
Essa molécula se liga a CD40 na superfície de células dendríticas, macrófagos e também linfócitos B
ativando a célula TH.
Assim, cou claro que o sistema imunológico responde de maneira diferente aos tipos de
patógenos, pois agem de acordo com essas citocinas que ativam células especializadas.
Exemplo
Vemos que ocorre o mesmo quando não é possível fagocitar um patógeno, como é o caso de
helmintos, os populares vermes.
Ativamos um tipo de resposta que estimula as células a liberarem seus conteúdos em cima dos
helmintos, modi cando a sua cutícula e permitindo a sua fragmentação.
Nesse caso, são respostas que produzem anticorpo IgE e eosinó los que fazem uma parceria
fantástica.
TH1
As células TH1 estimulam o englobamento mediado por fagócitos e a sua eliminação. A principal
citocina é Interferon gama (IFNg).
É considerada um compotente ativador de macrófagos e dendríticas, estimulando a expressão de
moléculas de classe II e de B7 na sua superfície. Essa citocina da TH1 também estimula a troca de
isótipos de anticorpos que estimulam a fagocitose de macrófagos.
A IFNg também estimula o sistema complemento e o mecanismo de citotoxidade por meio de
anticorpo.
A ativação do IFNg ao receptor, associada à ligação da LCD40 –CD40 na superfície dos
macrófagos, leva à ativação de fatores de transcrição e os genes para as enzimas proteases e
outros que estimulam a síntese de intermediários reativos do oxigênio. Com isso, macrófagos
tornam-se fortemente microbicidas.
A TCD8 também secreta IFNg e por isso contribui para a ativação de macrófagos.
Em uma infecção intracelular, é fundamental para a resolução da resposta imune que haja a
remoção de células infectadas ou modi cadas já mortas.
Além disso, os macrófagos, ao fagocitarem células mortas, estarão mais uma vez apresentando
peptídeos de antígenos que estavam localizados no interior dessas células. Isso mantém o estado
ativo e focado no antígeno.
O subtipo TH2 estimula a imunidade mediada por eosinó los, produzindo Interleucina -4 (IL-4), que
estimula a produção do anticorpo IgE, e a Interleucina-5 (IL-5), que ativa eosinó los.
A IgE ativa mastócitos e se liga a eosinó los que são importantes na resposta imune contra
helmintos.
A IgE reveste a superfície desses organismos e os eosinó los reconhecem a IgE projetada na
superfície ligando-se a ela. Com isso, ele libera os constituintes dos seus grânulos, entre eles
proteínas catiônicas que destroem a cutícula desses helmintos.
Importante mostrar também que a IL-4, a IL-10 e a IL-13 possuem funções de ativação de epitélio
e células e inibem as citocinas TH1. Ou seja, a resposta estimula seletivamente células e
mecanismos distintos. Por isso, controlam outros componentes da resposta imunológica.
Como já sabemos, os microrganismos parasitos se bene ciam dos nossos componentes sem
serem eliminados.
Exemplo
Ela estimula macrófagos e células dendríticas a produzirem Interleucina-6 (IL-6), Interleucina -1 (IL-
1) e Interleucina-23 (IL-23). Estimula também a produção de defensinas no epitélio, auxiliando na
manutenção da barreira epitelial.
É o tipo de resposta importante para fungos e bactérias. Quando TH17 está presente a
in amação é mais forte e prolongada.
Comentário
Hoje tem se levado em consideração que alguns subgrupos podem se converter em outros, mas
deixaremos essa discussão para depois.
Outra informação que não podemos nos esquecer é que muitas citocinas não são exclusivas de
células T. Identi camos a mesma sendo produzida por um macrófago e TH.
É durante a ativação que essa célula começa a produzir as proteínas utilizadas para destruir
células.
É sempre bom lembrar que a restrição MHC garante que essas células serão efetoras contra
antígenos e devem ser apresentadas por células próprias. Assim, ocorre uma aglomeração
em um local especí co da membrana da TCD8 com a participação de TCR, CD8, CD3 e
outras proteínas sinalizadores que desembocam no sinal para o interior da célula. É o que se
chama transdução de sinal.
