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Mente

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A mente observa e interpreta a realidade

Mente é o estado da consciência ou


subconsciência que possibilita a
expressão da natureza[1] humana.
'Mente' é um conceito bastante utilizado
para descrever as funções superiores do
cérebro humano relacionadas a
cognição e comportamento[2].
Particularmente aquelas funções as
quais fazem os seres humanos
conscientes[3], tais como a
interpretação, os desejos, o
temperamento, a imaginação, a
linguagem, os sentidos, embora estejam
vinculadas as qualidades mais
inconsciente como o pensamento, a
razão, a memória, a intuição, a
inteligência, o arquétipo, o sonho, o
sentimento, ego e superego. Por isso, o
termo também descreve a personalidade
e costuma designar capacidades
humanas, ou mesmo, empregado para
designar capacidades de seres
sobrenaturais, como na expressão "A
mente de Deus".

Etimologicamente, o termo vem da raiz


verbal protoindo-europeia *men-, que tem
o significado de "pensar, lembrar", dando
origem ao sânscrito manas "mente", ao
grego μένος e ao latim mens, mèntem,
este último verbo para "pensar, conhecer,
entender" e significa também medir, visto
que alguém que pensa não faz outro que
medir, ponderar as ideias.[4] Os gregos
utilizavam o termo nous para indicar a
mente, a razão, o pensamento, a
intuição.[5]

O conceito de mente é entendido de


muitas maneiras diferentes por diversas
tradições culturais, filosóficas e
religiosas. Alguns vêem a mente como
uma propriedade exclusiva dos seres
humanos, enquanto outros atribuem
propriedades mentais a todo universo e
a entidades não-vivas (por exemplo,
idealismo e panpsiquismo[6]), a animais
e a divindades. Uma questão em aberto
sobre a natureza da mente é o problema
mente-corpo, que investiga a relação da
mente com o cérebro físico e o sistema
nervoso.[7] Visões modernas geralmente
se concentram no fisicalismo e no
funcionalismo, que sustentam que a
mente é a grosso modo idêntica ao
cérebro ou redutível a fenômenos
físicos, como a atividade neuronal,[8]
enquanto outros sustentam por exemplo
o problema difícil da consciência, em
que os qualia mentais possuem
propriedades intrínsecas distintas e não
explicáveis pela estrutura química
(lacuna explanatória).[9] Outros
pensadores defendem pontos de vista
mais antigos, incluindo o dualismo e
idealismo, que consideravam a mente de
alguma forma não-física.[7][10]

Algumas das primeiras especulações


registradas ligavam a mente (às vezes
descrita como idêntica à alma ou
espírito) a teorias relativas à vida após a
morte e à ordem cosmológica e natural,
por exemplo, nas doutrinas de Zoroastro
(veja o conceito de Vohu Mana), Buda
(cinco agregados, senciência e Natureza
de Buda), Platão e Aristóteles (Nous), e
outros filósofos antigos gregos, indianos
e, mais tarde, islâmicos e europeus
medievais. No budismo e filosofia do
processo, a mente também é retratada
em seu aspecto como fluxo da
consciência, no qual as impressões
sensoriais e os fenômenos mentais
estão mudando constantemente[11][12]
(ver Filosofia do si). Filósofos
importantes da mente incluem Platão,
Patanjali,[13] Descartes, Leibniz, Locke,
Berkeley, Hume, Kant, Hegel,
Schopenhauer, Searle, Dennett, Fodor,
Nagel e Chalmers.[14] Psicólogos como
Freud e James e cientistas da
computação como Turing e Putnam
também desenvolveram teorias
influentes sobre a natureza da mente.

Funções mentais
De um modo geral, as faculdades
mentais são as várias funções da mente,
ou coisas que a mente pode "fazer".

O pensamento é um ato mental que


permite aos humanos entender as
coisas no mundo, representá-las e
interpretá-las de maneiras significativas
ou que estejam de acordo com suas
necessidades, apegos, metas,
compromissos, planos, fins, desejos, etc.
O pensamento envolve a mediação
simbólica ou semiótica de ideias ou
dados, como quando formamos
conceitos, nos envolvemos na resolução
de problemas, no raciocínio e na tomada
de decisões. Palavras que se referem a
conceitos e processos semelhantes
incluem deliberação, cognição, ideação,
discurso e imaginação.

