Aplicação do Projeto
Instituto Jacarandá de Educação Infantil
12 Fotografias
Aplicação do projeto
16 Conclusão
Agradecimentos
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Alguns exemplos:
Variação sociocultural por profis-
Variação sociocultural por classe social: sões:
Vício na fala
(Oswald de Andrade)
fogueira. razão
nóis arranja outro lugar
Observe o texto abaixo: só se conformemo quando Joca falou
Deus dá o frio conforme o cobertô
Só falta o Senado aprovar o projeto de lei [sobre o usoE hoje nóis pega palha nas grama do jardim
de termos estrangeiros no Brasil] para que palavras E pra esquecê nóis cantemo assim: Saudosa maloca
como shopping center, delivery e drive-through sejam Maloca querida
proibidas em nomes de estabelecimentos e marcas. Dindindonde nóis passemo dias feliz de nossa vida
Engajado nessa valorosa luta contra o inimigo ian-
que, que quer fazer área de livre comércio com nos- (Adoniran Barbosa)
so inculto e belo idioma, venho sugerir algumas
outras medidas que serão de extrema importância 04. No fragmento acima, observa-se o emprego esti-
para a preservação da soberania nacional, a saber: lístico de um registro de língua que:
• Nenhum cidadão carioca ou gaúcho poderá (A) apresenta exemplo vivo da fala de um
dizer “Tu vai” em espaços públicos do território na- personagem enunciador de determinado padrão so-
cional; Nenhum cidadão paulista poderá dizer “Eu lhe ciocultural;
amo” e retirar ou acrescentar o plural em sentenças (B) ao se afastar da norma culta, passa a configurar
como “Me vê um chopps e dois pastel”; erros grosseiros que impedem a comunicação;
• Nenhum dono de borracharia poderá escrever (C) representa uma situação de linguagem figurada
cartaz com a palavra “borraxaria” e nenhum dono de rejeitada,
banca de jornal anunciará “Vende-se cigarros”; mesmo em textos poéticos;
• Nenhum livro de gramática obrigará os (D) ao utilizar a fala de personagem de segmento
alunos a utilizar colocações pronominais como “ca- social excluído, exemplifica um registro inaceitável;
sar-me-ei” ou “ver-se-ão”. (PIZA, Daniel. Uma pro- (E) discute a variante lingüística usada por
posta imodesta. O Estado de S. Paulo, São falantes descompromissados dom o ensino escolar.
Paulo,
8/04/2001). Texto para as questões 5 e 6. Querido José
03. No texto acima, o autor: Escrevo-te estas poucas linhas para recordar o passa-
do entre nós dois. José desde aquele dia em que me
(A) mostra-se favorável ao teor da proposta por en- encontrei com você na praça Tiradentes e depois você
tender que a língua portuguesa deve ser protegida não veio mais falar comigo, eu fiquei muito triste mas
contra deturpações de uso. não deixei de pensar em ti, (…) peço que venha falar
(B) ironiza o projeto de lei ao sugerir medidas que comigo, que daí nós se acertamos, eu quero ser
inibam determinados usos regionais e socioculturais feliz com você, é triste a gente andar como cigana,
da língua. jogada de um canto a outro, estarei morta para teu co-
(C) denuncia o desconhecimento de regras ele- ração? (…) sou tua na expressão da verdade. Maria.
mentares de concordância verbal e nominal pelo fa-
lante brasileiro. P. S. Tenho certeza que desculpas a minha letra, bem
(D) revela-se preconceituoso em relação a certos sabes que sou quase analfabeta. A mesma. (Dalton
registros lingüísticos ao propor medidas que os con- Trevisan)
trolem.
(E) defende o ensino rigoroso da gramática 05.A linguagem do texto denota que a personagem:
para que todos aprendam a empregar corretamente
os pronomes. (A) comete erros em função de seu estado
emocional, embora domine a norma culta e a mo-
SAUDOSA MALOCA (fragmento) dalidade escrita da língua.
(B) tem consciência de que comete falhas gramaticais,
e fumo pro meio da rua apreciá a demolição já que associa seu quase analfabetismo à caligrafia.
que tristeza que eu sentia (C) tem domínio da modalidade escrita da língua,
cada tauba que caía me doía no coração Matogrosso haja vista o uso do pronome tu, mais adequado ao
quis gritá mas em cima eu falei os home tá com a conteúdo emotivo da
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emprego.)