Com isso, os grânulos repletos de proteínas migram para a periferia da célula no ponto de contato e
descarregam o seu conteúdo.
Perforina
Ela faz pequenos orifícios que permitem a passagem de outro componente, a granzima b, que
estimula enzimas denominadas caspases que ativam a morte por apoptose nas células
infectadas. .
A CTL também possui uma proteína denominada LFas ou ligante de Fas. A célula alvo possui a
proteína Fas e a ligação entre elas também induz a apoptose. No entanto, esse não é o papel
principal da CTL.
Elas também possuem receptores para quimioatraentes ou quimiciocinas que fazem com que
atravessem o epitélio e alcancem os macrófagos e as células da in amação.
As células T virgens não possuem esses receptores e por isso não são encontradas nos locais da
in amação.
Migração das células T efetoras para o sítio da infecção. Fonte: Abbas e Lichmann, 2014.
Imunidade humoral
Agora, vamos aprender sobre o outro braço da resposta imunológica adquirida: a resposta
humoral.
Como vimos na aula 6, a imunidade humoral serve para neutralizar e impedir a ação de
microrganismos extracelulares e também as toxinas microbianas.
Esse tipo de resposta é também importante no caso de microrganismos com cápsula, pois
os polissacarídeos não são processados pelas enzimas das células apresentadoras de
antígenos.
Microrganismos produtores de cápsula tendem a ser mais virulentos e só conseguimos eliminá-los com
o auxílio de anticorpos. O mesmo para lipídeos e ácidos nucleicos de patógenos.
Isso não signi ca que essas proteínas não possam reconhecer sequências lineares, epitopos lineares,
mas a grande vantagem está na ligação com a estrutura nativa da molécula antigênica.
Essas moléculas possuem regiões que variam entre os clones de linfócitos e são elas
que se ligam ao antígeno.
No caso dos anticorpos que são secretados, essa região é reconhecida por células da
resposta imune e isso é muito importante para ativação de várias células.
Linfócitos B
Agora, vamos nos concentrar nos linfócitos B.
Próximo ao BCR estão duas cadeias denominadas Igα e Igb, especializadas na transdução de sinal
quando a célula B for ativada.
Como vimos, da mesma forma que os linfócitos T, existem moléculas no estado inativo que são
ativadas por fosforilações e se dirigem ao núcleo da célula B, ativando muitos genes responsáveis por
moléculas que medeiam a resposta desses linfócitos.
Veja na gura, que a região variável da cadeia H e da L estão na ponta do braço e servem para
reconhecer o antígeno. Assim, VH + VL se liga ao antígeno e é chamada de porção de ligação ao
antígeno ou Fab, do inglês antigen binding (ligação ao antígeno). Na molécula de anticorpo, existem
duas regiões Fab idênticas.
As regiões constantes da cadeia pesada possuem outras funções, como ligar as proteínas do sistema
complemento aos receptores especí cos para essas regiões presentes na membrana de algumas
células do sistema imunológico. A região constante recebe o nome Fc.
Estruturas básicas de imunoglobulinas. Fonte: Shutterstock
Atenção
Cada molécula de anticorpo possui duas regiões Fab idênticas que se ligam ao antígeno e uma região
Fc que confere as atividades biológicas ou efetoras da molécula de anticorpo.
Entre as regiões Fab e Fc, existe uma região bem exível que permite a abertura dos braços. Pode ser
chamada informalmente de dobradiça, e é importante para a ligação a epitopos que estão distantes.
Assim, dá maior exibilidade para os braços alcançarem os antígenos.
IgA
A IgA é uma imunoglobulina que pode variar na região constante dando origem aos subtipos IgA1
e IgA2.
Esse anticorpo está presente na circulação e na superfície de mucosas impedindo o acesso dos
patógenos aos sítios de ligação.