Às vezes, o pensamento é descrito como


uma função cognitiva "superior" e a
análise dos processos de pensamento
faz parte da psicologia cognitiva.
Também está profundamente conectado
à nossa capacidade de criar e usar
ferramentas; entender causa e efeito;
reconhecer padrões de significância;
compreender e revelar contextos únicos
de experiência ou atividade; e responder
ao mundo de maneira significativa.

Memória é a capacidade de preservar,


reter e, posteriormente, recuperar
conhecimentos, informações ou
experiências. Embora a memória tenha
sido tradicionalmente um tema
persistente na filosofia, o final do século
XIX e o início do século XX também
viram o estudo da memória emergir
como um assunto de investigação
dentro dos paradigmas da psicologia
cognitiva. Nas últimas décadas, tornou-
se um dos pilares de um novo ramo da
ciência chamado neurociência cognitiva,
um casamento entre a psicologia
cognitiva e a neurociência.

A imaginação é a atividade de gerar ou


evocar novas situações, imagens, ideias
ou outros qualia na mente. É uma
atividade caracteristicamente subjetiva,
em vez de uma experiência direta ou
passiva. O termo é tecnicamente usado
na psicologia para o processo de reviver
na mente percepções de objetos
anteriormente dados na percepção
sensorial. Alguns psicólogos podem
falar dele como "reprodutivo" em
oposição à imaginação "produtiva" ou
"construtiva". É dito que as coisas
imaginadas são vistas no "olho da
mente". Entre as muitas funções
práticas da imaginação estão a
capacidade de projetar futuros possíveis
(ou histórias), "ver" as coisas da
perspectiva de outra pessoa e mudar a
maneira como algo é percebido,
inclusive tomar decisões para responder
ou encenar o que é necessário.
imaginado.

Estados de afeto, emoções e paixões,


como amor, ódio, medo, tristeza e
felicidade, são também componentes
psíquicos.

A consciência nos mamíferos (isso


inclui os seres humanos) é um aspecto
da mente geralmente pensado para
incluir qualidades como subjetividade,
senciência e capacidade de perceber a
relação entre si e o ambiente. É um
assunto de muita pesquisa em filosofia
da mente, psicologia, neurociência e
ciência cognitiva. Alguns filósofos
dividem a consciência em consciência
fenomênica ou fenomenal, que é a
própria experiência subjetiva, e
consciência de acesso, que se refere à
disponibilidade global de informações
para os sistemas de processamento no
cérebro. A consciência fenomênica tem
muitas qualidades experimentadas
diferentes, frequentemente chamadas de
qualia. A consciência fenomênica é
geralmente a consciência de algo ou
sobre algo, uma propriedade conhecida
como intencionalidade na filosofia da
mente.

História do conceito
Durante tempos o ser humano tenta
explicar sua existência no mundo
explorando sua própria mente. Muitos
foram os pensadores, filósofos, sábios
que se indagaram sobre as questões
existenciais e montaram um conjunto de
opiniões, sobre os propósitos humanos,
dentro de várias perspectivas ora
metafisica, ora cosmológica, ora
filosófica, ora psicológica.

Em seus primórdios, a descrição da


mente é estreitamente relacionada à
alma. Na Grécia Antiga, esse conceito
foi chamado de psique. Heráclito formou
uma das correntes de sábios que
buscava uma compreensão
cosmológica criacional, e considerou no
problema das naturezas do Ser e do
Devir o papel cósmico da mente, por
exemplo no princípio que ele chamou de
Logos.[1] Anaxágoras definia Nous
(Mente) como uma substância criadora
universal. Nessa mesma vertente,
Platão[15] considerou a mente como
fundamental na divisão do mundo
inteligível e perceptível, na formulação
de suas teoria da alma, Teoria das Ideias
e dos conhecimentos (p. ex. na Alegoria
da Caverna), e a investigação dos
fenômenos mentais foi seguida de
forma mais empírica por Aristóteles,
particularmente em suas obras
Metafísica e Sobre a Alma. É marcante
da posição platônica a questão da
interpretação que influenciaria nos
conceitos humanos, ou seja, a
interpretação do perceptível favorecida
pelo inteligível, segundo Platão, está de
acordo com as capacidades da mente
humana. Por isso, existem várias
posições sobre a realidade e a
existência, desde das mais absurdas ou
imaginárias até as mais céticas ou
radicais, de acordo com a visão
particular e receptiva de cada mente.
[carece de fontes

?
]
Há também o surgimento de correntes
materialistas na filosofia entre os gregos
e hindus antigos, por exemplo.[carece de
fontes