(E) “Porque se a gente não resolve as coisas como
têm que ser, a gente corre o risco de termos, num fu-
turo próximo, muito pouca comida nos lares brasi-
leiros.” (Um professor
universitário em um congresso internacional.)
(A) na mentira
A prensa chamou muito a atenção dos alunos que bas explicou que na Cooperativa não havia lixo e sim
quiseram vê-la funcionar. Jarbas propôs fazer uso material com capacidade para ser reciclado. Portan-
da prensa usando alguns materiais de papel. Antes to, não havia “comida” para baratas e para os ratos.
da máquina ser ligada, as educadoras pediram para Mesmo assim, em função da presença de materiais
que os estudantes observassem o quanto de mate- sujos como copinhos de iogurte e caixas de leite,
rial estava no compartimento de compactação e o Jarbas disse às crianças que a prefeitura mandava
espaço que ocupava antes e depois de passar pela agentes de dedetização ao local em períodos regu-
prensa. lares.
As crianças constaram que a prensa diminui
o espaço ocupado pelo material, dando a impressão Na volta para o Instituto, as crianças recla-
de que há menos material. No entanto, como elas mavam de fome, pois se aproximava o horário do al-
observaram que não foi retirado nem colocado mais moço. Até que uma delas avistou algumas amoreiras
material, concluíram que a prensa permite diminuir e perguntou às educadoras se podia comer. As árvo-
o espaço que o material reciclado ocupa, o que é res estavam carregadas e todas as crianças degus-
melhor para armazenar, transportar e enfardar. taram das frutas maduras. Os mais altos auxiliavam
Após a prensagem, o material é enfardado, os mais baixos para apanhá-las. As manchas roxas
isto é, uma quantidade fixa é unida para facilitar o deixadas nas mãos e nas línguas era uma diversão
transporte até a usina de reciclagem, que fará uso à parte para o grupo.
deste produto para a obtenção de um novo material, Uma das educadoras, formada em Química,
finalizando assim o processo de reciclagem. contou para as os educandos que o quê deixava as
Antes de irem embora, uma das educandas mãos e a língua coloridas era uma substância pre-
perguntou ao Jarbas por que não havia baratas e sente na casca da amora que dava cor a fruta e, por
nem ratos se na Cooperativa havia tanto lixo. Jar- isso era chamado de corante. Os cientistas chamam
este corante de antocianina e ele também está pre- Após contagem dos papéis de cada tor-
sente em outros alimentos de cor roxa como uva e re (todos os alunos quiseram conferir e contaram),
jabuticaba. algumas crianças sugeriram colocar o número cor-
No dia seguinte, as educadoras retomaram a respondente à quantidade de papéis representada
atividade com os alunos perguntando os fatos mar- por cada cor. “O rosa tem mais, eu ‘tô’ torcendo pro
cantes. Várias situações foram relembradas e deta- rosa!” (R. Garcia)
lhadas pelas crianças. Os educandos mostraram-se
curiosos em saber se havia mais pessoas que sepa-
ravam o lixo que aquelas que não separavam entre
as entrevistadas,
As educadoras questionaram os alunos de
que maneira eles poderiam saber e, em coro, eles
definiram que bastava contar os papeis. Então, as
educadoras propuseram que eles colassem os pa-
péis em uma cartolina fazendo duas “grandes tor-
res”: a que representava as pessoas que reciclavam Uma das alunas perguntou qual a quantidade
(rosa) e as pessoas que não reciclavam (verde). de papéis faltou para que a “torre verde” ficasse da
Todos os alunos participaram da construção mesma altura da “torre rosa”. Então o grupo sugeriu
“das torres”, passando cola nos papéis e os colando contar e colar papéis brancos que representassem
na cartolina. Era nítido o prazer com que faziam isso. este “número faltante”.
Embora fosse uma ideia inicial do projeto
elaborar o gráfico com as crianças, foi gratificante
para as educadoras constatarem que esta também
foi uma “ideia” dos educandos, que se mostraram
empolgados com
a atividade e, de
maneira lúdica,
realizaram opera-
ções matemáticas
Após a colagem dos papéis, as educadoras
que ainda não são
falaram que o que eles fizeram é chamado de grá-
propostas para
fico e que só de olhar o tamanho das “torres” já era
crianças nesta faixa etária.
possível saber se a maioria das pessoas separava
Ao todo foram entrevistadas 22 pessoas, das
ou não o lixo.
quais 17 alegaram separar o lixo em suas residên-
cias
A última etapa da proposta consistiu na si-
mulação de uma cooperativa de reciclagem dentro
do Instituto Jacarandá, na qual as crianças eram os
agentes na vivência desta proposta.