Quando secretado em mucosas, IgA tem a forma dimérica unida com auxílio da cadeia J, que
torna IgA mais competente para ligar mais de dois antígenos (teoricamente quatro). Isso também
é fundamental para a manutenção da sua estrutura, pois impede a exposição de regiões que são
alvos das proteases durante a digestão ou estão presentes no muco.
IgE
A IgE só existe como monômero e, como já vimos, atua em respostas contra helmintos.
No entanto, alguns indivíduos possuem a tendência a produzir mais esse isótipo e são chamados
de alérgicos.
A região Fc de IgE é reconhecida por receptores de mastócitos e eosinó los. Nesse caso, são os
seus efeitos que provocam a doença alérgica.
IgM e IgD
A IgM é bem grande. São cinco unidades pela cadeia J, portanto, um pentâmero. Está presente
junto à IgD na superfície da célula virgem.
É secretada por células efetoras plasmócitos logo no início da infecção e o fato de ser pentamérica
garante a ligação, mesmo que teórica, a dez epitopos.
Ela ativa a via clássica do sistema complemento, mas, como não está com as suas regiões Fc
livres, não ativa células. A sua principal função é eliminar antígenos junto com a participação do
sistema complemento.
As recentes descobertas sobre a IgD mostram que ela está presente no trato respiratório superior,
reagindo contra patógenos respiratórios. Já, na circulação, é reconhecida por basó los e outras
células, sugerindo que esse isótipo é importante contra infecções bacterianas respiratórias.
IgG
A IgG existe em quatro subtipos diferentes, IgG1, IgG2, IgG3 e IgG4, sempre na forma de
monômeros na circulação.
A produção de anticorpos
Há décadas, a indústria e os centros de pesquisa produzem anticorpos monoclonais que servem para
testes diagnósticos ou tratamentos.
A produção de anticorpos na sua origem envolvia a fusão de uma célula B ativada de um animal
imunizado contra o antígeno de interesse, e a posterior fusão com uma célula chamada de mieloide,
que são tumores de células B. Chama-se anticorpo monoclonal porque é originado de um único clone.
Como já vimos, a célula B virgem possui IgM e IgD na sua superfície. Quando ativadas pela presença de
antígenos, entram em expansão clonal chegando a 4000 células.
Os plasmócitos produzem anticorpos com a mesma especi cidade dos receptores de antígeno.
Durante essa diferenciação, algumas células B começam a produzir anticorpos de diferentes isótipos ou
classes.
As respostas dos anticorpos são classi cadas como dependente de T ou independente de T, segundo a
necessidade de apoio das células T.
A resposta começa quando os linfócitos B 4
reconhecem os antígenos que entraram pelos
tecidos ou sangue.
É importante saber que essas células não apresentam para células TH virgens, só nessa
situação ativada.
As interações envolvem a LCD40 da TH e a CD40 da célula B. Esse é o fator para a célula B entrar em
expansão clonal.
Nessa resposta dependente de T, as citocinas secretadas fazem toda a diferença em relação ao isótipo
que o plasmócito produzirá.
Como estudamos no início da aula, a presença de IFNg ou IL-4 entre outras estimulam a troca de
classes e também a maturação da a nidade.
A troca de classes ou isótipos é um evento da célula B em que ela utiliza a enzima AID. Se a troca de
isótipo for de IgM para IgG, sai sequência de DNA responsável da cadeia pesada m e entra a cadeia
pesada g.
Então, são produzidas novas moléculas de anticorpos com a mesma especi cidade. A região variável
nesse evento não muda, mas tem uma nova região constante.
É comum essas células B ativadas migrarem de volta para o folículo linfoide e carem em uma região
chamada de centro germinativo, onde se dividirem rapidamente e se diferenciam. Nesses locais,
surgem também as células B de memória.
Associação das citocinas de TH com a produção
anticorpos
Agora, vamos rever mais uma vez a associação das citocinas de TH com a produção anticorpos.
A IFNg liberada pela TH1, estimula a troca para IgG com o intuito de atuarem como opsoninas, como as
IgG1 e IgG3.