?
] Na Idade Moderna, diversas
interpretações materialistas surgiram no
Iluminismo, por exemplo com La Mettrie.
Na Idade Contemporânea, foi inspirada
por conceitos do século XIX de Karl
Marx, Charles Darwin e Sigmund Freud,
entre outros, além do cientificismo pelos
avanços da biologia moderna. Esta visão
focou em concepções que limitaram o
significante "natureza" a um sujeito
material, determinado por um contexto
estrutural de seu meio social, histórico e
biológico, alegando facilidade e
coerência com os instrumentos
científicos.[16]

Na psicologia …

O termo psicologia significa literalmente


"estudo da mente". William James,
Alexander Bain, Maine de Biran, dentre
outros foram pioneiros teóricos da
psicologia. Sigmund Freud é
considerado um dos principais
formuladores da teoria e ciência
psicológica aplicada, tendo influenciado
em noções de inconsciente, da divisão
da mente em id, ego e superego e
descrição das funções mentais
associadas a esquemas restritos de
pulsões e libido[17]. Suas hipóteses
retomam alguns conceitos já utilizados
por Platão,[18] a psicanálise foi
amplamente contestada e seguida de
inúmeros avanços (ver História da
psicologia). Carl G. Jung foi um
importante sucessor que fundou a
psicologia analítica, interpretando as
funções da mente humana de uma
forma mais livre, apesar da preocupação
com o empirismo prático na análise de
seus pacientes. Jung deu relevância ao
simbolismo na mente, visto por exemplo
em sonhos, e muitos deles, segundo
sua, originam-se no inconsciente
pessoal, isto é, dizem respeito a
problemas cotidianos, relações
interpessoais; outros, segundo sua
dedução, derivariam de um inconsciente
coletivo, envolvendo conceitos de mitos,
alquimia e arquétipos transmitidos
através das gerações no substrato
mental.

No budismo, o estudo da mente é


essencial em suas doutrinas, que
avançaram diversos conceitos de
psicologia e filosofia da mente séculos
antes da era moderna (ver Budismo e
psicologia).

Filosofia da mente
A filosofia da mente é o ramo da
filosofia que estuda a natureza da
mente, eventos mentais, funções
mentais, propriedades mentais,
consciência e sua relação com o corpo
físico. O problema mente-corpo, isto é, o
relacionamento da mente com o corpo, é
comumente visto como a questão
central da filosofia da mente, embora
existam outras questões relativas à
natureza da mente que não envolvam
sua relação com o corpo físico.

Dualismo e monismo são as duas


principais escolas de pensamento que
tentam resolver o problema mente-
corpo. O dualismo é a posição em que a
mente e o corpo estão de alguma forma
separados um do outro. Ela pode ser
rastreada até Platão,[19]
Aristóteles[20][21][22] e as escolas Nyaya,
Samkhya e Yoga da filosofia hindu[23],
mas foi mais precisamente formulada
por René Descartes no século XVII.[24]
Os dualistas de substância argumentam
que a mente é uma substância existente
independentemente, enquanto os
dualistas de propriedade sustentam que
a mente é um grupo de propriedades
independentes que emergem e não
podem ser reduzidas ao cérebro, mas
que não é uma substância distinta.[25]

O filósofo do século XX Martin


Heidegger sugeriu que a experiência e a
atividade subjetiva (isto é, a "mente")
não podem ser entendidas em termos de
"substâncias" cartesianas que possuem
"propriedades" de todo (se a própria
mente é considerada um tipo distinto,
separado de substância ou não). Isso
ocorre porque a natureza da experiência
subjetiva e qualitativa é incoerente em
termos de - ou semanticamente
incomensurável com o conceito de -
substâncias que possuem propriedades.
Esse é um argumento
fundamentalmente ontológico.[26]

O filósofo da ciência cognitiva Daniel


Dennett, por exemplo, argumenta que
não existe um centro narrativo chamado
"mente", mas que, em vez disso, existe
simplesmente uma coleção de entradas
e saídas sensoriais: diferentes tipos de
"software" rodando em paralelo.[27] O
psicólogo B. F. Skinner argumentou que
a mente é uma ficção explicativa que
desvia a atenção das causas ambientais
de comportamento;[28] ele considerou a
mente uma "caixa preta" e pensou que
os processos mentais podem ser melhor
concebidos como formas de
comportamento verbal secreto.[29][30]

O filósofo David Chalmers argumentou


que a abordagem de terceira pessoa
para descobrir mente e consciência não
é eficaz como olhar para o cérebro de
outras pessoas ou observar a conduta
humana, mas que é necessária uma
abordagem em primeira pessoa. Essa
perspectiva em primeira pessoa indica
que a mente deve ser conceituada como
algo distinto do cérebro.

