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( Adélia Prado )
Agora, ó José conta
O que tu sentes,
José?
É teu destino, ó José, O que te salva da
a esta hora da tarde, vida
se encostar na é a vida mesma, ó
parede, José,
as mãos para trás. e o que sobre ela
Teu paletó abotoado está escrito
de outro frio te a rogo de tua fé:
guarda, “No meio do caminho
enfeita com três tinha uma pedra”
botões “Tu és pedra e sobre
tua paciência dura. esta pedra”.
A mulher que tens, A pedra, ó José, a
tão histérica, pedra.
tão histórica, Resiste, ó José.
desanima. Deita, José,
Mas, ó José, o que Dorme com tua
fazes? mulher,
Passeias no gira a aldraba de
quarteirão ferro pesadíssima.
o teu passeio O reino do céu é
maneiro semelhante a um
e olhas assim e homem
pensas, como você, José.
o modo de olhar tão
pálido. ( Adélia Prado )
Por improvável não
Com licença poética
( Adélia Prado )
Impressionista
Uma ocasião,
meu pai pintou a casa
toda
de alaranjado brilhante.
Por muito tempo moramos
numa casa,
como ele mesmo dizia,
constantemente
amanhecendo.
( Adélia Prado )