Dessa forma, fagócitos como macrófagos reconhecem RFcg e as células NK possuem CD16 que
reconhece Fcg.
A IL-4, como já sabemos, estimula a troca para IgE, e mastócitos, eosinó los que possuem RIFce de alta
a nidade. A citocina TGF-b estimula a troca para IgA e é importante para a resposta de mucosas.
Quando o antígeno é grande (formado por vários epitopos repetidos), a célula B reconhece e entra em
um forte estado de ativação.
Exemplo
É o que ocorre com as células B-1 na mucosa e células B no baço. No entanto, esse tipo de ativação,
sem a participação da TH, não produz na resposta anticorpos com muita a nidade.
Comentário
a) IL-1
b) Inata
c) Adquirida
d) Celula
e) Humoral
a) IL-1
b) IL-10
c) TNF
d) IFN-g
e) IL-4
3. A região de contato muito especí co entre epitopo e receptor da célula B é denominada de:
a) Fab
b) CDR
c) Fc
d) RFab
e) RIL-2
Notas
Lise
Cadeias pesadas ou H
Em relação à cadeia pesada, existem cinco tipos de polipeptídeos diferentes: α,μ,ς,ε e γ .
Da mesma forma, IgA, IgM, IgE e IgD são isótipos dos tipos diferentes de cadeias pesadas das
imunoglobulinas.
Cadeias leves ou L
Cada célula B em formação escolhe somente um tipo de cadeia leve para formar o seu receptor.
Linfócitos B
Estão localizados nos folículos linfoides do baço, linfonodos e tecidos mucosos, com a presença
também da célula dendrítica folicular.
Referências
ABBAS, A. K.; LICHTMAN, A. H. Imunologia básica. 4.ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014.
ABBAS, A.; LICHTMAN, A. H.; PILLAI, S. Imunologia celular e molecular. 9.ed. Rio de Janeiro: Elsevier,
2019.
Próxima aula
Explore mais
Para saber mais sobre os assuntos estudados nesta aula, assista ao vídeo Guerras de imunologia: um
bilhão de anticorpos <https://www.youtube.com/watch?v=Na-Zc-xWCLE> .
Nas últimas décadas, o aumento do número de crianças e adultos com alergia alimentar e
medicamentosa tem provocado a ciência para elucidar quais são os mecanismos imunes
envolvidos. O mesmo podemos dizer das doenças autoimunes, que ocorrem quando a resposta
imunológica é direcionada contra estruturas consideradas próprias do nosso organismo.
Nesta última aula, veremos como algumas doenças são provocadas pela própria resposta do
sistema imunológico e como a imunopatologia, ciência que estuda essas doenças, é dividida em:
hipersensibilidades, doenças autoimunes, transplantes e imunode ciências.
Estudaremos ainda os mecanismos básicos pelos quais anticorpos e células, principalmente nas
alergias e doenças autoimunes, provocam essas doenças e conhecermos como alguns tipos de
medicamentos acabam não sendo processados pelos fagócitos como antes se imaginava, mas
associados diretamente aos receptores das células T desencadeando um fenômeno “p-i” (interação
farmacológica) sem qualquer presença de anticorpos.
Objetivos
Hoje j sabemos que ovo, soja, leite, peixe, amendoim, crustáceos, trigo estão entre os maiores
responsáveis pelas reações alérgicas alimentares.
Nem toda reação alérgica leva à reação ana lática ou ana laxia ─ colapso com sufocamento e
possibilidade de morte −, mas este ainda é um grande medo.
Existe um termo em alergias que é ATOPIA: a origem genética para o desenvolvimento de alergias.
São genes que estão mais propensos a produzir uma determinada citocina ou um anticorpo comparado
aos indivíduos saudáveis e isso contribui para um tipo de resposta exagerada.
Contudo, isso por si só não é capaz de explicar tudo e a nossa microbiota ganha uma atenção enorme.
Comentário
Você se lembra do papel da microbiota e como a sua manutenção é importante, não é mesmo? O
nosso estilo de vida tem contribuído muito para que esse ecossistema que cada vez menos diverso e
protetor.