A mente também foi descrita como um


fluxo de consciência, manifestando
momento a momento, um momento de
pensamento de cada vez como uma
corrente que flui rapidamente, onde as
impressões sensoriais e os fenômenos
mentais estão mudando
constantemente.[31][32]

A natureza da mente …

Grosso modo, há três posições sobre a


natureza da mente. Os dualistas
defendem a tese da distinção entre
mente e corpo. Os monistas defendem a
tese da identidade entre mente e corpo.
Os epifenomenalistas defendem a tese
da superveniência da mente sobre o
corpo.

Dualismo …

De acordo com o dualismo, a mente é


uma substância distinta do corpo. Há
dois tipos de dualismos: o dualismo de
propriedades e o dualismo das
substâncias. Entre os defensores do
dualismo de substâncias encontramos
os filósofos René Descartes e John
Locke. No dualismo, o conceito de
mente pode ser aproximado ao
conceitos de intelecto, de pensamento,
de espírito e de alma do ser humano.

René Descartes propós o dualismo das


substâncias (que seriam uma entre duas
coisas: res cogitans ou res extensa).
Para ele o espírito e o corpo seriam
nitidamente distintos. Espírito e matéria
constituiriam dois mundos irredutíveis,
assim não seriam nunca uma
substância só, mas sempre duas
substâncias distintas. Espírito seria do
mundo do pensamento, da liberdade e
da atividade; e matéria seria do mundo
da extensão, do determinismo e da
passividade.

O dualismo metafísico cartesiano


deixou como herança à posteridade uma
série de problemas graves. Por exemplo,
como explicar inter-relações entre as
substâncias tão heterogêneas entre si.
Para ele, somente em Deus elas
poderiam ser reunidas e formar uma só
substância. Corpo e alma seriam
substâncias finitas que de Deus
proviriam, isso é, seriam fruto de um ser
de substância infinita. Como uma
substância finita poderia derivar de uma
substância infinita? E ainda por analogia,
somente no ser humano se
encontrariam, com se amalgamadas, a
alma e o corpo, que ao sentido parecem
quase indistintas e não separadas. Mas
Descartes não considera verossímil algo
apreendido dos sentidos.

O espírito (com seu pensamento e o


intelecto) estaria para o corpo assim
como a mente estaria para a alma.
Assim a mente seria aquilo que do
espírito parece distinto mas realmente
não é distinto, continua sendo res
cogitans. A dualidade espírito-mente
seria uma falsa dualidade, seguindo o
pensamento de Descartes. Somente a
mente pareceria distinta porque
apresenta-se quase estática, já que é
reflexiva, por sinal, quase palpável;
enquanto o espírito aparece aos
sentidos como ativo, criativo, mutável
etc. Enquanto o espírito seria o ativo da
substância res cogitans, a mente seria
seu ângulo potencial, aquilo que o
pensamento tem de ponderável, como
um pensamento que se adensa ou se
aprofunda em um assunto, talvez o
subjetivo do pensamento. A mente seria
ao sentido como um imponderável que
seria mensurável.
Uma outra analogia seria pensar no
corpo saudável que seria a condição
para a manifestação do espírito vibrante.
Assim também, a alma já salva seria a
condição suficiente desta se manifestar
espiritual (mente). Sem que esse modo
ou maneira (mente também remete a
modo, por exemplo, rapidamente,
lentamente) possa ser confundida com
alguma medida ou limite do espírito.

Monismo …

De acordo com o monismo, não há


distinção entre mente e corpo. Portanto,
ambos os termos não possuem sentido
tratados como entidades distintas.
Dentro do campo filosófico do monismo,
B. F. Skinner possui importante
destaque. Fundador do Behaviorismo
Radical, Skinner fez importantes
contribuições sobre os processos dito
"psíquicos" sob uma perspectiva
científica.

Dentre outras escolas do pensamento


monista, há imaterialismo, preconizado
por George Berkeley, e o materialismo,
adotado por diversos filósofos,
psicólogos e cientistas cognitivos.

No idealismo monista, é comum


encontrar o conceito de Mente como
Absoluto, fundamento de todo ser do
universo. Isso já foi visto no conceito
grego de Nous, no idealismo alemão,
hinduísmo e budismo.