O projeto mobilizou as famílias através das
crianças o que contribuiu para a interação escola-
16 Da Vinci Vestibulares
-casa-comunidade. Sabendo que simulariam uma levarem na “cooperativa do Jarbas”. Então, uma das
cooperativa (“cooperativinha do Instituto Jacaran- crianças sugeriu fazer as lixeiras coloridas. Como o
dá”), muitos pais enviaram bilhetes ou falaram direta- único material disponível eram caixas de papelão, a
mente com a auxiliar da classe se poderiam mandar auxiliar da classe utilizou este material que foi colori-
material reciclado, pois os filhos estavam insistindo do pelos alunos conforme o CONAMA.
em levá-los para a “cooperativinha do Instituto”.
Autorizadas, as crianças levaram uma gran-
CONCLUSÕES
de quantidade de material e, quase 1 mês depois da
simulação, elas continuam levando-os.
Os resultados obtidos com a realização deste
Para a cooperativinha todos os alunos rece-
projeto permitiram constatar que é possível realizar
beram luvas descartáveis. O uso das mesmas foi co-
a educação ambiental mesmo com crianças de baixa
locado como necessário por uma das crianças, uma
idade, que frequentam a educação infantil.
vez que este fato foi abordado na Cooperativa como
Os conteúdos matemáticos não dissociados
essencial, pois o equipamento de proteção individual
da realidade do aluno tornam-se mais interessante
(EPI) pode evitar que quem faz a coleta se machu-
e seu aprendizado mais efetivo. Além disso, outros
que, contamine ou se suje. Tal fato mostrou que hou-
conceitos podem ser abordados além da questão
ve aprendizado significativo e assimilação do conte-
ambiental.
údo no passeio à Cooperativa.
A aula passeio foi significativa para os estu-
dantes, que foram despertados para uma nova for-
ma de aprendizado. Os eixos descritos por Freinet
(cooperação, livre expressão, autonomia e trabalho)
foram observados e presentes o tempo todo em que
as crianças participavam da atividade.
A pesquisa com a população permitiu aos
alunos o contato com o outro e a descoberta das di-
ferenças e semelhanças, além de integrar o grupo e
proporcionar uma ação para o bem social.
A simulação da cooperativinha foi gravada na
Cabe ressaltar que muitos outros aspectos e
forma de vídeo. Durante toda esta etapa, as crian-
conteúdos poderiam ter sido explorados, mas isso
ças trocaram conhecimento para definirem de que
requereria um tempo maior de dedicação de que o
material era feito cada objeto. Foi nítido o espírito de
grupo, infelizmente, não dispõe para a sua realiza-
cooperação, livre expressão, trabalho e autonomia
ção. Mesmo assim, a proposta despertou o interesse
das crianças.
do instituto e das crianças, continuando a ser execu-
tada pela a auxiliar da classe.
Após terem separados todos os materiais, os tegração entre os membros do grupo (educadoras)
educandos questionaram onde iriam guardá-los até que descobriram suas habilidades pessoais não só
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na elaboração de um trabalho acadêmico, como MARTINS, Clintia H. B.; Trabalhadores da reciclagem do lixo:
Através do trabalho foi possível verificar na pectiva de empoderamento, tese de doutorado, Sociologia,
prática a teoria freinetiana relacionada à aula pas- Universidade Federal do Rio grande do Sul, Porto Alegre, 2003.
IBAM, 2001.
sável pela turma, que abriram as portas de sua uni- do. Promoção da qualidade ambiental através da reciclagem de
dade para que o trabalho fosse executado. resíduos sólidos domiciliar. In: FRANKENBERG, Cláudio L. C.
Não podemos deixar de agradecer aos mem- et al. (Org). Gerenciamento de Resíduos e certificação ambien-
bros da Cooperativa Santa Genebra, em especial ao tal. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2000.
307.
ACOOP: http://economiadostrabalhadores.blogspot.com.
br/2010/11/acoop-assoc-das-cooperativas-de.html (acesso em
SOUZA, Luciana M.; Perspectivas e desafios da Pedagogia
26/09/2012).
Freinet em uma instituição privada e urbana: reflexões acerca
Estampa, 1975.
VALLE, Cyro E.. Qualidade ambiental: como ser competitivo