Como estamos cada vez mais acostumados a car em ambientes protegidos, sedentários, seja em
casa ou em salas fechadas, temos poucos tipos de bactérias se compararmos à microbiota de pessoas
que vivem no campo.
Além disso, ao usarmos antibióticos desde bem cedo, ainda crianças, acabamos também reduzindo as
nossas guardiãs que fazem muita falta para a primeira linha de defesa.
Para piorar, temos o parto cesáreo no lugar do parto vaginal, que muitos estudos a rmam contribuir
para a formação da microbiota no recém-nascido, assim como a amamentação que fornece
aproximadamente 900 espécies, fazendo com que os bebês sejam menos propensos a alergias do que
os que utilizam leite arti cial.
Portanto, o fato de nossa microbiota estar menos heterogênea do que a dos nossos antepassados tem
relação com os novos hábitos adquiridos pela sociedade moderna.
Ana latoxina
Somente em 1963, Robin Coombs e Philip Gell classi caram em quatro os tipos de mecanismos
imunes que provocam as manifestações da resposta imunológica. Vejamos a seguir.
Mecanismos imunológicos envolvidos nos quatro tipos de hipersensibilidades. | Fonte: ABBAS e LICHTMAN, 2014.
Tipo I
A hipersensibilidade Tipo I é a das alergias alimentares, asma, rinite alérgica e reações a medicamentos.
Ela é ativada pela presença do anticorpo IgE e mastócitos que possuem na membrana um receptor de
alta a nidade para Fc de IgE (Fce RI).
Fase de sensibilização
É quando o alérgeno, a substância que ativa a resposta imunológica, é reconhecido pelas células
apresentadoras de antígeno e no processo levam à ativação das TH2. Sabemos que as TH2
ativam as células B por meio da liberação da citocina interleucina -4 (IL-4), fazendo com que
plasmócitos produzam IgE.
Fase de ativação
Veja na gura 2 que os alérgenos se ligam aos anticorpos IgE que estão na membrana do
mastócito e provocam uma reação com liberação do conteúdo dos seus grânulos.
Fase efetora
É quando os efeitos dos mediadores são percebidos nos tecidos. A histamina liberada faz o efeito
de dilatação nos vasos, aumenta a secreção em mucosas e também contrai a musculatura lisa
dos intestinos e dos brônquios, por isso o sufocamento.
Outros componentes liberados nesse momento são: TNF-a, Interleucina 8 e fator quimiotático
para os eosinó los (ECF), que promovem a migração de neutró los e eosinó los, fazendo surgir o
processo in amatório.
Visão geral do mecanismo de alergia desde o primeiro contato e os mediadores liberados que provocam os sintomas. | Fonte: ABBAS e
LICHTMAN, 2014.
Exemplo
As ações dessas células são responsáveis pelo ataque aos tecidos, como, por exemplo, a proteína
básica (MBP), fosfolipase e a proteína catiônica (ECP) liberadas pelo eosinó lo que destroem as células
adjacentes.
É por isso que os pacientes asmáticos acabam desenvolvendo a chamada asma remodelada, que são
alterações devido ao processo in amatório crônico.
Comentário
Quanto mais mastócitos ativados, mais células ativadas e mais intensa é a resposta in amatória.
Além disso, mastócitos também produzem Interleucina -4, prostaglandinas e leucotrienos, promovendo
broncoconstrição e vasodilatação.
Na alergia, também temos a participação de basó los que possuem receptores para IgE.
O importante é lembrarmos que essa resposta imunológica é bem-vinda em infecções
parasitárias com helmintos 1 , mas um erro no reconhecimento de pólen, caspa de
animais e outros componentes considerados pequenos e insigni cantes para a
maioria das pessoas torna-se agressivo para um indivíduo alérgico.
Já se descobriu que os genes para a síntese de Interleucina- 4 e receptor de mastócito são diferentes na
sua regulação, fazendo com que produzam mais do que os indivíduos não atópicos.