Epifenomenalismo …

De acordo com o epifenomenalismo, há


uma única coisa, o corpo, e a mente é
algo que sobrevém ao corpo.

O monismo anômalo do filósofo Donald


Davidson é considerado um tipo de
epifenomenalismo.

Neurociência
A neurociência é um termo que reúne as
disciplinas biológicas que estudam o
sistema nervoso. Muitas descobertas da
neurociência trazem intrigantes fatos a
respeito da mente.

Calosotomia completa e duplo


cérebro

O estudo de pessoas que tiveram os


dois hemisférios cerebrais separados (o
que se chama de calosotomia, resultado
de cirurgia para tratar casos graves de
epilepsia, ou devido a traumatismos ou
derrames) têm trazido importantes
implicações para o entendimento do
funcionamento da mente. Os
hemisférios direito e esquerdo são, em
muitos aspectos, simétricos. O
hemisfério direito controla o lado
esquerdo do corpo e o hemisfério
esquerdo controla o lado direito e as
funções mentais são distribuídas nos
dois. No entanto, na maioria das
pessoas, algumas funções mentais são
mais concentrados no hemisfério
esquerdo (linguagem, raciocínio linear),
enquanto outras são mais concentradas
no direito (emoções intensas, intuição
espacial do próprio corpo, expressão
emocional no rosto). Além disso, o
campo visual esquerdo de cada olho é
recebido pelo hemisfério direito e o
campo visual direito é recebido pelo
esquerdo. O corpo caloso permite a
comunicação entre os dois hemisférios.

Ocorre que nos pacientes que tiveram


seu corpo caloso completamente
dividido (calosotomia), os hemisférios
perdem a comunicação entre si (embora
com o tempo o cérebro tenda a
encontrar outras maneiras de
estabelecer comunicação entre os dois
hemisférios através de outras conexões
nervosas que existem no cérebro além
do corpo caloso). Com isso, o
hemisfério esquerdo, que controla o lado
direito do corpo e é especializado na
linguagem, passa a funcionar de modo
separado do hemisfério direito, que
controla o lado esquerdo do corpo e é
especializado nas emoções.[33]

Embora o hemisfério direito não tenha


acesso aos centros de línguagem e,
portanto, não possa falar, ele pode
rearranjar cartas com letras dispostas
numa mesa com a mão esquerda. Por
exemplo, em um estudo, a um sujeito
que havia sofrido calosotomia foi
perguntado sobre qual é sua profissão
ideal. Verbalmente (ou seja, usando o
hemisfério esquerdo), o paciente
respondeu que ele gostaria de ser
desenhista. No entanto, com a mão
esquerda (isto é, usando o hemisfério
direito), ele rearranjou as letras
formando as palavras "corrida
automobilística" ("car race", em inglês)
sem que seu hemisfério esquerdo (o que
fala) tivesse consciência disso.[34].

Roger Sperry, sobre numa pesquisa com


pacientes com o cérebro dividido, relata
que, quando foi mostrada ao hemisfério
direito do paciente (por meio de óculos
especiais que bloqueiam o campo visual
direito de cada olho) uma foto de uma
pessoa familiar, a mão esquerda
apontou a primeira letra do nome dessa
pessoa, embora o paciente dissesse (o
hemisfério esquerdo) que não via foto
alguma e que tampouco movia o braço
esquerdo. Quando uma foto do próprio
paciente foi mostrada ao hemisfério
direito, o paciente respondeu com
reações emocionais tais como
gargalhadas e sorriso autoconsciente,
além de frases emocionais simples
como "Oh, não! Oh, Deus!". O hemisfério
direito também respondeu com polegar
para cima ou para baixo de modo
socialmente correto para fotos de
personalidades famosas tais como
Winston Churchill e Hitler. Tudo isso com
o paciente dizendo (seu hemisfério
esquerdo) que não via foto nenhuma.[35]
O hemisfério direito do cérebro,
funcionando independentemente e
isolado do esquerdo, demonstra
inteligência. Ele pode perceber, analisar,
lembrar, realizar raciocínio complexo,
compreender emoções e expressá-las,
demonstrar conhecimento cultural e
responder criativamente a novas
situações.[36]

Essas pesquisas mostram que, em


alguns casos de cérebro dividido, o
cérebro gera o que parece ser duas
consciências separadas. A pesquisa
sobre pacientes com cérebro dividido
levou o neurocientista e ganhador do
prêmio Nobel Roger Sperry a concluir:
"Tudo o que vimos indica que a cirurgia
deixou essas pessoas com duas mentes
distintas, isto é, duas esferas separadas
de consciência. O que é experimentado
no hemisfério direito parece estar
totalmente fora do âmbito do que é
experimentado pelo hemisfério
esquerdo."[37]

Uma das consequências mais


dramáticas e evitadas da calosotomia é
a síndrome da mão alheia. Uma das
mãos "ganha vontade própria" (em geral
a esquerda) após a cirurgia e se opõe ao
que o paciente deseja, desfazendo o que
a mão direita faz (conflito intermanual).
Por exemplo, tarefas como abrir uma
porta com a mão direita é desfeita pela
esquerda. Ao se vestir, a mão esquerda
pode se opor, e luta para tirar a roupa
que a mão direita por sua vez luta para
colocar. Em outro caso, a mão esquerda
(hemisfério direito) de um paciente
preferia alimentos diferentes e até
mesmo programas de televisão
diferentes, intervindo contra a vontade
expressa pelas ações da mão direita que
é verbalizada pelo paciente. Há ainda o
caso de um paciente cuja mão esquerda
se opunha sempre que o paciente
tentava acender um cigarro e fumar, a
mão esquerda frequentemente
arrancava o cigarro ou o esqueiro e os
atirava longe. Outro caso relatado é a de
um paciente cuja mão estranha
apalpava o seio de todas as mulheres
que se aproximavam dele, provocando
um grande constrangimento para ele.[38]

Esses estudos científicos colocam


sérias questões ao dualismo, pois seus
resultados parecem inconciliáveis com a
ideia da existência de uma alma
individual (isto é, indivisível)
independente do cérebro, já que
fornecem fortes evidências de que uma
divisão física do cérebro produz como
que duas almas diferentes que possuem
propósitos, gostos, opiniões,
personalidade e pensamentos diversos,
embora compartilhem lembranças de
fatos anteriores à separação dos
hemisférios. Se a mente se torna duas
mentes ao nível físico do cérebro
dividido em dois, como não concluir que,
durante o momento da morte física do
cérebro e a ruptura cada vez maior das
conexões neuronais, o que chamamos
de mente se multiplica em numeráveis
"mentes" cada vez mais dispersas até
que todas as conexões se desfazem?[39]

Regras mentais
Grosso modo, há duas posições sobre o
tipo de regra que rege os fenômenos
mentais. De acordo com os naturalistas,
a mente segue estritamente as leis da
natureza. De acordo com os
normativistas, a mente segue regras
racionais distintas das leis naturais.

Naturalismo …

Segundo o naturalismo, as leis naturais


são tudo o que precisamos para explicar
os fenômenos mentais. Tal posição
reduz os fenômenos mentais aos
fenômenos biológicos, os quais, por sua
vez, são reduzidos aos fenômenos
físicos.

O naturalismo é bastante popular entre


psicólogos e cientistas. Marcel Mauss e
(provavelmente) Sigmund Freud são
naturalistas.

Normativismo …

Segundo os defensores da
normatividade, os fenômenos mentais
do tipo racionais não podem ser
explicados pelas leis naturais.

Atualmente, o normativismo tem


ganhado popularidade entre os filósofos.
John McDowell defende, seguindo
Wilfrid Sellars, a distinção entre o
espaço lógico das razões, típico da
racionalidade, e o espaço lógico das leis,
típico da natureza.

Outras abordagens
Na física moderna, a interpretação de
muitos mundos (IMM) e a interpretação
de Copenhagen da mecânica quântica
são associadas a possíveis interações
mentais na determinação de eventos a
nível das partículas, devido ao chamado
fenômeno do "observador", levantado na
experiência da dupla fenda.[40] Devido à
interação provocada pelo "observador",
há, segundo essas interpretações, um
colapso da função de onda que leva a
um determinado seguimento das
probabilidades e do resultado. Alguns já
associaram o "observador" à própria
mente em si daqueles que observam o
experimento, o que é amplamente
criticado como uma má interpretação da
definição de observador na física
quântica. Diante deste fato, outra
possibilidade afirma que os estados
quânticos são diferentes "mentes" do
observador, armazenados no sistema
físico (corpo do observador ou
memória).[40] A abordagem destas
hipóteses também ultrapassa os limites
da física quântica e já foram
comentadas de maneira interdisciplinar
pela neurociência e pela filosofia, sendo
abordado por exemplo por J.A. Barret[41]
e M. Lockwood[42], além de ser infame
sua apresentação indiscriminada no
misticismo quântico.

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Ver também
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