Outra coisa é que a alergia pode ocorrer pela ação direta nas membranas dos mastócitos, como a
alergia ao frio e ao morango.
Microbiota com menos tipos de bactérias; Mulher grávida que expõe precocemente o
feto a esses alérgenos no útero.
A alergia ao glúten é muito discutida nos dias de hoje. Trata-se de uma proteína presente no trigo,
centeio e cevada que provoca os sintomas de gases, dores no estômago, tontura, sensação de cansaço,
diarreia, irritabilidade e enxaqueca após as refeições com esses alimentos.
Muitas vezes, a reação ao glúten vem junto da intolerância à lactose, mas são situações diferentes.
Enquanto a alergia é um processo imunológico, a intolerância à lactose tem relação com a quantidade
da enzima lactase no indivíduo.
De qualquer forma, deve-se buscar o auxílio de médicos e nutricionista para retirar os alimentos que
contêm essas substâncias da dieta.
Se o alérgeno é conhecido e está puri cado, pode-se realizar a vacinação (já existe para
ácaro, entre outros).
As primeiras injeções são com o antígeno em uma concentração bem inferior à que existe
na natureza e essa dose vai aumentando.
Alguns questionam o efeito dessa prática, mas devemos lembrar que, quanto mais exposições tivermos
ao mesmo alérgeno, mais reativaremos as células de memória como em toda resposta imunológica!
Por isso o diagnóstico precoce e as orientações pro ssionais são muito importantes.
Tipo II
Você já ouviu falar da doença hemolítica do recém-nascido, também chamada de eritroblastos fetal?
E sobre o perigo da mãe ter um tipo sanguíneo diferente do seu bebê durante a gestação?
Este é um exemplo de hipersensibilidade tipo II que leva à destruição de células. Por isso, é chamada
de hipersensibilidade citotóxica.
A situação tem início quando a mulher estiver grávida de um bebê que possui essa proteína, Rh positivo,
herdada do pai.
No momento do parto, a troca de sangue, natural entre os dois, fazem com que as hemácias do bebê
entrem na circulação materna e ativem a sua resposta imunológica. A nal, ela não possui essa proteína
Rh. Logo, vai reconhecê-la como estranha, produzindo na resposta anticorpos IgG anti-Rh.
Ao se identi car essa condição, a mãe que pariu recentemente recebe uma vacina formada por
anticorpos anti-Rh para não deixar que ocorra a resposta imune especí ca.
Esses anticorpos arti ciais reconhecem os eritrócitos do bebê antes da mãe estimular a resposta
imunológica e os complexos imunes são destruídos.
Vale lembrar que o número de gestações nessa condição pode levar a abortos sucessivos.
Além de IgG, o anticorpo IgM também pode participar na hipersensibilidade tipo II. Ambos levam à
ativação da via clássica do sistema complemento e à ativação da in amação através dos fragmentos
C3a e C5a.
Os anticorpos IgG que recobrem o alvo também estimulam a fagocitose por neutró los e a ativação da
citotoxicidade das células NK que possuem receptores para IgG.
Exemplo
Outro exemplo do mesmo mecanismo ocorre nas reações transfusionais, principalmente de eritrócitos,
levando a um quadro de febre, hipotensão, lombalgia, náusea e vômito. O mesmo se dá em
transplantes renais quando o órgão é revascularizado.
Também podemos veri car isso em algumas reações a medicamentos e nas doenças autoimunes,
que, na presença de autoanticorpo contra membranas de suas próprias células, desencadeiam o
processo imunopatológico.
Tipo III
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Esse tipo III é mediado pelos complexos antígeno-anticorpo ou imunocomplexos, ou seja, trata-se da
associação de proteínas antigênicas e anticorpos que acabam se depositando em vasos de pequeno
calibre e articulações.
Formação de imunocomplexos: A interação entre anticorpo e antígeno resulta em aglutinação. Antígenos como bactérias ou vírus são unidos para
formar um grupo. | Fonte: Por Soleil Nordic / Shutterstock.
Primeiro, precisamos entender que o papel siológico dos anticorpos é de neutralização dos antígenos,
impedindo que tenham acesso a células e tecidos.
Os estudos têm mostrado que nem todas as pessoas são capazes de produzir o tamanho correto do
complexo imune ou imunocomplexo. Nesse caso, eles são maiores e acabam se depositando em locais
onde a circulação é mais reduzida.
Isso é a base genética para explicar esse fenômeno, mas essa hipersensibilidade também pode ocorrer
em infecções bacterianas crônicas, nas reações a alguns antibióticos etc.
Nesses casos, os fagócitos não conseguem remover os complexos imunes na mesma velocidade.
Migração dos neutró los e de outras células que fazem a in amação. Tudo isso provoca os sintomas
que são vistos nessas doenças.
Exemplo
Se o depósito ocorrer nos rins, eles começam a perder lentamente a capacidade de ltração.
Primeiramente porque ocorrerá in ltração de células e o diâmetro do vaso, com certeza, diminuirá, e,
depois, pela própria ação dos neutró los que liberam enzimas promovendo a destruição do tecido.
Lesões teciduais: em A, ocorre o reconhecimento de componentes da matriz pelos anticorpos e a lesão tecidual promovida pelos neutrófilos e
macrófagos. Em B, há a situação das hipersensibilidades do tipo III com a deposição de complexos imunes nos vasos sanguíneos de pequeno calibre. |
Fonte: Abbas , 2014
Lúpus Eritematoso Sistêmico
(LES)
Voltando à base genética, na doença autoimune
Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES), o paciente
desenvolve anticorpos contra nucleoproteínas,
fosfolipídios e ácidos nucléicos, e isso existe
porque há uma falha na eliminação de linfócitos
autorreativos durante o processo de
autotolerância no timo.
Tipo IV
A última hipersensibilidade que vamos entender é a do tipo IV, também chamada de tardia ou DTH.
Nessa resposta imunológica os sintomas iniciais surgem após 24 ou 48 horas de exposição ao agente
estimulante, quando uma forte reação in amatória é ativada pela presença de células TH.
As células TH ou T CD4+ produzem muitas citocinas, como já vimos, e essas citocinas liberadas
estimulam bastante a migração e ativação de neutró los, macrófagos, mastócitos. Tudo isso forma um
in ltrado de células in amatórias.
Exemplo
Você já experimentou alguma reação a brincos, piercing ou qualquer substância química na sua pele?
Então, você já fez uma dermatite de contato e é esse o mecanismo. Na pele, essas substâncias são
absorvidas e ativam a célula dendrítica fazendo com que células TH ativadas sejam responsáveis pelo
resto.
Mais uma vez, o papel da memória imunológica nessa reação é muito importante. Se
a pessoa sensível continuar utilizando o mesmo material, a reação vai ocorrer em
intervalos cada vez mais curtos.
Doenças como esclerose múltipla, lúpus, artrite reumatoide, anemia hemolítica autoimune e diabetes
insulino-dependentes são cada vez mais conhecidas pela presença de uma resposta imunológica
contra células e tecidos.
São múltiplas as causas e não se sabe por completo todos os mecanismos envolvidos. Podem existir
semelhanças entre proteínas virais ou bacterianas e proteínas próprias. Isso faz com que essas células
imunes ativadas acabem destruindo um tecido do hospedeiro.
Exemplo
É o caso da artrite reumatoide que pode surgir depois de uma infecção pelo vírus Epstein-Barr. Ou da
Diabetes Mellitus Insulino-dependente (IDDM), cujo alvo é o receptor de insulina nas células do
pâncreas. Essa doença surge após uma infecção com o papiloma vírus.
Mas, que tranquilo(a), não são todas as pessoas que desenvolvem essas doenças
autoimunes.
Para isso, o indivíduo deve ter uma origem genética que torna difícil eliminar esses linfócitos T e B que
chamamos de autorreativos.
Precisamos entender mais uma vez o desenvolvimento dos linfócitos nos órgãos linfoides geradores, o
timo e a medula óssea.
Nos indivíduos normais, quando ocorre um reconhecimento com alta a nidade a qualquer peptídeo
próprio, a célula dendrítica e outras, como as epiteliais tímicas, eliminam esse clone de linfócitos,
deletam. Por isso, chama-se deleção clonal e é o principal mecanismo na tolerância central no timo.
Quando morrem por apoptose estão sofrendo uma seleção negativa, e tiramos esse clone de linfócitos
prejudiciais. Se por acaso esses clones escapam da seleção negativa no timo/medula óssea, na
periferia existem células T regulatórias que controlam esses clones impedindo a sua ativação. O nome
para esse controle é anergia clonal, ou seja, eles existem, mas não podem ser ativados. Pode também
ocorrer a deleção clonal na periferia.
Heranças genéticas
Nas doenças autoimunes, algumas heranças genéticas impedem que esse controle exista, e esses
indivíduos acabam em algum momento da sua vida ativando os clones autorreativos.
A origem para a manifestação da doença autoimune engloba vários fatores ─ hormonais,
ambientais e genéticos ─ que se acumulam para o aparecimento dos sintomas.
Existem fatores genéticos relacionados a moléculas do MHC que interagem com os receptores de
antígenos dos linfócitos T, como o controle de células regulatórias e a relação com os hormônios
femininos. Por isso, algumas doenças surgem mais em mulheres do que em homens.
Para controlar a crise em uma resposta autoimune, geralmente, são utilizados os corticosteroides que
atuam na ativação da resposta imunológica, principalmente nas células apresentadoras de antígenos
como os macrófagos. Hoje, são utilizados em menor concentração para não comprometer o sistema
imunológico do paciente.
Além disso, essas manifestações estão cada vez mais relacionadas ao estresse emocional e muitas
terapias alternativas para o controle do estado emocional estão auxiliando esses pacientes. É o caso da
Yoga.
Os pesquisadores vêm se esforçando em compreender essas novas terapias para o tratamento dos
pacientes com doenças autoimunes, já que são capazes de controlar os desequilíbrios do sistema
imune.
Atividade
1. (Benjamini - Immunology - 2002) Assinale a a rmativa correta em relação às lesões na
glomerulonefrite induzidas por complexos imunes:
a) Interleucina – 4
b) Fator de Necrose Tumoral (TNFa)
c) Histamina
d) Anticorpo alérgeno específico
e) C3a do sistema complemento
4. (Roitt - Immunology - 2010) O granuloma crônico representa uma tentativa do organismo de:
5. (Roitt - Immunology - 2010) Qual é o tipo de hipersensibilidade que não pode ser transferida por
anticorpos?
a) Tipo I
b) Tipo II
c) Tipo III
d) Tipo IV
e) Tipo V
6. (Benjamini - Immunology - 2000) Uma pessoa não ativa uma resposta imunológica contra proteínas
próprias pela seguinte razão:
Notas
1
Helmintos
Vermes
2
Icterícia neonatal
É apigmentação amarela da pele e da parte branca dos olhos num recém-nascido devido ao excesso de
bilirrubina no sangue
Bilirrubina é um pigmento de cor amarela, que, se aumentar muito, será tóxico para o sistema nervoso
central.
Referências
ABBAS, A. K.; LICHTMAN, A. H. Imunologia básica. 4. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014.
MADIGAN, M. T. et al. Microbiologia de Brock. 14. ed. Porto Alegre: Artmed, 2016.
PLAYFAIR, J. H. L.; CHAIN, B. M. Imunologia básica: guia ilustrado de conceitos fundamentais. 9. ed.
São Paulo: Manole, 2013.
TORTORA, G. J.; FUNKE, B. R.; CASE, C. L. Microbiologia. 12. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017.
Próxima aula
O papel do chef de cozinha frente às questões contemporâneas da gastronomia;
O movimento Slow Food e as novas abordagens da gastronomia com respeito ao meio ambiente.
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